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PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO, PESQUISA E EXTENSÃO - PROPEX
ASSESSORIA DE EXTENSÃO E PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU - AEX
SETOR DE PÓS-GRADUAÇÃO - SPG
O SUICÍDIO ENTRE JOVENS BRASILEIROS – COMO ENFRENTAR ESSE PROBLEMA?
UICÍDIO NA ADOLESCÊNCIA: UMA REVISÃO INTEGRATIVA DE LITERATURA
1 INTRODUÇAO 
No Brasil, o número de suicídios vem aumentando significativamente, principalmente entre os jovens, trata-se de um problema social de grande relevância para a saúde pública, e que pode ser evitado. A fase de transição e amadurecimento vivida pela juventude, além de novas experiências prazerosas, pode trazer dor e confusão. Por isso, um problema como o suicídio entre jovens no Brasil requer atenção e não deve ser tratado como tabu e exige a atenção de pais e responsáveis
O suicídio é uma questão complexa, o qual constitui-se campo de estudo de diversas áreas e saberes, os quais buscam compreender as suas múltiplas causas, no intuito de delinear estratégias de intervenção na perspectiva da prevenção. No Brasil existem poucas pesquisas sobre o suicídio, e ainda predomina as correntes que compreendem o fenômeno como algo isolado e individual.
Este trabalho justifica-se partir das observações que procurou-se compreender qual o papel do Serviço Social nos atendimentos dos jovens vítimas de tentativas de suicídio, e quais instrumentos e/ou saberes que o próprio Serviço Social pode utilizar especificamente como apoio teórico-prático na realização da intervenção com os jovens e a preocupação com a saúde mental que tentaram e apresentem ideações de suicídio e, ao mesmo tempo, por acreditar na prevenção deste tipo de comportamento 
Há uma série de fatores que podem estar relacionados a casos de suicídio entre jovens no Brasil, é o transtorno de humor em fase depressiva e freqüentemente é acompanhada de outros fatores, tais como:como o histórico de transtornos mentais, depressão, alcoolismo, esquizofrenia, transtorno bipolar e vício em drogas., conflito familiar, uso de drogas, gravidez não planejada, o abuso sexual, o bulling, etc. Tratando-se de prevenção, é necessário que o assistente social seja capas de ajudar estes jovens e trabalhar intervenções preventivas através da identificação de riscos e detecção precoce, contribuindo para estabelecimento da saúde dos mesmos.
Nesse sentido, este trabalho objetiva refletir as diferentes formas de atuação do assistente social no atendimento aos adolescentes que tentaram suicídio, ou que apresentem ideações suicidas.
Tendo em vista o objetivo proposto, o métodologia utilizada foi um fundamentaçao teórico, com abordagem qualitativa, transformando as informações em categorias de análise, tais como os conceitos, impactos do suicídio na sociedade, fatores de risco, programas de prevenção e a atuação do Serviço Social nesta abordagem. 
2 O SUICÍDIO ENTRE JOVENS BRASILEIROS 
O suicídio é um fenômeno presente ao longo de toda a história da humanidade, em todas as culturas. Trata-se de um comportamento resultante de uma complexa interação de fatores. O ato suicida é a consequência final de um processo, por isso, deve ser analisado de forma ampla e não considerando apenas determinados acontecimentos pontuais da vida do sujeito.
O tema suicídio gera debates polêmicos na sociedade, principalmente, quando o foco é o adolescente. Isso se deve, em parte, porque é nesta fase que o indivíduo constrói sua identidade, incorporando valores éticos e morais. Contudo, o suicídio pouco é debatido na atualidade, constituindo-se numa espécie de tabu. Ressalta-se que os indivíduos, na faixa etária da adolescência, estão vulneráveis e suscetíveis às influências ambientais e sociais, podendo ter reflexos de natureza construtiva ou destrutiva.
Para Marx (2006) o suicídio pode ser influenciado pelo modelo econômico e pela organização social vigentes em quase todos os países do mundo, o capitalismo. Por uma sociedade que tem um alto nível de exigência para com os indivíduos – seria um lugar onde é você por “si mesmo” tendo que enfrentar todas as pessoas do mundo. Durkheim (1996) reforça a tese de Marx ao afirmar que há ligações entre fatores sociais e o suicídio, se tratando desse modo de um fato coletivo – ele ressalta que cada classe social possui uma propensão característica para o suicídio. 
Sendo assim, uma tentativa de suicídio coloca a pessoa diante de um problema existencial significativo onde ela tem de responder a si mesma qual o valor que a vida tem para ela. Quem tenta contra a própria vida já não encontra valor motivo para lutar por ela nela. (ROCHA; BORIS; MOREIRA, 2012, p. 71)
O comportamento suicida envolve ideias, desejos e manifestações da intenção de querer morrer. O suicida, normalmente planeja onde, quando e como vai fazer levando em conta como isso irá impactar outras pessoas e o mesmo aplica-se ao contexto dos adolescentes. Em relação aos suicidas jovens , uma série de estudos científicos vem sendo publicados nos últimos anos mostrando que a depressão é a doença responsável pelo maior número de casos de suicídio no período da adolescência nos anos atuais .
O comportamento suicida vai ser classificado em três categorias que consistem em: ideação suicida, tentativa de suicídio e suicídio consumado. Pode-se considerar dois extremos sobre essa questão, neles se encontram a ideação suicida e o suicídio consumado, já a tentativa de suicídio se encontra entre esses dois extremos (WERLANG, BORGES & FENSTERSEIFER, 2005 apud MOREIRA &BASTOS, 2015, p.446).
As circunstâncias que levam os indivíduos a atentar contra sua própria vida são inúmeras. Alguns tentam a morte por ter uma vida familiar conflituosa e desavenças familiares, outros pelo fato de estarem vivenciando um processo de adoecimento. Desse modo, os fatos são diversos e, por vezes, contraditórios, servindo de pretexto para atentarem contra a própria vida. 
O suicídio é atualmente uma das dez causas mais frequente de morte em todas as idades, segundo a Organização Mundial da Saúde. O ato suicida é um processo complexo, compreendido como um fenômeno multideterminado por fatores biológicos, sociais, psicológicos, econômicos, familiares, culturais e religiosos, o que revela a sua complexidade em termos de estabelecer estratégias adequadas ao contexto. Emile Durkheim (1982, p.17) analisa o suicídio como um fato social e não como um fenômeno sócio-psicológico individual, como expõe: 
Assim, se, em vez de vermos neles [nos suicídios] apenas acontecimentos particulares, isolados uns dos outros e que necessitam cada um por si de um exame particular, considerarmos o conjunto dos suicídios cometidos numa sociedade dada durante uma unidade de tempo dada, constatamos que o total assim obtido não é uma simples soma de unidades independentes, um todo de coleção, mas que constitui em si um fato novo e sui generis, que possui a sua unidade e a sua individualidade, a sua natureza própria por conseguinte, e que, além disso, tal natureza é eminentemente social. Durkheim (1982, p.17) 
Já o pensador Karl Marx (2006), em sua obra Sobre o Suicídio, expõe sua critica radical à sociedade burguesa, ressaltando o seu modo de vida “antinatural”. Com base nas análises do autor, o suicídio passa a ser compreendido como um sintoma forte de uma sociedade adoecida, carente por transformações radicais. 
Portanto, é importante um olhar crítico ao exercício profissional do assistente social diante das demandas de suicídio, considerando a concepção marxista e durkheimiana, a conjuntura societária capitalista e a política de saúde brasileira.
Reconhecer precipitantes de suicídio e levá-los a sério constitui um passo importantíssimo para prevenir a tentativa de suicídio e o suicídio. Aqueles que fazem parte do universo dos adolescentes, forçadamente, encontram-se em uma posição-chave, na medida em que, vivendo tão próximos a eles, podem desempenhar um papel fundamental em suas vidas, através de ações de prevenção cujo êxito dependerá não só da capacidade de reconhecer sinais de alerta, mastambém de responder, adequadamente, aos seus apelos nesta fase em que têm suas certezas abaladas e suas referências enfraquecidas.
De acordo com Botega (2000, p. 157) O comportamento suicida é todo ato pelo qual um indivíduo cause lesão a si mesmo, qualquer que seja o grau de intenção letal e de conhecimento do verdadeiro motivo desse ato.
Atualmente, muitas pesquisas têm sido feitas sobre o suicídio de jovens e adolescentes, com a finalidade de identificar fatores de risco e trabalhar com prevenção. O interesse por tal assunto reside em tentar compreender como jovens que, de acordo com a respectiva fase de desenvolvimento da vida, deveriam estar planejando seus futuros, traçando metas, ideais, trabalhando sua intelectualidade, desenvolvendo todo tipo de arte, desistam de viver. 
O suicídio, como também os fatos que o antecedem, não é um acontecimento isolado, porém sua ocorrência se dá pelo sincronismo de diferentes fatores predisponentes que atravessam as diversas áreas da existência. Trata-se de um fato universal e complexo que afeta de forma completa as culturas, ideias e classes sociais, possuindo uma etiologia multifatorial, que envolve elementos de ordem biológica, genética, social, psicológica, cultural e ambiental que se relacionam à vida pessoal e coletiva 
Conforme menciona Sadock (2007, p. 1365):
O suicídio em jovens está relacionado à falta de capacidade de resolução dos problemas e estratégias para saber lidar com estressores, geralmente a falta de opções para lidar com discórdia familiar, fracassos e rejeições, auxiliam na decisão do ato. (Sadock 2007, p. 1365):
Portanto, as fricções com a família e a sociedade enfrentadas pelo sujeito adolescente, que vive uma situação de insegurança e desamparo, segundo os autores supracitados que discutem a adolescência, podem levar a uma experiência de sofrimento psíquico intenso, influenciando na decisão de suicidar-se. A juventude é uma etapa da vida, caracterizada pela transição da adolescência à idade adulta. Os jovens pertencem a um mundo cujo valor maior e mais fundamental é, hoje, o valor da liberdade
 A tentativa de suicídio em jovens mostra-se como sinal de alarme. Traduz fracasso no processo da adolescência, contrapondo-se à essência do existir dessa fase. A morte surge como o negativo de todas as forças expressivas do desejo de viver preciso, pois, aprofundar os estudos sobre o problema, de forma a ampliar o conhecimento acerca do tema “adolescência e manifestações suicidas”. Este se apresenta como um grande desafio para os profissionais da saúde, sem deixar de ser, talvez, o mais incômodo tema para pais e familiares.
No período da adolescência, ocasionalmente podem aparecer pensamentos de morte devido à dificuldade dos jovens em lidar com as demandas sociais, contextuais e situacionais impostas pela fase do ciclo vital em que se encontram. As ideias de morte também podem surgir como uma estratégia dos jovens para lidar com problemas existenciais, como a compreensão do sentido da vida e da morte (borges et al., 2008 apud braga; dell'aglio, 2013, p.6). 
A adolescência por si só é uma fase rodeada de estigmas entre os próprios adolescentes, da família para com eles e da sociedade como um todo, já que é um período de muitas inquietudes na vida do sujeito. Período este marcado por decisões a serem tomadas pelo resto da vida, mudanças físicas e psicológicas que implicam na construção de uma identidade que envolve a família, as amizades, os ídolos e todos aqueles que cercam o adolescente de alguma forma. 
Por conta de todas essas mudanças na adolescência é necessário que esse período seja observado com um maior cuidado pelas pessoas que cercam o jovem, uma vez que é preciso que se analisem aspectos que realmente podem ser patológicos nessa idade levando o jovem à tentativa ou ao suicídio propriamente
Segundo o Manual Dirigido a Profissionais das Equipes de Saúde Mental (Ministério da Saúde – Brasil Estratégia Nacional de Prevenção do Suicídio, s/d): 
Os principais fatores são história de tentativa de suicídio e o transtorno mental, mas entende-se que vai além disso. No geral, os maiores fatores de risco ao suicídio estão relacionados à vulnerabilidade associada aos transtornos mentais que a pessoa pode ter, como a depressão que possui uma relação com a ideação suicida tanto na adolescência como na vida adulta; ao alcoolismo, onde o álcool ode ser visto como uma tentativa de escape para algo e que pode se ver o consumo precoce por parte dos adolescente; à violência, sofrida e realizada; perdas de pessoas próximas ou até mesmo de coisas; história de tentativa de suicídio na família ou no meio dos amigos; bem como à “bagagem” cultural e social (WHO, 2010 apud BRAGA; DELL’AGLIO, 2013).
Alguns traços de personalidade também são considerados como fatores que podem influenciar no ato suicida, sendo um deles, a impulsividade, sobre o qual Wenzel, Brown e Beck (2010, p. 201), apontam que:
A impulsividade não é necessariamente um traço de personalidade constante em todos os adolescentes suicidas, mas que é uma característica dos adolescentes que não planejam as tentativas de suicídio com antecedência ou que não tem um bom resultado após o tratamento. (brown e beck 2010, p. 201)
 De acordo com a cartilha de prevenção ao suicídio voltada para conselheiros publicada em 2006 pela OMS, a juventude é uma fase propensa aos pensamentos suicidas devido às mudanças que ocorrem durante a sua passagem. Fatores complexos como as mudanças no humor, problemas sociais e comportamentais, o uso de substâncias, associados à fatores como uma vida familiar conturbada, bullying, estresse e baixo rendimento escolar podem acarretar em sentimentos de desesperança e desamparo, resultando na tentativa de suicídio (OMS, 2006).
Ainda de acordo com a OMS, entre os jovens o ato suicida está amplamente relacionado ao histórico de doenças psiquiátricas na família, negligência ou abuso sexual na infância, baixo nível de apoio parental, problemas com a lei ou disciplinares, contato com armas de fogo, abuso psicológico por parte de colegas ou familiares, tentativa anterior e suicídio de familiares ou conhecidos.
O momento de passagem da infância para adolescência gera problemas existenciais, que podem levar os adolescentes a apresentarem pensamentos suicidas em baixa frequência e de forma esporádica, isso é caracterizado como parte normal do processo de entender o significado da sua existência ou da sua morte, além disso nessa fase existe a dependência e a independência extremas e esses anseios podem ou não ser relatados a família (MOREIRA; BASTOS, 2015)
O adolescente entra em conflito consigo mesmo a partir do momento em que não se identifica mais como criança, porém também ainda não possui habilidades sociais e psíquicas necessárias para a resolução de problemas complexos da vida adulta. Por isso, na adolescência é comum a manifestação de sentimentos ambivalentes e comportamentos autodestrutivos.
Considera-se ainda, o pensar sobre a adolescência como fase de constantes transformações e conflitos, em nem sempre a verbalização é vista como algo simples pelos adolescentes. Prieto 2017, s/n ainda corrobora ao falar que: 
O processo suicida ocorre muitas vezes silenciosamente sem revelar indicadores externos do que está se passando com o sujeito. Inicia-se com a contemplação de que seria melhor estar morto, depois podem surgir ideias e planos suicidas. Caso o sofrimento psíquico se intensifique e não sejam construídas outras saídas, a verbalização de ideias suicidas ou tentativas de suicídio podem ocorrer, marcando o aumento do risco. A contemplação da morte, o pensamento e a comunicação suicida e a tentativa de suicídio alertam para a necessidade premente de uma escuta qualificada e profissional que possa ajudar o sujeito a encontrar caminhos que lhe possibilitem uma religação com a vida. (PRIETO, 2017, s/n). 
Estes comportamentos tendem a se dissipar conforme o amadurecimento do indivíduo, porém quando o adolescente não consegue elaborar soluções paraos problemas dessa transição a não ser pela finalização da vida, esta questão precisa ser acompanhada de forma mais próxima e de maneira mais efetiva. Muitos dos comportamentos apresentados pelos adolescentes, segundo Moreira e Bastos (2015), são típicos dessa fase, por isso deve-se atentar às frustrações demonstradas, para identificar o que é patológico do que não é.
 Uma vez que o adolescente executa o ato, o impacto da ação suicida, mesmo quando não efetivado, reflete não apenas no próprio indivíduo, mas nos familiares, amigos e demais pessoas que socialmente o acompanham, gerando consequências tanto materiais quanto psicológicas, ou seja, não é somente a pessoa que produz o ato que sofre.
Depois de relatar sobre os fatores de risco e suas implicações, vale ressaltar também a relevância dos fatores de proteção. Segundo Silveira, Silvares e Marton (2003), fatores de proteção são recursos pessoais ou sociais que diminuem ou neutralizam o impacto do risco. Diante da bibliografia pesquisada, percebe-se que há pouca literatura sobre este assunto que é tão necessário para que estratégias de prevenção sejam elaboradas e construídas, e para que se possa diminuir os efeitos desses fatores de risco. Destacaremos aqui as poucas e principais associações feitas aos fatores de proteção. A convivência com os pares - especialmente na fase da adolescência, em que os relacionamentos interpessoais fora do âmbito familiar têm fundamental importância para o jovem em desenvolvimento – pode servir como importante fator de proteção ao suicídio na adolescência (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013, p. 06).
 Ao mesmo tempo que a família pode ser um fator de risco, ela também vai se encaixar como fator de proteção para os adolescentes, servindo de suporte para todos os eventos estressores da vida. 
A importância dessa instituição para o desenvolvimento adequado de seus membros tem persistido e o vínculo emocional entre os membros de uma família (seja ela nuclear ou não) continua tendo a função de proteção inclusive para o comportamento suicida (BRAGA; DELL’AGLIO, 2013, p. 08). 
Assim ainda que o acompanhamento realizado aos jovens com ideação suicida deve ser estendido também aos familiares ou acompanhantes, pois a falta de informações a respeito do risco de ocorrer uma nova tentativa e também, a importância de verificar comportamentos que podem ser destrutivos como isolamento social, ideias de autopunição, verbalizações sobre o desejo de morrer, tristeza acentuada e desesperança são fatores que podem levar o sujeito a efetivação do suicídio ou a uma nova tentativa 
Deste modo, questionamos a importância do pensar sobre o acolhimento aos jovens que chegam aos serviços de saúde, uma vez compreendendo que de acordo com a história de vida de cada um, bem como pela própria fase de mudança que os deixa mais fragilizados, que estes podem passar a experimentar a sensação de desamparo e deslocamento social frente às diversas situações experienciadas que parece não se ter o controle. 
Segundo o Ministério da Saúde na Cartilha da Política Nacional de Humanização o conceito de Acolhimento é trazido como (2010, p. 14): 
Processo constitutivo das práticas de produção e promoção de saúde que implica responsabilização do trabalhador/equipe pelo usuário, desde a sua chegada até a sua saída. Ouvindo sua queixa, considerando suas preocupações e angústias, fazendo uso de uma escuta qualificada que possibilite analisar a demanda e, colocando os limites necessários, garantir atenção integral, resolutiva e responsável por meio do acionamento/articulação das redes internas dos serviços (visando à horizontalidade do cuidado) e redes externas, com outros serviços de saúde, para continuidade da assistência quando necessário.
Marques e Lima (2007) afirmam que o acolhimento implica na prestação de atendimento com interesse e com articulação com outros serviços da rede em face aos encaminhamentos. Há nesse ponto, uma preocupação na resolução das demandas e a presença de vínculos entre técnicos e usuários. 
Como o acolhimento é realizado por quase todos os profissionais do serviço, observa-se autonomia no modo de condução de cada profissional. A responsabilização dos profissionais em acolher passa a produzir certa “desacomodação” a partir do momento que é atribuída a toda a equipe atender os usuários nas suas mais diversas demandas. Há uma preocupação em acolher bem e tal acolhimento se inicia com o ingresso do usuário no serviço, se estendendo a todo o período que permanece no serviço ou até serem dados os devidos encaminhamentos. A participação da maioria dos profissionais no acolhimento é bastante significativa ao serviço, visto que passa a ser uma forma de desenvolver um maior protagonismo destes no processo de trabalho.
Assim cabe apresentar a visão do Serviço Social sobre a questão do suicídio, a partir da estrutura de nossa sociedade, a qual todos estamos incluídos. A sociedade possui, em sua organização, rupturas, que se manifestam através da prática suicida. Essa ação é crescente em nosso país e oriunda de crises e perturbações do sujeito coletivo, que geralmente possui atitudes melancólicas e tristes no seu viver. Ao abordar o sujeito coletivo, entende-se que a sociedade, como grupo social, existe não como uma massa de individualidades, mas como uma representação coletiva com símbolos, valores e regras produzidos, que se sobrepõe aos individuais. Nesse sentido, o suicídio não está relacionado a uma causa biológica, hereditária e de raça; mas sim ao fato de que o suicida não vê mais significados em conviver coletivamente.
O suicídio pode ser considerado como a expressão máxima da exclusão social de um sujeito ou da precariedade de acesso a proteção, devido ao seu contexto social. Ao desmistificarmos as causas do suicídio, entendendo-o como um reflexo das fragilidades da nossa sociedade, ao excluir e oprimir diversos indivíduos, passamos a interpretar a questão como algo coletivo e que necessita ser compreendido em sua totalidade. São inúmeras as situações de vulnerabilidade para o suicídio que merecem atenção. Entre as mais frequentes são as doenças graves; isolamento social; ansiedade; desesperança; crise familiar; luto; transtornos mentais, como uso abusivo de álcool e outras drogas, depressão, esquizofrenia entre outros associados à facilidade de acesso aos meios de suicídio (APA, 2003; SILVA et al, 2006).
A criança ou adolescente, ao tentar contra a própria vida, deixa claro a precariedade de nossa sociedade em fornecer respostas e oportunidades, que tragam a esse sujeito o sentimento de proteção social que lhe é de direito. O assistente social, ao perceber essas fragilidades, deve fazer uso de suas categorias de trabalho para que o suicídio não seja tratado como uma demanda específica daquele que o faz, mas sim de um sintoma social, vendo em sua totalidade quais as reais possibilidades de tratamento.
 Neste sentido, cabe ao profissional interagir com os diversos espaços comunitários frequentados pelos jovens, como a família, escola, trabalho (quando houver), entidades religiosas, espaços de lazer e cultura, serviços de saúde, etc a relação do tratamento terapêutico com estes outros espaços e equipes responsáveis deve ser o mais resolutivo possível, e cabe ao assistente social criar mecanismos e espaços de diálogo para isso.
O Serviço Social é uma profissão inserida em um contexto sócio histórico que tem como objeto de trabalho a questão social e suas múltiplas determinações. As expressões da questão social se manifestam conforme o espaço sócio-ocupacional em que o assistente social se insere. Nesse sentido, vale ressaltar que este trabalho tem como foco de análise a saúde mental e a problemática desenvolvida nesse item tem como elemento central a compreensão desse espaço sócio ocupacional, identificado o suicídio como uma demanda profissional e que se evidencia como uma expressão da questão social.
 Na saúde mental há um mito presente no senso comum que atrela a intervenção profissional nessa área ao campo restritamentesubjetivo do indivíduo. Mas cabe destacar que as demandas da saúde mental não se restringem ao campo da subjetividade individual, mas diz respeito às questões objetivas da vida social. É nesse ínterim que se reconhece o assistente social como um dos profissionais da saúde, inclusive da saúde mental, e que tem como objeto de intervenção a questão social e suas múltiplas expressões. 
O profissional de Serviço Social nessa área é requisitado para contribuir, juntamente com a equipe profissional, na elaboração, planejamento e implementação de políticas sociais e na viabilização de direitos sociais. Nesse sentido, compete ao profissional de Serviço Social identificar as demandas individuais contextualizando-as com dimensões universais e particulares que se colocam na realidade social.
Com isso, compreende-se que a atuação do Serviço Social sobre a temática do suicídio vai muito além da atuação direta com o paciente, a qual vimos que não se faz sozinha. O assistente social vem conquistando um espaço importante dentro das equipes de saúde mental, delimitando seu objeto de trabalho como as expressões da questão social e pondo em atrito os modelos mais conservadores de cuidado.
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo contemplou os objetivos de conhecer os métodos utilizados por adolescentes que tentaram suicídio e analisar os motivos que determinaram tal ação. Vale colocar que os adolescentes, de um modo geral, têm uma visão imatura da morte, tentam o suicídio como uma forma de chamar a atenção, pois comumente estão vivenciando algum tipo de conflito. Os dados mostram que a maioria das tentativas de suicídio decorre de conflitos familiares e estes indivíduos demonstram alterações emocionais que se caracterizam pela dificuldade de adaptação social e de relações interpessoais. Cabe mencionar, também, que os jovens tornam-se mais suscetíveis ao ato suicida por apresentarem, com frequência, ideações suicidas e, por vezes, associarem o uso de substâncias psicoativas. E, ainda, pela facilidade de acesso a medicamentos psicotrópicos, objetos cortantes e, especialmente, por permanecerem sós nos momentos de crises.
Identificou-se que este fenômeno não atinge apenas a vítima, mas também seus familiares e amigos próximos, tornando-se um dogma e trazendo à tona questionamentos para tentar justificar tal atitude. Em relação à tentativa de suicídio, pode ocorrer juízo de valor e mais uma vez esse sujeito tende a se sentir novamente mal cuidado e não compreendido.
Convém mencionar que o suicídio é um problema de saúde pública e que há necessidade de organizar programas preventivos, informativos e esclarecedores na tentativa de minimizar as ocorrências deste ato. Também há necessidade dos adolescentes serem ouvidos e compreendidos, para que possam se expressar sobre a temática, sem constrangimentos.
Levando em consideração este contexto, entende-se que o tema relacionado ao suicídio deveria ser amplamente debatido pela sociedade, uma vez que os índices de tentativas e o ato suicida têm aumentado consideravelmente entre a população jovem. Diversas ações podem ser desenvolvidas. Nesse cenário, as equipes de atenção básica de saúde, têm papel significativo por estarem inseridas nas comunidades e por prestarem atendimento em nível primário, o que favorece para o partilhamento das informações e orientações relativas a esse assunto.
Também merece destaque o papel dos educadores que atuam nas escolas. Estes podem servir de porta vozes no sentido de apoiar programas que abordem a questão do suicídio, tornando público os conceitos, manifestações clínicas, prevalência, manejo ao indivíduo em risco e, também, indicando instituições que trabalham com esta abordagem. Além disso, é fundamental que os educadores saibam identificar situações de risco para o suicídio entre os adolescentes, já que grande parte deles frequenta uma escola e, por vezes, há manifestações desta condição neste ambiente.
É notável a constatação de que esta fase do desenvolvimento designada adolescência é marcada por novas propostas, caminhos, questionamentos, enfim, mudanças que acontecem de modo rápido na vida dos jovens. Vale destacar que os adolescentes, habitualmente, estão dispostos ao diálogo, à troca de vivências e mostram-se ávidos por serem ouvidos e abertos para discussões e colocações sobre suas experiências a partir da tentativa de suicídio.
BOTEGA, N. J. Suicídio e tentativa de suicídio. In: LAFER, B. et al. (Ed.). Depressão
no ciclo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2000. cap. 16, p. 157-165.
SADOCK, B. J; SADOCK, V. A. Kaplan & Sadock compêndio de psiquiatria:
ciência do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2007, p.
1364-1403
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