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Metodologia da INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA paraCIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS Este livro se originou da percepção da carência de obras que buscam abranger ambas asênfases: oferece umconteúdo que aprofunda a discussão teórica sobre as diversas dimensões dapesquisa e, aomesmo tempo, discorre sobre uma diversidade de instru mentos voltados para aelaboração dos trabalhos propriamente dita. Aobra baseia-se naideià deque ageração doconhecimento científico seprocessa em um campo dinâmico, formado pela articulação de pólos ou instâncias. Aestrutura do livro é organizada, conforme essa concepção, em quatro pólos ou dimensões princi pais- epistemológico, teórico, metodológico e técnico. Essas dimensões são comple mentadas pelo polo deedição e formatação; epelo polo de avaliação. O leitor interessado em orientar metodologicamente suas investigações encontrará nesta obra subsídios para formar conhecimento sobre osaspectos teóricos que su portam ageração de conhecimentos científicos. Da mesma forma, será colorado-em contato com uma diversidade de técnicas e instrumentos que propiciam a coteta, in terpretação eanálise de seus achados; ecom ferramentas voltadas ao desenvolvimento de avaliações qualitativas e quantitativas. APLICAÇÃO j Livro-texto para as disciplinas METODOLOGIA CIENTÍFICA, MÉTODOS ETÉCNI CAS DEPESQUISA doscursosda áreade Ciências Sociais Aplicadas. publicação ntlnJ www.EditoraAtlas.com.br Metodologia da INVESTIGAÇÃO CIENTÍFICA para CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS 2» EDIÇÃO Gilberto de Andrade Martins Carlos Renato Theóphilo Metodologia da nvestigação Científica para Ciências Sociais Aplicadas 2l edição SÃO PAULO EDITORA ATLAS S.A. - 200Í) c c c r í ' ( ( I < ( ( I < ( ( 1 ( ( ( i < I ( < ( < ( ( ( (. ( Mciodologi.i d.-i invcirigaçAo cientifica (tara ciências socian .iphcadas • Martins c Theóphilo 5POPPER, K. R.Alógica dapesquisa cientifica. 5. ed. São Paulo: Cultrix, 1993. 6 BRUYNE, P. et ai. Dinâmica dapesquisa em ciências sociais: os pólosda prática metodológica. 5. ed. Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1991. ' GAMBOA, S.A. S.Epistemologia dapesquisa em edu cação: estruturas lógicas e tendências meiodológicas. Campinas. 1987. 229 p. Tese(Doutorado) - Faculda de de Educação da Universidade de Campinas. 3DEMO, ROp. cit. ' TRIV1NOS, A. M. S. Introdução à pesquisa em ciên cias sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas, 1992. " DEMO, ROp. cit. " DEMO, ROp. cit. 12 OLIVA, A. (org.).Epistemologia: a cientificidade cm questão. Campinas: Papirus, 1990. 13 OLIVA, A. Op. cit. '* HEGENBERG, L Op. cit. 15 COMTE, A. Curso de filosofia positiva. Os pensado res. São Paulo: Abril Cultural, 1978. p. 4. 16 COMTE, A, Op. cit. p. 5. " TRJVINOS, A. N. S. Op.cit. 13 TRiVINOS, A. N.S. Op.cit. " DEMO, P. Op. cit. 20 HEGENBERG, L. Op. cit. 21 BERTALANFFY. L. VTeoria geral dos sistemas. 3. ed. Peirópolis: Vozes, 1977. p. 249. 21 DEMO, P. Op. cit. 23 BERTALANFFY, L. V Op.cit. 2* BERTALANFFY, L. VOp.cit. 25 DEMO, R Op. cit. :i DEMO, P. Op. cit. 27 LEVI-STRAUSS, C.Antropologia estrutural. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1991. ! LEPARGNEUR, H. Introdução aos estruluralismos. São Paulo: Herder/Edusp, 1972.p.5. 29 PIAGET, J. O estruturalismo. São Paulo: DIFEL, 1979. 50 POUII.LON, J. et ai. Problemas do estruturalismo. Rio deJaneiro: Zahar, 1968. p. 8-15. 31 POU1LLON, J. et ai. Op. cit. p. 14-15. 32 LÉVI-STRAUSS. Op. cit. " MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. SãoPaulo: Martins Fontes, 1999. p.3. 34 HUSSERL, E. Afilosofia como ciência dorigor. Coim bra: Atlântica, 1975. p. 33-34 " AST1 VERA. A. Metodologia dapesquisa cientifica. Trad. Maria Helena Guedes e 3eairizMarques Maga lhães. Porto Alegre:Globo. 1976. 36 MERLEAU-PONTY. Op.cit. p. 2. 37 DARTIGUES, A. O que é afenomenologia? 2. ed. São Paulo: Eldorado, 1992. 33 HUSSERL, E. Op. cit. 35 MOREIRA. D. A. O método fenomenológico na pes quisa. São Paulo: Pioneira Thcmson, 2002. p. 88. v MOREIRA, D.A. Op.ei; " MOREIRA, D. A. Op. ei:, p. 90-91. 42 HUSSERL, E.Op. cit. 43 DARTIGUES, A. Op.cit. p. 24-26. MMASINI. E. F. S. Enfoqje fenomenológico de pes quisa em educação. Li: FAZENDA, Ivani (org.). Me- todologia da pesquua educacional. 6. ed. São Paulo: Cortez, 2000. 45 BRUYNE, Ret ai. Op. cit. p. 76. 46 MASINI, E. E S. Op. cit. p. 63. " SP1EGELBERG apjd MOREIRA, Op. cit. p.97. "CHAUf, M. Convite àfilosofia. II. ed. São Paulo: Ática, 1999. '" BRUYNE, Ret ai. Op.cit. 50 MOREIRA, D. A. Op.cit. p. 107. " MARTINS. J.; BICUDO, M. KVApesquisa qualita tiva em psicologia: fundamentos e tecursos básicos. São Paulo: Moraes/Educ, 1989. p.93. 52 MOREIRA, D. A. Op cit p. 103-105. "FORGHIERI, Y. C. Psicologia fenomenológica: fun damentos, método c pesquisas. São Paulo: Pioneira, 1993. p. 60. 5* MOREIRA. D. A.Op.cit. p. 73. 55 MARTINS, J.; BICUDO, M. A. V. Op. cit. p.94-95. 56 KONDER, L. O qm é aidética. 28. ed. São Paulo: Brasiliense, 1998. 57 TRIVINOS, A. N.S. introdução. Op.cit. 53 ENGELS, F. Dialética da natureza. 4. ed. Rio de Ja neiro: Leitura, 1985. MFRIGOTTO, G. O enfoque dadialética materialista históricana pesquisaeducacional. In: FAZENDA. Iva ni. (org.). Metodologia da pesquisa educacional. 6.ed. SãoPaulo: Cortez, 2003. p. 74. 60 GAMBOA, S.A.S. Op.ei:. 61 FRIGOTTO, G.Op. cit. p.87-39. 5 Polo Técnico - Estratégias de Pesquisa 5.1 Estratégias de Pesquisa Adiscussãosobre os aspectos técnicosda pesqui sa é aqui realizadacom base na concepção de design (delineamento, planejamento, esboço, ou mesmo dê^ senho). O design envolve os meios técnicos da inves tigação; corresponce ao planejamento e estruturação da pesquisa em sua dimensão mais ampla, compreen dendo tanto a diagramação quanto a previsão de co leta e análise de informações, dados e evidências.1 O termo delineamento, bastante utilizado na lite ratura, é muitas vezes associadoapenas às pesquisas com planejamentos rígidos, típicos das ciências na turais - uso dos clássicos planejamentos experimen tais. Consideramos mais apropriado o uso da expres são estratégias depesquisa para designar as diferentes maneiras de abordar e analisar dados empíricos no contexto das Ciências Sociais Aplicadas. São encontradas diferentes propostas de classifi cação para os dclineamemos (Festingere Katz;2 Kid- der;3 dentreoutros). Em geral, essasconcepções são baseadas nos experimentos - referidoscomo os "de- lineamcntos genuínos" - e, emalgunscasos,incluem planejamentos menos convencionais, como os basea dos na Observação Participante, técnica que seráex plicadana próxima seção deste capítulo. Os estudos experimentais são considerados, mui tas vezes, como o paradigma da pesquisa científica: "(...] a pesquisa experimental pode ser considerada o ideal da ciência porque as respostas a questões de pesquisa obtidas em experimentos são no total mais claras e menos ambíguas do que as respostas obtidas em pesquisas não experimentais".4 Dentro dessa perspectiva, Festinger e Katz5 con sideram, em sua proposta de classificação, quatro "ambientes de pesquisa", que são analisados ao lon go de uma série contínua. O elemento escolhido para comparação é o número de pessoas estudadas em cada um dos ambientes. A análise é iniciada pelos le vantamentos, por estes envolverem, em regra, gran de número de pessoas, e se estende até os experi mentosde laboratório, geralmente compostos de um número pequeno de pessoas, em ambientes restritos. Entre essas duas categorias, são listados os estudos, ou trabalhos de campo, típicos das pesquisas sobre temas técnico-sociais. Uma análise das estratégias de pesquisa sob uma perspectiva compreensiva é também encontrada em Kidder.'-Como indica a autora, delincamentos são tão diferentes entre si quanto o são os meios de transpor te. Cruzar o país de carro ou de avião - cada tipo de transporte dá uma perspectivadiferente do que seja o país. Assim também ocorre com os planejamentos de pesquisa.Cada um fornece uma perspectiva dife rente do mundo social, e alguns aspectos do mundo social só podem ser atingidos com um determinado tipo de estratégia. A autora examina as diversas es- 54 Mcloóolojiada Investigação cientifica pata ciências sociais aplicadas • Martins e theóphilo tratégias de pesquisa, elegendo a análisecausai como ponto comum para comparação entre elas. Justifica indicando que as relações de causa e efeito, ponto forte das pesquisas experimentais, deixam de ser o aspecto mais relevante nosdemais tiposde dclinca- mentos, embora permaneçam como uma preocupa ção presente em todos eles. A seguir, são apresentadas c explicadasas estra tégias de pesquisa - dclineamemos - para condução de pesquisas cientificas cujos objetos e propósitos de estudo a elas se ajustem. 5.1.2 Pesquisa Bibliográfica Trata-se de estratégia de pesquisa necessária para a condução de qualquer pesquisa cienlifica. Uma pesquisa bibliográfica procura explicar e discu tir um assunto, tema ou problema com base em re- ferências publicadas em livros, periódicos, revistas, enciclopédias, dicionários, jornais, sites, CDs, anais de congressos etc. Busca conhecer, analisarc expli car contribuições sobre determinado assunto, tema ou problema. Apesquisa bibliográfica é umexcelente meio de formação científica quando realizada inde pendentemente - análise teórica - ou como parte in dispensável de qualquer trabalho científico, visando ã construção da plataforma teórica do estudo. obter uma xerox da bibliografia desse primeiro livro, pois serámais uma pista de identificação dasfontes, isto é, dos documentos primários: matéria-primada pesquisa. Será necessário repetirtaisoperações, ava liando outros livros. É aconselhável não procurar ler, na primeiraassentada, todosos livrose textosencon trados, masapenas fazer um rápidoexame e selecio nar uma bibliografia básica. Para conhecimento de estudos atualizados e recentes, convém procurar arti gosemrevistas e periódicos. Senecessitar de notícias da atualidade, procurar as seçõesdos jornais. A fim de evitar perdasde informações, é reco mendável fazer um registro completo de cadaobra: titulo, autor, editora, ano, local de publicação e de- 2"mais informações que possam, seguramente, orientar b a localizaçãodo documento. No caso de obras con- •'; sultadas na Internet, é preciso registrar o endereço <i dositee anotar a data de acessoà página. Essas infor- mações serão necessárias para compor as referências bibliográficas do fuiuro relatório da pesquisa. As cópias xerox das bibliografias dos primeiros livros consultados irão. possivelmente, revelar os di versos enfoques dadosao assunto, os principais auto res que escreveram sobre o tema, as épocas em que foram escritos, as editoras etc, enfim, irão "entur- mar" o pesquisador notema sob investigação. Desenvolvendo uma pesquisa bibliográfica Material de pesquisa bibliográfica Definido o tema/problema que será investiga do, o pesquisador deve iniciar a busca do material, consultando, primeiramente, obrasde referência: di cionáriosespecializados, enciclopédias, manuais, ín dices remissivos etc. Além de informações gerais so bre o tema, as referências iniciais, obtidas cm obras de referência, irão remeter o pesquisador às obras, geralmente clássicos (os clássicos não envelhecem!) que abordam e desenvolvem amplamente o assun to. Localizado o primeiro livro, a partir das obras de referência, convém proceder-se a uma leitura de rc conhecimento, examinando folha de rosto, ptefácio, orelhas do livro, sumário, introdução, capítulos que tratam do tema e, particularmente, a bibliografia. Ainda com respeito ao primeiro livro, é possível ado tar as orientações do consagrado autor UmbcrtoEco: Tomada de apontamentos Uma vez selecionado o material preliminar, po de-se iniciar a tomada de apontamentos. Istoé: para cada (livro, artigoetc.), registrar informações e afir mações que julgar convenientes para a construção da pesquisa bibliográfica, propriamente dita, ou da formação da plataforma teórica de uma investiga çãocom outraestratégia de pesquisa. Nessa etapa, é importante saber distinguir o essencial doacessório. Deve-se evitar o acúmulo de material excessivo, cons truindoapontamentos comreflexão e sobriedade. Não convém tomar nenhuma nota antes de re alizar uma leitura reflexiva c critica de cada texto. Inicialmente, caso ainda não se lenha feito, é neces sário apresentar o autor, referenciando, integralmen te, a obra. Em seguida, evidenciar o enfoque dadoao tema e osobjetivos do trabalho. Esses dados c infor mações geralmente seencontram na introdução, re sumo ou prefácio. Éinteressante resumir o enfoque e osobjetivos do textosob análise. O próximo passo é expor a estruturação das idéias do autor, ou seja, o encadeamento dado ao tratamento do tema. Nor malmente o sumário (relação ordenada dos títulos, seções, subseções) do livro revela a estruturação e o encadeamento dado ao assunto. Após o resumo, de ve-se redigiruma crítica pessoalàs idéiase ao desen volvimento dado ao tema. Convém redigir opiniões e comentários, construir paráfrases - escrever com suas palavras, sem alterar o significado, conceitos e posicionamentos de umdeterminado autor. Transcre ver trechos com as mesmas palavras do autor pes quisado, compondo assim ascitações. Qualquer pes quisa bibliográfica ou plataforma teórica dequalquer investigação científica ganha robustez, qualidade e reconhecimento quando apresentar paráfrases e cita ções expressivas quegarantam a segurança dodesen volvimento da pesquisa.Citare interpretar dão foiça ao texto. Convém utilizar-se das paráfrases e citações com certa freqüência: as paráfrases em boa medida; as citações, na medida certa, sem excessos. Parafra sear e citar é dialogar com autores que conhecem o tema. Conversar com seus parceiros autores eviden cia conhecimento sobre o assunto/tema que está sen do investigado. Cuidado para não citar obviedades - idéias, definições, conceitos etc. que já integram o senso comum. Identificar, no discurso do autor, as pectosconsiderados positivose os aspectos interpre tadoscomo negativos.Justificar o porquê das críticas e depois articular idéias que possam superar os pon tos negativos. Esseexercíciointelectual, com certeza, melhoraráa qualidade da pesquisa. Oobjetivoda interpretação de uma ideiaou con ceito é levar o autor a dizer explicitamente o que está dito de forma implícita, mas que não deixaria de di zer explicitamente se alguém lhe perguntasse. Em outras palavras: mostrar como, confrontando várias afirmações, podemos formular nossa resposta nos termos do pensamento estudado. O autor talvez não o tenha dito de forma clara por parecer-lhe demasia do óbvio, ou porque jamais tratara da questão sob o ângulo enfocado na pergunta. A ordem dos apontamentos de cada texto é cro nológica: as informações são registradas à medida que a leitura avança. Um bom apontamento deve ser claro c preciso, não deixando dúvidas sobre seu significado. Devepossuir todos os dados necessários para se voltar rapidamente a sua fonte original. Um bom apontamento é o que é feito com o pensamento de que o material será incorporado ao trabalho que está sendo construído. O mérito do trabalho, cm mui to, depende da qualidade dos apontamentos. Não é aconselhável, nem tampouco produiivo, entender Polotécnico - cncHégial ile |icsi|uisa .- 5 que o apontamento de uma obra encerra-se na mal cação de texios. Transcreva trechos, construa cita ções, paráfrases, comentários, opiniões etc. Enfim, aproveite, da melhor maneira possível, as conversas com cada autor consultado. 5.1.2 Pesquisa Documental A Estratégia de Pesquisa Documental é caracte rística dos estudos que utilizam documentos como fonte de dados, informações e evidências. Os docu mentos são dos mais variadostipos, escritos ou não, tais como: diários; documentos arquivados em enti dades públicas e entidades privadas; gravações; cor tespondências pessoais c formais; fotografias; filmes; mapas etc. Alguns tipos deestudos empregam exclu sivamente fontes documentais; outros estudos com binam fontes documentais com outras, tais como en trevistas e observação. A pesquisa documental tem semelhanças com a pesquisa bibliográfica. Aprincipal diferença entre elas decorre da natureza das fontes: a pesquisa bi- bliográfica utiliza fontes secundárias, isto é. mate- riais transcriios de publicaçõesdisponíveis na forma de livros, jornais, artigos etc. Por sua vez, a pesquisa documental emprega fontes primárias, assim consi derados os materiais compilados pelo ptóprio aulor do trabalho, que ainda não foram objeto de análise. ou que ainda podem ser rcelaboradosde acordo com os propósitos da pesquisa. Nas ciências sociais, diversas são as possibilida des de realizaçãode estudos com emprego da estra tégia documental. Exemplo Em artigo aptescniado no 1» Congresso USP de Controladoriac Contabilidade, e publicadona Revista Contabilidade eFinanças. Siqueira e Sollelinho (2001) realizaram um estudo visando traçar o perfil do pro fissional de Controladoria,a partirda análisede anún cios publicados na seção declassificados deempregos do Jornal doBrasil, ao longode váriasdécadas. As fontes documentais, além de permitirem .1 análise do perfil do profissional ao longo do tempo, evitaram vieses que poderiam surgircasose buscas sem as informaçõesdiretamente nas empresas. Já os ( (. (. I « ( < ( ( c ' I ( ( ( < ( ( ( ( ( < ( ( 56 Metodologia da investigação científica pata ciências sociais aplicadas • Mart:isc Thec-philo documentos - anúncios de empregos do jornal - con tinham, efetivamente, os principais requisitos exigi dos pelas empresas para contratação de controllcrs, ao longo do período estudado. 5.1.3 Pesquisa Experimental De orientação tnarcadameme positivista, o ex perimento é uma estratégia de pesquisa que busca a construção de conhecimentos através da rigorosa verificação c garantia de resultados cientificamente comprovados - conhecimentos passíveis de apreen são em condiçõesde controle, legitimadospela expe rimentação e comprovados pelos níveis de significân cia das mensurações. Os experimentos são os estudos que melhor se adaptam ao propósito de identificação de relações causais entre variáveis. Um traço que distingue o ex perimento dos demais tipos de estratégias, e concor re para a consecução do intento de análise causai. é que os experimentadores podem controlar as vari áveis cujos efeitos desejam estudar, ou podem con trolar quem é exposto a elas. As variáveis estranhas ao experimento também podem ser controladas, o que pode ser conseguido mantendo-as constantes. Porexemplo, uma pesquisa poderia investigar a in fluência de dois tipos de propaganda política de te levisão sobre o comportamento dos eleitores. Caso não se desejasse levar em conta o efeito de elemen tos como sexo. religião c escolaridade, essas variáveis poderiam sercontroladas escolhendo-se parao expe rimento, por exemplo, apenas homens católicos com formação secundária.' Esse procedimento, comumente aplicado nas ciências naturais, contribui de forma importante para o propósito de identificação da relação de causa e efeilo entre as variáveis selecionadas para análise. Ocorre,contudo, que, ao condicionar a variação das condições de estudo a poucas variáveis, pode-se limi tar o intento de generalização dos resultados da pes quisa. A alternativa para obter-se o controle dos efei tosdas outras variáveis, sem limitar a generalidade dos resultados, é a distribuição aleatória dos sujeitos pelas condições experimentais, Esse procedimento chega a ser citado como uma das características defi nidoras dessa estratégia de pesquisa: um experimen to é "[..,] uma pesquisa onde se manipulam umaou mais variáveis independentes c os sujeitos sãodesig nadosaleatoriamente a condições experimentais".' Os sujeitos são as unidades experimentais - que podemser,por exemplo,gruposde pessoas. Noexem plo dos efeitos da propaganda política, caso se dese jasse estudar sujeitos de pesquisa (eleitores) com di ferentes tipos de escolaridade, sexo e religião, eles poderiam ser distribuídos, aleatoriamente, pelascon dições experimentais (os dois tipos de propaganda), de forma que cs grupos não diferissem entre si antes do experimento. Isso fariacom que o pesquisadorse sentisse razoavelmente seguro de que as diferenças surgidas após ;• tratamento experimentalseriamdele decorrentes e não devidas às diferenças antes exis tentes entre os grupos. Em'>ara sejam os estudos que melhor se adap tam às análises d; causa e efeito entre variáveis, os experimentos nãc chegam a produzir relações cau sais incontestáveis. Mesmo a distribuição aleatória dos sujeitos pode não ser suficiente para gerar gru pos diferentes entre si, como desejado. Mas é certo que os experimentadores podem ficar mais seguros do quea maioria dosoutrospesquisadores quantoàs suas inferências causais.' Aeíperirr.sntação é, primeiramente, um proces so de observação feita em uma situação planejada de tal forma a atender à finalidade proposta. O as trônomo Herschel dizia que o experimento não pas sa de una "observação ativa", o que fica bem claro dentrodo campo tiaastronomia. De qualquer forma, nenhum experimento é totalmente passivo, já que sempre haverá a interferência do cientista, antes ou durante o processode observação. Imensamente utilizado nas investigações em Ciências Naturais - Física, Química, Biologia -, o ex perimento não é tão comum para orientarpesquisas em Ciências Social Aplicadas. 5.1.3.1 Estrutura de um Experimento Uma das principais limitações apontadas para os experimentosé que eles não representam fielmen te as processos na:jrais. Isso é especialmente verda deiro nos casos de experimentos fortemente contro lados. E preciso considerar, contudo, como pondera Kidder,'0que o fato de ser artificial não é necessaria mente uma desvantagem. Em algumas siruações,os análogos artificiais das variáveis do mundo real são maisefetivos, rarnando as pesquisasmaisconvincen tes. Um exemplo disso é a reprodução em laborató rio dos ruídosurbanos para estudodo estresse: po dem-se recriarart.ncialmente, em um curto espaço de tempo, efeitos que são produzidos em semanas, mesesou anos de convívio cm tensões urbanas. Trata-sede pesquisacm que uma ou algumasva riáveis são manipuladas (variáveis independentes) - possíveis causas - eobscrvaò^possíveTs efeitos sobre uma variável (dependente). O pesquisador interfere na realidade, tato ou situação estudada através da manipulação direta de variáveis. A condução de um estudo experimental é orientada por um delineamen to do experimento (design), isto é. um plano sobre a estiutura e desenvolvimento da investigação. O delineamento experimental refere-se à moldu ra conceituai e prática dentro da qual o experimen to é conduzido. Dá oportunidzde para comparações requeridas pelas hipóteses da pesquisa, c possibilita, por meio de análises estatísticas, interpretações in- teiigiveis dos resultados. O delineamento é a estru- tura. ou a lorma e procedimentos, para se conduzir o experimento de maneira a garantir que efeitos de outros possíveis fatores sobre a variável de estudo se jam mantidos constantes. Uma pesquisa experimentei pode ser desenvolvi da tanto cm campo (situação real) quanto cm labora tório, onde o ambiente é rigorosamente controlado. Um dos grandes desafios do investigador é planejar c executar o experimenio de tal forma que interferên cias de outros fatores sobre a variável dependente - variável de estudo - sejam minimizadas, de forma que os efeitos das variáveis independentes possam ser corretamente avaliados. São raros os experimentosde laboratório nas pesquisas da área de Ciências Sociais Aplicadas. Es tudos de problemas sociais, organizacionais, psi cológicos, educacionais etc. cuja estratégia seja a abordagem experimental, são orientados por pes quisa experimental em campo, em situação real, em que uma ou mais variáveis são manipuladas pelo investigador, sob condições controladas, com o má ximo cuidado permitido pela situação. No experi menio de campo o controle das interferências de ouiras fontes que podem contaminar o experimenio é bem mais difícil do que experimentos realizados em laboratórios. Além de outros procedimentos, são característi cas básicas de uma pesquisa experimental: Grupo Experimental: é aquele sobre o qual será efetuada a manipulação de variáveis (causas) e, posteriormente, medidos os efei tos. Étambémdenominado grupode leste. Polo técnico - estratégias de pesquisa o . Grupo de Controle: é o grupoque não re ceberá nenhum estímulo intencional (mani pulação) e servirá de padrão para compara ção com o grupo experimental. Distribuição (Designação) Aleatória ou Causalização: é a designação aleatória (ge ralmente através de sorteios) dos sujeitos que irão compor os grupos de controle e de tes te. Anleatoriedadeassegura que a composição das características individuais dos grupos seja praticamenteidênticaem todos os aspectos.A causalização dá garantias de que as fontes de "contaminação" sejam minimizadas, pois os membros dos dois grupos, aparentemente, te rão as mesmas características, só diferencian doporpossíveis reações devido à manipulação de alguma variável. Pré-teste: é a realização de medições para se conhecer o estado inicial dos grupos (experi mentale decontrole)que serão analisados com a intenção decomparações apóso experimento. Pós-tcste: medições realizadas após o expe rimento. Variável Independente: é a variável que será manipulada, ou seja, é aquela sobre a qual se produzirãoestímulos. Variável Dependente: é a variávelque será medida apósa manipulação, ou seja.é aquela sobre a qual se observamas conseqüências da manipulação. 5.1.3.2 Modalidades dePesquisa Experimental a) Pré-experimento: sua característica bá sica é a ausência de aleatoriedade na esco lha dos sujeitos que irão compor os grupos de controle (quando existir) e de teste. O grau de controle é mínimo. b) Experimento autêntico: é oexperimen to por definição. Há aleatoriedade para formação dos grupos de controle e experi mental, bem como pré e pós-teste. c) Quasc-cxperimento: é a aplicação do método experimental (experimento) em situações cm que não é possível atingir o mesmo grau de controle dos delineamen- los experimentais autênticos. 58 Metodologia dainvestigação cientílica para ciências sociais aplicadas • Manios eTheóphilo 5.1.3.3 Principais Delineamentos Experimentais Pré-experimento Estudo com uma única medição Consiste em administrar um estimulo ou trata mento - um filme, um texto, um discurso, um comer cialde TV etc. - a um grupo, e depois medirumaou mais variáveis para compreender os efeitos do esti mulo utilizado. Este desenho não cumpre os requisitos de um verdadeiro experimento. Não há grupo de controle nem tampouco conhecimento prévio do estágio do grupo sobreas variáveis que se deseja entender, isto é, pré-tesie. Estudo de um único grupo com pré epós-testes Para umgrupo se aplica umaprova prévia (pré- teste) ao tratamento experimental, ou estimulo, de poisseadministrao tratamenioe, finalmente, seapli ca uma prova posterior (pós-teste) ao tratamento, comparando-se os resultadosdo pré c pós-testes. Trata-se de desenho que oferece melhores condi ções do que o anterior, todavia deve ser considerado com restrições. Não há grupo de comparação (grupo controle). Várias fontes de ruídos podem estaragin do, sem nenhum controle. Entrea prova prévia e a prova posterior podem ocorrer muitos acontecimen tos capazesde gerar mudanças mais intensas do que o tratamento propriamente dito. Esta modalidade não é adequada para o estabelecimento de relações entre variáveis dependente e independente. Consti tui interessante ensaio para o planejamento de ou tros experimentos com maior controle. Experimento autêntico Desenho compós-teste e grupodecontrole Formam-se, aleatoriamente, doisgrupos: um re cebe tratamento experimental (grupo experimental) e o outro não (grupo de controle). Depois de concluí do o tratamento - período experimental -, os dois grupos são submetidos a testes, medidas, questioná rio,observação etc. (medição da variável dependen te!. A comparação entre us resultados do pós-teste dos dois grupos indicaráse houve, ou não, efeitode vido à manipulação. O teste estatístico ( para igualdade entre duas médias poderá ser utilizado para severificar a signi ficância, ounão, dadiferença entreas médias dogru po de controle e do grupo experimental. Desenho com pré epós-teste egrupo decontrole Formam-se, aleatoriamente, dois grupos: um re cebe tratamenio experimental (grupoexperimental) c o outro não (grupo de controle). Os elementos dos dois grupos sãosubmetidos a testes, medidas, ques tionário, observação etc. (medição davariável depen dente) antes e depois do tratamenio. Acomparação entre os resultados do pós-teste dosdoisgruposindi caráse houve, ou não,efeitodevidoà manipulação. O teste estatístico í para igualdade entre duas médias poderá ser utilizado para se verificar se há significância. ou não, da diferença entreas médias do grupo de controle e grupo experimental. A consideração do pré-teste oferece duas vanta gens: as pontuações dos pré-testespodem ser utiliza dasparafins de controle doexperimento. Acompara çãoentre elas para osdois gruposé umforte indicador da aleatoriedade (dacausalização); a segunda vanta gem reside na possibilidade de se analisar a diferença entre as pontuaçõesdo pré-testee pós-teste. 5.1.3.4 Exemplos - Pesquisa Experimental Exemplo 1 Matos e Veiga (2003) realizaram um estudo apresentado no ENANPAD que relata a realização de um experimento de campono qualse comparam quatro diferentes respostas a dois tipos de publici dade negativa. Por meiode um processo de amos tragem por quota, um total de 288 usuários de ce lular participaram desse experimento fatorial 2x4. Desses participantes, 70,8% possuíam a marca de celularafetada pelapublicidade negativa. Como re sultados,verificou-se que a respostamaiseficazpor parte da empresadepende de a publicidade negati va estar ligada aos atributos do produto ou aos va lores da empresa. A influência dessa interação foi mais evidente nas variáveis "imagem da empresa" e "imagem do produto". De forma geral, observou-se que, embora não houvesse diferença entre os tipos de reações da empresa quando a notícia estava li gada aos atributosdo produto, a estratégiade ação corretiva se diferiu das outras quando a notícia era sobre a empresa. Exemplo 2 Os pesquisadoresGiraldic Carvalho(2005) con duziram uma pesquisa experimental que comparou osgrupos de foco (focus group) tradicionais e onUne comrespeito ao grau de revelação dos participantes sobre temas sensíveis: número de idéias geradas du rante a discussão e o nível de profundidade da re velação. Aleatoriamente foram formados oitogrupos de foco unissex com quatro participantes cada, sendo quatro deles on Une equatro tradicionais. Realizou-se um estudo de grupo de controle somente pós-teste, comharmonização dos grupos por atribuiçãoaleató ria de elementos às unidades de teste. 5.1.4 Pesquisa Quase-Experimental Em certas situações, não é viável a distribuição aleatória das unidades pelas condições de estudo, ou não há condiçõesplenas para isolartotalmente possí veis interferências de outras variáveis que não estão sendo consideradas no experimento. Em tais condi ções nãose realizam experimentos genuínos. As in vestigações desenvolvidas nestassituações sãocoleti vamente denominadas Pesquisas, ou Delineamentos,Quase-Experinientais. Embora não se tenha total controle sobre as principaisvariáveisdo estudo, esta estratégia permi te análises entre as causas e efeitos sobre o fenômeno investigado. O pesquisadordefine, em sua programa çãode procedimentos de coletade dados,"quandoe quem medir", embora lhe falte o plenocontrole da aplicaçãodos estímulos experimentais." Nos Delineamentos Quase-Experimentais, geral mente, a distribuiçãodos sujeitos, pelascondiçõesdo estudo (tratamentos), ocorrem naturalmente, sem a intervenção do pesquisador. A comparação entre os tratamentos e não tratamentos é feita com grupos não equivalentes ou com os mesmos sujeitos antes e depois da intervenção. Diversas intervenções so ciais - como programas de moradia, drogas, impos tos - são estudadas por meio de quase-experimentos. Também os determinantes sociais e econômicos de grandes aglomerados sociais, como crises econômi cas, desenvolvimento de estruturas políticas etc, le vama esse tipode delineamento.12 Polotécnico - estratégias de pesuuisa 59 5.1.4.1 Principais Delineamentos Quase-Experimentais Desenho compós-teste e doisgrupos Utilizam-se dois grupos: um recebe tratameni experimental e o outro não. Os grupos são compara dos pelos resultadosde pós-testespara se avaliarse o experimento teve efeito sobre a variável dependente. Nãohá causalização.escolhaaleatóriados elen dos dois grupos. Diferenças entre os resultados dos grupospodem ser atribuídas à variável independen te. Este planejamento deve ser adotado com os devi dos cuidados. O desenho quase-expcrimental deste tipo poderá se estender para maisde dois grupos. Desenho quase-experimcntal deséries cronológicas Para um grupo únicose administramvários pré- testes, depois se aplica o tratamento experimental, e finalmente vários pós-testes. A compaiação entre os resultados dos pré e pós-testes indicará se hou ve efeitos decorrentes do experimenio. Por exemplo: um administrador poderia medir as vendas de um produto, durante vários meses, introduzir uma cam panha promocionalpara o produto e depois medir as vendas nos meses subsequentes. Pesquisa ex post facto Seguramente, a estraiégia de pesquisa tx /<»: facto é a mais comum das investigações sobre o "mundo" das Ciências Sociais Aplicadas. Diversassão as possibilidades de estudosquevisam a relações en tre variáveiscujos delineamentossão realizadosapós os fatos (ex post facto). Por exemplo, estudos sobre os efeitos da informação contábil sobre o comporta mento do preço deações, osreflexos dasinformações gerenciais sobre os tomadores de decisãoetc. Em um "inundo cientifico perfeito", "[...) os pes quisadores deveriam poder extrair amostras alea tórias, manipular variáveis independentes e desig nar sujeitos a grupos aleatoriamente". Na pesquisa expostfacto, asduasúliimas condições jamais serão possíveis.13 As variáveis independentes chegam au pesquisador como estavam, já feiias. Já exerceram os seus efeitos, se é que existiam. Comoindica o re ferido autor, tanto em pesquisaexperimental quanto na expostfacto (a queele também denomina de "não experimental"), fazem-se inferências e tiram-SC <on clusões. Ambastêm a mesmalógicade investigação. Uma das diferenças fundamentais entre essas estra- c1 ' ( ' I < I < I « I < ( I ( < ( < 1 I ( ' ( < f < I -o Metodologia dains-estigaçio cientifica para ciências sociais aplicadas • Marrins e theóphilo tégias está nanatureza das variáveis. As pesquisas ex postfacto lidam com variáveis que,porsuanatureza, não são manipuláveis, tais como as "características de gente", denominadas "variáveis de status~ou de mográficas, classe social, ansiedade, valores etc. 5.1.4.1.J Exemplos - Pesquisa quase Experimental Exemplo 1 Em pesquisa para avaliar a efetividade do pro cesso de incubação deempresas debase tecnológica (EBT), Andino e Fracasso (2005) realizaram inves tigação através do estudo de múltiplos casos emum desenho quase-experimental. A incubação atuando como variável independente ou tratamento experi mental, sendo as EBTs pós e não incubadas as uni dades deanálise. As capacidades de inovação, finan ceira e gerencial foram asvariáveis dependentes que medem osefeitos da variável independente sobre as unidadesde análise. Neste sentidose buscou medir os efeitos da incubação de empresas cm EBTs pós e não incubadas nas diferentes capacidades, medi das porindicadores relativos àcapacidade de inova ção, capacidade financeira c capacidade gerencial. Foram escolhidas EBTs do setor de informática com características similares: setor e tipo de negócios, tempo defuncionamento, tamanho emrelação aseu faturamento bruto anual e númerode funcionários. As empresas estavam estabelecidas naregião metro politana de Porto Alegre. Foram divididas em dois grupos de oito empresas. O primeiro formado por oito empresas pós-incubadas (Grupo experimental), egressas de quatro diferentes incubadoras. As qua tro incubadoras tinham normas similares e se pro punham a providenciar, além de espaço físico, as- sessoria tecnológica e gerencial. O segundo grupo foi formado também poroito empresas que não ha viam passado pelo processo de incubação (Grupo de Controle). A coleta de dados foi realizadaem duas etapas: a primeira através de uma entrevista com o principal sócio da empresa por meio de perguntas abertas para contextualizar a situação de cada ne gócio. Asegunda etapa foi por meio de um questio nário de perguntas fechadas preenchido pelo pro prietário, sócio ou principal diretor daempresa. Foi utilizado o teste deMann-Whirney para comparar os dois gruposde empresas. Exemplo 2 Damas. Medcircs e Lustosa (2006) desenvolve ram um estudo publicadona Revista Contabilidade c Finanças, noqual buscamrelacionaras variáveis"ala vancagem operacional" e "comportamento do retor no das ações". Oestudo utiliza um delineamento pró prio de uma Pesquisa Quase-Experimcntal. dotipo Ex Post Facto. Ainvestigação segue a lógica dosestudos que buscam a relação entre informações contábeis e mercado deações, sendo a alavancagem operacional uma variável pouco analisada nesses tipos depesqui sas. O estudo focou cs companhias listadas na Bolsa de Valores deSão Paulo (Bovespa) que integram os setoreseconômicos de petróleo c gás,materiais bási cos, bens industriais, construção e transporte, consu mo não cíclico. O período estudado está compreen dido entre o segundo semestre de 2001 e o terceiro trimestre de 2004. 5.1.5 Levantamento Oslevantamentos sãopróprios para oscasos em que o pesquisador deseja responder a questões acer ca da distribuição de uma variável ou das relações entre características de pessoas ou grupos, da manei ra como ocorrem em situações naturais. Embora os levantamentos possam ser planejados para estudar relações entre variáveis, inclusive as de causae efei to,sãoestratégias mais apropriadas para a análise de fatos e descrições. Osproblemas de pesquisa tratadosatravésdessa estratégia requerem umasistemáticade coleta de da dos de populações ou de amostras da população por meio devariadas técnicas. As denominações levanta mento (survey) e levantamento por amostragem (sam- pte survey) sãotambém empregadas para identificar essaesiratégia de pesquisa, em que normalmente se estudam, respectivamente, todos ou parte dos sujei tosda pesquisa. Difercnicmente da que ocorre com os experi mentos, emquesãocontroladas asvariáveis e simpli ficados osfenômenos, nas pesquisas delevantamento uma multiplicidade de influências pode interferir nos processos estudados. Outra característica marcante dos levantamentos é que neles são estudados fenô menos queocorrem naturalmente. Aanálise dospro cessostal como ocorremse opõeà maneiracomo são tratados os fenômenos nos experimentos, nos quais. muitas vezes,as condiçõesdo estudo afastam-sebas tantedas situações da vida real.'4 A versatilidade dos levantamentosnão se restrin ge ã variedade das populações às quais se aplicam, masse estende às alternativas de planos disponíveise a toda a gama de dados possíveisde serem obtidos. O conteúdo das perguntas de levantamento cobre qua troáreas fundamentais de conteúdo: dados pessoais, dados sobre comportamento, dados relativos ao am biente(circunstâncias em que os respondentes vivem) e dados sobre nível de informações, opiniões, atitu des, mensurações e expectativas. Os levantamentos queobjetivam o estudo conjuntodesses dados, quan do possível,são muito mais produtivos do que os que pretendem focar apenas umdesses aspectos." Algumas pesquisas de levantamento buscam ir além do relato de distribuições e relações, c procu ram realizar a sua explicação e interpretação. F.m um desses tipos de estudos, cm vez de se estudar a distribuição de comportamentos e atitudes de toda a amostra, esta é dividida em vários grupos, de for ma que possam ser determinadas as diferenças entre eles. São comparados os comportamentos, opiniões e atitudes de grupos de pessoas que são diferentes quanto a idade, grau de instrução, renda etc.16 Há também os estudos que buscam correlação entre comportamento e atitudes de grupos. Por exemplo, as atitudes em relaçãoà empresa por pane de operáriosantes separados em dois grupos: um de baixa e outro de alta produção. Um outro caso em que se recorre às correlações é no estudo das moti vações. Como indicam os referidos autores, muitos aspectos predominantes nas motivações podem não ser lembrados ou reconhecidos pelas pessoas como tendo contribuído para suas decisões. Em um exem plo em que se questionam as razões da compra de um carro novo, por exemplo, provavelmentepoucos apontariam o aumento da renda. A correlação dos que compraram carros com os que tiveram aumenio de renda pode revelar a importância desse fator. A dificuldade em interpretar os resultados des ses tipos de estudos está na possibilidade de haver outras diferençasentre os grupos. Existem três crité riospara inferir relações que se aproximam de causa e efeito: 1. que as variáveis co-variem; 2. que uma variável precedaa outra no tempo; e 3. que não haja hipóteses alternativas para as diferenças entre os grupos. As pesquisas de levantamento quase sempre atendem apenas ao primeiro desses critérios. É im portante considerar, contudo, que, embora a correla- Polo técnico - estratégias de pesquisa 51 ção não seja indicativade relações de causa c efeito, ela empresta crédito a uma hipótese causai envol vendo as variáveis. Cada um desses casos envolven do correlação funciona como um teste de hipóteses que poderia refutar a hipótesecausai.12 Algumaspesquisasde levantamentosão empre gadas com o propósito de identificar fortes relações entre variáveis. As inferências causais desses estudos, contudo, nunca poderão ser feitas com a mesma cer teza das realizadas nas pesquisas experimentais. A contribuição dos levantamentos pode ser me lhor avaliada por meio de programas contínuos de pesquisa do que a partir de resultados de estudos isolados. O valor desses programas não está princi palmente na habilidade de repetir as mesmas obser vações em diferentes momentos do tempo. O mais importante é a oportunidade de aplicaçãode um sis tema teórico a diversas situações da realidade, para sua revisãoprogressivae desenvolvimento de hipóte ses de trabalho.1" Exemplo - Levantamento Em um estudo realizado por Souza c Collaziol (2006), publicado na Revista Contabilidade e Finan ças, foi utilizada a Estratégia de Pesquisa de Levan tamento para verificar o nível de aderência de em presas no que se refere à adoção efetiva das práticas de planejamento e gestão de custos sob o enfoque dos desenvolvimentos teóricos verificados na litera tura e quanto ao previsto na norma ISO 9004:2000. Enviaram-se questionários a 98 empresas de grande c de médio porte certificadas pela norma e integran tes do cadastro da Fundação para o Prêmio Nacional da Qualidade (FPNQ), base de agosto de 2004. Os questionários foram endereçados ao responsável pela gestão do sistema de qualidade nas empresas. 5.1.6 Estudo de Caso É cada vez mais freqüente a condução de pes quisas científicas orientadas por avaliações qualita tivas: pesquisas qualitativas, como são geralmente denominadas. A avaliação qualitativa é caracterizada pela descrição, compreensão c interpretação de fatos e fenômenos, em contrapartida à avaliação quantita tiva, denominada pesquisa quantitativa, onde predo minam mensurações Aestratégia de pesquisa Estudo de Caso pede avaliação qualitativa, pois seu objeti- 62 Metodologia da in.estigaç.\o científica paia ciências sociais aplicadas • Martins eTheóphilo vo é o estudo de uma unidade social que seanalisa profunda e intensamente. Trata-se deuma investiga ção empírica que pesquisa fenômenos denirode seu contexto real (pesquisa naturalisiica), onde o pes quisador não tem controle sobre eventos e variáveis, buscando apreender a totalidade de uma situação e, criativamente, descrever, compreender e interpretar a complexidade de um caso concreto. Mediante um mergulho profundo e exaustivo emum objeto deli mitado - problema da pesquisa -, o Estudo de Caso possibilita a penetraçãona realidade social, nãocon seguida plenamente pela avaliação quantitativa. No campo das Ciências Sociais Aplicadas há fe nômenos de elevada complexidade e de difícil quan tificaçâo, como, por exemplo, a supervisão de fun ções administrativas dentro de uma organização estratégias de uma organização não governamental, políticas governamentais etc. Nestes casos, aborda gens qualitativas são adequadas, tanto no que diz respeito ao tratamenio contextual do fenômeno, quanto no que tange à sua operacionalização. O tra tamento de eventoscomplexos pressupõe um maior nível dedetalhamento das relações deniro das orga nizações, entre os indivíduos c asorganizações, bem como dos relacionamentos que estabelecem com o meioambienteem que estão inseridos. Deum modo geral, pode-se afirmar que avaliações quantitativas são mais adequadas ao processo de testar teorias, enquanto as avaliações qualitativas são mais apli cáveis em situações ondese deseja construir teorias (Grounded Theory), enfoque de pesquisa orientada por um Estudo de Caso. O trabalho de campo de uma pesquisa orienta dapela estratégia deum Esiudo deCaso é precedido pela exposição do problema depesquisa - questões orientadoras - do enunciado de proposições - teses - que compõem a teoria preliminar que será avaliada a partirdosachados da pesquisa; de uma plataforma teórica; de um detalhado planejamento de toda a in vestigação, destacando-se a construção de um proto colodo caso,contendodescrição dos instrumentos de coleta de dados e evidências, estratégias decoleta e análise dos dados, possíveis triangulações de dados, prováveis encadeamentos deevidências e avaliações da teoria previamente admitida, coma finalidade de se construir uma teoria (Grounded Tiicory) para ex plicação doobjeto deestudo: o caso. Considerações sobre critérios que possam garantir confiabilidade e validade aoestudo são fundamentais para seter qua lidade e segurança quanto aos achadosdo estudoe de possíveis inlervenções. Estudos epistemológicos sobre a produção científica no campo das Ciências Sociais Aplicadas têm mostrado que um grande número depesquisas orientadas por Estudo de Caso apresentasériasde ficiências: análises intuitivas, primitivas c impres sionistas, não conseguindo transcenderem a simples apresentações de relatos históricos, obviamente, muito afastados do que se espera de um trabalho cientifico. Aconstrução de uma pesquisa a partirde um Estudo de Caso exigemais atençãoc habilidades do pesquisador do que acondução de uma pesquisa com abordagem metodológica convencional. Como os procedimentos de um Estudo de Caso não são ro- tinizados, as habilidades do pesquisador devem ser maiores, isto porque sefaz necessário controlar vie- ses potenciais que surgem em grande intensidade ao longo de todo o processo de construção do es tudo. Uma das maiores limitações da estratégia de pesquisa de um Estudo de Casoc a possibilidadede contaminação do estudo pelas "respostas do pes quisador", istoé, a forte possibilidade de o pesqui sador ter uma falsa sensação de ceneza sobre suas próprias conclusões. Como o pesquisador, emgeral, conhece profundamente o fenômeno em estudo, ou melhor, pensa que o conhece totalmente, poderá, deliberadamente, enviesar os dados e evidências de forma a comprovar suas pressuposições iniciais.Re forçando: um dos maiores riscos dacondução deum Estudo de Caso é utilizar a investigação para com provar posições preconcebidas, Quando um Estudo de Caso escolhido é origi nal e revelador, isto é, apresenta um engenhoso re corte de uma situação complexa da vida teal cuja análise-síntese dos achados têm a possibilidade de surpreender, revelando perspectivas que não tinham sidoabordadas porestudos assemelhados, o caso po derá ser qualificado como importante, e visto cm si mesmo como uma descoberta: oferecedescrições, in terpretações e explicações quechamam atençãopelo ineditismo. Desenvolvendo um Estudo de Caso Umapesquisa construída a partir de um Estudo de Casoganhara status de uma investigação exem plar se a delimitação do problema de pesquisa re velar criatividade, assim como a clara definição do objeto do estudo e, prioritariamente, se forem enun ciadas e defendidas, com engenhosidade, as propo sições- teses - a partir de uma sólida plataforma teórica e dos achados empíricos da pesquisa. É de extrema importância a seleção criteriosa de um te ma-problema de pesquisa. Umaescolha infelizpode tornar a pesquisa inviável e, o que é pior, provocar aiitudes desfavoráveis do seu autor em relação ao trabalho de condução de umapesquisa cientifica. É, então, necessário levantar, selecionare julgar critica mente o material e as interpretações existentes, an tes que se defina por um tema. Para evitar o descon forto de carregar um pesado fardo, durante vários meses, dedique um bom tempo para a escolha de seu tema e proposições que serão discutidas em fun ção das evidências coletadas. Não inicie o trabalho orientado por vagas idéias, ou propostas simplórias, às vezes ingênuas, quando não triviais. Será preciso enunciar com detalhes o protocolo que orientou o estudo: plataforma teórica que sus tentou a pesquisa, proposições - teses - orientadoras da investigação, ou seja, a teoria preliminar que se tem sobre o caso. Minucioso planejamento de todo o desenvolvimento do caso, da coleta dos dados, das estratégias dos trabalhos de campo e conjunto de questões que refletiram as necessidades da pesquisa, com possíveis fontes de evidências, a fim de garantir que outro pesquisador, utilizando os critérios e ações enumeradas no protocolo, encontre resultados e evi dências assemelhadas, quando do desenvolvimento de um caso de mesma natureza teórico-cnipirica. O sucesso de um Estudo de Caso, em muito, de pende da perseverança, criaiividade e raciocínio ei iii- codo investigadorpara construirdescrições,interpre tações, enfim, explicações originais que possibilitem a extração cuidadosa de conclusões e recomenda ções. Neste sentido o pesquisador deve apresentar encadeamentos de evidências e testes de triangula ção de dados que orientaram a busca dos resultados alcançados. Devera ganhar a confiança do leitor de que, de fato, conhece o assunto com o qual está tra balhando. Convencê-lo de que o trabalho de campo foi realizado pessoalmente, com afinco e perseveran- ça. Conforme a situação, demonstrar procedimentos que evidenciem isenção, portanto não contaminação, pelo fato de, possivelmente, trabalhar no local onde foi desenvolvido o Estudo de Caso e, portanto, de co nhecer as pessoas que prestaram esclarecimentos, opiniões e informações. Conforme o exposto, o autor de um estudo desta natureza não deve abarrotar a apresentação com in formações de apoio secundário, como, por exemplo, um detalhado, portanto extenso, histórico da orga- Polo iccnico - estratégias de pesquisa 63 nização e outros antecedentes dispensáveis. É falsa a expectativa de que um grande volume de informa ções irá Influenciai e agradar o leitor. Pelocontrário, excesso de informações acabará por chateá-lo. Refor çando o que já foi dito. o Estudo de Caso se tornará exemplar se revelar análises em piofundidade, não em extensão. Um caso suficiente é aquele cm que os limites, isto é, as fronteiras enire o fenômeno que está sendo estudado e seu contexio, estão claramente delimi tados, evitando-se interpretações c- descrições inde vidas, ou não contempladas pelo estudo. O estudo deve mostrar de maneira convincente que foram co letadas e avaliadas as evidências relevantes e que os encadeamentos de evidências são criativos e lógicos. A robustez analítica, lógica das conclusões e defesa das proposições sobre 0 caso. com certeza, irão lhe garantir suficiência pela construção de uma teoria que consiga explicar o recorte da realidade explora do no Estudo de Caso. Além desses quesitos, a com- pletude de um Esiudo de Caso poderá ser mostra da pelo cumprimento integral do planejamento do estudo dentro do rempo e espaço necessários. Em suma: será necessário que o pesquisador demonsire que, dentro do recorte realizado, o tema-problema foi iratado com rigor científica, dando plena conta dos propósitos da pesquisa. C c c r rf> tf ' C ( 5.1.6.1 Sobre as Questões Orientadoras Provavelmente o passo mais importante a ser considerado em qualquer estudo científico é a defi nição da questão da pesquisa. Deve-sereservar paci ência, muito tempo e bastante perseverança para a realização dessa tarefa. Écrucial: uma questão mal formulada poderá comprometer todo o estudo. Ge- ralmenie, quando um pesquisador considera a aller- nativa de estudar apenas uma organização, ou um setor de uma empresa, por exemplo, ele possui al gumas indicações de que contará com o apoio dos responsáveisda unidade para desenvolvero esiudo. A aquiescência prévia da direção da organização é de fundamental importância para os propósitos do pesquisador, todavia, se o caso não for abordado a partir de questões criativamente formuladas, cotre- se o risco de não se concluir a pesquisa, e, obvia mente, de se perder a oportunidade de realização de uma pesquisa empírica orientada por um Estudo de Caso. i « • ( < ( I ( < < ( ( ( (' I ( < ( ( ( ( ( ( ( I ( < < ( I < < I Metodologiada investigação c ientifica paraciências sociais aplicadas Martins e Theóphilo 5.1.6.1.1 Exemplos de Questões/Objetivos de Pesquisas para Estudos de Caso Em uma dissertação de mestrado Varela" assim coloca uma questão orientadora: Como são utilizados os indicadores sociais e as informações no processo de planejamen to e orçamento do setor público municipal de saúde? Segundo a autorao trabalho foi construído por meio de uma abordagem empirico-analitica com a condução de um Estudo de Caso no município de Brumadinho/MG. Paraestudar "a interiorização da variável ecoló gica na organização das empresas industriais", Do- naire20 coloca como propósito de um Estudo Multi- casos: Descrever quais asatividades queasempresas estão implementando ao nível de sua organi zação para responder à crescente preocupação dasociedade relativa à variável ecológica. Propõe ainda o mesmo autor: (...) estabelecer um modelo referencial teóri co que possaser seguido por outras organiza ções que pretendam criar essa atividade/fun çãodentro de sua estruturaorganizacional. Segundo Andrade e outros,21 o objetivo de uma pesquisa que se"utilizou daestratégia metodológica intitulada 'estudo de caso'" foi assim expresso: [...] analisar o processo de regulação decon flitos socioambientaisà luz da abordagem teórica insiitucionalista, particularmente no que diz respeito ao tratamento/descarte dos efluentes líquidos produzidos pelo Complexo Turístico Costade Sauípe,localizado na Área de Proteção Ambiental do Litoral Norte da Bahia (APA-LN). 5.1.6.2 Construção daPlataforma Teórica Definido o tema e colocadas as quesiões orien tadoras da pesquisa, enunciadas as proposições para o estudo, o investigador deverá efetuaruma revisão bibliográfica, ou seja, construir a plataforma teórica da pesquisa, procedendo a um levantamento de re ferências que decm suporte e fundamentação teóri- co-metodológica ao casoque pretende estudar. Evi dentemente, referências queo ajudaram a definir as questões orientadoras c proposições (teses) deverão integrar o arcabouço teórico da pesquisa. Um grave defeito que se nota no desenvolvimento de diversos Estudos de Caso é a falta de uma plataforma teóri ca que aponte o que investigar, como demonstrar as proposições doestudo eoriente aabordagem eapro ximação como fenômeno propriamente dito. Nestas situações observa-se queo pesquisador, equivocada- mente, admite que os dados falam por si só, oque é um grande erro, poisdesprovidode uma base teórica um Esiudo deCaso não passa de um relatório ingê nuo sobre manifestações dos dados. Como nos lem bram diversos pesquisadores experimentados: osda dos só falam através de teorias. 5.1.6.3 Planejamento de umEstudo de Caso Diferentemente de outras estratégias de pes quisa, para um Estudode Caso não se desenvolveu umconjunto fixo de etapasparaconduzi-lo. Não há uma sistematização de um projeto de pesquisa de um caso. Lembrando deumaexpressão dosensocomum: cada caso é um caso. Todavia, é possível compor um plano de ação - projeto ad hoc -,seqüência lógica de procedimentos a partirdasquestões orientadoras ini ciais, passando pela coleta de evidências, compondo c analisando os resultados, validando-os, até se che gar As conclusões, condições para possíveis inferên- cias e o relatório final: um artigo; uma monografia, umadissertação ou umalese. Um projeto bemelabo rado de um Esiudo deCaso possibilitará garantias de lógica interna, evitando, por exemplo, que evidências levantadas não se remetam aosobjetivos colimados. Um projetobem construído permitirá evidências de confiabilidade e validade dos achados da pesquisa, condição fundamental de um estudo científico. Em síntese, o planejamento de um Esiudo de Caso deve tratar de todo oprocesso de construção de uma pes quisa: questões a responder, proposições (teses) do estudo, fixação dos parâmetros, elaboração de de talhado protocolo, estratégia para coleta de dados e evidências, como analisar os resultados, comodar significância aoestudo e aos achados, redação, edi çãoe formatação do relatório sobre o casoestudado. Apesardas restriçõesquanto ao formato únicode um projeto, é necessário atentar para o que nesta seção é apresentado. 5.1.6.4 Proposições do Estudo Questõesde pesquisa, por maisbem formuladas que sejam, não apontam a direçãocorreta do que se deve estudar. As proposições - teses expostas para serem demonstradas e defendidas - permitem a cor reta direção para o desenvolvimento de um Esiudo de Caso. As proposições, no contexto de um Esiudo de Caso, refletem explicações teóricas formuladas a partirde algum conhecimentodo casoe reflexões do pesquisador. Asproposições (teses) podem serenten didas com uma teoria preliminar, criada pelo autor, que buscara, ao longo do trabalho, defender e de monstrar. Ou seja, a explicitação de uma teoria acer ca do caso, anterior à coleta de qualquer dado ou evidência. Necessariamente, em um Estudo de Caso buscam-se condições para explicar, demonstrar uma teoria especifica sobre o caso a partir dos resultados obtidos. Contrariamente ao que ocorre na maioria das pesquisas convencionais, leórico-empiricas, onde o pesquisador busca elementos para testar uma teo ria já conhecida, em uma particular situação - esco po do seu estudo. Em um Estudo de Caso, parte-se de uma teoria preliminar, que pode ser aperfeiçoada ao longo do desenvolvimento do estudo, buscando evidências e dados da realidade (do caso) que pos sam demonstrar, e defender, dentro d:>s limites das avaliações qualitativas, raramente avaliações quanti tativas, as teses previamente formuladas. A formula ção e defesa de proposições constituem exercício in telectual que distingue um Estudo de Casoexemplar. Proposições orientam corretamente o estudo, contri buindo para a objetividadedo trabalho Quanto mais proposições específicas um estudo contiver, mais ele permanece dentro de limites exeqüíveis. No planeja mento e condução de um Estudo de Caso as propo sições - teorias preliminares, teses - substituem os objetivos e as hipóteses normalmente formuladas nas pesquisasconvencionais. Enquanto em uma pesqui sa convencional o investigador testa a adequação de uma realidade à uma teoria, em um Es:udo de Caso, buscam-se elementos e evidências para demonstrar uma teoria - construir uma teoria - (Grounded Theo ry) - sobre o caso, ou seja, ao invés de testar teoria, tenta-se construir teoria. 5.1.6.5 Piano de Coleta de Dados Se a coleta de dados não for corretnmente plane jada, todoo trabalhode pesquisa do Estudo de Caso poderá ser postoem risco, e tudoo que foi feito ante- Polotécnico - estratégias de pesquisa 65 riormenie estará perdido. Para condução de um estu do dessa natureza exige-se muito mais perspicácia e atenção do pesquisador do que outras estratégias de pesquisa. Os procedimentos de coleta de dados não são procedimentos que seguem uma rotina previa mente estabelecida. Não se aconselhaa colaboração de assistentes de pesquisa para a coleta dos dados, ou de se terceirizar o trabalho de campo. Essas ati vidades devem ser realizadas pelo pesquisador, após algum treinamento, aliado a uma forte dose de dispo sição e perseverança. Somente um pesquisador mais experiente será capaz de tirar vantagens de oportuni dades inesperadas, e se resguardar de procedimentos potencialmente viesados. O pesquisador-autor terá mais condições de, continuamente, estar pensando e agindo na busca de relações entre a questão da pes quisa que se deseja responder, as proposições (teoria preliminar) que carecem de demonstrações e a coleta dos dados c evidências. O pesquisador deve ser capaz de fazer boas perguntas, isto é, fazer-se entender, e interpretar as respostas obtidas. Uma postura atenta e indagadora é pré-requisito básico para uma proveito sa coleta de dados. A coleta deve ser pautada por um plano formal, todavia informações relevantes para o estudo podem sercoletadas mesmo não sendo previsí veis. Como os jovens costumam dizer: "o pesquisador precisa estar ligado em tudo", trabalho cansativo ne cessário à boa qualidade da pesquisa. O pesquisador deve ser um bom ouvinte, e não se enganar devido às suas idéias e preconceitos. Deve ser capaz de assimi lar novas informações sem necessariamente acrescen tar perguntas. O investigador deve ter um comporta mento adaptável e flexível, de maneira a transformar situações imprevistas em oportunidades para melhor compreender o fenômeno sob estudo. Ser capaz de, tranqüilamente, absorver idéias e opiniões contrárias aos seus pontos de vista, c mostrar sensibilidade a provas contraditórias. Por mais rigor no planejamento do trabalho de coleta, geralmente, a realidade acaba por surpreender, e diante das situações não previstas, o pesquisador precisará mostrar habilidades para re verter o ocorrido em favorda pesquisa. Como já se disse, na condução da coleta de dados para um Estudo de Caso o pesquisador não é apenas um registrador de informações, como acontece em trabalho de campo de outras estratégias de pesquisa. Em um esiudo dessa natureza o pesquisador precisa ser um detciive, capaz de compreender, interpretar as informações que estão sendo coletadas e, imediata mente, avaliar se há contradições ou convergências,bem como necessidade de evidências adicionais. 66 Metodologia da investigação cientifica pata cincas sociais aplicadas • Martins cTheóphilo 5.1.6.6 Construindoo Piotocolo para um Estudo de Caso No contexto de um Estudo deCaso oprotocolo é um instrumento orientador e regulador da condução da estratégia de pesquisa. O protocolo constitui-se em um forte elemento para mostrara confiabilidade de uma pesquisa. Isto é, garantir que os achados de uma investigação possam ser assemelhados aos re sultados da teplicaçáo doEstudo deCaso, oumesmo de um outro caso em condições equivalentes ao pri meiro, orientado pelo mesmo protocolo. Oponto central doprotocolo, quedeve sercons truído a partir do inicio doprojeto, é um conjunto de questões que, de fato, refletem a investigação real. As questões são feitas ao próprio pesquisador e funcio nam como um chck-list para que o investigador fique atento e se lembre de todas as ações para condução do trabalho, particularmente, no levantamento das informações que precisam ser coletadas e as razões de coletá-las. As questões e prévios avisos registra dos no protocolo ajudam o pesquisador a semanter no rumocorretoà medidaque a coletaavança. Cada questão deve vir acompanhada deuma lista de pro váveis fontes de evidências e do instrumento decole ta que poderá ser utilizado, como, porexemplo: no mes de possíveis entrevistados, tipos de documentos a serem consultados, observações de determinados fatos, roteiros de entrevistas, questionários, agenda- mentosetc. Com essasanotaçõeso pesquisador esta rá seguro, pois a homogeneidade de procedimentos será garantida pelo uso do mesmo script. Oprotocolo também poderá incluir planilhas de coletade dadosa serem preenchidas durante todo o levantamento. As planilhas, geralmente, tabelas de dupla entrada, deverão conter as categorias de in formações, permitindo análises cruzadas, bem como exatas identificações dos dados que estão sendo pro curados, além de possibilitar melhor compreensão do que será feito com os dados quando da análise dos resultados. Até onde for possível, o protocolo deve conter um esquema básico do relatório final do Estudo de Caso, uma vez que análises parciais são realizadas paralelamente à coleta de dados. Épreciso reforçar o diferencial desia estratégia de pesquisa: não são distintas as etapas de coleta e de análise conforme ocorre nas outras estratégias convencionais. Acres cente-se queo material bibliográfico também poderá serutilizado, consultado parasustentar análises e re sultados preliminares ao longo de todo o trabalho de campo, bem como para reorientar ouampliar acole tade dados e informações que não foram previstos. Sendo feita ao longo dotrabalho decoleta, a redação do fuiuro relatório permite comprecnsões e interpre tações commelhores níveis de consistência dosacha dos, bem como possíveis alterações de conduta ao longo do estudo. Anecessária flexibilização daestra tégia deum Estudo de Caso, quando adequadamente utilizada, traz extraordinárias vantagens ao investi gador e oferece qualidade ao produto da pesquisa. 5.1.6.6.1 Exemplosde Protocolos Em um Estudode Casopara analisar o uso de in dicadores sociais no processo orçamentário dosetor público municipal de saúde.Varela22 assim construiu o protocolo do estudo: a) Procedimentos Iniciais Agendamenio inicial da visita de campo: dia 22/07/2003 Contato Inicial: Sra. Cléa - Secretaria Adjun ta de Saúde do Município de Brumadinho. Objetivo: Obtenção de informações gerais do município e da prefeitura e verificação dos procedimentos para obtenção dos dados ne cessários ao Estudo de Caso. Informações Gerais: Dados Gerais do Municí pio: (1) confirmaçãodos dados obtidos nosite da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais, (2) levantamento de publicações em periódicos sobreo município. Dados da Admi nistração Municipal: (1) conhecer as princi pais autoridades do município e apresentar a proposta de trabalho, (2) Estrutura Adminis trativa - organograma da administração, lo cais de funcionamento, (3) Funcionamento da Secretaria Municipal de Saúde, verificação dosprocedimentos para coleta dos dados: Autorização paraobtenção dosdados: (1) acessoa documentose a bancode dados - autorização formal das autoridades do muni cípio para recebimento dos dados. Disponibi lidade dosfuncionários para atendimento das demandas; (2) Quais funcionários deveriam ser entrevistadossobre os processos de coleta de dadosdoSUS? (3)Quais funcionários deve riam ser entrevistados sobre oprocesso de pla nejamentoe orçamento, inclusive na secretaria de saúde? (4) Existe a possibilidade de obser var a coleta dos dados? Onde? Quando? (S) Alguma restriçãoquanto ao uso do gravador? Contrapartida da pesquisa: (1) discussão das questões relacionadas ao caso de Brumadinho na Universidade de São Paulo, na banca de qualificação da dissertação de mestrado, (2) Relatório de Pesquisa e apresentação para os profissionais da prefeitura, (3) troca deexpe riências com a pesquisadora, (4) possibilida de de publicação do caso em congressos ou revistas da área contábil. Disponibilidade de recursos: veículospara locomoçãono municí pio, xerox, computador para acesso às bases de dados (quais horários?), disquetesou eds para cópia dos bancosde dados, impressão de documentos. b) Questões para o Estudo de Caso Asegunda parte, essência do Protocolo do Es tudo de Caso, foiconstituída por umconjunto dequestões querefletem com detalhes as pro posiçõesda pesquisa,construídas por meioda revisão teórica sobreo tema abordado e que foram utilizadas como fonte de orientação para a pesquisadora: Gestão da Saúde • Qual a concepção de saúde adotada pelo município? O que inclui a funçãosaúde? • Quaisas secretariasenvolvidas na prestação de serviçosrelacionadosà funçãosaúde? • Quais os objetivos dos diversos programas incluídos na função saúde? Existea tendên cia de simplificação dos objetivos que por natureza são complexos? • Os planos de saúde apresentam alternati vas de ação para atingir os objetivos? Ou justificam uma posiçãopreconcebida, como a utilização das alternativas de ação formu ladas pelo governo federal (exemplo- Pro grama Saúde da Família)? • Quais são os bens móveis e imóveis destina dos à função saúde (hospitais, policlínicas, aparelhos de diagnóstico e tratamenio, mó veisdirecionados às atividades de apoio)? Existem bens utilizados em conjunto com outras funções? Processo Orçamentário Pol. '""co- ««-"Cgia, <•: p...,,..,, • Qual a visão e compreensão dos secretários de saúde efazenda sobre oorçamento públi co (tradicional ou orçamento-programa)' • Qual a visão e compreensão das pessoas responsáveis pela elaboração do orçamen to público (tradicional ou moderna)? • Oorçamento público é utilizado como base para a tomada de decisão? • Quais os tipos de classificação que são en fatizados naelaboração doorçamento pú blico? • Os programas vêm descritos em termos de metas físicas e financeiras, relacionando m- sumos/produtos finais (índices de produ tividade) e insumos/produtos intermediá rios (índices de rendimento)? • Existe a designação de gestor responsável para cada programa de governo? Sistemas de Informações em Saúde • Quais são os sistemas de informações que obrigaioriamente devem ser alimentados pelos municípios? • Quais são os sistemas de informações com alimentação facultativa? • Verificar: (1) forma de coleta e conferência dos dados; (2) periodicidade; (3) confia bilidade das informações; (4) geração de relatórios; (5) geração de indicadores; (6) utilização do banco de dados no TAB-WIN em relaçãoaos seguintessistemas de infor mações: [...) A autora relaciona 12 sistemas de in formações; alémdisso formula trêsquesiões sobre Indicadores de Saúde, além de cinco perguntas sobre a Inter-relação entre infor mações e indicadores dasaúde, planos desaú dee instrumentos doprocessodeplanejamen to e orçamento muniàpal, complementando com uma questão sobte a proporção do gas to municipal no gasto total com a saúde. c) Possíveis Fontes de Evidências • Entrevistas. • Documentos: Plano Plurianual, Lei de Dire trizes Orçamentárias, Lei Orçamentária Anual, Relatórios de Execução Orçamentá ria, PlanoMunicipal de Saúde, Agenda Mu nicipal de Saúde e Relatório de Gestão. c c c Ç c f e f • < ( ( ( ( ( < í ( < (. ( ( I ( ( ( ( ( ( c < ( < ( ( ' « ( < ( ( ( SS Metodologia é^ investigação cientifica para ciências sociais aplicadas • Martins cTheóphilo • Bases de Dados: Secretaria Municipal de Saúde c DATASUS. Paraestudar a imeriorização da variávelecológi ca na organização das empresas industriais, Donaire23 elaborou um protocolo para a condução de umestu do nuilticaso. Em síntese, o documento continha: • Propósito: descrição dos objetivos do estu do." • Aspectos-chave do Estudo: relação das fon tes de evidências: entrevista pessoal, docu mentação e observação direta. • Organização do Plano: dissertação sobre o tipo de estudo de caso e sobre os ramos in dustriais que, potencialmente, serão estu dados. • Procedimentos: relação dos procedimentos para a condução das entrevistas e observa ções. • Base de dados para o estudo de casos: ca racterização daorganização; caracterização da atividade/função ligada à variável eco lógica; identificação da influência da variá vel ecológica nas estratégias e objetivosda organização; identificação da repercussão da variável ecológica em outras unidades administrativas; percepção da observação direta; Plano de análises e relatório final. 5.1.6.7 Trabalho de Campo e Estratégias para Análise dos Achados de um Estudo de Caso Preferencialmente a coletade dadospara umEs tudo de Caso deve se basear em diversas fontes de evidências. As evidências e a coleta de dados podem ser obtidasatravésde diversas técnicas apresentadas logo a seguir neste Capítulo: Observação, Observa ção Participante, Entrevista, Focus Group, Análise de Conteúdo, Questionário e Escalas Sociais e de Atitu des, Pesquisa Documental e Registros em Arquivos, Pesquisa Etnográfica e Análise do Discurso, permitin do-se combinações de técnicas. Confiar em apenas uma técnica de coleta de dados para construção de um Estudo de Caso não é recomendado, salvo casos extraordinários, onde o pesquisador obtém elemen tossuficientes parademonstrar suasproposições (te ses), responder às questões orientadoras do estudo e mostrar resultadosque possam surpreender. Natu ralmente o uso de diversas técnicas de coleta de da dose evidências impõe a necessidade de mais tempo para o trabalho de campo, fato que deveser avaliado quando do planejamento do estudo. O processo de coleta para um Estudo de Caso é maiscomplexo e trabalhoso doque osutilizados emoutrasestratégias de pesquisa. O pesquisador de um Estudo de Caso deveser versátil e ao mesmo tempo atentara certos procedimentos formais para garantir o controle de qualidade durante c processo de coleta, evitando contaminações c conclusões apressadas. Nesta fase de execução o plano para coleta dos dados se mos trará fundamental, podendo comprometer o trabalho de campo e análises, ou possibilitar a condução de um levantamento dedados conseqüente e fértil para asconclusões doestudo. O planejamento é indispen sável, já queorientará o trabalho decampo doestudo e análises dos dados e evidências levantadas. 5.1.6.7.1 Triangulação Como já se disse, a confiabilidade de um Estudo de Caso poderá sergarantida pela utilização de vá rias fontes de evidências, sendo que a significância dos achados terá mais qualidade ainda se as técnicas forem distintas. A convergênciade resultadosadvin dos de fontes distintas oferece um excelente grau de confiabilidade ao estudo, muito além de pesqui sas orientadas por outras estratégias. O processo de triangulação garantirá que descobertas em um Estu do de Caso serão convincentes e acuradas, possibili tandoumestilo corroborativo de pesquisa. Aliteratura apresenta e discute quatro tipos de triangulação: (1) de fontes de dados - triangulação de dados - alternativa mais utilizada pelos inves tigadores; (2) de pesquisadores - avaliadores dis tintos colocam suas posições sobre os achados do estudo; (3)de teorias - leituras dosdados pelas len tes de diferentes teorias: (4) metodológica - abor dagens metodológicas diferentes para condução de uma mesma pesquisa. Quando há convergência de diversas fontes de evidências, tem-se um fato que poderá ser tratado como uma descoberta e devida conclusão, ou consi derado como uma evidência queserájuntada a ou tras, visando a melhor compreensão e interpretação de um fenômeno. 5.1.6.7.2 Encadeamento de Evidências Um agente investigador, ou um detetive, segue vestígios, faz diligências, indaga, pesquisa, examina com atenção, esquadrinha situações para achar as causas de um fato e assim elucidar um fenômeno. Terá êxito se houver consistência entre as etapas (encadeamento de evidências) das conclusões para as questões iniciais,ou, inversamente, das questões para as conclusões. Analogamente, um pesquisador científico precisa construir um encadeamento de evi dências a fim de aumentar a confiabilidade das infor mações de seu Estudo de Caso. O leitor do relatório, porexemplo, poderá notarqueevidências provenien tes de questões iniciais da pesquisa levem às conclu sões finais do estudo, e que há consistência se o ca minho for inverso - das conclusões para as questões iniciais. Não se notam idéias tendenciosas por pane do pesquisador, ou interessesescusos de se compro var posições preconcebidas. Há lógica e sintonia en tre os elementos do plano,da execuçãoc das conclu sões da pesquisa. 5.1.6.7.3 Construção de Teoria (Grounded Theory.) As proposições idealizadas pelo pesquisador quando do início de uma investigação de um Estudo de Caso - sua teoria preliminar - precisam ser colo cadas para testes e demonstrações a partir das evi dências empíricas coletadas e da plataforma teórica admitida. Ou seja, o pesquisador envidará esforços para construir uma teoria, a partir das proposições iniciais sobre perspectivas consideradas no Estudo de Caso. A Grounded Theon; GT, visa desenvolver uma teoria sobre a realidade que se está investigan do - nesta situação um Estudode Caso-, a partir de dados coletados pelo pesquisador, sem considerar hi póteses preconcebidas. Busca-se a construção de teoria à medida que o trabalho de campo se desenvolve. A teoria indutiva mente derivada dos dados é a teoria substantiva, ou seja, aquela representativa da realidade dos sujeitos e situações estudadas. O pesquisador deve começar a pesquisa com um modelo parcial de conceitos - pro posições iniciais - ou seja, conceitos que indicam as pectos principais da estrutura e processos da situação que será avaliada - teoria preliminar. A GT é construí da através da coleta seletiva de dados, da categoriza- ção de dados e da saturação teórica. A Grounded The oryé discutida com detalhes, neste Capítulo. 5.1.6.5 Sobre Análises dos Resultados Não há um roteiro único para se analisar os re sultados de um estudo desta natureza. Conforme já Polotécnico - estratégias de pesquisa 59 dito,cadacasoé umcaso. Amaiorparteda avaliação e análise dos dados é realizada paralelamente ao tra balho de coleta. As triangulações de dados e os enca deamentos de evidências, eventualmente realizadas junto com o trabalho de campo, irão dar força, con fiabilidade e validade aos achados da pesquisa e às conclusões formuladas. Em um Estudo de Caso não são estanques e distintas as etapas que compõem a abordagem metodológica. Se o planejamento e o pro tocolo foram elaborados com detalhes, pontos para análises foram marcados, e dessa maneira cada pes quisador deve começar seu trabalho com uma estra
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