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Museu Nacional - Série Livros 52Museu Nacional - Série Livros 52 Decifrando osDecifrando os MeteoritosMeteoritos M. Elizabeth Zucolotto Ariadne C. Fonseca Loiva L. Antonello DECIFRANDO OS METEORITOS DECIFRANDO OS METEORITOS Maria Elizabeth Zucolotto, Ariadne do Carmo Fonseca, Loiva Lízia Antonello Com a colaboração de Felipe Abrahão Monteiro Série Livros 52 – Rio de Janeiro 2013 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO REITOR Carlos Antônio Levi da Conceição MUSEU NACIONAL DIRETORA Claudia Rodrigues Ferreira de Carvalho EDITOR Ulisses Caramaschi EDITORES DE ÁREA Adriano Brilhante Kury, Ciro Alexandre Ávila, Claudia Petean Bove, Débora de Oliveira Pires, Guilherme Ramos da Silva Muricy, Izabel Cristina Alves Dias, João Alves de Oliveira, João Wagner de Alencar Castro, Marcela Laura Monné Freire, Marcelo de Araújo Carvalho, Marcos Raposo, Maria Dulce Barcellos Gaspar de Oliveira, Marília Lopes da Costa Facó Soares, Rita Scheel Ybert, Vânia Gonçalves Lourenço Esteves NORMALIZAÇÃO Edson Vargas da Silva e Leandra de Oliveira DIAGRAMAÇÃO E ARTE-FINAL Lia Ribeiro PRODUÇÃO E SECRETARIA Antonio Carlos Moreira REVISÃO: Newton Monteiro de Campos Jr FIGURAS: Tatiana Campos Neves CAPA: Fabio Castellan Z94 Zucolotto, Maria Elizabeth. Decifrando os Meteoritos / Maria Elizabeth Zucolotto, Ariadne do Carmo Fonseca, Loiva Lízia Antonello; com a colaboração de Felipe Abrahão Monteiro. – Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, Museu Nacional, 2013. 160 p. : il. (algumas color.) ; 23 cm. – (Série Livros ; 52) ISBN 978-85-7427-049-4. 1. Meteoritos. I. Fonseca, Ariadne do Carmo. II. Antonello, Loiva Lízia. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro. IV. Museu Nacional (Brasil). V. Série. CDD 523.51 PREFÁCIO Este livro foi escrito em português para atender a necessidade de informações sobre meteoritos para cientistas, bem como a curiosidade de entusiastas, fornecendo um relato atualizado dos conhecimentos nesta área. Apesar do estudo dos meteoritos envolverem conhecimentos de astronomia, química, mineralogia, petrografia e metalurgia, aqui foi usada uma forma compreensível e resumida, tentando tornar a leitura mais agradável para todos aqueles que se interessarem em desvendar o que realmente existe de palpável entre o Céu e a Terra. O estudo dos meteoritos é de fundamental importância para a formulação das hipóteses sobre a formação do Sistema Solar e constituição planetária. Para quem não esteja informado sobre geologia ou metalurgia, torna-se difícil imaginar quantas informações existem num pedaço pequeno de rocha ou de metal. Meteoritos, asteroides e cometas colidiram com a Terra no passado, por vezes com resultados desastrosos. Evidências cada vez maiores comprovam a extinção dos dinossauros há 65 milhões de anos, proporcionando a evolução dos mamíferos. A origem e evolução da vida também estão cada vez mais atribuídas aos meteoritos do tipo carbonáceos, que trouxeram em sua composição cadeias orgânicas complexas indispensáveis à origem da vida. Os processos de formação da Terra (geologia), origem da vida (biologia) e extinções em massa (paleontologia) são também relacionadas aos estudos dos meteoritos. Atualmente, o que mais preocupa em relação aos meteoritos é, sem dúvidas, a conscientização da humanidade de que eles podem causar danos terríveis à Terra. Os choques espaciais, que eram simplesmente considerados como uma hipótese distante no passado, ainda são hoje uma constante ameaça aos planetas. O impacto do cometa Shoemaker-Levi-9 com Júpiter em 1994, o qual foi previsto e visto ao vivo, é um exemplo do que poderia ter ocorrido com a Terra, resultando em fenômenos catastróficos. A procura de NEOs (Near Earth Objects), objetos que podem atingir a Terra, intensificou-se e nos dias atuais já foram detectados cerca de 1.100 NEAs (Near Earth Asteroids) objetos maiores do que 1 km com órbitas próximas à Terra e mais de 1 milhão com 40 m de diâmetro, número que vem crescendo assustadoramente. Nos últimos vinte anos, o que mais mudou em relação aos meteoritos é que eles se tornaram populares, saíram do escopo da Ciência e curiosos passaram a colecioná-los, levando ao surgimento dos “dealers” (comerciantes de meteoritos). Por um lado, estes criaram um mercado lucrativo, impedindo que os meteoritos cheguem mais facilmente aos museus do mundo; por outro, aumentaram sensivelmente a quantidade de meteoritos novos encontrados, o que tem possibilitado o avanço nos estudos dos meteoritos. Agradecimentos Maria Elizabeth Zucolotto agradece a Faperj pelo apoio pelo dado na divulgação de meteoritos. À minha família que tem convivido com os meteoritos até mesmo nas férias, quando sempre tem uma paradinha estratégica relacionada a meteoritos. A Monica Nicola minha parceira nos Encontro de Meteoritos e Vulcões, à minha colega Eliane Guedes pela força para a elaboração deste livro, a André Moutinho pela leitura do manuscrito, a Newton Campos pela revisão, a minha sobrinha Tatiana Campos Neves por desenhar as figuras e as minhas amigas coautoras deste livro que após muitas discussões descobriram os meteoritos. Loiva Lízia Antonelle agradece ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e ao Conselho Nacional de Pesquisas Físicas pela bolsa que me foi concedida permitindo que eu continuasse minhas pesquisas em meteoritos . Agradeço à minha orientadora Dra Rosa Bernstein Scorzelli e à minha grande amiga de muitos anos Maria Elizabeth Zucolotto, que sem seu estímulo nunca teria me dedicado ao estudo dos meteoritos e pela grande alegria que me proporcionou me convidando para ser coautora de seu Livro Decifrando os Meteoritos. Ariadne do Carmo Fonseca. Agradeço a meus pais e irmãos por moldarem o que hoje sou e aos amigos que nesses anos estiveram ao meu lado. A colaboração e disponibilidade do amigo Newton Monteiro Campos Jr na revisão do texto. Um agradecimento especial póstumo ao querido professor Walter da Silva Curvello e sua esposa D. Eni com quem muito aprendi. E à amiga Elizabeth. “Talvez seja um pouco indelicado perguntar a nossa Mãe Terra a sua idade, mas a Ciência a confessa sem vergonha e de tempos em tempos tem atrevidamente tentado arrancar-lhe um segredo que é proverbialmente bem guardado” Arthur Holmes, 1913 Índice INRODUÇÃO ............................................................................................ 10 1. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS METEORITOS ...................... 11 1.1. Meteoritos na História .................................................................... 11 2. GENERALIDADES ............................................................................. 13 2.1. O Alvo Terra.................................................................................. 13 2.2. Meteoros ........................................................................................ 14 2.2.1. Meteoros Esporádicos ............................................................. 15 2.2.2. Chuva de Meteoros ................................................................. 16 3. METEORITOS ..................................................................................... 18 3.1. A Queda ........................................................................................ 18 3.2. O Bólidode Chelyabinsk ............................................................... 21 3.3. O Impacto ...................................................................................... 22 3.4. Características dos Meteoritos ........................................................ 24 3.4.1. Crosta de Fusão ...................................................................... 25 3.4.2. Regmaglitos ou Marcas de Dedos ........................................... 26 3.4.3. Tamanho ................................................................................. 27 3.4.4. Forma ..................................................................................... 29 3.4.5. Meteoritos Orientados ............................................................. 30 3.4.6. Interior .................................................................................... 30 3.4.7. Presença de Ferro-Níquel ........................................................ 31 3.4.8. Magnetismo ............................................................................ 31 3.4.9. Densidade ............................................................................... 31 3.4.10. Presença de Côndrulos............................................................ 32 3.4.11. Exceções ................................................................................ 32 3.4.12. “Meteorwrongs” ..................................................................... 32 4. CLASSIFICAÇÃO DOS METEORITOS ............................................. 34 4.1. Classificação dos Condritos ........................................................... 36 4.1.1. Enstatita Condritos (E) ............................................................ 39 4.1.2. Condritos Ordinários (OC) ...................................................... 39 4.1.3. Condritos Carbonáceos (C) ..................................................... 40 4.1.4. R – Rumurutitos...................................................................... 42 4.1.5. K – Kakangaritos .................................................................... 42 4.2. Meteoritos Não Condríticos ........................................................... 43 4.3. Acondritos ..................................................................................... 43 4.3.1. Acondritos Primitivos ............................................................. 44 4.3.2. Acondritos .............................................................................. 44 4.3.3. Meteoritos Marcianos ............................................................. 48 4.3.1. Rochas Lunares ...................................................................... 51 4.4. Sideritos......................................................................................... 52 4.4.1. Classificação Estrutural........................................................... 53 4.4.2. Classificação Química ............................................................ 55 4.5. Siderolitos...................................................................................... 59 4.5.1. Pallasitos ................................................................................ 59 4.5.2. Mesosideritos .......................................................................... 60 4.5.3. Siderofilos .............................................................................. 61 4.6. Parâmetros Secundários de Classificação ....................................... 61 4.6.1. Estágio de Choque .................................................................. 61 4.6.2. Intemperismo nos Meteoritos .................................................. 62 5. CRATERAS DE IMPACTO ................................................................. 65 5.1. Dinâmica do Impacto e Formação de Crateras................................ 66 5.2. Morfologia das Crateras ................................................................. 67 5.2.1. Crateras Simples ..................................................................... 67 5.2.2. Crateras Complexas ................................................................ 68 5.2.3. Crateras em Multianéis ........................................................... 69 5.3. Desenvolvimentos Subsequentes das Crateras de Impacto .............. 69 5.4. Critérios para Reconhecer Estruturas de Impacto na Terra ............. 70 5.5. Crateras do Sistema Solar .............................................................. 72 5.6. Crateras na Terra............................................................................ 73 5.6.1. Crateras Brasileiras ................................................................. 74 5.7. Impactos no Arqueano ................................................................... 75 5.8. O Impacto Gigante e A Formação da Lua ...................................... 76 6. EXTINÇÕES EM MASSA NO TEMPO GEOLÓGICO ....................... 78 6.1. Eventos Astronômicos do Quaternário e Holoceno ......................... 79 6.2. Evento Tunguska (1908) ................................................................ 80 6.3. O Risco de um Impacto Cósmico ................................................... 82 6.4. Monitoramento, Previsão e Controle .............................................. 84 6.5. Projetos para Minimizar o Risco .................................................... 85 6.6. Crateras de Impacto como Ambientes de Formação de Depósitos Minerais ................................................................................................... 86 7. CRONOLOGIA E QUÍMICA DOS METEORITOS ............................. 88 7.1. Datação de Meteoritos e Rochas Lunares ....................................... 88 ................................................................................................................. 92 7.2. História da Terra e da Lua .............................................................. 92 7.3. Geologia e Química da Lua ............................................................ 93 8. CONDRITOS CARBONÁCEOS E A ORIGEM DA VIDA ................. 95 8.1. Cometas e Meteoritos .................................................................... 98 8.2. Vida e o Espaço ............................................................................. 99 8.3. Surgimento da Vida ....................................................................... 99 8.3.1. Análise no Tagish Lake......................................................... 100 9. GUIA PRÁTICO PARA O ESTUDO DOS METEORITOS ............... 101 9.1. Petrografia ................................................................................... 101 9.2. Lâmina Petrográfica ..................................................................... 102 9.3. O Microscópio Petrográfico e Suas Peças .................................... 102 9.3.1. O Microscópio Petrográfico ou de Luz Polarizada ................ 103 9.3.2. Polarizador e Analisador: Orientação dos Polarizadores ........ 103 9.3.3. Noções de Óptica Cristalográfica .......................................... 104 9.4. Estudando os Meteoritos ao Microscópio ..................................... 107 9.5. Mineralogia dos Meteoritos.......................................................... 107 9.6. Minerais dos Meteoritos ............................................................... 109 9.6.1. Minerais Essenciais............................................................... 109 9.6.2. Minerais Acessórios .............................................................. 112 9.6.3. Minerais de Intemperismo (Secundários) .............................. 118 9.7. Mineralogia dos Condritos Ordinários .......................................... 119 9.7.1. Textura dos Côndrulos .......................................................... 122 9.7.2. Minerais Secundários ............................................................123 9.8. Estudo dos Meteoritos Metálicos ................................................. 126 9.8.1. Técnicas Metalográficas ....................................................... 129 9.8.2. Exame Macroscópico e Preparação para Exposição .............. 129 9.8.3. Observação Microscroscópica ............................................... 131 9.8.4. Minerais e Estruturas dos Meteoritos Metálicos .................... 135 10. CAÇANDO METEORITOS ........................................................... 143 10.1. Do Bólido ao Meteorito ............................................................ 144 10.2. Eu Quero Caçar Meteoritos: O Que Devo Fazer? ...................... 146 10.3. Quanto Vale um Meteorito? .................................................... 148 10.4. Achei um Meteorito: O Que Devo Fazer? ................................. 150 10.5. Como Posso Ter meu Próprio Meteorito? ................................. 150 10.6. É Ilegal a Importação e Exportação de Meteoritos? .................. 150 11. Preparação de Lâmina Delgada ........................................................ 151 10 INRODUÇÃO Meteoritos são fragmentos de corpos sólidos do sistema solar que, após permanecerem perambulando no espaço de milhões a bilhões de anos, penetram na atmosfera terrestre e caem na superfície. Estes corpos, quando ainda estão no espaço, são chamados de meteoroides, que são restos do sistema solar que foram desagregados dos corpos de origem (asteroides, cometas, Lua, Marte etc.), por colisões cósmicas, radiação solar e outros choques muito comuns no espaço. Quando penetram a atmosfera terrestre, o atrito com o ar os aquece e eles se queimam deixando uma rápida trilha luminosa no céu que é chamada de meteoro ou “estrela cadente”. Quando são do tamanho de um pedregulho, além do rastro luminoso, costumam emitir assovio ou estrondos por estarem em velocidades supersônicas. Muitos deles conseguem sobreviver a esta queima, caem na superfície terrestre e são chamados então de meteoritos. Assim a chegada de um meteorito geralmente é fantasticamente anunciada pela passagem de um grande meteoro ou bólido, chiados e estrondos. Quem assiste à queda de um meteorito às vezes tem dúvidas de que o que viu cair não era deste mundo. Pelos cálculos científicos, chegam à Terra anualmente cerca de 40 toneladas de material cósmico. Por sorte da população e azar dos cientistas, a grande maioria se desintegra totalmente na atmosfera e o restante cai nos mares oceanos e áreas desabitadas, sendo muito raro um meteorito cair sobre uma cidade e principalmente acertar um objeto ou uma pessoa. Portanto, não é preciso se preocupar que em algum dia você possa ser alvo destes petardos cósmicos. Os meteoritos recebem o nome da cidade ou localidade mais próxima de onde foi recuperado e não de seu descobridor ou do cientista que o descreveu. Quando a queda do meteorito é assistida, este é classificado como queda. Se for encontrado no campo sem estar relacionado a qualquer evento registrado, é considerado achado. Existem três tipos distintos de meteoritos constituídos de material pétreo, metálico ou metálico-pétreo. Assim, de acordo com sua composição, podem ser classificados como: aerólitos (rochosos), formados basicamente de material rochoso; sideritos (metálicos), formados basicamente da fase metálica de Fe-Ni; e siderolitos (mistos), que são compostos das duas fases metálica e pétrea. As quedas ocorrem aleatoriamente, ou seja, um meteorito pode cair em qualquer lugar a qualquer hora. No entanto, em alguns lugares são recuperados mais meteoritos que em outros e essa diferença se deve à forma de relevo, à densidade populacional, vegetação, clima e a outros fatores. Estima-se que quinhentos meteoritos caiam anualmente na Terra; desses, aproximadamente 2/3 caem na água sendo praticamente impossível recuperá-los; do restante, apenas quatro ou cinco são recuperados. Portanto é muito remota a possibilidade do leitor ser um felizardo espectador e impossível, a de ser tão azarado para ser atingido por um. 11 1. A IMPORTÂNCIA DO ESTUDO DOS METEORITOS Como os meteoritos são fragmentos de diversos corpos do sistema solar, nos trazem informações das mais variadas sobre a formação e evolução destes. Os meteoritos são estudados por pesquisadores de diversos ramos da ciência como: geólogos, astrônomos, biólogos, entre outros, em busca dos segredos que possam estar escritos nesses “mensageiros do espaço”. Alguns meteoritos são tão antigos ou mais que o próprio sistema solar, como os condritos carbonáceos, que contêm inclusões refratárias formadas de restos de estrelas do tipo supernovas, que explodiram bem antes da condensação da nuvem de gases e poeira que deu origem ao sistema solar. O estudo destes isótopos pode permitir a identificação das fontes estelares que contaminaram a nebulosa que deu origem a todo o sistema solar. Os planetas não se formaram num ato único, mas sim pela aglomeração de matéria meteorítica primitiva, que foi se chocando, se aglomerando e por fim formando corpos maiores, que se diferenciaram e evoluíram para os planetas. Acredita-se que grande parte da água na Terra assim como a matéria orgânica abiótica, que foram os ingredientes necessários para a formação da vida na Terra (os hidrocarbonetos), possam ter vindo nos meteoritos provenientes de cometas ou meteoritos do tipo carbonáceos. Também muito interessante é que meteoritos gigantes – autênticos asteroides e/ou cometas – colidiram com a Terra ao longo de sua história levando a modificações climáticas e geológicas que influenciaram na evolução das espécies. Pelo menos uma das grandes extinções, a ocorrida no final do cretáceo há 65 milhões de anos, também conhecida como a extinção dos dinossauros, seja atribuída à queda de um grande meteorito. Os meteoritos também estiveram presentes no desenvolvimento das civilizações, pois os meteoritos de ferro permitiram que muitos povos construíssem armas e outros instrumentos que permitiram sua evolução. Na religião também os meteoritos estiveram presentes em diversas regiões do planeta, tendo sido adorados como deuses ou objetos de adoração como o cone de Elagabal, a Deusa Cybele e até mesmo a pedra de Kaaba original que os muçulmanos ainda reverenciam. Alguns meteoritos formaram crateras que estão associadas à formação de depósitos de minérios, tais como petróleo, pedras de decoração, urânio, entre outros, influenciando a mineração econômica. 1.1. Meteoritos na História Os meteoritos tiveram um papel destacado na vida dos nossos antepassados, quer pelo mistério que envolvia as suas quedas, quer por sua origem desconhecida. Foram também objetos usados como talismãs bem como armas ou ferramentas. Quando do tipo metálico, constituíam excelente matéria-prima para o fabrico dos mais diversos utensílios e objetos de defesa, havendo evidências de que foram utilizados com esse fim pelos mais variados povos, como os egípcios, os maias, os incas, os astecas e os esquimós. Descritos como “pedras do céu”, a humanidade conhece os meteoritos desde a antiguidade, como testemunham documentos de várias épocas: em um hieróglifo do antigo 12 Egito se faz referência a um “ferro celeste” e também em um texto sumérico (1900 A.C.) se fala de um “ferro meteorítico” caído do céu. Provavelmente pela natureza “extraterrestre”, os meteoritos foram objeto de veneração em várias civilizações: do meteorito caído em 19 de maio de 861 e venerado no templo de Nagata, Japão; àquele descrito por Tito Lívio, transportado do local da queda até Roma acompanhado por uma grande procissão; da pedra preta da Kaaba (“caída do céu”) em Mecca, Arábia Saudita, por muitos considerada um meteorito; ao meteorito de Ensisheim, Alsácia, França, caído em 7 de novembro de 1492 conservadopor ordem do Imperador Maximiliano. Além de talismãs, os meteoritos foram utilizados como artefatos por egípcios, maias, incas, astecas e esquimós. Em contraposição ao comportamento de veneração religiosa, alguns filósofos tentaram explicar a queda de meteoritos como fenômenos naturais (provenientes de erupções vulcânicas ou mesmo rochas terrestres elevadas por força atmosféricas), tais como Anaxágoras (500-428 A.C.), Diógenes (413-327 A.C.) e Aristóteles (384-322 A.C.). Foi somente no século XVIII que as observações tiveram um cunho científico: quando o físico alemão, Ernst Chladni, em 1794, publicou um estudo sobre meteoritos ferrosos, explicando a origem e os fenômenos associados à queda. Seu trabalho não foi bem aceito pela comunidade científica da época. Mas a chuva de fragmentos de um grande meteorito que caiu no dia 26 de abril de 1803 na aldeia de L’Aigle, Normandia Francesa, mudou a opinião pública e científica. O meteorito Bendengó foi encontrado em 1784, quando ainda não se conhecia a natureza extraterrestre dos meteoritos. Cientistas ilustres como Spix, Martius e Wollaston foram uns dos tantos que visitaram o Bendengó e este foi um dos primeiros grandes meteoritos reconhecidos pela ciência. Além de talismãs, os meteoritos metálicos foram utilizados como artefatos por egípcios, maias, incas, astecas e esquimós, pois constituíam excelente matéria-prima para o fabrico dos mais diversos utensílios e objetos de defesa. Não é por acaso que a palavra grega sider, que significa estrela, também é aplicada ao ferro em termos como siderúrgico, siderurgia etc. Outras línguas antigas também atribuem origem celeste. O mineral de ferro puro nativo praticamente não existe na superfície da Terra. Antes do domínio do processo de transformação do minério de ferro (hematita) em ferro por volta de 1.200 A.C, os meteoritos foram utilizados como fonte de ferro, podendo ser reconhecidos nos artefatos antigos por conter níquel, como exemplo, uma adaga de ferro meteorítico encontrado junto com o punhal de ouro na tumba de Tutankamon. Mesmo após o advento da metalurgia do ferro, cujo produto ainda não era de boa qualidade, os meteoritos continuaram a ser utilizados em espadas e amuletos para reis, conquistadores e sacerdotes. Isso se deu não apenas pelo fato da qualidade do aço ser superior e mais resistente aos metais forjados na época, mas, sobretudo, por ser proveniente de um fenômeno considerado sagrado desde a mais remota antiguidade. O ferro meteorítico era considerado um presente dos deuses aos homens, ou melhor, aos reis e sacerdotes. 13 2. GENERALIDADES 2.1. O Alvo Terra Para entendermos o que são os meteoritos devemos conhecer melhor o Sistema Solar. Este não é formado apenas pelos oito planetas que giram em órbitas elípticas quase circulares ao redor do Sol, mas também por cerca de uma centena de luas, dos milhares de asteroides e uma infinidade de cometas e corpos menores (no cinturão de Kuiper, estendendo-se até cerca de 2 anos luz na nuvem de Oort). Para cada corpo celeste avistado, existem mil um pouco menores; para cada um destes menores outros mil menores e assim sucessivamente até uma infinidade de partículas microscópicas. Assim, o espaço interplanetário não é um espaço vazio ou vácuo como se supunha no passado, mas sim repleto de poeira cósmica e partículas atômicas carregadas que emanam do Sol, chamadas de vento solar. Estas partículas refletem a luz do Sol e podem ser vistas daqui da Terra ao longo do Zodíaco, daí o nome Luz Zodiacal. Muitos asteroides possuem órbitas bastante excêntricas, passando próximo da Terra: são os NEOs ou NEAs – do inglês Near Earth Objects ou Near Earth Asteroids, (em português, objetos próximos da Terra ou asteroides próximos da Terra). Hoje já conhecemos mais de 10.000 NEOs sendo que mais de 1200 maiores que 1 km. A cada dia mais destes objetos são descobertos (fig. 1). Figura 1 – Gráfico mostrando o número de NEOs encontrados pelos diversos programas de busca em função do semestre que foram descobertos. Estes programas só começaram em 1995 após o choque do Shoemaker-Levy 9 com Júpiter. Fonte: http://neo.jpl.nasa.gov/stats/ Salientamos aqui que, para cada corpo celeste avistado, ou seja, grande suficiente para ser detectado da Terra, existe mil que são dez vezes menores. Para cada um destes, outros tantos nesta mesma proporção, de tal forma que existe uma infinidade de partículas microscópicas chamadas de poeira cósmica. A Luz Zodiacal avistada no céu em alguns dias de outono e primavera é provocada pela luz do Sol refletida na poeira cósmica ao longo do Zodíaco. A atmosfera terrestre é continuamente bombardeada por material cósmico. Segundo estimativas da NASA, a quantidade média diária é de cerca 3.650.000 toneladas e a maioria em forma de poeira. Nos últimos 4 bilhões de anos, cerca de 20 quatrilhões de toneladas teriam adicionado cerca de 40 cm de sedimento meteorítico, que devido às atividades dinâmicas como intemperismo e tectônica foram incorporados nas regiões mais internas à superfície da Terra (fig. 2). Por sorte ou por azar, caem anualmente aproximadamente 500 meteoritos na Terra e são grandes o suficiente para serem recuperados. Cerca de 50 são vistos caírem, mas 14 apenas cerca de 5 a 8 são recuperados. Em 200 anos de registro de quedas de meteoritos foram anotados apenas 1005 meteoritos provenientes de quedas observadas. Os impactos de grandes meteoritos formadores de crateras são muito raros, no entanto já ocorreram com bastante frequência durante a formação da Terra, tendo diminuído muito até os dias de hoje. Figura 2 – Gráfico mostrando a relação em escala logarítmica da quantidade de material cósmico que penetra a atmosfera terrestre em função do tamanho das partículas. 2.2. Meteoros Numa noite límpida e sem luar no campo ou na praia, distante das luzes das cidades podemos ver com certa frequência um clarão que cruza rapidamente e repentinamente o céu. Este fenômeno é conhecido popularmente como ‘estrela cadente’ e cientificamente como meteoro. Esses meteoros são produzidos por pequenos corpos que, gravitando em torno do Sol, ao atingirem em grande velocidade a atmosfera terrestre, tornam-se incandescentes pelo choque com as moléculas de ar, reduzindo-se na maioria a pó antes de alcançarem o solo. Os maiores, ou mais resistentes, podem sobreviver ao calor da fricção, conseguindo chegar ao solo; são os meteoritos que podem ser admirados nas coleções dos museus de História Natural. Quando no espaço interplanetário, antes de atingirem a atmosfera terrestre, estes corpos são chamados de meteoroides. Os meteoros ocorrem aleatoriamente surgindo repentinamente de qualquer ponto do céu e cruzando em qualquer direção. No entanto os astrônomos podem prever a ocorrência de um maior número de meteoros em alguns dias dos anos; estes meteoros ocorrem em épocas periódicas e partindo de um mesmo local radiante no céu, sendo chamadas de chuvas de meteoros. Segundo as leis da física os corpos da vizinhança da Terra se movem com velocidades de 29 a 42 km/s e sofrem reações distintas ao penetrarem a atmosfera terrestre: objetos menores 0,1 mm penetram despercebidos na atmosfera, são os micrometeoritos; os corpos maiores, ao penetrarem a atmosfera com velocidades cósmicas, sofrem atrito com as moléculas de ar e são desacelerados. O calor gerado pelo atrito os vaporiza e ioniza o ar adjacente tornando-os incandescentes e sendo avistados da Terra como meteoros. Devido à ionização do ar adjacente, o tamanho do meteoro é muito maior que o da partícula que o produz. Objetos maiores que 10 gramas podem produzir bólidos (grandes meteoros). Um meteoroide de menos de 1 metro de diâmetro pode produzir um bólido de cerca de 200 m de diâmetropodendo chegar a brilhar tanto quanto o Sol. 15 A velocidade de penetração na atmosfera irá depender da direção com que se aproxima da Terra, que viaja ao redor do Sol em órbita direta (sentido anti-horário), com uma velocidade de aproximadamente 30 km/s. Os demais corpos celestes pertencentes ao sistema solar podem cruzar a órbita terrestre em qualquer direção e sentido com velocidades de até 42 km/s. O encontro entre a Terra e um meteoroide só ocorre quando estes cruzam os nodos da órbita (pontos de interceção) no mesmo instante. Assim, para objetos que viajam no mesmo sentido que a Terra essa velocidade se subtrai (meteoros lentos), alcançando velocidade mínima de 11 km/s, ou aproximadamente 40.000 km/h. No outro extremo, para objetos viajando em sentido contrário, as velocidades se somam atingindo 72 km/s ou aproximadamente 260.000 km/h (meteoros rápidos). Quanto mais baixa a velocidade de entrada, maior é a chance do meteoroide sobreviver à passagem atmosférica atingindo a Terra como meteorito. Os corpos que viajam em sentido contrário se queimam nas camadas mais altas da atmosfera e dificilmente alcançam a superfície. A maioria dos meteoros é vista de meia-noite ao amanhecer, quando se encontram frente a frente com a Terra. (fig. 3). Os encontros de alta velocidade tendem a ocorrer de meia noite ao meio dia. Os encontros de baixa velocidade tendem a ocorrer de meio dia à meia noite, como podemos verificar pelas possibilidades visualizadas pela plotagem das órbitas. Quanto à origem, os meteoros possuem fontes distintas sendo divididos em meteoros esporádicos e chuvas de meteoros. 2.2.1. Meteoros Esporádicos Os meteoros esporádicos, como o nome diz, acontecem a qualquer momento, sem nenhuma previsão, não mostram preferência pelo plano da eclíptica e podem se aproximar da Terra de qualquer direção e sentido. São muito comuns, podendo ser avistados cerca de 3 a 6 por hora, surgindo de qualquer ponto do céu em uma noite limpa e avistados mais facilmente em uma noite sem lua. Apesar de termos uma visão ampla da abóbada celeste, só podemos ver na atmosfera o que acontece num raio de 150 km. Se integrarmos este número para toda a Terra, teríamos diariamente cerca de 25 milhões de meteoros vistos a olho nu. Se este número incluir os menos luminosos, vistos apenas ao telescópio, este número subiria drasticamente para 400 bilhões. Embora a grande maioria se queime totalmente na Figura 3 – Os meteoroides penetram a atmosfera terrestre com velocidades que irão depender da direção e sentido com que se encontram com a Terra ao longo de sua órbita. 16 atmosfera, alguns maiores e mais resistentes podem sobreviver e alcançar a superfície como meteorito. 2.2.2. Chuva de Meteoros Ao contrário dos meteoros esporádicos existem certas épocas do ano em que se observa uma maior incidência de meteoros. Estes não surgem aleatoriamente, mas parecem partir de algumas constelações e têm datas específicas para acontecerem, sendo dado o nome chuva de meteoros. Figura 4 – Órbita do cometa Halley cruzando a órbita da Terra duas vezes ao ano, resultando respectivamente nas chuvas de meteoros Eta aquarídea e Orionídeas. A órbita do cometa Halley é inclinada de 162°, em relação à da Terra, sendo assim quase que totalmente oposta, gerando meteoros de alta velocidade. Estes meteoros têm origem nos cometas, que se assemelham a grandes bolas de gelo sujas, que se aquecem ao se aproximar do Sol, liberando partículas iluminadas e varridas pelo vento solar, formando a cauda e a cabeleira, além de uma infinidade de partículas que continuam seguindo a órbita do cometa, (fig. 4). Se a órbita deste tiver algum ponto em comum com a órbita terrestre, sempre que a Terra cruzar este ponto de encontro das órbitas (nodo), o que ocorre uma vez ou duas por ano (fig. 5), ocorrerá uma chuva de meteoros, cuja intensidade se dará conforme o número de partículas deixadas pelos cometas. Figura 5 – Chuva de meteoros: (a) corrente das partículas oriundas de um cometa intersectando a atmosfera terrestre; (b) como avistado pelo observador da Terra (adaptado de Bone, 1993). 17 Como as partículas seguem a órbita do cometa, os meteoros parecem surgir do mesmo ponto do céu chamado de radiante (fig. 5b), que é sempre o mesmo para cada cometa. Assim cada chuva recebe o nome da constelação a partir da qual parecem se originar. Assim as Leonídeas que ocorrem entre 16-18 de novembro, partem da constelação de Leão e estão associadas à passagem do cometa Temple Tuttle. A tabela 1 mostra algumas chuvas de meteoros, sua ocorrência e os cometas a elas associadas. Figura 6 – Uma representação dos diversos entalhes de madeira e desenhos registrando a grande chuva de meteoros ‘Leonídeas de 1833’. Nunca houve outra igual. Por apresentarem baixa densidade e serem pequenas, estas partículas se desintegram totalmente antes de chegar ao solo; logo, nunca nenhum meteorito foi recuperado após uma chuva de meteoros. A chuva de meteoros mais célebre da história foi a ‘Leonídea de 1833’, onde foram vistos mais de 150.000 meteoros por hora e foi retratada em um entalhe de madeira (fig. 6). A Leonídea de 1966 também foi espetacular, mas nada que se comparasse à “Tempestade” de 1833. Tabela 1 – Principais chuveiros de meteóros mostrando a data e o local da ocorrência. Chuva Atividade Máxima Contagem (hora) Velocidade (km/seg) Cometa Associado Quadrantídeas Janeiro 3-4 100 40,2 ? Lirídeas Abril 21-22 12 45,8 Thatcher (1681 1) η Aquarídeas Maio 3-5 20 63,2 Halley (saindo) δ Aquarídeas Julho 29-30 30 39,9 ? Perseídeas Agosto 11-12 60 57,3 Swift-Tuttle Draconídeas Outubro 8-9 Variável 19,6 Giacobini-Ziner Orionídeas Outubro 20-21 25 64,0 Halley (entrando) Taurídeas Novembro 7-8 12 28,1 Encke Leonídeas Novembro16-18 Variável 68,2 Tempel-Tuttle Geminídeas Dezembro 13-14 60 33,1 Asteroide 3200 Phaeton Ursídeas Dezembro 22 10 32,2 Mechain-Tuttle 18 3. METEORITOS Meteorito é um meteoroide que penetra à atmosfera terrestre, com tamanho e resistência suficiente para sobreviver à queima como meteoro e atingir a superfície, havendo possibilidade de recuperá-lo. A chegada de um meteorito é anunciada pela passagem de um bólido, acompanhado de efeitos sonoros (explosões) e visuais. 3.1. A Queda Um meteoroide em órbita solar pode interceptar a Terra com velocidade cósmica que vai de 13 a 70 km/s! Ao penetrar na atmosfera terrestre, este começa a ser desacelerado pela mesma. A aproximadamente 150 km da superfície, onde a atmosfera se torna mais densa, o atrito com as partículas de ar produz um grande aquecimento, suficiente para fundir e vaporizar a superfície do meteoroide. O calor é tanto que, além de torná-lo incandescente, chega a ionizar o ar adjacente, tornando sua luminosidade muito maior do que o objeto em si. Assim, um meteoroide do tamanho de uma bola de ping-pong pode produzir um bólido bem maior que o tamanho aparente da lua. À medida com que se aproxima da superfície, a resistência do ar aumenta, formando ondas de choque à sua frente – estas vão se tornando tão comprimidas que, num determinado momento, a aproximadamente 9 km de altitude, ocorrem uma ou mais explosões sônica que chegam geralmente a fragmentá-lo e praticamente a freá-lo por completo. A partir deste ponto, chamado ponto de retardamento, o meteorito deixa de ser luminoso e passa a cair em queda livre, como um corpo escuro, atingindo o solo praticamente frio ou morno. Apesar do efeito da passagem atmosférica depender de diversos fatores como: a velocidde, ângulo de entrada, friabilidade, forma original do meteoroide, o ponto de retardamento, depende principalmente do tamanho e velocidade do meteoroide(fig. 7). Meteoroides maiores, acima de 10 toneladas não são totalmente freados pela atmosfera; os corpos acima de 100 toneladas mantêm 50% da velocidade cósmica provocando crateras. Figura 7 – A velocidade de impacto de um meteoroide varia com a massa inicial, velocidade de entrada e ângulo de entrada. A maioria dos meteoroides perde sua velocidade cósmica a alguns quilômetros acima da superfície. Meteoroides acima de 10 toneladas conservam parte da velocidade cósmica. (Heide, F. and Wlotzka, F. (1995)). Os objetos menores, mais friáveis ou de maior velocidade, queimam-se totalmente. Já os maiores, mais resistentes ou mais lentos, possuem maiores chances de sobreviver à passagem atmosférica e de se tornarem meteoritos. 19 A queda de um meteorito é fantasticamente anunciada pela passagem de um bólido, sendo por vezes apavorante. Apesar de choverem telefonemas para a polícia, bombeiros, emissoras de rádio e TV anunciando o fato, infelizmente são poucas as pessoas que possuem a consciência de, ao assistirem à queda de um meteorito, sair em sua busca. Até hoje no Brasil apenas 22 meteoritos foram recuperados de quedas e, apesar de existirem muitas reportagens em jornais, apenas os de e apenas o Varre-Sai e o Vivência foram realmente autênticos meteoritos; os demais foram alardes falsos, ou não houve busca suficiente para recuperar o meteorito. Um bólido típico aparece no céu com um diâmetro aparente de até diversas luas cheias e pode ser tão brilhante quanto o Sol, num espetáculo observado por apenas 2 a 3 segundos. Logo após ouve-se uma artilharia como canhões disparando ou um avião caindo. Quando se pensa em fotografar, o espetáculo luminoso já passou, restando apenas uma trilha de fumaça no céu. Essa luminosidade é geralmente descrita como branca com tonalidades esverdeadas ou avermelhadas. Por serem muito rápidos, apesar de existirem diversos relatos de quedas muito ricos em detalhes, praticamente não havia registros fotográficos da passagem do bólido, principalmente à luz do dia. Hoje em dia com um número crescente de câmeras, principalmente as de segurança tem se conseguido registrar a passagem destes bólidos, bem como, a partir da análise dos dados, recuperar os meteoritos como foram os casos recentes do Villalbeto de La Pena na Espanha em 04/01/2004 (fig. 8) e o Chelyabinsk na Russia em 15/02/2013 (fig. 14). Figura 8 – O bólido diurno de Villalbeto de la Pena e o rastro de fumaça da explosão do bólido no ponto de retardamento de onde termina o trajeto luminoso. No Brasil, temos a figura da queda do meteorito de Putinga 1937, encomendada e orientada pelo Dr. Hardy Grunewaldt, o primeiro entusiasta e colecionador de meteoritos brasileiro, que presenciou o fato quando menino. Nas grandes quedas diurnas, pode ser observada uma nuvem de poeira, que se desprende do material meteorítico fundido; embora o fenômeno meteórico seja rápido, a nuvem de poeira permanece como uma esteira de fumaça por algumas horas, como também foi o caso do Chelyabinsk (fig. 14). Em 1992 a passagem de um bólido foi filmada e, apesar de estar bem distante do ponto a queda do meteorito, foi verificado que ele percorreu diversos estados dos Estados Unidos, mas apenas um fragmento foi recuperado por acertar um carro em Peekskill, Nova York, o que é um fato muito raro. O bólido foi visto à noite por centenas de quilômetros de distância. 20 Figura 9 – Pintura original de Medvedev do bólido do Sikhote Alin como observado de Iman em 12 de fevereiro de 1947. Mesmo de dia, brilhou mais que o próprio Sol. Apesar da cor variar, o vermelho predominou, principalmente na parte final da passagem. Figura 10 – Queda do Putinga em 1937. Pintura encomendada sob a orientação do Dr. Hardy Grunewaldt, retratando o momento da queda do Putinga da localidade em que assistiu as margens do Rio Taquari. Margem esquerda a cidade de Estrela, Margem direita Arroio do Meio (RS). Figura 11 – Passagem do bólido de Peekskill iluminando o céu no leste dos Estados Unidos em 9 de outubro de 1992. Figura 12 – O famoso carro atingido pelo meteorito Peekskill. Um bólido típico brilha e pisca numa variação de cores, geralmente descritas como de branca com tonalidades esverdeadas, chegando a avermelhadas à medida que o meteoroide se desintegra. Ele se move muito rapidamente, apresentando uma cauda na direção oposta ao do movimento. Para os observadores que estão exatamente na região de 21 queda do meteorito, nenhuma cauda é avistada; enxerga-se apenas uma bola de luz praticamente estacionária, que vai crescendo rapidamente, sendo muitas vezes confundidos com OVNI’s (objetos voadores não identificados). Alguns meteoritos, no entanto, chegam sem que sejam notados sinais luminosos como no caso do Vicência e do Angra dos Reis, que apenas foram notados no local da queda por caírem bem próximos de alguém. Figura 13 – Esquema mostrando as diversas etapas da entrada de um meteoroide na atmosfera terrestre até sua queda como meteorito na superfície. 3.2. O Bólido de Chelyabinsk O Meteorito de Chelyabinsk foi um meteoroide que adentrou a atmosfera terrestre sobre a Rússia em 15 de fevereiro de 2013, transformando-se em um bólido que cruzou os céus do sul da região dos Urais até explodir sobre a cidade de Chelyabinsk, às 09:20h. Trata-se de mais um bólido extraordinário que teve lugar na Russia em pouco mais de cem anos. O que mais causou espanto no mundo inteiro foi o fato de que cerca de 1200 pessoas foram feridas indiretamente pelo evento. A maioria se machucou com estilhaços de vidro das janelas destruídas pelas ondas de choques das explosões do bólido. Prédios também foram afetados, incluindo o próprio estádio de futebol de Chelyabinsk. Outro fato muito interessante foi ele ter sido filmado de diversos ângulos por câmaras de segurança e do interior dos carros. Pelo menos seis cidades na região do evento foram atingidas. O calor resultante do atrito do objeto com o ar da atmosfera produziu uma luz ofuscante, a ponto de projetar ombras em Chelyabinsk. Foi avistada nos Kurgan de Sverdlovsk e Oremburgo e no vizinho Cazaquistão. Estima-se que o meteoroide, ao adentrar a atmosfera terrestre, tinha cerca de 10000 toneladas de massa e 17 m de diâmetro, liberando o equivalente a 500 quilotons de energia durante o evento, ou seja, mais de 30 vezes a bomba de Hiroshima. Segundo a agência espacial Russa, o objeto viajava com velocidade de 30 km/s (108.000 km/h) e explodiu a 22 cerca de 10 km de altura, quando foi freado na troposfera. O evento teve a duração total de 32,5 segundos. Figura 14 – Rastro deixado pelo meteoro de Chelyabinsk e o buraco provocado no lago Cherbakul distante 70 km W de Chelyabinsk. Após se despedaçar sobre Chelyabinsk, milhares de fragmentos do meteorito caíram como uma chuva próximo ao lago Chebarkul e vilarejos próximos, a aproximadamente 40 km ao sul de Chelyabinsk. O meteorito foi coletado rapidamente pelos residentes locais em buracos na neve de 0,7 m de profundidade. Os fragmentos maiores chegaram até o solo congelado. Uma massa fraturou o gelo do lago Chebarkul Lake fazendo um buraco de 8 metros onde só se encontraram pequenos fragmentos. Nenhuma massa maior foi encontrada por mergulhadores no interior do lago na época; no entanto, agora no fechamento do livro em 16/11/2013 foi recuperada a massa principal com cerca de 570kg do interior do lago. Segundo o Meteoritical Bulletim, foram encontrados fragmentos de menos de 1g a 1,8 kg, num total de mais de 100 kg, possivelmente mais de 500 kg. Muitos possuem crosta de fusão fresca preta ou marrom. Trata-se de um condrito ordinário, LL5, estágio de shoque S4 e intemperismo W0. 3.3. O Impacto Apesardos efeitos luminosos e sonoros que anunciam a chegada de um meteorito serem impressionantes, os efeitos produzidos pela queda são relativamente modestos e dependem exclusivamente de sua massa, resistência mecânica, velocidade e natureza do solo no local de impacto. Como foi visto, durante a queda os meteoritos estão sujeitos a altas temperaturas e pressões, principalmente nas partes frontais, muitas vezes causando a fragmentação. Os diversos fragmentos continuam seguindo a trajetória do bólido e caem na superfície terrestre se distribuindo sobre uma área elíptica atingindo até vários km², chamada elipse de dispersão. Os fragmentos maiores se distribuem preferencialmente na parte frontal da elipse (fig. 15). Todos os fragmentos são considerados como o mesmo meteorito, por isso recebem o mesmo nome e constituem desta forma uma ‘chuva de meteoritos’, que não deve ser confundida com chuva de meteoros (diretamente ligada a órbitas cometárias). A queda de um único meteorito é muito rara, embora na maioria das quedas apenas um fragmento desta seja recuperado. 23 Figura 15 – Elipse de dispersão. A grande maioria dos bólidos (1) explode na troposfera a aproximadamente 9 km de altitude no ponto de retardamento (2) de onde passam a cair em queda livre (3), espalhando-se por uma região em forma de elipse com o eixo maior ao longo da trajetória, chamada de campo de dispersão (4). Os meteoritos de até uma tonelada são totalmente freados pela atmosfera no ponto de retardamento onde geralmente explodem (fig. 13). A partir deste ponto, o corpo passa a cair em queda livre e sua velocidade é determinada essencialmente pela atração gravitacional, de forma que alcançam a superfície terrestre com velocidade de apenas 400 a 800 km/h. Os meteoritos pequenos e médios (até duas toneladas) produzem um buraco no local de impacto com diâmetro comparável ao tamanho do meteorito e profundidade que irá depender da natureza do terreno. Muitos caem na superfície sem provocar qualquer buraco. Por exemplo, um meteorito de 8 kg caiu numa plantação de arroz em Bandog, Java, em 1871, penetrando 1 metro e outro de 10 kg caiu perto de St. Michel, Finlândia, em 1910, e penetrou apenas meio metro. O Norton County, Kansas, pesando uma tonelada, caiu em 1948 numa plantação de milho penetrou apenas 3 metros. Em 19/06/2010, depois da passagem de um bólido, caíram diversos fragmentos em Varre-Sai, RJ. Segundo seu Germano que assistiu a queda e resgatou a primeira massa do meteorito. Depois da explosão o meteorito demorou quase 3 minutos para cair no solo. Um meteorito de 580 g foi recuperado em cima do solo macio tendo apenas marcado o local onde caiu e quicou (fig. 16). Um caso interessante ocorreu na queda do Hessle, na Suécia, em 1869, onde vários fragmentos caíram sobre a superfície de um lago congelado e não quebraram o gelo. Quando um meteorito atinge um solo muito duro, ambos se despedaçam. Os corpos com mais de 10 toneladas conservam parte da velocidade cósmica ao atingirem o solo, podendo ou não produzir crateras. Os meteoritos acima de 100 toneladas chegam ao solo com 50% ou mais da velocidade cósmica inicial do meteoroide, adquirindo uma energia cinética de milhares de megatons, capaz de produzir crateras muitas vezes maiores que o corpo impactante. A figura 7 mostra a desaceleração dos meteoritos durante a queda em função da massa inicial. 24 Figura 16 – Meteorito de Varre-Sai de 580g produziu apenas uma pequena depressão no solo macio como pode ser visto na fotografia tirada in situ. Segundo seu Germano, foi exatamente desta forma que ele encontrou o meteorito que caiu sobre o solo cerca de 2 a 3 minutos após ter ouvido uma explosão no céu ao sair de casa. Figura 17 – Buraco de impacto do meteorito, St. Michael, Finlândia em 12 de junho de 1910. Figura 18a e 18b – Meteorito Jilin, China, que caiu em maeço de 1976. A queda produziu o maior meteorito rochoso conhecido, uma chuva de meteoritos onde a maior massa de 1,9 toneladas produziu um buraco de impacto de 5,5 metros de profundidade. As figuras mostram o buraco antes e depois da escavação. 3.4. Características dos Meteoritos Distinguir um meteorito das rochas terrestres requer o conhecimento de algumas características típicas destes objetos que, apesar de serem tão específicos, não apresentam características que possam simplesmente caracterizá-los. São restos da formação do sistema solar e fragmentos de diversos corpos planetários, não só da superfície como do manto e do núcleo de asteroides diferenciados, não 25 diferenciados e até mesmo de cometas. Ou seja, são de todo o tipo de variedade formada no sistema solar e muitas vezes não encontradas na superfície terrestre. Mineralogicamente, os meteoritos consistem de quantidades variadas de silicatos, ferro-niquelífero, sulfetos e outros minerais em fases menores. São subdivididos em três tipos básicos: os sideritos ou meteoritos metálicos (~90% de ferro e níquel), siderolitos ou mistos (~50% de ferro e níquel) e aerólitos (rochosos). 3.4.1. Crosta de Fusão Durante a passagem atmosférica as camadas mais externas do meteorito se fundem e vaporizam, desprendendo-se do meteorito e deixando um rastro de poeira no ar. No entanto, este calor não chega a penetrar no interior do meteorito, pois a perda de matéria é mais rápido que a difusão de calor para o interior. Quando o meteorito chega à Terra, apenas uma fina camada deste material é fundida. Ela se forma nos últimos segundos do estágio de bólido, quando a ablação é reduzida e fica aderida na superfície do meteorito, sendo chamada de crosta de fusão. Todo meteorito recém-caído irá apresentar a crosta de fusão. Trata-se de uma película vítrea escura e geralmente preta, mas pode ser bem diversificada, podendo ser mais grossa, ou mais fina (geralmente na faixa 1 mm), marrom, cinza e até mesmo verde. Pode ser fosca como na maioria dos meteoritos rochosos ou vítrea como em alguns acondritos. Uma crosta de fusão que cubra completamente o meteorito é algo raro, pois os meteoritos em geral se partem não só na atmosfera, mas também ao cair no solo. A composição da crosta de fusão será a de um vidro da mesma composição do meteorito que a formou. Assim os meteoritos como os condritos, formados por olivinas, piroxênios e ferro-niquel, irão apresentar uma crosta de fusão formada pela fusão destes minerais. O ferro dos minerais irá se oxidar formando magnetita, que dará a cor escura da crosta de fusão. Os meteoritos acondritos, como os aubritos, por não conter ferro como elemento ou óxido, irão apresentar crostas de fusão bege a acinzentadas. Outro tipo de crosta de fusão que costuma ser característica de alguns meteoritos são a dos acondritos tipo eucritos, que apresentam crosta de fusão brilhante devido ao alto teor de feldspatos plagioclásios ricos em cálcio. O meteorito Serra de Magé possui crosta de fusão verde. Os meteoritos metálicos também formam crosta de fusão que tendem a ser bem mais finas que as dos meteoritos rochosos, apresentando coloração preto-azulada aparentando aço fundido fresco. Esta crosta é formada basicamente de óxido de ferro; é uma crosta bem frágil, sendo facilmente sujeita ao intemperismo químico. Crosta de fusão secundária ocorre quando o meteorito é fragmentado na fase final da passagem atmosférica, quando começa a se formar uma nova crosta na face fragmentada. Às vezes esta crosta fica fina, incompleta e não é tão suave quanto a crosta de fusão primária. Assim, geralmente os meteoritos não são pedras pretas como aparentam em alguns livros, mas sim são cobertos por uma fina película escura. Esta crosta, no entanto, se deteriora facilmente com o intemperismo terrestre tornando mais difícil a identificação dos meteoritos,principalmente dos rochosos, quando não são encontrados pouco depois de suas quedas (fig. 19). 26 Figura 19a – Mostrando a crosta de fusão preta fosca em contraste com o interior claro. Meteorito Campos Sales, CE – queda em 1991. Trata-se de um condrito oprdinário tipo L5. Figura 19b – Crosta de fusão brilhante típica dos eucritos. Apesar das crostas serem geralmentel pretas, no Meteorito Serra de Magé que caiu em PE em 1/10/1923, ela é verde escura, ela é verde escuro, sendo alguns exemplares verde garrafa a verde claro. Figura 19c – Detalhe da crosta de fusão do meteorito angrito Angra dos Reis, RJ, que caiu em janeiro de1869. A crosta é de tonalidade vinho, brilhante e arrepiada, possivelmente pelo resfriamento rápido que sofreu ao cair no mar. 3.4.2. Regmaglitos ou Marcas de Dedos Outra característica comum nos meteoritos, principalmente nas quedas recentes, é a existência de algumas depressões que se assemelham a marcas de dedos em massa de modelar, chamadas regmaglitos. Desenvolvem-se evidentemente pela ablação durante a passagem atmosférica. Assim, os meteoritos que se fragmentam durante a fase final do percurso, como os meteoritos rochosos, desenvolvem menos regmaglitos. Desse modo, são geralmente mais marcantes nos sideritos como, por exemplo, o siderito Pirapora das figuras 20 e 21, que mostra a maneira pela qual essa estrutura se desenvolveu melhor na face frontal. 27 Figuras 20 e 21 – Parte dianteira e trazeira do meteorito Pirapora, MG mostrando os regmaglitos (marcas de dedo) típicos da superfície dos meteoritos. 3.4.3. Tamanho Os meteoritos não possuem dimensões fixas; seu peso pode variar de microgramas (micrometeoritos) a várias toneladas. De maneira geral, podemos dizer que os meteoritos metálicos, por serem mais resistentes, são os maiores, seguidos pelos siderolitos e, por último, os rochosos, que por serem mais frágeis, também seriam os menores. A maioria dos meteoritos fica entre 100 g e 10 kg. Poucos são maiores que 100 kg. O maior meteorito conhecido é o siderito Hoba-West, que ainda permanece no local de sua queda, no sudoeste da África. Seu peso aproximado é de 60 toneladas, embora na época de sua queda pesasse cerca de 100 toneladas. Está coberto por uma capa de mais de meio metro de uma massa laminada de limonita, formada pela ação do tempo. Não há vestígios de cratera de impacto, acredita-se que este seja o maior tamanho que um meteorito possa chegar aqui na Terra sem se fragmentar e formar crateras. Figura 22 – Meteorito de Bendegó, Bahia. Foi descoberto em 1784, pesa 5,36 toneladas e é o maior meteorito brasileiro até o momento. Foi transportado para o Museu Nacional, onde se encontra em 1888 por uma comissão nomeada pelo Imperador D. Pedro II. Na foto, em cima do meteorito, Christian Zucolotto. 28 Figura 23 – Meteorito de Hoba-West, Namíbia, África, é o maior meteorito do mundo e está em seu local de queda. Escavaram ao redor para exibi-lo melhor Na foto, atrás do meteorito, o nosso colega André Ribeiro do Instituto de Geociências da UFRJ. Na tabela 2 temos uma relação dos maiores meteoritos conhecidos até o momento. O Bendegó já não figura mais entre os 15 maiores, embora tenha sido por muito tempo o segundo maior do mundo e o maior em exposição em Museu Nacional do Rio de Janeiro. Tabela 2 – Elenco dos meteoritos mais pesados do mundo METEORITO, LOCALIDADE, PESO (toneladas) DATA TIPOLOGIA 1. Hoba, Namibia, 60,0 t 1920 IVB, Ataxito 2. Campo del Cielo (El Chaco), Argentina, 37 t 1969 IAB-MG, Oct. Grosseiro 3. Cape York (Ahnighito) O. Groelandia, 30,9 t 1894 IIIAB, Octaedrito Médio 4. Armanty, Xinjiang, China, 28 t 1898 IIIE, Octaedrito Médio 5. Bacubirito, Sinaloa, México, 22 t 1863 IRUNGR, Octaedrito Fino 6. Cape York (Agpalilik), O. Groelandia, 20,1 t 1963 IIIAB, Octaedrito Médio 7. Mbosi, Rungwe, Tanzania, 16,0 t 1930 IRUNGR, Octaedrito Médio 8. Campo del Cielo, Chaco, Argentina, 14,8 t 2005 IAB-MG, Oct. Grosseiro 9. Willamette, OR, USA, 14,4 t 1902 IIIAB, Octaedrito Médio 10. Chupaderos I, Chihuahua, México, 14,1 t 1852 IIIAB, Octaedrito Médio 11. Mundrabilla I, W Australia, 12,4 t 1966 IAB-ungr, Octaedrito Médio 12. Morito, Chihuahua, México, 10,1 t 1600 IIIAB, Octaedrito Médio 13. Campo del Cielo (Santiago d Estero), Arg.10 t 1997 IAB-MG, Oct. Grosseiro 14. Chupaderos II, Chihuahua, México, 6,7t 1852 IIIAB, Octaedrito Médio 15. Mundrabilla II, W Australia, 6,1 t 1966 IAB-ungr, Octaedrito Médio 16. Bendegó, Bahia, Brasil, 5,36 t 1784 IC, Octaedrito Grosseiro 29 3.4.4. Forma Os meteoritos apresentam formas bem variadas, pois, mesmo antes de penetrarem à atmosfera terrestre, ainda no espaço, são modificadas devido à erosão por colisões cósmicas. Quando penetram à atmosfera terrestre, o atrito com a mesma provoca a queima ou ablação e fragmentação. Quando a penetração é estabilizada apresentam formas aerodinâmicas, no entanto, esta ocorrência é rara. Alguns aerólitos apresentam formas equidimensionais quando se partem na explosão no final da passagem atmosférica, quando ele é freado e não sofre mais ablação atmosférica responsável pelos sulcos, muito comum nos meteoritos (fig. 25). Figura 25 – Uma massa de forma quase cúbica do meteorito Campos Sales, que ao se fragmentar na troposfera caiu como uma chuva de meteoritos em 31 de janeiro de 1991 no Cariri, Ceará. Foram recuperados cerca de 40 kg de material. Alguns meteoritos apresentam formas geométricas bem definidas, que são resultados dos processos de fragmentação e ablação com ângulos próximos aos 90°. Quando a fragmentação ocorre nas altas camadas da atmosfera, estes cantos tendem a se arredondar e deformar formando regmaglitos. Porém, quando se forma nas camadas mais baixas, o formato geométrico se mantém. Podem apresentar cavidades profundas, formadas pela evaporação de inclusões nodulares de troilita e/ou grafita durante a passagem pela atmosfera terrestre (fig. 26). Figura 26 – Foto do meteorito Tucson, encontrado no Arizona. Este meteorito possui uma forma de anel conhecido como “Tucson Ring”. Esta em exibição no Smithsonian Institution em Washington. 30 3.4.5. Meteoritos Orientados O formato final dos meteoritos irá depender em muito de seu vôo trans-atmosférico. A grande maioria penetra à atmosfera sem ter uma forma definida e nem direção preferencial, rotacionando desordenadamente, perdendo muita massa e criando um formato mais arredondado ou explodindo formando peças mais angulares. Contudo, raramente é observado que alguns meteoritos penetram a atmosfera de maneira que atingem uma orientação preferencial adquirindo formas mais aerodinâmicas como um cone ou um escudo. A figura 27 mostra a evolução da passagem atmosférica dos meteoritos e sua influência no formato final. Figura 27 – Foto de um meteorito orientado. O Dhofar 182, eucrito encontrado em Oman em 2000. O meteorito teve uma entrada orientada formando as linhas de fluxo radiais que foram preservadas devido ao resfriamento rápido da crosta. (Norton & Chitwood – 2008) 3.4.6. Interior Cerca de 86% das quedas tem a aparência de cimento proveniente de resto de construção e com alguns pequenos pontos amarronzados semelhantes a sardas, contrastante com a fina crosta externa preta (fig.28). Estes mesmos meteoritos podem conter partículas milimétricas arredondadas chamadas de côndrulos, facilmente visíveis com uma lupa ou a olgo nú (fig.29). Figura 28 – Foto do Campos Sales mostrando a crosta de fusão preta e fosca se contrastando com o interior cinza claro cor de concreto de cimento. Outras característicassão as partículas de ferro metálico que começam a se oxidar na Terra (as pintinhas que se parecem com sardas). 31 Figura 29 – Foto do meteorito Vicência, queda em 23 de setembro de 2013 no interior de Pernambuco. Note o interior condrítico típico de meteoritos não equilibrados tipo 3 com côndrulos bem arredondados e destacados. 3.4.7. Presença de Ferro-Níquel A grande maioria dos meteoritos contém ferro, ou melhor, ferro-níquel. Se lixados irão exibir pontos com brilho metálico ou interior totalmente de aço sólido (figs. 30 e 31). Estes últimos, formados por grande quantidade de ferro-níquel, em geral, se atacados com uma solução de ácido nítrico, poderão revelar uma série de lamelas entrelaçadas chamadas de estrutura de Widmanstätten. Como veremos mais adiante a quantidade de ferro e de níquel serão determinantes na classificação destes meteoritos. Figura 30 – Foto do condrito Pultusk que caiu na Polonia em 1868. Exibe abundância de partículas e um veio metálico, sua classificação H5 (H de high, muito ferro). Figura 31 – Mesosiderito Crab Orchard, achado em 1887 nos USA. Possui aproximadamente 50% de ferro-níquel 3.4.8. Magnetismo Como a grande maioria dos meteoritos possui ferro-níquel, uma liga bastante magnética, estes também são atraídos por imã. Nos meteoritos metálicos esta atração é mais forte. Os únicos meteoritos que não são atraídos por imã são os acondritos. 3.4.9. Densidade Os meteoritos em geral são mais densos que as rochas terrestres, principalmente os metálicos que chegam a pesar três a quatro vezes mais que uma rocha terrestre de mesmo tamanho e por isto são mais fáceis de serem reconhecidos no campo, mesmo depois de bem intemperizados. 32 3.4.10. Presença de Côndrulos Apesar da presença de côndrulos ser típica de meteoritos, estes só aparecem no grupo de meteoritos chamados de condritos (figs. 29 e 32). Eles também não são visíveis em todos os condritos, pois existe um tipo de condrito que nem mesmo possui côndrulos (carbonáceo tipo I). Os côndrulos são bem visíveis nos condritos tipo 3 diminuido para o tipo 4 e assim sucessivamente até o tipo 6. Em alguns meteoritos condríticos, os côndrulos estão tão fragmentados que dificilmente são reconhecidos. Figura 32 – Textura condrítica do meteorito Clovis, um condrito H3 que exibe uma grande variedade de côndrulos bem desenvolvidos. Largura do campo 4mm. 3.4.11. Exceções Os meteoritos rochosos do tipo acondrito não apresentam as características acima, exceto a crosta de fusão e regmaglitos. Estes meteoritos são raros e praticamente só recuperados de quedas recentes. 3.4.12. “Meteorwrongs” Meteorwrongs são rochas que geralmente as pessoas acreditam serem meteoritos, mas que na verdade são simples rochas ou objetos terrestres. O termo "meteorwrong" é um jogo de palavras com “meteorito” e “errado”. Apesar de ser um termo em inglês, não foi encontrada uma palavra apropriada em português, fazendo com que todos usem esta expressão. Vale destacar também que este termo não é usado oficialmente na Geologia em língua inglesa. Existem várias razões para querer identificar uma rocha como um meteorito. A maioria das pessoas acha os meteoritos interessantes só por eles virem do espaço e, por vezes, colecionadores pagam um alto preço se for confirmada sua origem extraterrestre. Praticamente, 99% de cada mil amostras que chegam para ser analisadas não são meteoritos, no entanto, consideram-se como meteorwrong todas aquelas que apresentam algumas características que possam ser confundidas com meteoritos. Dentre os meteorwrongs mais típicos, podemos citar: magnetita, basalto, manganês, lixo espacial, ferro silício e, principalmente, escórias de alto forno que são espalhadas indiscriminadamente por todo o território nacional. Durante o programa de divulgação científica desenvolvido no Museu Nacional pela primeira autora, foi criado um diagrama para facilitar o reconhecimento de meteoritos. Na verdade, este “checklist” elimina a maioria dos objetos confundidos com meteoritos pela aparência. 33 34 4. CLASSIFICAÇÃO DOS METEORITOS A classificação atual segue o formato iniciado por volta de 1860 por Rose, contudo as primeiras classificações não continham informações genéticas. Hoje, embora as classificações dos meteoritos considerarem sua composição básica, leva-se em conta também a sua origem primitiva e diferenciada. Krot et. al. (2004) dividiram os meteoritos em condritos e não condritos, e subdividiu os não condritos em acondritos, acondritos primitivos metálicos e mistos. Os meteoritos são classificados, basicamente, segundo a concentração de ferro e silicatos. Baseados nestas concentrações, são definidos os três tipos de meteoritos. Os metálicos (sideritos), formados basicamente da liga ferro-níquel, os rochosos (aerólitos), formados basicamente de silicatos e os mistos (siderolitos), que consistem de ferro-níquel e silicatos em proporções equivalentes. Cada um destes tipos é subdividido em classes e algumas classes são subdivididas em grupos menores, com propriedades distintas (tab. 3). O principal objetivo da taxonomia dos meteoritos é agrupá-los de maneira a se compreender melhor sua origem e relações. O trabalho de classificação é complexo e realizado por laboratórios competentes. Os meteoritos rochosos são divididos em: condritos e acondritos. Os condritos são tipicamente definidos como meteoritos que possuem côndrulos (pequenas esferas de 1-2 mm), no entanto isso é uma informação equivocada, uma vez que existem condritos que não possuem côndrulos, Condritos são meteoritos rochosos que possuem composição solar (menos os elementos voláteis) e são provenientes de corpos asteroidais ou cometários que não sofreram diferenciação magmática. Os demais tipos de meteoritos, exceto os sideritos não magmáticos e acondritos primitivos, foram geologicamente diferenciados ou reprocessados pela fusão e recristalização de material do tipo condrítico no interior de corpos planetários. Os acondritos são rochas ígneas provenientes de asteroides diferenciados ou de superfícies de corpos planetários (Lua, Marte). Alguns acondritos possuem textura ígnea ou recristalizada, mas retêm afinidades químicas com os corpos condríticos precussores e são tidos como acondritos primitivos. 35 Tabela 3 – Classificação dos meteoritos NÃO DIFERENCIADOS DIFERENCIADOS CLASSE GRUPO EXEMPLO CLASSE GRUPO EXEMPLO CONDRITOS ACONDRITOS C O N D R IT O S C A R B O N Á C E O S CI Ivuna V ES TA EUCRITOS EUC Serra de Magé CM Murchison DIOGENITOS DIO Tatahouine CO Ornans HOWARDITOS HOW Le Teilleul CV Allende ANGRITOS ANG Angra dos Reis CK Karounda AUBRITOS AUB Norton County CR Renazzo UREILITOS URE Novo Urei CH ALH85085 M A R TE SHERGOTITOS SHE Shergotty CB Bencubbin CHASSIGNITOS CHA Chassigny C O N D R IT O S O R D IN Á R IO S H Flandreau NAKHLITOS NAK Nakhla ORTOPIROXENITO OPX ALH84001 L L’Aigle LU A BASALTOS LL St. Mesmin BRECHAS E N ST A T IT A C O N D R IT O EH Saint-Sauveur SIDEROLITOS PALLASITOS PAL Brehan MESOSIDERITOS MES Chinguetti EL Eagle SIDERITOS RUMURUTITOS R Rumuruti CLASSIFICAÇÃO ESTRUTURAL GRUPO QUÍMICO EXEMPLO KAKANGARITOS K Kakangari Ogg IIB, IIE Sikhote Alin NÃO CONDRITOS Og IIIE, IIIF IC ACAPULCOITOS AC Acapulco Om IIIAB,IID, IIIF Cape York LODRANITOS LOD Lodran Of IVA, IIIC Gibeon WINONAITOS WIN Winona Off IIID Tazewell METÁLICOS – NÃO MAGMÁTICOS Opl IIC, IIF IAB Og Campo del Cielo D IVB Hoba IIE, UNG NÃO GRUPADOS 364.1. Classificação dos Condritos Os condritos são meteoritos rochosos não diferenciados, ou seja, nunca foram fundidos no interior de um planeta ou grande asteroide. São os objetos mais antigos que conhecemos. Possuem de 4,55 a 4,6 bilhões de anos, que é a idade aproximada do sistema solar. Eles são considerados amostras primordiais de matéria dos primórdios do sistema solar. Os constituintes mais abundantes dos condritos são os côndrulos, minúsculos corpos de origem ígnea, formados por fusão parcial ou total, durante o período de acreção. São objetos subesféricos de silicatos, cujo tamanho varia de alguns milímetros a centímetros. O mais comum é se encontrar objetos que vão de esféricos a irregulares e com diâmetro que varia de 0,1 a 4 mm. Porém, existem condritos que não possuem côndrulos. A classificação dos condritos leva em conta o silicato primário principal e os meteoritos metálicos separados pela estrutura interna e conteúdo em níquel. Os condritos são constituídos essencialmente de olivina, piroxênio e também proporções diversas de inclusões refratárias ricas em cálcio e alumínio ou CAIs e agregados de olivina (0,01 ~ 10 % vol.), ferro e níquel metálico (0,1 ~70 %), e material da matriz (1 ~ 80 %). O material da matriz é rico em elementos voláteis e grãos finos (5 ~ 10 mm). A matriz tem mineralogia diversa e a maioria é uma mistura de silicatos, óxidos, sulfetos, metais de ferro e níquel, matéria orgânica e vidro. As tabelas (4 e 7) mostram os minerais mais comuns encontrados em condritos com feições identificáveis por Microscopia Óptica e outras importantes técnicas instrumentais modernas. O sistema mais moderno de classificação dos condritos leva em consideração, além dos parâmetros químicos e mineralógicos, a textura que é modificada pela recristalização, que se dá por alteração aquosa e/ou térmica dos meteoritos. Desde a publicação do trabalho original de Van Schmus e Wood (1967), sobre o Sistema Petrográfico de Classificação para os condritos, criando seis tipos petrológicos diferentes, algumas modificações foram feitas e muitos pesquisadores aceitam hoje o acréscimo de um tipo 7. Originariamente, o tipo 1 representava o mais baixo grau de metamorfismo, porém, esta definição foi dada mais tarde para o tipo 3, considerado quimicamente não equilibrado e o mais primitivo. Mostram ampla variação química nas olivinas e piroxênios, considerados os menos modificados por processos secundários (Wasson, 1974) (tab. 5). Os Condritos estão divididos em classes que incluem Enstatita Condritos (E), Condritos Ordinários (OC) e Condritos Carbonáceos (C), além das classes menores dos Kakangaritos (K) e Rumurutitos (R). Esta classificação é feita levando-se em consideração a quantidade do ferro e sua distribuição, além da mineralogia, petrologia e composição isotópica do oxigênio. Na tabela 6, podem-se observar as classes de condritos nos tipos petrográfico (Hutchison, 2004). 37 Tabela 4 – Tipos petrográfico segundo Van Schmus e Wood (1967). 38 Tabela 5 – Classes e grupos de condritos por percentagem de metal Classe Grupo Densidade Fe Metal (% peso) Fe Total (% peso) Fa (% mol) Fs (% mol) Tam Cond (mm) % Vol. Cond. E EH 3,72 15 22 – 23 < 1 0,2 60-80 EL 3,55 8 0,6 60-80 OC H 3,40 10 25 – 30 16 – 20 14 – 20 0,3 60-80 L 3,35 <5 20 – 23 21 – 25 20 – 30 0,7 60-80 LL 3,21 2 19 - 22 26 – 32 32 – 40 0,9 60-80 C CI 2,11 0 - - CM 2,12 0,1 0,3 20 CO 2,95 1-5 0,15 48 CV 2,95 1-5 1,0 45 CK 3,47 traços 0-30 0,7 15 CR 3,10 5-8 0,7 50-60 CH 3,44 ~20 70 0,02 70 R R <0,5 37-40 0,4 27 K K 2 2-4 0,6 >40 Tabela 6 – Classificação dos Condritos Ordinários nos tipos petrográfico (Hutchison, 2004). TIPOS PETROLÓGICO Condritos Alteração aquosa Primitivo Metamorfismo térmico 1 2 3 4 5 6 Carbonáceos CI CM CM CO CV CV CK CR CR CB CH Ordinários H H H H L L L L LL LL LL LL Enstatita EH EH EH EH EL EL EL EL Rumurutitos R R R R Kakangaritos K T (ºC) 50 < 20 400 600 700 750 950 39 Tabela 7 – Classificação dos tipos de côndrulos por Keil & Gooding (1981). CÔNDRULOS TIPO TEXTURA E MINERAIS % Grupo 1 (Porfirítica) OP Olivina Porfirítica 23 PP Piroxênio Porfirítico 10 POP Olivina-Piroxênio Porfirítico 48 Grupo 2 (Não Porfirítica) PR Piroxênio Radial 7 OB Olivina Barrada 4 C Criptocristalina 5 Grupo 3 OPG Olivina Piroxênio Granular 3 Dos dez critérios usados para definir os grupos dos condritos, o mais fácil é o da textura. Nos tipos 4 a 6, quimicamente equilibrados, a química é mais homogênea. Na tabela 6 se encontram descritos com detalhe os tipos petrográfico. Um exemplo da notação de um meteorito Condríto Ordinário é o seguinte: meteorito nãoequilibrado L3, onde o L é uma designação química significando baixo teor em ferro e o número 3 designa o tipo petrográfico. Nele os côndrulos são bem definidos, com forma de subesférica a esférica e ocorrem numa matriz escura, finamente granular, constituída dos mesmos minerais dos côndrulos, porém com cristais finos dando a impressão de ser uma matriz opaca. Além dos parâmetros classificatórios citados, se torna necessário adicionar os parâmetros que traduzem o estado de choque e o grau do intemperismo. 4.1.1. Enstatita Condritos (E) São relativamente raros, representando cerca de 2% dos meteoritos rochosos; somente 200 destes meteoritos são conhecidos. A maioria é EH3, EH4 e EH6. Um meteorito com massa de 3 mg foi descoberto numa amostra de solo coletada pelos astronautas da Apollo 15. Apesar de pequeno, este meteorito foi incluído na lista dos Catálogos dos Meteoritos. Como os Condritos Ordinários, os Enstatita Condritos também estão subdivididos em dois grupos: condritos de alto (EH) e baixo (EL) conteúdo de ferro, Sears & Dodd (1998). O EH condrito tem ~30% do ferro total mais metais e o EL condrito possui ~25% do ferro total e menos metais. A maneira mais fácil de distingui-los é pela Microscopia Óptica, em seção fina polida, examinando o tamanho dos côndrulos. Nos EL3 os côndrulos são bem definidos, com um tamanho de cerca 500 µm de diâmetro. Nos EH3 os côndrulos são menores e não são bem definidos. A maioria do ferro dos Enstatita Condritos ocorre ora como metais, ora como sulfetos. O piroxênio não contém ferro, mas, sim, silicato de magnésio quase puro (Enstatita) com menos de 1% de ferro como a Faialita (tab. 5). 4.1.2. Condritos Ordinários (OC) Representam os tipos mais comuns e abundantes. Correspondem de 85 a 93,5% dos condritos caídos. O Fe (elementar e combinado) é usado para classificar os Condritos Ordinários, que se dividem em três grupos químicos distintos: H, L, e LL. 40 O primeiro grupo H possui alto teor em ferro (25-30%) no total por peso. Entre 15 e 19% são de ferro quimicamente puro e o restante está ligado à estrutura dos silicatos. Este tipo é o mais atraído pelo ímã, pois contém maior quantidade de minerais metálicos. Além do teor em Fe, este grupo distingue-se dos outros dois pela composição química da olivina (Fa 15-19%), ou seja, 81-85 moles de Fo (forsterita) mostrando que nos condritos ordinários (bem como nos condritos em geral) a olivina é mais magnesiana. O gupo L é constituído por condritos com o ferro total variando de 20 a 25%. Se compararmos com o grupo H, a quantidade de metal no L é mais baixa, entre 1 e 10% em peso. Quando se olham os flocos de metais numa fatia polida do condrito L, verifica-se que ocorrem em menor quantidade do que nos H, o que faz com que os meteoritos deste grupo sejam menos atraídos pelo ímã. A composição
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