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57 RESUMO A Modelagem Matemática tem sido amplamente utilizada, não só como instrumento de pesquisa, mas também como metodologia de ensino em diversos níveis de aprendizagem. Apresenta-se, neste artigo, o processo investigativo resultante de uma Modelagem Matemática desenvolvida na disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, do curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Passo Fundo, referente ao problema do cálculo do volume de um cilindro horizontal, o qual foi desenvolvido, inicialmente, em sala de aula, devido à necessidade de resolução de um problema real trazido por um aluno. No processo de modelagem matemática, foram aplicados diferentes conceitos matemáticos, tanto de geometria quanto de cálculo diferencial e integral. Assim, acredita-se que os processos de resolução apresentados possam ser utilizados como exemplos de “Modelação” tanto no Ensino Médio quanto no superior. Palavras-chave: Modelagem Matemática; Ensino-Aprendizagem. ABSTRACT Currently, the Mathematical Modeling has been widely used, not only as a research instrument, but also as a methodology of education in several levels of learning. This article presents the investigative process resulting from a mathematical modeling developed in the course of Differential and Integral calculus offered in the Mechanical Engineering at University of Passo Fundo, referring to the problem of calculating the volume of a horizontal cylinder, which was developed initially in the classroom because of the need to solve a real problem brought by a student. In the process of mathematical modeling were applied different mathematical concepts, both geometry and differential and integral calculus. Thus, it is believed that the processes of resolution presented can be used as an example of modeling applied in middle school as well as in college. Keywords: Mathematical Modeling; Teach-Learning. INTRODUÇÃO O processo de modelagem matemática utilizada como ferramenta auxiliar no processo ensino pode contribuir para que a aprendizagem seja não somente mais significativa, mas também pode despertar o interesse dos alunos na aplicação das teorias em resoluções de problemas reais de seu cotidiano. Nesse sentido, em uma aula sobre aplicações de integrais definidas, ao ser abordado o assunto cálculo de volume de sólidos de revolução, na disciplina de Cálculo Diferencial Aplicação de modelagem matemática no ensino básico de engenharia Mathematical modeling application in engineering school Neuza Terezinha Oro1 Rosana Maria Luvezute Kripka2 1 Instituto de Ciências Exatas e Geociências (ICEG), Universidade de Passo Fundo (UPF) neuza@upf.br 2 Instituto de Ciências Exatas e Geociências (ICEG), Universidade de Passo Fundo (UPF) rkripka@upf.br | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 58 | artigo e Integral do curso de Engenharia Mecânica da Universidade de Passo Fundo/RS, um aluno, buscando resolver um problema prático da empresa de sua família, questionou sobre como obter o volume do líquido contido num cilindro “deitado” com comprimento igual a L, cuja altura do líquido fosse h, conforme pode ser visualizado na Figura 1. Figura 1: Representação gráfica do problema. A empresa do aluno produz tanques para o transporte de combustível. Tais tanques têm a forma de cilindros horizontais (ver Figura 2). Nas especificações técnicas da peça fabricada, é necessário informar o volume do líquido contido no tanque em diversas alturas. Existem tabelas que fornecem valores de volumes para alturas fixas, mas a curiosidade do aluno estava em calcular volumes referentes a alturas intermediárias. Um exemplo importante, que pode ser utilizado por muitas pessoas numa cidade, é a obtenção da quantidade de combustível disponível em postos de gasolina, para o controle do abastecimento (ver Figura 3). Inicialmente, a solução construída foi obtida através de aplicações de integrais de Riemann. Essa solução foi apresentada em outro semestre a uma turma do curso de Matemática, quando outro aluno questionou sobre a possibilidade de resolver o mesmo problema usando somente conceitos de Geometria Euclidiana. Motivados por essa curiosidade, obteve-se outra forma de resolução envolvendo apenas conceitos de geometria. Em ambas as resoluções dos problemas propostos, foram necessárias modelagens matemáticas adequadas aos objetivos, que permitissem aplicação das técnicas matemáticas de que se dispunha. Nesse sentido, nos dois casos, foi gratificante para os alunos a retomada de diversos conceitos necessários para a resolução do problema e a percepção da inter-relação existente entre eles. A forma de resolução desse problema pode ser aplicada na determinação de volumes de líquidos em quaisquer recipientes cilíndricos horizontais. | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 59 Figura 2: Tanque estacionário horizontal para armazenamento de derivados de combustível automotivo e aviação, com plataforma para acessórios de abastecimento. (Fonte: TANKAR, 2010) Figura 3: Tanque estacionário horizontal térmico e maçarico para armazenamento de derivados de asfalto, com capacidade volumétrica de 2000 a 30.000 l. (Fonte: TANKAR, 2010) A resolução desse problema ajudou a tornar a aula mais interessante para os alunos e, com certeza, fez com que a aprendizagem fosse mais significativa. A modelagem matemática como metodologia de ensino é uma das tendências que tem sido muito pesquisada e utilizada por diversos educadores na área de matemática e afins. Modelagem matemática do cálculo do volume do cilindro horizontal O termo modelagem matemática é empregado, na área de matemática aplicada, para designar o processo de representação simplificada de problemas reais por meio de modelos matemáticos, sendo a resolução desses problemas feita por técnicas adequadas, de modo que a solução teórica obtida possa ser uma alternativa exequível para o problema real em questão. Devido à sua importância, diversos trabalhos vêm sendo desenvolvidos nessa área (D’AMBRÓSIO, 1986; BURAK, 1987; BIENBENGUT, 1999; SCHEFFER, 1999; GOLDBARG; LUNA, 2000; BEAN, 2001; BASSANEZZI, 2002; MÜHL et al., 2004). A modelagem matemática como instrumento de pesquisa pode estimular a criatividade na busca | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 60 | artigo de novas ideias e técnicas experimentais e, ainda, propiciar o entrosamento entre pesquisadores de diversas áreas do conhecimento, pois a compreensão de um problema real requer a interação de conhecimentos de várias ciências (BASSANEZZI, 2002). Além disso, a modelagem matemática tem sido empregada na área de educação como metodologia de ensino, de maneira simplificada, por meio de resolução de problemas reais em sala de aula, visando a dar significado a conteúdos ou conceitos matemáticos já previstos no currículo escolar. Esse tipo de metodologia de ensino tem sido chamado pelos educadores matemáticos de “modelação” (BURAK, 1987; BIENBENGUT, 1999; SCHEFFER, 1999; BEAN, 2001; MÜHL et al., 2004). Na Universidade de Passo Fundo, temos desenvolvido pesquisas nas quais se utiliza modelagem matemática. Os resultados já foram divulgados em diversas revistas ou congressos da área (ORO; KRIPKA; MAZIERO, 2000; KRIPKA; ORO; MAZIERO, 2001; MAZIERO; ORO; KRIPKA, 2003; KRIPKA; ORO; KRIPKA, 2005). Dessa forma, naturalmente, aparecem, em sala de aula, problemas reais propostos por alunos, os quais são discutidos e resolvidos por meio da modelagem matemática. Apresentamos, neste artigo, o processo investigativo de uma modelagem matemática específica para o problema do cálculo do volume do cilindro deitado, resultante de um problema real trazidopor um aluno da disciplina de Cálculo Diferencial e Integral, que poderá ser utilizado como exemplo de “modelação” aplicado tanto no Ensino Médio quanto no superior. Modelagem Matemática utilizando conceitos de Geometria Euclidiana Neste caso, foram consideradas duas situações para o cálculo do volume do cilindro horizontal representado na Figura 1. Inicialmente, foi considerado que a altura do líquido fosse menor ou igual à medida do raio (ver Figura 4). Note-se que a área da região hachurada (A), neste caso, corresponde à área do segmento circular. Assim, teríamos: (1) onde: : Área do segmento circular; : Área do setor circular; : Área do triângulo isósceles AOB. AOB∆ −== AAAA ssc scA sA AOB∆A | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 61 Figura 4: Representação da área do segmento circular. Figura 5: Representação do triângulo retângulo AOC. Para se encontrar a área do triângulo isósceles AOB, inicialmente, calculou-se a medida do lado AB. Para tanto, foi considerado que , onde foi determinado a partir do teorema de Pitágoras aplicado ao triângulo retângulo da Figura 5. Assim, temos que: ou seja, Como , ou seja, , obtém-se a medida da área do triângulo isósceles AOB pela expressão (2). (2) ( ) a2ABmed = a ( ) 222 ahRR +−= 22 hRha −= ( ) a2ABmed = ( ) 222ABmed hRh −= ( ) 2 AOB 2 hRhhRA −−=∆ | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 62 | artigo Sabe-se que a área de um setor circular de raio e ângulo , conforme apresentado na Figura 6, pode ser calculada pela seguinte proporção (DOLCE; POMPEO, 1993): ________ ________ Dessa forma, temos a área do setor dada pela seguinte expressão: (3) Observe-se nas Figuras 4, 5 e 6 que e pode ser expresso em termos das medidas e , que são as medidas conhecidas no problema. Figura 6: Representação da área do setor. Pelo triângulo representado na Figura 5, temos: , para . Dessa forma, a área do setor circular pode ser expressa por: (4) Tomando-se as expressões (2) e (4) e substituindo em (1), obtemos a área do segmento circular apresentada na expressão (5). para . (5) Assim, na primeira situação considerada, podemos obter a medida do volume pela expressão (6). para . (6) Em seguida, considerou-se a situação em que a altura do líquido fosse maior que medida do raio e menor ou igual à medida de (ver Figura 7). R α rad 2π 2Rπ rad α sA 2 2α = RAs θ=α 2 R h −=θ R hR1-cos ⇒ −=α R hR1-cos2 π≤α≤0 −= − R hRRAs 12 cos ( ) 212 2cos hRhhR R hRRAsc −−− −= − Rh ≤≤0 ( ) −−− −= − 212 2cos hRhhR R hRRLV Rh ≤≤0 h R R2 | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 63 Observe-se que, nessa situação, a área da região hachurada (A) pode ser determinada pela expressão: (7) onde: : Área do círculo; : Área do triângulo isósceles MON; : Área do setor circular. A área do triângulo isósceles MON foi calculada de forma análoga ao caso anterior, considerando-se que , determinada a partir do teorema de Pitágoras aplicado ao triângulo retângulo da Figura 8. Figura 7: Representação da área da região hachurada. Figura 8: Representação do triângulo retângulo MOP. MOQ 2 2 1 MON SC AAAA ++= ∆ CA MON∆A MOQSA ( ) 22PMmed hRh −= | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 64 | artigo Dessa forma, a medida da área do triângulo isósceles MON é obtida pela expressão: (8) A área do setor circular MOQ conforme a expressão (3), considerando o ângulo central , é obtida pela expressão: Pelas Figuras 7 e 8, pode-se afirmar que , onde . Assim, temos: (9) Considerando-se que a área do círculo é dada pela expressão (10) e substituindo-se as expressões (8), (9) e (10) na expressão (7), obtém-se a expressão (11). (10) , para (11) Observa-se também que outra forma de se obter a mesma expressão da área para seria considerar que: onde: : Área do círculo; : Área do setor circular dado por (5), onde a altura representada por deve ser substituída por (ver Figura 7) Assim: ( ) 2 MON 2 hRhRhA −−=∆ β 2 2 MOQ β = RAs θ− π =β 2 −=θ − R Rh1cos −− π = − R RhRAs 1 2 MOQ cos22 2RAc π= ( ) 2122 2cos hRhRh R RhRRA −−+ −−π= − RhR 2≤≤ RhR 2≤≤ SCC AAA −= CA CSA h hRy −= 2 ( ) 212 2cos yRyyR R yRRAsc −−− −= − ( ) ( )( ) ( ) ( )2122 22222cos hRhRRhRR R hRRRRA −−−−−+ −−−= −π ( ) ( )222122 4424cos hRhRRhRRh R RhRRA +−−−−+ −−= −π | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 65 , para a qual corresponde à expressão (11) obtida anteriormente. Dessa forma, na segunda situação considerada, temos a medida do volume dada pela expressão (12). para (12) Modelagem Matemática utilizando conceitos de Cálculo Integral Neste caso, para o cálculo da área, usaremos o conceito de Integral de uma função real, assunto lecionado nos primeiros semestres de cursos da área de ciências exatas, que têm a Matemática como embasamento teórico fundamental. Este problema será reduzido ao cálculo da área da região sombreada no círculo mostrado na Figura 7, uma vez que, para o cilindro mostrado na Figura 1, a área da seção transversal é sempre a mesma. Primeiramente, construiremos a circunferência de raio R com centro no ponto (0,R) e identificaremos essa região sombreada como a região localizada dentro do círculo, acima da reta y = 0 e abaixo da reta y = h, onde h é a altura do líquido (ver Figura 9). Devido à simetria da área sombreada do círculo em relação ao eixo y, calculou-se somente a área localizada no primeiro quadrante do plano cartesiano, por meio da operação de integração, e multiplicou-se a mesma por dois, ou seja: (13) A equação da circunferência será dada por: (14) Para obtermos foi isolada a variável x na expressão (14) e foi considerado o cálculo da área somente para valores positivos de x, conforme pode ser observado na Figura 9. ( ) 2122 2cos hRhRh R RhRRA −−+ −−= −π RhR 2≤≤ ( ) −−+ −−π= − 2122 2cos hRhRh R RhRRLV RhR 2≤≤ ( )dyyfA ∫= h 0 2 ( ) 222 RRyx =−+ ( )yf | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 66 |artigo Figura 9: Representação da área sombreada. Assim, obteve-se: Dessa forma, a área da região sombreada ( ) é obtida pela expressão (15). (15) Para resolvermos a integral da expressão (15) foi realizada uma substituição trigonométrica. Tem-se que a relação trigonométrica (16) é válida no triângulo retângulo representado na Figura 10. (16) Figura 10: Representação do triângulo retângulo. ( ) ( )22 RyRxyf −−== A ( ) dyRyRA ∫ −−= h 0 22 2 ( ) θ=− cosRRy | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 67 Além disso: (17) e, ainda, em relação ao limite inferior de integração, que inicialmente era , passa a ser , pois: e e, em relação ao limite superior, que era , passa a ser , pois: e . Chamando: e e substituindo esses valores e as expressões (16) e (17) na expressão (15), obteve-se: Como: , temos: . Substituindo por , temos: (18) Substituindo e na segunda integral da expressão (18) obtém-se: Como , temos: Sendo: e , temos que: (19) θθ−= dRdy sen 0=y π=θ ( ) θ=− cosRRy 0=y ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒ ⇒1cos −=θ π=θ hy = −=θ − R Rh1cos ( ) θ=− cosRRy hy = R Rh − =θcos −=θ − R Rh1cos π=a −= − R Rhb 1cos ( ) θθ−θ−= ∫ dRRRA sen cos 2 b a 222 ( ) θθ−θ−= ∫ dRRA sen cos1 2 b a 2 θ=θ− 22 sencos1θθ−= ∫ dsRA en 2 b a 22 θ2sen 2 2cos1 θ− ( ) θ θ− −= ∫ dRA 2 2cos1 2 b a 2 ( ) θθ−−= ∫ dRA 2cos1 b a 2 θθθ−= ∫∫ ddRA 2 cos- b a b a 2 u=θ2 2 dud =θ θ−= ∫∫ duudRA cos2 1- b a b a 2 b a RA θθ−= 2sen 2 1- 2 θθ=θ cossen22sen [ ]aaabbbRA cossencossen- 2 +−−= π=a −= − R Rhb 1cos +π− − − −−= −− 0cossen-cos 112 R Rh R Rh R RhRA | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 68 | artigo Considerando o triângulo retângulo representado na Figura 8, podemos afirmar que: (20) Substituindo a expressão (20) em (19), obtém-se finalmente a expressão (21) para o cálculo da área representada na Figura 9. para (21) Portanto, o volume do cilindro deitado pode ser calculado pela expressão (22). para (22) Ainda, nesse segundo processo de modelagem, o problema do cálculo do volume do cilindro deitado poderia ser utilizado como exemplo de aplicação de integrais duplas, ou seja: (23) onde A representa a região de integração apresentada na Figura 9. A simetria da área em relação ao eixo y permite trabalhar somente com a metade da mesma. Pela análise da região A podemos substituir os limites de integração conforme apresentado na expressão (24). (24) ou seja, (25) Observe-se que a integral definida na expressão (25) já foi calculada anteriormente, estando identificada pela expressão (15). Assim, o volume pode ser calculado pela expressão (22). Discussão dos resultados A modelagem matemática utilizando conceitos de Geometria Euclidiana, desenvolvida no item 1.1, resultou em duas expressões para o cálculo da área. Obteve-se a expressão (5), ou seja: R hRh R Rh 21 2sencossen −=θ= −− ( ) 2122 2cos hRhRh R RhRRA −−+ −−π= − Rh 20 ≤≤ ( ) −−+ −−π= − 2122 2cos hRhRh R RhRRLV Rh 20 ≤≤ ∫∫= A dydxLV ( ) ∫ ∫ −− = h RyR dxdyLV 0 0 22 2 ( ) dyRyRLV h ∫ −−= 0 222 | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 69 para e a expressão (11): para Porém, considerando que , temos que: (26) Substituindo (26) em (5), obtém-se: para que equivale à expressão (11). Ao utilizarmos conceitos de Cálculo Integral, obteve-se a expressão (21), onde , que equivale às expressões (5) e (11) obtidas pela abordagem por meio de conceitos de Geometria. Dessa forma, podemos concluir, devido ao processo investigativo empregado, que o volume do cilindro deitado pode ser obtido utilizando-se somente a única expressão dada pela equação (22). CONCLUSÕES O problema apresentado e resolvido é muito interessante, do ponto de vista matemático, pois pode ser utilizado como exemplo de aplicação de modelação, resultante do processo de modelagem matemática, em diferentes níveis de aprendizagem. A primeira abordagem, que considera somente conceitos básicos de Geometria e trigonometria, já pode ser desenvolvida no Ensino Médio, em que o aluno tem conhecimento de áreas de figuras geométricas, de volumes de sólidos e das relações trigonométricas estabelecidas no triângulo retângulo. A segunda abordagem utiliza técnicas mais elaboradas, do ponto de vista matemático, e requer o conhecimento de conceitos de cálculo integral e diferencial. Dessa forma, poderia ser desenvolvido em disciplinas específicas de cálculo diferencial e integral que ocorrem nos primeiros semestres de cursos de Matemática ou de áreas afins. Percebemos que a modelagem matemática, ao ser aplicada na resolução de problemas reais, como o exemplo aqui proposto, ajuda a dar significado a conceitos abstratos, tornando o aprendizado da matemática mais eficaz e atraente. Ao incluirmos atividades dessa natureza em sala de aula, utilizando a modelação como metodologia de ensino, ( ) 212 2cos hRhhR R hRRAsc −−− −= − Rh ≤≤0 ( ) 2122 2cos hRhRh R RhRRA −−+ −−π= − RhR 2≤≤ ( ) ( )xx −−π= −− 11 coscos −−π= − −− R Rh R hR 11 coscos ( ) 2122 2cos hRhRh R RhRRA −−+ −−π= − Rh ≤≤0 Rh 20 ≤≤ | Educ. Tecnol. | Belo Horizonte | v. 16 | No 1 | p.57-70 | jan./abr. 2011 | 70 | artigo podemos propiciar que o aluno relacione teoria e prática, fazendo com que ele perceba que a matemática pode e deve ser utilizada como um instrumento na resolução de problemas de sua própria realidade. REfERêNCIAS BASSANEZZI, C. R. Ensino-aprendizagem com modelagem matemática. São Paulo: Contexto, 2002. BEAN, D. O que é modelagem matemática. Educação Matemática em Revista. Sociedade Brasileira de Educação Matemática do RS, n. 9, p. 49-57, 2001. BIENBENGUT, M. S. Modelagem matemática & implicações no ensino-aprendizagem de matemática. Blumenau: Ed. da Furb, 1999. BURAK, D. Modelagem matemática: uma metodologia alternativapara o ensino da matemática na 5ª série. 186p. Dissertação (Mestrado em Ensino Matemática) – IGCE, Universidade Estadual Paulista Júlio Mesquita Filho - UNESP, Rio Claro –SP, 1987. D’AMBRÓSIO, U. Da realidade à ação: reflexões sobre educação e matemática. 4 ed. São Paulo: Summus, 1986. 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