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UNIVERSIDADE DE FORTALEZA
JOÃO VICTOR VIEIRA - 1712858
LAÍS ÉRIKA GRANGEIRO DO MONTE - 1712850 
MATEUS BRASIL DE JESUS - 1712887
A LOGÍSTICA BRASILEIRA SOB A ÓPTICA DA IMPORTAÇÃO
FORTALEZA
2019
INTRODUÇÃO
Contextualização
A importação é uma ação super-praticada no Brasil, tendo esta definição: “... é o ingresso seguido de internalização da mercadoria estrangeira no território aduaneiro.”, de acordo com o Invest & Export. Sendo feita a análise da coleta de dados organizada pelos órgãos governamentais, como SECEX/MDIC, desde de 2001 de forma geral percebe-se um aumento do volume das importações, mesmo com quedas observadas em determinados anos, como demonstrado nas tabelas abaixo: 
Fonte: SECEX/MDIC.
Esses volumes e o aumento deles dependem do processo de logística da importação brasileira e um bom andamento de todas as suas etapas. O processo logístico é amplo e, no âmbito da importação, muito detalhado, devendo ser seguido de acordo com o que é exigido pelos órgãos de fiscalização, como exemplo da Receita Federal do Brasil (RFBr), de forma que tudo seja feito corretamente e a importação possa ocorrer de fato. Entretanto, o sistema de conhecimento dos dados de importação, como Siscomex, pode oferecer momentos de não otimização do processo, prejudicando o importador e desencorajando a tentativa de entrada neste tipo de negócio. Além disso, a logística da entrada da carga e desembaraço da mesma no país, junto com transporte, é uma atividade de execução minuciosa que pode impactar no valor custo do produto e inviabilizar a importação do mesmo, se não ocorrer de forma bem organizada.
Objetivos
O presente trabalho tem por objetivo avaliar o processo de logística dentro do contexto de importações brasileiras, analisando sua eficiência enquanto parte fundamental em um processo de importação.
Metodologia
Esta pesquisa tem caráter descritivo e se utiliza de fontes secundárias através da revisão de literatura de livros e, principalmente, através de artigos que se utilizam do objeto de estudo, a logística nas importações, para analisar e avaliar a eficiência do método logístico utilizado, a fim de realizar um julgamento qualitativo sobre a qualidade do processo atualmente utilizado. As partes do processo logístico a serem avaliadas foram definidas através de um fluxograma que representa o procedimento visualmente (disponível em www.investexportbrasil.gov.br. Acesso em 19/04/2018 às 16:04). 
Justificativa
A importação é uma prática constante no Brasil e no mundo e influencia todos os segmentos da vida da população em diversas áreas de compra, como alimentícia, farmacêutica, médica, entre outras. Portanto a análise do processo de importação, logística da movimentação dos produtos, e como isso afeta a precificação do mesmo, é de extrema importância para todos os setores da indústria, profissionais e estudantes da área de comércio exterior. 
2.	DESENVOLVIMENTO
2.1.	Processo de importação de bens físicos
Observando o fluxograma do processo básico da importação de bens observa-se a existência de nove passos básicos que devem ser seguidos para a entrada do produto no Brasil e sua, consequente, nacionalização. Eles são: Verificação do tratamento administrativo no SISCOMEX, registro da Licença de importação, embarque da mercadoria, transporte da mercadoria até o Brasil, transporte da mercadoria até o porto alfandegado, fiscalização da mercadoria no recinto, registro da declaração de importação, desembaraço aduaneiro e, por último, processo de movimentação da mercadoria no interior do país. Todos esses passos serão analisados mais detalhadamente nos tópicos seguintes. 
2.1.1. Verificação do Tratamento Administrativo
O importador após pesquisas e tendo decidido o produto a ser comercializado futuramente, deve primeiramente consultar a TEC (Tarifa Externa Comum), existente no site do MDIC, e procurar o NCM (Nomenclatura Comum do Mercosul), um código de classificação do produto. De acordo com as informações observadas, deve-se analisar o Tratamento Administrativo pertinente, que é um processo de estudo de todas as informações e etapas específicas que devem ser seguidas.
Essas etapas podem se relacionar a vários aspectos, como forma de acondicionamento do produto, o imposto de importação específico, a necessidade de autorização por órgãos anuentes e quais são, e, principalmente, se haverá a necessidade de registrar uma Licença de Importação (LI) e qual a modalidade da mesma.
Existe alguns mecanismos específicos para análise do tratamento, como o módulo no SISCOMEX Importação e “Simulador de Tratamento Administrativo - Importação” ambos através da internet, o que facilita o processo para o importador ou empresa responsável.
2.1.2. Registro da Licença de Importação
Após verificar o tratamento administrativo do produto a ser importado, o importador deve, caso sua importação seja passível de Licenciamento de Importação (LI), registrar o pedido do documento no SISCOMEX. Além dele, um agente credenciado ou um representante legal também podem realizar o pedido. A LI pode ser classificada em 2 tipos: a automática e a não-automática. Ambas possuem as mesmas anuências, que são dadas pela SECEX e algum outro órgão anuente envolvido, porém, a LI automática pode ser solicitada pré ou pós-embarque da mercadoria, enquanto a LI não-automática deve ser requisitada necessariamente antes do embarque. A LI passa por um processo de análise, após o qual ela é deferida ou indeferida. Após o deferimento, a LI tem, normalmente, um prazo de validade de 90 dias para embarque. É possível solicitar uma prorrogação desse prazo de validade, que é analisada e, caso concedida, tem prazo máximo idêntico ao original, ou seja, 90 dias.
Caso haja um erro na LI e o importador precise realizar uma alteração, é necessário que ele registre uma LI substitutiva, que passará por novo processo de análise. Podem ser alterados informações como peso, forma de pagamento, valor, dentre outros. Contudo, de acordo com o MDIC, a alteração não pode ser realizada caso descaracterize o licenciamento antes deferido.
Além disso, um Licenciamento de Importação também pode ser cancelado. Ele pode ser efetuado pelo próprio importador através do SISCOMEX ou realizado pelo próprio sistema, quando alguma anuência da LI permanecer em exigência por 90 dias.
(http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/importacao/dicas-de-importacao/informacoes-gerais-de-importacao)
2.1.3. Embarque da Mercadoria
O embarque da mercadoria ocorre depois da verificação do tratamento administrativo, se não for necessária a LI. Sendo necessária a Licença de Importação a mesma deve ser deferida pelos órgãos anuentes, como explanado no tópico anterior, e após essa etapa o embarque da mercadoria é liberado para que o exportador estrangeiro ou o respectivo responsável o faça. 
2.1.4. Transporte da Mercadoria até o Brasil
A mercadoria pode ser transportada de diversas formas, através dos modais: aéreo, marítimo e rodoviário. A escolha do modal de transporte da mercadoria tem uma influência gigantesca na precificação e tempo de viagem, devendo ser baseado no tipo de produto, local de precedência e melhor custo-benefício para o importador.
2.1.4.1. Aéreo
O modal aéreo é o mais rápido, entretanto com custos fixos e variáveis mais caros. É favorável no transporte de produtos com tempo de vida muito pequeno e materiais de custo elevado, quando carregados em pequena quantidade. No Brasil existe um problema de infraestrutura aeroportuária, o que dificulta e lentifica o bom andamento das cargas, ou seja retirada da aeronave, e, consequentemente, a visão estrangeira sobre a qualidade de serviços que pode ser oferecida. Neste modal o conhecimento de embarque, ou seja conhecimento de carga, é denominado de Airway Bill, onde no mesmo existe todas as específicas do produto, volume, preço pago e etc.
2.1.4.2. Marítimo
O modal de transporte marítimo é o carregador da maior quantidadede volumes nas importações brasileiras. A mercadoria é embarcada em um porto no país de origem e movimentada, por um armador, até o porto de destino decidido pelos responsáveis. Esse processo é regulado através de um módulo denominado SISCOMEX Carga, onde se monitora a movimentação das cargas e entrada/saída das embarcações carregadoras, além da entrega pelo respectivo responsável. Um documento é gerado, o Conhecimento de Embarque (Bill of Landing), que explana todas as características do produto, volume, local de procedência, preço, etc. Esse documento possui diferentes classificações, como: único, genérico e agregado, que dependem da relação entre emissário e consignatário. O conhecimento de embarque não pode ser emitido mais de uma vez, entretanto possui, automaticamente na hora de emissão, seis vias que serão distribuídas entre os participantes da transação. A infraestrutura portuária no Brasil ainda é precária quando comparada com outros países mais desenvolvidos, chegando a acontecer um engarrafamento de navios para atracar no porto. 
2.1.4.3. Rodoviário
O modal rodoviário tem utilização mais frequente na região sul do país no transporte até o Brasil, entretanto quando a carga chega, em todos os modais, e após respectivo desembaraço, o transporte rodoviário é muito usado para movimentação até a áreas mais internas. A infraestrutura disponível, estradas e pedágios, não é de qualidade exemplar no Brasil, dificultando um bom andamento do processo e até atrasando as entregas das mercadorias que poderiam ser mais rápidas. A entrada de mercadorias por esse modal é acompanhada e fiscalizada através do SISCOMEX, no módulo PRESENÇA DE CARGA, onde é controlada a armazenagem e conexão com a DI. 
2.1.5. Fiscalização da Mercadoria
A primeira etapa é observar se para a mercadoria escolhida há a necessidade de fiscalização pela ANVISA e pelo MAPA. Em seguida, inicia-se o desembaraço propriamente dito. Ele é feito no Siscomex, sistema que contempla o registro, o acompanhamento e o controle de todas as operações de comércio exterior. No despacho de importação, verificam-se os dados declarados pelo exportador, os documentos apresentados e a conformidade com a legislação específica. O desembaraço aduaneiro é, segundo o Regulamento Aduaneiro do Brasil, o ato pelo qual é registrada a conclusão da conferência aduaneira. É com o desembaraço aduaneiro que é autorizada a entrega da mercadoria e é o último ato do despacho.
 2.1.6. Registro da Declaração de Importação
A Declaração de Importação (DI) é o documento responsável pela regularização das informações do processo de importação e é utilizado como base para o despacho aduaneiro. A DI é utilizada como indicativo para os valores recolhidos no desembaraço, para comprovar o recolhimento dos impostos incidentes na importação e para efetivar a importação e a vincular ao câmbio. 
A emissão da DI é feita após a chegada do produto. O importador ou um representante legal podem registrá-la através do SISCOMEX. Caso a mercadoria necessite de uma LI, é preciso que ela seja vinculada a DI. Após o preenchimento dos dados, são gerados os dados necessários para o pagamento dos tributos. 
2.1.7. Movimentação da Carga para o Interior do País
Quando se registrar o processo de desembaraço aduaneiro (seja ele a Declaração de Trânsito Aduaneiro, Declaração de Admissão, Declaração de Importação ou Declaração de Exportação) no sistema da Receita Federal, o processo registrado passa pela seleção do canal de parametrização. Estes canais são randomicamente escolhidos para os processos, em horários pré-definidos nos portos e aeroportos.
Canal Verde: O desembaraço aduaneiro automático das mercadorias é autorizado. Uma prova de importação é, então, emitida e as mercadorias são enviadas ao importador. Canal Amarelo: Um exame completo dos documentos de importação é realizado. Canal Vermelho: As autoridades aduaneiras procedem a análise dos documentos de importação, bem como o exame físico das mercadorias. Canal Cinza: Além dos exames anteriores, é realizada uma análise do valor aduaneiro das mercadorias. Essa análise vai de acordo com o artigo VII do GATT sobre valoração aduaneira. Esse processo pode levar até 120 dias em circunstâncias extremas. 
Assim que for registrado o desembaraço aduaneiro no Siscomex será expedido e entregue ao importador o Comprovante de Importação (CI). O documento comprova a regularidade da mercadoria no país. Em seguida, o procedimento será concluído com o importador ou exportador apresentando o documento de conhecimento de carga, o comprovante de pagamento da taxa do Departamento de Marinha Mercante (nos casos de transporte marítimo) e o comprovante do pagamento do imposto sobre circulação de mercadorias e serviços (ICMS). Só aí é que a mercadoria poderá ser entregue ao importador ou exportador.
3. CONCLUSÃO
Com este trabalho analisamos que uma das melhorias essenciais a serem feitas na infraestrutura de transportes, e outro problema que necessita de melhorias na logística nacional diz respeito à burocracia para a liberação de mercadorias e produtos, principalmente nos terminais de aeroportos de carga. 
Chegamos a conclusão com esse breve estudo que ter uma logística eficiente é fundamental para melhorar o planejamento, a operação e o controle do fluxo de mercadorias e informação, desde a fonte fornecedora até o consumidor. Trata-se, portanto, da circulação de mercadorias, sem a qual o sistema econômico não se reproduz e afeta os aspectos urbanos e de infraestrutura. 
4. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
CUNHA, Júlia Maria de Jesus. Comércio internacional e crescimento econômico no Brasil. Brasília: Fundação Alexandre de Gusmão (funag), 2011.
OLIVEIRA, Marcelle Colares. Canais de Distribuição Internacional: um estudo do acesso de empresas cearenses ao mercado exterior. Alcance, Fortaleza, v. 11, n. 1, p.121-135, jan./abr. 2005.
Guia de Comércio Exterior e Investimento. Fluxograma do Processo de Importação. Disponível em: <http://www.investexportbrasil.gov.br/fluxograma-processo-de-importacao-0?l=pt-br> Acesso em: 03 abr. 2019.
Guia de Comércio Exterior e Investimento. Definição de Importação. Disponível em: <http://www.investexportbrasil.gov.br/definicao-de-importacao?l=pt-br> Acesso em: 03 abr. 2019.
MDIC - Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Base de Dados do Comex Stat. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br/comercio-exterior/estatisticas-de-comercio-exterior/base-de-dados-do-comercio-exterior-brasileiro-arquivos-para-download> Acesso em: 03 abr. 2019.
MDIC - Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Modal Marítimo. Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/procedimentos-preliminares/presenca-de-carga/modal-maritimo> Acesso em: 15 abr. 2019.
MDIC - Ministério da Economia, Indústria, Comércio Exterior e Serviços. Modal Terrestre (Fronteiras). Disponível em: <http://receita.economia.gov.br/orientacao/aduaneira/manuais/despacho-de-importacao/topicos-1/procedimentos-preliminares/presenca-de-carga/modal-terrestre-fronteiras> Acesso em: 15 abr. 2019.

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