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Direito das Obrigações Professora: Raquel Domingues do Amaral REVISÃO - FATO JURÍDICO FATOS JURÍDICOS (SENTIDO AMPLO) Fato jurídico amplo a)FATO NATURAL OU JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO I) ORDINÁRIO. EX.termo final, inicial, usucapião, prescrição e decadência ii)EXTRAORDINÁRIO. EX. caso fortuito e força maior b)FATO HUMANO OU ATO JURÍDICO EM SENTIDO LATO i)LÍCITOS ⇨ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO: CASAMENTO, ADOÇÃO ⇨NEGÓCIO JURÍDICO. EX. CONTRATO ii)ILÍCITOS. viola direito e causa dano c)ATOS FATOS JURÍDICOS Ex. descoberta de tesouro Fatos jurídicos (sentido amplo) FATOS JURÍDICOS (SENTIDO AMPLO): a)FATO NATURAL OU FATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO b)FATO HUMANO (ATO JURÍDICO EM SENTIDO LATO) i)LÍCITOS ⇨ATO JURÍDICO EM SENTIDO ESTRITO ⇨NEGÓCIO JURÍDICO ii)ILÍCITOS c)ATOS FATOS JURÍDICOS Fatos jurídicos (sentido amplo) FATOS JURÍDICOS 1)fatos naturais/fatos jurídicos estrito senso – são os fatos naturais. 2)fatos humanos/atos jurídicos lato senso – são os fatos humanos voluntários. 2.1. atos jurídicos estrito senso – o agente, diferente dos negócios jurídicos, não tem liberdade de determinar o conteúdo e dos efeitos do ato. Ex. ⇨casamento. ⇨adoção. �na distinção entre atos jurídicos estrito senso e negócios jurídicos a doutrina moderna enfatiza a liberdade do agente de determinar o conteúdo e os efeitos do ato. 2.2) negócios jurídicos – efeitos deliberadamente queridos e, também, o agente tem maior liberdade para determinar o conteúdo e os efeitos do ato. ⇨contratos⇨ testamento⇨ pacto ante nupcial. Fatos jurídicos (sentido amplo) 3)atos-fatos jurídicos – agente age pensando em uma finalidade, age sabendo os efeitos, porém o resultado poder ser completamente diferente do resultado preterido. �o fato é voluntário, mas a consequência passa da vontade desta, é muito além do efeito que tinha em vista. É considerado um fato intermediário, nem humano nem natural, sendo assim é chamado de atos – fatos humanos. ⇨ex.: descoberta de tesouro Elementos de existência Pressupostos de validade Teoria Geral Do Negócio Jurídico ESCADA PONTEADA [PONTES DE MIRANDA] -identificação de 3 planos distintos: a)PLANO DA EXISTÊNCIA b)PLANO DA VALIDADE c)PLANO DA EFICÁCIA ESCADA PONTEADA [PONTES DE MIRANDA] EX IS TÊ N CI A • i)PARTE • ii)OBJETO • iii)MANIFESTAÇ ÃO DE VONTADE • iv)FORMA V AL ID AD E • i)PARTE CAPAZ E LEGITIMADA • ii)OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL E DETERMINADO OU DETERMINÁVEL • iii)MANIFESTAÇÃO DE VONTADE LIVRE • iv)FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI EF IC ÁC IA • elementos acidentais • condição, termo, encargo ou modo Plano da Validade i)Parte capaz e legitimada ⇨capacidade⇦ a)de direito – aptidão genérica para aquisição de direitos e obrigações. b)de fato – possibilidade de a pessoa atuar licitamente, por si mesma. ⇨legitimação⇦ – possibilidade de atuação lícita da pessoa capaz numa específica situação fática. Plano da Validade ii)OBJETO LÍCITO, POSSÍVEL E DETERMINADO OU DETERMINÁVEL ⇨possibilidade⇦ – o objeto deve ser alcançável do ponto de vista material/físico e jurídico. ⇨determinado ou determinável⇦– objeto deve ser individualizado ou indicado pelo menos no gênero e quantidade. Plano da Validade III) Manifestação de vontade livre - A manifestação pode ser expressa ou tácita. �silêncio como manifestação de vontade [art. 111, CC] O silêncio poderá ser reconhecido como forma de manifestação de vontade quando não se exigir declaração expressa e quando as circunstâncias ou os usos e costumes assim autorizarem. Plano da Validade �COAÇÃO RELATIVA X COAÇÃO ABSOLUTA COAÇÃO RELATIVA, MORAL OU VIS COMPULSIVA – aquela que deixa opção, é possível identificar a existência da manifestação de vontade, ainda que viciada pela coação (não foi livre). A incidência é no plano da validade do ato. [a vontade deve ser livre] É a ameaça; a promessa de causar mal físico ou moral; �nesse caso há possibilidade de um espaço de liberdade do agente; é possível reconhecer a existência de vontade. -prescrição: 4 anos, contados a partir do dia que cessar a coação. Art. 178, I, do CC -ação declaratória de nulidade. Plano da Validade COAÇÃO ABSOLUTA, FÍSICA OU VIS ABSOLUTA – é aquela que não deixa opção, não é possível identificar a existência de manifestação de vontade. A incidência é no plano da existência do ato. [nessa hipótese nem vontade existe] �para a existência de negócio jurídico é necessário que haja vontade, o que inexiste nessa situação. -ação é imprescritível. -ação declaratória de inexistência. Plano da Validade IV) FORMA PRESCRITA OU NÃO DEFESA EM LEI FORMA: conjunto de solenidades que se devem ser observadas para que a declaração de vontade tenha validade jurídica. [é o meio pelo qual se externa a manifestação da vontade nos negócios jurídicos] Espécies: i)forma livre ou geral – qualquer meio de exteriorização de vontade. ii)forma especial ou solene – é o conjunto de solenidades que a lei estabelece como requisito para a validade de determinados negócios jurídicos. -subdivisão: ⇨forma única - é aquela que, por lei, não pode ser preterida/substituída por outra. ⇨forma plural ou múltipla – ocorre quando a norma jurídica permite a formalização do negócio por vários modos, sendo possível que a parte opte por um deles. ⇨forma genérica – implica uma solenidade mais geral, imposta pela norma jurídica. Forma do Negócio Jurídico: Bens Imóveis Negócios jurídicos relacionados a direitos reais de valor > 30 vezes o SM [art. 108, NCC] Regra: escritura pública é essencial para os negócios jurídicos que visem a constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor > de 30 SM DEFEITO E INVALIDADE DOS NEGÓCIOS JURÍDICOS NEGÓCIO JURÍDICO = declaração de vontade + efeito jurídico previsto em lei Defeitos / Invalidade DEFEITOS: A- vício no processo de declaração de vontade ⇨ vício de vontade/consentimento a)erro; b)dolo; c)coação; d)estado de perigo; e)lesão B-vício no EFEITO JURÍDICO PREVISTO EM LEI ⇨ vício social/funcional a)fraude contra credores b)simulação OBRIGAÇÃO 1) Conceito 2) Fontes 3) Elementos constitutivos Imagem: (Antonio Reyna - Venetian Canal) CONCEITO Obrigação é o vínculo de ordem econômico-patrimonial entre pessoas. Vínculo que não seja econômico-patrimonial não é denominado de obrigação, mas de dever. - Caráter econômico das obrigações: há doutrina que sustenta que o objeto nem sempre terá caráter econômico [ex.: obrigações relacionadas ao direito de vizinhança], mas a doutrina majoritária reconhece a existência de caráter econômico em toda obrigação. Para Caio Mário: OBRIGAÇÃO é o vínculo jurídico em virtude do qual uma pessoa pode exigir de outra uma prestação economicamente apreciável. CONCEITO DE OBRIGAÇÃO NA ATUALIDADE Hoje a obrigação é vista como processo dinâmico. Atualmente a obrigação deve ser considerada como um processo, como uma relação jurídica complexa. Ela não se esgota na prestação principal. A obrigação deixou de ser considerada somente um direito de crédito em contraposição a um dever de prestar, orientação clássica de fundo romanístico e que tem na vontade humana o seu núcleo fundamental e absoluto. A boa-fé objetiva tornou-se uma fonte autônoma de direitos e obrigações, centrada na ideia de colaboração entre credor e devedor para o correto adimplemento da obrigação. FONTES DAS OBRIGAÇÕES 1)CONTRATOS; 2)ATOS UNILATERAIS; 3)TÍTULOS DE CRÉDITO; 4)ATO ILÍCITOCONTRATOS 1) CONTRATOS – são tratados no TÍTULO V e VI do LIVRO I. ATOS UNILATERAIS são tratados no TÍTULO VII do LIVRO I da PARTE GERAL. i)promessa de recompensa: única fonte de obrigação essencialmente unilateral. ii)gestão de negócios: administração oficiosa de interesse alheio fazendo surgir direito de ressarcimento. Gera ato restitutório - forma de se evitar o enriquecimento ilícito. iii)pagamento indevido: enquanto o pagamento se caracteriza como forma de extinção de obrigação, o pagamento indevido se constitui como uma forma de criação de obrigação. Indébito – pagamento sem causa obrigacional devida. Gera ato restitutório - forma de se evitar o enriquecimento ilícito. iv)enriquecimento ilícito Gera ato restitutório - forma de se evitar o enriquecimento ilícito. TÍTULOS DE CRÉDITO São tratados no TÍTULO VIII do LIVRO I. A regulamentação dos títulos de crédito sempre ocorreu por meio de legislações esparsas. O NCC, pretendendo unificar o tratamento do direito obrigacional nas esferas civil e comercial, regulamentou o tema. Sua aplicação às determinações já existentes ocorre de forma subsidiária. [atenção: é equivocado dizer que com tal procedimento o NCC estaria tentando unificar direito civil e direito comercial]. ATO ILÍCITO 4) ATO ILÍCITO - tratado no TÍTULO IX (DA RESPONSABILIDADE CIVIL) do LIVRO I. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 1)SUJEITO i)ativo - credor ii)passivo - devedor Necessariamente devem ser identificados, pelo menos até o momento do pagamento. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 2)objeto É a prestação devida. É o comportamento do devedor: dar; fazer ou não fazer. Esse é um dos traços distintivos do direito das obrigações com o direito real. Enquanto o objeto da obrigação real é o bem (ex.: imóvel), o objeto no direito das obrigações é a prestação. ELEMENTOS CONSTITUTIVOS 3)relação jurídica É o vínculo que une credor e devedor a respeito da prestação. TEORIAS SOBRE O VÍNCULO OBRIGACIONAL 1)Teoria clássica - o vínculo é formado dever jurídico existente. 2)Teoria dualista ou binária [adotada no brasil] -Origem: direito alemão. -Obrigação possui um duplo vínculo: dever jurídico + responsabilidade. TEORIAS SOBRE O VÍNCULO OBRIGACIONAL 2)Teoria dualista ou binária [adotada no brasil] ⇨dever jurídico/débito (schuld) – Representa a sujeição do devedor à prestação devida. O devedor tem a obrigação de executar a prestação espontaneamente. ⇨responsabilidade (haftung) – sujeição do devedor às medidas coercitivas no caso de não cumprimento espontâneo do dever existente. Não cumprida a prestação o devedor se responsabilizar.-“o devedor se obriga, seu patrimônio responde”. TEORIAS SOBRE O VÍNCULO OBRIGACIONAL �é possível a existência de um dos elementos do vínculo, sem a existência do outro: SHULD SEM HAFTUNG Existe o dever/débito, mas não existe responsabilidade. obrigação natural/imperfeita � existe o dever/débito, mas não existe responsabilidade. ex.: dívida de jogo; [obrigação originalmente natural] mútuo ao menor de idade [obrigação originalmente natural] dívida prescrita; [obrigação que se torna natural em um momento posterior] �Atenção: a legislação permite a prática de alguns jogos, em relação a estes haverá responsabilidade. TEORIAS SOBRE O VÍNCULO OBRIGACIONAL �é possível a existência de um dos elementos do vínculo, sem a existência do outro: SHULD SEM HAFTUNG haftung sem schuld – Existe a responsabilidade, mas não existe o dever/débito. ex.: -obrigação solidária [parte da dívida será “débito+responsabilidade”(sua parte no débito), parte será apenas débito (parte dos demais devedores solidários)] -contrato de fiança na locação [fiador não assume obrigações no contrato de locação, terá apenas responsabilidade pelo pagamento (fiador tem responsabilidade subsidiária – poderá alegar benefício de ordem)]. ESTRUTURA OBRIGACIONAL Estrutura obrigacional: 1)deveres principais ou primários; 2)deveres secundários de prestação: a)deveres secundários acessórios à prestação principal b)deveres secundários com prestação autônoma b.1)às prestações sucedâneas de dever primário de prestação; b.2)às prestações que coexistem com a obrigação principal; 3)deveres laterais 2)A CRIAÇÃO DE DEVERES INDEPENDENTEMENTE DA VONTADE DAS PARTES – DEVERES PRIMÁRIOS 1)deveres principais ou primários: Correspondem ao núcleo da obrigação, são frutos da vontade das partes. Definem a causa e tipo do contrato. Ex.: ⇨a)compra e venda – entrega da coisa por parte do vendedor e o pagamento por parte do comprador; ⇨b)locação – cessão do uso de um determinado bem pelo locador e o pagamento do aluguel por parte do locatário. 2)A CRIAÇÃO DE DEVERES INDEPENDENTEMENTE DA VONTADE DAS PARTES – DEVERES SECUNDÁRIOS Espécies: a)deveres secundários acessórios à prestação principal - objetivam preparar o cumprimento ou assegurar a perfeita realização da obrigação principal. -ex.: dever de embalar a coisa vendida, deve de transportar com segurança. b)deveres secundários com prestação autônoma -correspondem: i)às prestações sucedâneas de dever primário de prestação -ex.: indenização por perdas e danos por inadimplemento culposo da obrigação. ii)às prestações que coexistem com a obrigação principal -ex.: indenização por mora, que acresce à prestação original. 2)A CRIAÇÃO DE DEVERES INDEPENDENTEMENTE DA VONTADE DAS PARTES – DEVERES LATERAIS 3)deveres laterais - São deveres que não interessam diretamente ao cumprimento do dever principal de prestação, mas têm o objetivo de garantir o exato processamento da relação obrigacional. Constituem em deveres de adotar determinadas condutas, positivas ou negativas, no intuito de não se frustrar a confiança do outro contratante. Podem decorrer de cláusula contratual, dispositivo legal ou do princípio da boa-fé. Os deveres laterais nascem independentemente da vontade das partes. Como regra seu cumprimento não pode ser obtido coercitivamente, mas uma vez não realizado poderá haver caracterização da violação positiva de contrato, uma das formas de caracterização do inadimplemento que poderá gerar obrigação de indenizar. Momentos de incidência dos deveres laterais: podem incidir na fase pré-contratual, no momento da execução do contrato e na fase post pactum finitum CLASSIFICAÇÃO TRIPARTITE DOS DEVERES LATERAIS Classificação tripartite dos deveres laterais [Menezes Cordeiro]: A boa-fé objetiva é marcada pelo seu caráter proteiforme, ou seja, seu conteúdo varia ao sabor do caso concreto, de sorte que se afigura impossível uma prévia e exaustiva catalogação. a)deveres laterais de proteção b)deveres laterais de esclarecimento/informação c)deveres laterais de lealdade DEVERES LATERAIS DE PROTEÇÃO a)deveres laterais de proteção Obrigação dos contraentes de, durante o processo contratual, evitar que sejam infligidos danos mútuos nas suas pessoas ou nos seus patrimônios; ou seja, as partes devem mutuamente se proteger dos riscos do negócio. A boa-fé impõe que um auxilie o outro de forma que o contrato seja bom para os ambos os contratantes. DEVERES LATERAIS DE ESCLARECIMENTO/INFORMAÇÃO b)deveres laterais de esclarecimento/informação - As partes devem informar-se mutuamente sobre todos os aspectos e todas as ocorrências relevantes que envolvam a relação contratual. É a obrigação de tornar clara uma circunstância desconhecida pelo alter. Nas situações envolvendo direito do consumidor esse dever lateral passaria a fazer parte da prestação principal. DEVERES LATERAIS DE LEALDADE - Os contratantes não podem se comportar de forma a falsear o objetivo do negócio ou desequilibrar as prestações por eles consignadas. Toda conduta que dificulte o outrocontratante a cumprir com sua prestação deve ser evitada. -Deve haver cooperação por parte dos contratantes que devem abster-se de praticar qualquer ato que desequilibre a relação negocial, o que envolve tanto deveres positivos como negativos. REGIME JURÍDICO DOS DEVERES LATERAIS PRÉ E PÓS-CONTRATUAIS �Regime jurídico dos deveres laterais pré e pós-contratuais: responsabilidade contratual ou aquiliana? - o tema é controvertido na doutrina. -Laerte Marrone de Castro Sampaio in A boa-fé objetiva na relação contratual – os contratantes estão ligados por deveres específicos, decorrentes do princípio da boa-fé objetiva, que vão além do dever genérico de não ofender do art. 186 do CC, havendo uma relação de natureza obrigacional preexistente entre ambos � por isso o reconhecimento da caracterização de responsabilidade contratual. -Há na doutrina quem defenda a caracterização de uma responsabilidade sui generis, diferente da aquiliana e da contratual.
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