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ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS (65)

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AANNÁÁLLIISSEE DDAASS DDEEMMOONNSSTTRRAAÇÇÕÕEESS CCOONNTTÁÁBBEEIISS 
EEllaabboorraaççããoo:: PPrrooffºº..FFrraanncciissccoo AAllmmeeiiddaa BBaarrrroossoo 
 
 1 
AULA 01 – INTRODUÇÃO À ANÁLISE DE BALANÇOS 
 
 
 
Esta aula visa introduzir o aluno no estudo das principais características da Análise 
de Balanços. O conceito, objetivo, importância, amplitude, histórico, áreas afins, 
usuários, metodologia e técnicas utilizadas na Análise de Balanços. 
 
 
1. CONCEITO E OBJETIVO 
 
A literatura que trata deste assunto utiliza vários termos com o mesmo significado, tais como 
Análise das Demonstrações Contábeis, Análise das Demonstrações Financeiras, Análise 
Financeira de Balanços, Análise Financeira, Análise Econômico-Financeira, ou simplesmente 
Análise Contábil ou Análise de Balanços, 
Resumidamente, análise financeira, conforme entendimento de Silva (2010, p. 6) “consiste 
num exame minucioso dos dados financeiros disponíveis sobre a empresa, bem como das 
condições endógenas e exógenas que a afetam financeiramente, com o objetivo de verificar sua 
performance econômico-financeira.” 
Como dados financeiros disponíveis, pode-se incluir demonstrações contábeis, programas 
de investimentos, projeções de vendas e projeção de fluxo de caixa, por exemplo. Como condições 
endógenas, analisa-se estrutura organizacional, capacidade gerencial e nível tecnológico da 
empresa. Como condições exógenas, relaciona-se os fatores de ordem política e econômica, 
concorrência e fenômenos naturais, entre outros. Desse modo, a análise financeira transcende as 
demonstrações contábeis. Na verdade, o que nos interessa é a empresa e não as demonstrações 
contábeis. As demonstrações contábeis são apenas canais de informação sobre a empresa, tendo 
como objetivo principal subsidiar a tomada de decisão. Está implícito que devemos trabalhar com 
informações de boa qualidade para chegarmos a um relatório de análise com o esmero necessário. 
Para Assaf Neto (2010. P.35) “a análise de balanços visa relatar, com base nas informações 
contábeis fornecidas pelas empresas, a posição econômico-financeira atual, as causas que 
determinaram a evolução apresentada e as tendências futura.” Em outras palavras, através da 
análise de balanços extraem-se informações sobre a posição passada, sobre a posição atual, e 
fornece subsídios para a projeção da posição futuro da empresa. 
Matarazzo (2010, p. 1) afirma que “a Análise de Balanços objetiva extrair informações das 
Demonstrações Financeiras para a tomada de decisões.” As demonstrações financeiras fornecem 
uma série de dados sobre a empresa, de acordo com regras contábeis. A Análise de Balanços 
transforma esses dados em informações e será tanto mais eficientes quanto melhores informações 
produzir. 
AANNÁÁLLIISSEE DDAASS DDEEMMOONNSSTTRRAAÇÇÕÕEESS CCOONNTTÁÁBBEEIISS 
EEllaabboorraaççããoo:: PPrrooffºº..FFrraanncciissccoo AAllmmeeiiddaa BBaarrrroossoo 
 
 2 
 A análise das Demonstrações Contábeis, portanto, têm por objetivo observar e confrontar os 
elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando o conhecimento minucioso de sua 
composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes 
e determinantes da situação atual, e, também, servir de ponto de partida para delinear o 
comportamento futuro da empresa. 
 É importante ressaltar que a análise das demonstrações contábeis, amplamente aceita no 
meio acadêmico e empresarial, compreende duas categorias distintas: A Análise Financeira, que 
possibilita a interpretação da saúde financeira da empresa, seu grau de liquidez e capacidade se 
solvência; e a Análise Econômica, que possibilita a interpretação das variações do patrimônio e da 
riqueza gerada por sua movimentação. Tanto a análise financeira quanto a econômica são 
elaboradas e avaliadas sob vários pontos de vistas distintos, conforme a necessidade e amplitude 
de cada usuário. 
 
2. IMPORTÂNCIA 
 
A análise de balanços é de suma importância para uma empresa que pretende evoluir, pois 
através dela obtêm-se informações importantes sobre sua posição econômica e financeira. São os 
analistas que tiram conclusões através de dados relevantes como se a empresa analisada em um 
determinado momento merece crédito ou não, se a mesma tem capacidade de pagar suas 
obrigações, se vem sendo bem administrada, se sua atividade operacional oferece uma 
rentabilidade que satisfaz as expectativas dos proprietários de capital e se irá falir ou se continuará 
operando, entre outros fatores. Uma análise consistente depende da qualidade das informações 
analisadas e da acurácia do analista. 
A qualidade das Demonstrações Contábeis é fundamental para se ter uma boa análise, 
capaz de refletir a real situação da empresa. Na última década, a contabilidade e, principalmente, 
os profissionais de contabilidade têm sofrido críticas em virtude da descoberta de falcatruas 
contábeis e gerenciais em corporações americanas como a Enron (2001), a Word-Com (2002), a 
Tyco (2002) etc. Também, em função de escândalos contábeis, no caso específico da Enron, 
houve a falência de uma das mais tradicionais empresas de auditoria: a Arthur Andersen. Ouro 
escândalo que surtiu grande repercussão na mídia em 2004 foi o caso da Parmalat, empresa 
italiana que teve sua contabilidade fraudada, caso explicitado, 
O Brasil não ficou de fora, já foi cenário de alguns escândalos envolvendo a gestão contábil, 
tais como o Banco Nacional (1995), Banco Santos (2004), e em 2010 foi a vez do Banco 
Panamericano que apresentou um rombo contábil de R$ 2,5 bilhões, cujas demonstrações 
contábeis já haviam passado pelos auditores e pelos analistas responsáveis pelo IPO (oferta 
pública de ações) de R$ 679 milhões, em novembro de 2007, como também pelos olhos dos 
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 3 
auditores de grandes empresas internacionais de auditoria, tais como KPMG e Deloitte, e ainda 
pelo crivo dos analistas das maiores agências de classificação de risco. 
Diante disso, os analistas de balanços precisam dominar não somente as técnicas de 
análise de balanços, mas devem conhecer profundamente a ciência contábil. Além de conhecer a 
empresa como um todo. 
 
3 AMPLITUDE DA ANÁLISE FINANCEIRA OU NÍVEIS DE ANÁLISE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁVEIS 
 
Segundo Marion (2010, p.1) a Análise das Demonstrações Contábeis pode ser dividida em 
três níveis: Introdutório, Intermediário e Avançado. 
 
A. Nível Introdutório 
 
No nível introdutório, apenas alguns indicadores básicos são abordados. Poderíamos dizer, 
a princípio, que só teremos condições de conhecer a situação econômico-financeira de uma 
empresa por meio de três pontos fundamentais de análise: Liquidez (Situação Financeira), 
Rentabilidade (Situação Econômica) e Endividamento (Estrutura de Capital). Chamado por Marion 
(2010, p3) de tripé decisorial da empresa. 
Tripé representa o equilíbrio ideal. Pense em dar sustento a uma filmadora (ou câmera), ou 
no equilíbrio profissional (conhecimento, habilidade e atitude = chá), ou nos três poderes 
(Executivo, Legislativo e Judiciário), ou nas forças armadas (exército, aeronáutica e marinha), ou 
na tricotomia do homem (corpo, alma e espírito), ou na Santíssima Trindade, ou nos três estados 
da água, etc. O número três lembra-nos equidade. Daí criarmos o tripé decisorial. 
 Os índices básicos de Liquidez (Corrente, Seca e Geral), Rentabilidade (da Empresa e do 
Empresário) e Endividamento (Quantidade e Qualidade) são suficientes para ter uma visão 
superficial da empresa a ser analisada. 
 Quem não se lembra das aulas deciência, ainda no ensino fundamental, quando era 
explicado o funcionamento da “máquina humana”, ressaltando os três aparelhos do corpo humano: 
o respiratório (pulmão recebendo oxigênio); o digestivo (o estômago recebendo alimentos); e o 
circulatório (o sangue, bombardeado pelo coração, levando oxigênio e alimento a todas as células 
do corpo). 
 Assim são os três pilares principais nas decisões empresariais (tripé decisorial): a situação 
financeira (que corresponde à capacidade de pagamento da empresa, o fôlego, os pulmões); a 
estrutura de capital, o dinheiro dos proprietários ou de outros financiadores (que equivale à entrada 
de recursos na empresa, ou seja, ao aparelho digestivo); e posição econômica (relativa ao lucro, à 
rentabilidade, à vida da empresa, ou seja, ao sangue, pois nele está a vida). 
 
B. Nível intermediário 
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 4 
 
Através da abordagem do tripé (Liquidez, Rentabilidade e Endividamento), a análise pode ser 
aprofundada mediante outro conjunto de indicadores que melhor explica e detalha a situação 
econômico-financeira da empresa. 
Esse conjunto de indicadores, ainda que mais profundo que o primeiro grupo, está num nível 
intermediário, podendo avançar um pouco mais a análise. 
Nessa proposta didática dos três níveis de análise, cabe ressaltar que os indicadores não são 
exclusivos para obter informações específicas de cada unidade do tripé. Por exemplo, a análise da 
DOAR (Demonstração das Origens e Aplicações dos Recursos – não é mais uma demonstração 
obrigatória) propicia informações relevantes não só do endividamento, mas também da situação 
financeira (Liquidez). A DFC (Demonstração dos Fluxos de Caixa) também traz subsídios no que 
se refere à situação financeira (liquidez). 
 
C. Nível Avançado 
 
Uma série de outros Indicadores e Instrumentos de análise poderia enriquecer ainda mais as 
conclusões referentes à situação econômico-financeira de uma empresa. 
Sem querer esgotar todos os recursos de análise, pode-se indicar mais algumas ferramentas 
para melhor analisar o tripé referido, agora, num nível mais profundo, mais avançado: 
 Indicadores combinados (avaliar a empresa ponderando conjuntamente o tripé, dando-se uma 
nota final); 
 Analisar a Demonstração do Valor Adicionado (avaliar a capacidade de gerar renda e como 
essa renda gerada é distribuída); 
 Liquidez Dinâmica (Liquidez econômica, patrimonial etc.); 
 Projeções das Demonstrações Contábeis e sua análise; 
 Análise com ajustamento das Demonstrações Contábeis nível geral de preços; 
 Análise por meio de Dividendos por Ações e outros indicadores para as empresas de capital 
aberto com ações cotadas no mercado; 
 Análise das variações dos fluxos econômicos versus financeiro; 
 Outros modelos de análise: EVA, MVA, Balanced Scorecard etc. 
 
O quadro a seguir traz a classificação do estudo de Análise de Balanços, conforme proposta 
de Marion, nos três níveis de análise. 
 Nível de 
curso 
Disciplinas Nível de análise financeira 
Graduação Contabilidade Introdutória, 
Básica, Geral etc. 
Introdutória 
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Análise de Balanços ou Análise 
das Demonstrações Contábeis 
ou Análise Financeira 
Administração Financeira 
Introdutório e Intermediário 
Pós-Graduação Lato sensu Intermediário e avançado, exceto 
projeções das demonstrações e nível 
geral de preços 
Stricto sensu Avançado, incluindo outros 
instrumentos de análise, além dos 
indicados 
Quadro 01 – Níveis de Análise das Demonstrações Contáveis 
Fonte: Marion (2010, p.4) 
 
O nível Introdutório é ideal para os cursos de Contabilidade Introdutória, propiciando ao 
estudante um conhecimento inicial das utilidades das Demonstrações Contábeis e que todo ensino 
de Contabilidade (Geral, Básico, Introdutória etc.) deveria abordar esses indicadores iniciais do 
tripé, evidenciando a Contabilidade como instrumento de tomada de decisão: 
O nível Intermediário (em conjunto com o Introdutório) é normalmente aplicado aos cursos 
de Análise das Demonstrações Contábeis em nível de graduação, enquanto o nível avançado seria 
compatível com a pós-graduação (lacto e stricto sensu). 
 
4 BREVE HISTÓRICO 
 
 É comum afirmar que a análise das Demonstrações Contábeis é tão antiga quanto à própria 
Contabilidade. 
 Reportando-se ao início provável da Contabilidade (+ ou – 4.000 a. C.), em sua forma 
primitiva, encontramos os primeiros inventários de rebanhos (o homem que voltava sua atenção 
para a principal atividade econômica: o pastoreio) e a preocupação da variação de sua riqueza 
(variação do rebanho). 
 A análise da variação da riqueza realizada entre a comparação de dois inventários em 
momentos distintos conduz a um primeiro sintoma de que aquela afirmação (análise tão antiga 
quanto à própria Contabilidade) é possível. 
 Todavia, remota de época mais recente o surgimento da Análise das Demonstrações 
Contábeis de forma mais sólida, mais adulta. É no final do século XIX que se observa os 
banqueiros americanos solicitando as demonstrações (praticamente o Balanço) às empresas que 
desejavam contrair empréstimos. 
 E por se exigir, de início, apenas o Balanço para a Análise é que se introduz a expressão 
Análise de Balanços, que perdura até nossos dias. Com o tempo, começou-se a exigir outras 
demonstrações para análise de concessão de crédito, como a Demonstração do Resultado do 
Exercício; todavia, a expressão Análise de Balanços já é tradicionalmente utilizada. Como forte 
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argumento para a consolidação da denominação Análise de Balanços, salienta-se que a 
Demonstração do Resultado do Exercício foi conhecida, em certo período, como Balanço 
Econômico (Balanço de Resultado). A denominação Fluxo de Caixa já foi conhecida como Balanço 
Financeiro; então, tudo era Balanço. 
 A análise das Demonstrações Contábeis, também conhecida como Análise das 
Demonstrações Financeiras, desenvolve-se ainda mais com o surgimento dos Bancos 
Governamentais bastante interessados na situação econômico-financeira das empresas tomadoras 
de financiamentos. 
 A abertura do capital por parte das empresas (Corpoaration-S.A.), possibilitando a 
participação de pequenos ou grandes investidores como acionistas, leva-os à escolha de empresas 
mais bem-sucedidas, tornando-se a Análise das Demonstrações Contábeis um instrumento de 
grande importância e utilidade para aquelas decisões. 
 As operações a prazo de compra e venda de mercadorias entre as empresas, os próprios 
gerentes (embora com enfoques diferentes em relação aos outros interessados), na avaliação da 
eficiência administrativa e na preocupação do desempenho de seus concorrentes, os funcionários, 
na expectativa de identificarem melhor a situação da eficiência, vêm consolidar a necessidade 
imperiosa da Análise das Demonstrações Contábeis. 
 
 
5 ANÁLISE FINANCEIRA E ÁREAS AFINS 
 
 A análise financeira de empresas mantém relação com várias outras disciplinas afins, como: 
contabilidade, administração financeira, economia, direito e estatística, entre outras. 
 
Contabilidade 
 A contabilidade é tida como a linguagem dos negócios e está muito relacionada com a 
análise financeira. As demonstrações contábeis fornecidas pela contabilidade constituem 
importante grupo de informaçõesque serão examinadas no processo de análise financeira. Um 
bom conhecimento de conceitos e mecanismos contábeis é necessário para o desenvolvimento de 
uma boa análise financeira, porém não é suficiente. 
Como já foi dito anteriormente, embora que tradicionalmente seja chamada análise de 
balanços, não se analisa apenas o Balanço Patrimonial. Além do Balanço Patrimonial, analisam-se 
também outras demonstrações contábeis, tais como a demonstração do resultado do exercício, a 
demonstração dos fluxos de caixa, a demonstração do valor adicionado e a demonstração das 
mutações do patrimônio líquido. 
Pode-se afirmar que sem contabilidade não é possível fazer análise financeira, porém, a 
análise financeira não pode limitar-se aos dados contábeis, devendo interpretá-los e buscar 
AANNÁÁLLIISSEE DDAASS DDEEMMOONNSSTTRRAAÇÇÕÕEESS CCOONNTTÁÁBBEEIISS 
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explicações que, normalmente, transcendem a esfera da contabilidade, como flutuações 
econômicas e fatores que afetam a oferta e a demanda na economia local, nacional ou 
internacional, por exemplo. É necessário transcender à pessoa da empresa, ou seja, a situação 
econômico-financeira de uma empresa não é influenciada somente por variáveis endógenas 
(interna), tais como a forma de gerir os negócios (decisões tomadas), capacidade dos gestores 
etc., mas também por fatores exógenos (externos), de fora da empresa, de cunho setorial, sazonal, 
macroeconômico, ambiental, etc. 
 
Administração financeira 
Normalmente os programas de Administração Financeira abrangem uma parte significativa 
de análise financeira, havendo, portanto, uma relação bem próxima entre Administração Financeira, 
Análise Financeira e Contabilidade. 
 O papel do administrador financeiro depende também do porte da empresa. Numa empresa 
pequena, muitas vezes não há um órgão específico responsável pelo gerenciamento das 
operações financeiras, ficando essas atribuições distribuídas ente a contabilidade e o proprietário. 
Á medida que a empresa cresce, torna-se necessária a profissionalização do gerenciamento das 
funções financeiras. Nas grandes organizações normalmente há separação entre finanças e 
controladoria. Conforme o organograma da empresa, uma diretoria financeira pode administrar as 
funções de investimento de capital, financiamentos de longo prazo, crédito e caixa, por exemplo. 
Por outro lado, a Controladoria responde pela contabilidade geral, orçamento, custos e tributos, por 
exemplo. Em muitos casos, há uma vice-presidência financeira à qual se subordina tanto as 
funções financeiras propriamente ditas quanto às funções de controladoria. 
 
Economia 
 A economia pode ser vista em duas dimensões. A microeconomia e a macroeconomia. A 
microeconomia relaciona-se diretamente com as empresas e com os indivíduos, cobrindo conceitos 
relacionados ao comportamento do consumidor, aos níveis “ótimos” de vendas, à decisão de 
investimento, ao risco e à maximização do lucro, entre outros. A macroeconomia abrange o 
ambiente global, ou seja, tanto nacional como internacional. O Sistema Financeiro Nacional, a 
política cambial, a política de juros, bem como as atividades de comércio exterior são parte de um 
contexto macroeconômico. 
 O Comportamento da economia é parte de um ambiente no qual a empresa está inserida. 
Esse ambiente oferece oportunidades e ameaças, direcionando as estratégias dos administradores 
financeiros e das empresas. A busca da compreensão da performance de uma empresa, em 
determinado período, certamente, remeterá o analista ao exame do comportamento do setor em 
que a empresa atua. A amplitude da análise decorrerá principalmente de seu objetivo, do tipo de 
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atividade e dos produtos da empresa. Uma empresa que tenha suas vendas concentradas no 
mercado externo, isto é, nas exportações, terá sua análise ampliada para apreciação de fatores 
relacionados à economia internacional e à política cambial de seu país. Portanto, há forte relação 
entre economia e análise financeira. 
 
Estatística 
 A estatística tem prestado sua contribuição à administração financeira, nos modelos de 
avaliação de risco e na estimativa de retornos. Conceitos que vão desde valor esperado, desvio-
padrão, variância e correlações até os modelos de precificação de ativos (CAPM – capital asset 
pricing model) são exemplos de uso da estatística na administração financeira. No campo da 
análise financeira, inclusive na análise de crédito, os modelos de previsão de insolvência, de 
classificação de risco (rating) e de credit scoring, são exemplo de utilização de recursos estatísticos 
como análise discriminante, regressão logística, modelos bayesianos e redes neurais. 
 Na realidade, a empresa mantém relação com diversos campos da ciência e do 
conhecimento. Ao mesmo tempo, internamente, a empresa é um todo e, em seu funcionamento, a 
área financeira deve relacionar-se com diversas outras áreas, como tecnologia de informação, 
marketing, produção e recursos humanos, por exemplo. Essas áreas necessitam de recursos 
financeiros para desenvolvimento de seus projetos e, ao mesmo tempo, suas ações trazem efeitos 
nos resultados financeiros da empresa. 
 
6. USUÁRIOS DA ANÁLISE DE BALANÇOS 
 
 A análise das demonstrações contábeis de uma empresa pode atender a diferentes 
objetivos consoante os interesses de seus vários usuários ou pessoas físicas ou jurídicas que 
apresentam algum tipo de relacionamento com a empresa. Nesse processo de avaliação, cada 
usuário procurará detalhes específicos e conclusões próprias e, muitas vezes, não coincidentes. 
 Os usuários mais importantes da análise de balanços de uma empresa são os 
fornecedores, clientes, intermediários financeiros (bancos), acionistas, concorrentes, governo e 
seus próprios administradores. 
 Os interesses dos fornecedores estão preferencialmente voltados para o conhecimento da 
capacidade de pagamento da empresa, ou seja, sua liquidez. Porém, observam também alguma 
coisa além da liquidez, visto que os balanços são divulgados uma vez por ano e a análise 
proporcionar-lhes segurança pelo prazo de sua validade, ou seja, até a Análise de Balanço 
seguinte. Por isso, não observam pura e simplesmente índices de liquidez, mas alguma coisa além, 
como a rentabilidade e o endividamento. 
Análises importantes também são aquelas efetuadas por empresas clientes. Em verdade, é 
prudente que empresas compradoras avaliem firmas vendedoras em algumas situações especiais, 
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tais como quando ocorrer forte dependência de certos fornecedores, os quais não apresentam uma 
estrutura empresarial compatível com a importância dos pedidos, ou quando o número de 
fornecedores disponíveis no mercado é reduzido diante da demanda existente. Pode-se tomar 
como exemplo as empresas fornecedoras da Petrobrás, ou seja, a Petrobrás como cliente elabora 
análise antes de comprar os seus produtos e/ou serviços. 
Nesse segmento de análise de balanços, os itens mais importantes da avaliação centram-se 
na capacidade física instalada de produção, existência de projetos de expansão, níveis dos 
investimentos em pesquisas e desenvolvimento de produtos, condições econômico-financeiras a 
curto e longo prazo e, também, no potencial de capacitação de recursos, notadamente no longo 
prazo. 
Os intermediários financeiros, basicamente bancos comerciaise de investimento, 
constituem-se tradicionalmente no principal usuário da análise de balanços. Historicamente, sabe-
se que o processo de avaliação de empresas foi desenvolvido, em grande parte, no sistema 
bancário americano, o qual procurava relacionar o risco das diversas empresas com suas 
solicitações de empréstimos. 
O surgimento dos bancos de investimento e desenvolvimento, com situações típicas de 
longo prazo, deu grande impulso ao processo de análise de balanços, vinculando normalmente a 
todo o projeto de financiamento a avaliação profunda da situação econômico-financeira da 
empresa. 
Os interesses dos bancos, em geral, incluem o conhecimento da posição de curto e longo 
prazos da empresa. Mesmo que a operação de crédito se verifique a curto prazo, o relacionamento 
entre clientes e bancos é geralmente visto também no longo prazo em razão das possibilidades de 
renovação do empréstimo, do interesse de manter determinada empresa como cliente etc. Dessa 
Forma, além dos aspectos tradicionais da análise de balanços a curto prazo, o grau de 
endividamento, solvência, rentabilidade, entre outros, assume também grande importância no 
processo de avaliação. 
Aos atuais e potenciais acionistas procuram prioritariamente identificar o retorno de seus 
investimentos, ou seja, a capacidade que a empresa apresenta em gerar lucros e remunerar os 
recursos aportados. O interesse pela liquidez financeira está mais restrito a identificar a capacidade 
da empresa em manter suas operações e, muitas vezes, em avaliar as condições atuais e futuras 
de distribuição de dividendos. Além desses aspectos, a análise por parte dos acionistas engloba 
identicamente estudos sobre os diversos indicadores de ações, tais como preço de mercado da 
ação, valorizações, lucro por ação etc. 
A análise de concorrentes é muito importante à medida que a empresa possa melhor 
conhecer seu mercado e comparar sua posição econômico-financeira (liquidez, rentabilidade, 
crescimento de vendas etc.) em relação a seu setor de atividade (empresas concorrentes). Por 
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essa análise de toda a concorrência, é possível a construção de índices-padrão indispensáveis a 
uma autoavaliação. 
O interesse do governo na análise de balanços é explicado em processos de concorrência 
pública, em que o desempenho empresarial é fator importante no processo de seleção; na 
necessidade de conhecer a posição financeira dos diferentes ramos e setores de atividade como 
forma de subsidiar a formulação de certas políticas econômicas; no controle mais próximo de 
empresas públicas e concessionárias de serviços públicos etc. 
Para os próprios administradores, a análise de balanços não é menos importante, servindo 
como instrumento de acompanhamento e avaliação das decisões financeiras tomadas pela 
empresa. Em outras palavras, ao avaliar seus diversos relatórios contábeis, os dirigentes das 
empresas poderão mensurar os resultados de suas políticas de investimentos totais, a 
rentabilidade do capital dos proprietários etc. Da mesma forma, por meio de demonstrações 
projetadas, é possível desenvolver-se uma avaliação sobre o desempenho futuro da empresa, sua 
capacidade esperada de gerar lucros, posição prevista de caixa, crescimento das vendas e custos 
etc. 
 
 
7 METODOLOGIA DE ANÁLISE OU ETAPAS DA ANÁLISE FINANCEIRA 
 
 Todas as decisões empresariais requerem a assistência técnica de um especialista. A 
orientação para investir, para que a prosperidade seja conseguida é, sem dúvida, a principal e mais 
significativa função do Contador, posto que este é o cientista dos empreendimentos. Porém, este 
profissional não consegue emitir opinião válida sem que a mesma deflua de um estudo das 
informações contábeis. Uma análise, seja de que fenômeno for, necessita de método competente 
para que possa produzir conclusões apoiadas na verdade. 
Segundo Silva (2010, p.6), a análise financeira de uma empresa envolve basicamente as 
seguintes atividades: Coletar, Conferir, Preparar, Processar, Analisar e Concluir. 
Coletar consiste na obtenção das demonstrações contábeis e outras informações, como as 
relativas ao mercado de atuação da empresa, seus produtos, seu nível tecnológico, seus 
administradores e seus proprietários, bem como sobre o grupo a que a empresa pertence, entre 
outros. 
A Conferência consiste em uma pré-análise para verificar se as informações estão 
completas, se são compreensíveis e se são confiáveis. Esta etapa é conhecida pelos analistas 
financeiros, no meio bancário, por análise documental. 
Preparar equivale a fase de padronização e reclassificação das demonstrações contábeis 
para adequá-las aos padrões internos da instituição que vai efetuar a análise, bem como aos 
interesses dos usuários da análise (quem vai tomar a decisão). É, portanto, a organização do 
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material de leitura e adequação dos demais dados disponíveis para análise. Esta fase é o alicerce 
para a obtenção de uma boa análise. 
O Processamento corresponde ao processo de transformação dos dados em informações 
e emissão dos relatórios no formato interno da instituição. Entre os relatórios emitidos, podemos 
encontrar o próprio balanço patrimonial, a demonstração do resultado do exercício, a demonstração 
das mutações do patrimônio líquido, a demonstração do fluxo de caixa, o quadro dos indicadores, 
tais como: índices de liquidez, de endividamento, rentabilidade, atividade, capital de giro, entre 
outros. Normalmente, esse processo de emissão de relatórios e cálculos de indicadores é feito por 
meio de processamento eletrônico de dados. 
A análise é interpretação das informações disponíveis, principalmente dos relatórios e 
indicadores já obtidos, verificação da consistência das informações, a observação das tendências 
apresentadas pelos números e todos os diagnósticos que possam ser extraídos do processo. Essa 
é uma fase que exige muito da capacidade de observação, do conhecimento e da experiência do 
analista. Nessa fase, portanto, há dois focos principais: (i) um relativo à análise da empresa e dos 
diversos fatores relacionados a seu risco (risco do tomador); e (ii) outro relativo à transação que se 
pretende com a análise, como, por exemplo, a compra de ações ou aprovação de operações ou de 
limite de crédito (risco da operação). Esta etapa contempla ainda o que Marion (2010, p.32) chama 
de “escolha dos indicadores”, “comparação com padrões”. 
A conclusão é uma das fases mais importantes da análise. Consiste em identificar, ordenar 
e escrever sobre os principais pontos e recomendações acerca da empresa. Não basta ser um bom 
analista, é preciso saber expor seu parecer em linguagem simples, clara e consistente, de modo 
que o usuário da análise, pela leitura do relatório, conheça a empresa e possa tomar decisão sobre 
a mesma. É importante destacar que o conhecimento prévio do objetivo da análise é fundamental 
para o analista no direcionamento de seu trabalho. Esta etapa, para algumas instituições, tais como 
bancos, agências classificadoras de risco, contempla também a emissão de um rating para a 
empresa analisada. 
Poderia ainda acrescentar uma última etapa, “decisão”, como fazem alguns autores, porém, 
na maioria das vezes, o analista emite apenas o parecer conclusivo, ficando a decisão final a ser 
tomada pelo usuário demandante da análise. 
 
8 TÉCNICAS DE ANÁLISE 
 
O raciocínio básico da análise de balanços desenvolve-se por meiode técnicas oriundas de 
diferentes áreas do saber (contabilidade, matemática e estatística, principalmente). Essas técnicas 
apresentam uso bastante generalizado e sofrem periodicamente um processo natural de 
aprimoramento e sofisticação. Métodos empíricos de avaliação de empresas, por sua vez, 
alcançaram evidências científicas ao longo do tempo, comprovando suas validades. 
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 As principais técnicas de análise de balanços são apresentadas a seguir, sendo seus 
detalhamentos desenvolvidos nas próximas aulas (ao longo do curso). 
 
8.1 Análise Horizontal e Vertical 
A análise Horizontal e Vertical presta-se fundamentalmente ao estudo de tendências. 
A elevada inflação que já existiu no Brasil, as alterações de procedimentos contábeis em 
função de legislação comercial, fiscal ou mercado de capitais e a própria dinâmica da economia 
brasileira não têm estimulado os analistas a usarem mais intensamente as possibilidades da 
Análise Vertical e Horizontal. 
Pouco estudo tem sido feitos com base nesse tipo de analise, seja em função da sua 
utilização relativamente pequena, seja em função do trabalho de cálculo que essa técnica exige. 
(Na análise de 03 demonstrações financeiras calcula-se, em média, 180 quocientes percentuais ou 
evolutivos). 
Entretanto, pesquisas efetuadas recentemente com insolvência de pequenas e médias 
empresas têm ressaltado a utilidade da Análise Vertical e Horizontal. 
 
8.1.1 Análise através de índices (Indicadores econômico-financeiros) 
Os indicadores econômico-financeiros procuram relacionar elementos afins das 
demonstrações contábeis de forma a melhor extrair conclusões sobre a empresa. Existem diversos 
índices úteis para o processo de análise, sendo metodologicamente classificado nos seguintes 
grupos: liquidez, atividade, rentabilidade, endividamento (estrutura), análise de ações e geração de 
valor. 
Visando a uma comparação interempresarial, é possível ainda obter-se em revistas 
especializadas indicadores de empresas concorrentes e padrões do setor de atividade e do 
mercado. 
 
8.3 Análise do Capital de Giro 
A administração do capital de giro envolve basicamente as decisões de compra e vendas 
tomadas pela empresa, assim como suas atividades operacionais e financeiras. Para se fazer uma 
avaliação dessas decisões existem alguns indicadores que podem ser verificados, tais como: a 
Necessidade Líquida de Capital de Giro (NLCG), Capital Circulante Líquido (CCL), Capital 
Circulante Próprio (CCP) e Tesouraria (T) etc. 
Através do cálculo dos índices de rotação ou prazos médios (recebimento, pagamento e 
estocagem), é possível também construir um modelo de analise dos investimentos e 
financiamentos do capital de giro. Trata-se de uma ferramenta de grande utilidade gerencial, bem 
como para a avaliação da capacidade de administração do capital de giro por parte da empresa. 
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8.4 Modelos de análises de rentabilidade 
 
a) Análise do ROI (Retorno Operacional dos Investimentos) 
Esse tipo de análise, desenvolvida há cerca de cinqüenta anos, é ainda instrumento de 
grande utilidade na análise interna ou externa à empresa. Permite ampla decomposição dos 
elementos que influem na determinação da taxa de rentabilidade de uma empresa e explica quais 
os principais fatores que levam ao aumento ou à queda de rentabilidade quando esta estiver em 
estudo 
Modernamente, faz-se pesquisa a respeito da utilidade desse modelo de análise acoplado à 
análise de Custo/Volume/Lucro e à análise da Curva de Demanda dos produtos de uma empresa. 
Em análises externas à empresa, pouco uso tem sido feito da análise do ROI, no Brasil, 
sem um motivo, aparentemente, mais forte. Talvez a pouca importância que lhe tem sido dada 
pelas obras de Análise de Balanços ou suposto academicismo desse modelo ou, ainda, algumas 
pequenas dificuldades de montagem expliquem a falta de entusiasmo por esse modelo. 
 
b) Análise da Alavancagem Financeira 
Analisar a “alavancagem financeira” sob condições de inflação era até pouco tempo tarefa a 
que os estudiosos não se haviam arriscado, tal a complexidade de conhecimentos de 
contabilidade, de efeitos inflacionários sobre as demonstrações financeiras e de finanças que 
envolvem. 
Segundo Matarazzo (2010, p.12) há pouco tempo, esse tema foi objeto de tese de livre-
docência na Faculdade de Economia e Administração da Universidade de São Paulo. Essa tese foi 
editada com o titulo Análise da correção monetária das demonstrações financeiras; implicações no 
lucro e na alavancagem financeira, de autoria do Prof. Eliseu Martins. 
Por comparar o custo das diferentes alternativas de capitais de terceiros com o custo do 
capital próprio, a análise da “Alavancagem Financeira” é imprescindível para as decisões de 
subscrição de ações e muito recomendável nas decisões de financiamentos de longo prazo. 
 
8.5 Análise de outras demonstrações contábeis 
Como vimos, a análise do Balanço Patrimonial e da Demonstração do Resultado do 
Exercício constitui-se parte fundamental do processo de Análise das Demonstrações Contábeis. 
Todavia, a análise de outras demonstrações como Doar, DFC e DVA enriquecem 
sobremaneira a interpretação da situação econômico-financeira da empresa em análise. 
 
a) Análise da Demonstração do Fluxo de Caixa 
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 A partir de 2008, passa a ser obrigatória a elaboração e divulgação da Demonstração dos 
Fluxos de Caixa – com a divulgação a partir de 2009. 
 Os analistas de balanços pouco conhecem das potencialidades informativas dessa 
demonstração e não a vêem utilizado para emissão de seus pareceres. 
 Utilizando os dados da Demonstração dos Fluxos Líquidos de Caixa, pode-se elaborar 
análise profunda e por fim é a melhor avaliação sobre a situação financeira da empresa e sobre 
sua gestão de caixa. 
 
b) Análise da Demonstração do Valor Adicionado 
A Demonstração do Valor Adicionado (DVA) evidencia, de forma sintética, os valores 
correspondentes à formação da riqueza gerada pela empresa em determinado período e sua 
respectiva distribuição. As informações predominantes na DVA servem como base para a 
efetivação de análises contábeis que possam identificar a relação da entidade tanto com os 
agentes internos, como os empregados, administradores, proprietários e acionistas, quanto com os 
agentes externos, representados pelo governo, sindicatos, financiadores e credores, por exemplo. 
 
c) Análise da Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos – DOAR 
A DOAR é um poderoso instrumento contábil para tomada de decisões. Ela explica as 
origens de recursos e sua influência no capital de giro da empresa em função da aplicação destes 
recursos. 
 Por ser a demonstração mais difícil para o leigo entender, os legisladores da Contabilidade 
preferem o Fluxo de Caixa pelo fato de ser uma demonstração mais comum, já que todos (inclusive 
os leigos) usam no seu cotidiano. 
 
8.6 Análise prospectiva 
 A Análise de Balanços tradicional detém-se exclusivamente no passado da empresa, por 
serem os dados do passado os únicos contidos nas demonstrações financeiras. 
 O pensamento dominante é de que, analisando-se o passado, se poderá inferir como será o 
futuro, supondo-se que o comportamento da empresa no futuroseja igual àquele do passado. Esse 
é, aliás, um raciocínio que a própria sociedade no mundo ocidental tem usado largamente. 
 Apenas modernamente é que se desenvolveram técnicas previsionais na Análise de 
Balanços. 
 Em virtude de as técnicas previsionais incorporarem novas variáveis acredita-se que o uso 
de tais técnicas supera em muito os resultados que se obtém pela simples análise do passado. E 
claro que o grau de erro numa análise previsional é maior do que a análise do passado, mas que 
isso não lhe tira a qualidade de mais eficiente, visto que a análise do passado, mesmo que 
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absolutamente correta, pode, em certas circunstâncias não ter nenhuma utilidade para a tomada de 
decisões; isso jamais acontecerá com a análise previsional. 
 Talvez em virtude das dificuldades apresentadas, a análise previsional ainda é muito pouco 
usada o Brasil, diferentemente do que ocorre com alguns bancos americanos que a empregam em 
larga escala e até como carro-chefe de sues modelos de análise. 
 
8.7 A empresa e o mercado de atuação 
Uma preocupação essencial do analista deve ser a de conhecer mais detalhadamente a 
empresa e seu mercado de atuação, de maneira a melhor avaliar as decisões financeiras 
(investimento e financiamento) tomadas. 
A análise de balanços torna-se bem mais consistente quando interpretada dentro das 
características do setor de atividade da empresa. Por exemplo, um giro de 70 dias dos estoques 
pode ser excessivo para determinado segmento comercial, sendo considerado, entretanto, 
adequado em outro. 
No estudo do setor de atividade em que uma empresa encontra-se inserida, devem ser 
avaliados os potenciais atual e futuro do mercado consumidor, o nível e o tamanho da 
concorrência, a dependência tecnológica, os fornecedores, a política de preços adotada para o 
setor, etc. 
 
8.8 A sensibilidade do analista 
Vale salientar ainda que a Análise de Balanço não é somente desenvolvida por meio de 
aplicação de técnicas, mas também orientada, em grande parte pela sensibilidade e experiência do 
analista. 
 
 
8.9 Comparações 
 
É importante acrescentar também que a análise de balanços é fundamentalmente 
comparações. Ou seja, determinado índice, quando avaliado isoladamente, não produz 
informações suficientes para uma correta conclusão. É indispensável que se conheça como evoluiu 
esse resultado nos últimos anos e em que nível ele se situa em relação aos concorrentes e aos 
padrões de mercado. 
 Dessa forma, de acordo com Assaf Neto (2010, p. 43) a comparação que se processa na 
análise de balanços apresenta-se duas formas: 
a) Temporal – envolvendo resultados de períodos anteriores. São estudados geralmente os 
três últimos exercícios sociais da empresa. O essencial da análise está em compreender-se 
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a tendência apresentada pelos indicadores de desempenho, e não limitar a avaliação num 
resultado a um único período; 
b) Interempresarial – relacionando o desempenho de uma empresa com o setor de atividade e 
o mercado em geral. 
Na comparação interempresarial são utilizados índices-padrão do mercado, os quais podem 
ser obtidos de publicações especializadas ou desenvolvidos pela própria empresa. 
 
 
9 AS HABILIDADES REQUERIDAS E MERCADO DE ATUAÇÃO DO ANALISTA DE BALANÇOS 
 
a) Características pessoais 
Potencial adequado à função, automotivação, estabilidade emocional, empatia, diplomacia, 
habilidade de ouvir com atenção, comunicação, atenção para detalhes e integridade, entre outras. 
 
b) Habilidades profissionais 
Escolaridade, conhecimentos de economia, contabilidade, direito, matemática financeira, 
ótima capacidade de redigir e conhecimento dos negócios relacionados a sua área de atuação. 
 
 
c) Mercado de trabalho 
O mercado de trabalho no campo financeiro abrange: 
 Bancos: análise de crédito, gerência de negócios, análise de investimento e administração de 
carteiras, entre outros; 
 Empresas industriais ou comerciais: análise de crédito, análise de concorrência, análise de 
desempenho e previsões financeiras; gerência de orçamento de capital (investimentos); 
gerência de projetos financeiros (financiamentos); gerência de caixa, exercendo o controle dos 
saldos diários, captação e aplicação de recursos a curto prazo; gerência de crédito, avaliando 
risco e a capacidade de pagamento. 
Há um leque grande de opções de trabalho em vários outros tipos de organizações, como 
corretoras, fundos de pensões e até entidades sem fins lucrativos, por exemplo. 
 
 
 
 
RREEFF EERRËËNNCCIIAASS BBII BBLLIIOO GGRRÁÁFFIICCAASS 
 
ASSAF NETO, Alexandre. Estrutura e Análise de balanços : um enfoque econômico-financeiro / 
Alexandre Assaf Neto. – 9. ed. – São Paulo : Atlas, 2010. 
 
IUDÍCIBUS, Sérgio de. Análise de Balanços / Sérgio Iudícibus. – 10. ed. – 3. reimpr. – São Paulo: 
Atlas, 2010. 
 
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Manual de contabilidade societária / Sérgio de Iudícibus ... (et. al.). – São Paulo : Atlas, 2010. 
Outros autores: Eliseu Martins, Ernesto Rubens Gelbecke, Ariovaldo dos Santos 
FIPECAFI – Fundação Instituto de Pesquisa Contábeis, Atuariais e Financeiras, FEA/USO. 
 
MARION, José Carlos. Contabilidade Básica / José Carlos Marion. – 10. ed. – São Paulo : Atlas, 
2009. 
 
MARION, José Carlos. Analise das demonstrações contábeis: Contabilidade Empresarial / José 
Carlos Marion. – 6. ed. – São Paulo : Atlas, 2010. 
 
MATARAZZO, Dante Carmine. Análise Financeira de Balanços: abordagem gerencial / Dante 
Carmine Matarazzo. – 7. ed. – São Paulo : Atlas, 2010. 
 
MORANTE, Antônio Salvador. Análise das Demonstrações Financeiras : Aspectos contábeis da 
demonstração de resultado e do balanço patrimonial / Antônio Salvador Morante. – 2. ed. – São 
Paulo : Atlas, 2009. 
 
SILVA, Alexandre Alcântara da. Estrutura, análise e interpretação das demonstrações contábeis / 
Alexandre Alcântara da Silva. – 2 ed. – São Paul: Atlas, 2010. 
 
SILVA, José Pereira da. Análise financeira das empresas / José Pereira da Silva. – 10. Ed. – São 
Paulo : Atlas, 2010. 
 
 
Exercícios 
 
01. Analisar as demonstrações contábeis de uma empresa não se resume na mera interpretação 
dos indicadores econômico-financeiros, embora essa seja a parte mais importante. É necessário 
que antes o analista realize outras ações também imprescindíveis para se ter um bom resultado do 
trabalho. São etapas que constituem o processo de análise, que pode ser divido em 06 etapas. 
Marque a alternativa que traz a sequência correta sugerida para análise de uma empresa. 
A) Coletar, preparar, conferência, processamento, análise e conclusão; 
B) Coletar, conferência, preparar, processamento, análise e conclusão; 
C) Coletar, conferência, preparar, análise, processamento e conclusão; 
D) Coletar, conferência, análise, preparar, processamento e conclusão; 
E) Conferência, coletar, preparar, processamento, análise e conclusão. 
 
02. As Demonstrações Contábeis que evidenciam de forma objetiva a situação financeira e a 
situação econômica da empresa, respectivamente, são: 
A) Balanço Patrimonial e Demonstração do Valor Adicionado; 
B) Demonstração das Origens e Aplicação dos Recursos e Demonstração das Mutações do 
Patrimônio Líquido; 
C) Demonstração dos Fluxos de Caixa e Balanço Patrimonial; 
D) Balanço Patrimonial e Demonstração do Resultadodo Exercício; 
E) Demonstração do Resultado do Exercício e Demonstração do Fluxo de Caixa. 
 
03. De acordo com Marion (2010) pode-se dizer que só teremos condições de conhecer a situação 
econômico-financeira de uma empresa por meio dos três pontos fundamentais de análise, que são: 
A) situação social (distribuição dos lucros), Situação econômica (capital) e estrutura de 
financiamento (perfil das dívidas). 
B) formação dos dirigentes (capacidade), Situação cadastral (caráter) e disponibilidades de 
recursos (liquidez). 
C) situação financeira (liquidez), situação econômica (Rentabilidade) e estrutura de capitais 
(endividamento). 
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D) qualidade da contabilidade (confiança), qualificação dos seus colaboradores (empregados) e 
satisfação dos clientes (fidelidade). 
E) situação patrimonial (capitais), situação administrativa (gestão) e situação econômica (lucro). 
 
04. A análise do aspecto econômico da empresa evidencia: 
A) as origens e aplicações de recursos. 
B) a capacidade de gerar lucro. 
C) a rotatividade do estoque e o endividamento. 
D) a capacidade de pagamento. 
E) a liquidez corrente 
 
05. Fase do processo de análise que consiste em padronizar e reclassificar as demonstrações 
contábeis para adequá-las aos padrões internos da instituição que vai efetuar a análise, bem como 
aos interesses dos usuários da análise (quem vai tomar a decisão). . 
A) Coletar B) Analisar C) Concluir D) Preparar E) Processar 
 
06. Em 22 de Dezembro de 1999, o Conselho Monetário Nacional por intermédio do Banco Central 
do Brasil aprova a Resolução 2682 que surge para regular a análise de risco efetuada pelas 
instituições financeiras, baseada nos modelos internacionais de análise de riscos, principalmente 
nos modelos de rating definidos pelas agenciais internacionais, a exemplo das agências Standad & 
Poors e Moody’s duas das maiores agências na área, nos Estados Unidos. Esta resolução define 
que as operações de crédito das instituições financeiras devem ser analisadas conforme dois 
critérios: 
A) por ordem crescente de risco, onde “AA” representa risco zero e “H” o maior risco e por dias 
vencidos. 
B) por ordem decrescente de risco, onde “AA” representa risco máximo e “H” risco nulo e por dias 
vencidos. 
C) por ordem crescente de risco, onde “HH” representa risco zero e “AA” o maior risco e por dias 
vencidos. 
D) por ordem decrescente de risco, onde “AA” representa risco zero e “H” o maior risco e por dias 
vincendos. 
E) por ordem crescente de risco, onde “A” representa risco zero e “Z” o maior risco e por dias 
vencidos. 
 
07. Uma empresa que apresente grandes lucros 
A) sempre terá condições de pagar suas contas em dia; 
B) poderá, em certas circunstâncias, ter dificuldades em pagar suas contas em dia; 
C) poderá, de acordo com a lei dos investimentos naturais, imobilizar recursos equivalentes a 1,5 
vezes o lucro do exercício. 
D) deverá manter certa quantia depositada em títulos de renda fixa para enfrentar os anos de 
“vacas magras”; 
E) estará sempre em dificuldade financeira. 
 
08. Etapa do processo de análise em que o analista deve fazer a “escolha dos indicadores” e a 
“comparação com padrões”. 
A) Coletar B) Analisar C) Concluir D) Preparar E) Processar 
 
09. Quais são os principais usuários da análise de balanços. 
 
10. Quais as principais técnicas de análise de balanços?

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