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AULA 2- GESTAO DE MEIO AMBIENTE - Riscos ambientais e gestão empresarial

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31
Capítulo 2
Riscos ambientais e 
gestão empresarial
Problemas ambientais têm sido relacionados às atividades econô-
micas e industriais desde a Revolução Industrial, agravando-se ao longo 
do tempo com a consolidação da sociedade industrial e da sociedade 
de consumo, que vislumbram um padrão de produtividade e consumo 
não compatíveis com os limites do meio ambiente (MAMED, 2017). Tal 
incompatibilidade foi apresentada, por exemplo, por Rockström et al. 
(2009), que identificaram e quantificaram limites planetários apontando 
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que, à época, pelo menos três desses limites já haviam sido ultrapas-
sados (perda de biodiversidade, mudanças climáticas e o ciclo do ni-
trogênio). Na tentativa de contornar tal situação, o desenvolvimento de 
soluções científicas e tecnologias que agridam menos o meio ambiente 
tem sido buscado, bem como diversos modelos e instrumentos de ges-
tão ambiental (BARBIERI, 2011).
Nesse contexto, este capítulo apresenta relações entre a evolução 
tecnológica e os riscos ambientais, buscando esclarecer o que se 
entende por riscos e o que eles representam para a sociedade. Na 
sequência, apresenta o conceito de danos ambientais e discute as res-
ponsabilidades no que tange à reparação dos danos e sua prevenção 
na perspectiva das organizações. Por fim, apresenta a análise de riscos 
ambientais como uma ferramenta para a identificação, estimativa e 
gerenciamento de tais riscos.
1 Evolução tecnológica e riscos para o meio 
ambiente
A evolução tecnológica tem sido importante âncora para o desenvol-
vimento do modelo de sociedade hegemônico, largamente baseado no 
consumo de bens. Neste sentido, a Revolução Industrial (século XIX) e a 
Revolução Técnico-Científica (ou Terceira Revolução Industrial – século 
XX) são importantes marcos, visto que proporcionaram, por meio de 
evolução tecnológica, o aumento significativo da produção de bens e 
serviços para a sociedade, inclusive gerando excedentes, que é um as-
pecto fundamental para o modelo econômico e de desenvolvimento da 
sociedade vigentes (DEMAJOROVIC, 2003; MAMED, 2017).
O avanço tecnológico-científico tem proporcionado o aumen-
to da produção, no entanto, também tem permitido a ampliação das 
interferências humanas no ambiente, bem como o significativo au-
mento do uso de recursos ambientais e serviços ecossistêmicos 
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necessários para a produção de bens e emissão de rejeitos, o que 
tem sido associado ao surgimento de problemas ambientais. A de-
gradação do meio ambiente, assim, não deve ser entendida como fa-
talidade ou acontecimento inesperado, mas sim como consequência 
inerente às escolhas relacionadas à aplicação dos conhecimentos 
técnico-científicos e à modernidade (DEMAJOROVIC, 2003).
O reconhecimento da degradação do meio ambiente e do que se 
chamou de crise ambiental tem pressionado a apresentação de formas 
para se contornar a situação, suscitando preocupações em desenvolver 
soluções científicas e tecnologias que agridam menos o meio ambien-
te. Essa visão está presente, por exemplo, nos modelos de produção 
mais limpa e ecoeficiência (apresentados no capítulo 4), que indicam 
o desenvolvimento tecnológico como caminho para a redução dos 
impactos ambientais. Ou seja, o desenvolvimento técnico-científico 
tem sido percebido, paradoxalmente, como gerador de danos ambien-
tais e, ao mesmo tempo, ferramenta para amenizá-los (BECK, 2016; 
DEMAJOROVIC, 2003).
Nesse sentido, Beck (2016) ressaltava, já na década de 1980, que, 
associado ao processo de industrialização e evolução tecnológica, há 
um processo de produção de risco. O risco está associado à possibi-
lidade de um determinado evento indesejado se concretizar no futuro, 
tendo ligação, portanto, com as incertezas referentes às diversas ativi-
dades humanas e suas possíveis consequências relacionadas a deter-
minados valores atribuídos pela sociedade, por exemplo, com relação 
à economia, aspectos sociais ou ambientais (AVEN et al., 2015). 
Assim, ao se optar pelo desenvolvimento de determinada indústria ou 
pelo uso de uma tecnologia específica, assume-se um conjunto de ris-
cos associados, inclusive riscos ambientais. Como exemplos, podem-se 
citar o risco de contaminação da população por material radioativo as-
sociado ao uso de tecnologias de geração de energia nuclear e o risco 
de poluir o ar ou de causar acidentes relacionados à intensificação do 
uso de automóveis.
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PARA PENSAR 
Indica-se o filme The Cloverfield Paradox, estreado em 2018 e dirigido 
por Julius Onah, que mostra a busca por uma nova fonte de energia para 
suprir as necessidades da sociedade. É um filme de ficção científica que 
instiga a reflexão sobre as desconhecidas consequências associadas 
ao desenvolvimento técnico-científico.
 
Conforme estabelecido por Beck (2016), a produção social de rique-
za na modernidade está associada à produção social de riscos e a con-
flitos em torno da distribuição desses riscos na sociedade, visto que, 
com fre quência, os riscos não ficam restritos ao seu gerador, tampouco 
afetam igualmente os indivíduos, mas atingem os diferentes grupos so-
ciais de modos distintos. Por exemplo, os efeitos da poluição do ar pro-
vocado por atividades industriais não ficam restritos aos indivíduos que 
adquirem e se beneficiam dos produtos resultantes da indústria, mas 
afetam toda a comunidade do entorno. No entanto, grupos que tenham 
condições de mudar sua residência para bairros afastados das zonas 
industriais são menos afetados do que os grupos que, por distintos mo-
tivos, precisam permanecer nas zonas com maiores níveis de poluição.
Nessa sociedade de risco, então, um aspecto de grande importância 
é a definição de riscos e em que magnitude são aceitáveis pela socie-
dade. Essa definição está, essencialmente, relacionada à gravidade das 
consequências de um evento indesejado de fato ocorrer e à probabi-
lidade de ele acontecer. É baseado nesse balanço que alguns setores 
da indústria (por exemplo, a indústria nuclear) atraem grande atenção, 
uma vez que, apesar de a probabilidade do risco se efetivar ser peque-
na, as consequências ambientais e sociais são significativas. Situações 
desse tipo, inclusive, têm chamadoa atenção da sociedade para a te-
mática ambiental, evidenciando a importância de avaliar e incorporar 
questões ambientais na gestão e no gerenciamento das atividades in-
dustriais. Nesse sentido, as figuras 1 e 2 reúnem exemplos importantes 
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de acidentes relacionados a atividades industriais que tiveram significa-
tivas consequências ambientais à saúde e à segurança humana.
Figura 1 – Acidentes industriais de importantes consequências ambientais e à segurança humana 
(1974 a 1988)
Reino Unido: explosão de 
nuvem de ciclo hexano em 
indústria química – morte 
de 28 pessoas; 89 feridos; 
afetando 2.450 casas
Canadá: descarrilamento 
de dois vagões, seguido de 
explosões – evacuação de 
240 mil pessoas
Suíça: vazamento de 
agrotóxicos – contaminação 
do rio Reno
França: vazamento do 
petroleiro Amoco-Cadiz – 
morte de 30 mil aves, 230 
mil peixes e frutos do mar
Brasil: vazamento de duto 
de amônia – evacuação de 
6 mil pessoas; hospitalização 
de 65 pessoas
1974 1978 1979 1985 1988
Fonte: adaptado de Ibama (2018) e Sánchez (2008).
Figura 2 – Acidentes industriais de importantes consequências ambientais e à segurança humana 
(1989 a 2015)
Estados Unidos: 
vazamento do petroleiro 
Exxon-Valdez – poluição de 
1.000 km de costa; morte 
de mais de 35 mil aves
Brasil: vazamento de óleo 
combustível de um duto na baía 
de Guanabara – contaminação 
de praias e mangues; danos à 
pesca e ao turismo
Brasil: ruptura de barragem
de rejeitos de mineração – 
soterramento do subdistrito de 
Bento Rodrigues; poluição de 663,2 
km de cursos d'água; destruição de 
1.469 hectares, incluindo Áreas de 
Preservação Permanente; impactos 
sociais e econômicos nos 
municípios da região
Canadá: incêndio em fábrica 
de plástico – evacuação de 
650 pessoas
Estados Unidos: erosão do extravasor de 
emergência da barragem, seguida de 
ruptura – liberação de cerca de 900 mil m³ 
de sedimentos; evacuação de 1.872 
pessoas; danos de US$ 100 milhões; 
fechamento de duas minas
1989 1997 2000 2003 2015
Fonte: adaptado de Ibama (2018) e Sánchez (2008).
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Nesse sentido, a análise dos riscos ambientais, bem como o desen-
volvimento de mecanismos para controlar e conviver com boa parte 
desses riscos são preocupações necessárias (AVEN et al., 2015). No 
que tange aos riscos ambientais, isso envolve técnicas de cálculo de 
riscos, medidas de gerenciamento e medidas compensatórias, além de 
mecanismos de regulação e controle por parte do Estado, que serão 
apresentados ao longo desta obra.
2 Danos ambientais e responsabilidades
Os danos ambientais, de acordo com Milaré (2011), referem-se às le-
sões ao meio ambiente que têm como consequência a degradação do 
equilíbrio ecológico e da qualidade de vida. Esses danos podem ser de-
correntes de situações em que, mesmo conhecidas as consequências 
ambientais de determinada ação, são adotadas condutas imprudentes, 
negligentes ou mesmo por vontade de provocar o dano, sendo possível 
estabelecer uma relação de culpa. Por outro lado, os danos ambientais 
também podem ser decorrentes de situações em que, mesmo não ha-
vendo conduta imprudente, negligente ou a vontade de provocar o dano 
(ausência de culpa), este é ocasionado por determinada ação (FARIAS; 
COUTINHO; MELO, 2015). Desse modo, vale lembrar que, como apresen-
tado anteriormente, todas as ações têm riscos a elas associados; portan-
to, ao optar pela sua realização, assumem-se os riscos.
Tal responsabilização é especialmente importante no caso do meio 
ambiente, posto que a identificação e a medição das contribuições in-
dividuais para a geração dos danos ambientais e a comprovação de 
culpa são difíceis, mas tal dificuldade não pode ser um impedimento 
para a proteção do meio ambiente, visto que se trata de bem coleti-
vo, cujos danos muitas vezes são irreversíveis (DEMAJOROVIC, 2003; 
FARIAS; COUTINHO; MELO, 2015). Um caminho que tem sido adota-
do em diferentes contextos para a responsabilização é o estabeleci-
mento da relação de causa e efeito entre dano ambiental e atividade 
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geradora do dano (relação de causalidade ou nexo causal), baseando-se 
em correlações já conhecidas.
A legislação brasileira que trata de meio ambiente define a responsa-
bilidade objetiva ambiental, segundo a qual quem cria o risco do dano 
ambiental tem a obrigação de recuperar o ambiente impactado, não sen-
do necessário conhecer a razão da degradação para que haja o dever de 
indenizar e/ou reparar o dano (BRASIL, 1981; MACHADO, 2013). Dessa 
forma, independentemente da comprovação de culpa, o estabelecimento 
de nexo causal é suficiente para responsabilizar o autor da ação pela re-
cuperação ou indenização do dano ambiental. Vale mencionar, ainda, que 
na jurisdição brasileira tanto as pessoas físicas quanto as pessoas jurídi-
cas estão sujeitas às obrigações e às sanções relacionadas à geração de 
danos ambientais (BRASIL, 1988), bem como o Poder Público responde 
solidariamente quando autoriza uma atividade que causa dano, mesmo 
que tal atividade esteja de acordo com os padrões de qualidade oficiais 
(BRASIL, 1981).
Para além da definição das responsabilidades definidas nas legis-
lações, a responsabilidade ambiental (assim como a responsabilidade 
social) é um tema de interesse das organizações nas últimas décadas. 
Já na década de 1980, essa preocupação surgiu especialmente nas 
atividades industriais que apresentavam grandes riscos ao meio am-
biente e à vida humana, como a indústria química, que precisava mos-
trar à sociedade que estava comprometida com uma nova postura de 
diminuição dos riscos ambientais à comunidade e aos trabalhadores 
(DEMAJOROVIC, 2003).
Reconhecer e assumir responsabilidades quanto aos aspectos am-
bientais reflete a percepção de que a minimização e a mitigação de 
danos ambientais exigem novas estratégias por parte das organiza-
ções, que devem considerar as questões ambientais já na concepção 
das tecnologias e das atividades, a partir de uma postura proativa com 
relação à melhoria ambiental (BARBIERI, 2011; DEMAJOROVIC, 2003). 
Assim, a responsabilidade socioambiental pode ser percebida como 
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um caminho para responder às pressões governamentais, sociais e, 
também, do mercado, visto que ela tem sido usada como parâmetro de 
referência para os negócios no âmbito corporativo (TACHIZAWA, 2017).
3 Análise de riscos ambientais
Reconhecida a importância dos riscos na sociedade atual, sua ob-
servação tem ganhado cada vez mais destaque no âmbito das orga-
nizações, destacando-se a necessidade de estratégias sólidas para a 
identificação, avaliação e gerenciamento dos riscos (KAERCHER; LUZ, 
2016). Nesse contexto, uma ferramenta importante é a análise de riscos, 
que envolve a identificação de perigos e a estimativa dos riscos, além da 
proposição de medidas de gerenciamento e de contingenciamento dos 
riscos, subsidiando decisões sobre localização e operação dos proces-
sos industriais, investimentos em equipamentos, rotinas de monitora-
mento e manutenção e procedimentos de segurança (DEMAJOROVIC, 
2003; SÁNCHEZ, 2008).
A análise de risco tem início com a identificação de perigos1, seguida 
pela estimativa da frequência de ocorrência desses perigos, depois pela 
avaliação de suas consequências e, por fim, pela definição de medidas 
para lidar com os riscos, reunidas em planos de gerenciamento de ris-
cos (figura 3).
Figura 3 – Etapas da análise de riscos ambientais
Elaboração de plano de gerenciamento de riscos
Identificação de perigos
Estimativa da frequência de ocorrência de perigos
Avaliação das consequências associadas aos perigos
1 Perigo é a condição que tem potencial de causar uma situação indesejada (SÁNCHEZ, 2008).
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Para a identificação dos perigos, alguns dos métodos mais usados 
são as listas de verificação, o estudo de risco e operabilidade, a análise 
de modos de falha e consequências e a análise da árvore de falhas. Já 
para a análise das consequências, os métodos variam para os diferen-
tes tipos de atividades e perigos, de modo que permitam simular a ex-
tensão e magnitude dos efeitos no ambiente e na sociedade (SÁNCHEZ, 
2008). 
Conhecidos os perigos e suas potenciais consequências, os riscos são 
estimados, podendo ser utilizadas diferentes métricas, sendo que a esco-
lha de como calcular os riscos dependerá da situação. De maneira geral, as 
estimativas consideram a probabilidade de ocorrência do perigo e a 
magnitude de suas consequências, mas podem também envolver, por 
exemplo, a avaliação dos custos e dos benefícios relacionados à redu-
ção dos riscos (AVEN et al., 2015; SÁNCHEZ, 2008). Outro aspecto im-
portante é a definição dos níveis de risco considerados toleráveis, uma 
vez que a propensão dos indivíduos a aceitar riscos varia amplamente. 
Além disso, como já mencionado, a distribuição dos riscos e dos bene-
fícios também varia entre os diferentes grupos sociais e, portanto, as 
percepções dos riscos são distintas.
Em situações em que há menos complexidade, é comum que, ao 
invés de se realizar uma análise completa dos riscos, a análise seja 
concentrada apenas na elaboração de um plano de gerenciamento de 
riscos (SÁNCHEZ, 2008). De acordo com a Sociedade para Análise de 
Risco (AVEN et al., 2015), o gerenciamento de riscos pode ser definido 
como o conjunto de atividades que visam lidar com os riscos, por exem-
plo, prevenção, mitigação e adaptação.
Um plano de gerenciamento de riscos geralmente contém informa-
ções sobre: as características e segurança do processo de interesse; a 
revisão dos riscos associados ao processo; o gerenciamento das mo-
dificações feitas na indústria; a manutenção e a garantia da integridade 
dos sistemas considerados críticos para a segurança do processo; os 
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procedimentos operacionais tanto para situações normais quanto para 
situações de emergência; a capacitação dos funcionários; os procedi-
mentos de investigação de incidentes; o plano de ação de emergência e 
auditorias, visando verificar a conformidade dos procedimentos e ações 
de gerenciamento (SÁNCHEZ, 2008).
Especificamente sobre o plano de emergência (ou plano de contingên-
cia), ele deve sintetizar as informações relacionadas às ações a serem 
executadas nos diferentes cenários de emergência, por exemplo, apon-
tando as atribuições e responsabilidades dos envolvidos, de modo a guiar 
as ações no caso de ocorrência da situação de perigo (SÁNCHEZ, 2008).
Considerações finais
A evolução tecnológica associada ao desenvolvimento da ciência 
tem possibilitado, ao longo do tempo, diversas modificações no modo 
de produção industrial e na produtividade, possibilitando aumento sig-
nificativo na produção de bens e serviços para a sociedade. No entan-
to, além dos efeitos positivos associados ao desenvolvimento tecno-
lógico-científico, também há efeitos negativos, sobretudo relacionados 
ao aumento do uso de recursos ambientais e serviços ecossistêmicos 
demandados (DEMAJOROVIC, 2003). Nesse contexto, o processo de 
industrialização e evolução tecnológica tem como uma de suas conse-
quências o processo de produção de riscos, inclusive ambientais, que, 
ao mesmo tempo que afeta a sociedade como um todo, afeta de ma-
neiras distintas os diferentes grupos sociais (BECK, 2016).
Todo uso de tecnologia e atividades realizadas, portanto, tem as-
sociados riscos ambientais que são explícita ou implicitamente assu-
midos e, quando o risco se efetiva, um dano ambiental é provocado. 
Visando à garantia da qualidade do meio ambiente enquanto um bem 
de interesse da coletividade, a responsabilização pelos danos ambien-
tais tem sido atribuída àquele que provocou o dano, independentemen-
te de intenção ou culpa de causá-lo, bastando existir relação de causa 
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e efeito (MACHADO, 2013). A partir de uma postura proativa, muitas 
organizações também têm assumido responsabilidades ambientais e 
sociais com relação aos efeitos de suas atividades, visando mostrar à 
sociedade que tem buscado diminuir os riscos ambientais a elas asso-
ciados (DEMAJOROVIC, 2003).
Para que os riscos ambientais possam ser evitados e, quando neces-
sário, mitigados, a análise e gerenciamento de riscos é um aspecto de 
grande importância, principalmente quando se trata de atividades que en-
volvem riscos significativos, seja em função da frequência com que ocor-
rem, seja em função da magnitude de suas consequências. A reflexão em 
torno de quais são os níveis de riscos aceitáveis pela sociedade, porém, 
deve estar sempre presente, reconhecendo-se que percepções e tolerân-
cias são diferentes para os diferentes grupos e indivíduos (SÁNCHEZ, 
2008). Além dos estudos de análises de riscos e planos de gerencia-
mento, há ainda um conjunto de outros instrumentos, tanto no âmbito 
do Poder Público como no âmbito das organizações privadas, que tem 
como objetivo evitar ou mitigar danos ambientais, visandoà compatibi-
lização do desenvolvimento socioeconômico com qualidade ambiental. 
Tais instrumentos serão apresentados e discutidos ao longo desta obra.
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