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Fichamento do texto Ordem Senhorial e Crescimento Feudal

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Fichamento do texto Ordem Senhorial e Crescimento Feudal (pp. 109/143)
Inicialmente, a aristocracia é vista como uma classe dominante no ocidente medieval, uma junção entre o comando sobre os homens, o seu poder sobre a terra e sua atividade guerreira. Segundo Joseph Morsel, a aristocracia apresenta principalmente uma dominação social exercida por uma minoria. A nobreza vista como grupo social, é uma forma tardia da aristocracia medieval, apresenta então uma separação entre uma minoria que exibe sua superioridade e a massa dos dominados.
Nos séculos XII e XIII, a aristocracia era considerada como uma diferença entre dois grupos sociais distintos existentes, os magnates e os milites. Os milites eram os cavaleiros do castelo, porém a cavalaria podia se ascender pela celebração de um ritual, o adubamento, e a mesma possui um próprio código de ética. O adubamento é um ritual, presente desde o fim do século XI, onde ocorre uma entrega e de armas. Posteriormente, apresenta em forma de ritual. A igreja acaba tendo um papel importante nesse ritual, pois é derivada da liturgia da atribuição dar armas aos reis e príncipes.
Seguindo o estudo sobre a aristocracia, uma das formas de demonstrar o poder aristocrático foi a construção de castelos, demonstrando o poder de dominação sobre as terras e os homens. Era o local de moradia do senhor, seus próximos e soldados. Também era o centro de exploração rural e artesanal e o centro de poder. 
A aristocracia tinha como principal atividade a guerra, possuía uma lógica própria e tinha como causa principalmente o fundamento do código de honra dos aristocratas e seu dever de vingança. Outra atividade, com início no século XIII, são os torneios que exibiam a dominação da aristocracia e produziam as tensões entre facções aristocráticas. Todas as atividades da nobreza tinham uma finalidade material e uma significação simbólica e sofria condenações por parte da igreja.
Voltando a um tópico citado anteriormente, os cavaleiros possuíam um código de valor, porém também existia canções de gesta e romances da cavalaria, que tinham como papel enaltecer a proeza, força física, coragem, honra, menosprezo pelos humildes entre outros. Porém, esses valores dos cavaleiros são insuficientes e a igreja surge e reestrutura os códigos dos cavaleiros tendo em vista um mesmo ideal, o ideal dos antigos valores de justiça e paz. Com isso, a aristocracia recebe um acréscimo de legitimidade. Porém, ocorre conflitos entre cavaleiros e clérigos. 
Um outro fator da aristocracia medieval, foi a criação como diz a autora Anita Guerreau-Jalabert, do amor cortês. Foi uma arte refinada do amor, que mostrava a superioridade dos nobres e tinha como objetivo a diferença com os dominados. Criava assim, uma aproximação com a ideologia do clero, buscando um amor elevado. Graças a isso, a igreja dava uma justificativa a aristocracia para sua dominação social e coesão interna.
Indo para outro ponto sobre a sociedade medieval, existia também as relações feudo-vassálicas, que hoje segundo Robert Fossier, pode ser reduzida para uma porção pequena da população medieval (1%/2%) e esse laço era mais um dos tipos que demonstravam a distribuição do poder da aristocracia. O vassalo é um homem de seu senhor e possuía serviços conforme os costumes feudais, como incorporar as operações militares, ocasionando a formação dos exércitos feudais, a ajuda financeira e o aconselhamento do senhor. Em troca, o senhor dá a seu vassalo proteção, respeito e um feudo. Essa relação vassálica é feita através de um ritual, a homenagem, esse ritual possuía três partes principais, o engajamento verbal do vassalo, o juramento prestado sobre a bíblia e finalmente, a investidura do feudo com o uso de um objeto simbólico. 
Porém posteriormente, os laços vassálicos são vítimas de seu próprio sucesso, apresentando dificuldades, pois principalmente um nobre prestava homenagens a vários senhores. Outro fator que atrapalhava era o feudo ser um patrimônio familiar do vassalo, e muitas vezes suas gerações não tinham o reconhecimento das obrigações vassálicas. Esses problemas acompanharam um processo de disseminação da autoridade.
No século X, grandes regiões eram constituídas em condados ou ducados. Seguindo no final do século XI, um dos quadros elementares do poder sobre o homem era então a disseminação da autoridade até os níveis locais da organização social, os reis tinham uma capacidade fraca de comando do poder. Joseph Morsel mostra o processo de ancoragem espacial do poder, no qual deve-se analisar o poder não em termos de fragmentação e sim numa forma positiva. A ordem reinava no mundo feudal e não sem eficácia, ocorre um desenvolvimento do mundo rural juntamente com uma dispersão feudal da autoridade.
 O autor então aborda outro tema sobre a vida medieval, a relação entre os senhores e seus produtores. Allan Guerreau dá o nome de dominium, a dominação feudal presente nessa época. A base fundamental dessa relação social é a de designar todos habitantes a um senhorio.
Durante o fim da Alta Idade Média, o hábito rural era disperso e instável e a partir da segunda metade do século X inicia-se um remanejamento da zona rural, com transformações das terras em terrenos cultiváveis e de conquistas de novos solos, assim como a reestruturação dos patrimônios eclesiásticos. Se esse movimento não é considerado uma revolução, segundo Robert Fossier é então uma mutação, esse movimento não era homogêneo e se realizava segundo cronologias e regiões diferentes. Seguindo o pensamento de Robert Fossier, ocorre um fenômeno do encelulamento, no qual ocorre um reagrupamento dos homens no interior de entidades sociais definidas por um centro.
Ocorre atualmente um debate sobre o ano mil na era medieval, no qual defensores da mutação, apoiam que na época ocorre uma fase aguda do processo de encelulamento e de formação dos quadros senhoriais. Outros autores apresentam a paz de Deus, uma proclamação feita por bispos e assembleias, que mostra uma manutenção de uma ordem senhorial que a igreja pretende dominar e que não opera nenhuma mudança da classe dominante.
Voltando a questão da relação do dominium, atualmente não se acredita mais que todos os produtores do senhor feudal fossem servos, segundo Georges Duby, a servidão não era a forma central de exploração do feudalismo. A mesma é uma forma intermediária entre escravidão e liberdade, e é apenas uma forma de exploração dente outras. Também tinha uma dupla origem, fundiária e de disseminação do poder político. Três pontos principais definem o limite da liberdade do servo: o chevage, a mainmorte e o formariage. Um aspecto do poder do senhor é a possibilidade de exercer ele próprio a justiça, transformando assim a justiça em senhorial e fundiária. Na relação do dominium, era presente as corveias, trabalhos devidos nas terras do senhor que acabam tornando-se o emblema do sistema senhorial.
Durante o século XIII, surgem nas aldeias uma elite de trabalhadores que se elevam acima dos demais, com uma forte diferenciação interna. Durante essa época, é apresentado uma relação de senhor e produtores com relativo equilíbrio, porém frágil. Contudo, aparece uma urgência de formas de auto-organização da população aldeã, causando lutas entre dominantes e dominados. A comunidade aldeã possui uma personalidade moral e reúne-se em uma assembleia para tomar decisões e eleger representantes. As aldeias geralmente possuíam cartas de franquia, com obrigações do senhor e de seus dependentes, porém essas relações são negociadas e mostram apenas o interesse da elite camponesa.
Com o passar do tempo, os senhores interviam cada vez com menos frequência nas atividades produtoras que eram organizadas então no quadro da aldeia de maneira autônoma em relação aos senhores. Um outro fator é que mesmo que a aldeia dependa de vários senhores, o dominium surge como uma forma de dominação total, concentrando um poder localizado, ocasionando uma fusão de controle de terras e de dominação dos homens. Isso leva o conceito de Edward Thompson,em que o principal conceito da tradição feudal não era o da propriedade e sim de obrigações recíprocas. O senhor era aquele que possuía a terra, não para exibição de sua grandeza ou de um título de propriedade, e sim porque ele é que a protege e exerce dominação.
Referência
LE GOFF, Jacques. A Civilização do Ocidente Medieval. vol 1. Lisboa: Estampa,1983. pp.109-143.

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