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DIREITO INTERNACIONAL PÚBLICO - CASO CLAUDIA SOBRAL. PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA.

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CASO CLAUDIA SOBRAL - PERDA DA NACIONALIDADE BRASILEIRA
Identificação do caso: fatos que originaram a disputa; os direitos e obrigações do Estado/Organização Internacional em questão; desenvolvimento do processo. 
Claudia Sobral, cantadora brasileira, foi acusada pelos Estados Unidos de matar o ex-marido Karl Hoerig, ex-piloto da Aeronáutica norte-americana, a tiros em março de 2007. 
No mesmo dia em que o crime foi cometido, Claudia fugiu para o Brasil. Ela ficou presa em Brasília desde abril de 2016, à disposição do governo americano e foi extraditada em 2018 após a decisão acordão tal.
Claudia morava nos Estados Unidos desde 1990, quando se casou com um médico norte-americano. O casamento lhe garantiu um green card, permissão de residência concedida pelo governo americano a estrangeiros que atendem a certos critérios.
Durante o casamento, tentou conseguir permissão para trabalhar como contabilista, sua profissão, nos Estados Unidos. No país, é uma atividade muito bem remunerada, mas que ela não conseguiu exercer, porque precisaria de um certificado de fé pública, (que não é concedido a estrangeiros).
Em 1999, já depois de divorciada do médico, decidiu se naturalizar americana. Segundo ela, para poder prestar serviços de contadora. Em 2005, casou-se com Karl Hoerig.
Antes de se naturalizar, ela trabalhava como assistente em escritórios de contabilidade, ganhando cerca de US$ 1 mil por mês. Com a licença para ser contadora, o salário aumentou para US$ 5 mil. Os advogados de Claudia afirmam que ela tem uma carteira de mais de 100 clientes
O processo de naturalização é o cerne dos movimentos incomuns que o caso teve desde 2007. Para se tornar cidadã americana, Claudia Sobral teve fazer um juramento à bandeira dos Estados Unidos.
Os juramentos, geralmente são feitos em galpões e aos milhares ao mesmo tempo, contém um trecho em que o candidato a cidadão declara: “Eu absolutamente e inteiramente renuncio a qualquer lealdade e fidelidade a qualquer principado, potestade, Estado ou soberania estrangeiros a quem ou ao qual eu tenha anteriormente tenha sido um cidadão ou sujeito de direitos”.
Em 2007, a família de Karl Hoerig acionou o deputado Tim Ryan para que ele cobrasse a Secretaria de Estado dos EUA por providências. Afinal, era um veterano de guerra cujo assassinato estava impune. O órgão, responsável pela representação internacional do país, informou, em dezembro daquele ano, que o tratado de extradição assinado com o Brasil, de 1961, não previa a extradição de nacionais, de nenhum dos lados.
Além disso, explicou a Secretaria de Estado em carta ao deputado, a Constituição Federal do Brasil proíbe a extradição de nacionais brasileiros. Ambos os governos estavam, portanto, de mãos atadas. Claudia teria de responder ao processo no Brasil, seguindo o rito do Código de Processo Penal brasileiro, sujeita às penas brasileiras. Não poderia ser condenada à morte nem à prisão perpétua.
O fato de Claudia Sobral ser brasileira nata, gerou a disputa entre o Brasil e a EUA. 
No entanto, no decorrer da lide ficou evidenciado que Cláudia para exercer a profissão de contadora, renunciou a nacionalidade brasileira para se tornar cidadã americana e ter a fé pública que precisava para exercer sua profissão de contadora. 
Em 28/03/2017 saiu um acórdão julgado pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal, denegando a ordem da liminar, declarando a perda da nacionalidade brasileira, pois ela não se enquadrava nas hipóteses de exceções constitucionalmente previstas para a aquisição de outra nacionalidade, sem perda da nacionalidade brasileira. 
Síntese da Matéria de Direito
O caso em questão trata de dois temas relevantes para o direito, o Constitucional e o Direito Internacional Público: Nacionalidade e Extradição. 
A nossa Constituição protege os brasileiros natos para que não sejam extraditados, exceto em casos de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins. 
CF/88 Art: 5°, LI: nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
Na defesa da Cláudia, foi utilizado esse dispositivo para que ela cumprisse a pena no Brasil e não fosse extraditada.
No entanto, no decorrer da lide ficou evidenciado que Cláudia para exercer a profissão de contadora, renunciou a nacionalidade brasileira voluntariamente mesmo após já ter um gren card para morar no país e se tornar cidadã americana, consequentemente ter a fé pública que precisava para exercer sua profissão de contadora.
Sendo a matéria de competência do Supremo Tribunal Federal, foi suscitado outro dispositivo constitucional. Vejamos:
CF/88 Art: 12, parágrafo 4°: Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que:
II – adquirir outra nacionalidade.
Salvo nos casos de reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira ou imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou para o exercício de direitos civis, o que não foi o caso. 
 Pela 1 Turma do STF foi decidido que o brasileiro, nato ou naturalizado, poderá perder a nacionalidade brasileira e ser extraditado, se optar voluntariamente pela nacionalidade estrangeira MANDADO DE SEGURANÇA 33.864 DISTRITO FEDERALTAL.
A doutrina majoritária ensina que a nacionalidade poderá ser perdida em razão das seguintes situações: mudança de nacionalidade, casamento, naturalização, cessão ou anexação territorial, pela renúncia pura e simples, por algum ato incompatível com a qualidade de nacional, pela presunção de renúncia em consequência de residência prolongada em país estrangeiro, sem intenção de regresso.
Requisitos para o processo de extradição:
• É necessário haver uma ordem de prisão emitida pela autoridade competente do país requerente;
• O motivo da extradição precisa estar tipificado como crime no país requerente e no país requerido;
• Após a tipificação como crime, sua gravidade deve ser considerada significante;
• É necessário haver a expectativa de um julgamento justo. Alguns países podem negar a extradição quando o país requerente impõe a pena capital ao extraditado.
Síntese da ratio decidendi: quais foram as razões do julgamento? 
A ratio decidendi é expressão latina que aponta a razão para decidir, ou seja, a argumentação jurídica que é o fundamento da decisão sobre os fatos da causa.
No referido caso da Sra. Cláudia Sobral, sobre a perda de nacionalidade brasileira (EXT 1462, Min. ROBERTO BARROSO, Primeira Turma, julgado de de 28/03/2017, a argumentação jurídica foi embasada pelo fato de que a mesma renunciou a nacionalidade brasileira ao adotar a nacionalidade americana em 1999. E após essa data, em 2013 foi expedida uma portaria do Ministério da Justiça que informava  a decretação da perda da nacionalidade brasileira, para aqueles que adquiriram de forma voluntária a nova nacionalidade. O referido crime de assassinato ocorreu em 2007. 
	A nacionalização da contadora foi no ano de 1999, a mesma optou pelo processo, porque precisava ter Fé Pública para que os atos de contabilidade tivessem respaldo junto a lei americana, que assim o exigia, já que os mesmos não poderiam ser desempenhados por estrangeiros, a contadora consegui tal feito e deslanchou na carreira, que era até então bem sucedida até a data do crime. 
	O ponto central da discussão é que a assassina já era portadora do Green Card, e este por si só já lhe auferia plenos poderes de direitos de gozo da vida civil nos Estados Unidos, e assim não haveria necessidade de optar pela naturalização americana que ocorreu de forma voluntária, nação sendo na visão do Ministro justificativa de que era para se obter fé pública nos atos de contadora, portando tal ato ensejou a sua volta aos Estados Unidos sua pátria escolhida.
O Ministro Roberto Barroso, afirmou em seu voto, que a “brasileira”, umavez que jurou fidelidade e lealdade a bandeira americana em um ato solene de aquisição de nova nacionalidade, assim não gozava mais da prerrogativa de ser uma nacional aqui no Brasil, e que assim sendo concordava, com a extradição da mesma, para que assim fosse cumprida a pena de crime de assassinato no Estado de Ohio.
Como medida de trato de dignidade da pessoa humana, junto ao caso Brasil e EUA possuem alguns acordos internacionais que no caso de extradição de nacionais entre os dois países o extraditado ao ter que cumprir pena na América do Norte em um Estado que tenha prisão perpetua ou pena de morte teria que cumprir uma pena que seja semelhante ao da sua pátria antiga.
Considerações Finais
No caso em tela, Cláudia renunciou sua cidadania brasileira de forma voluntaria, ela quis mesmo já tendo um “gren card” do País para residir lá. Considerando isso, ela não entra nas exceções do artigo Art: 12, parágrafo 4°, segundo o qual “Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: II – adquirir outra nacionalidade.”
No decorrer da lide, restou evidenciado que com essa renúncia a nacionalidade brasileira de forma voluntaria, Claudia Sobral responderá pelos crimes que cometeu no Exterior, pois não é mais considerada brasileira, como consequência ser extraditada para responder pelos crimes que cometeu. 
Referências Bibliográficas
<https://www.conjur.com.br/2018-jan-18/governo-extradita-brasileira-nata-acusada-homicidio-eua> Acesso em 18/05/2019
<http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=406486> Acesso em 18/05/2019
<http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/noticia/2018-01/brasileira-que-perdeu-nacionalidade-e-extraditada-e-ja-esta-presa> Acesso em 18/05/2019
<https://s.conjur.com.br/dl/acordao-ms-33864.pdf> Acesso em 18/05/2019
<https://rafaelsiqueira7902.jusbrasil.com.br/noticias/387056099/stf-publica-acordao-que-declarou-perda-de-nacionalidade-de-brasileira> Acesso em 18/05/2019

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