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1 HERANÇA DIGITAL GIOTTI, Giancarlo Barth. 1 MASCARELLO, Ana Lúcia de Camargo. ² RESUMO O mundo caminha de forma rápida, e a lei não acompanha. Atualmente, podemos citar milhares de conceitos digitais e tecnológicos que ainda não existiam quando foi criado o Código Civil de 2002. Em que pese o atual diploma civil não seja tão antigo, o legislador não se preocupou em incluir como herança os chamados bens digitais, até mesmo porque naquela época ainda não se falava em um acervo digital, o que hoje é plenamente comum. O presente trabalho tem o condão de demonstrar a viabilidade da sucessão dos bens digitais acumulados em vida pelo individuo, seja pela sucessão hereditária, seja pela sucessão testamentária. Para tanto, propõe que o caminho mais adequado para tal seja a positivação deste direito. A herança digital já é realidade, e os indivíduos já estão começando a se preocupar com a destinação da sua vida digital após a morte, motivo pelo qual sua situação reclama regulamentação para evitar os percalços advindos de tais situações. PALAVRAS-CHAVE: Herança, sucessão, digital, patrimônio. DIGITAL HERITAGE ABSTRACT: The world is moving quickly, and the law does not follow. Currently, we can cite thousands of digital concepts and technology that did not exist when the creation of the Civil Code of 2002. In spite of the current civil diploma is not so old, the legislator has not bothered to include as a heritage the so-called digital goods, even because at that time not yet spoke in a digital collection, which today is common in full. The present work has the ability to demonstrate the viability of the succession of the digital assets accumulated in life by the individual, either by hereditary succession or by succession testamentary. To this end, it proposes that the most appropriate way to do this is to affirm this right. Digital inheritance is already a reality, and individuals are already beginning to worry about the destination of their digital life after death, which is why their situation demands regulation to avoid the mishaps arising from such situations. KEYWORDS: Heritage, digital, succession, patrimony. 1. INTRODUÇÃO O mundo moderno trouxe-nos inúmeras descobertas e inovações tecnológicas que alteraram drasticamente os meios e as formas de interação e relação social na última década. A modernização dos computadores e celulares, a internet, a democratização da comunicação, as redes sociais, o 1 Acadêmico de Direito do Centro Universitário Assis Gurgacz – E-mail: gianbarth@hotmail.com 2 Docente Orientador pelo Centro Universitário Assis Gurgacz – E-mail: almascarello@gmail.com 2 compartilhamento de dados, armazenamento de arquivos à distância (nuvem), entre outros, são fatores que sobremaneira modificaram o modo com que os indivíduos interagem. A sociedade está se digitalizando. A expansão da tecnologia se deu de forma muito rápida, em especial nas últimas duas décadas. Milhares de conceitos tecnológicos se difundem pelo mundo, coisas que há alguns anos sequer eram cogitadas pelo homem. A sociedade definitivamente não é mais a mesma. Neste passo, devido a estas mudanças de paradigmas, a interação entre os indivíduos se dá de forma muito mais célere e o direito positivo não consegue acompanhar, deixando lacunas para serem completadas pelo Poder Judiciário, nos eventuais litígios advindos dessas situações. O presente trabalho tem como propósito demonstrar a possibilidade da sucessão dos bens digitais acumulados em vida do de cujus, sejam eles patrimoniais ou meramente afetivos. Para tanto, imprescindível se fez o estudo dos dois tipos de sucessão existentes: a sucessão post mortem e a sucessão testamentária. A primeira se mostra mais relevante no desenvolvimento do presente trabalho, pois é nesta que se encontram os embaraços para a transmissão dos ativos digitais deixados pelo de cujus. Quanto à última, mostra-se mais simplória sua resolução, visto que há documento legal expressando a vontade do falecido. É sabido que a Herança Digital não tem sua situação regulamentada ou prevista pelo Código Civil brasileiro em vigência. Com isso, o referido instituto restringe-se somente à doutrina, não tendo ainda, aplicabilidade nas relações sucessórias. Nesta esteira, podemos citar as inúmeras ações que tramitam no Judiciário a fim de se obter a tutela jurisdicional referente a ativos digitais deixados pelo de cujus, como as ações para a remoção do perfil de uma pessoa falecida, e ainda, ações que visam obter a senha de determinada rede social do mesmo, para o uso de seus familiares, entre outras. Todas estas situações, dentre inúmeras outras, poderiam ser supridas através de uma legislação específica sobre o instituto, evitando tão somente o uso da analogia e interpretação extensiva como forma de suprir a lacuna legislativa, que sem sombra de dúvidas, evitaria a grande quantidade de litígios referentes ao instituto, contribuindo também para desafogar o Poder Judiciário. 2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 3 2.1 DOS BENS INCORPÓREOS Para iniciar a presente pesquisa faz-se necessário conceituar os chamados bens incorpóreos, bem como os arquivos digitais, para que após possa se traçar se estes podem ser considerados como espécie daqueles. O Código Civil de 2002, em seu livro II, trata exclusivamente da matéria, especificamente entre os artigos 79 a 103 da referida lei, no qual o legislador classifica as modalidades existentes de bens, estabelecendo regras básicas quanto a estes, porém deixando de fixar um conceito para os bens incorpóreos. Diante de tal ausência de previsão legal, busca-se respaldo na doutrina. Segundo Monteiro (2012) bens são valores materiais ou imateriais podendo ser objeto de uma relação de direito. Por sua vez, Coelho (2012) determina que os bens, enquanto incorpóreos (imateriais) são meramente conceituais, se referindo a objetos ideias, sendo exemplos de tais, os direitos patrimoniais, como os do credor em relação ao crédito e os do autor sobre a obra de arte, seja ela literária ou científica. Deste modo, examinando a doutrina, verifica-se que bem é todo e qualquer aspecto positivo que integre o patrimônio de uma pessoa, enquanto os bens incorpóreos, mesmo não encontrando guarida no Código Civil, também podem ser considerados como tais. Contudo, mesmo sem o amparo da legislação civil, não há qualquer controvérsia quanto à aceitação dos bens incorpóreos nos tribunais, conforme exemplifica Augusto e Oliveira: Quanto à aceitação dos tribunais também não se pode considerar sequer uma celeuma, ante a vasta e serena aplicação do direito a casos concretos que envolvam este tipo de bem, como se exemplifica pelo REsp n. 4203039 julgado em 06 de junho de 2002 pela quarta turma do Superior Tribunal de Justiça, sob relatoria do ministro Sálvio de Figueiredo Teixeira, onde se aceitou sem maiores discussões a penhora de um bem incorpóreo(AUGUSTO e OLIVEIRA, 2015, p. 5) No tocante a característica dos bens incorpóreos colhe-se da doutrina que são várias as subespécies de bens incorpóreos e segundo Nader (2011) todos decorrem de direitos subjetivos, porém somente os que apresentam alguma característica corpórea se enquadram na tipologia da parte geral. Já para Monteiro (2012) os bens incorpóreos são aqueles que, embora sua existência seja ideal ou abstrata, são aceitos pela ordem jurídica, tendo para o homem valor econômico. 4 Portanto, conclui-se que os bens incorpóreos são aqueles que carecem de materialidade, existindo somente no campo abstrato ou ideal, como uma forma de direito subjetivo, e que possuem para o homem, valor econômico. 2.2 BENS DIGITAIS COMO ESPÉCIES DE BENS INCORPÓREOS Superada a conceituação dos bens incorpóreos atribuindo-lhes validade jurídica, faz-se necessária a definição de bens digitais.Estes, nas palavras de Emerenciano (2003) se definem como conjuntos organizados de instruções, armazenados em forma digital, podendo ser interpretados por computadores ou por outros dispositivos semelhantes. Corroborando com a ideia acima, de acordo com Bertasso (2015), bens digitais tratam-se de produtos advindos da informação, surgidos com a popularização da computação pessoal e com a evolução de redes digitais de informação. Já para Gandidi (2002) o bem digital é aquele que é armazenado de forma digital, não sendo perceptível para os seres humanos, salvo se visualizado através de um computador. No mesmo passo, em consonância com os demais autores, Lara (2015) afirma que os bens digitais são instruções traduzidas em linguagem binária, sendo necessário serem processadas em dispositivos eletrônicos, tendo como exemplo as músicas, fotos, filmes, etc. Portanto, bens digitais são aqueles que não podemos ver a olho nu, necessitando para tal da intermediação de um computador ou outro meio semelhante, visto que se trata de uma sequência de bits, e que somente por meio da máquina torna-se possível sua visualização. Em outra esteira, se faz mister explanar quanto à validade jurídica dos bens digitais. Conforme se extrai dos conceitos citados acima, de acordo com Augusto e Oliveira (2015), pode-se perfeitamente enquadrar os bens digitais como subespécies de bens incorpóreos, razão pela qual é merecida a proteção jurídica para os arquivos digitais. Nos tribunais brasileiros encontra-se vasto número de decisões que vislumbram a validade jurídica dos bens digitais. Como exemplo, cita-se o julgamento do Agravo de Instrumento nº 8858911, de relatoria do Desembargador Victor Martim Batschke, prolatado em 3 de julho de 2002 na Câmara Civil do Tribunal de Justiça do Paraná, que manteve decisão do Juiz “a quo” que determinou a busca e apreensão de arquivos digitais. 5 Desta forma, em harmonia com as lições de Augusto e Oliveira (2015), é notório que os bens digitais estão cada vez mais presentes no cotidiano dos seres humanos e, mesmo que não ostentem regulamentação específica através de legislação, são aceitos na ordem jurídica interna, ao passo que encontram guarida como subespécies de bens incorpóreos, devendo receber a mesma proteção jurídica que estes recebem. 3. A HERANÇA DIGITAL A Sociedade caminha a passos largos rumo à digitalização das mais variadas formas de comunicação e interação entre os seres humanos. O desenvolvimento virtual se expande de forma muito rápida e as novas tecnologias já fazem parte de todas as áreas do conhecimento humano, trazendo inúmeras atividades que antes não eram cogitadas pelo homem médio (LARA, 2015). Nesta esteira, é nítido que o Direito não acompanhou a iminente digitalização da sociedade. Segundo Lima (2013), quando a Sociedade muda, o Direito também deve acompanhar tal evolução, buscando evoluir diante dos empecilhos advindos desta modernização e não se tornar tão obsoleto. No decorrer de nossas vidas, acumulamos diversos bens digitais, tais como, sites, blogs, direitos sobre músicas, filmes, livros, entre outros. Da mesma forma se dá com as redes sociais que, dependendo do indivíduo, é tão importante quanto qualquer outro bem físico. Todos estes exemplos fazem parte do que se considera como Acervo Digital. Assim, surge a dúvida: o que fazer com estes bens quando a pessoa falece e não declara a sua última vontade? Antes de se aprofundar em tal questionamento, faz-se necessária uma sucinta análise do Direito Sucessório no Brasil. O instituto é tratado tanto pelo Código Civil Brasileiro de 2002, no Livro V, quanto pela Constituição Federal de 1988, que goza de status de direito fundamental e está previsto no Artigo 5, inciso XXX, como o Direito de Herança. A sucessão, nos ensinamentos de Gonçalves (2012), é o ramo do direito que disciplina a transmissão do patrimônio (o ativo e o passivo) do “de cujus” a seus sucessores. Esta é regida pelo princípio da Saisine, previsto no artigo 1748 do Código Civil, que dispõe que, aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo aos herdeiros, caracterizando assim o princípio da saisine, segundo o qual o próprio defunto transmite ao sucessor a propriedade e a posse da herança (GONÇALVES, 2012). 6 Neste passo, conforme demonstrado, após a abertura da sucessão, os bens do “de cujus” se transmitem automaticamente aos herdeiros, tanto o passivo quanto o ativo. Tais bens são entendidos como um todo unitário, estabelecido pelo Artigo 1.791 do Código Civil, que determina que a herança defere-se como um todo unitário, ainda que vários sejam os herdeiros. Seguindo este raciocínio, Gonçalves (2013), afirma que a herança e o patrimônio são considerados como bem, sendo então classificadas como universalidades de Direito (Art. 91, CC). Segundo o referido dispositivo legal, o complexo de relações jurídicas de uma pessoa, dotadas de valor econômico, constitui a denominada universalidade de direito. Portanto, os bens digitais acumulados em vida pelo “de cujus” deveriam fazer parte deste todo unitário sendo considerados parte do complexo de relações jurídicas de uma pessoa? E quais bens, dentre estes, seriam passíveis de transmissão? Logo, para responder tal questionamento, é necessário verificar quais seriam os bens que ostentam valoração econômica, e caso prescindam de tal atributo, se seria possível da mesma forma a sua transmissão post mortem. 3.1 – BENS SUSCETÍVEIS OU NÃO DE VALORAÇÃO ECONÔMICA Destarte, antes de adentrar-se neste panorama, é mister definir o que é o patrimônio, pois é de fundamental importância quando se fala do direito de sucessão. Para Lara (2015), o patrimônio caracteriza-se como um conjunto de direitos reais e obrigacionais, ativos e passivos, que pertencem à pessoa e que ostente valor econômico. Em consonância com a referida ideia, patrimônio é considerado como um completo de direitos e obrigações de uma pessoa, desde que seja possível atribuir valoração econômica, e integra a esfera patrimonial das pessoas, sejam elas naturais ou jurídicas (FIUZA, 2004). Ainda, o patrimônio pode ser tanto líquido como bruto, sendo que o conjunto de bens e créditos, deduzidos os débitos se caracteriza como a parte líquida, e o conjunto de relações jurídicas que compreendem também os débitos caracteriza a parte bruta do patrimônio, compreendendo neste último o ativo e o passivo, mesmo que os débitos (passivo) sejam maiores que o ativo (direitos), pois o patrimônio exprimirá sempre um valor pecuniário, seja positivo ou negativo (GAGLIANO; FILHO, 2011). 7 Desta forma, superada a conceituação do patrimônio, passamos a analisar quais tipos de bens digitais seriam economicamente avaliáveis, e se a falta de tal atributo descaracteriza o direito de sucessão de determinado bem. Quanto aos bens passíveis de valoração econômica não há dúvida que estes compõem o acervo do falecido e devem ser observados quando ocorrer a sucessão, tendo em vista que se encaixam perfeitamente no conceito de patrimônio, não existindo qualquer divergência doutrinária (LIMA, 2013). Seguindo este raciocínio, Venosa (2003) ensina que o patrimônio transmissível possui bens materiais e imateriais, mas sempre coisas avaliáveis economicamente, e não devem ser confundidos com aqueles direitos personalíssimos do “de cujus” que são extintos com a morte. De acordo com Augusto e Oliveira (2015) isso acontece porque os herdeiros não são representantes do “de cujus”, à medida que sucedem os seus bens e não a sua pessoa, assumindo tão somente a titularidade das relações jurídicas patrimoniais do falecido. Filho (2016) mostra que o potencial econômico do acervo digital é inegável. Para comprovar tal afirmação, destaca-se uma pesquisa realizada no Brasil, no ano de 2012, a pedido da empresa desegurança informática McAfee, sendo entrevistados 323 consumidores brasileiros sobre o valor financeiro que atribuem a seus bens digitais. Foram avaliados, entre outros, downloads de música, registros pessoas, informações de carreira, memorias pessoais. Na pesquisa ficou constatado que: Descobriu-se, entre outras coisas, que o valor médio atribuído ao “patrimônio digital”, existente em vários de seus dispositivos digitais, é de R$ 238.826,00. Ainda, os entrevistados indicaram que 38% dos seus arquivos são insubstituíveis e que, para esses arquivos, o valor total considerado por eles é de R$ 90.754,00 (MCAFFE, 2012). Nesta mesma perspectiva, patrimônio digital do “de cujus” pode vir a representar um valor econômico tão alto que poderá afetar a legítima reservada aos herdeiros necessários, ou seja, significar mais que 50% do seu patrimônio. Como exemplo, cita-se o dono de um grande site com expansão internacional, que mesmo após sua morte, continua gerando lucros, podendo ser superior a 50% de todo seu patrimônio, prejudicando os herdeiros necessários ao seu direito a legitima (LIMA, 2013). Portanto, sintetizando as disposições acima, quando não há declaração de última vontade deixada pelo “de cujus”, seus bens digitais acumulados em vida e que possam ser economicamente avaliáveis, deverão ser transmitidos a seus herdeiros, pois se encaixam no conceito mais básico de 8 patrimônio, observadas as regras gerais existentes no livro que trata do direito sucessório no Código Civil Brasileiro. Por outro lado, quanto aos bens que carecem de valoração econômica, existe uma posição doutrinária de que quanto a estes bens, não poderão ser incluídos como objeto da herança. Neste sentido, apenas seria possível a transferência dos bens digitais somente quanto aos bens que possam ser economicamente avaliáveis, sendo que aos demais, que possuem apenas valor afetivo, como por exemplo, fotos e e-mail não geram para os herdeiros o direito sucessório (VIEGAS, 2012). Discordando da referida ideia, Spagnol (2017) enfatiza que os bens insuscetíveis de valoração econômica devem fazer parte do patrimônio do “de cujus”, sendo então percebidos na herança, por terem elevado valor sentimental, sendo como exemplos destes os e-mails, fotografias, vídeos, entre outros. Segundo Lima (2013) tal divergência existe, pois a transmissão dos referidos bens em questão esbarra nos direitos de privacidade e personalidade do “de cujus”. De acordo com a autora: Basta pensar que um usuário morto não necessariamente desejaria que seus e-mails fossem vistos por sua família, de modo a manter sua privacidade e até mesmo sua reputação, pois e-mail é em regra, pessoal e as informações ali contidas são acessadas apenas pelo usuário, diferente de um perfil em uma rede social, onde as postagens são públicas e podem ser vistas pelos amigos adicionados ou – se a conta for aberta – por todos com perfil na rede social. (LIMA, 2013, p.35). Sendo assim, não se adentrando no aparente conflito existente entre o direito de herança e os direitos de personalidade e privacidade do “de cujus”, faz-se necessário observar a vontade do falecido quando da destinação dos bens insuscetíveis de valoração econômica e, caso não exista expressão de ultima vontade, os herdeiros interessados deverão fazer o uso da via judicial para buscar a pretensão desejada. 3.2 SITES E DISPOSITIVOS DE GERENCIAMENTO DIGITAL Sabendo que a Herança Digital já é uma realidade em todo o mundo, inúmeros sites se adiantaram e criaram dispositivos próprios para gerenciar a vida digital de seus usuários após a morte. A maioria destes funciona da seguinte forma: O proprietário dos bens digitais, que contrata esse serviço, relaciona os bens que deseja transmitir aos herdeiros; define qual herdeiro deverá receber os bens; armazena as senhas e 9 a maneira de acessar os bens, além de indicar alguém que vai informar ao serviço contratado sobre o seu falecimento, para que a empresa contratada inicie o inventário e o recolhimento dos referidos bens (LARA, 2015, p. 100). Entre estes sites, podemos citar o brasileiro www.seeumorrerprimeiro.com.br, que permite que os usuários armazenem segredos durante toda a sua vida, sendo revelados apenas após a sua morte. Os planos permitem que você armazene qualquer informação, senhas, imagens ou vídeos em uma plataforma 100% restrita e segura pois todos os arquivos são armazenados em mídia “off-line”, sendo impossível ser “rackeado”. Outro que merece destaque é o site espanhol www.milegadodigital.com que permite que o usuário crie uma espécie de testamento digital para aqueles que estão preocupados com o destino da sua vida digital, destinando a determinados membros da família o gerenciamento de seus bens digitais após a morte, garantindo a proteção de direitos como a saúde, a honra, a privacidade, a imagem, a reputação on-line e o segredo das comunicações. Nos Estados Unidos existe o site www.eterniam.com, que funciona nos mesmos moldes dos acima citados. O site permite o armazenamento dos bens digitais dos usuários, tais como filmes, músicas, fotos, documentos pessoais, entre outros. Os arquivos ficam disponíveis para os herdeiros habilitados por dois anos, sendo que alguns arquivos definidos como privados pelo usuário não podem ser acessados por qualquer herdeiro. Além destes sites especializados citados, existem também dispositivos em redes sociais que permitem o gerenciamento da conta do usuário após a sua morte. Conforme mostra Lima (2013), o Facebook apresenta duas opções para as contas de pessoas falecidas: a primeira é transformar a página em um memorial, sendo permitido o acesso apenas a amigos; e a segunda é excluir a conta, para que não fique eternamente ativa. Por sua vez, uma das maiores empresas do ramo da tecnologia, a Google Inc, criou um dispositivo semelhante aos demais, que funciona como um testamento digital, permitindo dar destinação específica aos dados dos usuários armazenados nos servidores da empresa após a morte do titular. O dispositivo chama-se “Gerenciador de Contas Inativas” e segundo informação retirada no site da empresa (https://support.google.com/accounts/answer/3036546?hl=pt-BR), é uma forma de os usuários compartilharem partes dos dados das suas contas ou notificar alguém caso as contas fiquem inativas por um determinado período de tempo. Desta forma, mesmo que a Herança Digital ainda seja pouco difundida no Brasil e no mundo, mostra-se claro a preocupação das pessoas quanto à destinação de sua vida digital, bem como sua 10 reputação online após sua morte, motivo pelo qual objetivou estas empresas, entre inúmeras outras, a satisfazerem seus usuários criando estes dispositivos. 3.3 PROJETO DE LEI No Brasil, apesar de ainda ser pouco difundida a ideia da Herança Digital, existe um projeto de lei em trâmite que visa à inclusão no código civil de dispositivo que permita a sucessão dos bens digitais. O Projeto de Lei nº 4.099/2012 (Anexo 1), de autoria do Deputado Federal Jorginho de Mello, tramita no Congresso Nacional e já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, visa alterar a redação do artigo 1.788 do Código Civil de 2002, para incluir os bens digitais na sucessão e permitir aos familiares do falecido o acesso à redes sociais e e-mails. O artigo, se aprovado, passará a vigorar com a seguinte redação: “Parágrafo único: Serão transmitidos aos herdeiros todos os conteúdos de contas ou arquivos digitais de titularidade da herança”. De acordo com o Deputado, apud Truz (2013), diante da omissão da legislação brasileira sobre o instituto, contas digitais nas quais nenhum familiar saiba os dados de acesso para tal, correm o risco de ficarem eternamente ativas, sendo necessário que os herdeiros tenham seu acesso viabilizado. O fato de a legislação ser silente quanto à sucessãodos bens digitais geram grandes transtornos à sociedade, pois os juízes têm decidido de maneira diferente quando os herdeiros buscam na justiça a pretensão de encerrar a conta do falecido e, portanto, o PL nº 4.099 buscar suprir a referida omissão legislativa (MELLO, 2013). O projeto atualmente está aguardando a apreciação do senado federal, e segundo Agostini (2013), relator da comissão, atende as atuais necessidades quanto à transmissão dos ativos digitais e supre a ausência da legislação. De fato, a aprovação do projeto de lei seria um grande avanço neste campo e solucionaria a celeuma existente. Conforme mostra Correia (2016), haveria uma adaptação do judiciário caso aprovado o projeto, facilitando a transmissão dos bens digitais aos herdeiros, e evitando o ajuizamento de ações desnecessárias. 11 3.4. INTERPRETAÇÃO EXTENSIVA COMO FORMA DE PREENCHER LACUNAS DA LEI É cediço que na atual legislação pátria que trata da relação sucessória não há qualquer disposição referente à transmissão de bens digitais. Diante dessa lacuna positivista, é necessário buscar respaldo na analogia e na interpretação extensiva, com o fim de possibilitar a transmissão causa mortis dos ativos digitais. O Direito Digital restringe-se quanto a sua aplicação, à interpretação extensiva e pelo uso da analogia, tendo em vista que a atividade legislativa na maioria das vezes não é suficiente para acompanhar seu iminente e acelerado crescimento. Optar por uma interpretação restritiva do diploma civil não garantiria a proteção à sociedade diante desta nova realidade. (FILHO, 2016). No campo do direito sucessório, segundo Lima (2013) o conceito de Herança Digital é regulado pelas normas que regulamentam a sucessão de bens, numa espécie de interpretação extensiva. Concatenando com as ideias acima, o conceito de patrimônio deverá ser visto através da interpretação extensiva, sendo então possível na ausência de expressão de ultima vontade do de cujus, que seus bens digitais acumulados em vida e que sejam possíveis de atribuir valor econômico, poderão, sem óbice algum, serem transmitidos por meio da herança, como por exemplo, sites e blogs (LIMA, 2016,). Neste passo, dispõe o artigo 1.788 do Código Civil Brasileiro que, se a pessoa morrer sem deixar testamento, a herança será transmitida aos seus herdeiros legítimos, sendo que, o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos na disposição de última vontade do de cujus. Assim, reforçando a ideia acima, em uma interpretação extensiva do referido dispositivo legal, segundo (Lima, 2016), os bens digitais que integram o patrimônio do de cujus poderão ser objeto de sucessão causa mortis. Não obstante, se tratando de herança digital, também se faz possível invocar o chamado Princípio da Legalidade, que determina que tudo aquilo que não é proibido por lei, é permitido, conhecido pelo brocardo nullum crimen nulla poena sine leg. 12 Nesta seara, de acordo com Lara (2015) a sucessão de bens digitais não é proibida no Brasil, portanto, é garantido o direito da herança digital por inexistir qualquer expressão positiva no ordenamento pátrio brasileiro que proíba o referido instituto. Em harmonia com a referida ideia, Medina apud Luís (2011) ensina que, diante a ausência de direito positivado no Brasil a respeito da matéria, há uma espécie de permissão negativa para tal, ancorado no princípio da legalidade. Desta forma, considerando que ainda no Brasil não há direito positivado a respeito da matéria, bem como o Projeto de Lei citado em tópico anterior está aguardando a apreciação do Senado Federal, entende-se plenamente possível a transmissão dos bens digitais acumulados em vida pelo de cujus quando não há expressa manifestação de ultima vontade, especialmente quanto àqueles bens em que se possa atribuir valor econômico. 4. DIREITO COMPARADO 4.1 A HERANÇA DIGITAL PELO MUNDO A Herança Digital já é realidade em diversos países, haja vista o crescente aumento dos debates quanto à transmissão dos bens digitais após a morte. Diferentemente do Brasil, em alguns países já existem normas quanto à sucessão dos referidos bens, buscando normatizar a celeuma existente quando não há disposição de ultima vontade do de cujus. Conforme Lima (2013) em uma entrevista realizada pelo Centro de Tecnologia Criativa e Social da Universidade de Londres, revela que os britânicos estão tendenciosos a inserir nos testamentos senhas, objetivando guardar fotos, músicas e vídeos. O que impulsiona essa tendência são os casos emblemáticos que ocorrem em todo o mundo. Como exemplo, nos Estados Unidos, um caso que ganhou grande repercussão nacional e internacional foi o da professora Karen Willians, que abriu um processo em face do Facebook, com a pretensão de manter o perfil de seu filho falecido no ar, pleiteando o acesso à conta. A professora obteve sucesso na empreitada judicial, mas teve o acesso liberado por apenas 10 meses. Ademais, os estudiosos do Direito Digital estão sugerindo que os países legislem sobre o tema, com o intuito de suprir os anseios da sociedade, já que na ausência da legislação, deve-se usar 13 dos princípios jurídicos para solucionar percalços advindos destas novas relações sociais (LIMA, 2016). Nesta seara, alguns países já se adiantaram quanto a esta situação, e criaram leis com o intuito de normatizar a destinação dos bens digitais do falecido. O país pioneiro na criação das referidas legislações foi os Estados Unidos. Em 2005, no Estado de Connecticut criou uma norma que possibilitava que o herdeiro do de cujus tivesse acesso ao conteúdo do e-mail ou conta pessoal, desde que apresentasse a certidão de óbito e uma cópia autenticada do certificado de nomeação como procurador ou administrador de bens, ou, ainda, por meio de uma ordem judicial (LARA, 2016). Em 2007, o código estadual de Indiana ganhou um dispositivo legal exigindo a manutenção dos registros armazenados em ambiente virtual pertencentes às pessoas falecidas residentes naquele território (LARA, 2016). Preocupado com o destino dado às contas sociais do de cujus, o estado de Oklahoma, no ano de 2010, editou uma norma visando tal fim. Tal lei prevê a possibilidade do encerramento de contas pessoais do falecido, em qualquer rede social, site de mensagens ou microblog, a ser feita através de procuradores ou administradores (LIMA, 2016). No mesmo passo, no estado de Delaware, existe lei específica que trata da destinação de redes sociais deixadas pelo de cujus. No dispositivo está previsto que as redes sociais serão transmitidas a seus herdeiros. Logo, verifica-se que é vital e iminente a necessidade do mundo todo se adequar quanto à transmissão dos ativos digitais deixados pelo falecido. Como demonstrado acima, já existem países que se adiantaram quanto a esta problemática, visando estabelecer parâmetros e limites a ser seguidos para a correta destinação dos bens digitais. Quanto ao Brasil, ainda não há norma integrante na legislação tratando sobre o tema, contudo, conforme já explanado, tramita projeto de lei buscando incluir no Código Civil Brasileiro disposições acerca da herança digital. 4.2 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA O Brasil está atrasado quanto à sucessão de bens digitais em relação a outros países, conforme citado acima. Não se encontra qualquer fragmento na atual legislação pátria em vigor que traga 14 normas regulando as situações em que os indivíduos queiram deixar este patrimônio imaterial para seus herdeiros. Neste caso, a situação fica restrita ao ajuizamento de ações pelos herdeiros, que buscam a posse dos bens digitais do de cujus. Contudo, não há nenhum óbice para que alguém insira no seu testamento disposições a respeito de seus bens digitais, independentemente de serem bens suscetíveisou insuscetíveis de valoração econômica. Assim, quando alguma pessoa desejar deixar seus ativos digitais a algum familiar ou amigo, por exemplo, poderá se redigir um testamento e registrá-lo em cartório, de preferência, devendo ser auxiliado por um advogado, para que não ocorram problemas após a sua morte (LIMA, 2013). Como a legislação brasileira não apresenta nenhuma restrição quanto à inclusão destes bens no testamento, quando alguém o desejar, deverá se ancorar nas disposições expressas do Código Civil Brasileiro, que trata da sucessão testamentária, numa espécie de interpretação extensiva. Neste passo, dispõe o Artigo 1.857 do Código Civil, vejamos: Art. 1.857. Toda pessoa capaz pode dispor, por testamento, da totalidade dos seus bens, ou de parte deles, para depois de sua morte. § 2o São válidas as disposições testamentárias de caráter não patrimonial, ainda que o testador somente a elas se tenha limitado O referido dispositivo legal é claro ao dizer que são válidas as disposições de caráter não patrimonial, possibilitando então a inclusão de bens digitais no testamento, sejam eles avaliáveis ou não economicamente. Portanto, conforme lição de Lima (2013) é possível que o acervo digital, que consista em músicas, livros, filmes, sites, blogs, entre inúmeros outros, possa ser inserido no testamento, caso o indivíduo assim o queira. 5. CONSIDERAÇOES FINAIS A sucessão de bens digitais promete ser um tema de muita relevância na sociedade nos próximos tempos. O crescimento desenfreado da tecnologia, a virtualização da sociedade, a modernização da interação entre os seres humanos, são fatores que sobremaneira contribuem para que o tema ganhe grandes repercussões pelo mundo todo. No Brasil, atualmente, a temática da Herança Digital é resolvida por meio de interpretação extensiva das normas que embarcam o Direito Sucessório no diploma civil brasileiro. Nesta senda, 15 é perfeitamente possível a inclusão de bens digitais no testamento redigido pelo indivíduo, sejam os bens suscetíveis ou não de valoração econômica, valendo-se das disposições do Código Civil. Contudo, quando o de cujus não expressa sua última vontade, os bens digitais acumulados em vida pelo indivíduo, acabam não sendo incluídos na partilha. Esta situação acaba por gerar manifesto prejuízo aos herdeiros, tendo em vista que determinados bens digitais podem ter grande valor econômico. Já quanto aos bens que careçam do atributo econômico, estes deverão ser objeto de ação judicial movida pelos herdeiros, pois dependendo do bem em questão, pode acabar ferindo os direitos de privacidade e reputação do falecido. Neste passo, mesmo que os bens digitais que integrem o patrimônio devessem ser percebidos desde já na elaboração do inventário, isto não ocorre. A falta de regulamentação específica é o principal causador disso, obrigando os herdeiros a ajuizarem ações buscando a posse dos bens digitais do de cujus. Contudo, as decisões dos juízes nestes casos são díspares, criando às vezes insegurança jurídica para as partes que buscam a posse dos bens digitais deixados pelo de cujus. Desta forma, se mostra vital a necessidade de o legislador abrir os olhos quanto à questão da Herança Digital. Um passo importante já foi dado, quando houve a aprovação pela Câmara dos Deputados do projeto de lei que busca normatizar esta celeuma. A aprovação final do projeto pelo Senado Federal seria um grande avanço neste campo, e sem sombra de dúvidas traria a segurança jurídica necessária para as partes nas situações advindas da sucessão de bens digitais. REFERÊNCIAS AGOSTINI, O. S. Câmara aprova acesso de herdeiros a arquivos digitais de falecidos. Disponível em <http://www.internetlegal.com.br/2013/08/camara-aprova-acesso-de-herdeiros-a-arquivos-digitais-de-falecidos/> Acesso em 05 jun. 2017. AUGUSTO, N.C; OLIVEIRA, R. N. M. A Possibilidade Jurídica de transmissão de bens digitais “causa mortis” em relação aos direitos personalíssimos de “de cujus”. Disponível em <http://coral.ufsm.br/congressodireito/anais/2015/6-16.pdf> Acesso em: 19 mai. 2017. BERTASSO, B. M. Bens digitais em serviços de computação em nuvem e o direito de sucessão. Disponível em < http://bdm.unb.br/bitstream/10483/11139/1/2015_BrunodeMatosBertasso.pdf> Acesso em: 17 abr. 2017. BRASIL. Constituição Federal. Brasília: Senado Federal, 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituiçao.htm>. Acesso em: 9 mai. 2017. 16 BRASIL. Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm>. Acesso em: 10 mai. 2017. BRASIL. Câmara dos Deputados. Altera o art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que institui o Código Civil. Disponível em < http://www.camara.gov.br/proposicoesWeb/fichadetramitacao?idProposicao=548678> Acesso em 05.mai. 2017. BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. AGRAVO DE INSTRUMENTO. PROCESSO CIVIL. EXIBIÇÃO DE DOCUMENTOS. DISPONIBILIDADE DOS ARQUIVOS DIGITAIS DE DADOS CADASTRAIS. INFORMAÇÕES DO SERVIÇO DE PROTEÇÃO AO CRÉDITO (SCPC/SEPROC). TUTELA ANTECIPADA PARA O FORNECIMENTO DOS DADOS EM MÍDIA DIGITAL NO PRAZO DE 48:00 HORAS. ESTIPULAÇÃO DE MULTA DIÁRIA PARA A HIPÓTESE DE DESCUMPRIMENTO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA Nº. 372 DO STJ. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO. 1 - Nos termos da Sumula 372 do Superior Tribunal de Justiça, na ação de exibição de documentos, não cabe à aplicação de multa cominatória. 2 - Conforme entendimentos que ensejaram a Sumula 372, a busca e apreensão é a medida cabível para efetivar a exibição dos documentos, caso não seja atendida a ordem judicial. 3 - As multas previstas no artigo 461 do Código de Processo Civil são destinadas às ações cominatórias de obrigação de fazer e não fazer, não se alcançando, pois, a cautelar de exibição de documentos. AI: 8858911. Associação Comercial do Paraná versus Federação das Associações Comerciais do Paraná. Relator: Victor Martim Batschke. Acórdão de 03 de Julho de 2012. Diário Eletrônico da Justiça do Estado do Paraná COELHO, F. U. Curso de Direito Civil: Direito das coisas e Direito Autoral. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 613. EMERENCIANO, A.S. Tributação no Comércio Eletrônico. São Paulo: IOB, 2003. p.83. FIÚZA, C. Direito Civil: Curso Completo. 8. ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. GAGLIANO, P. S; PAMPLONA FILHO, R. Direito Civil: Parte Geral. 13.ed. São Paulo: Saraiva, 2011. GANDINI, J. A. D; SALOMÃO, D. P. da S.; JACOB, C. A validade jurídica dos documentos digitais. Disponível em <http://www.ambitojuridico.com.br/site/index.php?artigo_id=4411&n_link=revista_artigos_leitura> Acesso em: 25 abr. 2017. GONÇALVES, C. R. Direito das Sucessões. Volume 4. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p. 22 – 23. MEDINA, J. M. G. Herança Digital e os bens guardados na nuvem. Disponível em < https://professormedina.com/2011/11/03/heranca-digital-e-os-bens-guardados-na-nuvem/> Acesso em 15 mai. 2017. LARA, M.F. Herança Digital. 1.ed. Porto Alegre: Edição Própria, 2016. 17 LIMA, I. R. Herança Digital: direitos sucessórios de bens armazenados virtualmente. 2013. Disponível em <http://bdm.unb.br/bitstream/10483/6799/1/2013_IsabelaRochaLima.pdf> Acesso em: 20 mai.2017. LIMA, M. A. M. HERANÇA DIGITAL: Transmissão post mortem de bens armazenados em ambiente virtual. Disponível em <https://www.academia.edu/29324726/Herança_Digital__Transmissão_Post_Mortem_de_Bens_Armazenados_em_Ambiente_Virtual.pdf> Acesso em 16 abr. 2017. MONTEIRO, W.B; PINTO, A. C de B. M. F. Curso de Direito Civil, volume 1. 44. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. p.198. NADER, P. Curso de direito civil, parte geral. volume 1. 8. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2011. p. 262. OLHAR DIGITAL. Brasileiro calcula patrimônio digital em R$ 238 mil. Disponível em <https://olhardigital.uol.com.br/noticia/brasileiro-calcula-patrimoniodigital-%20em-r-238-mil,-diz-estudo/29129>Acesso em: 20 mai. 2017. REUTERS. Britânicos incluem senhas em testamento e deixam 'herança digital'. Disponível em <http://g1.globo.com/tecnologia/noticia/2011/10/britanicos-deixamaherdeiros-herancas digitais.html> Acesso em 16 abr. 2017. TRUZ, I. Projeto de Lei quer regulamentar transmissão de heranças digitais. Disponível em<http://ultimainstancia.uol.com.br/conteudo/noticias/67232/projeto+de+lei+quer+regulamentar+transmissao+de+herancas+digitais.shtml> Acesso em: 09 mai. 2017. SPAGNOL, D. A destinação do patrimônio virtual em caso de morte ou incapacidade do usuário: "herança digital”. Disponível em: <https://deboraspagnol.jusbrasil.com.br/artigos/426777341/a-destinacao-do-patrimonio-virtual-em-caso-de-morte-ou-incapacidade-do-usuario-heranca-digital> Acesso em 04 jun. 2017. VELOSO, L. Testamento Digital. Disponível em: <http://istoe.com.br/195987_TESTAMENTO+DIGITAL/> Acesso em: 05 jun. 2017. VENOSA, S. S. Direito civil: direito das sucessões. 3 ed. São Paulo: Atlas, 2003. p. 21. VIEGAS, F. O que fazer com arquivos digitais de uma pessoa que já morreu. Disponível em < http://www.ebc.com.br/tecnologia/galeria/videos/2012/10/o-que-fazer-com-arquivos-digitais-de-uma-pessoa-que-ja-morreu> Acesso em 20 mai. 2017. 18 ANEXOS ANEXO 1: PROJETO DE LEI Nº 4.099 DE 2012 (Do Sr. Jorginho Mello) Altera o art. 1.788 da Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que “institui o Código Civil”. O Congresso Nacional decreta: Art. 1.º. Esta lei altera o art. 1.788 da Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, que “institui o Código Civil”, a fim de dispor sobre a sucessão dos bens e contas digitais do autor da herança. Art. 2.º. O art. 1.788 da Lei n.º 10.406, de 10 de janeiro de 2002, passa a vigorar acrescido do seguinte parágrafo único: “Art. 1.788 . ......................................................................... Parágrafo único. Serão transmitidos aos herdeiros todos os conteúdos de contas ou arquivos digitais de titularidade do autor da herança.” (NR) Art. 3.º. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
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