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agricultura familiar e camponesa

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Agrifam:
Pequeno produtor?
Foi um termo bastante usado no período da modernização da agricultura brasileira, diferenciava o pequeno, médio e o grande agricultor, principalmente para os financiamentos bancários através dos pacotes tecnológicos. Hoje substituído por Agricultor Familiar. 
Os agricultores com suas economias de estrutura familiar são denominados de “pequenos produtores”, “pequenos agricultores”, “colonos”, “camponeses”, “trabalhadores rurais” dentre outras definições.
Produção familiar:
A diferenciação1 existente entre as famílias produtoras contribui para a dificuldade de se estabelecer conceito que represente a realidade de modo a propiciar entendimento comum. 
No entanto, a lógica de funcionamento destas economias – voltadas para o atendimento das necessidades das próprias famílias, e não para a acumulação do capital na forma capitalista – terminam por apresentar traços comuns a essas atividades, possibilitando classificá-las como economias de produção familiar.
A grande maioria dos conceitos ou classificações empregadas para representar as economias com estrutura de produção familiar traz em seus limites as simplificações de situações particulares, específicas. Diferem entre si, devido aos objetivos para os quais foram criadas ou pelas condições (dados e informações disponíveis) existentes para construí-los. A FAO, por exemplo, em estudos fundamentados no Censo Agropecuário de 1985, publicado em 1996, apresenta uma definição que incorpora como economia de estrutura familiar aquela produção realizada por agricultor e seus familiares mesmo ocorrendo contratação de força de trabalho de terceiros (máximo um empregado permanente).
Neste tipo de produção, o trabalho da família é a única fonte de renda não existindo o fenômeno econômico dos salários, e por isso, estando também ausente a lógica capitalista do lucro
O Ministério da Agricultura, dentro do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar – PRONAF (BRASIL, 1979) considera como economia familiar aquela produção realizada por famílias de agricultores auxiliadas com a utilização de força de trabalho de até dois empregados permanentes, tendo como limite aquelas famílias que exploram áreas inferiores a quatro módulos rurais estabelecidos em lei.
 Por outro lado, a Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais – CONTAG - considera como familiares todos os agricultores que trabalham em menos de quatro módulos rurais e que não contratem mão-de-obra permanente.
No semiárido baiano a produção de estrutura familiar é denominada simplesmente de “Pequenos Agricultores”.
Já nos meios acadêmicos, o tamanho ou a área de terra ocupada não se constitui no item ou elemento de maior importância para a definição conceitual, partindo-se, nos estudos mais avançados, da classificação da força de trabalho empregada na realização da produção (se familiar ou contratada).
O entendimento genérico que é dado pelo meio acadêmico ao que se denomina economias rurais de produção familiar ou simplesmente produção familiar rural, passa necessariamente pelo estudo e compreensão do processo histórico de formação dos estabelecimentos agrários (GORENDER, 1987 e 1990) e da relação da lógica de operacionalidade destes com a lógica de funcionamento do sistema econômico no qual estejam inseridos.
No Brasil, dada a maneira como desencadeou seu processo de colonização, de origem e formação do seu povo e o seu desenvolvimento em geral, pode-se encontrar raízes históricas e formações distintas destas economias (SILVA, 1983). A cada realidade regional se dispõe de um universo de características próprias. A cada universo, marcas históricas diferenciadas a partir da história vivida por cada região em épocas e espaço geográfico diferentes, apesar do permear dos fatos históricos comuns a todo o país.
Agricultura familiar:
Dentro deste sistema, deve ser considerado que o sentido dado no emprego dos recursos produtivos é assentado na lógica de transformar os recursos naturais em mercadorias que deverão ser levados ao mercado em busca de lucro como forma de acumulação do capital. Não é uma produção voltada para a subsistência, e sim, uma produção voltada para a acumulação capitalista do capital. O fenômeno salário é parte integrante do funcionamento deste sistema, servido inclusive como medida dessa produção. O fator trabalho caracteriza-se como variável, já que o empreendedor poderá contratar a quantidade que julgar necessária para realizar a produção. O tamanho da terra e sua relação com os outros fatores de produção tanto implica no grau de otimização desses recursos como no resultado do empreendimento. Uma ótima combinação dos recursos produtivos eleva a renda do empreendimento, enquanto que, de forma gradual, qualquer combinação que não esteja maximizada – combinação adequada do tamanho de terra e das proporções ideais dos outros fatores produtivos disponíveis – implica na redução da taxa de ganhos obtidos.
Porém, tratando-se de um empreendimento agrícola de produção familiar percebe-se que o fator de produção força de trabalho caracteriza-se como fixo. Isto porque este fator é definido pela composição e tamanho da família. Logo, não sofre variação na quantidade disponível, não pode diminuir ou aumentar à vontade, como também está sujeito à necessidade de uma correta combinação de todos os fatores de produção disponíveis, partindo a combinação desses fatores exatamente do fator força de trabalho. A força de trabalho da família é algo dado e os outros elementos produtivos da unidade se ajustam de acordo com esta, em uma harmonia técnica entre todos os fatores.
Quando a quantidade de terras agricultáveis de um estabelecimento rural com economia de produção familiar for insuficiente para a utilização de toda a força de trabalho da família, considerando constante a parcela de terra e a impossibilidade de ampliação, haverá tendência a deslocamento de parte da força de trabalho da família para outras atividades, agrárias ou não.
A produção familiar rural no Brasil, hoje, retrata um resultado composto por uma enormidade de variáveis sociais, políticas e econômicas. Porém, há de se considerar que essa produção familiar possui a marca da forma como desenvolveu-se a economia brasileira, apresentado características que as diferenciam de outras produções familiares de outros países e mesmo dentre as diversas regiões no Brasil quando observadas suas condições gerais de realização da produção, gênese e desenvolvimento histórico. Tais diferenças tanto podem ser encontradas nas relações das formas familiares de produção com as formas de reprodução do capital de modo capitalista, nas suas gêneses da própria produção familiar, nos seus volumes de recursos produtivos disponíveis e condições gerais para realização da produção, nas estratégias de sobrevivência e mesmo nos fenômenos econômicos de compra ou venda de força de trabalho.
Infere-se, pois, que a produção familiar é uma forma de realização da produção de maneira distinta de um empreendimento puramente capitalista. Sua lógica de funcionamento diferencia-se da lógica capitalista de produção. Mesmo que, vivendo no contexto do desenvolvimento do capital, mantendo relações com as formas puramente capitalista, a produção familiar guarda as suas particularidades e caracteriza-se por uma forma não-capitalista de produção. Daí pode-se afirmar que as economias de produções familiares, no caso agrária, são aquelas economias de subsistência e que apresentam como principais características os fatos de: Ser administradas por agricultores, proprietários ou não, que dispõem de pequenas parcelas de terra e realizam produção agrícolas e/ou artesanal voltadas para a própria manutenção do estabelecimento, de si e da sua família. Sendo uma produção caracterizada pelo auto-consumo, ou seja, voltada para a subsistência da família e do próprio estabelecimento; Usarem a força de trabalho familiar, podendo, por vezes, disponibilizar de força de trabalho não oriunda própria família através de atividades coletivas e associativistas;Mesmo que a família vá ao mercado para venda de parte ou totalidade de sua produção, ela está voltado para a subsistência da própria família e para manutenção do estabelecimento e das condições de realização de novas produções com o mesmo objetivo; quando a família contrata força-de-trabalho não o faz nos sentido estrito da acumulação capitalista, mas sim, com intuito de realizar produção capaz de prover a própria família da garantia consumo de subsistência/manutenção do estabelecimento e, se possível, melhoria no próprio nível de consumo, no aprovisionamento do consumo futuro e na manutenção das condições de produzir.
Logo, a produção familiar é ordenada pela lógica de que os agricultores utilizam a força de trabalho da sua família e dele mesmo. Gera excedente econômico como retribuição ao seu próprio trabalho e da sua família, não como lucro. Esta contribuição é caracterizada e representada pelo consumo de bens e serviços pela própria família.
 O conceito de produção familiar, inclusive, representa o tipo de produção realizada por alguns agricultores do semiárido baiano. Isto porque sua produção está voltada para a sua subsistência, utilizando mão-de-obra- familiar. Parte da sua produção é levada ao mercado, sem no entanto caracterizar busca ao lucro para a acumulação capitalista do capital, mas sim em busca da subsistência da própria família e do seu tipo peculiar de economia.
Campesinato: 
É um conceito difícil de explicar , diferentemente das categorias de trabalhador assalariado ou de empresário capitalista, que sempre se produzem e se reproduzem exclusivamente a partir da relação trabalho-capital, em todos os lugares o campesinato se cria e se recria por meio da relação familiar e do assalariamento temporário. O campesinato só pode ser compreendido em um processo multidimensional, ou seja, na interação de todas as dimensões do desenvolvimento humano: política, econômica, social, natural e cultural. O trabalho na terra e a produção de alimentos são relações principais que identificam os diferentes tipos de campesinato em qualquer parte do mundo.
Embora hajam similaridades, o campesinato tem suas características distintas na maioria das regiões do mundo. A diversidade cultural e econômica é uma das principais riquezas do campesinato.
Tais diferenças e semelhanças estão representadas nos diversos conceitos adotados para se referir ao campesinato: pequeno agricultor, lavrador, agricultor familiar, campesinato indígena, pequeno produtor, agricultor familiar camponês, produtor familiar etc. Essas diferenças refletem as múltiplas relações sociais em que os camponeses estão envolvidos. Na dimensão econômica, há situações em que distintas relações ocorrem ao mesmo tempo. Um exemplo é o camponês desenvolver o trabalho familiar em sua terra e trabalhar como assalariado para completar sua renda. Outro exemplo é o camponês precisar contratar trabalho assalariado em períodos como o de safra, em que a mão de obra da família se torna insuficiente. Ou ainda o camponês trabalhar como assalariado em um período e contratar assalariados em outro. Em alguns casos, o campesinato é pluriativo, trabalha nas cidades ou no campo, em atividades não agrícolas.
Existem também diferenças e semelhanças na cultura, nas relações com a terra e com o território.
Dentre as características comuns dos camponeses, destacam-se: a organização do trabalho e da produção familiar e/ou comunitária; as formas de uso da terra; a organização de cooperativas para os vários tipos de trabalho; a produção em pequena escala e a criação de tecnologias apropriadas na relação com o espaço natural; a policultura, a participação intensiva nos mercados locais e a produção para o autoconsumo; a subordinação aos processos produtivos determinados pela agroindústria e as expressivas participações na produção para exportação.
O campesinato está entre os tipos de organização social mais antigos da história da humanidade. Participou tanto da construção de sociedades quanto das transformações políticas das sociedades modernas. A luta pela terra e pelo território são outras relações de semelhança entre os diferentes tipos de campesinato. A privação pelas desigualdades produzidas no desenvolvimento capitalista e a ressocialização gerada na luta camponesa pela terra são situações que expressam a complexidade das semelhanças e diferenças do campesinato.
TEMA 1: Camponês e pequena produção
O campesinato pode ser visto como uma forma social particular de organização da produção, cuja base é dada pela unidade de produção gerida pela família. Este caráter familiar se expressa nas práticas sociais que implicam uma associação entre patrimônio, trabalho e consumo, no interior da família, e que orienta uma lógica de funcionamento específica. 
A agricultura camponesa é pequena, dispõe de poucos recursos , tem restrições para potencializar suas forças produtivas, entre outros. Não é a sua dimensão que determina sua natureza e sim suas relações internas e externas.
O campesinato têm como objetivo principal a reprodução biológica e social da família e não a valorização e acumulação de capital e há uma íntima relação entre trabalho familiar e consumo da família, com destaque para este e para a cooperação, estimulados pela necessidade de garantir a reprodução da família camponesa. Cada família camponesa é quase autossuficiente. Ela própria produz inteiramente a maior parte do que consome, adquirindo assim os meios de subsistência mais através de trocas com a natureza do que do intercâmbio com a sociedade.
Em primeiro lugar, o campesinato se constitui historicamente como uma civilização ou como uma cultura. O campesinato, forma política e acadêmica de reconhecimento conceitual de produtores familiares, sempre se constituiu, sob modalidades e intensidades distintas, um ator social da história do Brasil. Em todas as expressões de suas lutas sociais, seja de conquista de espaço e reconhecimento, seja de resistência às ameaças de destruição ao longo do tempo e em espaços diferenciados, prevalece um traço comum que as define como lutas pela condição de protagonistas dos processos sociais.
o campesinato também pode ser visto de uma maneira mais restrita, como uma forma social particular de organização da produção. Fala-se, neste caso, de uma agricultura camponesa, cuja base é dada pela unidade de produção gerida pela família. Esse caráter familiar se expressa nas práticas sociais que implicam uma associação entre patrimônio, trabalho e consumo, no interior da família, e que orientam uma lógica de funcionamento específica. 
No Brasil, a construção da identidade camponesa foi tardia por causa do envolvimento dos movimentos de luta pela terra com a realização de experiências de coletivização nada mais oposto ao projeto camponês, bem como pela prioridade concebida pelo movimento sindical rural à consolidação do Pronaf. A história do campesinato, no Brasil, é o registro de lutas para conseguir um espaço próprio na economia e na sociedade, bem como para constituir um território familiar que fosse capaz de guardar a memória da família e de reproduzi-la para as gerações posteriores. A organização da classe camponesa emergiu através da formação de três grandes movimentos: ULTABs (União de Lavradores e 31 trabalhadores Agrícolas do Brasil) que foi feita pelo Partido Comunista; Ligas Camponesas e o MASTER (Movimento dos Agricultores Sem Terra), que surgiu no Sul com influências do Partido Trabalhista Brasileiro, estes movimentos propiciaram o fortalecimento da ideologia de luta em torno de uma reforma agrária radical, sob o lema de “Reforma agrária na lei ou na marra”, principal bandeira de luta das Ligas Camponesas. 
Produção:
As diferenças básicas entre os modos de produção residem nas diferentes inter-relações entre agricultura e mercado e no ordenamento associado ao processo de produção agrícola: Agricultura capitalista: a relação salário-trabalho é central; Agricultura camponesa: é fortemente baseada no capital ecológico (especialmente a natureza viva); Agriculturaempresarial: afasta-se progressivamente da natureza ao mesmo tempo que, a dependência do capital financeiro torna-se a principal característica
Diferenças básicas entre os modos de produção:
	Modo camponês
	Modo empresarial
	Conexão em relação a natureza; Distanciamento em relação ao mercado de insumos , diferenciação em relação ao mercado de produtos e reduzido grau de mercantilização ; Centralidade de tecnologias artesanais e do trabalho qualificado; Continuidade entre o passado, presente e futuro; Baseado na quantidade e qualidade do trabalho ; Riqueza social crescente. 
	Desconexão em relação á natureza; elevada dependência em relação ao mercado e elevado grau de mercantilização ; Centralidade do empreendedorismo e de tecnologias mecânicas; Rupturas entre o passado, presente e futuro ; Tecnologias compradas ; Contensão e redistribuição da riqueza social.
A autora Wanderley encontra-se o conceito de pequena agricultura que, por analogia pode-se entender como pequena produção. E,para discorrer sobre o assunto ela, explica que: A agricultura camponesa é, em geral, pequena, dispõe de poucos recursos e tem restrições para potencializar suas forças produtivas; porém, ela não é camponesa por ser pequena, isto é, não é a sua dimensão que determina sua natureza e sim suas relações internas e externas.
TEMA 2:Produção familiar e agricultura familiar
A produção familiar caracteriza-se por economias de estrutura familiar que são voltadas para o atendimento das necessidades das próprias famílias, e não para a acumulação do capital na forma capitalista e expor que o conceito de agricultura familiar tem-se diversas vertentes dentre as quais destacamos duas: uma que considera que a moderna agricultura familiar é uma nova categoria, gerada no bojo das transformações experimentadas pelas sociedades capitalistas desenvolvidas. E outra que defende ser a agricultura familiar brasileira um conceito em evolução, com significativas raízes históricas. 
A produção familiar é uma forma de realização da produção não capitalista, que tem como características: ser administradas por agricultores, proprietários ou não, que possuem pequenas parcelas de terra e realizam produção agrícolas e/ou artesanal voltadas para a própria conservação do estabelecimento, da sua família ou de si próprio. Sendo uma produção identificadacomo sendo para a subsistência da família e do próprio estabelecimento; usarem a força de trabalho familiar, podendo também usar a força de trabalho não proveniente da própria família; mesmo que esteja voltada para a subsistência da família e manutenção do estabelecimento , ela permite a venda de parte ou totalidade de sua produção; entre outros.
Não é fácil definir a agricultura familiar, pois a mesma possui diversas reflexões acerca do conceito. Para ABRAMOVAY (1997) a agricultura familiar é aquela em que a gestão, a propriedade e a maior parte do trabalho vêm de indivíduos que mantêm entre si laços de sangue ou de casamento. Há uma certa disseminação de que o agricultor familiar é aquele que vive no meio rural e trabalha na agricultura com sua família. 
A agricultura familiar é responsável por 70% da produção de alimentos do país e busca empregar cada vez mais práticas agroecológicas de produção, ou seja, ela é baseada em princípios que estabelecem uma relação equilibrada do homem com o meio ambiente, para que ele possa retirar o sustento da terra sem que para isso, tenha que acabar com os recursos naturais. Tal tipo de agricultura tem contribuição fundamental para garantir a soberania alimentar do país, e promover a inserção de um modelo desenvolvimento, relacionado com a sustentabilidade.
Lamarche (1998) e Wanderley (1999) explicam a agricultura familiar como um conceito genérico, que incorpora múltiplas situações específicas, sendo o campesinato uma dessas formas particulares. Para o caso brasileiro, Wanderley considera que o agricultor familiar, mesmo que moderno, inserido ao mercado, guarda ainda muitos de seus traços camponeses, tanto por que ainda tem que enfrentar os velhos problemas, nunca resolvidos, como porque, fragilizado, nas condições da modernização brasileira, continua a contar, na maioria dos casos, com suas próprias forças.
produção camponesa é aquela em que a família ao mesmo tempo detém a posse dos meios de produção e realiza o trabalho na unidade produtiva, podendo produzir tanto para sua subsistência como para o mercado. A especificidade do sistema de produção camponesa que combina propriedade ou posse dos meios de produção e a realização do trabalho estão na base da racionalidade da produção camponesa, eixo central da teoria de Alexander Chayanov (1974). Para ele, diferentemente da empresa capitalista, que tem por base a extração do trabalho assalariado e por prioridade a maximização do lucro, a produção familiar é orientada para a satisfação das necessidades e a reprodução da família. Nesse sentido, a decisão sobre o aumento da quantidade de trabalho necessário para a expansão de determinada atividade, por exemplo, tem em conta o bem-estar da família, antes mesmo do interesse de obtenção de maior lucratividade, e isso ocorre por não haver a separação entre gestão e trabalho, estando ambos sob a responsabilidade do produtor e sua família. E mesmo quando há a necessidade de contratar mão-de-obra, ela ocorre de forma a complementar a força de trabalho da família.
A LEI 11.326/2006 Estabelece as diretrizes para a formulação da Política Nacional da Agricultura Familiar e Empreendimentos Familiares Rurais.
Concluímos então que a agricultura familiar e produção familiar possuem relação direta entre si, e que apesar das diferenças de pensamento sobre agricultura familiar encontrados no meio acadêmico ou no meio popular, giram em torno do bem estar da família sem o objetivo doacumulo de riqueza, onde em alguns casos a família pode ter como objetivo o lucro, apenas pelo mesmo estar relacionado com o bem estar da família, e também como é importante a criação de leis que delimitem e organizem esse classe de forma legal, facilitando assim na inserção dessas formas de produção nos programas de apoio governamental, ajudando a impulsionar a mesma, fortalecendo o campo e promovendo maior bem estar para essas famílias, e por último, percebemos como algumas famílias podem necessitar de algum tipo de ajuda advinda de fora do seu núcleo familiar, pois como o trabalho depende principalmente da força do seu núcleo familiar há casos onde nem todos podem contribuir na cadeia produtiva e causar desequilíbrio na relação entre Produtividade vs Consumo familiar. 
TEMA 3: As transformações da Agricultura familiar e do mundo rural na realidade contemporânea 
O que é agricultura familiar? R= Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil tem 4,4 milhões de famílias agricultoras, o que corresponde a 84% dos estabelecimentos agropecuários do país;
As transformações da agricultura familiar e do mundo rural ocorreu de várias maneiras ao longo do tempo, podendo citar:
1) Revolução verde: 
Objetivo: Difundir tecnologias agrícolas. 
Ocorrência: Países subdesenvolvidos.
Teoria: Acabar com a fome no mundo.
Prática: Impactos sociais e ambientais negativos.
Divergências no Brasil: Crescimento econômico concentrado X Problemas sociais.
Produção no Brasil (1970 – 1985): aumento de 20% da produção de alimentos básicos (arroz e feijão) X aumento de 119 a 1,112% de alimentos voltados a exportação (Soja e cacau).
Realidade Brasileira: Ocupa lugar de destaque entre os países produtores exportadores contrastando com parte da população subnutrida. 
Introdução (1960 – 1970): Na época da ditadura militar com promessa de agricultura mais produtiva e rentável. 
Técnicas Introduzidas: Monocultivo de plantas geneticamente modificadas; Utilização de defensivos e fertilizantes químicos; Ampla mecanização. 
Políticas públicas: Foram criadas para que a adoção do novo modelo produtor chegasse a um número maior de agricultores. Ex: Crédito subsidiário facilitado;Criação de órgãos de pesquisa; Treinamento de profissionais no exterior; Criação de serviço de extensão rural. 
A revolução verde foram inovações tecnológicas na agricultura para a obtenção de maior produtividade através do desenvolvimento de pesquisas em sementes, fertilização do solo, utilização de agrotóxicos e mecanização no campo que aumentassem a produtividade. Tinha o objetivo de acabar com a fomo no mundo, mas isso não ocorreu pois a produção dos alimentos nos países em desenvolvimento é destinada, principalmente, a países ricos industrializados. A modernização no campo alterou a estrutura agrária. Pequenos produtores que não conseguiram se adaptar às novas técnicas de produção, não atingiram produtividade suficiente para competir com grandes empresas agrícolas e se endividaram com empréstimos bancários solicitados para a mecanização das atividades, tendo como única forma de pagamento a venda da propriedade para outros produtores. Ela proporcionou tecnologias que atingem maior eficiência na produção agrícola, aumentando significativamente a produção de alimentos, entretanto, a fome mundial não foi solucionada.
2) Movimentos sociais:
Movimento social é a expressão da organização da sociedade civil, formada por ações coletivas onde os indivíduos tem como objetivo alcançar mudanças sociais através do debate político dentro de um determinado contexto na sociedade.
Ocorrência: Surgiram no nordeste em meados da década de 50 com as ligas camponesas, desapareceram entre as décadas de 60 e 70, e voltaram a aparecer no início dos anos 80 com o apoio da igreja católica e do PT. (período de criação do MST).
Denunciavam: Problemas gerados pela revolução verde que atingiam não só os trabalhadores rurais e os pequenos produtores, como toda a população rural.
Ponto de partida: Degradação de recursos naturais; Concentração de terras; Êxodo rural; Luta a favor da reforma agrária. 
Movimento sem terra (MST): Concentração da população rural como forma de resistência. Nasceu da articulação de lutas pela terra no fim da década de 70. Inicio no centro-sul brasileiro com expansão para todo o país. Criação oficial em janeiro de 1984 no primeiro encontro nacional dos trabalhadores rurais sem terra em Cascavel PR. 
3) Após os fatos 1 e 2 surgiu o fato 3 que é o mundo rural contemporâneo:
Do ponto de vista modernizado;
Mistura entre culturas;
Do processo de desenraizamento, que é a saída da sua terra natal/ meio rural de origem em busca de melhores condições de vida nos grandes centros urbanos, processo também denominado com êxodo rural , que é o fenômeno social que resulta na migração da população rural para os centros urbanos, com o objetivo de garantir melhores condições de vida. Os habitantes das regiões rurais sofrem com a falta de serviços e infraestruturas básicas, como escolas, hospitais e facilidades de transporte, por exemplo, Além desses fatores, crises climáticas ou desastres naturais podem também ser responsáveis pelo êxodo rural de determinadas localidades. omo consequência do êxodo rural descontrolado, alguns problemas sociais podem surgir nas localidades urbanas que recebem um elevado número de migrantes sem estarem estruturadas para isso.
Favelas e bairros desestruturados surgem a partir da desorganização formada pelas migrações massivas e inesperadas.
Normalmente, com a falta de qualificação profissional e educacional dos migrantes, estes dificilmente conseguem uma vaga no mercado de trabalho das grandes cidades, fazendo com que partam para o subemprego trabalho informal ou, em alguns casos, ilegal.
Outra consequência do êxodo rural é o aumento da marginalização
Do ressurgimento identitário;
Da contemporaneidade rural brasileira; O decréscimo da renda agrícola trouxe a necessidade da diversificação das fontes de receitas das famílias agricultoras brasileiras, cristalizando a pluriatividade como estratégia de reprodução social. O rural contemporâneo brasileiro se depara com um forte componente ambiental, seja intrínseco à produção, seja como parte do ideário de consumo da população urbana demandante de valores, alimentos e hábitos saudáveis. A concepção de sustentabilidade passa por uma política de desenvolvimento territorial, dada a necessidade de construção de alternativas que se contraponham ao modelo vigente, em que a força da localidade redime seus atores para que assumam a direção do “seu” desenvolvimento. O ambiente natural é pensado como o elemento aglutinador do processo de desenvolvimento territorial, atuando como um amálgama para gerir os interesses dos diferentes atores sociais, entre eles, gestores públicos, movimentos sociais, setores empresariais, assentados rurais e consumidores. Por este caminho, a concepção de territórios e a Agroecologia, construída sobre a crítica ao modelo convencional da agricultura, surgem como marcos teóricos para analisar as transformações necessárias a uma agricultura sustentável, tendo especial atuação as formas de investigação/ação social participativa para a transição agroecológica. Espera-se que o redesenho dos assentamentos rurais brasileiros, com base nos princípios agroecológicos, altere a dinâmica territorial nos espaços em que se encontram, tornando os assentados atores privilegiados na redefinição das políticas públicas com enfoque no desenvolvimento territorial sustentável.
Programas de incentivo a agricultura familiar: 
Programa de Aquisição de Alimentos (PAA); criado pelo art. 19 da Lei nº 10.696, de 02 de julho de 2003, possui duas finalidades básicas: promover o acesso à alimentação e incentivar a agricultura familiar. 
Para o alcance desses dois objetivos, o programa compra alimentos produzidos pela agricultura familiar, com dispensa de licitação, e os destina às pessoas em situação de insegurança alimentar e nutricional e àquelas atendidas pela rede socioassistencial, pelos equipamentos públicos de segurança alimentar e nutricional e pela rede pública e filantrópica de ensino.
Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE); oferece alimentação escolar e ações de educação alimentar e nutricional a estudantes de todas as etapas da educação básica pública, ou seja, é um programa de assistência financeira suplementar com vistas a garantir no mínimo uma refeição diária aos alunos beneficiários.
Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf); é uma dessas políticas. Criado em 1995 pelo governo federal com o objetivo de prestar um atendimento diferenciado aos agricultores familiares, cuja produção é resultado da própria força de trabalho, o Pronaf tem o intuito de fortalecer as atividades desenvolvidas pelo agricultor integrando-o à cadeia do agronegócio por meio da modernização do sistema produtivo. Dessa forma, seu produto passa a contar com um valor agregado, o qual, no final, proporcionará um aumento de renda a esse produtor.
Programa Nacional de Produção e uso do Biodiesel (PNPB), objetiva a implementação de forma sustentável, tanto técnica, como econômica, da produção e uso do biodiesel, com enfoque na inclusão social e no desenvolvimento regional, via geração de emprego e renda.
Agricultura familiar é considerada como agente transformadora local-global, para ela se consolidar é Importante haver políticas públicas de afirmação e uma modernização e reafirmação identitária.
TEMA 4: Estratégia de resistência e Adaptação 
Numa perspectiva geral, o campesinato corresponde a uma forma social de produção, cujos fundamentos se encontram no caráter familiar, tanto dos objetivos da atividade produtiva – voltados para as necessidades da família – quanto do modo de organização do trabalho, que supõe a cooperação entre os seus membros.
No Brasil em 1960, devido à modernização da agricultura, fazia-se necessária uma mudança no setor agrícola e no meio rural. As máquinas “barateavam” o custo de produção em relação às pessoas, com isso a mão de obra camponesa tornou-se dispensável. Insatisfeitos os camponeses reagiram com a formação do sindicato, resultando no Estatuto do Trabalhador Rural (Lei n.4.214, de 02 de março de 1963), e por meio das Ligas Camponesas que exigiam uma reforma agrária que efetivasse uma real distribuição de terras, ou seja, As Ligas Camponesas organizaram milhares de trabalhadores rurais que viviam como parceiros ou arrendatários, principalmente no Nordeste brasileiro, utilizando o lema “Reforma Agrária na lei ou na marra” contra a secular estrutura latifundiária no Brasil.
O contexto de surgimento das Ligas Camponesas foi o processo de industrialização incentivado durante o governo JK, na década de 1950, pois a intensificação da mecanização da produção agrícola produziu desemprego e redução de salários, aumentando a insatisfação social das populações pobres da zona rural nordestina.
 Assim, a modernização agrícola provocou grande descontentamento dos camponeses, resultando na luta destes pelo direito à terra.
As ligas camponesas foram totalmente reprimidas durante a ditadura civil-militar e seus principais líderes foram presos. Entretanto, a reivindicação dos trabalhadores rurais pela distribuição de terras no Brasil foi novamente retomada na década de 1980, podendo-se considerar o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST) como um continuador da luta empreendida pelas ligas camponesas.
Em 1985 A união do MST com a CONTAG (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares) em luta por direitos dos camponeses resulta no I Plano Nacional da Reforma Agrária, lançado em 1985, multiplicando o número de assentamentos rurais, passando a assumir uma atuação política mais ativa na luta pelos direitos dos trabalhadores rurais e pela distribuição de terras.
Reforma agrária é a reorganização da estrutura fundiária com o objetivo de promover e proporcionar a redistribuição das propriedades rurais, ou seja, efetuar a distribuição da terra para realização de sua função social.
Estava formada portanto uma ofensiva ao campesinato que começara a partir daí a ser marginalizado, ou invisibilizado em virtude do deslocamento que essa nova categoria lhe impôs . Nesse raciocínio, o ápice desse processo de construção ideológica foi sem dúvida nenhuma quando A categoria “agricultura familiar” foi adotada pelo próprio Estado, ao formular um vasto programa de apoio aos agricultores (Pronaf), cuja atividade estivesse organizada pela e para a família.Com isso, diluía-se o conteúdo histórico-político que a palavra "camponês" inspirava, ao mesmo tempo em que se afirmava, pela primeira vez, o reconhecimento da condição de produtor agrícola e uma valorização positiva de suas particularidades. Ao incluir os agricultores familiares na categoria mais ampla do “agronegócio”. Foi assim que os governos neoliberais construíram a abrangente e ao mesmo tempo excludente ideia de um novo mundo rural.
Baseando-se no Censo Agropecuário de 1996 um estudo realizado pela FAO, em cooperação com o Ministério do Desenvolvimento Agrário, mostra que 85,2% dos estabelecimentos rurais
são estabelecimentos familiares e esta pesquisa confirmou a contribuição marcante da agricultura familiar. O Censo de 2006 confirma, assim, mais uma vez, o peso dessa forma de produção, ao mesmo tempo em que revela os limites de sua reprodução, subordinada que está à perpetuação da concentração fundiária, marca da história da agricultura e do mundo rural brasileiros. Cerca de metade dos estabelecimentos familiares está localizada na região Nordeste, onde representam 89% dos estabelecimentos agrícolas da região. Tal como já indicavam as conclusões dos estudos anteriores, os novos dados reiteram que a agricultura familiar permanece significativamente responsável pela produção de alimentos no Brasil.
Para realizar essa intensa e diversificada atividade, os estabelecimentos familiares ocupam um grande contingente de trabalhadores: 12,3 milhões de pessoas, correspondentes a 74,4% do total do pessoal ocupado na agricultura brasileira. Destes, 90% constituíam a força de trabalho familiar.
TEMA 5: Programas públicos para agricultura familiar
Para que um agricultor familiar se enquadre como um tal, ele e sua família dele cumprir os seguintes requisitos:
 - não detenha, a qualquer título, área maior do que 4 módulos fiscais; 
- utilize predominantemente mão de obra da própria família nas atividades econômicas do estabelecimento ou empreendimento; 
- tenha percentual mínimo da renda familiar originada de atividades econômicas do estabelecimento ou empreendimento, na forma definida pelo Poder Executivo; e
 - dirija o estabelecimento ou empreendimento com a família.
A agricultura familiar por um longo período foi vista apenas como uma atividade de subsistência. Hoje ela é bem mais relevante comparada ao período explicitado. Os dados do Censo Agropecuário do IBGE (2006) apontam que a agricultura familiar é responsável por 70% da produção de feijão, 21% de arroz, 87% de mandioca, 46% de milho, 60% de leite, 30% de carne bovina, 50% de carne de aves e 59% de carne suína. Esses números mostram o poder produtivo da agricultura familiar e a importância das políticas de fomento desse segmento, que além da inclusão econômica poderá proporcionar às famílias beneficiárias uma melhor qualidade de vida. Na concepção das políticas públicas, mais que o desenvolvimento econômico, a segurança alimentar, o desenvolvimento local e a participação social também se estabelecem como objetivo para uma mudança relacional.
Programas de incentivo à agricultura familiar têm ajudado famílias inteiras a aumentar a renda e a garantir uma produção sem desperdícios. Políticas públicas exercem um papel fundamental em motivar a manutenção de pequenos produtores nas suas propriedades de origem, prosperando no campo e impedindo cada vez mais o êxodo rural. Muitos agricultores familiares enfrentam obstáculos na hora de escalar a produção devido a dificuldades relacionadas aos seguintes itens:
Difícil acesso ao crédito rural
Insuficiência hídrica
Privação de insumos agrícolas
Falta de conhecimento técnico
Produtores do Norte e Nordeste são os mais afetados por estes problemas. Os cinco piores IDHs do país pertencem aos estados da Paraíba, Piauí, Pará, Maranhão e Alagoas. Já em um cenário global, o Brasil ocupa a 75ª posição com um IDH de 0,755. Certamente são dados alarmantes que expõem a fragilidade do nosso desenvolvimento social, e que necessita de uma maior eficácia por parte dos órgãos públicos. Os principais programas de incentivo à agricultura familiar de acordo com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (2013), são: PRONAF (Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar); ATER (Assistência Técnica e Extensão Rural); PAA (Programa de Aquisição de Alimentos); PNAE (Programa Nacional de Alimentação Escolar); PNCF (Programa Nacional de Crédito Fundiário); PAC2 (Programa de Aceleração do Crescimento 2); SUASA (Sistema Unificado de Atenção à Sanidade Animal); Programa Terra Legal; Programa Cadastro de Terra e Regularização Fundiária; Terra Forte; Biodiesel; Garantia Safra. Outra política federal, vinculada ao PRONAF, é a DAP (Declaração de Aptidão ao PRONAF), que serve muito mais do que uma certificação do cadastro no PRONAF. A DAP é um documento de identificação do agricultor familiar, podendo ser obtida tanto por pessoa física, por um agricultor, quanto por pessoa jurídica, por uma cooperativa, associação etc. (SAF, 2 2016). A DAP é um documento gratuito e pode ser obtida através de um cadastro feito em qualquer órgão público autorizado pela SAF.
PNAE
Alimentação escolar constitui um direito dos estudantes e dever do Estado. Para a garantia desse direito, foi instituído na década de 50 o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) com o objetivo de “contribuir para o crescimento e o desenvolvimento biopsicossocial, a aprendizagem, o rendimento escolar e a formação de hábitos alimentares saudáveis dos alunos de toda a educação básica pública, por meio de ações de educação alimentar e nutricional e da oferta de refeições que cubram as suas necessidadesnutricionais durante o período letivo”. O PNAE se destaca por ser um dos maiores programas do mundo a abranger a alimentação escolar contemplando o Direito Humano à Alimentação Adequada e a Segurança Alimentar e Nutricional (Dixis et al, 2016, p.2).
O PENAE só passou a ser gerenciado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) em 1988, que é uma autarquia do Ministério da Educação com o intuito de contribuir para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e rendimento escolar. Mas, o maior avanço do programa veio com a publicação da Lei nº 11.947/2009 que universalizou o PNAE para toda educação básica, ou seja, da educação infantil ao ensino médio, além dos jovens e adultos; define a educação alimentar e nutricional como eixo prioritário para o alcance dos objetivos do programa; fortalece a participação da comunidade no controle social; formaliza a garantia da alimentação aos alunos mesmo quando houver suspensão do repasse dos recursos por eventuais irregularidades constatadas (Santos et al, 2015).
Criado em 2009, a partir da Lei nº 11.947/2009, a política determina que no mínimo 30% dos recursos repassados pelo FNDE para alimentação escolar devem ser usados para a compra de produtos da agricultura familiar. Assentados da reforma agrária, indígenas e comunidades quilombolas têm prioridade no processo de seleção dos fornecedores.
PNCF
O PNCF é um programa complementar a reforma agrária que por meio de linhas de financiamento promove o acesso à terra e a recursos para investimentos básicos e produtivos, permitindo a estruturação dos imóveis adquiridos.
Apoia-se nos princípios da participação, controle social, autonomia e transparência.
As famílias são as responsáveis pela escolha da terra e pela negociação do preço, além
da elaboração da proposta de financiamento. Para isto, contam com a rede de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) cadastrada. Todo o procedimento para a contratação se dá inteiramente nos estados, por meio das Unidades Estaduais (Unidade Técnica Estaduais - UTE e Unidades Gestoras Estaduais - UGE) e demais parceiros.
O objetivo central do PNCF é contribuir, mediante o acesso à terra, para a redução da pobreza rural e a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores rurais sem terra ou com pouca terra, os quais poderão produzir tanto para o autoconsumo quanto para o mercado, aumentando efetivamente a sua renda. O programa visa, ainda, consolidar e ampliar a agricultura familiar, possibilitando a permanência definitiva das famílias beneficiadas no meio rural, contribuindo, dessa forma, para a redução do êxodo rural. O PNCF divide-se em dois tipos de financiamento adequados a cada público: i) Combate à Pobreza Rural (CPR), que visa beneficiar a população mais pobre desse meio; e ii) Consolidação da Agricultura Familiar (CAF), que beneficia agricultores sem-terra ou com pouca terra.
A atuação do PNCF tem como base a participação ativa das comunidades envolvidas, que possuem autonomia para elaborar propostas de financiamento, escolher imóveis e negociar preços. De fato, a participação social tem sido uma das principais características do programa, desde a sua concepção até a sua efetiva atuação, não só por parte das comunidades, mas também dos estados, sindicatos representantes dos trabalhadores rurais e demais parceiros. Dessa forma, por meio de uma gestão marcada pela descentralização, o PNCF atua de forma transparente, permitindo que os diversos segmentos envolvidos no programa exerçam o controle social das ações (Sparovek, 2008).
PNPB
A partir da década de 1990, vários países no mundo começaram a apresentar significativas ações e avanços na produção e uso de biodiesel, motivados pela consolidação do conceito de desenvolvimento sustentável e pela preocupação com as limitações do uso dos combustíveis não renováveis. Em 2004 foi criado pelo Governo Federal o Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), como ação estratégica e prioritária para o Brasil. O Programa nasceu com o compromisso de viabilizar a produção e o uso do biodiesel no país, com foco na competitividade, na qualidade do biocombustível produzido, na garantia de segurança de seu suprimento, na diversificação das matérias primas, no fortalecimento das potencialidades regionais para produção, e, prioritariamente, na inclusão social de agricultores familiares.
O principal pilar do PNPB, considerado o carro chefe do programa, é o social.	Ele visa envolver os agricultores familiares na cadeia de produção do biodiesel, garantindo que ofertem matéria-prima às usinas. Essas, por sua vez, devem estar comprometidas com a compra de uma cota (estabelecida pelo programa) de suprimento dos pequenos produtores. Ao fazer isto, os fabricantes do biocombustível em questão obtêm o selo social, podem participar dos leilões da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) e recebem abatimentos fiscais - que podem chegar a 100%, conforme a Lei nº 11.116/2005 A isenção total acontece para o produtor que adquire matérias primas provenientes da agricultura familiar das regiões Norte, Nordeste e Semiárida do país. No ano de 2004, as estimativas eram otimistas. De acordo com o relatório do Conselho de Altos Estudos e Avaliação Tecnológica3, para cada 1% de substituição de óleo derivado do petróleo pelo biodiesel, nos termos do programa (de envolvimento da agricultura familiar) seria possível gerar 45 mil empregos no campo.		Considerando que para cada emprego no campo são criados três na cidade, o total corresponderia a 180 mil empregos. Número que seria aumentado conforme elevação percentual do biodiesel na mistura e pela possibilidade de aproveitamento de outros produtos: alimentos, rações para animais, adultos, insumos para indústria de celulose e papel, combustível para geração de calor e eletricidade etc. Os pequenos	produtores	poderiam	ainda	participar	de	forma	direta	ou	por	meio	de associações/cooperativas das indústrias extratoras de óleo ou da produção do biodiesel. (Madureira e Guerra, 2014).
PRONAF
O Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf) financia projetos individuais ou coletivos, que gerem renda aos agricultores familiares e assentados da reforma agrária. O programa possui as mais baixas taxas de juros dos financiamentos rurais, além das menores taxas de inadimplência entre os sistemas de crédito do País.
O acesso ao Pronaf inicia-se na discussão da família sobre a necessidade do crédito, seja ele para o custeio da safra ou atividade agroindustrial, seja para o investimento em máquinas, equipamentos ou infraestrutura de produção e serviços agropecuários ou não agropecuários.
Após a decisão do que financiar, a família deve procurar o sindicato rural ou a empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater), como a Emater, para obtenção da Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), que será emitida segundo a renda anual e as atividades
exploradas, direcionando o agricultor para as linhas específicas de crédito a que tem direito. Para os beneficiários da reforma agrária e do crédito fundiário, o agricultor deve procurar o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) ou a Unidade Técnica Estadual (UTE).
O agricultor deve estar com o CPF regularizado e livre de dívidas. As condições de acesso ao Crédito Pronaf, formas de pagamento e taxas de juros correspondentes a cada linha são definidas, anualmente, a cada Plano Safra da Agricultura Familiar, divulgado entre os meses de junho e julho
Evolução histórica do Pronaf
As contratações do Crédito – Pronaf apresentam crescimento sustentado ao longo dos anos. Em 1999/2000, o Pronaf abrangia 3.403 municípios, passando para 4.539 no ano seguinte, o que representou um aumento de 33% na cobertura de municípios, ou seja, a ampliação de mais de 1.100 municípios em apenas um ano.
A ampliação de municípios atendidos continuou em cada ano agrícola, sendo que em 2005/2006 houve a inserção de quase 1.960 municípios em relação a 1999/2000.
Em 2007/2008, foram atendidos 5.379municípios, o que representou um crescimento de 58% em relação a 1999/2000, com a inserção de 1.976 municípios.
O montante disponibilizado aos agricultores também cresceu. Em 1999/2000, foram disponibilizados pouco menos de R$ 3,3 bilhões com uma execução de 66%. No ano agrícola de 2003/2004, houve o primeiro grande incremento no montante, com um crescimento de 65% em relação a 1999/2000, sendo ofertados R$ 5,4 bilhões aos agricultores e com uma execução de 83% do valor disponibilizado.
Em 2006/2007, o montante disponibilizado para financiamento do Pronaf chegou a R$ 10 bilhões, representando um crescimento em relação a 1999/2000 de 205% e com uma taxa de execução de 84%.
O comportamento da taxa referente à contratação efetiva do crédito frente ao valor disponibilizado já indica que o montante de crédito contratado pelos agricultores do Pronaf tem crescido ano a ano.
A primeira grande evolução no montante financiado pelos agricultores familiares foi em 2003/2004, fechando uma contratação de R$ 4,49 bilhões, representando uma evolução de 109% em relação a 1999/2000.
Nos anos seguintes, o crescimento manteve-se sustentado. Em 2004/2005 foi de 185%, representando um financiamento de R$ 6,13 bilhões. Em 2005/2006, foram financiados R$
7,61 bilhões com uma evolução de 254%, sendo que em 2007/2008 rompeu-se a casa dos 300%, perfazendo um financiamento de R$ 9 bilhões.
PROGRAMA CADASTRO DE TERRAS E REGULARIZAÇÃO FUNDIÁRIA
O Programa Cadastro de Terras e Regularização Fundiária (PCRF) é uma política do governo federal, desenvolvida em parceria com os Órgãos de Terras Estaduais e Municipais (OT), que possibilita a regularização e governança de áreas rurais de domínio Estadual e Municipal, numa ação social que garante segurança jurídica, desenvolvimento social e acesso às demais políticas públicas aos agricultores familiares, nas três esferas de governo (municipal, estadual e federal). Dentre elas está o acesso ao crédito e à assistência técnica numa ação estruturante, que permite o conhecimento da situação fundiária rural dos Estados e Municípios, auxiliando os gestores no planejamento de suas ações.
Objetivos
O PCRF veio atender aos anseios dos trabalhadores rurais quanto à implantação de uma política pública voltada à regularização dos imóveis rurais situados em terras devolutas. Criado em 2004, integra ações dos governos federal, estaduais e municipais na:
Regularização da propriedade da terra e, consequentemente, o acesso às políticas de crédito e assistência técnica aos seus beneficiários;
Gestão da malha fundiária proporcionando a governança fundiária e o desenvolvimento socioeconômico rural; e
Promoção do saneamento do sistema de Registro Público de Imóveis Rurais;
Diretrizes
Dentre as diretrizes de execução do Programa estão:
Formalização de parceria direta com os Estados e Municípios, visando apoiar os Estados e Municípios no processo de capacitação, cadastro, georreferenciamento, regularização fundiária e governança fundiária das áreas rurais sob sua responsabilidade;
Adoção, preferencialmente, da metodologia de varredura nas atividades realizadas no âmbito do Programa; e
Adoção pelos entes federativos do Sistema de Gestão Territorial (SGT) que tem como função agilizar o processo de emissão de peças técnicas para regularização das propriedades bem como proporcionar aos Estados e Municípios a ferramenta de gestão de sua malha fundiária, distribuído gratuitamente no formato “shareware”.
Etapas da Regularização
O programa é desenvolvido em quatro etapas: Mobilização e Divulgação, Cadastro, Georreferenciamento e Titulação.
Mobilização e Divulgação – Esta etapa procura realizar a mobilização dos agricultores e parceiros locais do Programa por meio de Audiências Públicas aonde são apresentadas discutidas a forma de execução do PCRF, o público prioritário da ação e as condições necessárias pra que os agricultores familiares possam ser beneficiados.
Cadastro – Tem como finalidade o levantamento das informações numéricas e literais das propriedades, como: dados pessoais do produtor e da família; condições da propriedade em termos de posse e de uso; situação econômica e de exploração do imóvel, dentre outras.
Georreferenciamento – Consiste na coleta das informações espaciais dos imóveis cadastrados. Esta etapa visa garantir a medição precisa e atualizada das propriedades levando em consideração as Normas Técnicas de Georreferenciamento de Imóveis Rurais, além de ser uma exigência da Lei 10.267/2001 para imóveis registrados a partir do ano de 2002. Esse sistema utiliza, entre outras técnicas, aparelhos de medição via satélite, o que permite uma vizualização integral das informações topográficas da região. Dessa forma, obtém-se uma medição precisa do imóvel, reduzindo, assim, as disparidades existentes entre as áreas declaradas na escritura e a situação real do imóvel.
Titulação – Com base nos cadastros literal e gráfico das áreas, os técnicos identificam os imóveis passíveis de regularização, ou seja, os que estão em terras devolutas, podendo ser, nesses casos, arrecadados para regularização e posterior titulação. Para que a titulação ocorra, o agricultor familiar terá que comprovar, por meio de documentos, que mora na terra, vive dela e pratica a agricultura familiar. Os dois tipos mais comuns de documentos definitivos da terra são: Título de Domínio e Título de Concessão de Direito Real de Uso.
TERRA LEGAL
O Terra legal assegura a titulação de propriedades de terras públicas federais na região da Amazônia Legal. Ele garante, ainda, o acesso dos proprietários dessas terras a políticas públicas de incentivo ao desenvolvimento rural e aos modelos de produção sustentável.
Objetivo do programa
A meta é que imóveis de até 15 módulos fiscais (desde que a área total não ultrapasse 1,5mil hectares), ocupados antes de 1º de dezembro de 2004, na Amazônia legal, sejam regularizados.
Outra ação é a regularização fundiária urbana, por meio da medição dos núcleos urbanos que estão localizados em terras federais e doação para as prefeituras.
Infraestrutura de assentamentos do INCRA
O Governo Federal desenvolve nos assentamentos da reforma agrária instalados em todo o País iniciativas que garantem a melhoria da infraestrutura. As ações são interministeriais e visam à qualidade de vida dos assentados.
Os investimentos são feitos por meio de programas como Luz para Todos, Água para Todos e Minha Casa Minha Vida. Nesses locais, o incra promove a melhoria das estradas vicinais em parceria com as prefeituras.
TERRA FORTE
O programa visa a implantação e/ou modernização de empreendimentos coletivos agroindustriais em Projetos de Assentamento da Reforma Agrária, criados ou reconhecidos pelo Incra, em todo o território nacional.
O objetivo é apoiar a implantação de empreendimentos coletivos agroindustriais e de comercialização da produção dos assentados da reforma agrária, apoiar a adequação, ampliação, recuperação e/ou modernização de agroindústrias da produção agropecuária e extrativista, apoiar a elaboração de projetos de adequação e regularização sanitária de produtos de agroindústrias de assentamentos da Reforma Agrária, apoiar a estruturação de circuitos de comercialização, viabilizar a organização e a regularização jurídica dos empreendimentos produtivos coletivos e viabilizar as condições e opções de geração de trabalho e renda para os assentados da reforma agrária.
São participantes do programa as famílias de trabalhadores rurais assentadas em Projetos de Assentamento criados ou reconhecidos pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, regularmente cadastradas no órgão e organizadas em cooperativas ou associações. Os investimentos serão realizados em favor de cooperativas/associações de produção e/ou de comercialização.
O programa terá a vigência de 5 anos, podendo ser renovado pelo mesmo período a critério dos parceiros. Valor: R$ 300 milhões, sendo R$ 150 milhões do BNDES, R$ 20 milhões da Fundação e R$ 130 dos demais parceiros (BB, MDA, MDS, INCRAe CONAB), a serem aplicados no decorrer de 5 anos (investimento anual de R$ 60 milhões).
Para efetuar a gestão e governança do Programa foram constituídos dois Comitês: Gestor Nacional (estratégico) e Comitê de Investimentos (operacional), com a seguinte
composição: BNDES, FBB, BB, MDA, MDS, INCRA e CONAB (Membros Titulares, com poder de decisão), e outras instituições públicas e privadas como Membros Convidados e/ou Consultivos.
Para constituir uma carteira de projetos a serem atendidos pelo Programa, foi realizada uma Chamada Pública de Projetos para seleção de propostas que promovam a redução das desigualdades, a inclusão social e o desenvolvimento territorial, por meio do apoio a empreendimentos produtivos vinculados a assentamentos da reforma agrária, criados ou reconhecidos pelo Incra: com a aplicação de R$ 300 milhões, espera-se atender a aproximadamente 200 cooperativas e associações (valor médio de R$ 1,5 milhão por cooperativa) e beneficiar aproximadamente 20.000 famílias (100 famílias por cooperativa).
ASSISTÊNCIA TÉCNICA E EXTENSÃO RURAL (ATER)
ATER é uma política pública que como o próprio nome já demonstra tem o papel de levar assistência técnica às propriedades rurais. Consequentemente a ATER tem grande importância no desenvolvimento rural e na manutenção de melhores condições de trabalho e campo e melhores condições de vida, além de ser um instrumento de comunicação social. É uma política que também orienta os produtores rurais, com relação a manejo, cultivo, técnicas de planejamento, benefícios, entre outros fatores.
A Assistência técnica e extensão rural (ATER) surgiu com a consolidação dos sistemas agroindustriais, entretanto a princípio era ATER privado, apenas, mas se fez presente em grande parte do país, favorecendo principalmente os grandes e médios produtores.
Porém, com alguns anos de consolidação do PRONAF, obtiveram demandas de movimentos sociais em prol de um serviço ATER público, de qualidade.
Mas a demanda de ATER chegou a diminuir por um tempo com a extinção da Empresa Brasileira de Extensão Rural (Embrater).
Após a extinção da Embrater, em 1989, e a crise fiscal generalizada nos estados brasileiros nas décadas de 1980 e 1990, a oferta de Ater por instituições públicas se reduziu drasticamente, e os agricultores familiares foram os mais prejudicados. Isso porque os médios e grandes agricultores têm melhores condições de acesso a outras fontes de Ater (empresas de consultoria, revendas de produtos agrícolas, multinacionais de insumo, que gradativamente ocuparam o vazio deixado pela redução da oferta de Ater pelas instituições públicas),
enquanto entre os agricultores familiares há maior dependência da assistência técnica pública (Emater). (CASTRO e PEREIRA., 2017.)
Porém com a ampliação do acesso ao Pronaf, principalmente por parte dos agricultores familiares, houve novamente o debate sobre a ATER. Pois os agricultores são incentivados a procurar serviços de assistência técnica e auxílio dos órgãos responsáveis pela Ater, como Ematers.
A coordenação de Fomento ATER responsável também pelo repasse dos recursos, conta com articulações e integração no âmbito da Secretaria da Agricultura Familiar (SAF) do MDA, além de ser responsável pela análise, ajustes, contratações e monitoramento dos projetos de ATER.
A ATER como política pública portanto, tem o papel de analisar e visitar cada família com o propósito de identificar suas necessidades. Além disso, tem a função de ampliar o conhecimento técnico e tecnologia, visando o aumento da produtividade, melhor renda e condições de vida, apoiando e estimulando também, o desenvolvimento rural sustentável, e trazendo benefícios também de outras políticas públicas como o PAA, o Pnae e o Plano Brasil Sem Miséria.
PROGRAMA DE AQUISIÇÃO DE ALIMENTOS (PAA)
O PAA é uma política pública que tem como função, garantir o fornecimento e aquisição de alimentos para as populações que estão em situação de insegurança alimentar e nutricional.
O programa foi criado em 2003 e atualizado pela lei nº 12.512/2011. Foi uma das ações do programa Fome Zero, no Brasil. É uma operação da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), e é posto em prática principalmente com recursos do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) e do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDS).
Este programa promove a inclusão social no campo e fortalece a agricultura familiar, visto que os órgãos públicos podem adquirir os alimentos diretamente dos produtores. Com a manutenção de parcerias com órgãos estaduais, municipais e federais, o programa permite que estes órgãos comprem os alimentos da agricultura familiar, com dispensa de licitação. Os mais interessados são instituições que fornecem alimento diariamente, como hospitais, escolas, presídios, universidades, locais de assistência pública, entre outros. Uma outra parte dos
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alimentos é mantida pelas próprias organizações da agricultura familiar para ficar mantida em estoques próprios, garantindo que os mesmos possam ser comercializados em outro momento. (HESPANHOL, 2013.)
Desta forma o PAA beneficia principalmente os povos e comunidades tradicionais, assim como os agricultores familiares, estes que por sua vez acabam sendo desvalorizados com relação a distribuição de terra e recursos no campo, mas que com o Programa de Aquisição de Alimentos garantem uma venda da sua produção, entre outros fatores.
SISTEMA UNIFICADO DE ATENÇÃO À SANIDADE ANIMAL (SUASA)
O SUASA é um programa de política pública que veio como uma saída para a fome e a pobreza no Brasil. Desta forma, o programa age como uma “ponte” facilitando a comercialização de produtos vindos dos pequenos produtores e da agricultura famíliar, favorecendo assim a estes, e incentivando a agroindustria.
Uma ação do Governo Federal, foi criado em 2003. Tem uma organização unificada, descentralizada e integrada entre a União, que é a Instância Central e Superior e coordena,os estados e Distrito Federal, como Instância Intermediária e os municípios, como Instância Local,através da inserção de voluntários.
Garante que os produtos fornecidos pelos pequenos agricultores sejam comercializados no mercado formal no Brasil. O programa traz uma importância econômica para os municipios que acabam sendo beneficiados por conta da descentralização do serviço de inspeção. Incentivando assim, novas agroindústrias, e favorecendo uma maior movimentação de dinheiro.
O SUASA é composto por quatro sub-sistemas de fiscalização, sendo estes:
Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Animal – SISBI-POA; Sistema Brasileiro de Inspeção de Produtos de Origem Vegetal – SISBI-POV; Sistema Brasileiro de Inspeção de Insumos Agrícolas;
Sistema Brasileiro de Inspeção de Insumos Pecuários.
Os produtos de origem animal são inspecionados por qualquer instância do Suasa. O programa também garante a saúde destes animais e a qualidade, assim como uma sanidade alimentar. Com isto garante segurança higiênico-sanitária, e produtos finais propícios para a comercialização e o consumo.
Desta forma, um dos maiores beneficiados com SUASA acabam sendo os agricultores familiares e pequenos produtores, que ganham certificação dos seus produtos, que passam a ser comercializados após a inspeção e fiscalização do SUASA podendo ser vendidos em todo o Brasil, com selo de qualidade, além disso, os Agricultores Familiares recebem oportunidades de trabalho e uma melhora de renda. O SUASA também beneficia o comercio local e a agroindustria, favorece a produção sustentável, e influencia na redução de preços dos alimentos.
GARANTIA-SAFRA
A Garantia Safra, é uma política pública de extrema importância para os agricultores familiares, servindo como um seguro, pois garantem uma segurança e garantia aos mesmos, em caso de perda inesperada da produção por conta de fatores externos como, problemas climáticos, seca, entre outros.
Foi criado em 2002, e é vinculado com a Secretaria Especial de Agricultura Familiar e do Desenvolvimento Agrário. O programaoferece auxílio ao produtor por um tempo determinado, caso o mesmo apresente perda da sua safra. Este pagamento é feito ao agricultor, com o dinheiro da contribuição dos mesmos, quando aderidos ao Garantia-Safra, pois devem pagar uma taxa de adesão, dos municípios, dos estados que aderem ao programa e pagam taxa anual, e da União que oferecem recursos, que formam o Fundo Garantia Safra (FGS).
O programa é uma ação do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf). Destinada aos agricultores familiares pertencentes a área da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), semiárida e que sofre perda de safra comprovadamente por seca ou excesso de chuva. Porém, “com a Lei nº 12.766, de 27 de dezembro de 2012, foi autorizado incluir agricultores que se encontrem fora da área da Sudene, porém os mesmos devem comprovar que são de municípios que sofrem perdas sistemáticas de safra por fatores como seca e excesso de chuva.
O seguro do Garantia-Safra só pode ser exigido e acionado se o produtor perder, e comprovar esta perda de, 50% da safra pelos fatores já mencionados anteriormente.
Os que têm total direito sobre este programa são os de renda familiar com até 1,5 salário mínimo por mês, além disso devem possuir Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP) e devem ser aderidos ao Garantia-Safra, isto deve ser feito sempre antes do plantio, devem constar
também a área a ser plantada que deve ser maior que seis décimos de hectares e menor que dez hectares.
O Garantia-Safra portanto assegura o agricultor familiar que produz em locais que apresentem condições endafoclimáticas não muito propícias podendo perder sua safra de maneira inesperada. Desta forma, o agricultor familiar pode ter uma segurança na hora da produção, garantindo também uma segurança alimentar e financeira para a sua família.
CONCLUSÃO
Dado isto, pode-se afirmar que as políticas públicas têm bastante influência na agricultura familiar, sendo uma alternativa para melhores condições de trabalho e de vida. Estes programas têm portanto o intuito de incluir o pequeno produtor e o trabalhador rural que trabalhe com o sistema de produção da agricultura familiar, incluindo socialmente e comercialmente. Portanto, estas políticas devem ser divulgadas, o agricultor familiar precisa ter conhecimento das mesmas, pois é mais uma forma de conseguir oportunidades.

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