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. 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Prefeitura de Coroatá-MA 
 
 
Língua, Linguagem e fala – signos, índices, ícones e símbolos. Os signos ilíngüede, significantes e 
significados, os conceitos de gramática.................................................................................................... 1 
Estrutura e elementos de textos normativos, descritivos e dissertativos .............................................. 8 
Coesão e coerência textuais. A coerência e o texto da relação entre coerência e coesão. Coerência 
narrativa, figurativa, argumentativa. Coesão no período composto, o papel dos elementos de coesão; A 
coesão referencial .................................................................................................................................. 22 
Formas remissivos gramaticais presos; Formas remissivos gramaticais livres; Formas remissivos 
lexicais e nominalizações ....................................................................................................................... 45 
Coesão ilíngüed; Sequênciação Parafrástica; Recorrência de termos; Recorrência de conteúdos 
semânticos – paráfrase; Recorrência de tempo e os aspectos verbal; Sequênciaçãofrástica; 
Procedimentos de manutenção temática; Progressão temática. O vocábulo formal, análise mórfica: 
princípios Básicos e Auxiliares ............................................................................................................... 47 
Tipos de morfemas. Estrutura: Formação do vocábulo; Tipos de derivação; Processos de Composição; 
Outros processos de formação de palavras ........................................................................................... 99 
Flexão nominal e verbal ................................................................................................................... 108 
Concordâncias verbal e nominal ...................................................................................................... 114 
Período simples e composto; Termos da oração: Essenciais integrantes e acessórios. Tipos de 
orações; Sintagma e seus tipos; Orações coordenadas e subordinadas; Orações independentes 
coordenadas entre si; Orações ou período interferentes; Orações subordinadas ................................. 130 
 
 
 
 
Candidatos ao Concurso Público, 
O Instituto Maximize Educação disponibiliza o e-mail professores@maxieduca.com.br para dúvidas 
relacionadas ao conteúdo desta apostila como forma de auxiliá-los nos estudos para um bom 
desempenho na prova. 
As dúvidas serão encaminhadas para os professores responsáveis pela matéria, portanto, ao entrar 
em contato, informe: 
- Apostila (concurso e cargo); 
- Disciplina (matéria); 
- Número da página onde se encontra a dúvida; e 
- Qual a dúvida. 
Caso existam dúvidas em disciplinas diferentes, por favor, encaminhá-las em e-mails separados. O 
professor terá até cinco dias úteis para respondê-la. 
Bons estudos! 
 
1520554 E-book gerado especialmente para ELIVANIA RODRIGUES ARAUJO
 
. 1 
 
 
Caro(a) candidato(a), antes de iniciar nosso estudo, queremos nos colocar à sua disposição, durante 
todo o prazo do concurso para auxiliá-lo em suas dúvidas e receber suas sugestões. Muito zelo e técnica 
foram empregados na edição desta obra. No entanto, podem ocorrer erros de digitação ou dúvida 
conceitual. Em qualquer situação, solicitamos a comunicação ao nosso serviço de atendimento ao cliente 
para que possamos esclarecê-lo. Entre em contato conosco pelo e-mail: professores@maxieduca.com.br 
 
LINGUAGEM 
 
Linguagem1 pode se referir tanto à capacidade especificamente humana para aquisição e utilização 
de sistemas complexos de comunicação, quanto a uma instância específica de um sistema de 
comunicação complexo. O estudo científico da linguagem, em qualquer um de seus sentidos, é chamado 
linguística 
 
Aquisição da Linguagem 
 
Todo ser humano saudável já nasce programado para falar, com uma propensão inata para a 
linguagem. As crianças adquirem a língua ou as línguas que são empregadas pelas pessoas que 
convivem perto delas. Esse processo de aprendizagem é algo complexo. Por isso, acredita-se que a 
aquisição da primeira língua é a maior façanha que podemos realizar durante toda a vida. Ao contrário de 
muitos outros tipos de aprendizagem, a aquisição da primeira língua não requer ensino direto ou estudo 
especializado. Em A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo, o naturalista Charles 
Darwin chamou esse processo de "tendência instintiva para adquirir uma arte" 
Desde o nascimento, os recém-nascidos respondem mais prontamente à fala humana do que a outros 
sons. 
As primeiras declarações das crianças são holofrases, ou seja, expressões que utilizam apenas uma 
palavra para comunicar alguma ideia. Vários meses depois que uma criança começa a produzir palavras, 
ela produzirá discursos telegráficos e frases curtas que são menos complexas gramaticalmente do que a 
fala dos adultos, mas que mostram a estrutura sintática regular. 
 
Linguagem Humana 
 
As línguas humanas são geralmente referidas como línguas naturais, tendo a linguística como a ciência 
responsável por estudá-las. Nas línguas naturais, a progressão comum é que as pessoas, primeiro, falem, 
depois inventem um sistema de escrita e, em seguida, gramaticalizem a língua, numa tentativa de 
entendê-la e explicá-la. 
Línguas vivem, morrem, misturam-se, mudam de lugar, se alteram com o passar do tempo. Qualquer 
língua que deixa de mudar ou de se desenvolver é categorizada como uma língua morta. Por outro lado, 
qualquer língua que está em estado contínuo de mudança é conhecida como uma língua viva ou 
linguagem moderna. Por essas razões, o maior desafio para o falante de uma língua estrangeira é 
permanecer imerso nela, a fim de acompanhar as mudanças que se processam. 
A língua de sinais é uma linguagem que, em vez de padrões sonoros acusticamente transmissíveis, 
utiliza padrões de sinal visuais (comunicação manual e/ou linguagem corporal) para transmitir um 
significado, combinando gestos manuais, orientação e movimentação das mãos, braços ou expressões 
corporais e faciais para expressar seus pensamentos com fluidez. Centenas de línguas de sinais estão 
em uso em todo o mundo, no interior das culturas locais de surdos. 
 
Linguagem Artificial 
 
É um tipo de linguagem onde a fonologia, gramática e/ou vocabulário foram conscientemente 
concebidos ou modificados por um indivíduo ou grupo, em vez de evoluído naturalmente. Existem várias 
razões possíveis para a construção de uma língua: facilidade humana para a comunicação, adição de 
 
1 https://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem 
Língua, Linguagem e fala – signos, índices, ícones e símbolos. Os signos 
ilíngüede, significantes e significados, os conceitos de gramática 
 
1520554 E-book gerado especialmente para ELIVANIA RODRIGUES ARAUJO
 
. 2 
profundidade a uma obra de ficção ou a lugares imaginários, experimentação linguística, criação artística 
ou, ainda, realização de jogos de linguagem. 
A matemática, a lógica e a ciência da computação utilizam entidades artificiais chamadas linguagens 
formais (incluindo a linguagem de programação e a linguagem de marcação). Muitas vezes, essas 
linguagens tomam a forma de cadeias de caracteres, produzidas por uma combinação de gramática 
formal e semântica de complexidades arbitrárias. 
 
Linguagem de Animais 
 
O termo "linguagem animal" é frequentemente utilizado para os sistemas de comunicação não-
humanos. Linguistas e semióticos não a consideram uma linguagem verdadeira, descrevendo-a como 
sistemas de comunicação animal baseados em sinais não-simbólicos[35], já que a interação entre animais 
nesse tipo de comunicação é fundamentalmente diferente dos princípios da linguagem humana.Segundo 
essa abordagem, uma vez que os animais não nascem com a capacidade de raciocinar em termos de 
cultura, a comunicação animal se refere a algo qualitativamente diferente do que é encontrado em 
comunidades humanas. Comunicação, língua e cultura são mais complexas entre os seres humanos; um 
cão pode comunicar com sucesso um estado emocional agressivo com um rosnado, que pode ou não 
fazer com que um outro cão se afaste ou recue. Os cachorros também podem marcar seu território com 
o cheiro de sua urina ou de seu corpo. Da mesma forma, um grito humano de medo pode ou não alertar 
outros seres humanos do perigo iminente. Nesses exemplos há comunicação, mas não o que, 
geralmente, seria chamado de linguagem. 
 
Língua 
 
A língua também possui um caráter social e pertence a um conjunto de pessoas, as quais podem agir 
sobre ela. E cada membro da comunidade pode optar por esta ou aquela forma de expressão, mas por 
outro lado, não é possível criar uma língua particular e exigir que outros falantes a compreendam. Dessa 
forma, cada indivíduo pode usar de maneira particular a língua comunitária, originando a fala. 
 
Língua Falada e Língua Escrita 
 
Não devemos confundir língua com escrita, pois são dois meios de comunicação distintos. A escrita 
representa um estágio posterior de uma língua. A língua falada é mais espontânea, abrange a 
comunicação linguística em toda sua totalidade. Além disso, é acompanhada pelo tom de voz, algumas 
vezes por mímicas, incluindo-se fisionomias. A língua escrita não é apenas a representação da língua 
falada, mas sim um sistema mais disciplinado e rígido, uma vez que não conta com o jogo fisionômico, 
as mímicas e o tom de voz do falante. 
 
Signo 
O signo linguístico é um elemento representativo que apresenta dois aspectos: o significado e 
o significante. Ao escutar a palavra cachorro, reconhecemos a sequência de sons que formam essa 
palavra. Esses sons se identificam com a lembrança deles que está em nossa memória. Essa lembrança 
constitui uma real imagem sonora, armazenada em nosso cérebro que é o significante do 
signo cachorro. Quando escutamos essa palavra, logo pensamos em um animal irracional de quatro 
patas, com pelos, olhos, orelhas, etc. Esse conceito que nos vem à mente é o significado do 
signo cachorro e também se encontra armazenado em nossa memória. 
Ao empregar os signos que formam a nossa língua, devemos obedecer às regras gramaticais 
convencionadas pela própria língua. Desse modo, por exemplo, é possível colocar o artigo 
indefinido um diante do signo cachorro, formando a sequência um cachorro, o mesmo não seria 
possível se quiséssemos colocar o artigo uma diante do signo cachorro. A sequência uma 
cachorro contraria uma regra de concordância da língua portuguesa, o que faz com que essa sentença 
seja rejeitada. Os signos que constituem a língua obedecem a padrões determinados de organização. O 
conhecimento de uma língua engloba tanto a identificação de seus signos, como também o uso adequado 
de suas regras combinatórias. 
 
Signo = significado (é o conceito, a ideia transmitida pelo signo, a parte abstrata do signo) + 
significante (é a imagem sonora, a forma, a parte concreta do signo, suas letras e seus fonemas) 
Língua: conjunto de sinais baseado em palavras que obedecem às regras gramaticais. 
Signo: elemento representativo que possui duas partes indissolúveis: significado e significante. 
1520554 E-book gerado especialmente para ELIVANIA RODRIGUES ARAUJO
 
. 3 
Fala: uso individual da língua, aberto à criatividade e ao desenvolvimento da liberdade de expressão 
e compreensão. 
 
Língua, Fala, Significado, Significante, Sincronia e Diacronia 
O fundador da linguística moderna chama-se Ferdinand de Saussure.2 
Saussure trouxe novos caminhos para a linguística, graças ao seu estudo sobre a língua e a fala (langue 
e parole). 
Para Saussure a língua foi imposta ao indivíduo, enquanto a fala é um ato particular. 
A soma língua + fala resulta na linguagem. 
Outro aspecto básico da doutrina saussuriana é a do signo linguístico. 
O signo é o resultado de significado mais significante. 
 
Signo = significado + significante 
Significado: conceito 
Significante: forma gráfica + som 
Toda palavra que possui um sentido é considerada um signo linguístico. 
Exemplo: 
“Livro” é um signo linguístico. 
 
Quando observamos o signo “livro” percebemos que ele é a união de som, conceito e escrita, ou seja, 
significado e significante. 
 
Outros exemplos de signos linguísticos: 
Mar, cadeira, ventilador, cachorro, casa.... 
A linguística pode ser: sincrônica ou diacrônica. 
Sincrônica: estuda a língua em um dado momento. 
Diacrônica: estuda a língua através dos tempos. 
 
Características do Signo Linguístico 
Arbitrariedade: uma das características do signo linguístico é o seu caráter arbitrário. Não existe uma 
razão para que um significante (som) esteja associado a um significado (conceito). Isso explica o fato de 
que cada língua usa significantes (som) diferentes para um mesmo significado (conceito). 
 
Linearidade: Os componentes que integram um determinado signo se apresentam um após o outro, 
tanto na fala como na escrita. 
 
Divisões da Linguística 
- Fonética: Estuda os sons da fala. 
- Fonologia: Estudo dos fonemas. 
- Morfologia: Estuda a estrutura, formação, as flexões e a classificação das palavras. 
- Sintaxe: Se ocupa das relações entre as palavras ou entre as orações. 
- Semântica: Estuda a significação das palavras. 
- Lexicologia: Estuda o conjunto de palavras de um idioma. 
- Estilística: A estilística nos dá vários recursos para tornarmos os nossos discursos (falados ou 
escritos) mais expressivos e elegantes. Esses recursos são as figuras de linguagem e os vícios de 
linguagem. 
- Pragmática: Estudo de como a fala é usada na comunicação diária. 
- Filologia: Estuda a língua através de documentos escritos antigos. 
 
É bom ressaltar que nem todos os linguistas concordam com essa divisão. 
 
Linguistas Notáveis 
- Franz Bopp 
- Leonard Bloomfield 
- Roman Jakobson 
- Umberto Eco 
- Noam Chomsky 
 
2 http://www.infoescola.com/portugues/linguistica/ 
1520554 E-book gerado especialmente para ELIVANIA RODRIGUES ARAUJO
 
. 4 
- Michael Halliday 
 
Correntes da Linguística 
Os estudos linguísticos neste século tomaram vários rumos nos diversos países em que se 
desenvolveram, definindo escolas ou correntes teóricas. 
Entre elas, destacam-se: 
Gerativismo: procura mostrar a capacidade que o indivíduo tem de compreender uma frase mediante 
um número finito de regras e elementos combinados. 
Pragmatismo: Aborda a relação entre o discurso que envolve o indivíduo e a situação comunicativa 
em que ele é produzido. 
Estruturalismo: entende a língua como um sistema articulado em que todos os elementos estão 
interligados. 
Alguns linguistas estudam a linguagem de apenas um indivíduo, outros estudam a linguagem de uma 
comunidade inteira. 
Certos linguistas contemporâneos dão mais importância a fala do que a escrita, pois a fala é uma 
característica de todos os indivíduos, já a escrita, não. 
Mas isso não significa que a escrita não é estudada. É, sim e a cada dia são criados novos meios de 
estudá-la. 
 
CONCEPÇÕES DE LINGUAGEM 
 
O processo de ensino/aprendizagem de língua portuguesa3 tem sido uma questão bastante discutida 
pelos educadores nas últimas décadas. As preocupações em torno do fracasso escolar no ensino do 
Português são evidenciadas pelas constantes pesquisas e projetos de ensino, que abrangem o processo 
geral – Linguagem Verbal -, os quais vêm sendo desenvolvidos por linguistas brasileiros, de modo a 
conhecer e interpretar a realidade das atividades em torno da linguagem em sala de aula, com o objetivo 
de implantar reflexões, propor soluções e contribuir, com subsídiosteóricos e práticos, no 
desenvolvimento da prática pedagógica do ensino do Português. Destacam-se, entre esses estudos, 
vastos e complexos temas - oriundos dos problemas detectados nesta área-, como, por exemplo: evasão 
escolar, causas das reprovações na disciplina, dificuldades de aprendizagem dos alunos no uso da língua 
escrita, produção de textos orais e escritos, leitura, interpretação, gramática, análise de livro didático, 
língua padrão, variedades linguísticas, relação professor-aluno, programas de ensino, metodologias de 
ensino, formação do professor, modelo tradicional de ensino, concepções de língua/linguagem, entre 
tantos outros. 
Os estudos mostram, ainda, que nem sempre o professor está consciente da teoria linguística ou do 
método que embasa o seu trabalho. Muitas vezes, não ocorre uma reflexão sobre os pressupostos da 
metodologia que adota em sala de aula, chegando mesmo a não saber exatamente o que está fazendo 
e qual o objetivo pretendido com os seus procedimentos. Essa questão é alarmante, pois não há ensino 
satisfatório sem o conhecimento profundo da concepção de linguagem e, consequentemente, da definição 
de seu objeto específico, a língua. Essa concepção (consciente ou não) interfere nos processos de 
ensino/aprendizagem, determinando o que, como e para que se ensina. Em outras palavras, subjacente 
à prática pedagógica do professor, instaura-se, primeiramente, a sua concepção de língua/linguagem, 
ainda que essa não seja consciente. É certo, porém, que o fato de se pensar de uma determinada forma 
e agir de acordo com ela não significa que o professor esteja alheio a tudo que o rodeia e que tenha uma 
postura irredutível diante das situações. A sensibilidade, a percepção e a intuição aguçadas caracterizam 
os profissionais dessa área e os tornam capazes de, a qualquer momento, refazer o traçado do próprio 
caminho. 
 
Linguagem como Expressão do Pensamento 
 
Para essa concepção o não saber pensar é a causa de as pessoas não saberem se expressar. Pensar 
logicamente é um requisito básico para se escrever, já que a linguagem traduz a expressão que se 
constrói no interior da mente, é o “espelho” do pensamento. Nessa tendência, segundo Travaglia, o 
fenômeno linguístico é reduzido a um ato racional, “a um ato monológico, individual, que não é afetado 
pelo outro nem pelas circunstâncias que constituem a situação social em que a enunciação acontece”. O 
fato linguístico, a exteriorização do pensamento por meio de uma linguagem articulada e organizada, é 
explicado como sendo um ato de criação individual. A expressão exterior depende apenas do conteúdo 
 
3 http://www.unigran.br/interletras/ed_anteriores/n1/inter_estudos/concepcoes.html 
1520554 E-book gerado especialmente para ELIVANIA RODRIGUES ARAUJO
 
. 5 
interior, do pensamento da pessoa e de sua capacidade de organizá-lo de maneira lógica. Por isso, 
acredita-se que o pensar logicamente, resultando na lógica da linguagem, deve ser incorporado por regras 
a serem seguidas, sendo que essas regras situam-se dentro do domínio do estudo gramatical normativo 
ou tradicional, que defende que saber língua é saber teoria gramatical. 
Expondo os princípios lógicos da linguagem, a gramática normativa prediz os fenômenos da linguagem 
em “certos” e “errados”, privilegiando algumas formas linguísticas em detrimento de outras. Nas palavras 
de Franchi, a gramática normativa é “o conjunto sistemático de normas para bem falar e escrever, 
estabelecidas pelos especialistas, com base no uso da língua consagrado pelos bons escritores.” 
Dessa forma, acredita-se que quem fala ou escreve bem, seguindo e dominando as normas que 
compõem a gramática da língua, é um indivíduo que organiza logicamente o seu pensamento. 
A língua é concebida como simples sistema de normas, acabado, fechado, abstrato e sem 
interferência do social. Em decorrência disso, os estudos tradicionais consideram apenas a variedade dita 
padrão ou culta, ignorando todas as outras formas de uso da língua, consideradas corrupções da língua 
padrão pautada nos modelos literários, na língua literária artística. Não estabelecem, portanto, relação 
com a língua viva do nosso tempo e com o uso do nosso cotidiano. As línguas, nesse caso, obedecem a 
princípios gerais racionais, lógicos, e a linguagem é regida por esses princípios. Assim, impõe-se a 
exigência de que os falantes a usem com clareza e precisão, pois ideias claras e distintas devem ser 
expressas de forma lógica, precisa, sem equívocos e sem ambiguidades, buscando a perfeição. 
Nesta tendência, observa-se a relação psíquica entre linguagem e pensamento, caracterizando a 
linguagem como algo individual, centrada na capacidade mental do indivíduo. As dificuldades de 
expressão, o discurso que se materializa no texto, então, independem da situação de interação 
comunicativa, do interlocutor, dos objetivos, dos fenômenos sociais, culturais e históricos. Se há algum 
desvio quanto às regras que organizam o pensamento e a linguagem, ele só pode ser explicado pela 
incapacidade de o ser humano pensar e raciocinar logicamente. 
De acordo com Koch, “à concepção de língua como representação do pensamento corresponde a de 
sujeito psicológico, individual, dono de sua vontade e de suas ações”. Para ela, como esse sujeito é dono 
absoluto de seu dizer e de suas ações, “o texto é visto como um produto – lógico – do pensamento (...) 
do autor, nada mais cabendo ao leitor/ouvinte senão “captar” essa representação mental, juntamente com 
as intenções (psicológicas) do produtor, exercendo, pois, um papel essencialmente passivo”. 
 
Linguagem como Instrumento de Comunicação 
 
Segundo Geraldi, essa concepção de linguagem se liga à Teoria da Comunicação e prediz que a língua 
é um sistema organizado de sinais (signos) que serve como meio de comunicação entre os indivíduos. 
Em outras palavras, a língua é um código, um conjunto de signos, combinados através de regras, que 
possibilita ao emissor transmitir uma certa mensagem ao receptor. A comunicação, no entanto, só é 
estabelecida quando emissor e receptor conhecem e dominam o código, que é utilizado de maneira 
preestabelecida e convencionada. Quanto a essa visão, Bakhtin diz que “(...)o sistema linguístico (...) é 
completamente independente de todo ato de criação individual, de toda intenção ou desígnio. (...) A língua 
opõe-se ao indivíduo enquanto norma indestrutível, peremptória, que o indivíduo só pode aceitar como 
tal. ” O sistema linguístico é acabado, no sentido da totalidade das formas fonéticas, gramaticais e lexicais 
da língua, garantindo a sua compreensão pelos locutores de uma comunidade. 
Nessa vertente, conforme diversos estudos que elucidam a história sobre a linguagem (Borba, Cabral, 
Orlandi, Lopes, Roulet), os estudos da linguagem ficam restritos ao processo interno de organização do 
código. Privilegia-se, então, a forma, o aspecto material da língua, e as relações que constituem o seu 
sistema total, em detrimento do conteúdo, da significação e dos elementos extralinguísticos. 
Importantes nomes fundamentaram os estudos da linguagem nessa concepção, como os de Ferdinand 
de Saussure (fundador do Estruturalismo, no início deste século) e de Noam Chomsky (linguista 
americano que conduziu a gramática gerativo-transformacional). 
Saussure leva os estudos linguísticos ao que considera essencial: a língua. De seu Curso de 
Linguística Geral, depreende-se a sua visão de língua, um sistema abstrato, homogêneo, um fato social, 
geral, virtual. Ao mesmo tempo, ela é considerada uma realidade psíquica e uma instituição social que é 
“exterior ao indivíduo, que por si só, não pode nem criá-la nem modificá-la”. Por ser um fato social, “um 
sistema de signos que exprimem ideias”, caracterizar-se por sua “natureza homogênea” e impor-se ao 
indivíduo coercitivamente, a língua se constitui emum elemento de organização social, prestando-se, 
portanto, a um estudo sistemático. Ao contrário, revela-se a fala que é excluída do campo dos estudos 
linguísticos, em virtude de ela se constituir de atos individuais. Exclui também de seus estudos a pesquisa 
diacrônica, abordando apenas a descrição de um estado de língua sincronicamente. Decorre disso, que 
o processo pelo qual as línguas se modificam não é levado em consideração. O que interessa é saber o 
1520554 E-book gerado especialmente para ELIVANIA RODRIGUES ARAUJO
 
. 6 
modo como elas funcionam, num dado momento, como meio de comunicação entre os seus falantes, a 
partir da análise de sua estrutura e configuração formal. 
Noam Chomsky, na década de 1950, censura o estruturalismo por esse não se ater à criatividade da 
linguagem. Daí o termo gerativa, porque permite que com um número finito de categorias e de regras 
(Competência), o locutor-ouvinte de uma língua possa gerar e interpretar um número infinito de frases 
dessa língua. Ao introduzir os conceitos de competência e de performance (o uso da língua em situações 
concretas ou a concretização da competência através da fala e da escrita), Chomsky se aproxima do 
conceito saussuriano de língua e de fala, porém, substitui uma concepção estática da língua por uma 
concepção dinâmica. 
Para Orlandi, “os recortes e exclusões feitos por Saussure e por Chomsky deixam de lado a situação 
real de uso (a fala, em um, e o desempenho, no outro) para ficar com o que é virtual e abstrato (a língua 
e a competência)”. Isolam o homem, portanto, de seu contexto social, uma vez que não reconhecem as 
condições de produção dos enunciados. 
A linguística chomskyana não ultrapassa a linguística estrutural. Assim como Saussure, que não 
focaliza a fala, Chomsky não se interessa pela performance. O seu “locutor ouvinte ideal” não é um locutor 
real do uso concreto da linguagem. O estruturalismo exclui o papel do falante no sistema linguístico, o 
que significa que não há interlocutores, mas emissores e receptores, codificadores e decodificadores. A 
gramática gerativa baseia-se, segundo Suassuna, em “um modelo traçado com base em uma 
comunidade linguística homogênea, formada por falantes-ouvintes-ideais, com a consequente 
desatenção às variações linguísticas”. 
Essas afirmações são ratificadas por Travaglia, que expõe: 
Essa concepção levou ao estudo da língua enquanto código virtual, isolado de sua utilização - na fala 
(cf. Saussure) ou no desempenho (cf. Chomsky). Isso fez com que a Linguística não considerasse os 
interlocutores e a situação de uso como determinantes das unidades e regras que constituem a língua, 
isto é, afastou o indivíduo falante do processo de produção, do que é social e histórico na língua. Essa é 
uma visão monológica e imanente da língua, que a estuda segundo uma perspectiva formalista - que 
limita esse estudo ao funcionamento interno da língua - e que separa o homem no seu contexto social. 
Koch mostra que a noção de sujeito, nessa concepção de linguagem, “corresponde a de sujeito 
determinado, assujeitado pelo sistema, caracterizado por uma espécie de “não-consciência”. Explica que 
“o texto é visto como simples produto da codificação de um emissor a ser decodificado pelo leitor/ouvinte, 
bastando a este, para tanto, o conhecimento do código, já que o texto, uma vez codificado, é totalmente 
explícito.” (p. 16). O decodificador, portanto, assume, também nessa concepção, um papel passivo, uma 
vez que a informação deve ser recebida tal qual havia na mente do emissor. 
 
Linguagem como Interação Social 
 
Segundo Travaglia, “nessa concepção, o que o indivíduo faz ao usar a língua não é tão-somente 
traduzir e exteriorizar um pensamento ou transmitir informações a outrem, mas sim realizar ações, agir, 
atuar sobre o interlocutor (ouvinte/leitor)”. Nesse enfoque, a concepção interacionista da linguagem 
contrapõe-se às visões conservadoras da língua, que a tem como um objeto autônomo, sem história e 
sem interferência do social, já que não enfatizar esses aspectos não é condizente com a realidade na 
qual estamos inseridos. Ao contrário das concepções anteriores, esta terceira concepção situa a 
linguagem como um lugar de interação humana, como o lugar de constituição de relações sociais. Dessa 
forma, ela representa as correntes e teorias de estudo da língua correspondentes à linguística da 
enunciação (Linguística Textual, Teoria do Discurso, Análise do Discurso, Análise da Conversação, 
Semântica Argumentativa e todos os estudos ligados à Pragmática), que colocam no centro da reflexão 
o sujeito da linguagem, as condições de produção do discurso, o social, as relações de sentido 
estabelecidas entre os interlocutores, a dialogia, a argumentação, a intenção, a ideologia, a historicidade 
da linguagem, etc. 
A linguagem se faz, pois, pela interação comunicativa mediada pela produção de efeitos de sentido 
entre interlocutores, em uma dada situação e em um contexto sócio histórico e ideológico, sendo que os 
interlocutores são sujeitos que ocupam lugares sociais. 
Em lugar de exercícios contínuos de descrição gramatical e estudo de terminologias e regras que 
privilegiam tão somente a forma das palavras ou a sintaxe da língua, estuda-se o uso da língua em 
situações concretas de interação, percebendo as diferenças de sentido entre uma forma de expressão e 
outra. A língua, nesse caso, é o reflexo das relações sociais, pois, de acordo com o contexto e com o 
objetivo específico da enunciação é que ocorre uma forma de expressão ou outra, uma variante ou outra. 
Em outras palavras, o locutor constrói o seu discurso mediante as suas necessidades enunciativas 
concretas, escolhendo formas linguísticas que permitam que seu discurso figure num dado contexto e 
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. 7 
seja adequado a ele. Sendo assim, o locutor leva em consideração o seu interlocutor, tanto no que se 
refere à imagem que tem dele, quanto à construção de seu discurso, empenhando-se para que ele seja 
compreendido num contexto concreto, preciso e, consequentemente, atinja o objetivo pretendido. 
O pensador russo Bakhtin, questionando as grandes correntes teóricas da linguística contemporânea, 
que reduzem a linguagem ou a um sistema abstrato de formas (objetivismo abstrato) ou à enunciação 
monológica isolada (subjetivismo idealista), prioriza que: 
 
(...) na prática viva da língua, a consciência linguística do locutor e do receptor nada tem a ver com o 
sistema abstrato de formas normativas, mas apenas com a linguagem no sentido de conjunto dos 
contextos possíveis de uso de cada forma particular. 
Segundo o autor, não se pode separar a linguagem de seu conteúdo ideológico ou vivencial, já que 
ela se constitui pelo fenômeno social da interação verbal, realizada através da enunciação, que é um 
diálogo (no sentido amplo do termo, englobando as produções escritas). O sentido do enunciado se dá 
através de uma compreensão ativa entre os sujeitos, ou seja, é o efeito da interação dos interlocutores. 
Para Bakhtin, todo enunciado tem um destinatário, entendido como a segunda pessoa do diálogo. A 
atividade mental do sujeito e sua expressão exterior se constituem a partir do social, portanto, toda a 
enunciação é socialmente dirigida. É no fluxo da interação verbal que a palavra se transforma e ganha 
diferentes significados, de acordo com o contexto em que surge. A categoria básica da concepção de 
linguagem em Bakhtin é a interação verbal, cuja realidade fundamental é o seu caráter dialógico. 
Dentro de uma concepção interacionista, a linguagem é entendida, então, como um dos aspectos das 
diferentes relações que se estabelecem historicamente em nível sociocultural. Ela caracteriza-se por sua 
ação social. 
Nas palavras de Koch, a concepção de linguagem como forma (lugar) de ação ou interação, “é aquela 
queencara a linguagem como atividade, como forma de ação, ação interindividual finalisticamente 
orientada; como lugar de interação que possibilita aos membros de uma sociedade a prática dos mais 
diversos tipos de atos, que vão exigir dos semelhantes reações e ou comportamentos.” 
Ainda, como observa Osakabe: “uma linguagem entendida como uma interlocução e, como tal, de um 
lado, como processo, e de outro, como constitutiva (de) e constituída (por) sujeitos.” 
Decorre daí que, numa visão sociointeracionista da linguagem, a percepção das variedades 
linguísticas não se faz, como se observa no interior da primeira concepção de linguagem, com explicações 
simplistas que refletem o “certo” e o “errado”, o “aceitável” e o “inaceitável” ou porque uma linguagem é 
mais rica do que a outra. Penetrando mais fundo na essência da linguagem e entendendo que a língua 
está em constante evolução, entende-se também que todas as variedades existentes em nossa 
sociedade pertencem à nossa língua e que, embora a língua padrão possua maior prestígio social, as 
demais variedades possuem, como a variedade culta, a mesma expressividade e comunicatividade. Do 
ponto de vista interacionista da linguagem, a norma culta é vista como uma variante, uma possibilidade a 
mais de uso e não exclusivamente como o único uso linguisticamente correto e a única linguagem 
representante de uma cultura. Instaura-se a relação dialógica e polifônica em contextos não imunes às 
variações e diferenças existentes nas situações concretas de uso. 
Koch explicita que “os sujeitos são vistos como atores/construtores sociais”. Destaca, portanto, 
(...) o caráter ativo dos sujeitos na produção mesma do social e da interação e defendendo a posição 
de que os sujeitos (re)produzem o social na medida em que participam da definição da situação na qual 
se acham engajados, e que são atores na atualização das imagens e das representações sem as quais 
a comunicação não poderia existir. 
Ao referir-se à concepção de texto e de sentido de um texto, esclarece: 
(...) o texto passa a ser considerado o próprio lugar de interação (...). Desta forma, há lugar, no texto, 
para toda uma gama de implícitos, dos mais variados tipos, somente identificáveis quando se tem, como 
pano de fundo, o contexto sociocognitivo dos participantes da interação. (...) – a compreensão deixa de 
ser entendida como simples “captação” de uma representação mental ou como a decodificação de 
mensagem resultante de uma codificação de um emissor. Ela é, isto sim, uma atividade interativa 
altamente complexa de produção de sentidos, que se realiza, evidentemente, com base nos elementos 
linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização 
de um vasto conjunto de saberes (enciclopédia) e sua reconstrução deste no interior do evento 
comunicativo. 
 
Questões 
 
01. (IFB - Professor Português - IFB/2017) Com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais 
(PCN’s) para o Ensino de Língua Portuguesa, assinale a alternativa INCORRETA: 
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(A) O caráter sócio-interacionista da linguagem verbal aponta para uma verificação metodológica do 
saber linguístico do aluno, como ponto de partida para decisão daquilo que será desenvolvido. 
(B) O aluno deve ser considerado como um produtor de textos, aquele que pode ser entendido pelos 
textos que produz e que o constituem como ser humano. 
(C) O processo de ensino/aprendizagem deve basear-se em propostas interativas língua/linguagem, 
consideradas em um processo discursivo de construção do pensamento simbólico 
(D) A natureza social e ativa da língua deve ter destaque, em contraposição às concepções 
tradicionais, deslocadas do uso social. 
(E) Os conteúdos tradicionais de ensino de língua, ou seja, nomenclatura gramatical e história da 
literatura deverão ser eliminados do currículo 
 
02. (IF/PA - Tradutor e Interprete - FUNRIO/2016) 
Historicamente a Educação de Surdos passou por diferentes concepções ao longo dos anos. Como 
narra a história, no final do século XIX houve uma orientação para que as línguas de sinais deixassem de 
ser utilizadas na educação de surdos. Segundo Capovilla (2000), a língua de sinais só retorna ao cenário 
após as pesquisas de Stokoe (1960). Tais pesquisas fomentaram, entre outras coisas, a adoção da 
filosofia da Comunicação Total. Segundo esta filosofia, 
 
(A) o uso de leitura labial seria o único meio para que a comunicação fosse plena entre surdos e 
ouvintes. 
(B) o uso da língua de sinais seria essencial para a comunicação entre surdos e ouvintes e para a 
aprendizagem da língua oral. 
(C) o uso exclusivo da fala seria a maneira de possibilitar a comunicação total e integração entre surdos 
e ouvintes. 
(D) o uso de diferentes recursos: palavras, símbolos naturais ou artificiais e sinais eram válidos para 
aquisição da linguagem. 
(E) a educação de surdos não poderia utilizar nenhum tipo de palavra escrita, apenas sinais e símbolos. 
 
Gabarito 
 
01.E / 02.D 
 
Comentários 
 
01. Resposta: E 
Por mais que a legislação educacional incentiva a linguagem interacionista, sua natureza social e 
várias concepções de linguagem, sempre será pautada nos conteúdos tradicionais do ensino da língua, 
principalmente na literatura. 
 
02. Resposta: D 
As concepções de linguagem abordam a importância da comunicação eficaz, e o uso de diferentes 
recursos como palavras, símbolos naturais ou artificiais, não são descartados a partir do momento que 
contribuem para o caráter final da língua. 
 
 
 
Para escrever um texto, necessitamos de técnicas que implicam no domínio de capacidades 
linguísticas. Temos dois momentos: o de formular pensamentos (o que se quer dizer) e o de expressá-
los por escrito (o escrever propriamente dito). 
Fazer um texto, seja ele de que tipo for, não significa apenas escrever de forma correta, mas sim, 
organizar ideias sobre determinado assunto. 
Existe uma variedade enorme de entendimentos sobre a forma correta de definir os tipos de texto. 
Embora haja uma discordância entre várias fontes sobre a quantidade exata de tipos textuais, vamos 
trabalhar aqui com 4 tipos essenciais: 
- Texto descritivo; 
- Texto narrativo; 
Estrutura e elementos de textos normativos, descritivos e dissertativos 
 
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- Texto dissertativo; 
- Texto injuntivo. 
 
Norma Culta 
 
A norma culta define um conjunto de rigorosos padrões linguísticos que, por sua vez, servem para 
definir o uso correto e impecável de determinado idioma na fala e em textos normativos. Na maioria das 
vezes, esse é o padrão utilizado por pessoas com nível de escolaridade elevado. 
Quem quer dominar uma língua perfeitamente, escrever e falar de forma correta, seguindo os padrões 
da normal culta, precisa estudar – e muito – a gramática. Isto quer dizer que a norma culta é forma mais 
correta de falar. 
 
Texto Descritivo 
 
É a representação com palavras de um objeto, lugar, situação ou coisa, onde procuramos mostrar os 
traços mais particulares ou individuais do que se descreve. É qualquer elemento que seja apreendido 
pelos sentidos e transformado, com palavras, em imagens. 
Sempre que se expõe com detalhes um objeto, uma pessoa ou uma paisagem a alguém, está fazendo 
uso da descrição. Não é necessário que seja perfeita, uma vez que o ponto de vista do observador varia 
de acordo com seu grau de percepção. Dessa forma, o que será importante ser analisado para um, não 
será para outro. 
A vivência de quem descreve também influencia na hora de transmitir a impressão alcançada sobre 
determinado objeto, pessoa, animal, cena, ambiente, emoção vivida ou sentimento. 
 
Exemplo: 
Chamava-se Raimundo este pequeno, e era mole, aplicado, inteligênciatarda. Raimundo gastava duas 
horas em reter aquilo que a outros levava apenas trinta ou cinquenta minutos; vencia com o tempo o que 
não podia fazer logo com o cérebro. Reunia a isso grande medo ao pai. Era uma criança fina, pálida, cara 
doente; raramente estava alegre. Entrava na escola depois do pai e retirava-se antes. O mestre era mais 
severo com ele do que conosco. 
(Machado de Assis. "Conto de escola". Contos. 3ed. São Paulo, Ática, 1974) 
 
Esse texto traça o perfil de Raimundo, o filho do professor da escola que o escritor frequentava. 
Deve-se notar: 
- que todas as frases expõem ocorrências simultâneas (ao mesmo tempo que gastava duas horas para 
reter aquilo que os outros levavam trinta ou cinquenta minutos, Raimundo tinha grande medo ao pai); 
- por isso, não existe uma ocorrência que possa ser considerada cronologicamente anterior a outra do 
ponto de vista do relato (no nível dos acontecimentos, entrar na escola é cronologicamente anterior a 
retirar-se dela; no nível do relato, porém, a ordem dessas duas ocorrências é indiferente: o que o escritor 
quer é explicitar uma característica do menino, e não traçar a cronologia de suas ações); 
- ainda que se fale de ações (como entrava, retirava-se), todas elas estão no pretérito imperfeito, que 
indica concomitância em relação a um marco temporal instalado no texto (no caso, o ano de 1840, em 
que o escritor frequentava a escola da Rua da Costa) e, portanto, não denota nenhuma transformação de 
estado; 
- se invertêssemos a sequência dos enunciados, não correríamos o risco de alterar nenhuma relação 
cronológica - poderíamos mesmo colocar o últímo período em primeiro lugar e ler o texto do fim para o 
começo: O mestre era mais severo com ele do que conosco. Entrava na escola depois do pai e retirava-
se antes... 
 
Características 
- Ao fazer a descrição enumeramos características, comparações e inúmeros elementos sensoriais; 
- As personagens podem ser caracterizadas física e psicologicamente, ou pelas ações; 
- A descrição pode ser considerada um dos elementos constitutivos da dissertação e da argumentação; 
- É impossível separar narração de descrição; 
- O que se espera não é tanto a riqueza de detalhes, mas sim a capacidade de observação que deve 
revelar aquele que a realiza; 
- Utilizam, preferencialmente, verbos de ligação. Exemplo: “(...) Ângela tinha cerca de vinte anos; 
parecia mais velha pelo desenvolvimento das proporções. Grande, carnuda, sanguínea e fogosa, era um 
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desses exemplares excessivos do sexo que parecem conformados expressamente para esposas da 
multidão (...)” (Raul Pompéia – O Ateneu); 
- Como na descrição o que se reproduz é simultâneo, não existe relação de anterioridade e 
posterioridade entre seus enunciados; 
- Devem-se evitar os verbos e, se isso não for possível, que se usem então as formas nominais, o 
presente e o pretério imperfeito do indicativo, dando-se sempre preferência aos verbos que indiquem 
estado ou fenômeno. 
- Todavia deve predominar o emprego das comparações, dos adjetivos e dos advérbios, que conferem 
colorido ao texto. 
 
A característica fundamental de um texto descritivo é essa inexistência de progressão temporal. 
Pode-se apresentar, numa descrição, até mesmo ação ou movimento, desde que eles sejam sempre 
simultâneos, não indicando progressão de uma situação anterior para outra posterior. 
Tanto é que uma das marcas linguísticas da descrição é o predomínio de verbos no presente ou no 
pretérito imperfeito do indicativo: o primeiro expressa concomitância em relação ao momento da fala; o 
segundo, em relação a um marco temporal pretérito instalado no texto. 
Para transformar uma descrição numa narração, bastaria introduzir um enunciado que indicasse a 
passagem de um estado anterior para um posterior. No caso do texto inicial, para transformá-lo em 
narração, bastaria dizer: Reunia a isso grande medo do pai. Mais tarde, Iibertou-se desse medo... 
 
Características Linguísticas 
O enunciado narrativo, por ter a representação de um acontecimento, fazer-transformador, é marcado 
pela temporalidade, na relação situação inicial e situação final, enquanto que o enunciado descritivo, não 
tendo transformação, é atemporal. 
Na dimensão linguística, destacam-se marcas sintático-semânticas encontradas no texto que vão 
facilitar a compreensão: 
- Predominância de verbos de estado, situação ou indicadores de propriedades, atitudes, qualidades, 
usados principalmente no presente e no pretérito imperfeito do indicativo (ser, estar, haver, situar-se, 
existir, ficar). 
- Ênfase na adjetivação para melhor caracterizar o que é descrito. Exemplo: 
 
"Era alto, magro, vestido todo de preto, com o pescoço entalado num colarinho direito. O rosto aguçado 
no queixo ia-se alargando até à calva, vasta e polida, um pouco amolgado no alto; tingia os cabelos que 
de uma orelha à outra lhe faziam colar por trás da nuca - e aquele preto lustroso dava, pelo contraste, 
mais brilho à calva; mas não tingia o bigode; tinha-o grisalho, farto, caído aos cantos da boca. Era muito 
pálido; nunca tirava as lunetas escuras. Tinha uma covinha no queixo, e as orelhas grandes muito 
despegadas do crânio." 
(Eça de Queiroz - O Primo Basílio) 
 
- Emprego de figuras (metáforas, metonímias, comparações, sinestesias). Exemplo: 
 
"Era o Sr. Lemos um velho de pequena estatura, não muito gordo, mas rolho e bojudo como um vaso 
chinês. Apesar de seu corpo rechonchudo, tinha certa vivacidade buliçosa e saltitante que lhe dava 
petulância de rapaz e casava perfeitamente com os olhinhos de azougue." 
(José de Alencar - Senhora) 
 
- Uso de advérbios de localização espacial. Exemplo: 
 
"Até os onze anos, eu morei numa casa, uma casa velha, e essa casa era assim: na frente, uma grade 
de ferro; depois você entrava tinha um jardinzinho; no final tinha uma escadinha que devia ter uns cinco 
degraus; aí você entrava na sala da frente; dali tinha um corredor comprido de onde saíam três portas; 
no final do corredor tinha a cozinha, depois tinha uma escadinha que ia dar no quintal e atrás ainda tinha 
um galpão, que era o lugar da bagunça..." 
(Entrevista gravada para o Projeto NURC/RJ) 
 
Recursos: 
- Usar impressões cromáticas (cores) e sensações térmicas. Ex.: O dia transcorria amarelo, frio, 
ausente do calor alegre do sol. 
- Usar o vigor e relevo de palavras fortes, próprias, exatas, concretas. Ex.: As criaturas humanas 
transpareciam um céu sereno, uma pureza de cristal. 
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- As sensações de movimento e cor embelezam o poder da natureza e a figura do homem. Ex.: Era 
um verde transparente que deslumbrava e enlouquecia qualquer um. 
- A frase curta e penetrante dá um sentido de rapidez do texto. Ex.: Vida simples. Roupa simples. Tudo 
simples. O pessoal, muito crente. 
 
A descrição pode ser apresentada sob duas formas: 
 
Descrição Objetiva: quando o objeto, o ser, a cena, a passagem é apresentada como realmente é, 
concretamente. Ex.: "Sua altura é 1,85m. Seu peso, 70 kg. Aparência atlética, ombros largos, pele 
bronzeada. Moreno, olhos negros, cabelos negros e lisos". 
Não se dá qualquer tipo de opinião ou julgamento. Ex.: “A casa velha era enorme, toda em largura, 
com porta central que se alcançava por três degraus de pedra e quatro janelas de guilhotina para cada 
lado. Era feita de pau-a-pique barreado, dentro de uma estrutura de cantos e apoios de madeira-de-lei. 
Telhado de quatro águas. Pintada de roxo-claro. Devia ser mais velha que Juiz de Fora, provavelmente 
sede de alguma fazenda que tivesse ficado, capricho da sorte, na linha de passagem da variante do 
Caminho Novo que veio a ser a Rua Principal, depois a Rua Direita – sobre a qual ela sepunha um pouco 
de esguelha e fugindo ligeiramente do alinhamento (...).” (Pedro Nava – Baú de Ossos) 
 
Descrição Subjetiva: quando há maior participação da emoção, ou seja, quando o objeto, o ser, a 
cena, a paisagem é transfigurada pela emoção de quem escreve, podendo opinar ou expressar seus 
sentimentos. Ex.: "Nas ocasiões de aparato é que se podia tomar pulso ao homem. Não só as 
condecorações gritavam-lhe no peito como uma couraça de grilos. Ateneu! Ateneu! Aristarco todo era um 
anúncio; os gestos, calmos, soberanos, calmos, eram de um rei..." ("O Ateneu", Raul Pompéia) 
 
Os efeitos de sentido criados pela disposição dos elementos descritivos: 
 
Do ponto de vista da progressão temporal, a ordem dos enunciados na descrição é indiferente, uma 
vez que eles indicam propriedades ou características que ocorrem simultaneamente. No entanto, ela não 
é indiferente do ponto de vista dos efeitos de sentido: descrever de cima para baixo ou vice-versa, do 
detalhe para o todo ou do todo para o detalhe cria efeitos de sentido distintos. 
Observe os dois quartetos do soneto “Retrato Próprio", de Bocage: 
 
Magro, de olhos azuis, carão moreno, 
bem servido de pés, meão de altura, 
triste de facha, o mesmo de figura, 
nariz alto no meio, e não pequeno. 
 
Incapaz de assistir num só terreno, 
mais propenso ao furor do que à ternura; 
bebendo em níveas mãos por taça escura 
de zelos infernais letal veneno. 
 Obras de Bocage. Porto, Lello & Irmão,1968. 
 
O poeta descreve-se das características físicas para as características morais. Se fizesse o inverso, o 
sentido não seria o mesmo, pois as características físicas perderiam qualquer relevo. 
O objetivo de um texto descritivo é levar o leitor a visualizar uma cena. É como traçar com palavras o 
retrato de um objeto, lugar, pessoa etc., apontando suas características exteriores, facilmente 
identificáveis (descrição objetiva), ou suas características psicológicas e até emocionais (descrição 
subjetiva). 
Uma descrição deve privilegiar o uso frequente de adjetivos, também denominado adjetivação. Para 
facilitar o aprendizado desta técnica, sugere-se que o concursando, após escrever seu texto, sublinhe 
todos os substantivos, acrescentando antes ou depois deste um adjetivo ou uma locução adjetiva. 
 
Descrição de objetos constituídos de uma só parte: 
- Introdução: observações de caráter geral referentes à procedência ou localização do objeto descrito. 
- Desenvolvimento: detalhes (lª parte) - formato (comparação com figuras geométricas e com objetos 
semelhantes); dimensões (largura, comprimento, altura, diâmetro etc.) 
- Desenvolvimento: detalhes (2ª parte) - material, peso, cor/brilho, textura. 
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- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentário 
que envolva o objeto como um todo. 
 
Descrição de objetos constituídos por várias partes: 
- Introdução: observações de caráter geral referentes à procedência ou localização do objeto descrito. 
- Desenvolvimento: enumeração e rápidos comentários das partes que compõem o objeto, 
associados à explicação de como as partes se agrupam para formar o todo. 
- Desenvolvimento: detalhes do objeto visto como um todo (externamente) - formato, dimensões, 
material, peso, textura, cor e brilho. 
- Conclusão: observações de caráter geral referentes a sua utilidade ou qualquer outro comentário 
que envolva o objeto em sua totalidade. 
 
Descrição de ambientes: 
- Introdução: comentário de caráter geral. 
- Desenvolvimento: detalhes referentes à estrutura global do ambiente: paredes, janelas, portas, 
chão, teto, luminosidade e aroma (se houver). 
- Desenvolvimento: detalhes específicos em relação a objetos lá existentes: móveis, 
eletrodomésticos, quadros, esculturas ou quaisquer outros objetos. 
- Conclusão: observações sobre a atmosfera que paira no ambiente. 
 
Descrição de paisagens: 
- Introdução: comentário sobre sua localização ou qualquer outra referência de caráter geral. 
- Desenvolvimento: observação do plano de fundo (explicação do que se vê ao longe). 
- Desenvolvimento: observação dos elementos mais próximos do observador - explicação detalhada 
dos elementos que compõem a paisagem, de acordo com determinada ordem. 
- Conclusão: comentários de caráter geral, concluindo acerca da impressão que a paisagem causa 
em quem a contempla. 
 
Descrição de pessoas: 
- Introdução: primeira impressão ou abordagem de qualquer aspecto de caráter geral. 
- Desenvolvimento: características físicas (altura, peso, cor da pele, idade, cabelos, olhos, nariz, 
boca, voz, roupas). 
- Desenvolvimento: características psicológicas (personalidade, temperamento, caráter, preferências, 
inclinações, postura, objetivos). 
- Conclusão: retomada de qualquer outro aspecto de caráter geral. 
 
A descrição, ao contrário da narrativa, não supõe ação. É uma estrutura pictórica, em que os aspectos 
sensoriais predominam. Porque toda técnica descritiva implica contemplação e apreensão de algo 
objetivo ou subjetivo, o redator, ao descrever, precisa possuir certo grau de sensibilidade. Assim como o 
pintor capta o mundo exterior ou interior em suas telas, o autor de uma descrição focaliza cenas ou 
imagens, conforme o permita sua sensibilidade. 
 
Texto Narrativo 
 
A Narração é um tipo de texto que relata uma história real, fictícia ou mescla dados reais e imaginários. 
O texto narrativo apresenta personagens que atuam em um tempo e em um espaço, organizados por 
uma narração feita por um narrador. 
É uma série de fatos situados em um espaço e no tempo, tendo mudança de um estado para outro, 
segundo relações de sequencialidade e causalidade, e não simultâneos como na descrição. Expressa as 
relações entre os indivíduos, os conflitos e as ligações afetivas entre esses indivíduos e o mundo, 
utilizando situações que contêm essa vivência. 
Todas as vezes que uma história é contada (é narrada), o narrador acaba sempre contando onde, 
quando, como e com quem ocorreu o episódio. É por isso que numa narração predomina a ação: o texto 
narrativo é um conjunto de ações; assim sendo, a maioria dos verbos que compõem esse tipo de texto 
são os verbos de ação. O conjunto de ações que compõem o texto narrativo, ou seja, a história que é 
contada nesse tipo de texto recebe o nome de enredo. 
As ações contidas no texto narrativo são praticadas pelas personagens, que são justamente as 
pessoas envolvidas no episódio que está sendo contado. As personagens são identificadas (nomeadas) 
no texto narrativo pelos substantivos próprios. 
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Quando o narrador conta um episódio, às vezes (mesmo sem querer) ele acaba contando "onde" (em 
que lugar) as ações do enredo foram realizadas pelas personagens. O lugar onde ocorre uma ação ou 
ações é chamado de espaço, representado no texto pelos advérbios de lugar. 
Além de contar onde, o narrador também pode esclarecer "quando" ocorreram as ações da história. 
Esse elemento da narrativa é o tempo, representado no texto narrativo através dos tempos verbais, mas 
principalmente pelos advérbios de tempo. É o tempo que ordena as ações no texto narrativo: é ele que 
indica ao leitor "como" o fato narrado aconteceu. 
A história contada, por isso, passa por uma introdução (parte inicial da história, também chamada de 
prólogo), pelo desenvolvimento do enredo (é a história propriamente dita, o meio, o "miolo" da narrativa, 
também chamada de trama) e termina com a conclusão da história (é o final ou epílogo). 
Aquele que conta a história é o narrador, que pode ser pessoal (narra em 1ª pessoa: Eu) ou 
impessoal (narra em 3ª pessoa: Ele). 
Assim, o texto narrativo é sempre estruturado por verbos de ação, por advérbios de tempo, por 
advérbiosde lugar e pelos substantivos que nomeiam as personagens, que são os agentes do texto, ou 
seja, aquelas pessoas que fazem as ações expressas pelos verbos, formando uma rede: a própria história 
contada. 
Tudo na narrativa depende do narrador, da voz que conta a história. 
 
Elementos Estruturais (I): 
- Enredo: desenrolar dos acontecimentos. 
- Personagens: são seres que se movimentam, se relacionam e dão lugar à trama que se estabelece 
na ação. Revelam-se por meio de características físicas ou psicológicas. Os personagens podem ser 
lineares (previsíveis), complexos, tipos sociais (trabalhador, estudante, burguês etc.) ou tipos humanos 
(o medroso, o tímido, o avarento etc.), heróis ou anti-heróis, protagonistas ou antagonistas. 
- Narrador: é quem conta a história. 
- Espaço: local da ação. Pode ser físico ou psicológico. 
- Tempo: época em que se passa a ação. 
- Cronológico: o tempo convencional (horas, dias, meses); 
- Psicológico: o tempo interior, subjetivo. 
 
Elementos Estruturais (II): 
Personagens - Quem? Protagonista/Antagonista 
Acontecimento - O quê? Fato 
Tempo - Quando? Época em que ocorreu o fato 
Espaço - Onde? Lugar onde ocorreu o fato 
Modo - Como? De que forma ocorreu o fato 
Causa - Por quê? Motivo pelo qual ocorreu o fato 
Resultado - previsível ou imprevisível. 
Final - Fechado ou Aberto. 
 
Esses elementos estruturais combinam-se e articulam-se de tal forma, que não é possível 
compreendê-los isoladamente, como simples exemplos de uma narração. Há uma relação de implicação 
mútua entre eles, para garantir coerência e verossimilhança à história narrada. 
Quanto aos elementos da narrativa, esses não estão, obrigatoriamente sempre presentes no discurso, 
exceto as personagens ou o fato a ser narrado. 
 
Tipos de Foco Narrativo 
- Narrador-personagem: é aquele que conta a história na qual é participante. Nesse caso ele é 
narrador e personagem ao mesmo tempo, a história é contada em 1ª pessoa. 
- Narrador-observador: é aquele que conta a história como alguém que observa tudo que acontece 
e transmite ao leitor, a história é contada em 3ª pessoa. 
- Narrador-onisciente: é o que sabe tudo sobre o enredo e as personagens, revelando seus 
pensamentos e sentimentos íntimos. Narra em 3ª pessoa e sua voz, muitas vezes, aparece misturada 
com pensamentos dos personagens (discurso indireto livre). 
 
Estrutura: 
- Apresentação: é a parte do texto em que são apresentados alguns personagens e expostas algumas 
circunstâncias da história, como o momento e o lugar onde a ação se desenvolverá. 
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- Complicação: é a parte do texto em que se inicia propriamente a ação. Encadeados, os episódios 
se sucedem, conduzindo ao clímax. 
- Clímax: é o ponto da narrativa em que a ação atinge seu momento crítico, tornando o desfecho 
inevitável. 
- Desfecho: é a solução do conflito produzido pelas ações dos personagens. 
 
Tipos de Personagens: 
Os personagens têm muita importância na construção de um texto narrativo, são elementos vitais. 
Podem ser principais ou secundários, conforme o papel que desempenham no enredo, podem ser 
apresentados direta ou indiretamente. 
A apresentação direta acontece quando o personagem aparece de forma clara no texto, retratando 
suas características físicas e/ou psicológicas, já a apresentação indireta se dá quando os personagens 
aparecem aos poucos e o leitor vai construindo a sua imagem com o desenrolar do enredo, ou seja, a 
partir de suas ações, do que ela vai fazendo e do modo como vai fazendo. 
 
- Em 1ª pessoa: 
 
Personagem Principal: há um “eu” participante que conta a história e é o protagonista. Exemplo: 
 
“Parei na varanda, ia tonto, atordoado, as pernas bambas, o coração parecendo querer sair-me pela 
boca fora. Não me atrevia a descer à chácara, e passar ao quintal vizinho. Comecei a andar de um lado 
para outro, estacando para amparar-me, e andava outra vez e estacava.” 
(Machado de Assis. Dom Casmurro) 
 
Observador: é como se dissesse: É verdade, pode acreditar, eu estava lá e vi. Exemplo: 
 
“Batia nos noventa anos o corpo magro, mas sempre teso do Jango Jorge, um que foi capitão duma 
maloca de contrabandista que fez cancha nos banhados do Brocai. 
Esse gaúcho desamotinado levou a existência inteira a cruzar os campos da fronteira; à luz do Sol, no 
desmaiado da Lua, na escuridão das noites, na cerração das madrugadas...; ainda que chovesse reiúnos 
acolherados ou que ventasse como por alma de padre, nunca errou vau, nunca perdeu atalho, nunca 
desandou cruzada! ... 
(...) 
Aqui há poucos - coitado! - pousei no arranchamento dele. Casado ou doutro jeito, afamilhado. Não 
nos víamos desde muito tempo. (...) 
Fiquei verdeando, à espera, e fui dando um ajutório na matança dos leitões e no tiramento dos assados 
com couro.” 
(J. Simões Lopes Neto – Contrabandista) 
 
- Em 3ª pessoa: 
 
Onisciente: não há um eu que conta; é uma terceira pessoa. Exemplo: 
 
“Devia andar lá pelos cinco anos e meio quando a fantasiaram de borboleta. Por isso não pôde 
defender-se. E saiu à rua com ar menos carnavalesco deste mundo, morrendo de vergonha da malha de 
cetim, das asas e das antenas e, mais ainda, da cara à mostra, sem máscara piedosa para disfarçar o 
sentimento impreciso de ridículo.” 
(Ilka Laurito. Sal do Lírico) 
 
Narrador Objetivo: não se envolve, conta a história como sendo vista por uma câmara ou filmadora. 
 
Sequência Narrativa 
Uma narrativa não tem uma única mudança, mas várias: uma coordena-se a outra, uma implica a 
outra, uma subordina-se a outra. A narrativa típica tem quatro mudanças de situação: 
- uma em que uma personagem passa a ter um querer ou um dever (um desejo ou uma necessidade 
de fazer algo); 
- uma em que ela adquire um saber ou um poder (uma competência para fazer algo); 
- uma em que a personagem executa aquilo que queria ou devia fazer (é a mudança principal da 
narrativa); 
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- uma em que se constata que uma transformação se deu e em que se podem atribuir prêmios ou 
castigos às personagens (geralmente os prêmios são para os bons, e os castigos, para os maus). 
 
Toda narrativa tem essas quatro mudanças, pois elas se pressupõem logicamente. Com efeito, quando 
se constata a realização de uma mudança é porque ela se verificou, e ela efetua-se porque quem a realiza 
pode, sabe, quer ou deve fazê-la. 
Tomemos, por exemplo, o ato de comprar um apartamento: quando se assina a escritura, realiza-se o 
ato de compra; para isso, é necessário poder (ter dinheiro) e querer ou dever comprar (respectivamente, 
querer deixar de pagar aluguel ou ter necessidade de mudar, por ter sido despejado, por exemplo). 
Algumas mudanças são necessárias para que outras se deem. Assim, para apanhar uma fruta, é 
necessário apanhar um bambu ou outro instrumento para derrubá-la. Para ter um carro, é preciso antes 
conseguir o dinheiro. 
 
Narrativa e Narração 
Existe alguma diferença entre as duas? Sim. A narratividade é um componente narrativo que pode 
existir em textos que não são narrações. A narrativa é a transformação de situações. Por exemplo, quando 
se diz “Depois da abolição, incentivou-se a imigração de europeus”, temos um texto dissertativo, que, no 
entanto, apresenta um componente narrativo, pois contém uma mudança de situação: do não incentivo 
ao incentivo da imigração europeia. 
Se a narrativa está presente em quase todos os tipos de texto, o que é narração? 
A narração é um tipo de narrativa. Tem ela três características: 
- é um conjunto de transformações de situação; 
- é um texto figurativo, isto é, opera com personagens e fatos concretos; 
- as mudanças relatadas estão organizadas de maneira tal que, entre elas, existe sempre uma relação 
de anterioridadee posterioridade. 
 
Essa relação de anterioridade e posterioridade é sempre pertinente num texto narrativo, mesmo que a 
sequência linear da temporalidade apareça alterada. Assim, por exemplo, no romance machadiano 
Memórias póstumas de Brás Cubas, quando o narrador começa contando sua morte para em seguida 
relatar sua vida, a sequência temporal foi modificada. No entanto, o leitor reconstitui, ao longo da leitura, 
as relações de anterioridade e de posterioridade. 
 
Resumindo: na narração, as três características explicadas acima (transformação de situações, fi-
guratividade e relações de anterioridade e posterioridade entre os episódios relatados) devem estar 
presentes conjuntamente. Um texto que tenha só uma ou duas dessas características não é uma 
narração. 
 
Exemplo - Personagens 
 
"Aboletado na varanda, lendo Graciliano Ramos, O Dr. Amâncio não viu a mulher chegar. 
- Não quer que se carpa o quintal, moço? 
Estava um caco: mal vestida, cheirando a fumaça, a face escalavrada. Mas os olhos... (sempre 
guardam alguma coisa do passado, os olhos)." 
(Kiefer, Charles. A dentadura postiça. Porto Alegre: Mercado Aberto) 
 
Exemplo - Espaço 
 
Considerarei longamente meu pequeno deserto, a redondeza escura e uniforme dos seixos. Seria o 
leito seco de algum rio. Não havia, em todo o caso, como negar-lhe a insipidez." 
(Linda, Ieda. As amazonas segundo tio Hermann. Porto Alegre: Movimento, 1981) 
 
Exemplo - Tempo 
“Sete da manhã. Honorato Madeira acorda e lembra-se: a mulher lhe pediu que a chamasse cedo." 
(Veríssimo, Érico. Caminhos Cruzados) 
 
Texto Dissertativo 
 
A dissertação é uma exposição, discussão ou interpretação de uma determinada ideia. É, sobretudo, 
analisar algum tema. Pressupõe um exame crítico do assunto, lógica, raciocínio, clareza, coerência, 
objetividade na exposição, um planejamento de trabalho e uma habilidade de expressão. 
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É em função da capacidade crítica que se questionam pontos da realidade social, histórica e 
psicológica do mundo e dos semelhantes. Vemos também, que a dissertação no seu significado diz 
respeito a um tipo de texto em que a exposição de uma ideia, através de argumentos, é feita com a 
finalidade de desenvolver um conteúdo científico, doutrinário ou artístico. 
 
Características 
- ao contrário do texto narrativo e do descritivo, ele é temático; 
- como o texto narrativo, ele mostra mudanças de situação; 
- ao contrário do texto narrativo, nele as relações de anterioridade e de posterioridade dos enunciados 
não têm maior importância - o que importa são suas relações lógicas: analogia, pertinência, causalidade, 
coexistência, correspondência, implicação, etc. 
- a estética e a gramática são comuns a todos os tipos de redação. Já a estrutura, o conteúdo e a 
estilística possuem características próprias a cada tipo de texto. 
 
Dissertação Expositiva e Argumentativa 
A dissertação expositiva é voltada para aqueles fatos que estão sendo focados e discutidos pela 
grande mídia. É um tipo de acontecimento inquestionável, mesmo porque todos os detalhes já foram 
expostos na televisão, rádio e novas mídias. 
Já o texto dissertativo argumentativo vai fazer uma reflexão maior sobre os temas. Os pontos de 
vista devem ser declarados em terceira pessoa, há interações entre os fatos que se aborda. Tais fatos 
precisam ser esclarecidos para que o leitor se sinta convencido por tal escrita. Quem escreve uma 
dissertação argumentativa deve saber persuadir a partir de sua crítica de determinado assunto. A 
linguagem jamais poderá deixar de ser objetiva, com fatos reais, evidências e concretudes. 
 
São partes da dissertação: Introdução / Desenvolvimento / Conclusão. 
 
Introdução 
Em que se apresenta o assunto; se apresenta a ideia principal, sem, no entanto, antecipar seu 
desenvolvimento. Tipos: 
 
- Divisão: quando há dois ou mais termos a serem discutidos. Ex.: “Cada criatura humana traz duas 
almas consigo: uma que olha de dentro para fora, outra que olha de fora para dentro...” 
- Alusão Histórica: um fato passado que se relaciona a um fato presente. Ex.: “A crise econômica que 
teve início no começo dos anos 80, com os conhecidos altos índices de inflação que a década colecionou, 
agravou vários dos históricos problemas sociais do país. Entre eles, a violência, principalmente a urbana, 
cuja escalada tem sido facilmente identificada pela população brasileira.” 
- Proposição: o autor explicita seus objetivos. 
- Convite: proposta ao leitor para que participe de alguma coisa apresentada no texto. Ex.: Você quer 
estar “na sua”? Quer se sentir seguro, ter o sucesso pretendido? Não entre pelo cano! Faça parte desse 
time de vencedores desde a escolha desse momento! 
- Contestação: contestar uma ideia ou uma situação. Ex.: “É importante que o cidadão saiba que 
portar arma de fogo não é a solução no combate à insegurança.” 
- Características: caracterização de espaços ou aspectos. 
- Estatísticas: apresentação de dados estatísticos. Ex.: “Em 1982, eram 15,8 milhões os domicílios 
brasileiros com televisores. Hoje, são 34 milhões (o sexto maior parque de aparelhos receptores 
instalados do mundo). Ao todo, existem no país 257 emissoras (aquelas capazes de gerar programas) e 
2.624 repetidoras (que apenas retransmitem sinais recebidos). (...)” 
- Declaração Inicial: emitir um conceito sobre um fato. 
- Citação: opinião de alguém de destaque sobre o assunto do texto. Ex.: “A principal característica do 
déspota encontra-se no fato de ser ele o autor único e exclusivo das normas e das regras que definem a 
vida familiar, isto é, o espaço privado. Seu poder, escreve Aristóteles, é arbitrário, pois decorre 
exclusivamente de sua vontade, de seu prazer e de suas necessidades.” 
- Definição: desenvolve-se pela explicação dos termos que compõem o texto. 
- Interrogação: questionamento. Ex.: “Volta e meia se faz a pergunta de praxe: afinal de contas, todo 
esse entusiasmo pelo futebol não é uma prova de alienação?” 
- Suspense: alguma informação que faça aumentar a curiosidade do leitor. 
- Comparação: social e geográfica. 
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- Enumeração: enumerar as informações. Ex.: “Ação à distância, velocidade, comunicação, linha de 
montagem, triunfo das massas, holocausto: através das metáforas e das realidades que marcaram esses 
100 últimos anos, aparece a verdadeira doença do século...” 
- Narração: narrar um fato. 
 
Deve conter a ideia principal a ser desenvolvida (geralmente um ou dois parágrafos). É a abertura do 
texto, por isso é fundamental. Deve ser clara e chamar a atenção para dois itens básicos: os objetivos do 
texto e o plano do desenvolvimento. Contém a proposição do tema, seus limites, ângulo de análise e a 
hipótese ou a tese a ser defendida. 
 
Desenvolvimento 
É a argumentação da ideia inicial, de forma organizada e progressiva. É a parte maior e mais 
importante do texto. Podem ser desenvolvidas de várias formas: 
- Trajetória Histórica: cultura geral é o que se prova com este tipo de abordagem. 
- Definição: não basta citar, mas é preciso desdobrar a ideia principal ao máximo, esclarecendo o 
conceito ou a definição. 
- Comparação: estabelecer analogias, confrontar situações distintas. 
- Bilateralidade: quando o tema proposto apresenta pontos favoráveis e desfavoráveis. 
- Ilustração Narrativa ou Descritiva: narrar um fato ou descrever uma cena. 
- Cifras e Dados Estatísticos: citar cifras e dados estatísticos. 
- Hipótese: antecipa uma previsão, apontando para prováveis resultados. 
- Interrogação: toda sucessão de interrogações deve apresentar questionamento e reflexão. 
- Refutação: questiona-se praticamente tudo: conceitos, valores, juízos. 
- Causa e Consequência: estruturar o textoatravés dos porquês de uma determinada situação. 
- Oposição: abordar um assunto de forma dialética. 
- Exemplificação: dar exemplos. 
 
Exposição de elementos que vão fundamentar a ideia principal que pode vir especificada através da 
argumentação, de pormenores, da ilustração, da causa e da consequência, das definições, dos dados 
estatísticos, da ordenação cronológica, da interrogação e da citação. No desenvolvimento são usados 
tantos parágrafos quantos forem necessários para a completa exposição da ideia. 
 
Conclusão 
É uma avaliação final do assunto, um fechamento integrado de tudo que se argumentou. Para ela 
convergem todas as ideias anteriormente desenvolvidas. 
- Conclusão Fechada: recupera a ideia da tese. 
- Conclusão Aberta: levanta uma hipótese, projeta um pensamento ou faz uma proposta, incentivando 
a reflexão de quem lê. 
 
É a retomada da ideia principal, que agora deve aparecer de forma muito mais convincente, uma vez 
que já foi fundamentada durante o desenvolvimento da dissertação (um parágrafo). Deve, pois, conter de 
forma sintética, o objetivo proposto na instrução, a confirmação da hipótese ou da tese, acrescida da 
argumentação básica empregada no desenvolvimento. 
 
Exemplo: 
 
Direito de Trabalho 
 
Com a queda do feudalismo no século XV, nasce um novo modelo econômico: o capitalismo, que até 
o século XX agia por meio da inclusão de trabalhadores e hoje passou a agir por meio da exclusão. (A) 
A tendência do mundo contemporâneo é tornar todo o trabalho automático, devido à evolução 
tecnológica e a necessidade de qualificação cada vez maior, o que provoca o desemprego. Outro fator 
que também leva ao desemprego de um sem número de trabalhadores é a contenção de despesas, de 
gastos. (B) 
Segundo a Constituição, “preocupada” com essa crise social que provém dessa automatização e 
qualificação, obriga que seja feita uma lei, em que será dada absoluta garantia aos trabalhadores, de que, 
mesmo que as empresas sejam automatizadas, não perderão eles seu mercado de trabalho. (C) 
Não é uma utopia?! 
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Um exemplo vivo são os boias-frias que trabalham na colheita da cana de açúcar que devido ao avanço 
tecnológico e a lei do governador Geraldo Alkmin, defendendo o meio ambiente, proibindo a queima da 
cana-de-açúcar para a colheita e substituindo-os então pelas máquinas, desemprega milhares deles. (D) 
Em troca os sindicatos dos trabalhadores rurais dão cursos de cabelereiro, marcenaria, eletricista, para 
não perderem o mercado de trabalho, aumentando, com isso, a classe de trabalhos informais. 
Como ficam então aqueles trabalhadores que passaram à vida estudando, se especializando, para se 
diferenciarem e ainda estão desempregados? Como vimos no último concurso da prefeitura do Rio de 
Janeiro para “gari”, havia até advogado na fila de inscrição. (E) 
Já que a Constituição dita seu valor ao social que todos têm o direito de trabalho, cabe aos governantes 
desse país, que almeja um futuro brilhante, deter, com urgência esse processo de desníveis gritantes e 
criar soluções eficazes para combater a crise generalizada (F), pois a uma nação doente, miserável e 
desigual, não compete a tão sonhada modernidade. (G) 
 
1º Parágrafo – Introdução 
 
A. Tema: Desemprego no Brasil. 
Contextualização: decorrência de um processo histórico problemático. 
 
2º ao 6º Parágrafo – Desenvolvimento 
 
B. Argumento 1: Exploram-se dados da realidade que remetem a uma análise do tema em questão. 
C. Argumento 2: Considerações a respeito de outro dado da realidade. 
D. Argumento 3: Coloca-se sob suspeita a sinceridade de quem propõe soluções. 
E. Argumento 4: Uso do raciocínio lógico de oposição. 
 
7º Parágrafo: Conclusão 
F. Uma possível solução é apresentada. 
G. O texto conclui que desigualdade não se casa com modernidade. 
 
É bom lembrarmos que é praticamente impossível opinar sobre o que não se conhece. A leitura de 
bons textos é um dos recursos que permite uma segurança maior no momento de dissertar sobre algum 
assunto. Debater e pesquisar são atitudes que favorecem o senso crítico, essencial no desenvolvimento 
de um texto dissertativo. 
 
Ainda temos: 
 
Tema: compreende o assunto proposto para discussão, o assunto que vai ser abordado. 
Título: palavra ou expressão que sintetiza o conteúdo discutido. 
Argumentação: é um conjunto de procedimentos linguísticos com os quais a pessoa que escreve 
sustenta suas opiniões, de forma a torná-las aceitáveis pelo leitor. É fornecer argumentos, ou seja, razões 
a favor ou contra uma determinada tese. 
 
Pontos Essenciais 
- toda dissertação é uma demonstração, daí a necessidade de pleno domínio do assunto e habilidade 
de argumentação; 
- em consequência disso, impõem-se à fidelidade ao tema; 
- a coerência é tida como regra de ouro da dissertação; 
- impõem-se sempre o raciocínio lógico; 
- a linguagem deve ser objetiva, denotativa; qualquer ambiguidade pode ser um ponto vulnerável na 
demonstração do que se quer expor. Deve ser clara, precisa, natural, original, nobre, correta 
gramaticalmente. O discurso deve ser impessoal (evitar-se o uso da primeira pessoa). 
 
Texto Injuntivo 
 
Os textos injuntivos têm por finalidade instruir o interlocutor, utilizando verbos no imperativo para atingir 
seu intuito. Os gêneros que se apropriam da estrutura injuntiva são: manual de instruções, receitas 
culinárias, bulas, regulamentos, editais etc. 
Exemplos: 
 
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. 19 
Manual de instruções de um computador 
 
“[...] Não instale nem use o computador em locais muito quentes, frios, empoeirados, úmidos ou que 
estejam sujeitos a vibrações. Não exponha o computador a choques, pancadas ou vibrações, e evite que 
ele caia, para não prejudicar as peças internas [...]”. 
 
Bula 
 
“[...] Manter o medicamento em temperatura ambiente (15º C a 30º C). Proteger da luz e da umidade. 
O prazo de validade do produto é de 24 meses. Não utilizar medicamentos com prazo de validade vencido. 
Deve-se evitar o uso do produto durante a gravidez e o período de lactação. Informe ao seu médico a 
ocorrência de gravidez na vigência do tratamento ou após o seu término. Informe ao médico se está 
amamentando. 
Recomenda-se observar cuidadosamente as orientações do médico. Siga a orientação do seu médico, 
respeitando sempre os horários, as doses e a duração do tratamento. Não interromper o tratamento sem 
o conhecimento do seu médico. BUTAZONA CÁLCICA é um medicamento potente e deverá ser usado 
por uma semana no máximo.” [...] 
 
Questões 
 
01. (Câmara Santa Rosa/RS - Procurador Jurídico - INST.EXCELENCIA/2017) 
 
Retrato 
Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo. 
 
Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 
 
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida 
a minha face? 
MEIRELES, Cecília. Obra Poética de Cecília Meireles. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1958. 
 
Para expressar as mudanças físicas de seu corpo e como o mesmo se encontra depois delas, o eu 
lírico utiliza predominantemente os recursos da: 
(A) Narração. 
(B) Descrição. 
(C) Dissertação. 
(D) Nenhuma das alternativas. 
 
02. (UTFPR - Técnico de Laboratório - 2018) “Requerimento é o instrumento por meio do qual o 
signatário pede, a uma autoridade pública, algo que lhe pareça justo ou legal. O requerimento pode ser 
usado por qualquer pessoa que tenha interesse no serviço público, seja, ou não, servidor público. Deve 
ser dirigido à autoridade competente para receber, apreciar e solucionar o caso, podendo ser manuscrito 
ou digitado/datilografado.

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