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AP1 linguística 3

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Fundação Centro de Ciências e Educação a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Centro de Educação Superior a Distância do Estado do Rio de Janeiro 
Universidade Federal Fluminense 
Curso de Licenciatura em Letras- UFF / CEDERJ 
 
Disciplina: Linguística III 
Coordenadora: Profª Silmara Dela Silva 
Avaliação PRESENCIAL 1 - 2013/ 2 
Aluno(a): _______________________________________________________ 
Polo: __________________________ Matrícula ________________ 
Nota: _______________ 
Instruções: 
Escreva à tinta (azul ou preta) e com a maior legibilidade possível. Não escreva em 
tópicos. Escreva um texto coerente e coeso, em registro linguístico compatível com 
o trabalho acadêmico formal. A folha de perguntas deve ser devolvida junto com 
as respostas. Boa prova! 
 
 
1. Utilize a afirmação a seguir, de Bakhtin, para responder às questões a e b: 
 
a) No fragmento textual a seguir, Bakhtin faz uma crítica indireta às tendências de 
estudos de linguagem que predominaram na Linguística até meados do século 
XX, e propõe um novo objeto de estudos, em consonância às propostas das 
correntes teóricas que se desenvolveriam, sobretudo, a partir da década de 1960. 
Comente a proposta de Bakhtin, mostrando os seus conhecimentos sobre essas 
duas grandes tendências de estudos da linguagem por ele mencionadas. Dê 
exemplo de ao menos um objeto teórico que passa a ser estudado pela 
Linguística na segunda metade do século XX. (15 pontos) 
b) Explique o que são os gêneros do discurso (ou gêneros discursivos) e dê um 
exemplo de gênero primário e um de gênero secundário, mostrando a diferença 
entre eles. (15 pontos) 
 
“O desconhecimento da natureza do enunciado e a relação diferente com as 
peculiaridades das diversidades de gêneros do discurso em qualquer campo da 
investigação linguística redundam em formalismo e em uma abstração exagerada, 
deformam a historicidade da investigação, debilitam a relação da língua com a vida. 
Ora, a língua passa a integrar a vida através de enunciados concretos (que a realizam); é 
igualmente através de enunciados concretos que a vida entra na língua.” (BAKHTIN, 
M. Os gêneros do discurso. In. Estética da criação verbal. 4 ed. São Paulo: Martins 
Fontes, 2003. p. 265.) 
 
a) No fragmento textual dado, Bakhtin discorre sobre a importância de se estudar 
a língua por meio de enunciados concretos, o que significa considerar no estudo 
linguístico a língua em relação a aspectos da exterioridade, tais como o contexto 
sócio-histórico em que ocorrem as enunciações e os falantes nelas envolvidos. 
Assim, Bakhtin propõe o estudo da língua na interação verbal. A proposta de 
Bakhtin está em consonância aos estudos linguísticos que irão predominar a partir 
da década de 1960, que passam a ter como foco a língua em uso. Essa tendência 
funcionalista de estudos de linguagem se desenvolve em oposição à perspectiva 
formalista, que predominou na Linguística até meados do século XX. Os estudos 
formais de linguagem se desenvolveram a partir da publicação do Curso de 
Linguística Geral, de Saussure, tendo como objeto a língua enquanto um sistema, 
passível de ser isolada de seu uso efetivo por falantes. Ao propor o estudo da língua 
na interação verbal, Bakhtin critica justamente o formalismo linguístico, 
chamando essa tendência de estudos de “objetivismo abstrato”. Para o teórico 
russo, a separação entre o sistema linguística e o seu uso, próprio dos estudos 
formais de linguagem, “redundam em formalismo e em uma abstração 
exagerada”. A exemplo do que propõe Bakhtin, a partir da década de 1960, o 
interesse pelo estudo da língua em uso gera novos objetos teóricos que passam a 
ser estudados pelos linguistas, como o texto (na Linguística Textual), os atos de fala 
(na Pragmática) e o discurso (na Análise de Discurso), por exemplo. Valor total da 
questão: 15,0 
 
b) Os gêneros do discurso são definidos por Bakhtin como tipos relativamente 
estáveis de enunciados associados às diferentes esferas da atividade humana. Os 
gêneros discursivos são heterogêneos e possuem inúmeros tipos, uma vez que cada 
prática humana demanda tipos de enunciados específicos em sua realização. 
Apesar disso, os enunciados apresentam regularidades, o que pode ser atestado 
pelas três características que Bakhtin propõe para o seu estudo: o estilo, o 
conteúdo temático e a construção composicional. Tendo em vista tais 
regularidades, Bakhtin propõe a classificação dos gêneros discursivos em dois 
grandes grupos: primários e secundários. Os gêneros primários estão associados a 
usos espontâneos de linguagem, sendo, assim, menos elaborados. São exemplos de 
gêneros primários uma conversa telefônica e uma carta pessoal. Os gêneros 
secundários, ao contrário, caracterizam-se por serem mais elaborados, como um 
romance ou um memorando, por exemplo. Valor total da questão: 15,0 
 
2. Considere a seguinte afirmação a respeito do estudo linguístico do texto e as duas 
tirinhas, apresentadas na sequência, para responder às questões a e b: 
 
a) As tirinhas apresentadas a seguir podem ser objetos de estudo da linguística 
textual? Por quê? Justifique a sua resposta, expondo os seus conhecimentos 
sobre a noção teórica de texto. (10 pontos) 
b) Faça uma análise das duas tirinhas, considerando ao menos um dos seguintes 
critérios: (a) informatividade; b) intencionalidade; c) situacionalidade. (15 
pontos) 
 
“Um texto se constitui como tal no momento em que os parceiros de uma atividade 
comunicativa global, diante de uma manifestação linguística, pela atuação conjunta de 
uma complexa rede de fatores de ordem situacional, cognitiva, sociocultural e 
interacional, são capazes de construir, para ela, determinado sentido [...] o sentido não 
está no texto, mas se constrói a partir dele, no curso de uma interação.” (KOCH, I.G.V. 
O texto e a construção de sentidos. São Paulo: Contexto, 1997, p. 30.). 
 
 
 
 
Fonte: <http://www.clickpb.com.br/noticias/cotidiano/mauricio-de-sousa-brinca-com-
nomes-de-papas-chico-bento-ta-se-achando/>. Acesso em: 16 ago. 2013. 
 
a) A Linguística Textual tem como objeto de estudos o texto. Mais que um simples 
conjunto de palavras ou frases, o texto se caracteriza por uma propriedade 
específica: a textualidade ou textura. Dentre os fatores que conferem textualidade 
a um texto, destacam-se elementos relacionados a questões linguísticas, como no 
caso dos fatores de coesão – que funcionam a partir de mecanismos específicos –, e 
outros que dependem tanto de informação linguística quanto de aspectos relativos 
aos participantes da situação comunicativa, ao contexto ou situação e a 
procedimentos específicos de construção dos textos. É a interrelação entre os 
diferentes aspectos mencionados que cria essa rede complexa de sentidos que 
denominamos texto. As duas tirinhas apresentadas na questão, embora combinem 
elementos verbais e não-verbais, podem ser definidas como texto sim, uma vez que 
apresentam textualidade e conseguem transmitir uma mensagem aos seus leitores. 
Valor total da questão: 10,0 
 
b) As duas tirinhas apresentadas na questão fazem uma analogia entre o nome do 
personagem Chico Bento, criado por Maurício de Sousa, e os nomes dos dois 
últimos papas da Igreja Católica, Bento XVI e Francisco. Como são textos, as duas 
tirinhas apresentam diversas propriedades, dentre elas a informatividade, a 
intencionalidade e a situacionalidade, mencionadas na questão. 
A informatividade de um texto depende da relação entre informação conhecida e 
informação nova; é o fator que diz respeito ao grau de previsibilidade das 
informações que estão presentes no texto (esperadas ou não/previsíveis ou não). 
Nas tirinhas, o cartunista Maurício de Sousaretoma informações amplamente 
divulgadas naquele momento: a saída do papa Bento XVI e a escolha de um novo 
papa, Francisco, para dar visibilidade ao seu personagem Chico Bento, muito 
conhecido no Brasil. Praticamente não há informação nova nas tirinhas, a não ser 
pelo caráter inusitado de se associar o personagem infantil ao papa, autoridade 
máxima da Igreja Católica. 
A intencionalidade refere-se ao modo como os emissores usam textos para 
perseguir e realizar suas intenções, produzindo, para tanto, textos adequados à 
obtenção dos efeitos desejados. Na tirinha, podemos observar que o emissor, no 
caso, Maurício de Sousa, ao brincar com os nomes dos papas que, 
coincidentemente, compõem o nome de seu personagem, promove um efeito de 
humor. Na primeira tirinha, que circulou na rede social Facebook logo após a 
escolha do papa Francisco, o efeito de humor é produzido pela expressão de 
surpresa e incompreensão de Chico Bento, diante das expressões verbais do 
quadrinho: “Sai Bento!!” e “Entra Chico!!”. Já na segunda tirinha, esse efeito 
humorístico é promovido pela ingenuidade do personagem, ao supor que os nomes 
escolhidos pelos papas seriam uma consequência da leitura de suas histórias. 
A situacionalidade, por sua vez, está diretamente relacionada ao fato de que todo 
texto é produzido num determinado momento e para um determinado fim. As 
tirinhas em questão só fazem sentido porque foram produzidas no momento em 
que o Vaticano anunciava a troca de papas, que escolheram usar nomes que 
retomam o nome composto do personagem da história em quadrinhos, dado que 
tradicionalmente os sujeitos nomeados Francisco recebem como apelido Chico. 
Valor total da questão: 15,0 
 
 
3. Utilize o fragmento textual que segue para discorrer sobre o objeto de estudos e os 
objetivos da análise da conversação. Em sua resposta, apresente ao menos duas 
características do texto que permitem caracterizá-lo como uma conversa. É possível, a 
partir dos pressupostos teóricos da análise da conversação, analisar este fragmento 
textual? Por quê? (20 pontos) 
 
— Você pensou bem no que vai fazer, Paulo? 
— Pensei. Já estou decidido. Agora não volto atrás. 
— Olhe lá, hein, rapaz... [...] 
— Pense um pouco mais, Paulo. Reflita. Essas decisões súbitas... 
— Mas que súbitas? Estamos praticamente separados há um ano! 
— Dê outra chance ao seu casamento, Paulo. 
— A Margarida é uma ótima mulher. 
— Espera um pouquinho. Você mesmo deixou de freqüentar nossa casa por causa da 
Margarida. Depois que ela chamou vocês de bêbados e expulsou todo mundo. 
— E fez muito bem. Nós estávamos bêbados e tínhamos que ser expulsos. 
— Outra coisa, Paulo. O divórcio. Sei lá. 
— Eu não entendo mais nada. Você sempre defendeu o divórcio! 
— É. Mas quando acontece com um amigo... 
— Olha, Paulo. Eu não sou moralista. Mas acho a família uma coisa importantíssima. 
Acho que a família merece qualquer sacrifício. 
— Pense nas crianças, Paulo. No trauma. 
— Mas nós não temos filhos! 
— Nos filhos dos outros, então. No mau exemplo. [...] 
(VERÍSSIMO, L.F. Os moralistas. In: As Mentiras que os Homens Contam. Rio de 
Janeiro: Editora Objetiva, 2000, p. 41.). 
 
A Análise da Conversação (AC) tem como objeto de estudos o texto oral e, mais 
especificamente, a conversa espontânea, coletada no ambiente natural em que 
ocorre. O objetivo dessa corrente teórica é analisar os modos como uma conversa 
se organiza, de forma a viabilizar a interação entre os falantes em suas interações 
no dia a dia. Para isso, os teóricos da AC analisam questões características da 
conversa, como o tópico, os turnos, os pares adjacentes, os marcadores 
conversacionais, dentre outras. O fragmento textual apresentado para análise 
possui várias características que permitem classificá-lo como uma conversa. 
Dentre elas, podemos mencionar a presença de dois interlocutores (o que se infere 
pela troca de turnos entre o personagem Paulo e seus amigos), a organização 
textual no par pergunta-resposta, e a presença de marcas linguísticas 
características da oralidade, como as expressões “Olha” e “Sei lá”, por exemplo. 
No entanto, esse fragmento textual não pode ser analisado com base nos princípios 
teóricos da AC porque não se trata de uma conversação espontânea, mas de um 
fragmento de uma crônica, um texto escrito com o propósito de simular a 
oralidade. Valor total a questão: 20,0 
 
 
4. Com base no fragmento textual a seguir, discorra sobre a proposta da semiótica 
francesa para a análise de textos. Em sua resposta, aborde o objeto de estudos dessa 
corrente teórica e explique em que consiste o percurso gerativo de sentido. (25 pontos) 
 
“A linguística, como se sabe, trata dos textos em prosa, ou seja, dos que se servem do 
plano da expressão apenas como porta de acesso ao plano do conteúdo. Quando 
ultrapassa o nível das frases, entretanto, a construção do sentido nos sistemas verbais 
toma uma configuração que foge completamente ao alcance dos modelos linguísticos 
descritivos, conhecidos como gramática da língua natural. A semiótica, com seus 
conceitos erigidos à luz das formas expandidas de significação do texto, apresenta-se, 
assim, bem mais equipada para o empreendimento analítico.” (TATIT, L. A abordagem 
do texto. In: FIORIN, J.L. Introdução à linguística. I. Objetos teóricos. São Paulo: 
Contexto, 2011.). 
 
A semiótica discursiva é uma teoria da linguagem que tem como objetivo explicitar 
o modo como se constroem os sentidos em um texto, seja ele verbal, não verbal ou 
sincrético. Como podemos depreender a partir da afirmação do semioticista Luiz 
Tatit, no fragmento textual dado, a semiótica se diferencia das perspectivas 
linguísticas formais, que tomam a língua em sua sistematicidade enquanto objeto 
de estudos e têm como método a sua descrição. A semiótica também se distingue de 
outras teorias linguísticas que estudam o texto pensando exclusivamente em sua 
organização interna ou somente em seu conteúdo. A semiótica francesa, teoria 
proposta por Greimas, considera o texto como um objeto de significação e de 
comunicação, composto por um plano de expressão e um plano de conteúdo, e 
propõe analisá-lo considerando as especificidades de cada um desses dois planos. 
Para uma análise específica do plano do conteúdo, em seus componentes sintático e 
semântico, a semiótica propõe um modelo de análise que considera o texto em seus 
diferentes níveis – fundamental, narrativo e discursivo –, que é o chamado de 
percurso gerativo de sentido. Com a aplicação desse modelo de análise, a semiótica 
busca revelar a maneira como o sentido é construído em cada texto. Valor total a 
questão: 25,0

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