Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ALTERAÇÕES EM ALIMENTOS. Os alimentos são sistemas complexos, que possuem nutrientes, substratos e reagentes diferentes, possibilitando o desencadeamento de diversas reações, além do desenvolvimento de microrganismos. Podem ocorrer reações benéficas ao produto final ou reações indesejáveis, que alteram as propriedades organolépticas dos alimentos. Alterações são todas as mudanças que tornam o alimento indesejável ou inadequado à sua ingestão. Os alimentos, segundo sua resistência aos processos de alterações, principalmente os de origem microbiana, se dividem em 3 grupos: perecíveis, semi perecíveis e não perecíveis. ALIMENTOS PRECÍVEIS OU ALTERÁVEIS Característica: se deterioram facilmente. Alimentos pertencentes ao grupo: leite, Carnes, pescados, milho verde, aspargo fresco, tomate, pêssego, etc. ALIMENTOS SEMI PERECÍVEIS OU SEMI ALTERÁVEIS: Característica: se conservam mais do que os do grupo anterior, porém por tempo limitado. Alimentos pertencentes ao grupo: beterraba, batata madura, cenoura, nabo, frutas maduras, amêndoa, noz, etc. ALIMENTOS NÃO PERECÍVEIS, ESTÁVEIS OU NÃO ALTERÁVEIS: Característica: seu tempo de conservação é quase indefinido, sob temperatura comum. Alimentos pertencentes ao grupo: açúcar, farinhas, leguminosas secas, cereais, etc. ALTERAÇÕES EM ALIMENTOS REFLETEM SOBRE: Características sensoriais. Composição química. Estado físico. Estado de sanidade. Valor nutritivo. CAUSAS: Crescimento e atividade de microrganismos; Ação de enzimas presentes nos alimentos; Reações químicas não enzimáticas; Alterações provocadas por insetos e roedores; Mudanças físicas, como aquelas ocasionadas por agentes mecânicos. As alterações podem ser de ordem biológica, química ou física. DETERIORAÇÃO PROVOCADA POR MICRORGANISMOS. Principal causa de alterações em alimentos: que mais danifica o alimento. Modifica as características sensoriais e pode conferir ao alimento toxinas perigosas, impedindo muitas vezes o seu consumo. Alimentos muito vulneráveis: aqueles que sofrem processos de subdivisão, submetidos a repetidos contatos manuais e aqueles preparados com vários ingredientes (pasteis, doces com recheio, etc.). Fatores que afetam o crescimento de microrganismos: Fatores intrínsecos: o Atividade de água(Aw). o Ph. o Potencial de óxido-redução(Eh). o Constituição do alimento. o Presença de antimicrobianos naturais. Fatores extrínsecos o Temperatura. o Atmosfera(gases). o Umidade. Pode ser classificada como bacteriana ou fúngica. Está diretamente relacionada ao fato de os alimentos possuírem quantidade suficiente de nutrientes e metabólitos, que servirão de substrato para o crescimento de bactérias e fungos (leveduras e mofos). DETERIORAÇÃO FÚNGICA: Alimentos deteriorados: cor e sabor alterados, cheiro desagradável, superfície pegajosa ou presença visível de mofo. Os fungos crescem principalmente quando há condições específicas: o pH ácido o Atividade de água (Aw) inferior a 0,94 o Temperatura entre 25 e 28°C o Alimento rico em carboidratos Os microrganismos precisam de água para manutenção de seu metabolismo e sua multiplicação. Microbiologia: os fungos podem ser classificados como leveduras (fungos unicelulares) ou mofos (bolores – fungos filamentosos). DETERIORAÇÃO BACTERÍANA Ocorre devido ao desenvolvimento de bactérias no alimento. Maioria das vezes não é possível visualizar a contaminação, porém a deterioração bacteriana modifica a composição química dos alimentos. Altera as propriedades organolépticas dos produtos, sendo perceptível ao paladar e olfato. Exemplo: formação de biofilme na superfície dos alimentos, alterando a viscosidade de carnes e embutidos. Em geral, os alimentos deteriorados também perdem o seu valor nutritivo, já que os microrganismos, ao multiplicarem, utilizam ou alteram os nutrientes. Putrefação é a decomposição anaeróbia de proteínas com produção de compostos de aroma desagradável devido à formação de ácido sulfídrico, indol, putrescina, etc. REAÇÕES DE ESCURECIMENTO NÃO ENZIMÁTICO Os alimentos podem sofrer reações de escurecimento provocadas por reações oxidativas e não oxidativas. o Não oxidativas: caramelização e reação de Maillard. o Oxidativa: degradação do ácido ascórbico (vitamina C). formação de pigmentos escuros, de cor marrom e conhecidos com o nome de melanoidinas. Polímeros insaturados cuja cor varia de acordo com seu peso molecular, indo de marrom claro até preto. Reação desejável na fabricação de cerveja, pão, café, cacau, amendoim, batata frita, produção de caramelo. Indesejável em frutas desidratadas, ovo em pó, suco concentrado de frutas, etc. CARAMELIZAÇÃO Reação não oxidativa que ocorre durante o aquecimento de carboidratos, resultando na sua degradação. O aquecimento acarreta a quebra das ligações glicosídicas, originando novas reações e formando polímeros insaturados, denominados caramelos. Caramelo: o É caracterizado como um corante de coloração marrom que pode agir também como flavorizante. REAÇÃO DE MAILLARD Conhecida também como escurecimento não enzimático. Ocorre quando há interação de grupos amina de aminoácidos, peptídeos e proteínas com um aldeído (açúcar redutor), resultando sempre na degradação dos carboidratos (açúcares) com formação de pigmento escuro. Açúcares redutores: glicose, frutose, galactose, maltose e lactose. O açúcar utilizado nessa reação é um açúcar redutor. Os produtos de degradação gerados durante a reação formam novos compostos escuros e de alto peso molecular, contendo nitrogênio na molécula(melanoidinas.) Há ainda a formação de produtos voláteis responsáveis pelo aroma característico. É lenta a temperaturas baixas e sua velocidade duplica a cada aumento de 10°C a partir de 40° até 70°C. Desejável em diversos alimentos, como doce de leite, pães e café. Propicia sabor agradável, confere aroma ao produto e cor característica, agradando os consumidores. Não desejável em alimentos como leite em pó, ovos e derivados desidratados. Pode resultar em perdas de aminoácidos e no desenvolvimento de sabor e aromas indesejáveis. Dentre os fatores que afetam a velocidade da reação de Maillard, estão: o Temperatura, pH, natureza do carboidrato, natureza do aminoácido, atividade de água e catalisadores . Ocorre em 3 fases que irão definir sabor, aroma e coloração do produto. OXIDAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO: Responsável pelo escurecimento de sucos cítricos concentrados, principalmente de limão e tangerina. Quando aquecido em meio ácido, o ácido ascórbico reage com os açúcares, formando o furfural, que poderá sofrer polimerização, originando as melanoidinas. REAÇÕES DE ESCURECIMENTO ENZIMÁTICO Podem ser observadas em frutas e vegetais (ex.: maçãs e batatas) quando há ruptura da célula (amassada, cortada ou triturada) apresentam zonas de pigmentação escura. Ocorre em alimentos ricos em compostos fenólicos na presença de oxigênio por meio da enzima polifenoloxidase (PPO), originando polímeros visíveis de coloração característica. Quando ocorre a oxidação enzimática de compostos fenólicos, o produto inicial da oxidação é a quinona,que se condensa rapidamente, formando pigmentos escuros insolúveis denominados melaninas. Reação traz mudanças indesejáveis nos alimentos: escurecimento, alteração do aroma e diminuição do valor nutricional. Indústria de alimentos: pode ser utilizado de forma positiva, como na maturação de tâmaras, secagem de grãos de cacau e no desenvolvimento de seu aroma. Para que ocorra o escurecimento enzimático é necessário que haja a presença de oxigênio, substrato e da enzima. Como evitar o escurecimento enzimático: o Diminuir o pH, o que inativa a enzima responsável pelo escurecimento (pH ≤ 4); o Utilizar água quente ou vapor (branqueamento) a fim de inativar a enzima; o Adicionar substâncias redutoras que inibam a ação da PPO ou previnam a formação da melanina (como ácido ascórbico e sulfitos). o Eliminar o oxigênio por meio da utilização de embalagem a vácuo. O escurecimento enzimático é responsável: o Por cerca de 50% das perdas de frutas tropicais; o Pela formação de pigmentos escuros; o Pela diminuição da vida útil dos alimentos; o Pela diminuição do valor nutritivo; o Por prejuízos na aparência dos vegetais e frutas; o Pela diminuição no valor de mercado. o A enzima PPO é encontrada praticamente em todos os tecidos vegetais, mas apresenta-se em concentrações especialmente altas em cogumelo, batata, pêssego, maçã, banana, manga e abacate. RANCIDEZ EM ALIMENTOS GORDUROSOS Os lipídios são formados por uma mistura de tri, di e monoacilgliceróis, ácidos graxos livres, glicolipídios, fosfolipídios, esteróis e outras substâncias. Em diferentes graus, pode ocorrer a oxidação desses lipídios, sendo que as estruturas mais suscetíveis à oxidação são os ácidos graxos. OXIDAÇÃO DOS LIPÍDIOS: Causa o desenvolvimento de sabores e odores indesejáveis, tornando os alimentos impróprios para o consumo; Leva à degradação de vitaminas lipossolúveis e de ácidos graxos essenciais; Acarreta a formação de radicais livres que são prejudiciais para a saúde. Além da oxidação (rancidez oxidativa), os lipídios podem sofrer lipólise (rancidez hidrolítica) que consiste na hidrólise das ligações éster. RANCIDEZ HIDROLÍTICA (LIPÓLISE): Consiste na hidrólise das ligações ésteres dos lipídios, sendo catalisada pelas lipases (enzimas) ou pela ação de calor e umidade, liberando os ácidos graxos. Altera a qualidade das gorduras, resultando no desenvolvimento de sabor e odor indesejáveis. A gordura do leite e de seus derivados é muito suscetível à rancidez hidrolítica, pois contém lipases. Quando essa reação ocorre em produtos lácteos, há liberação de ácido butírico, o que altera as propriedades organolépticas do alimento. As lipases são responsáveis pelo ranço hidrolítico, provocando: o Sabor de sabão o Aumento da acidez o Aumento da sensibilidade dos ácidos graxos à oxidação Para controlar essa reação, pode ser utilizado tratamento térmico para inativar a enzima. Além disso, pode-se eliminar água do alimento ou utilizar baixas temperaturas. RANCIDEZ OXIDATIVA Principal responsável pela deterioração de alimentos ricos em lipídios. É a alteração da matéria graxa por oxidação, intimamente ligada à presença de ácidos graxos insaturados. o Nas mesmas condições de conservação e armazenamento, oxida- se em primeiro lugar a gordura de maior quantidade de ácidos graxos insaturados, em virtude da presença de duplas ligações. À medida que as duplas ligações aumentam, mais curto é o tempo de conservação das gorduras, como acontece com as gorduras de peixe, óleo de linhaça, etc. A oxidação das gorduras provoca a “rancidez” ou “ranço oxidativo”. Envolve uma série muito complexa de reações químicas que ocorre entre os ácidos graxos insaturados dos lipídios e o oxigênio atmosférico. Reação que acontece em três estágios: iniciação, propagação e terminação. INICIAÇÃO: Ocorre a formação de um pequeno número de moléculas de ácidos graxos muito reativos que possuem elétrons não pareados (radicais livres – R*). Radicais livres têm vida muito curta e são altamente reativos. PROPAGAÇÃO: • São formados radicais peróxi por meio da reação com o oxigênio atmosférico • Também são altamente reativos e reagem com outros ácidos graxos insaturados, produzindo hidroperóxidos (ROOH) e outro radical livre (R*), prosseguindo a reação. TERMINAÇÃO Quando a concentração de radicais livres é elevada, esses começam a reagir entre si, formando produtos estáveis. Resumo: cadeias insaturadas de ácidos graxos se rompem peróxidos aldeídos, álcool, cetonas, hidrocarbonetos odor desagradável. Ao final das reações, o alimento apresentará alterações de aroma, sabor, cor e consistência. Os radicais livres também reagem com as proteínas, diminuindo sua solubilidade e seu valor biológico. Leva à degradação de ácidos graxos poli- insaturados essenciais e de vitaminas lipossolúveis. É influenciada pelos fatores: o Luz (ação fotoquímica da luz) o Oxigênio livre no interior da embalagem o Vestígios de metais pró-oxidantes (Cu, Ni, Fe) Calor (fornecendo energia de ativação para provocar o início da auto-oxidação). O aumento da quantidade de radicais livres em um óleo de fritura é mais elevado do que em alimentos armazenados ou processados em temperaturas moderadas. POR: Isadora Abade Fonte: Professora Raina Propp
Compartilhar