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mais parecido com o domı´nio (−pi 2 , pi 2 ) porque os valores da tangente ficam muito grande em mo´dulo. CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 185 -1 3 1 2 0 -1 x 10,50-0,5 Figura: A func¸a˜o tangente (vermelho) e sua derivada (verde) restritas a (−1, 1). 3. Uma func¸a˜o que tende a zero oscilando Afirmac¸a˜o 3.1. A func¸a˜o f : [1,+∞)→ R dada por f(x) = sin(x2) x tem limx→+∞ f(x) = 0 mas na˜o existe limx→+∞ f ′(x). Demonstrac¸a˜o. Como | sin(x2)| ≤ 1 e limx→+∞ 1x = 0 enta˜o limx→+∞ sin(x 2) x = 0. Para x > 0, a derivada do quociente da´: f ′(x) = cos(x2) · 2x− sin(x2) · 1 x2 = 2 cos(x2)− sin(x 2) x2 e portanto quando x e´ muito grande f ′(x) ≈ 2 cos(x2), ou seja, f ′(x) percorre muitos valores no intervalo [−1, 1], portanto f ′(x) na˜o tende a nenhum valor espec´ıfico. � A Figura a seguir ilustra em vermelho a f e em verde f ′, com x ∈ [1, 10]: 2 0 1 104 8 -2 -1 2 6 x 4. CONFECC¸A˜O DE GRA´FICOS DE FUNC¸O˜ES RACIONAIS 186 Ja´ o comportamento de f(x) = sin(x 2) x quando x→ 0 sera´ tema do Exerc´ıcio 16.10 no Cap´ıtulo 22. 4. Confecc¸a˜o de gra´ficos de func¸o˜es racionais Exemplo: Considere y = f(x) = 1 2 − 4 x2+4 . Talvez a primeira coisa a se observar e´ que f(x) e´ uma func¸a˜o par, f(x) = f(−x), pois essa simetria em relac¸a˜o ao eixo dos y ajuda muito para confeccionar o gra´fico. Como f(x) = x 2−4 2(x2+4) , essa func¸a˜o se anula quando x = ±2 e e´ positiva exatamente quando |x| > 2. Ademais, uma bonita simplificac¸a˜o da´ f ′(x) = 8x (x2+4)2 . Ou seja que, x = 0 e´ ponto cr´ıtico e, ademais, e´ mı´nimo local pois nele a f ′(x) passa de negativa para positiva. Tambe´m e´ fa´cil ver que: lim x→+∞ f(x) = lim x→−∞ f(x) = 1 2 , embora sempre f(x) < 1 2 ; ou seja, y = 1 2 e´ ass´ıntota horizontal. Para ver se ha´ inflexo˜es fac¸o uma conta um pouco maior e obtenho: f ′′(x) = −8(3x 2 − 4) (x2 + 4)3 que se anula em x = ±2 3 √ 3. Ou seja, a concavidade de y = f(x) e´ para baixo em (−∞,−2 3 √ 3), muda para cima em (−2 3 √ 3, 2 3 √ 3) e volta a ser para baixo em (2 3 √ 3,+∞). A figura a seguir ilustra tudo isso (apenas qualitativamente, ja´ que as escalas nos eixos sa˜o diferentes): 0 -0,2 -0,4 0,4 0,2 x 105-5 0-10 Exemplo: CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 187 Agora vamos fazer o gra´fico da func¸a˜o racional f : R \ {−1, 1} → R, f(x) = x 3 + 8x x2 − 1 . Novamente queremos estar corretos apenas qualitativamente. Como o numerador de f(x) e´ x ·(x2+8), temos que f(x) = 0 exatamente se x = 0. O numerador de f e´ negativo se x < 0 e positivo se x > 0. Ja´ o denominador de f(x) e´ negativo se −1 < x < 1 e positivo no resto do domı´nio. Ou seja, • f(x) = 0 exatamente se x = 0; • f(x) > 0 se −1 < x < 0 ou x > 1. • f(x) < 0 se x < −1 ou se 0 < x < 1. Na˜o e´ dif´ıcil ver que: lim x↗−1 f(x) = −∞ lim x↘−1 f(x) = +∞, lim x↗1 f(x) = −∞ lim x↘1 f(x) = +∞. Agora examino (derivando pela regra do quociente): f ′(x) = x4 − 11x2 − 8 (x2 − 1)2 . O numerador e´ do tipo z2 − 11z − 8, com z = x2. Enta˜o f ′(z) = 0 exatamente se z = 11±√(11)2 + 4 · 8 2 = 11±√153 2 = 11± 3 · √17 2 . Mas 11−3· √ 17 2 < 0, portanto, se queremos determinar x ∈ R onde f ′(x) = 0, devemos tomar: x = ± √ 11 + 3 · √17 2 . Podemos aproximar grosseiramente √ 17 ≈ 4 e √ 11+3·√17 2 ≈ √15 ≈ 3. Ou seja que a derivada f ′(x) se anula num ponto x1 ≈ 3 e noutro x2 ≈ −3. Antes de examinar f ′′(x), note que na˜o e´ dif´ıcil se convencer de que: lim x→+∞ f(x) = +∞, Como limx↘1 f(x) = +∞ isso indica que x1 ≈ 3 e´ ponto de mı´nimo local da f (sem usar qualquer teste). Por outro lado como lim x→−∞ f(x) = −∞ e limx↗−1 f(x) = −∞, isso indica que x2 ≈ −3 e´ ma´ximo local da f (sem usar qualquer teste). 4. CONFECC¸A˜O DE GRA´FICOS DE FUNC¸O˜ES RACIONAIS 188 Agora, com a regra da derivada do quociente, da composta e apo´s simplificac¸o˜es, obtemos: f ′′(x) = 18x(x2 + 3) (x2 − 1)3 . Claramente f ′′(x) se anula apenas em x = 0 e nesse ponto muda de sinal. Logo x = 0 e´ um ponto de inflexa˜o. Para −1 < x < 0 ou para x > 1 temos f ′′(x) > 0 e concavidade para cima. Mas para x < −1 ou 0 < x < 1 temos concavidade para baixo. Em particular, f ′′(x1) > 0 e f ′′(x2) < 0 o que comprova que sa˜o mı´nimo e ma´ximo locais respectivamente. As treˆs Figuras a seguir resumem essas observac¸o˜es: a primeira pega parte da regia˜o x < −1, a segunda, parte da regia˜o −1 < x < 1 e a terceira, parte da regia˜o x > 1. -8 -10 -12 x -1,5-2-2,5-3-4-4,5-5 -7 -3,5 -9 -11 Figura: O gra´fico de y = x 3+8x x2−1 , x ∈ [−5,−1.5]. 15 10 5 0 -5 -10 -15 x 0,80,40-0,4-0,8 CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 189 Figura: O gra´fico de y = x 3+8x x2−1 , x ∈ [−0.8, 0.8]. x 765432 12 11 10 9 8 7 Figura: O gra´fico de y = x 3+8x x2−1 , x ∈ [1.5, 5]. 5. Involuc¸o˜es fracionais lineares Vimos nos Exerc´ıcios do Cap´ıtulo 7 que f(x) = 1 x tem f = f−1, ou seja, e´ uma involuc¸a˜o. Agora que sabemos derivar as func¸o˜es racionais, vamos poder mostrar que ha´ involuc¸o˜es que sa˜o quocientes de func¸o˜es lineares: Afirmac¸a˜o 5.1. As func¸o˜es racionais f : R \ {α γ } → R dadas por f(x) = α · x+ β γ · x− α, com α 2 + β · γ 6= 0 (onde α, β, γ ∈ R) sa˜o invers´ıveis, sa˜o involuc¸o˜es e portanto teˆm gra´ficos sime´tricos relativos a` diagonal. Ademais, func¸o˜es racionais do tipo f(x) = α · x+ β γ · x+ δ , com α · δ − β · γ 6= 0 (onde α, β, γ, δ ∈ R) sa˜o invers´ıveis e sa˜o involuc¸o˜es somente se δ = −α. Demonstrac¸a˜o. Note que as func¸o˜es f(x) = α · x+ β γ · x− α na˜o esta˜o definidas em α γ . De fato so´ estariam definidas a´ı se αx + β se anulasse tambe´m em α γ . Mas enta˜o −β α = α γ , ou seja, α2 + β · γ = 0 contrariando a hipo´tese. Agora calculo a derivada, pela regra do quociente e obtenho apo´s simplificac¸a˜o: f ′(x) = − α 2 + β · γ (γ · x− α)2 < 0, portanto f(x) e´ estritamente decrescente, logo invert´ıvel. 6. UM PROBLEMA DA PUTNAM COMPETITION, N. 1, 1938 190 Sua inversa e´ obtida: y = α · x+ β γ · x− α ⇔ y · γ · x− y · α = α · x+ β ⇔ ⇔ y · γ · x− α · x = y · α+ β ⇔ x = α · y + β γ · y − α, ou seja, x = x(y) tem exatamente a mesma expressa˜o de y = y(x). Por isso sa˜o involuc¸o˜es e por isso sa˜o sime´tricas em relac¸a˜o a` diagonal. Ademais, se f(x) = α · x+ β γ · x+ δ enta˜o f ′(x) = α · δ − β · γ (γ · x+ β)2 6= 0. Se obte´m, como antes, de y = y(x): x = x(y) = −δ · y + β γ · y − α . Portanto se queremos um involuc¸a˜o precisamos que δ = −α. � A Figura a seguir da´ treˆs exemplos: 5 3 4 2 x 43 1 1 52 Figura: Em vermelho a diagonal, em verde y = 1 x amarelo y = 0.1·x+2 3·x−0.1 e em azul y = 0.1·x+4 9·x−0.1 . 6. Um problema da Putnam Competition, n. 1, 1938 Dada a para´bola y = 1 2m · x2, determine a menor corda ortogonal ao gra´fico em um dos extremos. Soluc¸a˜o: Minha soluc¸a˜o na˜o e´ das mais elegantes, pois e´ na forc¸a bruta. Farei o seguinte: CAPI´TULO 14. DERIVADA DA COMPOSIC¸A˜O DE FUNC¸O˜ES 191 • determinarei os pontos que sa˜o os extremos (x0, x 2 0 2m ) e (x1, x21 2m ) de uma corda ortogonal ao gra´fico em (x0, x20 2m ), • pensarei no quadrado do comprimento1 da corda: (x1 − x0)2 + ( x 2 1 2m − x 2 0 2m )2 como uma func¸a˜o f(x0) de x0. • procurarei f ′(x0) = 0 e depois verei se f ′′(x0) > 0. A reta que passa por (x0, x20 2m ) e e´ ortogonal ao gra´fico da para´bola dada tem equac¸a˜o: y = −m x0 · x+ 2m 2 + x20 2m . (posso supor x0 6= 0