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PLANO DE AULA DISCIPLINA: DIREITO DE FAMÍLIA PROFESSORA: LORENA MATOS AULA 02 2019.1 Tema: Casamento Art. 1.538. A celebração do casamento será imediatamente suspensa se algum dos contraentes: I - recusar a solene afirmação da sua vontade; II - declarar que esta não é livre e espontânea; III - manifestar-se arrependido. PLANO DE EXISTÊNCIA DO CASAMENTO Dois elementos constitutivos: a) Consentimento manifestação de vontade no casamento tem que se sempre expressa e reciproca = consentimento dos noivos. O silencia não funciona como anuência consentimento. b) Celebração por autoridade competente não há definição no CC do que é autoridade competente, mas considerando que o casamento pode ser civil ou religioso com efeitos civis, poderão figurar como autoridades celebrantes o juiz de direito, juiz de paz, autoridade religiosa (padre, pastor, rabino). IMPEDIMENTOS MATRIMONIAIS art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes, seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Parágrafo único. Se o juiz, ou o oficial de registro, tiver conhecimento da existência de algum impedimento, será obrigado a declará-lo 1- Casamento entre parentes em linha reta Não podem casar os ascendentes com os descendentes – seja o parentesco natural ou civil acarreta a nulidade absoluta do casamento 2- Casamento entre afins em linha reta Parentesco por afinidade aquele existente entre o cônjuge ou companheiro e os parentes do outro, tanto na linha reta ( sogra e genro, sogro e nora, padrasto ou madrasta e enteado (a)), como na linha colateral (cunhado). Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade. § 1 o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. 3- Casamento entre o adotante com quem foi cônjuge do adotado e do adotado com quem o foi do adotante Proibição análoga àquela imposta aos parentes por afinidade em linha reta. Ex: adotado se casar com a ex mulher do seu pai, ou que o pai viesse a casar com a ex esposa do seu filho. 4- Casamento entre colaterais Casamento entre irmãos, seja bilateral ou unilateral e demais colaterais até terceiro grau. Decreto lei n. 3200/1941 Relativização da possibilidade de colaterais de terceiro grau casar – exemplo tio e sobrinha. Art. 2º Os colaterais do terceiro grau, que pretendam casar-se, ou seus representantes legais, se forem menores, requererão ao juiz competente para a habilitação que nomeie dois médicos de reconhecida capacidade, isentos de suspensão, para examiná-los e atestar-lhes a sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da sanidade, afirmando não haver inconveniente, sob o ponto de vista da saúde de qualquer deles e da prole, na realização do matrimônio. 5- Casamento entre o adotado e o filho do adotante Seria o equivalente ao casamento entre irmãos 6- Casamento entre pessoas casadas Bigamia – art 235 do CP 7- Casamento entre o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte Oposição dos impedimentos Art. 1.522. Os impedimentos podem ser opostos, até o momento da celebração do casamento, por qualquer pessoa capaz. Art. 1.529. Tanto os impedimentos quanto as causas suspensivas serão opostos em declaração escrita e assinada, instruída com as provas do fato alegado, ou com a indicação do lugar onde possam ser obtidas. Art. 1.530. O oficial do registro dará aos nubentes ou a seus representantes nota da oposição, indicando os fundamentos, as provas e o nome de quem a ofereceu. EFEITOS JURIDICOS DO CASAMENTO NULO (nulo interesse social) Art. 1.548. É nulo o casamento contraído: I - pelo enfermo mental sem o necessário discernimento para os atos da vida civil; I - (Revogado); (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) II - por infringência de impedimento A revogação do inciso I, tem que ser vista com cautela para evitar situações de abuso mediante a captação dolosa da vontade do nubente com deficiência. Art. 1.549. A decretação de nulidade de casamento, pelos motivos previstos no artigo antecedente, pode ser promovida mediante ação direta, por qualquer interessado, ou pelo Ministério Público. A ação é imprescritível e os efeitos da sentença são de eficácia retroativa (ex tunc) Art. 1.563. A sentença que decretar a nulidade do casamento retroagirá à data da sua celebração, sem prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso, por terceiros de boa-fé, nem a resultante de sentença transitada em julgado. Não podendo a retroatividade prejudicar a aquisição de direitos, a título oneroso , por terceiros de boa fé, como na hipótese dos cônjuges conjuntamente na constância do casamento ainda não impugnado resolvam vender determinado bem a terceiro. PLANO DE VALIDADE – CAUSAS DE ANULAÇÃO Art. 1.550. É anulável o casamento: I - de quem não completou a idade mínima para casar; ART 1520 II - do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal; III - por vício da vontade, nos termos dos arts. 1.556 a 1.558; IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento; V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; VI - por incompetência da autoridade celebrante. 1- Nubente que não completou a idade mínima para casar Art. 1.520. Excepcionalmente, será permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil (art. 1517), para evitar imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez. MODIFICADO 2- Nubente em idade núbil sem autorização para o casamento Ainda que atingida a idade, eles precisam de autorização dos pais, portanto a falta de autorização dos pais, e se não suprida a autorização pelo juiz é causa de anulabilidade do casamento. 3- Vícios da vontade Vontade dos nubentes tem que ser livre e de boa-fé Arts 1556 – 1558 3.1 erro essencial Art. 1.556. O casamento pode ser anulado por vício da vontade, se houve por parte de um dos nubentes, ao consentir, erro essencial quanto à pessoa do outro. Art. 1.557. Considera-se erro essencial sobre a pessoa do outro cônjuge: I - o que diz respeito à sua identidade, sua honra e boa fama, sendo esse erro tal que o seu conhecimento ulterior torne insuportável a vida em comum ao cônjuge enganado; II - a ignorância de crime, anterior ao casamento, que, por sua natureza, torne insuportável a vida conjugal; III - a ignorância, anterior ao casamento, de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou de moléstia grave e transmissível, por contágio ou por herança, capaz de pôr em risco a saúde do outro cônjuge ou de sua descendência; (Redação dada pela Lei nº 13.146, de 2015) (Vigência) I DO ART 1557 QUANTO A IDENTIDADE, HONRA E BOA FAMA Exemplos: alguém que se apresentacom outro nome, com outra profissão - identidade Outro exemplo do cônjuge que se submeteu à cirurgia para redesignação de sexo e não informou ao outro nubente. Honra e boa fama conceito aberto que conferem ao julgador uma margem de discricionariedade para aferição do comportamento não revelado. Ex: a noiva que descobre o alcoolismo do esposo, habitual e anterior ao casamento. II – existência de cometimento de crime Ex: estupro cometido anteriormente ao casamento; furto; roubo Repercussão do ato na vitima e não na sociedade. III- existência de defeito físico irremediável que não caracterize deficiência ou patologia transmissível Ex: impotência coeundi que impede a relação sexual, tanto no homem quanto na mulher. diferentemente da impotência generandi, que impede a gravidez. A esterilidade masculina ou feminina não preenche o tipo, pois o princípio da afetividade não depende do fim procracional." não invalida o casamento doenças como sífilis, HIV. 4- Nubente incapaz de consentir ou manifestar seu consentimento Art 1550 – IV Um dos nubentes econtra-se bêbado, sob efeito de drogas anulável o casamento 5- (FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO). 6- Incompetência da autoridade celebrante incompetência territorial ou relativa , porque se for incompetência absoluta o matrimonio é inexistente e não simplesmente invalido. Art. 1.558 DA COAÇÃO Art. 1.558. É anulável o casamento em virtude de coação, quando o consentimento de um ou de ambos os cônjuges houver sido captado mediante fundado temor de mal considerável e iminente para a vida, a saúde e a honra, sua ou de seus familiares. Requisitos para caracterizar a coação no casamento: 1- violência psicológica sofrida pelo cônjuge 2- declaração de vontade viciada 3- receio serio e fundado de grave dano á pessoa, à família, ou aos seus bens. PRAZO E LEGITIMAÇÃO PARA ANULAÇÃO DO CASAMENTO Os prazos são decadenciais. Art. 1.560. O prazo para ser intentada a ação de anulação do casamento, a contar da data da celebração, é de: I - cento e oitenta dias, no caso do inciso IV do art. 1.550; (IV - do incapaz de consentir ou manifestar, de modo inequívoco, o consentimento;) II - dois anos, se incompetente a autoridade celebrante; III - três anos, nos casos dos incisos I a IV do art. 1.557; IV - quatro anos, se houver coação. LEGITIMADOS Art. 1.552. A anulação do casamento dos menores de dezesseis anos será requerida: I - pelo próprio cônjuge menor; II - por seus representantes legais; III - por seus ascendentes. LEGITIMIDADE ESPECIFICA ARt. 1.559. Somente o cônjuge que incidiu em erro, ou sofreu coação, pode demandar a anulação do casamento; mas a coabitação, havendo ciência do vício, valida o ato, ressalvadas as hipóteses dos incisos III e IV do art. 1.557. CONVALESCIMENTO DO CASAMENTO ANULAVEL Art. 1.551. Não se anulará, por motivo de idade, o casamento de que resultou gravidez. Art. 1.553. O menor que não atingiu a idade núbil poderá, depois de completá- la, confirmar seu casamento, com a autorização de seus representantes legais, se necessária, ou com suprimento judicial. Art. 1.555. O casamento do menor em idade núbil, quando não autorizado por seu representante legal, só poderá ser anulado se a ação for proposta em cento e oitenta dias, por iniciativa do incapaz, ao deixar de sê-lo, de seus representantes legais ou de seus herdeiros necessários. § 1 o O prazo estabelecido neste artigo será contado do dia em que cessou a incapacidade, no primeiro caso; a partir do casamento, no segundo; e, no terceiro, da morte do incapaz. § 2 o Não se anulará o casamento quando à sua celebração houverem assistido os representantes legais do incapaz, ou tiverem, por qualquer modo, manifestado sua aprovação. NATUREZA JURIDICA DA SENTENÇA ANULATORIA DO CASAMENTO SENTENÇA DESCONSTITUTIVA DE EFEITOS EX TUNC (RETROAGE) CANCELANDO O REGISTRO OS CONJUGES VOLTAM A SER SOLTEIROS CONSEQUENCIAS JURIDICAS DA ANULAÇÃO Art. 1.564. Quando o casamento for anulado por culpa de um dos cônjuges, este incorrerá: I - na perda de todas as vantagens havidas do cônjuge inocente; II - na obrigação de cumprir as promessas que lhe fez no contrato antenupcial. - casamento putativo Art. 1561 1- Casamento putativo Conceito: Matrimônio que, contraído de boa fé por um ou ambos os consortes, posto padeça de nulidade absoluta ou relativa, tem os seus efeitos jurídicos resguardados em favor do cônjuge inocente. (STOLZE, Pablo). Conceito 2: é aquele nulo ou anulável, mas que, em atenção à boa-fé com que foi contraído por um ou ambos os cônjuges, produz para o de boa-fé e os filhos, todos os efeitos civis até passar em julgado a sentença anulatória. A essência do casamento putativo está na boa-fé em que se encontram um ou ambos os cônjuges no momento da celebração do matrimônio. (Gonçalves, Carlos roberto). PLANO DE VALIDADE REFERE-SE AO CASAMENTO PUTATIVO Art. 1.561. Embora anulável ou mesmo nulo, se contraído de boa-fé por ambos os cônjuges, o casamento, em relação a estes como aos filhos, produz todos os efeitos até o dia da sentença anulatória. Ex: Homem casado em belém, viaja a trabalho para são Paulo, passa muito tempo lá, conhece outra pessoa e se casa com ela em SP, além do crime de bigamia, esse casamento é nulo por violação ao art. 1521, VI, CC/2002 Art. 1.521. Não podem casar: VI - as pessoas casadas; Mas por haver sido contraído de boa-fé pela 2 esposa, terá seus efeitos resguardados quanto a ela, como se válido fosse o casamento. Ex2: ambos os cônjuges não tinham ciência da causa invalidante, caso em que duas pessoas maiores, capazes, se casam, sem saber que são irmãos. Nesse caso os efeitos do casamento serão preservados com relação a ambos. RECONHECIMENTO DA PUTATIVIDADE A doutrina entende que dada a dimensão ética-social do casamento putativo, o juiz no processo de nulidade ou anulação de casamento, não depende de provocação da parte interessada para o reconhecimento da putatividade. Então ele pode no dispositivo da sentença, declarar nulo ou anular o casamento impugnado, preservando os seus efeitos em favor do cônjuge inocentes (dos cônjuges inocentes), independentemente de requerimento específico nesse sentido. O direito civil hoje com base na principiologia constitucional, abandona seu estado de dormência – que é justificado por uma exacerbação da proteção da autonomia privada – e se reconstrói numa perspectiva social e ética, que sem diminuir a importância da autonomia privada, garante valores essenciais à preservação do equilíbrio entre direito público e privado. EFEITOS JURÍDICOS DO CASAMENTO PUTATIVO 1- Se ambos os cônjuges atuaram de boa-fé casamento inválido (putativo) contraído de boa-fé por ambos os cônjuges INVALIDADO O MATRIMÔNIO: direitos de coabitação e fidelidade recíproca serão cessados para ambos Alimentos: pelo princípio da solidariedade aliado a eticidade inerente ao casamento contraído justo que seja fixados, segundo a necessidade dos cônjuges critério da proporcionalidade, mesmo após a sentença que invalida o casamento. Herança será extinto a partir da prolação da sentença de nulidade ou anulação. Na situação concreta com base no princ.. da boa-fé direitos de outros herdeiros entram na linha de colidência(semelhanças) com o interesse da viúva/viúvo, que teve desfeito o casamento com o autor da herança. Se a morte ocorre ainda em curso da ação de invalidade, o direito sucessório do cônjuge sobrevivente é mantido. Bens: a partilha tem que ser feita segundo o regime escolhido pelos cônjuges, como se estivesse conduzindo um simples divórcio. Evitando-se assim o enriquecimento sem causa de qualquer dois. Nome: doutrina destaca que em decorrência da invalidade o nome deve ser perdido, salvo excepcional e justificada situação de dano grave pessoal (ex: pessoa é conhecida pelo sobrenome tem algum negoócio com o sobrenome). Emancipação: deverá ser preservada, não havendo retorno à incapacidade. 2- Casamento inválido (putativo) contraído de boa-fé por um dos cônjuges Deveres conjugais cessados Alimentos dever de alimentar somente em favor do cônjuge de boa-fé – ressalva ainda que o outro necessite de pensão, esta não será devida, pois tinha ciência da impossibilidade jurídica na celebração do matrimônio. 2ª TURMA STF DECIDIU QUE O CONJUGE CULPADO NÃO PODE FURTAR-SE AO SEU PAGAMENTO, SE O INOCENTE DELES NECESSITAR “A PUTATIVIDADE, NO CASAMENTO ANULÁVEL, OU MESMO NULO, CONSISTE EM ASSEGURAR AO CONJUGE DE BOA FE OS EFEITOS DO CASAMENTO VÁLIDO, E ENTRE ESTES SE ENCONTRA O DIREITO A ALIMENTO, SEM LIMITAÇÃO DE TEMPO. Direito à herança: restará extinto a partir da prolação da sentença de nulidade ou anulação do casamento. Se a morte ocorrer quando ainda em curso a ação de invalidade, o direito sucessório do cônjuge de boa fé é mantido RESSALVA no caso da bigamia, como fica o cônjuge inocente , favorecido pelos efeitos da putatividade, e o primeiro cônjuge do bígamo? Direito sucessório entre o primeiro e segundo cônjuge pelo imperativo da equidade, recomenda-se a divisão do patrimônio deixado por ele (herança) divisão Bens afora a situação sucessória, o cônjuge inocente tem direito de haver de volta tudo o que concorreu para a formação do patrimônio comum, inclusive doações feitas ao outro. Bens em esforço comum deverão ser partilhados enriquecimento sem causa. Nome o cônjuge culpado perde o direito de usar, podendo o inocente manter se houver justificativa Emancipação em relação ao cônjuge inocente deve ser mantido; em relação ao culpado a capacidade plena por força do matrimônio, com a invalidação, retornará à situação de incapacidade. FORMAS ESPECIAIS DE CASAMENTO 1- CASAMENTO POR PROCURAÇÃO 2- O casamento é uma exceção a essa regra nosso ordenamento jurídico admite o casamento por procuração. Quando um ou ambos os nubentes não puderem se fazer presentes no dia da convolação de núpcias, exigindo a constituição de um procurador, por ex: pessoas em países distantes, impossibilitado de retornar ao Brasil. Definição Casamento realizado por meio de mandato, ou seja, um contrato de representação voluntária, configurando a procuração apenas como instrumento delimitador dos poderes do procurador ou mandatário Momento da representação pode ser na fase da habilitação para o casamento, quanto na celebração podem ser representados Art. 1.542. O casamento pode celebrar-se mediante procuração, por instrumento público, com poderes especiais. § 1 o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. § 2 o O nubente que não estiver em iminente risco de vida poderá fazer-se representar no casamento nuncupativo. § 3 o A eficácia do mandato não ultrapassará noventa dias. § 4 o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. Análise do art. 1.542: a procuração para casar não pode ser genérica, devendo conter poderes especiais, observando a forma pública, ou seja, lavrada em Livro de Notas de Tabelião com prazo máximo de 90 dias (§ 3). Impossibilidade de representação de ambos os nubentes pelo mesmo procurador. Não se admite essa representação por um único procurador, configuraria um autocontrato, ou contrato consigo mesmo, gerando anulabilidade do casamento nos termos do art. 117, CC/2002 Art. 117. Salvo se o permitir a lei ou o representado, é anulável o negócio jurídico que o representante, no seu interesse ou por conta de outrem, celebrar consigo mesmo. REVOGAÇÃO DO MANDATO Art. 1542 § 4 o Só por instrumento público se poderá revogar o mandato. Revogação não necessita chegar ao conhecimento do mandatário, mas celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, poderá responder o mandante por perdas e danos. § 1 o A revogação do mandato não necessita chegar ao conhecimento do mandatário; mas, celebrado o casamento sem que o mandatário ou o outro contraente tivessem ciência da revogação, responderá o mandante por perdas e danos. Art. 1550, V, CC/2002 Art. 1.550. É anulável o casamento: V - realizado pelo mandatário, sem que ele ou o outro contraente soubesse da revogação do mandato, e não sobrevindo coabitação entre os cônjuges; NESSE INCISO V É COMO SE A RELAÇÃO SEXUAL CONVALIDASSE O ATO ANULÁVEL. 3- Casamento nuncupativo Definição: é aquele contraído, de viva voz, por nubente que se encontre no leito da morte (moribundo) na presença de, pelo menos, 6 testemunhas, independentemente da presença da autoridade competente ou do seu substituto. A doutrina destaca que esse casamento pode ser realizado, ainda que ambos os nubentes estejam em iminente risco de morte (o que pode ser pouco provável). Art. 1.540. Quando algum dos contraentes estiver em iminente risco de vida, não obtendo a presença da autoridade à qual incumba presidir o ato, nem a de seu substituto, poderá o casamento ser celebrado na presença de seis testemunhas, que com os nubentes não tenham parentesco em linha reta, ou, na colateral, até segundo grau. Análise do art: Mínimo de 6 testemunhas que não sejam parentes dos noivos em linha reta ou na colateral até o segundo grau. A lei não definiu mas esse parentesco é o natural, civil e até mesmo por afinidade. Filho, neto, enteado, pai, mãe, padrasto não poderão figurar como testemunhas do ato. tudo para garantir segurança jurídica a esta solenidade, pela sua natureza, dada a ausência de habilitação ou autoridade celebrante, é muito informal. APÓS A REALIZAÇÃO DA CELEBRAÇÃO Art. 1.541. Realizado o casamento, devem as testemunhas comparecer perante a autoridade judicial mais próxima, dentro em dez dias, pedindo que lhes tome por termo a declaração de: I - que foram convocadas por parte do enfermo; II - que este parecia em perigo de vida, mas em seu juízo; III - que, em sua presença, declararam os contraentes, livre e espontaneamente, receber-se por marido e mulher. 4- Casamento em casa de moléstia grave Art. 1.539. No caso de moléstia grave de um dos nubentes, o presidente do ato irá celebrá-lo onde se encontrar o impedido, sendo urgente, ainda que à noite, perante duas testemunhas que saibam ler e escrever. O numero de testemunhas é menor do que do casamento nuncupativo aqui são necessárias duas testemunhas. § 1 o A falta ou impedimento da autoridade competente para presidir o casamento suprir-se-á por qualquer dos seus substitutos legais, e a do oficial do Registro Civil por outro ad hoc, nomeado pelo presidente do ato. § 2 o O termo avulso, lavrado pelo oficial ad hoc, será registrado no respectivo registro dentro em cinco dias, perante duas testemunhas, ficando arquivado. 5- Casamento celebrado fora do país, por autoridade estrangeira Art. 7 da LINDB Art. 7 o A lei do país em que domiciliada a pessoa determina as regras sobre o começo e o fim da personalidade,o nome, a capacidade e os direitos de família. § 1 o Realizando-se o casamento no Brasil, será aplicada a lei brasileira quanto aos impedimentos dirimentes e às formalidades da celebração. Art. 1.544. O casamento de brasileiro, celebrado no estrangeiro, perante as respectivas autoridades ou os cônsules brasileiros, deverá ser registrado em cento e oitenta dias, a contar da volta de um ou de ambos os cônjuges ao Brasil, no cartório do respectivo domicílio, ou, em sua falta, no 1 o Ofício da Capital do Estado em que passarem a residir. Plano de eficácia do casamento – Deveres Matrimoniais Horizontalização dos deveres e direitos matrimoniais, numa perspectiva de igualdade. A mulher não é mais subordinada, mas sim colaboradora, corresponsável pela condução da vida matrimonial. Princípio constitucional da isonomia no âmbito dos efeitos obrigacionais do casamento. Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. Principio da dignidade da pessoa humana. Deveres matrimoniais no Código civil: Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges: I - fidelidade recíproca; II - vida em comum, no domicílio conjugal; III - mútua assistência; IV - sustento, guarda e educação dos filhos; V - respeito e consideração mútuos. Não existe uma ordem de prevalência lógica, nem, uma escala hierárquica de valores feita pelo legislador. Também não é um rol exaustivo percebemos conceitos vagos “respeito e consideração mútuos”. 1- Fidelidade recíproca fidelidade seria um desdobramento da noção maior de lealdade, embora com ela não se confunda. DECISÕES RELACIONADAS AO TEMA A 7ª Turma Cível do Tribunal de Justiça do Distrito Federal ao julgar apelação nº 20150111294290 0037844-87.2015.8.07.0001 em 26 de abril de 2017, publicada no DJe no dia 18/05/2017, cujo relator do caso foi o Desembargador Getúlio de Moraes Oliveira, posicionou-se acerca da matéria, reconhecendo que a conduta infiel do cônjuge durante o casamento, em tese, pode justificar o pedido de indenização por dano moral, desde que a infidelidade praticada provoque grave exposição ou humilhação no outro cônjuge. No entanto, no caso analisado pelo TJ-DF citado acima, os desembargadores negaram o pedido de indenização por dano moral formulado pelo autor da ação, ao fundamento de que, muito embora o dever de indenizar ocorra em razão da violação dos direitos da personalidade, bem como da violação ao princípio da eticidade e da dignidade da pessoa humana, não seria possível reconhecer a ocorrência de dano moral naquele caso, tendo em vista que a infidelidade alegada não foi comprovada nos autos e não havia prova de qualquer episódio de exposição ou humilhação do cônjuge supostamente traído. No julgamento proferido pela 1ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP, o pedido de indenização por dano moral foi julgado procedente, ao fundamento de que no caso concreto além da comprovação da infidelidade, do ato infiel adveio o nascimento de um filho durante o casamento, fato que no entendimento dos Ministros, teria causado ao cônjuge traído vergonha, humilhação e grande constrangimento perante amigos e familiares. Vê-se, portanto, que o pedido de indenização por dano moral neste caso específico, foi julgado procedente porque do relacionamento extraconjugal mantido pela esposa resultou o nascimento de um filho, cuja verdadeira paternidade só foi descoberta mediante exame de DNA, tendo o Juízo de primeira instância entendido que o cônjuge traído, ao assumir a paternidade e cuidar durante anos de um filho que não era seu, sofreu evidente dano moral, consistente na vergonha e humilhação sofrida perante amigos e familiares. Com esse entendimento, a 1ª Câmara de Direito Privado do TJ-SP negou provimento ao recurso interposto pelo cônjuge infiel, mantendo a condenação imposta, embora tenha reduzido o valor estabelecido pelo Juízo de primeira instância (APL nº 0002188-78.2007.8.26.0629, Rel. Ministro LUIZ ANTÔNIO DE GODOI, PRIMEIRA CÂMARA DE DIREITO PRIVADO, julgado em 13/11/2012, DJe 14/11/2012). Crítica atuação do estado em confronto com o principio da intervenção mínima no direito de família. 2- Vida em comum no domicílio conjugal (dever de coabitação). O que o legislador quer preservar é a necessária comunhão de vida- vedar que um cônjuge abandone a esfera de convivência com o outro passando a residir em local diverso, sem motivo justificado e contra a vontade de seu consorte. Mútua assistência Duas perspectivas dessa mútua assistência: a) Assistência material prestações de fazer, além da obrigação alimentar (que vai além do valor para sobrevivência do alimentando, importa no mantença do seu padrão de vida, inclusive em relação ao lazer. b) Assistência moral: apoio moral, psicológico e espiritual. Concepções materialistas são inaceitáveis, dever de respeito entre as partes. Art. 1.568. Os cônjuges são obrigados a concorrer, na proporção de seus bens e dos rendimentos do trabalho, para o sustento da família e a educação dos filhos, qualquer que seja o regime patrimonial. CAUSAS SUSPENSIVAS DO CASAMENTO Noção geral: traduz a ideia de que a subsunção do comportamento do nubente em um dos seus dispositivos resulta na imposição do regime de separação obrigatória de bens.
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