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A música como mecanismo facilitador na expressão das emoções

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A música como mecanismo facilitador na expressão das emoções 
 
Thayse Rodrigues da Silva1 
Luis Antonio Lovo Martins 
Ana Maria Addôr 
 
Resumo 
Música e sentimentos são dois fenômenos encontrados em todas as 
culturas, dois fenômenos que aparentemente não possuem relações de 
dependência para que ocorram, porém é possível observar que muitas vezes os 
sentimentos são equacionados e expressados através da música. O objetivo desta 
pesquisa foi, com base na visão de homem e da construção da subjetividade da 
teoria humanista e existencial, avaliar de que forma a música é usada como 
mecanismo facilitador na expressão das emoções, para isso foi analisado o histórico 
de vida de seis participantes bem como o resultado de um questionário. Os 
resultados apontam para uma conclusão de que a música pode ser um mecanismo 
facilitador para as pessoas se expressarem. Entretanto, tal movimento está 
vinculado às vivencia de cada um, bem como a maneira subjetiva de lidar com 
situações de alteração de emoções. Ainda, observa-se que a música se faz presente 
no cotidiano da maioria dos entrevistados, porém, a função que ela exerce em 
determinados momentos, de alteração emocional, por exemplo, é o que diferencia a 
associação que se faz da música, pelos indivíduos, com o mundo externo. 
 
Introdução 
O humanismo, considerado a terceira força da Psicologia, ao contrário das 
forças anteriores, não se identificou ou iniciou com o pensamento de determinado 
autor ou escola. Mas começou a partir da junção de diversas tendências, com o 
intuito de resgatar a concepção de homem, abalada pelas “crises” geradas nas 
rápidas reformulações às quais a humanidade esteve exposta no decorrera da 
história, crises estas em que ocorreu uma virada radical quanto á compreensão do 
que seria o ser humano (BOAINAIN, 1998). 
Bugental (1963 apud PINTO, 2009) em suas explanações sobre a Psicologia 
Humanista afirma que a pessoa é mais que a soma de suas partes, é afetada por 
seu relacionamento com outras pessoas, é um ser consciente, tem possibilidade de 
escolha, e por fim, apresenta um caráter intencional. 
A Psicologia Humanista foi uma primeira tentativa de valoração do 
crescimento interior do homem, do desenvolvimento de suas potencialidades e da 
capacidade infinita para expansão de sua consciência levando o homem a procurar 
as suas respostas nele mesmo, tendo em Carl Rogers (1902-1987) e Abraham 
Maslow (1908-1970) seus expoentes. 
Portanto, as linhas humanistas e existenciais têm como centro de suas 
analises a hipervalorização da individualidade da pessoa. Para contextualização, 
será apresentado um breve relato do surgimento dessa linha teórica no Brasil, tanto 
quanto no mundo. 
Uma análise da individualidade da pessoa é um, se não o maior, objetivo 
dos modelos de intervenção humanistas. A centralização do homem como ser 
responsável por suas escolhas e consequências, bem como sendo o único ser 
capaz de modificar sua realidade. Partindo da conscientização do ambiente ao seu 
redor até a relação que se tem com este ambiente, pois para a teoria humanista e 
existencial, o individuo só existe através da relação que ele tem e desenvolve com o 
mundo. 
 
Objetivos 
O presente trabalho teve como objetivo investigar as possíveis influências da 
música na expressão de sentimentos dos seres humanos. Como diferentes pessoas 
se comportam ao ouvirem determinado tipo de música, quais reações são geradas 
nelas e o que sentem. Vale ressaltar que consideraremos um possível histórico de 
vida, e o contexto cultural em que estão inseridas. Para isso, teremos como base as 
linhas de pensamentos humanista e existencial. 
 
Metodologia 
Os métodos utilizados para a realização do presente trabalho foram: 
pesquisa em acervo bibliográfico (teses, artigos científicos, livros, livros eletrônicos, 
e meios eletrônicos propriamente ditos: sites, revistas). Devido a isto, a análise dos 
dados coletados foi feita por meio de dissertações e relatos com base teórica, para 
que possa ser enviado para análise no comitê de ética. Além destes, fez-se uso de 
pesquisa de campo por meio de entrevistas, com questionário elaborado pela autora 
e aplicação pela mesma. 
 
Método pesquisa de campo 
Para executar esta pesquisa elaborou-se um questionário a ser aplicado por 
meio de uma entrevista. O questionário continha quatorze perguntas subjetivas, 
destas, quatro eram de identificação, e as demais para averiguar os conteúdos 
pesquisados. 
Questionário: 
1. Nome? 
2. Idade? 
3. Profissão/ O que está cursando? 
4. Toca ou canta? Qual instrumento? 
Apresentação das musicas selecionadas. 
5. Quando escutou as músicas, lembrou-se de alguma situação/ emoção vivenciada 
por você? 
6. Você recorre à música quando se encontra em alguma situação onde suas 
emoções estão alteradas? 
7. Como? Tocar ou ouvir? 
8. A quais estilos musicais você recorre? 
9. Por que você opta/recorre à música? 
10. Por que não recorre à música? 
11. Recorre a alguma outra atividade? 
12. Escuta sempre os mesmos estilos musicais nessas ocasiões? 
13. Quando você se encontra em situações semelhantes as relembradas nas 
audições das músicas propostas, você costuma buscar qual tipo de música? 
14. Qual a diferença após ouvi-la? 
15. Você escuta/ presta atenção na letra? 
 
Para a entrevista também foram utilizadas quatro músicas de gêneros 
diferenciados, as quais foram escolhidas por pessoas aleatórias à pesquisa. As 
quais foram: 
1a – Pelas Tabelas, Roberta Sá. 
2a – Pra Dizer Adeus, Titãs. 
3a – Spring Waltz, Chopin. 
4a – Dança, Lorena Chaves e Marcos Almeida. 
 
Foram entrevistadas seis pessoas, três com relação profissional com a 
música e três não profissionais, destes últimos: um totalmente aleatório à linguagem 
musical e pouco ouvinte, um também aleatório a linguagem musical, porém, com 
bastante escuta e um praticante e com conhecimento relativo da linguagem musical. 
A pesquisa se desenvolveu da seguinte forma: cada participante era 
entrevistado sozinho, após a identificação do entrevistado, o entrevistador expunha-
o as músicas e então prosseguia com as perguntas, redigindo os relatos de 
respostas. Caso fosse solicitado, o entrevistado poderia ouvir novamente as músicas 
utilizadas. 
 
Desenvolvimento 
A psicoterapia humanista teve seu surgimento no Brasil e no mundo, 
aproximadamente na década de 60, onde paralelamente, o país vivia o período do 
regime militar. A atmosfera de repressão instalada no país proporcionou a esta linha 
terapêutica espaço para seu desenvolvimento, pois através dela as pessoas 
sentiam-se em liberdade para expressar seus sentimentos em relação à situação 
política do país, e viam possibilidades de mudanças. 
Durante este período as psicoterapias levaram o homem à introspecção, 
olhar para dentro de si, Segundo Foucault apud Campos (2005), as psicoterapias 
são responsáveis pela produção de subjetividades, e estas são: formas de pensar, 
agir, perceber e sentir não como algo natural, mas sim como um evento específico. 
A partir de então, tem-se no país uma generalização do "olhar para dentro de si", o 
autoconhecimento ganhava espaço. As psicoterapias passam a ter maior abertura e 
destaque, principalmente entre os membros das famílias “em crise”. 
 Segundo Campos (2005), a psicoterapia de Rogers surge no final da 
década de 1960, suas ideias são uma resposta às dificuldades que aparecem ao 
lidar com os problemas políticos e sociais da época. Estas indicam o centrar-se 
exclusivamente na pessoa, segundo Rogers apud Campos (2005), toda pessoa 
existe num mundo de experiências em constante mutação, do qual ela é o centro. 
Com isso, as coisaspassariam a ser interpretadas de acordo com a lógica interna e 
individual de cada subjetividade. Ainda, para Rogers apud Campos (2005), "toda 
pessoa possui dentro de si os recursos necessários para o seu próprio crescimento". 
Entretanto, é apenas na relação com o outro que surge o ambiente propício a esse 
desenvolvimento, mesmo assim, o poder de mudança está dentro de cada individuo, 
sobre ele mesmo. 
Na teoria humanista existencial, o individualismo se encaixa dentro da 
definição teórica de ser humano. Para os pensadores desta linha psicológica, 
segundo Campos apud Ponte (2006), o homem deveria ser visto como um ser 
essencialmente livre e intencional, devendo ser entendido primordialmente pela sua 
dimensão consciente e, sobretudo, pela vivência de suas experiências presentes. 
Com isso, entende-se que a individualização do homem é um processo natural de 
seu desenvolvimento e autoconhecimento, entretanto, isso não significa que o 
homem deve tornar-se um ser isolado em si mesmo. Muito pelo contrario, o 
individualismo se valida a partir da interação do homem com o mundo e suas 
experiências nele. Pois é partir das vivências do homem no mundo que sua 
identidade vai sendo definida. 
(...) como pano de fundo, uma visão de homem como um ser em busca 
constante de si mesmo, que vive um contínuo processo de vir a ser e que 
apresenta uma tendência “natural” para se desenvolver. [...] A meta principal 
desses psicólogos se volta para a transformação da ciência, da consciência, 
dos valores e das atitudes, tendo como finalidade básica a busca de novos 
espaços e novos canais de expressão para o indivíduo. (CAMPOS, 2006, 
p.252 apud PONTE, 2010). 
 
A singularidade humana aparece como consequência da individualização do 
ser, esta por sua vez, autentifica a existência do homem, através das experiências 
únicas por ele vivenciadas. A psicologia humanista existencial visa à busca de novos 
espaços de expressão para o homem, através das transformações por ele 
alcançadas. 
Do ponto de vista musical, a música, para Swanwick (2003), p.18, é uma 
forma simbólica, um discurso tão antigo quanto à raça humana, um meio no qual as 
ideias acerca de nós mesmo e dos outros são articuladas em formas sonoras. Ainda 
para Swanwick (2003), p.18, o discurso musical pode ser socialmente reforçado ou 
culturalmente provocativo, bem como pode trazer insigths para os que o 
acompanham. Semelhante aos objetivos das teorias humanistas existenciais, a 
música atua como meio de ligação entre o homem e o mundo. Para Swanwick 
(2003), p.18, p.22 – 23, como discurso, a música significativamente promove e 
enriquece nossa compreensão sobre nós mesmos e sobre o mundo. (...) A música 
(...) é uma parte integral de nosso processo cognitivo. Sendo assim, o significado de 
música vai além de manifestações culturais, pois carrega em si uma individualidade 
tão intensa quanto o ser humano. 
Para Swanwick (2003), p.28 – 34, a música tem três níveis de significação: a 
nota, como forma musical inicial; a expressão, que depende das relações internas e 
suas mutações; e a significação, que atinge e modifica o ser do observador. É na 
harmonia destes que Swanwick (2003) p.34, admite: a música parece tornar-se 
profundamente inter-relacionada com a vida do sentimento. As emoções que a 
música transmite são de tipos muitos variados, sendo não mais que schemata 1de 
emoções diretamente vivenciadas, com fluxos e refluxos similares, graus de 
intensidade, agitação e persistência. (PASSMORE, 1991, apud SWANWICK, 2003, 
p.35). 
Segundo Merrian apud Hummes (2004), a música se categoriza em funções, 
dentre elas a função de expressão emocional, onde a música é entendida como 
instrumento de liberação dos sentimentos, do que é dito ou não nas relações 
humanas, sendo uma via para o desabafo. A função do prazer estético onde a 
música é considerada a partir do ponto de vista estético tanto do criador quanto do 
observador, devendo ser considerado aqui o intercâmbio de culturas. A função de 
divertimento e entretenimento, comum a todas as sociedades, a música com foco na 
diversão se subdivide em duas vertentes: a do entretenimento puro, dos que tocam 
e cantam, e o entretenimento combinado, por exemplo: com função de comunicação. 
A função de comunicação, a música que carrega em si algo a ser comunicado, não 
sendo igual em todas as culturas, mas, moldada à qual esta inserida. Ainda, a 
música transmite emoção àqueles que entendem sua linguagem. A função de 
representação simbólica, em todas as culturas existe a música que carrega consigo 
significações e representações simbólicas, bem como ideias. Estas podem ser 
vinculadas à letra ou a junção de elementos presentes. A função de reação física, a 
música consegue extrair ou induzir respostas físicas às pessoas e ou grupos, estas 
respostas são moldadas conforme as convenções culturais. 
Com base no exposto, a relação entre o homem, à música e os sentimentos 
pode ser uma possibilidade de análise para investigar o conteúdo individual. 
Marquezolo apud Beluque e Silva (2015), alega que pela constatação de que a 
música faz parte da vida cotidiana das pessoas, percebe-se que ela influencia o 
 
1
 Schemata é o plural de schema, palavra de origem grega que significa forma. Nesse caso, um padrão na mente. 
sujeito tanto físico quanto emocionalmente. O uso da música aparece como forma 
do ser entrar em contato com sua individualidade. Diante de toda a relação que o 
homem tem com o mundo ao seu redor, a cultura e o próprio ser, as experiências 
vividas são atemporais e ficam na memória do indivíduo. Conforme Oliveira apud 
Beluque e Silva (2015), (...) Eles (a música e o som) representam uma linguagem 
local e global, na medida em que se define na sociedade, valendo-se de sua 
capacidade de traduzir os sentimentos, atitudes e valores. Para Castro apud 
Beluque e Silva (2015), ao escutar música, o sujeito percebe-se, paradoxalmente, 
que ele é escutado por ela e, assim, ele é capaz de ouvir o que está em silêncio 
dentro dele. É uma experiência de escutar-se. 
 
Resultados 
Os resultados foram imparciais e diferenciados, faremos um breve relato dos 
mesmos, referente a cada participante. A identidade dos entrevistados não será 
revelada, conforme foi acordado durante a entrevista. 
H, 25 anos, músico não graduado. Recorre à música quando se encontra em 
situações de alteração de emoções, para se expressar, buscando por alívio. Apenas 
quando sente raiva, opta por ouvir musicas que transpassem o que esta sentindo, 
durante outras emoções prefere tocar coisas mais tranquilas, melódicas e 
improvisos. Presta atenção na letra das músicas que ouve e encontra alívio, 
sossego, bem como é influenciado pela música em sua tomada de decisões. 
D, 19 anos, músico cursando a graduação. Não recorre com intensidade à 
música em situações onde suas emoções estão alteradas, principalmente em 
momentos de tristeza, pois em meio a este sentimento fica desatendo e alega que 
as escutas demandam muita atenção. Quando se encontra em situações assim, 
prefere deitar-se e relaxar. Porém, em momentos de alegria e satisfação, por 
exemplo, gosta muito de tocar, músicas instrumentais e blues, pois o ajudam a 
desligar-se da noção de tempo. Sente refinamento emocional quando recorre a 
música em situações de alteração emocional. Não presta muita atenção a letra. 
I, 19 anos, musicista cursando a graduação. Sempre recorre à música em 
situações onde suas emoções estão alteradas. Tenta expor o sentimento através do 
canto, principalmente blues, jazz e soul. Quando se sente triste, procura ouvir 
músicas animadas para tentar mudar seu estado emocional. Une a dançaao canto, 
como forma de se expressar. Sempre escuta os mesmos estilos quando está em 
situações onde suas emoções estão alteradas, geralmente soul. Após recorrer à 
música sente alívio, e busca prestar atenção à letra a partir da segunda escuta. 
T, 26 anos, funcionária pública, não conhecedora da linguagem musical. 
Geralmente não recorre à música quando se encontra em situações em que suas 
emoções estão alteradas. Alega gostar muito, porém não desenvolveu o hábito da 
escuta. Quando suas emoções estão alteradas, por exemplo, durante o período pré-
menstrual, disse recorrer ao consumo de chocolates. Sentiu-se mais feliz e animada 
após as audições da própria entrevista, relatou que se sente mais reflexiva quando 
escuta músicas religiosas. Sempre tenta prestar atenção nas letras. 
D, 26 anos, estudante de psicologia, não conhecedora da linguagem 
musical, porém possui grande hábito de escuta. Sempre recorre à escuta musical 
em situações de alteração emocional, às vezes também recorre a filmes. Prefere 
músicas brasileiras, pois gosta das letras, as quais, para ela, ajudam a entender os 
sentimentos e trabalha-los. Geralmente recorre a músicas especificas para 
determinado tipo de humor. Após ouvir músicas em geral, alega mudar de estado de 
humor de forma involuntária. Sempre presta atenção as letras. 
S, 18 anos, estudante de psicologia, musicista amadora, com conhecimentos 
práticos e pouca base teórica. Sempre recorre à música quando se encontra em 
situações onde suas emoções estão alteradas, tocando violão, principalmente, 
quando isso não é possível opta pelas audições. Tem preferencia por estilos 
nacionais, e não associa as músicas aos sentimentos, as escuta pelo simples fato de 
serem músicas, pela letra significante e pela poesia. Também busca a prática de 
atividade física, porém, sempre associada à escuta musical. Após recorrer à música, 
geralmente sente-se reflexiva, pois a música ajuda a dar sentido às coisas. Sempre 
presta atenção a letra. 
 
Considerações Finais 
Diante do exposto, os embasamentos teóricos e os resultados da pesquisa, 
pode-se concluir que a música é um caminho para a expressão das emoções, 
devido a seus próprios componentes e significações. Bem como está relacionada 
com a história de vida da pessoa. Entretanto, não é possível fazer uma 
generalização da música como meio facilitador na expressão das emoções para 
todos os seres humanos. Pois a subjetividade e as experiências pelas quais cada 
indivíduo perpassa, são o que os tornam singulares, mesmo que nelas, a música 
não esteja incluída de forma considerável, levando-os ao não reconhecimento dela 
como um caminho para suas expressões. 
Com base na pesquisa feita, 16,7% dos entrevistados não tem o hábito de 
recorrer à música quando suas emoções estão alteradas. A maioria dos 
entrevistados recorre à música quando se encontram em situações de alteração de 
emoções. Dentre estes, 80% recorrem à música em praticamente todos os tipos de 
alteração de emoções e 20%, em determinadas emoções, preferem outras 
atividades ao invés da música. 
Todos os entrevistados alegaram gostar da vivencia musical, mesmo os que 
não possuem tal hábito. Estes dados contrastam com os resultados de outras 
pesquisas, tais como o exposto no artigo de Duarte, Música e Emoção: 
sensibilidades e sentidos, onde pesquisadores constataram que a música produz 
reações nos indivíduos, tanto nos níveis fisiológicos como psicológicos. Estas 
reações podem ser influenciadas por vivências anteriores do sujeito, que foram 
associadas ao conteúdo musical. Então, desenvolveu-se um estudo voltado à 
compreensão dos aspectos de significação associados a experiências pessoais que 
os indivíduos manifestaram durante a escuta musical. 
Por outro lado, a pesquisa, exposta por Duarte, bem como a apresentada 
neste artigo, apresentaram que a inter-relação entre música e cultura, e música e 
sujeito, se dá através das mais variadas formas e significados, alcançando a 
complexidade por direcionar o desenvolvimento a outras ciências e saberes. Reitera-
se a ideia de que a música pode ser entendida de duas formas: quando relacionada 
às variáveis comuns aos ouvintes, ou à subjetividade de cada indivíduo. Sendo esta 
última a que agrega valor a construção social de significado da música e do próprio 
homem. 
 Conclui-se que é necessária a integração de várias áreas do 
conhecimento para que haja um real desenvolvimento das pesquisas entre música e 
emoção. Entretanto, entende-se que a música carrega em si aspectos de 
significação que facilitam seu uso como forma de expressão dos sentimentos 
humanos. Porém, isto se dá conforme as relações que o indivíduo teve 
anteriormente com a música, bom como através das marcas de sua subjetividade e 
identidade. Ainda, a música permanece com profundo papel social, além de auxiliar 
no equilíbrio das expressões humanas. A música continua sendo um meio usado 
pelos seres humanos para expressar suas emoções, seja por meio prático ou pela 
escuta, e a subjetividade o principal caminho para tal expressividade. 
 
REFERÊNCIAS 
 
ARRIAGA, P., CAMPOS, P. e FRANCO, A. Indução de emoções através de 
breves excertos musicais. Lisboa, 2010. 
 
BELUQUE, M. H. T. e SILVA, H. Q. A Música para além da manifestação cultural: 
um olhar sobre a constituição do sujeito. INTERLETRAS, ISSN NO 1807 – 1597. V. 
3, Edição número 21, de abril a setembro de 2015. 
 
BOAINAIN JR. E. Tornar-se Transpessoal: transcendência e espiritualidade na 
obra de Carl Rogers. São Paulo: Summus, 1998 
 
CAMPOS, R. F. A Abordagem Centrada na Pessoa na História da Psicologia no 
Brasil: da psicoterapia à educação, ampliando a clinica. Psicologia da Educação. 
São Paulo, 21, 2o sem. de 2005, pp. 11 – 31. 
 
DUARTE, J. V. Música e Emoção: sensibilidade e sentidos. Universidade Federal 
de Goiás. Goiás. 
 
HUMMES, J. M. Por que é importante o ensino de música? Considerações sobre as 
funções da musica na sociedade e na escola. Revista da ABEM, Porto Alegre, V. 
11, 17-25, set. 2004. 
 
PINTO, Ênio Brito. Psicoterapia de curta duração na abordagem gestaltica: 
elementos para a prática clínica. São Paulo: Summus, 2009. 
PONTE, C. R. S. Sobre os conceitos de Indivíduo em Sören Kierkegaard e de 
Pessoa em Carl Rogers: semelhanças e diferenças. 2010. 118f. Dissertação – 
Universidade Federal do Ceará, Centro de Humanidades, Programa de Pós-
Graduação em Psicologia, Fortaleza – (CE). Ceará. 2010. 
 
SWANWICK, K. Ensinando música musicalmente. São Paulo: Moderna, 2003.

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