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0 para todo n e lim n→∞ un+1 un = L. Então (i) A série ∞∑ n=1 un converge se L < 1; (ii) A série ∞∑ n=1 un diverge se L > 1; (iii) Nada podemos a�rmar se L = 1. DEMONSTRAÇÃO: Seja ∞∑ n=1 un uma série tal que lim n→∞ un+1 un = L. Então, dado ε > 0 podemos encontrar K > 0 tal que, para todo n > K vale a desigualdade ∣∣∣∣un+1un − L ∣∣∣∣ < ε. Suponhamos que L < 1. Então existe q tal que L < q < 1 e isso implica que q − L < 1. Tomando ε = q − L podemos escrever ∣∣∣∣un+1un − L ∣∣∣∣ < q − L donde vem − (q − L) < un+1 un − L < q − L ou − (q − L) + L < un+1 un < q. Da última relação concluímos que un+1 < unq. Dessa relação temos que un+1 < unq un+2 < un+1q < unqq < unq 2 un+3 < un+2q < unq 2q < unq 3 · · · un+k < un+(k−1)q < unqk−1q < unqk e assim sucessivamente, de forma que un+1 + un+2 + un+3 + · · · < unq + unq2 + unq3 + · · · . 161 Note que unq+ unq 2 + unq 3 + · · · é uma série geométrica, com razão |q| < 1 e, portanto, convergente. Assim, pelo Teorema 5.9.8, a série ∞∑ n=1 un converge se L < 1. Por outro lado, suponhamos que lim n→∞ un+1 un = L > 1, então obteremos un+1 > un para todo n e, desse modo, lim n→∞ un 6= 0. Consequentemente, a série não possui a condição necessária para convergência. Logo, a série ∞∑ n=1 un diverge se L > 1. A parte (iii) do Critério de D'Alambert diz que, se lim n→∞ un+1 un = 1, então este critério é inconclusivo. Observe isso considerando os exemplos: ∞∑ n=1 1 n2 e ∞∑ n=1 1 n . Para ambas lim n→∞ un+1 un = 1, porém a primeira é uma série p, com p = 2, convergente e a segunda é a série harmônica que sabemos ser divergente. EXEMPLO 5.9.12 Usando o critério de D 'Alambert, estude a convergência da série ∞∑ n=1 2n n . Solução: Temos que un = 2n n e un+1 = 2n+1 n+ 1 . Logo, un+1 un = n2n+1 2n (n+ 1) = n2n2 2n (n+ 1) = 2n (n+ 1) e assim, pelo critério de D'Alembert, temos que L = lim n→∞ un+1 un = lim n→∞ 2n (n+ 1) = 2 > 1. Consequentemente, a série ∞∑ n=1 2n n é divergente. EXEMPLO 5.9.13 Estude a convergência da série ∞∑ n=1 1 n! . Solução: Temos que un = 1 n! e un+1 = 1 (n+ 1)! e então L = lim n→∞ un+1 un = lim n→∞ n! (n+ 1)! = lim n→∞ 1 n+ 1 = 0 < 1, portanto a série ∞∑ n=1 1 n! converge, pela critério de D'Alembert. 5.9.14 Critério de Cauchy ou Critério da Raíz TEOREMA 5.9.15 Seja ∞∑ n=1 un uma série tal que un > 0 para todo n e lim n→∞ n √ un = L. Então 162 (i) A série ∞∑ n=1 un converge se L < 1; (ii) A série ∞∑ n=1 un diverge se L > 1; (iii) Nada podemos a�rmar se L = 1. EXEMPLO 5.9.16 Usando o critério de Cauchy, estude a convergência da série ∞∑ n=1 ( n 2n+ 5 )n . Solução: Temos que n √ un = n √( n 2n+5 )n = n 2n+5 e aplicando o critério de Cauchy, obtemos que L = lim n→∞ n √ un = lim n→∞ n 2n+ 5 = 1 2 < 1, e concluímos que a série ∞∑ n=1 ( n 2n+ 5 )n é convergente. EXEMPLO 5.9.17 Estude a convergência da série ∞∑ n=1 52n 23n+1 . Solução: Temos que n √ un = n √ 52n 23n+1 = 52 23+ 1 n = 25 8.2 1 n . Assim, L = lim n→∞ n √ un = lim n→∞ 25 8.2 1 n = 25 8 > 1 e a série ∞∑ n=1 52n 23n+1 diverge, pelo critério de Cauchy. 5.10 Séries de Termos Positivos e Negativos DEFINIÇÃO 5.10.1 Seja un > 0 para todo n ∈ N. Denominamos série alternada à uma série da forma ∞∑ n=1 (−1)n−1 un = u1 − u2 + u3 − u4 + · · ·+ (−1)n−1 un + · · · EXEMPLO 5.10.2 A série ∞∑ n=1 (−1)n−1 1 np = 1− 1 2p + 1 3p − 1 4p + · · · + (−1)n−1 1 np + · · · é um exemplo de série alternada. 5.10.3 Convergência de uma série alternada Infelizmente todos os critérios de convegência vistos até o momento não são válidos para séries alternadas, pois eles exigiam que os termos da série fossem todos positivos. A seguir, passaremos a ver alguns resultados que são válidos para séries de termos positivos e negativos. 163 TEOREMA 5.10.4 (Teorema de Leibnitz) Considere uma série alternada ∞∑ n=1 (−1)n−1 un = u1 − u2 + u3 − u4 + · · ·+ (−1)n−1 un + · · · tal que (i) u1 > u2 > u3 > u4 > · · · (ii) lim n→∞ un = 0. Então são válidas as seguintes conclusões: (a) A série alternada é convergente. (b) A soma parcial Sn da série alternada é tal que 0 < Sn < u1. DEMONSTRAÇÃO: (a) Consideremos a soma dos 2n primeiros termos da série alternada. Suponhamos que os termos de ordem ímpar da série são positivos e os de ordem par são negativos. Se, por acaso o primeiro termo for negativo, iniciaremos a contagem em u2, pois a retirada de um número �nito de termos não afeta a convergência da série. Desse modo, o termo u2n−1 é positivo e o termo u2n é negativo. Assim, pela condição (i) temos que (u1 − u2) > 0, (u3 − u4) > 0, · · · (un − un+1) > 0, · · · (u2n−1 − u2n) > 0 de modo que S2 = u1 − u2 > 0 S4 = S2 + (u3 − u4) > S2 S6 = S4 + (u5 − u6) > S4 e assim sucessivamente. Portanto, obtemos que 0 < S2 < S4 < .... < S2n. Ainda, associando os termos de outra forma, obtemos que S2n = (u1 − u2) + (u3 − u4) + ...+ (u2n−1 − u2n) = u1 − (u2 − u3)− (u4 − u5)− ...− (u2n−2 − u2n−1)− u2n e, pela condição (i), cada termo entre parênteses é positiva. Portanto, estamos subtraindo uma quantidade positiva de u1, obtendo um resultado inferior a u1, de modo que 0 < S2n < u1. Com isso, segue que S2n é limitada e como 0 < S2 < S4 < · · · < S2n, também é monótona. Assim, concluímos que a sequência de somas S2, S4, · · · , S2n converge, pelo Teorema 5.5.8. Seja lim n→∞ S2n = S. Como S2n < u1, segue que S < u1. Sendo S2n+1 = S2n + u2n+1 e aplicando a condição (ii), temos que lim n→∞ S2n+1 = lim n→∞ S2n + lim n→∞ u2n+1 = S + 0 = S. Consequentemente as somas de ordem ímpar tem a mesma soma dos termos de ordem par. Finalmente, mostraremos que lim n→∞ Sn = S. Como lim n→∞ S2n = S, dado ε > 0 podemos encontrar K1 > 0 tal que |S2n − S| < ε sempre que 2n > K1. Como lim n→∞ S2n+1 = S, dado ε > 0 podemos encontrar K2 > 0 tal que |S2n − S| < ε sempre que 2n+ 1 > K2. Tomando K = max {K1, K2} , para todo n > K vale a desigualdade |Sn − S| < ε. Logo, lim n→∞ Sn = S e a série ∞∑ n=1 (−1)n−1 un é convergente. 164 EXEMPLO 5.10.5 Usando o teorema de Leibnitz, estude a convergência da série ∞∑ n=1 (−1)n−1 n+ 2 n (n+ 1) . Solução: Vamos veri�car se un satisfaz todas condições do Teorema 5.10.4. O termo geral da série é un = n+ 2 n (n+ 1) > 0 para todo n ∈ N. Agora, vamos veri�car se un > un+1 para todo n natural. Temos que n+ 2 n (n+ 1) > n+ 3 (n+ 1) (n+ 2) ⇔ (n+ 2) (n+ 1) (n+ 2) > n (n+ 1) (n+ 3) ⇔ n3 + 5n2 + 8n+ 4 > n3 + 4n2 + 3n ⇔ 4n2 + 8n > −1, que é verdadeiro para todo n natural. Assim, a primeira condição do Teorema 5.10.4 está satisfeita. Ainda, lim n→∞ un = lim n→∞ n+ 2 n (n+ 1) = 0. e então todas as exigências do Teorema 5.10.4 estão satisfeitas. Podemos concluir então que a série ∞∑ n=1 (−1)n−1 n+ 2 n (n+ 1) é convergente. 5.11 Série de Termos de Sinais Quaisquer DEFINIÇÃO 5.11.1 Denominamos série de termos de sinais quaisquer à toda série formada por termos po-sitivos e negativos. As séries alternadas são casos particulares das séries de termos de sinais quaisquer. EXEMPLO 5.11.2 A série ∞∑ n=1 sin(npi 6 ) = 1 2 + √ 3 2 +1+ √ 3 2 + 1 2 +0− 1 2 − √ 3 2 −1− √ 3 2 − 1 2 +0+ · · · é um exemplo de série de termos de sinais quaisquer. Veremos na sequência um teorema que permite veri�car se uma série de termos de sinais quaisquer é convergente. TEOREMA 5.11.3