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II UNIDADE: A HISTÓRIA DO PENSAMENTO ANTROPOLÓGICO
II.I A Curiosidade Intelectual e o Interesse pelo Exótico
-Expansão europeia sec. XV, viagens de descobrimentos que suscitam curiosidade; vontade de apreender e compreender os outros povos que eram descritos através de relatos. 
-Instaura-se o Duplo discurso (nós e os outros), discurso sobre os europeus e não europeus, estes últimos considerados povos bárbaros exóticos, selvagens e atrasados.
O duplo discurso conheceu ao longo do tempo outras formas de manifestação:
Na antiguidade clássica, discurso sobre os gregos e não gregos (bárbaros)
Na idade média, discurso sobre cristãos e não cristãos (pagãos) 
Estas formas de manifestação do duplo discurso, tem em comum o facto de se valorizarem uns em detrimento de outros. Neste caso, a valorização dos gregos em relação aos não gregos; dos cristãos em relação aos não cristãos e dos europeus em relação aos não europeus.
Para além da noção do duplo discurso, outras noções marcaram o processo do surgimento e Desenvolvimento da Antropologia cultural, entre elas a Exclusão ideológica - povos não europeus excluídos do ideal da humanidade, por razões ideológicas de dominação e exploração, a Inclusão científica - povos não europeus tomados como objecto de conhecimento científico, com interesse de encontrar elementos para sustentar a dominação e a exploração e o Etnocentrismo - crença na superioridade dos europeus em relação aos restantes povos não europeus que passam a ser analisados com base no modelo de vida europeu. 
Em 1923, dá-se uma viragem na Antroplogia com a teoria do desigual Desenvolvimento histórico e social, desenvolvida por Marcell Mauss, que ficou conhecido como Fundador teórico da Antropologia. Esta teoria veio libertar a Antroplogia da perversão ideológica e contribuiu para a afirmação da Antropologia cultural como ciência, poi nesta altura além de abandonar a perspectiva de culturas superiores e inferiores para a perspectivas de diferenças e semelhanças entre culturas começam a ser desenvolvidas teorias e métodos próprios desta disciplina. Antes disso, as análises eram feitas com base em métodos e teorias de outras ciências como a História e a Filosofia.
II.II. Principais períodos da História do pensamento antropológico 
PERÍODO: O problema das origens – antiguidade clássica até sec XIX
PERÍODO: O problema da função e estrutura – Sec XIX até hoje.
I.O problema das origens
Há uma grande preocupação com a questão das origens da vida, dos seres e da cultura;
Foram realizadas viagens de descobrimentos que suscitaram a curiosidade e o desejo de conhecer melhor os outros povos
O período do problema das origens compreende três fases:
I.I. Fase da curiosidade (da antiguidade clássica até finais do sec. XVIII)
Na antiguidade clássica, escritores gregos, poetas e historiadores, faziam publicações baseadas no imaginário’
Há uma necessidade de viajar para um contacto pessoal e observação directa da realidade, de modo a fazer descrições circunscritas, objectivas e exáctas;
Cavaleiros, frades e comerciantes ao serviço do papa e do monarca, começam a empreender longas viagens;
Inicialmente, as viagens tinham interesses comerciais e religiosos, que mais tarde degeneraram em interesses imperialistas; e
As interpretações continuam imaginosas.
I.II. Fase da comparação iluminística (inícios do sec. XVIII até seg.1/2sec.XIX )
Passa-se da simples curiosidade e descrição etnográfica para uma nova problemática de comparação etnológica
Exs: Lafitau– Missionário jesuita, compara, em 1724 a cultura iroquesa e dos povos da Bíblia, onde procura explicar as semelhanças (Busca vestígios da antiguidade na cultura dos ameríndios).
 Charles de Brosse (1760) – Compara a cultura dos negros e dos povos da antiguidade clássica.
Predomina a tentetiva de explicação da cultura europeia em comparação com os “povos selvagens”;
Foi superada a fase da curiosidade, mas as deduções continuam ideológicas e subjectivas;
Inicia a sistematização dos conhecimentos etnográficos.
I.III.Fase da análise evolutiva ou da sistematização científica (Sec. XIX)
Dá-se a expansão da cultura europeia;
Sistematização e afirmação da Antropologia como ciência;
Preocupação com a questão das origens da vida, dos seres e da cultura;
A Natureza e a Cultura correspondem a uma ordenação unilinear evolutiva (evolução e progresso); e
Nesta fase destacam-se alguns nomes como:
Herbert Spencer (1820 - 1903), constata que o mais simples e mais pobre é sempre mais antigo que o mais complexo e rico – Lei do Desenvolvimento uniforme e lógico do mais simples ao mais complexo, do mais baixo ao mais alto e do homogénio ao heterogénio.Vê no homem primitivo o primeiro grau da Evolução da humanidade.
Spencer desenvolveu o modelo organicista, onde defende que o organismo biológico é composto por diversas partes(órgãos) interligadas e cada uma delas desempenha uma função para o seu pleno funcionamento.
Charles Darwin(), Discute o problema da variedade dos seres. Enquanto os naturalistas defendem a criação separada dos seres vivos, Darwin, defende a ideia de modificações orgânicas pela adaptação biológica ao meio ambiente.
Darwin procurou fazer uma demonstração biológica da evolução do mais simples ao mais complexoe aperfeiçoado.
O modelo Darwiniano começa a assumir um grande protagonismo no campo da Antropologia, servindo de base para as abordagens evolucionistas deste ramo do saber, que passam a falar do antes e depois, de inferior e superior, ao contrário dos iluministas que falavam de homem natural e selvagem ou exótico.
II.Problema da função e estrututa
Este período teve o seu início no Sec XIX e se prolonga até aos diaa de hoje 
II.III. Antropologia em África e em Moçambique colonial e pós-colonial
Não se pode falar da Antroplogia colonial de Moçambique, sem falar necessariamente da Antropologia de Portugal, pois a perspectiva antropológica do período colonial era do ponto de vista da potência colnial e feita pelos portugueses.
Em 1936, dá-se o início dos estudos antropológicos em Portugal, baseados nas várias correntes antropológicas que começavam a ganhar campo na Europa nessa época, portanto, algum tempo depois da teoria de Marcell Mauss. Essses estudos eram realizados a partir da Escola da Antropologia Física de Portugal.
Em 1940, houve a assinatura da concordata entre o governo colonial português e a igreja católica, a luz do qual, Portugal passou a conceder mais direitos de ensino às populações indígenas nas suas colónias. Paralelamente a isso, os missionários começaram a realizar alguns estudos antropológicos nas suas áreas ou circunscrições.
Em 1955, Jorge Dias e outros antropólogos da época, iniciam a partir de Portugal, estudos sobre o norte de Moçambique. Mais tarde, Jorge Dias é enviado a Moçambique para estudar os Macondes.
O interesse dos portugueses em estudar os Macondes é explicado pelo destaque que este povo teve na luta de resistência anti-colonial, quer por via da pacificação militar, assim como pela via da pacificação ideológica. E isso deveu-se essencialmente a dois factores:
Contacto com outros Macondes no exterior de Moçambique, concretamente no Kénia e Tanzania;
Experiência de Guerra adquirida durante as guerras entre os diferentes grupos etnoculturais na luta pela captura de escravos.
Em 1957, cria-se o instituto de investigação científica de Moçambique, por António Rita-Ferreira, onde foram publicadas obras académicas, tais como, os macondes de Moçambique, de Jorge Dias e alguns ensaios etnográficos para o conselho de Administradores, dado que nessa altura, para se ser administrador era condição, ter um conhecimento sobre a realidade cultural da área de jurisdição onde o indivíduo deveria trabalhar. Esse conhecimento era avaliado em função da qualidade do ensaio etnográfico produzido, e este dependia a nomeação ou não dos indivíduos propostos.
Exercicios
1. Explica porquê se considera as viagens de descobrimentos como marco dos estudos antropológicos.
2. Identificaro aspecto comum entre as várias formas de manifestação do duplo discurso
3. Explicar as noções de Exclusão ideológica e inclusão científica.
4. Em que medida se pode afirmar que o etnocentrismo contribuiu para a subjectividade na Antroplogia cultural.
5. “Durante longos anos a Antropologia cultural existiu sem ser reconhecida como ciência”
- Explica porquê.
6.Discuta a seguinte afirmação:
 “Marcell Mauss foi reconhecido como fundador teórico/pai da Antropologia cultural”
7. “Além de Mauss, outros dois autores foram também considerados pais da Antropologia cultural”
-Diga quais são esse autores e explica as razões que levaram cada um deles a ser considerado como tal.
8. Explicar o papel da concordata como marco dos estudos antropológicos em Moçambique.
9. Explicar as razões que ditaram a resistência anticolonial dos macondes do ponto de vista militar.
10. Explicar as razões que ditaram a resistência anticolonial dos macondes do ponto de vista ideológico.
Bibliografia
1. COPANS, Jean. Antropologia ciência das sociedades primitivas? Lisboa, Edições 70, 1999.
2. MUNANGA, Kabengele. Antropologia e a colonização da África, In: Estudos afro-asiáticos Nº1, Rio de Janeiro, 1978.
3. RITA-FERREIRA, A. Os africanos de Lourenço Marques, Lourenço Marques, IICM, Memórias do Instituto de Investigação científica de Moçambique, Série C, 9, 1967.

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