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Direito Cívil (Aula 5)

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Civil – Prof. André Roberto 
Data: 02/05/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
ministrada pelo professor em sala. Recomenda-se a complementação do estudo em livros 
doutrinários e na jurisprudência dos Tribunais. 
 
Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 
Barra: Shopping Downtown – Av. das Américas, 500 - bl. 21, salas 157 e 158 – Tel.: (21)2494-1888 
www.enfasepraetorium.com.br 
 
 
Assuntos tratados: 
1º Horário. 
 Pessoas Jurídicas/ Violação da Personalidade da Pessoa Jurídica/ Classificação 
das Pessoas Jurídicas/ Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno/ Bens 
Públicos/ Pessoas Jurídicas de Direito Privado/ Sociedades/ Associações/ 
Fundações 
2º Horário. 
 Fundações (Continuação)/ Domicílio/ Domicílio da Pessoa Natural 
 
1º Horário 
 
PESSOAS JURÍDICAS 
 
1. Violação da Personalidade da Pessoa Jurídica 
O nosso ordenamento atribui as entidades de pessoas e ao patrimônio afetado 
uma aptidão genérica para ser sujeito direito, denominada de personalidade jurídica. 
O posicionamento dominante é o que confere personalidade à pessoa jurídica, 
a qual nasce com a inscrição da entidade no registro competente. 
Art. 45, CC - Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com 
a inscrição do ato constitutivo no respectivo registro, precedida, quando 
necessário, de autorização ou aprovação do Poder Executivo, averbando-se no 
registro todas as alterações por que passar o ato constitutivo. 
 
Parágrafo único. Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas 
jurídicas de direito privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da 
publicação de sua inscrição no registro. 
 
Art. 988 - Os bens e dívidas sociais constituem patrimônio especial, do qual os 
sócios são titulares em comum. 
 
Art. 990 - Todos os sócios respondem solidária e ilimitadamente pelas obrigações 
sociais, excluído do benefício de ordem, previsto no art. 1.024, aquele que 
contratou pela sociedade. 
Por esses artigos, a pessoa jurídica seria uma realidade social. A entidade existe 
concretamente, mas só se torna pessoa jurídica quando atende aos requisitos 
impostos pelo ordenamento. 
 Civil – Prof. André Roberto 
Data: 02/05/2011 
O presente material constitui resumo elaborado por equipe de monitores a partir da aula 
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Principalmente no direito empresarial, há quem sustente que a entidade, ainda 
que irregular, terá personalidade jurídica. Contudo, esse posicionamento não é o 
majoritário. Pela doutrina dominante, as entidades que não atenderem aos requisitos 
legais ou, às quais o ordenamento não conferir tal possibilidade, não terão 
personalidade jurídica. 
O ordenamento também previu uma proteção aos atributos da personalidade 
da pessoa jurídica. 
Art. 52, CC - Aplica-se às pessoas jurídicas, no que couber, a proteção dos direitos 
da personalidade. 
Como consequência, a pessoa jurídica poderá sofrer dano moral. 
Súmula 227, STJ - A pessoa jurídica pode sofrer dano moral. 
A pessoa jurídica pode sofrer abalo de crédito; abalo na sua honra objetiva e no 
seu nome, por exemplo. 
Não se aplica, para provas objetivas, o enunciado 286 da 4ª jornada do CJF. Isso 
porque ele traz o posicionamento da doutrina minoritária, segundo o qual a pessoa 
jurídica não teria atributos do direito da personalidade. Essa lógica substitui a 
personalidade jurídica enquanto aptidão para ser sujeito de direito, por algo que se 
denomina de subjetividade. Para essa corrente, refletida nesse enunciado, 
personalidade só se referiria à pessoa humana. 
Enunciado 286, CJF - Os direitos da personalidade são direitos inerentes e 
essenciais à pessoa humana, decorrentes de sua dignidade, não sendo as pessoas 
jurídicas titulares de tais direitos. 
 
2. Classificação das Pessoas Jurídicas 
O CC/16 apresentava um rol enorme de pessoas jurídicas de direito publico e 
privado, o que dificultava a abordagem da matéria em provas. Na estrutura no CC/02, 
o legislador deu ao código o conteúdo de que ele precisa, deixando aos diplomas 
próprios a função de disciplinar a matéria de forma mais específica. 
Art. 40, CC - As pessoas jurídicas são de direito público, interno ou externo, e de 
direito privado. 
No art. 40 do CC, dividem-se as pessoas jurídicas em pessoas jurídicas de direito 
público e pessoas jurídicas de direito privado. Dentro das pessoas jurídicas de direito 
público têm-se as de direito externo - que não foram detalhadas pelo CC - e as de 
direito público interno. 
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Art. 42, CC - São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados 
estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional 
público. 
No art. 41 do CC, o legislador melhorou o tratamento da matéria “pessoas 
jurídicas de direito público interno”, ao ampliar o rol no último inciso. 
Art. 41, CC - São pessoas jurídicas de direito público interno: 
I - a União; 
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; 
III - os Municípios; 
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas; (Redação dada pela Lei nº 
11.107, de 2005) 
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei. 
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito 
público, a que se tenha dado estrutura de direito privado, regem-se, no que 
couber, quanto ao seu funcionamento, pelas normas deste Código. 
 
2.1. Pessoas Jurídicas de Direito Público Interno 
O art. 41 do CC não faz menção às sociedades de economia mista, empresas 
públicas, nem às fundações públicas. Predomina o entendimento que defende que, 
por força do DL 200/67, elas teriam natureza jurídica de direito privado, ressalvadas as 
fundações públicas, já que o STF já pacificou o entendimento de que as fundações 
públicas, podem ser tanto de direito público quanto de direito privado. Para a doutrina 
administrativa, as fundações públicas de direito público seriam autarquias 
fundacionais ou fundações autárquicas. 
 
2.1.1. Bens Públicos 
O art. 98 do CC classifica os bens públicos pelo critério da titularidade. 
Art. 98, CC - São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas 
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a 
pessoa a que pertencerem. 
Construiu-se na doutrina e na jurisprudência o entendimento de que o critério 
da titularidade apresentado neste artigo não esgotaria a classificação dos bens 
públicos. 
O art. 99 do CC ao subdividir os bens públicos utiliza o critério da afetação dos 
bens públicos. 
Art. 99, CC - São bens públicos: 
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I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, 
inclusive os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades. 
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os 
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado 
estrutura de direito privado. 
O inciso I trata dos bens de uso comum do povo; o inciso II trata dos bens de 
uso especial da administração e o inciso III trata dos bens dominicais. Os dois primeiros 
são bens afetados, e os últimos dão desafetados. 
Os bens afetados são, além de imprescritíveis, pois não sujeitos à usucapião 
(art. 102, CC), inalienáveis e, também, bens cuja posse da pessoa jurídica de direito 
público é permanente. 
Art. 102, CC - Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
A afetação gera uma ficção jurídica de que o bem afetado está na posse 
permanente da pessoa jurídica de direito público. Entende-se que esses bens públicos 
afetados, por estarem sujeitos a uma posse permanente da pessoa jurídica de direito 
interno, seriam insuscetíveis de empossamento pelo particular. 
Ocorre, todavia, que o particular pode estar, de fato, com o bem em seu poder. 
Para solucionar esta questão, o STF entendeu que o particular será mero detentor do 
bem, desqualificando a condição do particular perante o bem. A consequência prática 
dessa desqualificação da posse do particular sobre o bem público afetado não é 
apenas não permitir a usucapião, mas também a não concessão, ao particular, de 
tutela possessória. Assim, esse particular estaria sujeito, a qualquer momento, à 
medida de autotutela. A administração pública desejando retomar o bem do 
particular, não precisaria de longa discussão, pois o particular seria mero detentor do 
bem. 
Nos bens afetados há menos divergências doutrinárias. As maiores discussões 
estão nos bens dominicais. O bem dominical é público, na medida em que pertence à 
pessoa jurídica de direito público interno, ainda que desafetado. 
Mesmo o bem sendo dominical e, portanto, não afetado, esse bem é 
imprescritível, e não se sujeita à usucapião da propriedade. O art. 102 do CC não faz 
distinção das categorias de bens públicos que não são passíveis de usucapião. No 
mesmo sentido, os arts. 183 e 191 da CRFB. A partir da CRFB/88, inclusive as terras 
devolutas não se sujeitam à prescrição. 
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Art. 102, CC - Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião. 
Art. 183, CRFB - Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e 
cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, 
utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde 
que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. 
 
 § 1º - O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou 
à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. 
 
 § 2º - Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma 
vez. 
 
 § 3º - Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião. 
 
Art. 191, CRFB - A ordem social tem como base o primado do trabalho, e como 
objetivo o bem-estar e a justiça sociais. 
Sendo bem público, pelo critério da titularidade, estando afetado ou não, ele 
não se sujeita ao fenômeno da usucapião. Todavia, os bens dominicais vão comportar 
a ocorrência de usucapião na propriedade. Os bens dominicais, por não estarem 
afetados, suportam a concessão de direitos reais em favor de terceiros (Ex: 
arrendamento, locação, concessão de uso de direito real, concessão de uso para fins 
de moradia, enfiteuse - concessão do domínio útil ao particular). Diversos direitos 
podem ser concedidos sobre o bem público, sem que se conceda a propriedade. 
Assim, é possível a ocorrência de usucapião NA propriedade. 
Exemplo 1: Imóveis de Marinha 
Art. 2.038, CC - Fica proibida a constituição de enfiteuses e subenfiteuses, 
subordinando-se as existentes, até sua extinção, às disposições do Código Civil 
anterior, Lei no 3.071, de 1o de janeiro de 1916, e leis posteriores. 
§ 1o Nos aforamentos a que se refere este artigo é defeso: 
I - cobrar laudêmio ou prestação análoga nas transmissões de bem aforado, sobre 
o valor das construções ou plantações; 
II - constituir subenfiteuse. 
§ 2o A enfiteuse dos terrenos de marinha e acrescidos regula-se por lei especial. 
Tais imóveis são foreiros da União, por estarem localizados próximos ao mar ou 
próximos a lagoas em que haja alteração substancial do seu volume de água por força 
das marés. 
Esses imóveis seriam bens públicos sobre os quais se desdobrou o domínio em 
domínio direito, pertencente à União, e domínio útil, pertencente ao enfiteuta, que 
pode ser um particular. Esse domínio útil permite ao enfiteuta que exerça sobre o bem 
público um domínio privado, podendo usar, fruir e dispor como se dono fosse. O 
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enfiteuta é visto, para Municipalidade, como proprietário para fins de pagamento de 
IPTU, por exemplo. 
Em favor da União, fica o direito de receber o foro anual (prestação propter rem 
anual) e o laudêmio, que é uma prestação devida quando o enfiteuta pratica uma 
transmissão onerosa. O domínio da União restringe-se a auferir receitas. Sobre o 
domínio útil pode ocorrer a usucapião. O domínio direto, por ser direito/bem público, 
jamais poderá ser usucapido. Dessa forma ter-se-ia usucapião NO bem público. 
Exemplo 2: Concessão Especial de Uso Para Fins de Moradia 
É um direito real na coisa pública que é reconhecido em favor do particular. Foi 
instituído pela MP 2.220/01. Fora prevista no Estatuto da Cidade, mas o capítulo que a 
previa foi vetado, por padecer de inconstitucionalidades. 
Nesta hipótese, há um bem público e, sobre ele, há uma posse mansa e 
pacífica, ininterrupta por 5 anos, utilizada para fins de moradia do possuidor e/ou da 
sua família, sob a condição deste esse possuidor não possuir outro imóvel, nem 
urbano, nem rural. 
Esse bem público tem que ser um imóvel urbano de até 250 m², se a concessão 
for individual,ou acima de 250 m², se a concessão de uso for coletiva. 
Ao invés de se reconhecer ao particular a propriedade sobre o bem, reconhece-
se o direito de uso que é transmissível e exercível sem prazo. Ele se transmite aos 
herdeiros, podendo, inclusive, ser objeto de transferência, desde que inalterada a 
finalidade da moradia. Trata-se de direito que se adquire pela posse por um período 
de tempo de 5 anos. 
Não há controvérsia de que esse bem público, sendo dominical, poderá se 
submeter à concessão de uso para fins de moradia para particular, por ser bem 
desafetado. A divergência encontra-se no bem público afetado. Se o bem for afetado, 
a regra que prevalece é a de que existe uma posse permanente do poder público, a 
qual mantém o particular como mero detentor, numa situação que não convalesce. 
Assim, questiona-se se o particular poderia exercer uma posse que tivesse o condão de 
desafetar esse bem em seu favor. 
Prevalece a posição de que o particular não adquire o direito à permanência no 
bem afetado pela posse continuada. Contudo, pela MP 2.220/01, em se tratando de 
bens afetados, em que não se possa conceder o direito naquele bem, poderá a 
administração pública, reconhecer o direito em outro bem, que seja desafetado. A 
divergência é se esse “poder” trata-se de discricionariedade do poder público ou de 
dever do mesmo. Mesmo entre os doutrinadores administrativistas existe divergência 
sobre a natureza deste “poder”. 
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A natureza do bem público, portanto, não impede o reconhecimento de outros 
direitos reais, que não a propriedade, sobre bens públicos. 
Ressalte-se que os bens dominicais são alienáveis, observadas as regras de 
direito administrativo. Da mesma forma se admite a posse do particular sobre tais 
bens públicos. Entretanto, o STJ sustenta a seguinte posição: o particular somente será 
reconhecido como possuidor do bem dominical, quando em conflito com a pessoa 
jurídica de direito público interno, se houver adquirido esta posse de forma lícita, 
através de contrato (Ex: locação - posse direta do bem público) ou na forma da lei (Ex: 
Concessão de Uso para fins de Moradia). Consequentemente, se o particular obtém a 
posse irregularmente, não estando amparado por lei ou contrato, será considerado 
mero detentor. 
A doutrina contemporânea critica esse entendimento do STJ, pois, sobre os 
bens dominicais, não caberia a autotutela, devendo-se discutir, no caso concreto, 
quem deteria situação mais robusta. 
Vide Resp. 780.401/DF do STJ. 
Enunciado 287, CJF - O critério da classificação de bens indicado no art. 98 do 
Código Civil não exaure a enumeração dos bens públicos, podendo ainda ser 
classificado como tal o bem pertencente a pessoa jurídica de direito privado que 
esteja afetado à prestação de serviços públicos. 
Segundo esse enunciado, o art. 98 do CC não esgota a classificação dos bens 
públicos. Não são apenas os bens pertencentes à Pessoa Jurídica de Direito Público 
interno que serão considerados bens públicos. 
Sustenta-se a tese da afetação do bem particular ao interesse público. Os bens 
pertencentes às pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviços públicos 
podem estar afetados, de forma indispensável, à manutenção de um serviço público, 
sendo essa afetação essencial, indispensável à prestação do serviço. 
Esses bens serão equiparados a bens públicos, no que tange a sua 
inalienabilidade; impenhorabilidade e imprescritibilidade (insuscetíveis de usucapião). 
Vide Resp. 242.073 do STJ. 
 
2.2. Pessoas Jurídicas de Direito Privado 
Art. 44, CC - São pessoas jurídicas de direito privado: 
 
I - as associações; 
 
II - as sociedades; 
 
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III - as fundações. 
 
IV - as organizações religiosas; (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
 
V - os partidos políticos. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
 
§ 1o São livres a criação, a organização, a estruturação interna e o funcionamento 
das organizações religiosas, sendo vedado ao poder público negar-lhes 
reconhecimento ou registro dos atos constitutivos e necessários ao seu 
funcionamento. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
 
§ 2o As disposições concernentes às associações aplicam-se subsidiariamente às 
sociedades que são objeto do Livro II da Parte Especial deste Código. (Incluído pela 
Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
 
§ 3o Os partidos políticos serão organizados e funcionarão conforme o disposto 
em lei específica. (Incluído pela Lei nº 10.825, de 22.12.2003) 
2.2.1. Sociedades 
Sociedades são coletividades de pessoas com fins lucrativos. É estudada pelo 
direito empresarial. 
 
2.2.2. Associações 
Associações também são uma coletividade de pessoas, mas, necessariamente, 
sem fins lucrativos. Nem toda entidade que atue sem fins lucrativos, gozará da 
imunidade de tributos. 
Ex: Se a associação remunerar a atividade de seus dirigentes, não terá direito a 
nenhum benefício fiscal (imunidade/isenção), ainda que continue sem fins lucrativos. 
 
2.2.3. Fundações 
Fundações são patrimônio afetado a um fim não econômico (sem fins 
lucrativos). 
A não lucratividade para as associações está prevista no art. 53 do CC e para as 
fundações está prevista no art. 62 do CC. 
Art. 53, CC - Constituem-se as associações pela união de pessoas que se organizem 
para fins não econômicos. 
 
Parágrafo único. Não há, entre os associados, direitos e obrigações recíprocos. 
 
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Art. 62, CC - Para criar uma fundação, o seu instituidor fará, por escritura pública 
ou testamento, dotação especial de bens livres, especificando o fim a que se 
destina, e declarando, se quiser, a maneira de administrá-la. 
 
Parágrafo único. A fundação somente poderá constituir-se para fins religiosos, 
morais, culturais ou de assistência. 
O legislador, no art. 53 do CC, foi bastante genérico. Já no parágrafo único do 
art. 62 do CC foi mais específico, pois elencou finalidades específicas para a instituição 
das fundações. A imediata interpretação literal deste dispositivo acabaria por extinguir 
a possibilidade de criação e manutenção de fundações com diversas ouras finalidades 
importantes, como aquelas quevisassem a proteção do meio ambiente, do esporte, 
etc...Nesse sentido, majoritariamente, ter-se-ia uma interpretação de que as pessoas 
jurídicas constituídas sob a forma de fundação, poderiam desenvolver outras 
finalidades, desde que sem fins lucrativos, como por exemplo, a proteção do esporte, 
do meio ambiente, da educação, da ciência, etc... 
Assim, o parágrafo único do art. 62 do CC traria um rol meramente 
exemplificativo. Vide enunciados 8 e 9 da Primeira jornada de Direito Civil do CJF. 
Enunciado 8, CJF - A constituição de fundação para fins científicos, educacionais ou 
de promoção do meio ambiente está compreendida no CC, art. 62, parágrafo 
único. 
Enunciado 9, CJF - O art. 62, parágrafo único, deve ser interpretado de modo a 
excluir apenas as fundações com fins lucrativos. 
 
2º Horário 
 
2.2.3. Fundações (Continuação) 
Em regra, são pessoas jurídicas de direito privado. 
São fases para a formação da Fundação: 
a. Instituição da Fundação 
Primeiramente, tem-se o ato de instituição, momento em que se tem a 
afetação patrimonial a um fim específico (não econômico). Tal afetação se dará por 
atos inter vivos (por escritura pública) ou causa mortis (por testamento). 
O ato de instituição da fundação contém apenas a declaração de vontade do 
fundador e a declaração de que os bens são livres (não gravados). Este ato, por si só, 
não lhe confere personalidade jurídica. 
b. Constituição da Fundação 
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Para a constituição da fundação será necessária: 
- Elaboração do Estatuto; 
- Autorização do MP; 
- Registro Respectivo. 
O próprio instituidor poderá elaborar o Estatuto e submetê-lo ao MP, ou então, 
o instituidor pode indicar quem será o responsável pela elaboração do estatuto. 
Não havendo a elaboração do Estatuto, por ausência de indicação por parte do 
instituidor ou nos casos em que o responsável não realizar sua incumbência, o próprio 
MP o fará. 
c. Existência da Sociedade e sua Veladura pelo MP 
O MP continuará intervindo no funcionamento da fundação em razão da 
veladura que ele promoverá sobre os interesses fundacionais. As fundações sofrerão 
uma curadoria por parte do MP para que ela não sofra desvirtuações. 
Art. 66, CC - Velará pelas fundações o Ministério Público do Estado onde situadas. 
 
§ 1o Se funcionarem no Distrito Federal, ou em Território, caberá o encargo ao 
Ministério Público Federal. (Vide ADIN nº 2.794-8) 
 
§ 2o Se estenderem a atividade por mais de um Estado, caberá o encargo, em 
cada um deles, ao respectivo Ministério Público. 
O art. 66, §1º do CC, antigamente, previa que, quando a fundação estivesse 
situada no DF ou em território, a respectiva velação seria de competência do MPF. 
Essa questão foi objeto da ADI 2.794-8, na qual se declarou a inconstitucionalidade 
dessa previsão. A competência simétrica com o MPE se faria com o MPDFT, logo, 
deveria caber a este a veladura das fundações instituídas no DF e Territórios. Para que 
o CC, enquanto lei ordinária, pudesse trazer essa previsão (atribuindo atribuição ao 
MPF), deveria haver alteração prévia por LC da LC que rege o MPU. Logo, atualmente, 
cabe ao MPDFT velar sobre as fundações existentes no DF e Territórios. O STF 
complementa a questão, ressaltando que, independente de onde esteja situada a 
fundação, sendo ela pública de direito público federal, o MPF também terá 
legitimidade (concorrente) para fiscalizar o seu funcionamento. 
Destaque-se, ainda, que toda futura alteração de estatuto dependerá de 
autorização do MP. 
Art. 67, CC - Para que se possa alterar o estatuto da fundação é mister que a 
reforma: 
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a 
fundação; 
 Civil – Prof. André Roberto 
Data: 02/05/2011 
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II - não contrarie ou desvirtue o fim desta; 
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, 
poderá o juiz supri-la, a requerimento do interessado. 
O art. 67 do CC traz requisitos cumulativos para a alteração do estatuto. 
O MP atua desde a constituição até a extinção das fundações. Isso difere 
substancialmente as fundações das associações, as quais gozam de intensa liberdade 
na sua instituição e funcionamento, não podendo sofrer interferência do poder público 
(ingerência deste na sua administração) desde que funcione de forma lícita. 
 Associações de Moradores 
Há uma discussão jurisprudencial e doutrinária no que diz respeito às 
Associações de Moradores constituídas para resolver problemas que poderiam o ser 
por condomínio. Assim, essas associações funcionariam como condomínio de fato. 
O art. 1.331 do CC estabelece que no condomínio edilício há uma edificação 
comum, com uma parte de propriedade coletiva e parte de propriedade de uso 
exclusivo. 
Art. 1.331, CC - Pode haver, em edificações, partes que são propriedade exclusiva, 
e partes que são propriedade comum dos condôminos. 
A manutenção da parte comum gera um custo que terá que ser repartido. As 
obrigações condominiais são propter rem, podendo ser exigidas do titular da coisa, 
independente de sua anuência (Art. 1.345 do CC). 
Art. 1.345 do CC - O adquirente de unidade responde pelos débitos do alienante, 
em relação ao condomínio, inclusive multas e juros moratórios. 
Muitas vezes, o tipo de empreendimento lançado não comporta a forma 
condominial; na maioria das vezes porque a área é muito grande, não havendo como 
transformar aquilo em condomínio. 
Para solucionar a questão, realiza-se o loteamento, instituto regulado pela Lei 
6.776/79, dividindo-se a gleba maior em vários lotes, formando-se vias novas de 
acesso, criando-se novos logradouros públicos, ou prolongando-se logradores públicos 
já existentes. Assim, ter-se-á a área privada e a área comum, a qual não será de 
propriedade privada, mas sim de propriedade pública. 
Todavia, é muito comum, nas grandes cidades, que as vias de acesso públicas 
sejam fechadas, ou tenho restringido seu acesso. Pode-se conseguir autorização para 
gerir a área interna (paisagismo, vigilância) como se fosse um condomínio fechado 
(ressalte-se que, tecnicamente, não se terá um condomínio). 
Para solucionar o problema, criou-se a Associação de Moradores, que 
administraria o serviço. Contudo, o art. 5º da CRFB garante a liberdade de associação, 
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Data: 02/05/2011 
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assim, ninguém será obrigado a se associar, nem a permanecer associado. Desse 
modo, pessoas não associadas não teriam como ser compelidas a arcar com os custos 
decorrentes da manutenção da área comum. 
Para uma primeira corrente, com base no Princípio do Não Enriquecimento 
Sem Causa, o pagamento seria obrigatório, mesmo para o não associado, conferindo-
se à obrigação uma natureza propter rem. 
O STJ não tem entendimento pacífico sobre esse assunto, mas neste tribunal 
não há controvérsia nos que diz respeito aos casos daqueles que adquirem lotes em 
loteamentos que já são lançados sob a forma de loteamento fechado, em que, no ato 
da aquisição, já existe a previsão dos serviços coletivos naquele empreendimento, 
entendendo-se que a obrigatoriedade do pagamento, neste caso, teria fundamento na 
Proibição ao Comportamento Contraditório. Contudo, não há como se estender essa 
lógica a todos os casos de Associação de Moradores; no caso daqueles que nunca 
pretenderam estar associados, não se vislumbrará qualquer comportamento 
contraditório se o morador não quiser efetuar qualquer pagamento, não se impondo a 
referida obrigação. 
 
DOMICÍLIO 
 
Esse tema está previsto nos artigos 70 a 78 do CC. 
 
1. Domicílio da Pessoa Natural 
Art. 70, CC - O domicílio da pessoa natural é o lugar onde ela estabelece a sua 
residência com ânimo definitivo. 
Domicílio é centro de imputação das relações pessoais. Em regra, o domicílio da 
pessoa natural será o domicílio voluntário. 
O domicílio serve para a fixação da competência do juízo; para se definir a lei 
aplicável, no caso de conflito entre leis no espaço, etc.. 
Ex: 
Art. 7º, LINDB - A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras 
sobre o começo e o fim da personalidade, o nome, a capacidade e os direitos de 
família. 
Art. 10, §2º, LINDB - A lei do domicílio do herdeiro ou legatário regula a 
capacidade para suceder. 
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Para o direito das sucessões e para as questões relativas à personalidade o 
ordenamento estabeleceu o domicílio como critério identificador da lei aplicável. 
Ex: Argentino, domiciliado na Espanha, morre no Brasil e aqui deixa bens 
imóveis. Esse fato não significa que a lei brasileira regerá a sucessão, sendo a lei do 
domicílio, espanhola, que regulará a transmissão dos direitos sucessórios. O juiz 
brasileiro aplicará a lei espanhola para resolver o caso. Contudo, tendo deixado filho 
brasileiro, o juiz terá que verificar qual a lei mais favorável a ele, devendo aplicá-la em 
relação aos bens imóveis deixados no Brasil. 
A fixação do domicílio voluntário decorre da soma do elemento objetivo - 
residência habitual - com o elemento subjetivo - ânimo definitivo (provado pelas 
declarações da pessoa natural às entidades competentes). 
Há, contudo, situações especiais, previstas a seguir: 
a. Pluralidade de Domicílios 
A Pluralidade de Domicílios, prevista no art. 71 do CC. 
Art. 71, CC - Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências, onde, 
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas. 
Mantendo-se mais de uma residência com ânimo definitivo, serão consideradas 
todas elas como domicílio natural, podendo-se imputar efeitos em ambas. 
Art. 1º, Lei 8.009/90 - O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade 
familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, 
comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou 
pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas 
hipóteses previstas nesta lei. 
 
Parágrafo único. A impenhorabilidade compreende o imóvel sobre o qual se 
assentam a construção, as plantações, as benfeitorias de qualquer natureza e 
todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem 
a casa, desde que quitados. 
 
Sumula 364, STJ - O conceito de impenhorabilidade de bem de família abrange 
também o imóvel pertencente a pessoas solteiras, separadas e viúvas. 
A proteção do bem de família, atualmente, pela súmula 364 do STJ, se estende 
para a pessoa natural, independente de seu estado civil. 
A impenhorabilidade recai sobre o imóvel residencial em que, de fato, viva a 
pessoa humana. Assim, haveria uma impenhorabilidade em favor do bem que serve 
como domicílio da pessoa natural, para se preservar o direito fundamental à moradia 
(art. 1º C/C art. 6º, todos da CRFB). 
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Art. 5º, Lei 8.009/90 - Para os efeitos de impenhorabilidade, de que trata esta lei, 
considera-se residência um único imóvel utilizado pelo casal ou pela entidade 
familiar para moradia permanente. 
 
Parágrafo único. Na hipótese de o casal, ou entidade familiar, ser possuidor de 
vários imóveis utilizados como residência, a impenhorabilidade recairá sobre o de 
menor valor, salvo se outro tiver sido registrado, para esse fim, no Registro de 
Imóveis e na forma do art. 70 do Código Civil. 
Por esse artigo, somente um único imóvel pode ser considerado bem de 
família. A leitura do parágrafo único não pode ignorar o caput. Conseguindo-se 
satisfazer a necessidade de moradia com um imóvel de valor inferior, somente este 
será considerado impenhorável. Isso não significa que a pessoa que tenha vários 
imóveis residenciais, tenha a impenhorabilidade recaindo sobre aquele de menor 
valor. Pode-se estabelecer domicílio em imóvel de maior valor, sendo este considerado 
impenhorável. 
Em 2009, a prova da AGU trouxe a seguinte questão: 
- Um casal tinha dois imóveis residenciais, morando alternadamente em ambos. 
Um valia 200 mil e outro 100 mil. Para tornar o mais valioso impenhorável, o casal 
deveria registrar tal vontade por escritura pública, saindo-se do bem de família legal, 
para o convencional. 
Art. 1711, CC - Podem os cônjuges, ou a entidade familiar, mediante escritura 
pública ou testamento, destinar parte de seu patrimônio para instituir bem de 
família, desde que não ultrapasse um terço do patrimônio líquido existente ao 
tempo da instituição, mantidas as regras sobre a impenhorabilidade do imóvel 
residencial estabelecida em lei especial. 
Parágrafo único. O terceiro poderá igualmente instituir bem de família por 
testamento ou doação, dependendo a eficácia do ato da aceitação expressa de 
ambos os cônjuges beneficiados ou da entidade familiar beneficiada. 
Nesse ponto, a pluralidade de domicílios toca o tem bem de família. 
b. Ausência de Residência Habitual 
Art. 73, CC - Ter-se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência 
habitual, o lugar onde for encontrada. 
Além dos casos especiais, há outras modalidades dedomicílio, quais sejam: 
a. Domicílio Profissional 
Art. 72, CC - É também domicílio da pessoa natural, quanto às relações 
concernentes à profissão, o lugar onde esta é exercida. 
 
Parágrafo único. Se a pessoa exercitar profissão em lugares diversos, cada um 
deles constituirá domicílio para as relações que lhe corresponderem. 
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Centro: Rua Buenos Aires, 56 - 2º, 3º e 5º andares – Tel.: (21)2223-1327 
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Está estritamente vinculado às questões atinentes à atividade profissional, caso 
contrário, tratando-se de relações pessoais, o domicílio será o voluntário. 
O objetivo do legislador foi facilitar as demandas, evitando o deslocamento das 
mesmas. 
Tratando-se de relação de consumo, deve-se observar as prerrogativas do 
consumidor. 
b. Domicílio Necessário ou Legal 
Art. 76, CC - Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o 
marítimo e o preso. 
 
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o 
do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do 
militar, onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a 
que se encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver 
matriculado; e o do preso, o lugar em que cumprir a sentença. 
O domicílio legal exclui o domicílio voluntário. 
Deve-se ressaltar que, nos casos de servidor público, se a situação for 
transitória, não haverá deslocamento do domicílio, sendo este o local da lotação 
permanente. 
No caso do domicílio do preso, “local de cumprimento de pena” tem sido 
entendido como aquele correspondente ao da sede do Juízo de Execução que estiver 
executando a sua pena. 
c. Domicílio Convencional (Foro de Eleição) 
Art. 78, CC - Nos contratos escritos, poderão os contratantes especificar domicílio 
onde se exercitem e cumpram os direitos e obrigações deles resultantes. 
Art. 112, parágrafo único, CPC - A nulidade da cláusula de eleição de foro, em 
contrato de adesão, pode ser declarada de ofício pelo juiz, que declinará de 
competência para o juízo de domicílio do réu. 
Nos casos do contrato de adesão, se a causa de eleição de foro for prejudicial 
ao aderente, o juiz, reconhecendo a nulidade da cláusula por abusividade, declinará da 
competência, remetendo o feito para o juízo do domicílio do aderente. 
O STJ, todavia, vem interpretando de forma não literal o art. 112 do CPC, de 
modo que só estará o juiz autorizado a declarar a abusividade desta cláusula se, de 
fato, o aderente for vulnerável em razão desta cláusula.

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