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os aspectos essenciais da LOAS, incluindo: 134 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL o Decreto nº 1.605, de 25 de agosto de 1995, que regulamenta o Fundo Nacional de Assistência Social. A Lei nº 9.604, de 5 de fevereiro de 1998, que dispõe sobre a prestação de contas de aplicação de recursos a que se refere a Lei nº 8.872, 7 de dezembro de 1993, e dá outras providências, o Decreto nº 5.085, de 19 de maio de 200, que define as ações continuadas de assistência social e, também, a Decisão nº 1.934-7, do Supremo Tribunal Federal. A LOAS Anotada se presta a agilizar e facilitar o trabalho de consulta às leis que regulamentam os serviços e benefícios articulados em torno do SUAS. Refletindo sobre a política de assistência social, vamos verificar a sua importância na garantia de muitos direitos sociais que até então eram omitidos pelo Estado, sendo que muitos ainda continuam sendo omitidos na prática, visto que na teoria e nas legislações parece que todos os serviços e programas funcionam de maneira exemplar para o resto do mundo, fato este questionado e que é visivelmente percebido como ineficazes e fragmentados, senão por vezes inexistentes. Segundo o Conselho Federal de Serviço Social (2011, p. 7), [...] todas as situações sociais vividas pelos sujeitos que demandam a política de Assistência Social têm a mesma estrutural e histórica raiz na desigualdade de classe e suas determinações, que se expressam pela ausência e precariedade de um conjunto de direitos como emprego, saúde, educação, moradia, transporte, distribuição de renda, entre outras formas de expressão da questão social. Com a criação da Lei Orgânica da Assistência Social – LOAS, Lei nº 8.742, em 7 de dezembro de 1993, que dispõe sobre a organização da assistência social, especifica a assistência enquanto direito do cidadão e dever do Estado. Temos que ficar atentos, pois esta lei de 1993 foi consolidada com a Lei nº 12.435/2011, ou seja, alterada, ampliada. Art. 1º A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas. (BRASIL, 2014, p. 1-2). Assim, percebemos que compete privativamente à União legislar sobre seguridade social, nela incluída também a assistência social, tendo como princípio da não contributivo ou da gratuidade, sem exigência de qualquer contrapartida ou contribuição por parte de seus usuários, pois a assistência social na contemporaneidade é direito de todo e qualquer cidadão brasileiro. Conforme está descrito na LOAS de 1993, consolidada em 2011, podemos destacar os objetivos da assistência social: Art. 2º A assistência social tem por objetivos: (Redação dada pela Lei nº 12.435, de 2011) I - a proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: TÓPICO 3 | A CRIAÇÃO E AMPLIAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS 135 a) a proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) o amparo às crianças e aos adolescentes carentes; c) a promoção da integração ao mercado de trabalho; d) a habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e e) a garantia de 1 (um) salário mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; II - a vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III - a defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais. Parágrafo único. Para o enfrentamento da pobreza, a assistência social realiza-se de forma integrada às políticas setoriais, garantindo mínimos sociais e provimento de condições para atender contingências sociais e promovendo a universalização dos direitos sociais. (BRASIL, 2014, p. 1-2). UNI De acordo com o Conselho Nacional de Assistência Social (2014), podemos esclarecer que: • Os termos “carente, pobre, miserável, mendigo”, bem como “vagabundo, malandro, bandido, marginal”, encontram-se em desuso, tendo a administração pública utilizado na prática e nos documentos relacionados à política de assistência social, a expressão PESSOA OU FAMÍLIA EM SITUAÇÃO DE VULNERABILIDADE SOCIAL OU RISCO SOCIAL. • Sabendo que o alcoolismo é uma doença séria e grave, os termos “bebum, bêbado, fraco, alcóolatra” devem ser abolidos, assim as pessoas que possuem essa doença devem ser consideradas como alcoólicos que necessariamente precisariam de tratamento adequado. • Assim corresponde também ao termo “drogado, viciado”, o correto é afirmar dependente químico. • As palavras “ajuda”, “apoio”, “doação” também se encontram em desuso, tendo a administração pública empregado na rede de serviços socioassistenciais os termos BENEFÍCIOS, SERVIÇOS, PROGRAMAS E PROJETOS SOCIOASSISTENCIAIS, BENEFÍCIO OU SERVIÇO SOCIOASSISTENCIAL. A ação socioassistencial pode ser compreendida e considerada como atividade, programa, projeto, serviço e concessão de benefícios da assistência social. • Os termos “inválido, aleijado, defeituoso, incapacitado, pessoa portadora de deficiência ou pessoa com necessidades especiais” não são mais expressados e sim o termo PESSOA DEFICIENTE OU PESSOA COM DEFICIÊNCIA. “A palavra inválido significa sem valor, assim eram consideradas as pessoas com deficiência desde a Antiguidade até o final da Segunda Guerra Mundial, por isso que o termo correto é: PESSOA COM DEFICIÊNCIA. • Do mesmo modo correto é afirmar SURDO, PESSOA SURDA, PESSOA COM DEFICIÊNCIA AUDITIVA no lugar de “surdinho, mudinho ou surdo-mudo”; como também “ceguinho”, mas sim PESSOA CEGA, PESSOA COM DEFIÊNCIA VISUAL. • os termos pejorativos, tais como: “louco, maluco, doido, doente mental, debiloide, bêbado, fraco”, não devem ser expressados, pois as pessoas não possuem por culpa própria ou vontade, mas as pessoas possuem algum tipo de TRANSTORNO MENTAL, ALGUM TIPO DE SOFRIMENTO PSÍQUICO. • As palavras velhos ou velho, menor ou menores, moleque, delinquente, trombadinha, também devem ser eliminadas do vocabulário popular e profissional, os termos adequados 136 UNIDADE 2 | O NEODESENVOLVIMENTO NO CAPITALISMO E O ACIRRAMENTO DAS EXPRESSÕES DA QUESTÃO SOCIAL FONTE: QUEIROZ, Antônio Carlos. Politicamente correto e direitos humanos. Brasília: Secretaria Especial dos Direitos Humanos, 2004. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/ dados/cartilhas/a_pdf_dht/cartilha_politicamente_correto.pdf>. Acesso em: 14 fev. 2015. são: IDOSO OU IDOSOS e CRIANÇA OU ADOLESCENTE. • Os termos “doente mental, retardado, mongol, excepcional” também estão em desuso, o correto é caracterizar PESSOA COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. Excepcionais foi o termo utilizado nas décadas de 50, 60 e 70 para designar pessoas com deficiência intelectual. UNI Caso queira saber mais e se aprofundar nos termos corretos que devemos adotar, estude a cartilha “Politicamente correto e direitos humanos”, disponível na internet. TÓPICO 3 | A CRIAÇÃO E AMPLIAÇÃO DAS POLÍTICAS SOCIAIS BRASILEIRAS 137 Dando continuidade à questão da assistência social, as diretrizes da LOAS (BRASIL, 2015) são caracterizadas pelas diretrizes da descentralização, participação e controle das ações e responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social, conforme especifica o artigo quinto: Art. 5º A organização da assistência social tem como base as seguintes diretrizes: I - descentralização político-administrativa