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Fichamento LIÇÕES PRELIMINARES DE DIREITO MIGUEL REALE

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO OESTE DO PARÁ
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE
DISCIPLINA: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO
LIÇÕES PRELIMINARES DE DIREITO – MIGUEL REALE
SANTARÉM – PARÁ
2019
	Título: LIÇÕES PRELIMINARES DO DIREITO
	Capítulo VI
	Conceito de Direito – Sua Estrutura Tridimensional
	Referência Bibliográfica: REALE, Miguel, Lições Preliminares de Direito – 27ª Ed. 2009. 
	Páginas 55 a 60 – ARQUIVO DIGITAL.
	
“Direito é a ordenação bilateral atributiva das relações sociais, na medida do bem comum.”
“Todas as regras sociais ordenam a conduta, tanto as morais como as jurídicas e as convencionais ou de trato social. A maneira dessa ordenação difere de uma para outra. É próprio do Direito ordenar a conduta de maneira bilateral e atributiva, estabelecendo relações de exigibilidade segundo uma proporção objetiva. O Direito não visa ordenar as relações dos indivíduos entre si para satisfação apenas dos indivíduos, mais ao contrário, para realizar uma convivência ordenada: o bem comum. O bem comum é a ordenação daquilo que cada homem pode realizar sem prejuízo do bem alheio, uma composição harmônica do bem de cada um com o bem de todos.”
A INTUIÇÃO DE DANTE
“O Direito não é uma relação qualquer entre os homens, mas sim aquela relação que implica uma proporcionalidade, cuja medida é o homem mesmo. Quando a proporção é respeitada, realiza-se a harmonia e quando corrompida, corrompe a mesma sociedade.”
ACEPÇÕES DA PALAVRA DIREITO
“Direito faz correlação com “experiência jurídica”, cujo conceito implica a efetividade de comportamentos sociais em função de um sistema de regras que também designamos com o vocábulo Direito.”
“Direito significa tanto o ordenamento jurídico, ou seja, o sistema de normas ou regras jurídicas que traça aos homens determinadas formas de comportamento, conferindo-lhes possibilidades de agir, como o tipo de ciência que o estuda, a Ciência do Direito ou Jurisprudência.”
“Quando dizemos que o Direito do Brasil contemporâneo é diferente do que existia no Império e na época colonial, embora mantendo uma linha de continuidade, de acordo com a índole da nossa gente e nossas contingências sócio-econômicas, estamos nos referindo, de preferência a um momento da vida da sociedade, a um fato social. É o Direito como fenômeno histórico-cultural.”
“História do Direito, Sociologia Jurídica e Ciência do Direito são três campos de conhecimento distintos, que se constituem sobre a base de uma única experiência humana, que é o Direito como fato de convivência ordenada.”
ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO
	
“Uma análise em profundidade dos diversos sentidos da palavra Direito veio demonstrar que eles correspondem a três aspectos básicos, discerníveis em todo e qualquer momento da vida jurídica: um aspecto normativo (o Direito como ordenamento e sua respectiva ciência); um aspecto fático (o Direito como fato, ou em sua efetividade social e histórica) e um aspecto axiológico (o Direito como valor de justiça).”
“A tridimensionalidade do Direito tem sido objeto de estudos sistemáticos, sobretudo pela demonstração de que:
Onde quer que haja um fenômeno jurídico, há, sempre e necessariamente, um fato subjacente (fato econômico, geográfico, demográfico, de ordem técnica, etc.); um valor, que confere determinada significação a esse fato, inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou objetivo; e uma regra ou norma, que representa a relação ou medida que integra um daqueles elementos ao outro, o fato ao valor;
Tais elementos ou fatores (fato, valor ou norma) não existem separados um dos outros, mas coexistem numa unidade concreta;
Mais ainda, esses elementos ou fatores não só se exigem reciprocamente, mas atuam como elos de um processo de tal modo que a vida do Direito resulta da interação dinâmica e dialética dos três elementos que a integram.
Isto posto, analisemos o esquema ou estrutura de uma norma ou regra jurídica de conduta:
Se F é, deve ser P;
Se não for P, deverá ser S.”
“Desde a sua origem até o momento final de sua aplicação, o Direito se caracteriza por sua estrutura tridimensional, no qual fatos e valores se dialetizam, obedecendo a um processo dinâmico. Esse processo de Direito obedece a uma forma especial de dialética que denominamos “dialética de implicação-polaridade”. Segundo a dialética de implicação-polaridade, aplicada à experiência jurídica, o fato e o valor nesta se correlacionam de tal modo que cada um deles se mantém irredutível ao outro (polaridade), mas se exigindo mutuamente (implicação) o que dá origem à estrutura normativa como momento de realização do Direito. Por isso é denominada também “dialética de complementaridade”.”
“Isto posto, podemos completar a nossa noção inicial de Direito, conjugando a estrutura tridimensional com a nota específica da bilateralidade atributiva, neste enunciado: Direito é a realização ordenada e garantida do bem comum numa estrutura tridimensional bilateral atributiva, ou, de uma forma analítica: Direito é a ordenação heterônoma, coercível e bilateral atributiva das relações de convivência, segundo uma integração normativa de fatos segundo valores.”
“Ultimamente, pondo em realce a ideia de justiça, temos apresentado, em complemento às duas noções supra da natureza lógico-descritiva, esta outra de caráter mais ético: Direito é a concretização da ideia de justiça na pluridiversidade de seu dever ser histórico, tendo a pessoa como fonte de todos os valores.”
“Se analisarmos essas três noções do Direito veremos que cada uma delas obedece, respectivamente, a uma perspectiva do fato (“realização ordenada do bem comum”), da norma (“ordenação bilateral-atributiva de fatos segundo valores”) ou do valor (“concretização da ideia de justiça”).”
“O Direito, em razão de sua própria estrutura e destinação, representa uma das dimensões essenciais da vida humana.”
	Título: LIÇÕES PRELIMINARES DO DIREITO
	Capítulo IX
	Da Estrutura da Norma Jurídica
	Referência Bibliográfica: REALE, Miguel, Lições Preliminares de Direito – 27ª Ed. 2009. 
	Páginas 77 a 83 – ARQUIVO DIGITAL.
	
DAS NORMAS JURÍDICAS EM GERAL
“Sendo a norma um elemento constitutivo do Direito, como que a célula do organismo jurídico, é natural que nela se encontrem as mesmas características já apontadas, quando do estudo daquele, a saber, a sua natureza objetiva ou heterônoma e a exigibilidade ou obrigatoriedade daquilo que ela enuncia.”
“Alguns autores, sob a influência de Hans Kelsen, que efetivamente trouxe uma preciosa contribuição ao esclarecimento do assunto, começam por dizer que a norma jurídica é sempre redutível a um juízo ou proposição hipotética, na qual se prevê um fato (F) ao qual se liga uma consequência (C), de conformidade com o seguinte esquema: Se F é, deve ser C.”
“Segundo essa concepção, toda regra de direito contém a previsão genérica de um fato, com a indicação de que, toda vez que um comportamento corresponder a esse enunciado, deverá advir uma consequência, que, por sinal, na teoria de Kelsen, como veremos logo mais, corresponde sempre a uma sanção, compreendida apenas como pena.”
“O que efetivamente caracteriza uma norma jurídica, de qualquer espécie, é o fato de ser uma estrutura proposicional enunciativa de uma forma de organização ou de conduta, que deve ser seguida de maneira objetiva e obrigatória.”
“Afirmamos que uma norma jurídica enuncia um dever ser porque nenhuma regra descreve algo que é, mesmo quando, para facilidade de expressão, empregamos o verbo ser.”
“A regra jurídica enuncia um dever ser de forma objetiva e obrigatória, porquanto, consoante já foi exposto em aulas anteriores, é próprio do Direito valer de maneira heterônoma, isto é, com ou contra a vontade dos obrigados, no caso das regras de conduta, ou sem comportar alternativa de aplicação, quando se tratar de regras de organização.”
TIPOS PRIMORDIAIS DE NORMAS
“Primárias as normasque enunciam as formas de ação ou comportamento lícitos ou ilícitos; e secundárias as normas de natureza instrumental.”
“Como bem observa Norberto Bobbio, a distinção entre normas primárias e secundárias tem o inconveniente de ter duas acepções, uma cronológica, indicando uma precedência no tempo, e outra axiológica, significando uma preferência de ordem valorativa, razão pela qual aquele teórico do Direito italiano prefere indicá-las como sendo de primeiro e segundo graus.”
“Segundo Hart, as normas primárias se distinguem por se referirem à ação ou criarem uma obrigação (o que, no fundo, corresponde à doutrina tradicional), enquanto que as secundárias, que se reportam às primárias e delas são subsidiárias, não se limitam a estabelecer sanções, mas são mais complexas, importando na atribuição de poderes. As normas secundárias, no seu modo de ver, abrangem três tipos de normas, que ele denomina de reconhecimento, de modificação e de julgamento.”
“Normas de reconhecimento são aquelas que se destinam a identificar as normas primárias, possibilitando a verificação de sua validade e, por conseguinte, se elas podem ou não ser consideradas pertencentes a dado sistema ou ordenamento, como, por exemplo, ao ordenamento jurídico brasileiro. As regras de modificação regulam o processo de transformação das normas primárias, sua revogação ou ab-rogação, enquanto que as normas de julgamento disciplinam, da maneira mais precisa possível, a aplicação das normas primárias.”
“O essencial é reconhecer que as normas jurídicas, sejam elas enunciativas de formas de ação ou comportamento, ou de formas de organização e garantia das ações ou comportamentos, não são modelos estáticos e isolados, mas sim modelos dinâmicos que se implicam e se correlacionam, dispondo-se num sistema, no qual umas são subordinantes e outras subordinadas, umas primárias e outras secundárias, umas principais e outras subsidiárias ou complementares, segundo ângulos e perspectivas que se refletem nas diferenças de qualificação verbal. Veremos a importância desta observação quando tivermos de caracterizar o Direito como sistema ou ordenamento.”
ESTRUTURA DAS REGRAS JURÍDICAS DE CONDUTA	
“No concernente a esse tipo de normas jurídicas cabe observar, inicialmente, que elas se estruturam de maneira binada, articulando logicamente dois elementos que denominamos, respectivamente, hipótese ou fato-tipo (Tatbestand, em alemão; fattispecie, em italiano); e dispositivo ou preceito (Rechtsfolge; disposizione).”
“Sob a alegação de que só se pode querer algo de determinado e concreto, é inegável que o legislador, ao enunciar uma regra jurídica de comportamento:
prefigura a ocorrência de um fato-tipo, isto é, uma classe ou série de situações de fato (Se F é...);
liga a essa classe ou espécie de fato uma dada consequência, também predeterminada,com as características de objetividade e obrigatoriedade (...C deve ser).”
“Numa concepção formalista, como a de Kelsen, e mesmo nas posições ulteriores de Hart ou de Bobbio, basta dizer que a norma de conduta tem a estrutura de um juízo hipotético, mas quem não se contenta com os enlaces lógico-formais deve perguntar por que a norma jurídica tem essa estrutura.”
“A hipoteticidade ou condicionalidade da regra de conduta não tem apenas um aspecto lógico, mas apresenta também um caráter axiológico, uma vez que nela se expressa a objetividade de um valor a ser atingido, e, ao mesmo tempo, se salvaguarda o valor da liberdade do destinatário, ainda que para a prática de um ato de violação.”
“Toda a regra jurídica de conduta se desdobra em duas normas que se conjugam e se complementam, a saber:
 Se F é,.............. C deve ser
 Se não-C,.......... SP deve ser.”
“Kelsen, como já dissemos, só considera jurídica a norma que prevê a sanção punitiva, enquanto que, no nosso entender, a concreta juridicidade só se realiza através da conjunção ou complementaridade das duas normas que, a bem ver, se integram numa só, de natureza ao mesmo tempo lógica e axiológica.”
ESTRUTURA TRIVALENTE DA NORMA JURÍDICA
“Quando, pois, dizemos que o Direito se atualiza como fato, valor e norma, é preciso tomar estas palavras significando, respectivamente, os momentos de referência fática, axiológica e lógica que marcam o processus da experiência jurídica, o terceiro momento representando a composição superadora dos outros dois, nele e por ele absorvidos e integrados.”
“Há, em suma, em toda norma jurídica um elemento lógico ou proporcional que pode ser estudado de duas maneiras distintas: ou em si mesmo, isto é, em seu significado formal (Lógica Jurídica Analítica, como, por exemplo, a Deôntica Jurídica) ou em sua correlação dialética com os elementos factuais e valorativos (Lógica Jurídica Dialética).”

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