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logo: arcsin′(x) = 1 cos(arcsin(x)) . Agora uso a relac¸a˜o trigonome´trica cos2(arcsin(x)) + sin2(arcsin(x)) ≡ 1 e sin2(arcsin(x)) = ( sin(arcsin(x) )2 = x2 para obter: cos2(arcsin(x)) = 1− x2, e como cos(arcsin(x)) > 0 quando arcsin(x) ∈ (−pi 2 , pi 2 ) enta˜o obtenho: cos(arcsin(x)) = + √ 1− x2 CAPI´TULO 16. FUNC¸O˜ES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 227 e portanto arcsin′(x) = 1√ 1− x2 , como quer´ıamos. Quando tomo a > 0, enta˜o pela regra da derivada da composta: arcsin′( x a ) = 1√ 1− (x a )2 · 1 a = = 1√ a2 1√ 1− (x a )2 = 1√ a2 − x2 . De ii): Pelo Teorema 0.1: arccos′(x) = 1 cos′(arccos(x)) . Mas ja´ sabemos a derivada do cosseno, logo: arccos′(x) = −1 sin(arccos(x)) . Exatamente como fizemos antes, a relac¸a˜o trigonome´trica entre seno e cosseno e o fato de que o seno restrito a [0, pi] e´ ≥ 0, da˜o: arccos′(x) = −1√ 1− x2 . De iii): Os itens i) e ii) ja´ provados da˜o que: arccos′(x) = − arcsin′(x), ∀x ∈ (−1, 1). Portanto existe uma constante C ∈ R tal que: arccos(x) = − arcsin(x) + C, ∀x ∈ (−1, 1). Mas pi 2 = arccos(0) = − arcsin(0) + C = 0 + C, o que nos diz que C = pi 2 . Ademais tambe´m: pi = arccos(−1) = pi 2 + pi 2 = − arcsin(−1) + pi 2 , bem como: 0 = arccos(1) = −pi 2 + pi 2 = − arcsin(1) + pi 2 . � 5. DERIVADA DO ARCOTANGENTE 228 O Exerc´ıcio 6.8 propo˜e comprovar geometricamente (qualitativamente ao menos) que arccos(x) = − arcsin(x) + pi 2 . Note agora que a func¸a˜o 1√ 1−x2 para x ∈ (−1, 1) e´ sempre positiva, vale 1 na origem e tem lim x↗1 1√ 1− x2 = +∞, e limx↘1 1√ 1− x2 = +∞. Tudo isso se veˆ na figura abaixo, onde plotei o arcoseno e sua derivada, para x ∈ [−0.95, 0.95] (na˜o posso me aproximar demais de −1 ou de 1 se na˜o o gra´fico fica muito alto !) 3 1 2 0 -1 x 0,4 0,80-0,8-0,4 Figura: Gra´fico de y = arcsin(x) (vermelho) e de sua derivada y = 1√ 1−x2 (verde). Essa figura e´ ta˜o parecida (qualitativamente) com a que ja´ vimos no Cap´ıtulo anterior da func¸a˜o y = tan(x) e sua derivada que resolvi plota´-las juntas, para que o leitor possa fazer comparac¸o˜es: 2 0 1 -1 0,8 x -0,8-0,4 0,40 Figura: y = tan(x) (vermelho), sua derivada (verde), y = arcsin(x) (amarelo) e sua derivada (azul) restritas a (−0.9, 0.9). 5. Derivada do arcotangente Se x ∈ (−pi 2 , pi 2 ) enta˜o tan′(x) = 1 cos2(x) > 0, CAPI´TULO 16. FUNC¸O˜ES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 229 o que diz que para x ∈ (−pi 2 , pi 2 ) a func¸a˜o y = tan(x) e´ estritamente crescente. Logo e´ injetora e tem func¸a˜o inversa denotada: arctan : R→ (−pi 2 , pi 2 ). Afirmac¸a˜o 5.1. arctan′(x) = 1 1 + x2 , ∀x ∈ R e para a > 0 : 1 a · arctan′(x a ) = 1 a2 + x2 , ∀x ∈ R Demonstrac¸a˜o. Pelo Teorema 0.1 e pela derivada da func¸a˜o tan(x): arctan′(x) = 1 tan′(arctan(x)) = = 1 ( 1 cos2(arctan(x)) ) = = cos2(arctan(x)). Agora arctan(x) e´ um arco/aˆngulo e portanto vale para ele a relac¸a˜o trigonome´trica ba´sica: sin2(arctan(x)) + cos2(arctan(x)) = 1 e da´ı, dividindo por cos2(arctan(x)) > 0, temos: sin2(arctan(x)) cos2(arctan(x)) + 1 = 1 cos2(arctan(x)) ou seja tan2(arctan(x)) + 1 = 1 cos2(arctan(x)) , e como tan2(arctan(x)) = (tan(arctan(x)))2 = x2, x2 + 1 = 1 cos2(arctan(x)) quer dizer: cos2(arctan(x)) = 1 1 + x2 Logo arctan′(x) = 1 1 + x2 . Se a > 0 a derivada da composta da´: arctan′( x a ) = 1 1 + (x a )2 · 1 a = a · 1 a2 + x2 . � 5. DERIVADA DO ARCOTANGENTE 230 1 0 0,5 -0,5 -1 x 2-2 31-3 -1 0 Figura: A func¸a˜o arcotangente (vermelho) e sua derivada (verde) restritas a (−4, 4) Exemplo: Para completar essa Sec¸a˜o, vou mostra neste Exemplo como informac¸a˜o qualita- tiva pode servir para dar informac¸a˜o quantitativa ! Considere y = F (x) = x 2 − 2 arctan(x 2 ). A pergunta e´: em que pontos F (x) se anula, ale´m do x = 0 ? Ou pelo menos, como dar uma aproximac¸a˜o dessas ra´ızes ? Nem pensar em tentar resolver explicitamente F (x) = 0 ... Ja´ inicialmente e´ bom observar que F (x) e´ uma func¸a˜o ı´mpar, F (−x) = −F (x). Portanto vamos pensar no eixo x > 0 apenas, depois fica fa´cil o eixo x < 0. Note que F ′(x) = 1 2 − 2 · 1 2 · 1 1 + (x 2 )2 = 1 2 − 4 x2 + 4 e esta u´ltima func¸a˜o teve seu gra´fico esboc¸ado na Sec¸a˜o 4 do Cap´ıtulo 14. Vimos la´ naquela Sec¸a˜o que F ′(x) se anula, no eixo x > 0, em x = 2, que F ′(x) < 0 em (0, 2) e que F ′(x) > 0 em (2,+∞). Enta˜o, como F (0) = 0, concluo que y = F (x) < 0 em (0, 2), assume um mı´nimo em x = 2 e depois comec¸a a crescer. Como lim x+∞ arctan( x 2 ) = pi 2 temos lim x+∞ F (x) = +∞. Ou seja, como F (x) e´ cont´ınua, tem que voltar a se anular em algum ponto a` direita de x = 2. So´ que, para x > 0, F (x) = x 2 − 2 arctan(x 2 ) > x 2 − 2 · pi 2 . CAPI´TULO 16. FUNC¸O˜ES INVERSAS E SUAS DERIVADAS 231 Como a reta y = x 2 − pi corta o eixo x > 0 em x = 2pi ∼ 6.3, concluo que F (x) se anula1 em x ∈ (2, 6.3). Pela propriedade ı´mpar, F (x) se anula em −x ∈ (−6.3, 2). Note que: lim x+∞ F ′(x) = lim x−∞ F ′(x) = 1 2 ou seja que a inclinac¸a˜o tende a 1/2 quando |x| → ∞. Como lim x−∞ arctan( x 2 ) = −pi 2 vemos que o gra´fico de y = F (x) se aproxima de y = x 2 + pi quando x→ −∞. A figura a seguir ilustra F (x) em vermelho, F ′(x) em verde, y = y = x 2 + pi em azul e y = x 2 − pi em amarelo. 8 0 4 -4 x -8 -5-10 5 100 6. Exerc´ıcios Exerc´ıcio 6.1. (resolvidos: iii, iv, v, xv.) Derive usando regras de derivac¸a˜o de +,−, x, /,√ e a derivada da composta: i) √ sin(x3), se sin(x3) > 0 ii) cos5(x) + sin(x5), 1Com o me´todo de Newton do Cap´ıtulo 18, comec¸ando com 6.3 obtive na quinta iterac¸a˜o x ∼ 4.662244741 6. EXERCI´CIOS 232 iii) sin3(x3), iv) sin(x) cos(x), v) x4 + x2 + 1 3x4 + 4x2 + 1 , vi) √ 1− x2, se |x| < 1, vii) sin(x3), viii) cos3(x) + sin3(x), ix) x7 − x2 − 1 x4 + 4x2 + 8 , x) x3 − x+ 1 x4 − x3 + x2 − 1 , xi) sin3(x)− sin(x3), xii) 2 x3 , 0 < x, xiii) (sin(x) · cos2(x))2, xiv) (x+ 3)100, xv) (3x+ 4)100. Exerc´ıcio 6.2. Determine o domı´nio de cada uma das quatro func¸o˜es a seguir e em que que pontos do domı´nio existe a derivada. Derive-as usando as regras de derivac¸a˜o (produto, soma, composic¸a˜o, etc). i) y = √ x x2 − 1 , ii) y = 1 sin(x) , iii) y = tan(x) · sin(cos(x)), iv) y = x4 · x 14 . Exerc´ıcio 6.3. No Cap´ıtulo 28 vamos definir κ(x) := | f ′′(x) | (1 + (f ′(x))2) 3 2 como sendo a curvatura do gra´fico de y = f(x) em cada ponto x. Verifique que i) κ(x) ≡ 0 para uma reta y = a · x+ b e ii) κ(x) ≡ 1 r para a parte do c´ırculo x2 + y2 = r2 que fica no primeiro quadrante. Exerc´ıcio 6.4. Suponha que voceˆ so´ conhece a reta tangente ao C´ırculo como o fizemos aqui neste curso de Ca´lculo, ou seja, como reta cujo coeficiente angular e´ dado por uma derivada, etc. Prove que essa reta tangente e´ ortogonal ao raio do C´ırculo, ou seja, que coincide com a definic¸a˜o do Ensino Me´dio (dica: basta considerar pontos do c´ırculo x2+y2 = 1 com coordenada y > 0). Exerc´ıcio 6.5. Considere a func¸a˜o f : R>0 → [−1, 1] dada por f(x) = sin( 1 x ). i) derive-a pela regra da composta, ii) comprove que |f ′(x)| fica arbitrariamente grande quando x tende a zero, iii) interprete geometricamente o resultado, sobre o que acontece com o gra´fico de f pro´ximo a` origem, iv) agora considere a func¸a˜o dada por f(x) = x2 · sin( 1 x ) (para x > 0). v) derive-a , vi) veja se o mo´dulo da derivada f ′(x) fica arbitrariamente grande pro´ximo a`