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85 INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Objetivos • Interpretar a Contabilidade como instrumento de organização da informação no ambiente empresarial. • Distinguir as diferenças de representação dos fenômenos patrimoniais pela Contabilidade ao redor do mundo. • Compreender e interpretar a mecânica de lançamentos contábeis. • Realizar uma incursão exploratória nas modalidades de lançamentos e nos aspectos informativos e legais que os envolvem. • Identificar incorreções de escrituração e aplicar métodos adequados para saná-las. • Compreender e interpretar a estrutura hierárquica de representação do patrimônio por meio das contas. • Identificar as diversas naturezas das contas e associá-las à sua representação. • Reconhecer e entender a complexidade do patrimônio e a estrutura de trocas de informação. Conteúdos • Funções da Contabilidade e seus usuários. • Contabilidade aplicada às diversas necessidades administrativas. • Planificação contábil. • Características das contas nos grupos do Ativo. • Ativos quanto à sua capacidade de realização. UNIDADE 2 86 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE • Características das contas nos grupos do Passivo. • Passivos quanto à sua característica de exigibilidade. • Características das contas nos grupos do Patrimônio Líquido. • Patrimônio Líquido quanto à sua natureza. • Contas de Resultado. • Escrituração ou mecânica contábil. • Livros contábeis, fiscais e societários. • Lançamento, fórmulas e razonetes. • Erros de escrituração: estorno, complementação, reclassificação e redação. • Exercício econômico. • Balancetes de Verificação: duas e seis colunas. • Ética Profissional. Orientações para o estudo da unidade Antes de iniciar o estudo desta unidade, leia as orientações a seguir: 1) Não se limite ao conteúdo deste material didático, busque outras informações em sites confiáveis e/ou nas referências bibliográficas apresentadas ao final de cada unidade. Lembre-se de que, na modalidade EaD, o engajamento pessoal é um fator determinante para o seu crescimento intelectual. 2) Tenha sempre à mão o significado dos conceitos explicitados no Glossário e suas ligações pelo Esquema dos Conceitos-Chave para o estudo de todas as unidades deste material. Isso poderá facilitar sua aprendizagem e seu desempenho. 3) Leia as informações práticas para facilitar o estudo desta unidade, tais como os objetivos que pretendemos atingir ao desenvolvê-la. Lembre-se ainda que a sua participação pode significar a diferença entre ler conteúdo ou transformar conhecimentos em ferramentas de trabalho importantes para sua vida profissional. 4) Para fundamentar seus conhecimentos, é importante que você analise e compreenda os exemplos, a fim de obter um melhor entendimento do 87© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE texto apresentado. Não deixe dúvidas para trás, afinal, elas o impedirão de caminhar com sucesso. 5) É importante, também, que você procure ler com atenção os conteúdos desta unidade, pois eles serão imprescindíveis à sua prática. Ademais, não deixe de anotar as ideias principais que encontrar. 6) Lembre-se que os balancetes são ótimas ferramentas para sintetizar movimentações extensas ou mesmo encontrar erros de classificação. Desse modo, use-os sem economia. 88 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 1. INTRODUÇÃO Na Unidade 1 você pode conhecer a trajetória e o crescimento da Contabilidade na história das organizações. Além disso, identificou que a profissão de contador é regulamentada pelos órgãos competentes e que essa regulamentação rege às normas e condutas da profissão. Ao estudar a Unidade 2, você interpretará a Contabilidade como um instrumento de organização da informação no ambiente empresarial. Apresentaremos as características de natureza das contas contábeis e o seu relacionamento como células que culminam na formação do patrimônio. A escrituração é uma técnica contábil que consiste em registrar, por ordem cronológica, todos os fatos administrativos que ocorrem no patrimônio das entidades. Os fatos administrativos são escriturados pela Contabilidade aplicando-se um conjunto de regras com uniformidade. O Método das Partidas Dobradas criado por Luca Paccioli, é a forma mais difundida e universalmente aceita para a escrituração dos fatos administrativos. Ele consiste no princípio de que todo débito em uma conta gera, simultaneamente, um crédito em outra. Da mesma maneira, em um lançamento, a soma dos débitos será igual à soma dos créditos ou, ainda, a soma dos saldos devedores será igual à soma dos saldos credores. Vale a pena conhecer alguns conceitos acerca do que vem a ser débito e crédito em Contabilidade. 89© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Pois bem! Utilizando uma linguagem simples da terminologia contábil, podemos afirmar que o débito assume conotações distintas. A mais expressiva e significante é aquela que o define como representando os elementos positivos dentro do contexto patrimonial. Em contrapartida, ou seja, na linguagem comum e não contábil, a palavra “débito” significa “dívida”, “situação negativa”, “estar em débito com alguém” ou “dever para alguém”. Portanto, você sempre deve ter esse conceito em mente, pois, quando o aluno iniciante no curso de Contabilidade não se conscientiza disso, dificilmente consegue aceitar que o débito pode representar os elementos patrimoniais positivos. Em se tratando do crédito, temos que na linguagem comum, pode significar uma situação positiva, o que dá direito às pessoas comprarem a prazo em estabelecimentos comerciais. Já na terminologia contábil, o termo “crédito” também pode possuir alguns significados diferentes. Desse modo, as mesmas observações que fizemos para a palavra “débito” podem ser aplicadas ao termo “crédito”. 2. CONTEÚDO BÁSICO DE REFERÊNCIA O Conteúdo Básico de Referência apresenta, de forma sucinta, os temas abordados nesta unidade. Para sua compreensão integral, é necessário um estudo criterioso dos conteúdos apresentados no Conteúdo Digital Integrador. 90 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.1. TRANSAÇÕES ECONÔMICO-FINANCEIRAS REPRESENTA- DAS NA CONTABILIDADE O conjunto de acontecimentos que constituem a dinâmica patrimonial é proveniente dos atos e fatos administrativos. Atos administrativos são ocorrências que não alteram diretamente o patrimônio, restringindo-se à troca de valores no âmbito de contas patrimoniais, ou seja, não geram modificação nas contas de resultado. Por exemplo: transferência de mercadorias para a produção, transferência de funcionários entre departamentos etc. Fatos administrativos são ocorrências que alteram o patrimônio, trocando (permutando) seus valores ou modificando o Patrimônio Líquido. Assim, eles podem ser permutativos e modificativos. • Fatos permutativos são os que provocam variações dos elementos do Ativo e do Passivo, sem influenciar o resultado ou a situação líquida da empresa (lucro ou prejuízo). Dessa forma, podemos dizer que esse tipo de fato altera a qualidade do patrimônio sem alterar sua quantidade. • Fatos modificativos produzem alterações na situação líquida do patrimônio, ou seja, geram lucro ou prejuízo através do uso das contas de resultado. Podemos afirmar então, que fatos modificativos ocorrem por meio de contas de resultado, sendo responsáveis pela apuração da situação líquida do patrimônio (lucro ou prejuízo). No caso de representarem lucro, serão fatos modificativos aumentativos do patrimônio.91© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Por outro lado, se representarem prejuízo, serão fatos modificativos diminutivos do patrimônio. Estrutura do Patrimônio e seus componentes A seguir apresentaremos os principais conceitos da estrutura contábil. Patrimônio é uma palavra latina que significa “bens originários dos pais”. Na antiguidade, estava associado às posses de uma família, posses estas que garantiam a manutenção da vida. Por exemplo, um rebanho, a terra, sementes, entre outros, eram necessidades que deviam ser registradas e controladas para que não houvesse fome. Com o passar dos tempos, a ampliação do comércio, o início da era industrial e, finalmente, com a ascensão do capitalismo, o patrimônio passou a ser a denominação do conjunto de Bens, Direitos e Obrigações pertencentes a uma organização. Dadas as afinidades entre os termos que compõem o patrimônio, é interessante conceituá-los para que se possa fazer perfeita distinção entre eles. 1) Bem: pela ótica econômica, é produto que possui utilidade, prazer ou satisfação. Pela ótica financeira, é todo produto suscetível de avaliação em dinheiro e que satisfaz uma necessidade humana. 2) Bens de capital ou simplesmente Capital: são utilizados pelas indústrias e fazendas, na produção de outros bens (máquinas, terra agricultável etc.). 92 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 3) Capital financeiro: representado pelo meio de troca, ou seja, o papel moeda (dinheiro). Dinheiro não representa riqueza, especificamente, mas, sim, a capacidade de uma empresa ou indivíduo de adquirir bens de capital ou bens de consumo. É apenas uma medida representativa de riqueza, e não propriamente a riqueza. 4) Bens de consumo: são aqueles resultantes do processo produtivo, e que se destinam diretamente ao consumo do homem. 5) Recursos econômicos: são classificados como recursos de propriedade e recursos humanos. Recursos de propriedade são os naturais (terra, materiais) ou os artificiais (máquinas, insumos de produção) que produzem bens. 6) Poupança: é tudo o que deriva da capacidade de trabalho, mas não é consumido, e, sim, revertido como reserva para aproveitamento futuro. 7) Direito: representa a oportunidade futura de obtenção de recursos. Essa oportunidade, normalmente, tem sua origem na venda sem o recebimento pecuniário de um bem ou serviço. 8) Obrigações: representam compromissos futuros de pagamento. Esse compromisso, geralmente, origina-se da aquisição de um bem ou serviço, sem o desembolso da respectiva quantia pecuniária. 9) Patrimônio Líquido: é o nome dado à diferença obtida entre os fluxos de entrada e de saída de capital na empresa. É obtido pela seguinte equação: BENS + DIREITOS – OBRIGAÇÕES = PATRIMÔNIO LÍQUIDO. 93© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 10) Bens e direitos: são representados no Balanço Patrimonial como ativos. Todas as entradas de capital são registradas, por convenção, do lado Direito do quadro. 11) Obrigações: são representadas no Balanço Patrimonial como passivos. Todas as saídas de capital são registradas, por convenção, do lado esquerdo do quadro. 12) Patrimônio Líquido: pode ser definido como a diferença entre o valor do Ativo e do Passivo em um determinado momento de uma entidade. As fontes do Patrimônio Líquido podem ser provenientes de: • Investimentos: efetuados pelos proprietários em troca de ações, quotas ou outras participações. • Lucros: acumulados na entidade como fonte (adicional) de financiamento. A seguir serão apresentadas as possíveis situações líquidas: Situação 1 O resultado apurado é o lucro Nessa situação, existem recursos suficientes para pagamento de todas as obrigações contraídas, ou seja, existe riqueza própria. Situação 2 O resultado apurado é o prejuízo Nessa configuração, há “Passivo a descoberto”, ou seja, as obrigações contraídas são superiores ao volume de riqueza própria. 94 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Situação 3 A situação é neutra Essa configuração corresponde a uma situação teórica que raramente poderia ocorrer na prática, já que, pelos volumes aleatórios de compra e venda, uma empresa dificilmente teria igualdade em seus volumes de negócios. Estados patrimoniais No Balanço Patrimonial, o Ativo representa os Bens e os Direitos, enquanto o Passivo representa todas as obrigações. O Balanço Patrimonial reflete a posição financeira de uma empresa em um determinado momento. É constituído por duas colunas: a coluna do lado direito é denominada Passivo e Patrimônio Líquido, a coluna do lado esquerdo é denominada Ativo. O Balanço Patrimonial tem suas contas dinâmicas, ou seja, elas variam o saldo em relação ao tempo. Isso quer dizer que, a cada momento, o saldo pode estar diferente. O diferencial entre o Ativo e o Passivo sempre será dado pelo Patrimônio Líquido. Considerando que as somas dos dois lados do Balanço sempre devam ser iguais. Resumindo, o patrimônio constitui-se de uma parte representativa de bens e direitos denominada Ativo, e de uma parte representativa de obrigações denominada Passivo. A diferença entre Ativo e Passivo é denominada Patrimônio Líquido e representa os investimentos dos sócios para a abertura 95© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE da empresa, assim como os resultados obtidos (lucro ou prejuízo) nas operações. Ativo O Ativo representa o conjunto de Bens e Direitos da entidade, a parte positiva do patrimônio. É tudo aquilo que a entidade possui ou que tem a receber de terceiros. São exemplos de direitos a receber de terceiros: duplicatas, promissórias, aluguéis etc. Os elementos que compõem o Ativo são revestidos de algumas características especiais, tais como: apresentar potencialidade de gerar benefícios econômicos para a entidade, ser um recurso econômico, ser de propriedade ou estar na posse de alguma entidade e ser mensurável monetariamente. Assim, todo o elemento Ativo que não seja mais útil à entidade e, portanto, tenha perdido sua capacidade de gerar fluxo de caixa, não deve ser classificado como um elemento Ativo. Os bens são divididos em tangíveis (bens materiais com forma física e palpável) e intangíveis: (têm como principal característica a virtualidade, ou seja, a inexistência de corpo físico). O valor dos bens tangíveis é determinado intrinsecamente pelo valor de aquisição, ou extrinsecamente pelo valor que podem alcançar no mercado. Já o valor dos bens intangíveis está vinculado a uma capacidade tangível, que pode ser orçada em termos financeiros. 96 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Uma patente, por exemplo, é um bem intangível que pode representar o direito de reproduzir um bem de consumo. Assim, o que dita o valor da patente é a expectativa de seu proprietário em obter recursos financeiros a partir da utilização da tecnologia contida na patente ou de outorgar a um terceiro o direito de explorar essa tecnologia. O Código Civil Brasileiro distingue os bens em móveis, dos bens imóveis. Como bens móveis temos: animais, máquinas, equipamentos, estoques de mercadoria, entre outros. Bens imóveis são os vinculados ao solo e que não podem ser retirados sem destruição ou danos, tais como: edifícios, árvores, entre outros. Passivo O Passivo representa todas as obrigações financeiras que uma empresa tem com terceiros provenientes de transações passadas, realizadas a prazo, com data de vencimento e beneficiário certo e conhecido.Dessa forma, os valores representados no Passivo referem-se a capitais de terceiros, que, tendo vendido a prazo, emprestaram recursos para a empresa, gerando uma obrigação desta para com eles. Do lado do Passivo, encontra-se o Patrimônio Líquido, configurando também uma obrigação da empresa (pessoa jurídica) com seus sócios (pessoas físicas). O Passivo, portanto, abrange o capital de terceiros, o capital próprio e suas variações presentes no Patrimônio Líquido. 97© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Patrimônio e Patrimônio Líquido Patrimônio é o conjunto de Bens, Direitos e Obrigações vinculados a uma pessoa física ou jurídica, com finalidade definida e mensurável economicamente. O Patrimônio Líquido consiste na diferença entre a soma dos Bens e dos Direitos, subtraindo-se as Obrigações. É formado pelo capital próprio da entidade, constituído pelos valores aportados pelos sócios para a constituição da empresa, adicionados dos resultados obtidos pelas operações. A Contabilidade analisa o patrimônio sob o aspecto qualitativo e quantitativo. Qualitativamente, o patrimônio é estudado sob os aspectos da terminologia típica de cada um dos elementos que o compõe, tais como: bens numerários (caixa e bancos), bens de venda (mercadorias, produtos acabados e matéria-prima), bens de renda (veículos e imóveis para alugar) e bens de uso (máquinas e equipamentos, materiais úteis e ferramentas). Quantitativamente, os componentes patrimoniais são estudados pelo valor financeiro que representam. Esse valor refere-se ao custo histórico de sua aquisição, quando se trata de bens e obrigações, valor representativo da venda, quando se trata de mercadorias ou produtos e custo histórico de aporte de capital, quando se trata do capital. Graficamente o patrimônio é representado pelo Balanço Patrimonial, no qual, do lado esquerdo encontra-se o Ativo e do lado direito encontra-se o Passivo o Patrimônio Líquido. 98 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Estruturação e classificação de grupos do Ativo De acordo com a legislação que regulamenta as Sociedades por Ações, as contas do Ativo devem ser alocadas em ordem decrescente do Grau de Liquidez (capacidade de pagamento), enquanto as contas do Passivo devem ser alocadas de acordo com o Grau de Exigibilidade. Podemos visualizar essa obrigação no Balanço Patrimonial, instrumento contábil que indica a situação financeira, econômica e patrimonial de uma entidade e no qual as contas são classificadas nos seguintes grupos: Ativo Circulante O Ativo Circulante é composto pelos Bens e Direitos que irão ser convertidos em dinheiro, no prazo de até 12 meses. Divide-se nos subgrupos: Disponível ou Disponibilidades, Realizável a curto prazo ou Direitos, Estoques e Despesas Antecipadas ou Despesas do Exercício Seguinte. Vejamos cada um deles. 1) Disponível: composto pelas exigibilidades imediatas, representadas pelas contas de caixa, bancos conta movimento, cheques para cobrança e aplicações no mercado aberto. Exemplos: caixa, bancos e fundo de aplicação financeira. 2) Realizável a Curto Prazo: alocam os direitos a receber no prazo de até 12 meses. Exemplos: impostos a recuperar, duplicatas a receber ou clientes, (-) duplicatas descontadas, (-) Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa. Estas duas últimas contas representam contas retificadoras da conta duplicatas a 99© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE receber ou clientes e são classificadas no Ativo, tendo saldos credores, por isso são demonstradas com o sinal negativo (-). 3) Estoques: representam os bens destinados à venda e que variam de acordo com a atividade da entidade. Exemplos: produtos acabados, produtos em elaboração, matérias-primas e mercadorias. 4) Despesas Antecipadas: compreende as despesas pagas antecipadamente que serão consideradas como custos ou despesas no decorrer do exercício seguinte. Exemplos: seguros a vencer, aluguéis a vencer e encargos a apropriar. Ativo Não Circulante O Ativo Não Circulante é um grupo composto pelos seguintes subgrupos: Realizável a Longo Prazo, Investimentos, Imobilizado e Intangível. 1) Realizável a Longo Prazo: é composto pelos direitos que serão recebidos após o término do exercício seguinte, isto é, após 12 meses. Exemplos: duplicatas a receber (+12 meses), aluguéis a receber e contas a receber. Independentemente do prazo, ainda são classificadas nesse grupo, de acordo com a Lei das S.A., as seguintes contas: adiantamentos a sócios, adiantamentos a acionistas, empréstimos a coligadas, empréstimos a controladas etc. 2) Investimento: são todas as aplicações de recursos que não têm por finalidade o objetivo principal da entidade. Exemplos: imóveis para aluguel, terrenos para expansão, ações em outras empresas, participação 100 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE em empresas coligadas, participação em empresas controladas e obras de arte. 3) Imobilizado: representam as aplicações de recursos em bens instrumentais que servem de meios para que a entidade alcance seus objetivos. Os bens materiais sofrem depreciação, os bens imateriais sofrem amortização e os terrenos sofrem exaustão. Exemplos: veículos, máquinas e equipamentos, imóveis, embarcações, marcas e patentes e direitos autorais. 4) Intangível: representado por bens que possuem a ine- xistência de corpo físico. Estruturação e classificação dos grupos do Passivo Passivo Circulante O Passivo Circulante é composto por todas as obrigações com prazo de vencimento em até 12 meses. Exemplos: fornecedores, duplicatas a pagar, salários a pagar, provisão para férias, provisão para imposto de renda e empréstimos bancários. Passivo Não Circulante O Passivo Não Circulante representa as obrigações com prazo de vencimento após 12 meses. Exemplos: empréstimos bancários e financiamentos. Nesse grupo, também são classificadas as seguintes contas: adiantamentos de sócios, adiantamentos de acionistas, empréstimos de coligadas e empréstimos de controladas. 101© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE São apresentadas também neste grupo as receitas recebidas antecipadamente, também conhecidas como Resultados de Exercício Futuro, que, de acordo com o regime de competência, pertence ao exercício futuro. Exemplos: receita antecipada e custos atribuídos à receita antecipada. Estruturação e classificação do Patrimônio Líquido Patrimônio Líquido Representa o capital que pertence aos proprietários. Exemplos: capital social, reservas de capital, reservas de lucros (legal, estatutária, contingência) e prejuízos acumulados. 1) Capital Social: discrimina o valor subscrito e o valor que ainda será realizado pelos sócios ou acionistas. 2) Reservas de Capital: são as contas que registram doações recebidas, eventualmente, pela entidade. No caso de sociedades anônimas, o ágio na emissão de ações, o produto da alienação de partes beneficiárias, entre outras. 3) Reservas de Lucros: são as contas constituídas pela apropriação de lucro da empresa. 4) Prejuízos Acumulados: registra o resultado negativo da entidade, pois o positivo deve ser distribuído. 2.2. MECÂNICA CONTÁBIL A Contabilidade é obtida a partir de lançamentos contábeis. 102 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Os lançamentos contábeis são realizados com o objetivo de documentar as transações financeiras das empresas. Ela se preocupa em guardar toda a história de movimentações ocorridasdurante um Exercício Contábil, que dura um ano e que, geralmente, acompanha o ano civil, ou seja, vai de janeiro a dezembro. Há casos, entretanto, de exercícios contábeis que consideram outros meses do ano, como por exemplo, de abril a março. Como padrão, a Contabilidade considera alguns elementos básicos que compõem os lançamentos contábeis e que são julgados como suficientes para que, no futuro, esses lançamentos sejam corretamente interpretados. Lançamentos Consideramos como elementos de um lançamento contábil: 1) Data da transação. 2) Conta(s) de Débito. 3) Conta(s) de Crédito. 4) Histórico. 5) Valor financeiro da transação. Um lançamento contábil alimenta uma Conta Contábil, que é a menor divisão do patrimônio. Para efeito de controle, ele é dividido em pequenas partes, cada uma correspondendo respectivamente a um tipo diferente de bem, direito ou obrigação. 103© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Por exemplo, dizemos que dinheiro é um bem e, como um bem, faz parte do Ativo. O Ativo é composto de uma série grande de bens, e cada um deles corresponde a uma conta. O mesmo ocorre no Passivo e no Patrimônio Líquido. Isso significa que uma conta armazena valores da mesma espécie. Os lançamentos atendem a duas funções: histórica, consiste na narração do fato em ordem cronológica (dia, mês, ano e local) e monetária, compreende o registro da expressão monetária dos fatos e o seu agrupamento conforme a natureza de cada um. Eles devem ser escriturados de acordo com algumas disposições técnicas, tais como: evidenciar o local e a data do registro, a(s) conta(s) debitada(s), a(s) conta(s) creditada(s), o histórico da operação e o valor da operação. Fórmulas de lançamentos Há quatro fórmulas para registrar os fatos contábeis, de acordo com o número de contas debitadas e creditadas. 1ª Fórmula: uma conta debitada e outra creditada. Exemplo: Recebimento de duplicatas no valor de R$ 1.000,00 em dinheiro. D: Caixa..........................................R$ 1.000,00 C: Duplicatas a Receber.................R$ 1.000,00 104 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2ª Fórmula: uma conta debitada e mais de uma conta creditada. Exemplo: Recebimento de duplicatas no valor de R$ 1.000,00 mais 10% de juros devido ao atraso no pagamento efetuado pelo cliente em dinheiro. D: Caixa..........................................R$ 1.100,00 C: Duplicatas a Receber...................R$ 1.000,00 C: Juros Ativos....................................R$ 100,00 3ª Fórmula: mais de uma conta debitada e uma conta creditada. Exemplo: Pagamento a fornecedores em dinheiro no valor de R$ 1.000,00 mais juros de 10% devido ao atraso no pagamento. D: Fornecedores........................R$ 1.000,00 D: Juros Passivos..........................R$ 100,00 C: Caixa.....................................R$ 1.100,00 4ª Fórmula: mais de uma conta debitada e mais de uma conta creditada. Exemplo: Compra de mercadorias no valor de R$ 1.000,00 e de móveis no valor de R$ 1.500,00 com pagamento de 50% à vista e o restante a prazo. D: Mercadorias......................R$ 1.000,00 D: Móveis e Utensílios...........R$ 1.500,00 C: Caixa..................................R$ 1.250,00 C: Duplicatas a Pagar.............R$ 1.250,00 105© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.3. PLANIFICAÇÃO CONTÁBIL A escrituração contábil, ou seja, o registro dos fatos que ocorrem nas empresas e modificam seu patrimônio, são realizados a partir da utilização das contas contábeis. Elas são apresentadas no Plano de Contas e servem como suporte aos profissionais da área contábil. O Plano de Contas envolve todas as contas previstas como necessárias aos registros dos fatos contábeis de uma empresa. Em razão disso, o Plano de Contas assume o papel de instrumento de consulta para o profissional da área contábil. Nele, estão determinados os parâmetros a serem seguidos para decidir qual a origem e qual a aplicação de cada evento contábil. O plano ainda oferece a vantagem de uniformização das contas utilizadas em cada registro, além de orientar a estrutura das Demonstrações Contábeis. Desse modo, o objetivo central do plano é estabelecer normas de conduta para o registro das operações da organização. Portanto, na sua elaboração, devem ser considerados três objetivos fundamentais: • Atender às necessidades de informações da administração da entidade. • Observar um formato compatível com os princípios contábeis e com a norma legal que regula a elaboração do Balanço Patrimonial e das demais Demonstrações Contábeis, ou seja, a Lei nº 11.638/07. 106 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE • Adaptar-se tanto quanto possível às exigências dos agentes externos à entidade, como, por exemplo, os fornecedores, os bancos, os órgãos fiscais, a auditoria externa e, particularmente, as regras da legislação do Imposto de Renda. O plano completo deve apresentar os seguintes elementos: 1) Título das contas. 2) Classificação quanto ao grupo e subgrupo. 3) Função. 4) Relação entre os grupos ou mesmo entre as contas. 5) Normatização para registro de novas contas. 6) Critérios de codificação e previsão de derivações das contas. O título de cada conta deve expressar o significado adequado das operações nela registradas, considerando-se que as Demonstrações Contábeis originárias da escrituração contábil não serão utilizadas apenas por usuários internos, mas também por usuários externos, como bancos, e, no caso de Sociedades Anônimas de capital aberto, por acionistas e investidores. Dessa forma, quanto mais detalhado for o Plano de Contas, melhor será sua interpretação pelos diversos usuários da informação contábil. A classificação das contas é dada em grupos que permitem a comparação entre si, evidenciando a proporcionalidade entre Bens, Direitos e Obrigações. O Plano de Contas deve atender às necessidades da empresa e ser elaborado segundo normas técnicas. 107© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Essa normatização está presente na lei que rege as Sociedades Anônimas e que, por conseguinte, atende, também, às empresas que são constituídas de formas distintas das Sociedades Anônimas, mas que devem atender às mesmas exigências legais com relação à prestação de contas. Nesse sentido, fica evidente a importância de um Plano de Contas devidamente estruturado. No momento da elaboração do Plano de Contas devem ser determinados os níveis hierárquicos entre elas. Eles têm como objetivo, estabelecer graus de dependência entre as contas. Assim, a dependente deve ter sempre classificação inferior com relação à principal, bem como saldos desdobrados. Normalmente, são empregados dois graus: • Conta sintética ou principal (1º grau). • Conta analítica ou derivada (2º grau). Por exemplo: 1.1 Ativo Circulante – sintética 1.1.01.01 Caixa Principal – analítica Cada conta deve ser identificada por um código que poderá ser numérico ou alfabético ou ainda, utilizar a combinação de letras e números que a distingue das demais, reproduzindo sempre os graus de relacionamento hierárquico existentes. Por exemplo: 1. Ativo 1.1 Ativo Circulante 1.1.1 Caixa Empresa 108 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE O plano varia de acordo com a natureza da operação da entidade e não pode ser inflexível. Portanto, ele deve permitir não apenas alterações que tenham como finalidade reproduzir o dinamismo do mercado em que a empresaatua, como também modificações nas legislações comercial e fiscal, assim como nas normas e métodos que regulam a atividade empresarial. Nesse contexto, faz-se necessária a apresentação de um Plano de Contas padrão possível de ser utilizado pela maioria das empresas brasileiras, o qual deve conter as contas mais usuais, quanto de modelos mais específicos e direcionados a cada tipo de empresa. A criação de novas contas, o cancelamento de algumas e o desdobramento de outras devem ser permissíveis pelo plano, o que permitirá que os registros acompanhem a evolução dos fatos e permitam a melhor reprodução da dinâmica de mercado. Para ilustrar a organização do Plano de Contas, segue uma estrutura com as contas mais usuais. Plano de Contas––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 1. ATIVO 1.1 Circulante 1.1.01 Disponível 1.1.01.01 Caixa 1.1.01.01.01 Caixa 1.1.01.02 Banco conta Movimento 1.1.01.02.01 Banco do Brasil S/A. 109© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 1.1.01.02.02 Banco Itaú S/A. 1.1.01.02.03 Banco Bradesco S/A. 1.1.01.03 Aplicações Financeiras 1.1.01.03.01 Banco do Brasil S/A. 1.1.01.03.02 Banco Itaú S/A. 1.1.01.03.03 Banco Bradesco S/A. 1.1.02 Clientes 1.1.02.01 Cliente X 1.1.02.02 Cliente Y 1.1.03 Duplicatas a receber 1.1.04 (-) Duplicatas descontadas 1.1.05 (-) Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa 1.1.06 Adiantamento a fornecedores 1.1.06.01 Fornecedor X 1.1.07 Adiantamento a Empregados 1.1.07.01 Adiantamento Salarial 1.1.08 Títulos a receber 1.1.08.01 Nota Promissória a receber 1.1.09 Impostos Diversos a Compensar 1.1.09.01 ICMS a recuperar 1.1.09.02 IPI a recuperar 1.1.09.03 IRRF a recuperar 1.1.09.04 CSLL a recuperar 1.1.09.05 PIS a recuperar 1.1.09.06 INSS a recuperar 1.1.09.07 COFINS a recuperar 110 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 1.1.09.08 Outros tributos a recuperar 1.1.10 Estoques 1.1.10.01 Mercadoria para Revenda 1.1.10.02 Produtos em elaboração 1.1.10.03 Matéria Prima 1.1.10.04 Material de Embalagem 1.1.10.05 Materiais de Uso/Consumo. 1.1.10.06 Insumos para a Produção 1.1.11 Títulos e valores mobiliários 1.1.11.01 Depósito P/ incentivo fiscal 1.1.12 Despesas Antecipadas 1.1.12.01 Juros s/empréstimos de capital de giro 1.1.12.02 Juros s/financiamento Imobilizados 1.1.12.03 Despesas Financeiras 1.1.12.04 Seguros 1.1.12.05 Vale Transporte 1.1.12.06 Outras 1.2 Não Circulante 1.2.01 Realizável a Longo Prazo 1.2.01.01 Aplicações em Incentivos Fiscais 1.2.02 Investimentos 1.2.02.01 Participação empresas ações diversas 1.2.02.02 Outros Investimentos 1.2.03 Imobilizado 1.2.03.01 Terrenos 1.2.03.02 Móveis e Utensílios 111© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 1.2.03.03 (-) Depreciação Móveis e Utensílios 1.2.03.04 Instalações 1.2.03.05 (-) Depreciação Instalações 1.2.03.06 Máquinas, equipamentos e ferramentas 1.2.03.07 (-) Depreciação maquinas, equipamentos e ferramentas 1.2.03.08 Computadores e periféricos 1.2.03.09 (-) Depreciação Computadores 1.2.03.10 Veículos 1.2.03.11 (-) Depreciação de Veículos 1.2.03.12 Imóveis 1.2.03.13 (-) Depreciação de Imóveis 1.2.04 Intangíveis 1.2.04.01 Marcas e Patentes 1.2.04.02 (-) Amortização Marcas e Patentes 1.2.04.03 Pesquisa e desenvolvimento 1.2.04.04 (-) Amortização Pesquisa e Desenvolvimento 1.2.04.05 Direitos Autorais 1.2.04.06 (-) Amortização sobre direitos Autorais 2. PASSIVO 2.1 Circulante 2.1.01 Obrigações Operacionais 2.1.01.01 Salários a Pagar 2.1.01.02 Fornecedores 2.1.01.03 Duplicatas a Pagar 2.1.01.04 Empréstimos e Financiamentos 112 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.1.01.05 Imposto a pagar / Recolher 2.1.01.06 Títulos a pagar 2.1.01.07 Encargos Sociais a Recolher 2.1.01.08 Outros Títulos a Pagar 2.1.01.09 Aluguéis a Pagar 2.1.01.10 Água e Luz a Pagar 2.1.01.11 Dividendos Propostos a Pagar 2.2 Não Circulante 2.2.01 Exigível a Longo Prazo 2.2.01.01 Promissórias a Pagar de Longo Prazo 2.3 Patrimônio Liquido 2.3.01 Capital Social 2.3.01.01 Capital Subscrito 2.3.01.02 (-) Capital a Integralizar 2.3.02 Reservas de Capital 2.3.02.01 Ágio na emissão de Ações 2.3.02.02 Alienação de partes beneficiárias 2.3.03 Reservas de Reavaliação (saldos de 2007) 2.3.04 Ajustes de Avaliação Patrimonial 2.3.05 Reservas de Lucros 2.3.05.01 Reserva Legal 2.3.05.02 Reserva Estatutária 2.3.05.03 Reserva para Contingências 2.3.05.04 Reservas de Incentivos Fiscais 2.3.05.05 Reserva de Retenção de Lucros 2.3.05.06 Reserva de Lucros a Realizar 113© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.3.05.07 Reserva Especial p/ Dividendos Obrigatórios Não Distribuídos 2.3.06 (-) Ações em Tesouraria 2.3.07 (-) Prejuízos Acumulados 2.3.07.01 Lucros do Exercício 2.3.07.02 (-) Prejuízos do Exercício 3. DESPESAS 3.1 Custos diretos da produção e custos das mercadorias 3.1.01 Custos dos produtos vendidos 3.1.01.01 CPV 3.1.02 Custos das Mercadorias Vendidas 3.1.02.01 CMV 3.02 Despesas Operacionais 3.2.01 Despesas Administrativas 3.2.01.01 13º Salário 3.2.01.02 Adicional Noturno 3.2.01.03 Água / Esgoto 3.2.01.04 Alimentação 3.2.01.05 Aluguéis e Arrendamento 3.2.01.06 Assistência médica / social 3.2.01.07 Associação de Classe 3.2.01.08 Contribuição / Donativos 3.2.01.09 Correios 3.2.01.10 Depreciação / Amortização 3.2.01.11 Despesas com manutenção da loja 3.2.01.12 Farmácia 114 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 3.2.01.13 Férias 3.2.01.14 FGTS 3.2.01.15 Gás 3.2.01.16 Horas Extras 3.2.01.17 Impostos e Taxas 3.2.01.18 Impressos 3.2.01.19 Indenizações / Aviso Prévio 3.2.01.20 INSS 3.2.01.21 Legais e Judiciais 3.2.01.22 Luz 3.2.01.23 Materiais de Consumo 3.2.01.24 Multas de trânsito 3.2.01.25 Multas Fiscais 3.2.01.26 Pró-Labore Administração 3.2.01.27 Propaganda e Publicidade 3.2.01.28 Reproduções 3.2.01.29 Revistas e Jornais 3.2.01.30 Salários e Ordenados 3.2.01.31 Seguros 3.2.01.32 Serviços Terceiros pessoa Física 3.2.01.33 Serviços Terceiros pessoa Jurídica 3.2.01.34 Telefone 3.2.01.35 Vale Transporte 3.2.01.36 Viagens e representações 3.2.02 Despesas Comerciais 3.2.02.01 Perdas Estimadas com Créditos de Liquidação Duvidosa 115© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 3.2.02.02 Amostra grátis 3.2.02.03 Combustível 3.2.02.04 Comissões de Venda 3.2.02.05 Embalagens 3.2.02.06 Frete na entrega 3.2.02.07 Imposto s/ veículos 3.2.02.08 Manutenção de veículos 3.2.02.09 Propaganda e Publicidade 3.2.03 Despesas Financeiras 3.2.03.01 Encargos e Juros de Mora 3.2.03.02 Despesas Bancárias 3.2.03.03 CPMF 3.3 Despesas não operacionais 4. RECEITAS 4.1 Receita Bruta S/ vendas e serviços 4.1.01 Receita Bruta de Vendas 4.1.01.01 Revenda de mercadorias 4.1.02 Receita Bruta de Serviços 4.1.02.01 Prestação de Serviços 4.2 Dedução de receita bruta de vendas / serviços 4.2.01 Dedução de receita bruta de vendas 4.2.01.01 Cancelamento de devoluções 4.2.01.02 Abatimento incondicional 4.2.01.03 ICMS 4.2.01.04 COFINS 4.2.01.05 PIS s/vendas e serviços 116 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 4.2.02 Dedução de receita bruta s/ serviços 4.2.02.01 ISS 4.3 Receitaoperacional 4.3.01 Receita Financeira 4.3.01.01 Variação monetária ativa 4.3.01.02 Juros s/aplicações financeiras 4.3.01.03 Descontos obtidos 4.3.01.04 Receita de aplicações pré-fixadas 4.3.01.05 Multas ativas 4.3.01.06 Dividendos 4.3.01.07 Juros s/ duplicatas 4.3.02 Recuperações diversas 4.3.02.01 Reembolsos diversos 4.3.02.02 Venda de sucatas 4.3.03 Receitas Patrimoniais 4.3.03.01 Resultado de venda de bens 4.4 Receita de Participações Societárias 4.4.01 Receita em Participações com Empresas Coligadas 4.4.01.01 Receita de Participações Societárias 4.5 Outras Receitas não operacionais 5. CONTAS TRANSITÓRIAS 5.1 Resultado do Exercício 5.1.01 Apuração de resultado 5.1.01.01 Resultado do exercício 5.1.01.02 Resultado com mercadorias –––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––––– 117© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.4. CONTAS PATRIMONIAIS As contas patrimoniais possuem a característica de terem saldos dinâmicos. Isso significa que no transcorrer do ano contábil, elas terão saldos flutuantes com números que podem aumentar ou diminuir. Os saldos das contas patrimoniais são transferidos de um ano para outro e procuram representar a evolução econômica e financeira através das transações comerciais desenvolvidas pela empresa. Podemos identificar alguns exemplos de contas contábeis classificadas nesse grupo com base na análise de um Plano de Contas devidamente estruturado. Nesse sentido, citamos a seguir algumas contas que servem de exemplos de contas patrimoniais e a sua caracterização dentro do grupo ao qual pertence. No grupo do Ativo Circulante, por exemplo, temos a conta contábil que representa o dinheiro que a empresa tem em seu caixa, expresso na conta contábil Caixa. O dinheiro disponível em contas bancárias nas quais a empresa possui uma conta corrente é representado na conta contábil denominada Bancos Conta Movimento. Vale observar que essas contas são, normalmente, discriminadas pelo nome da instituição bancária propriamente dita, especificando assim, a conta que deve ser movimentada quando da escrituração de um fato contábil que a utilize. Outros exemplos de contas patrimoniais do grupo do Ativo Circulante são aquelas que representam os tributos que a 118 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE empresa tem o direito de recuperar, ou seja, de reaver quando da escrituração fiscal. Geralmente os saldos dessas contas são gerados com base na não cumulatividade de alguns tributos, ou seja, no benefício gerado por conta dessa modalidade de apuração do tributo. Nesse grupo de contas encontramos, por exemplo, o ICMS a Recuperar, o IPI a Recuperar, o PIS a Recuperar, a COFINS a Recuperar entre outras. Esse é um grupo de contas que merece atenção quando do seu estudo, especialmente na contabilização das operações mercantis de compra e venda, nas quais os tributos são incidentes e geram movimentação. Estoques Esse é outro grupo de contas patrimoniais de muita representatividade. Nele, são apresentados os saldos contábeis de todos os estoques que a empresa possui independentemente da sua categoria. Seu controle é feito por intermédio da Contabilidade, em registros contábeis de entrada e saída, e, fisicamente, por meio do almoxarifado, que deve manter um controle em conformidade com as políticas da empresa, confrontando com periodicidade o saldo físico com o contábil. Como exemplos temos: 1) Estoque de Mercadoria para Revenda. 2) Produtos em Elaboração. 3) Matéria-prima. 119© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 4) Material de Embalagem. 5) Materiais de Uso e Consumo. Já o grupo do Ativo Não Circulante contempla um conjunto de contas patrimoniais de especial relevância nos estudos da Contabilidade. Nele encontramos registrado todo o imobilizado da empresa, lembrando que o imobilizado é composto por bens utilizados na sua operação. Como exemplos temos: 1) Móveis e Utensílios. 2) Máquinas, Equipamentos e Ferramentas. 3) Computadores e Periféricos. 4) Veículos. Uma observação em relação a esse grupo de contas é que todo componente patrimonial nele registrado sofre um processo de desvalorização por conta da sua utilização. A isso, denominamos depreciação. Essa depreciação é acumulada e representa uma despesa para a empresa. Sendo assim, a Contabilidade deve registrar essa depreciação, apresentando seu valor sempre abaixo do valor do componente (imobilizado) depreciado. Temos, portanto, a depreciação dos Móveis e Utensílios, das Máquinas, Equipamentos e Ferramentas, dos Computadores e Periféricos, dos Veículos e assim por diante. 120 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Nas contas do Passivo também observamos particularidades, sendo elas apresentadas distintamente nos grupos Circulante e Não Circulante. Como o Passivo representa as obrigações da empresa, é claro que nesse grupo de contas encontramos as obrigações operacionais expressas por meio das contas contábeis como: 1) Salários a Pagar. 1) Fornecedores. 2) Duplicatas a Pagar. 3) Empréstimos e Financiamentos. 4) Imposto a Recolher etc. Uma observação a ser feita diz respeito à nomenclatura da conta Impostos a Recolher. Na verdade, a empresa apura e repassa o valor dos impostos aos cofres públicos Municipais, Estaduais ou Federais. Nesse sentido, a expressão “a Recolher” é mais coerente, pois as empresas estão recolhendo e não pagando o tributo. Afinal, esses tributos são repassados e não propriamente devidos pelas empresas. Alguns impostos que configuram essa explicação são: 1) ICMS (Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e intermunicipal e de Comunicação e Energia Elétrica). 2) IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). 3) ISS (Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza). 4) IE (Imposto de Exportação). 121© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE No Passivo Não Circulante temos as contas que representam obrigações da empresa a longo prazo, daí a expressão “Não Circulante”. São obrigações exigíveis em um longo período de tempo, ou seja, mais de um exercício social. Um exemplo seria a conta contábil Promissórias a Pagar de Longo Prazo. O Patrimônio Líquido é o último grande grupo de contas patrimoniais. Nele podemos identificar algumas contas como a que representa o Capital Social que a empresa foi constituída. As reservas e o resultado das atividades da empresa também são apresentados nesse grupo de contas. Como exemplos destacamos as reservas constituídas a partir do lucro: 1) Reserva Legal. 2) Reserva Estatutária. 3) Reserva para Contingências. 4) Reservas de Incentivos Fiscais. A Lei nº 11.638/07 que regulamenta as Sociedades por Ações (S.A.) estabelece que as contas do Ativo devem ser alocadas em ordem decrescente de acordo com seu Grau de Liquidez, ou seja, sua capacidade de pagamento, ao passo que as contas do Passivo devem ser alocadas de acordo com o Grau de Exigibilidade, ou seja, necessidade de desembolso. O Balanço Patrimonial precisa representar essa obrigatoriedade e desse modo, sempre será organizado de tal forma que as contas do Ativo estejam posicionadas da mais líquida para a menos líquida. 122 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Da mesma forma, as contas do Passivo relacionadas aos prazos de vencimento, devem estar posicionadas da mais urgente para a menos urgente. As contas patrimoniais estão,portanto, organizadas em grupos obedecendo sua liquidez e sua exigibilidade. Características das contas nos grupos do Ativo Os componentes do Ativo representam os Bens e os Direitos da empresa e possuem como característica os saldos evolutivos e não apenas acumulativos. Isso significa que os saldos dessas contas são dinâmicos e podem aumentar e diminuir, considerando as transações que ocorrerem. Ativos quanto à sua capacidade de realização A realização de um Ativo significa a sua conversão em dinheiro, considerado o bem mais líquido. Isso significa que quanto mais rápido converter um bem em dinheiro, maior será o Grua de Liquidez. Em Contabilidade classifica-se como de Curto Prazo ou Circulante, toda transação liquidada no período de 12 meses, enquanto que os ativos que serão liquidados após 12 meses, são classificados como de Longo Prazo ou Não Circulante. Como você pode imaginar, se um ativo for conversível em dinheiro em longo prazo, ele será menos líquido que o ativo conversível em curto prazo. Ativos pertencentes ao grupo do Imobilizado não são conversíveis em dinheiro, uma vez que são bens de capital e são utilizados na atividade-fim, ou seja, nas operações da empresa. Se 123© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE esses ativos fossem vendidos, a empresa ficaria impossibilitada de operar ou teria sua capacidade de operação reduzida. Entretanto, em determinadas circunstâncias, ativos pertencentes ao grupo do Imobilizado são vendidos. Isso acontece nos casos em que o bem não serve mais para a operação a que se destina em virtude de sua obsolescência ou de sua depreciação. Um bem totalmente depreciado não é necessariamente obsoleto. Nesse caso, o bem totalmente depreciado pode ser vendido para uma empresa que não demande um bem novo. Características das contas nos grupos do Passivo A totalidade dos valores que irão compor o Passivo deve estar atualizada até a data do balanço, acrescida de todos os juros devidos e não pagos até aquela data. São características do Passivo: 1) Requerer um dispêndio de dinheiro futuro. 2) Ser resultado de uma transação do passado. 3) Ser passível de mensuração ou de aproximação razoável. 4) Ter contrapartida no Ativo, nas Despesas ou no próprio Passivo/Patrimônio Líquido. Passivos quanto à sua característica de exigibilidade Todo passivo possui uma característica que determina sua necessidade de pagamento. Por essa razão, é considerado um desembolso ou um exigível. 124 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE A liquidação desses valores que constam no Passivo normalmente ocorre em favor do Governo, na forma dos tributos, em favor de fornecedores pelos produtos ou Bens de Capital que forneceram e em favor de instituições financeiras quando representam tomada de capital financeiro. Essas pessoas detêm a posse do capital que se encontra na empresa. Logo, podemos afirmar que o Passivo representa as dívidas da empresa para com terceiros, as quais também são denominadas de Capital de Terceiros. Os exigíveis são classificados pela sua necessidade de desembolso. Essa característica é determinada pelo tempo para pagamento. Conforme a definição que já expusemos, os exigíveis que devem ser amortizados ou quitados dentro de 12 meses são classificados Curto Prazo ou Circulante. Acima de 12 meses os exigíveis são classificados Longo Prazo ou Não Circulante. Características das contas nos grupos do Patrimônio Líquido O Patrimônio Líquido pode ser encontrado por meio da diferença entre o Ativo e o Passivo. Usualmente, ele é interpretado como uma obrigação da empresa para com os seus proprietários. Embora não haja a obrigação do reembolso de sua aplicação, esses sócios terão direito aos lucros auferidos pelas atividades empresariais. Desse modo temos no lado da origem ou fontes dos recursos, dois tipos de obrigações: 125© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE • Obrigações Exigíveis: capital de terceiros. • Obrigações Não Exigíveis: capital próprio. Patrimônio Líquido quanto à sua natureza O Patrimônio Líquido demonstra o total de recursos aplicados na empresa pelos proprietários. As aplicações dos proprietários normalmente são compostas pelo Capital Social e pelos lucros retidos, ou seja, pela parte do lucro não distribuída aos donos, mas reinvestida na empresa. Conforme a legislação brasileira, o Patrimônio Líquido é dividido, além do Capital Social, em Reservas (destinos específicos para o lucro não distribuído) e outros itens. Entretanto, para simplificação contábil, o ideal é ver o Patrimônio Líquido como investimentos dos donos da empresa, ou seja, o quanto os proprietários aplicaram nela. A seguir, estudaremos outro tipo de conta: as Contas de Resultado. 2.5. CONTAS DE RESULTADO As Contas de Resultado, diferentemente das Contas Patrimoniais não têm seu saldo dinâmico, mas sim cumulativo. Isso significa que os saldos dessas contas apenas crescem com o passar do exercício financeiro, o que se deve ao fato de elas servirem ao propósito de medir o montante gerado em despesas e receitas. 126 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Esses montantes podem ser observados através das contas de Receitas, que representam entrada de capital, e Despesas, que geram saída de capital. Ao final do exercício, confrontando-se o montante de receitas com o montante de despesas, obtém-se o Resultado do Exercício, que pode ser lucro (se o total das receitas for superior ao total das despesas) ou prejuízo (se ocorrer o contrário). Dessa forma, realiza-se a documentação dessa movimentação puramente contábil transferindo-se os saldos das contas de Despesas e de Receitas para uma conta transitória, denominada de Resultado do Exercício. As contas de Despesa sempre possuirão saldos devedores, logo, receberão débitos de forma cumulativa até o final do exercício, quando serão zeradas. Da mesma forma, as contas de Receita sempre possuirão saldos credores, logo, receberão créditos de forma cumulativa até o final do exercício, quando serão zeradas. Assim, as contas de resultado não transferem saldos para o ano subsequente, diferentemente das contas patrimoniais, que transferem seus saldos de um ano para outro. Quando é efetuado o controle de estoques, a empresa apura, conjuntamente a ele, o custo das mercadorias, dos produtos ou dos serviços. Esse custo é expresso na conta CMV – Custo das Mercadorias Vendidas, sendo ela um exemplo de conta de resultado. Se a empresa não for uma indústria, ou seja, se não produzir efetivamente um bem, ela poderá ser classificada como comércio ou prestadora de serviços. 127© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE O que diferencia uma da outra é, basicamente, o objeto de trabalho da empresa, a finalidade com que foi constituída: indústria, comércio ou prestação de serviços. Encontramos outras despesas que compõem o elenco de contas dessa natureza. Como exemplo, podemos observar grupos específicos de despesas, como as Despesas Financeiras, as Despesas Comerciais e as Despesas Administrativas. Alguns exemplos são: 1) 13º Salário, Adicional noturno. 2) Água e Esgoto. 3) Alimentação. 4) Correios. 5) Depreciação/Amortização/Exaustão. 6) Farmácia. 7) Impressos. 8) Energia Elétrica. 9) Revistas e Jornais. 10) Telefone. 11) Combustível etc. Com relação às receitas, dizemos que estas podem ser geradas a partir de algumas operações distintas, sendo obtidas, basicamente, pela venda de produtos ou de mercadorias, bem como pela prestação de serviços.No entanto, as receitas não se limitam a essas fontes. Identificamos, também, outras formas de obtenção de renda para a empresa gerando receitas, as quais são perfeitamente 128 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE perceptíveis ao se obter um rendimento sobre aplicações bancárias ou ao se vender outros bens da empresa, como o imobilizado em desuso ou a venda de sucatas. Como exemplos temos as seguintes contas: 1) Venda de Mercadorias. 2) Prestação de Serviços. 3) Variação Monetária Ativa. 4) Juros sem Aplicações Financeiras. 5) Venda de Sucatas etc. 2.6. ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL OU MECÂNICA CONTÁBIL De acordo com o art. 1.179 do Código Civil Brasileiro, todas as empresas estão obrigadas a seguir um sistema de Contabilidade com base na escrituração uniforme dos seus livros, em correspondência com a documentação que as identifique. Existem diversos processos para registrar os fatos administrativos na Contabilidade tais como: manual (escrituração manuscrita), mecanizada (efetuada em máquinas datilográficas comuns) e eletrônica (com a utilização de softwares aplicativos). Mas, independentemente da forma de escrituração, os livros sempre serão constituídos a partir delas. No processo eletrônico, atualmente o mais difundido, os lançamentos são introduzidos por digitação e processados por um programa de computador que poderá, a qualquer momento, fornecer as informações contábeis. Essas informações podem ser, por exemplo, guias para o pagamento de tributos, folha de pagamento, relatórios de 129© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE contas a receber e a pagar, relatórios gerenciais, sínteses de movimentações, demonstrativos de Fluxo de Caixa etc. Você consegue perceber a abrangência que a escrituração exerce nas empresas? Sem ela, não é possível fazer o acompanhamento da evolução patrimonial ocorrida durante um exercício social. Quando falamos de Contabilidade, não podemos nos esquecer de que ela pode ser considerada um grande sistema de informação. Nesse contexto, a maneira ideal de divulgar as informações é por meio de relatórios, também conhecidos como livros. 2.7. LIVROS CONTÁBEIS, FISCAIS E SOCIETÁRIOS Para registrar os fatos administrativos que alteram o patrimônio e atender às obrigações das legislações comercial, tributária, trabalhista e previdenciária, as empresas, independentemente de sua natureza jurídica, utilizam-se dos diversos livros contábeis de escrituração. Alguns dos livros não são obrigatórios, mas normalmente são escriturados pelas empresas no sentido de representar um esforço de melhor administrar, e por isso também são escriturados. 2.8. LANÇAMENTO O lançamento é o registro dos fatos contábeis realizados por meio do Método das Partidas Dobradas. 130 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Aqui, a partida devedora é representada pela aplicação do recurso, e a partida credora é representada pela origem do recurso. Ao elaborar um lançamento contábil, este deve atender a duas funções específicas: a função histórica que narra o fato em ordem cronológica, e a função monetária que expressa monetariamente o fato em evidência. Além disso, os lançamentos devem ser registrados seguindo algumas disposições técnicas, representadas por cinco componentes básicos, a saber: data, conta devedora, conta credora, histórico e valor da operação. Por exemplo: compra de mercadorias à vista de “Nepomuceno e Filhos Ltda.” no dia 10 de agosto de 20XX, conforme nota Fiscal 578 no valor de R$ 42.000,00. Fórmulas de lançamentos Dispomos de quatro maneiras distintas para registrar os acontecimentos contábeis em função do número de contas debitadas e creditadas utilizadas no lançamento, as quais são denominadas de fórmulas. 1ª Fórmula: uma conta debitada e outra creditada Recebimento de duplicatas em dinheiro no valor total de R$ 5.000,00. D: Caixa C: Duplicatas a Receber.....................................R$ 5.000,00 131© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2ª Fórmula: uma conta debitada e mais de uma conta creditada Recebimento de duplicatas em dinheiro no valor de R$ 5.000,00 somando-se 10% de juros em razão do atraso no pagamento por parte do cliente. D: Caixa...........................................R$ 5.500,00 C: Duplicatas a Receber..................R$ 5.000,00 C: Juros Ativos....................................R$500,00 Observe o desdobramento dos créditos. Os R$ 500,00 representam os juros cobrados de pessoas que adquiriram produtos da empresa, mas pagaram em atraso a duplicata. Esse valor não faz parte da duplicata em si, mas representa encargos financeiros. Por essa razão deve ser representado na Contabilidade em separado. Veja que, embora os valores dos créditos estejam desdobrados, sua soma é igual ao valor do débito. 3ª Fórmula: mais de uma conta debitada e uma conta creditada Pagamento a fornecedores no valor de R$ 6.000,00 em dinheiro, mais juros de 5% devido ao atraso no pagamento. D: Fornecedores...............................R$ 6.000,00 D: Juros Passivos.................................R$ 300,00 C: Caixa............................................R$ 6.300,00 Observe o desdobramento dos débitos. Ao contrário do exemplo da 2ª Fórmula, nesse caso pagam-se juros em vez de receber. 132 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Da mesma forma, os juros não integram o valor da fatura. Por essa razão, devem ser representados em separado. Note que mesmo com o desdobramento, a soma dos débitos é igual ao crédito. 4ª Fórmula: mais de uma conta debitada e mais de uma conta creditada Compra de mercadorias no valor de R$ 1.000,00 e de móveis no valor de R$ 2.000,00 com pagamento de 50% à vista e o restante a prazo. D: Mercadorias ...............................R$ 1.000,00 D: Móveis e Utensílios.....................R$ 2.000,00 C: Caixa............................................R$ 1.500,00 C: Duplicatas a Pagar.......................R$ 1.500,00 Observe o desdobramento dos débitos. Uma única compra refere-se a duas qualidades distintas de ativos: Mercadorias que vão para os Estoques e Móveis que é imobilizado e por isso devem ser registrados em separado. Pelo lado do crédito, o Caixa representa a parcela paga à vista, isto é, um desembolso imediato. Já a conta Duplicatas a Receber vai figurar como uma obrigação no Passivo até o efetivo pagamento. Assim, como nos outros casos, observe que, embora os valores dos débitos e dos créditos estejam desdobrados, a soma dos créditos é igual à soma dos débitos. Não podemos nos esquecer de que todo esse processo de escrituração está embasado em alguns passos que devem 133© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE ser rigorosamente seguidos, caso contrário o lançamento não atingirá seu objetivo. • 1º passo: verificar o local e a data da ocorrência do fato. • 2º passo: verificar o documento emitido para comprovar a operação. • 3º passo: identificar, no fato, os elementos patrimoniais envolvidos. • 4º passo: verificar, no Plano de Contas, quais contas serão utilizadas para registrar cada um dos elementos patrimoniais identificados no passo anterior. • 5º passo: preparar o histórico do evento. • 6º passo: identificar a conta a ser debitada e a conta a ser creditada. • 7º passo: efetuar o lançamento contábil. Para uma melhor visualização dessa dinâmica, apresentamos a você uma sequência de fatos gerados pela escrituração contábil por meio dos lançamentos. Lançamento– exemplos 10/01 – Três amigos resolveram organizar uma empresa à qual denominaram “Comercial Três Amigos Ltda.” com um capital integralizado no ato em moeda corrente do país no valor de R$ 35.000,00. As primeiras operações (fatos) dessa empresa foram as seguintes: D: Caixa..............................................................R$ 35.000,00 C: Capital Social..................................................R$ 35.000,00 134 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 12/01 – Compra de um imóvel no valor de R$ 30.000,00 pagos da seguinte maneira: R$ 3.000,00 em dinheiro e o restante mediante uma nota Promissória com vencimento para 90 dias. D: Imóveis..........................................................R$ 30.000,00 C: Caixa................................................................R$ 3.000,00 C: Promissórias a Pagar......................................R$ 27.000,00 14/01 – Compra à vista dos móveis necessários à instalação da empresa no valor de R$ 3.000,00. D: Móveis e Utensílios.......................................R$ 3.000,00 C: Caixa..............................................................R$ 3.000,00 16/01 – Foram comprados da “Cia. 123 S.A.” por R$ 8.500,00 a prazo, alguns equipamentos necessários ao bom funcionamento da empresa. D: Máquinas e Equipamentos............................R$ 8.500,00 C: Fornecedores.................................................R$ 8.500,00 18/01 – Abertura de uma conta corrente em um estabelecimento bancário com um depósito inicial de R$ 1.000,00. D: Bancos Conta Movimento..................................R$ 1.000,00 C: Caixa....................................................................R$ 1.000,00 24/01 – Pagamento em dinheiro de parte da dívida contraída na compra dos equipamentos no valor de R$ 5.000,00. 135© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE D: Fornecedores......................................................R$ 5.000,00 C: Caixa....................................................................R$ 5.000,00 26/01 – Os sócios resolveram aumentar o capital da empresa em R$ 100.000,00 integralizado em dinheiro. D: Caixa...................................................................R$ 100.000,00 C: Capital Social......................................................R$ 100.000,00 28/01 – Compra de peças para manutenção que abastecerão o estoque no valor de R$ 17.000,00 à vista com pagamento em dinheiro. D: Estoques...............................................................R$ 17.000,00 C: Caixa.....................................................................R$ 17.000,00 01/02 – Compra de um terreno no valor de R$ 20.000,00 onde futuramente será construído um barracão que servirá de depósito da empresa com pagamento à vista. D: Terrenos................................................................R$ 20.000,00 C: Caixa......................................................................R$ 20.000,00 05/02 – Aquisição de um veículo que será utilizado pelo setor comercial no valor de R$ 18.000,00 sendo pagos R$ 6.000,00 à vista em dinheiro e o restante em duas parcelas iguais de R$ 6.000,00 cada uma mediante a emissão de duplicatas. D: Veículos................................................................R$ 18.000,00 136 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE C: Caixa........................................................................R$ 6.000,00 C: Duplicatas a Pagar.................................................R$ 12.000,00 09/02 – Obtenção de empréstimo bancário no valor de R$ 15.000,00. D: Bancos Conta Movimento...................................R$ 15.000,00 C: Empréstimo Bancário a Pagar..............................R$ 15.000,00 11/02 – Compra de mesas, cadeiras e estantes para o escritório no valor de R$ 7.000,00 pagos em cheque. D: Móveis e Utensílios.............................................R$ 7.000,00 C: Bancos Conta Movimento...................................R$ 7.000,00 14/02 – Depósito bancário no valor de R$ 10.000,00 D: Bancos Conta Movimento................................R$ 10.000,00 C: Caixa.................................................................R$ 10.000,00 Razonetes Também denominados de “contas T”, os razonetes servem para representar a razão contábil de forma simplificada. O Livro Razão serve para controlar separadamente, de forma individualizada, o movimento do saldo das contas. O controle individualizado das contas é importante para se conhecer a estrutura e a composição do seu saldo em diversos 137© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE momentos, possibilitando o rastreamento de lançamentos, a apuração de resultados e a elaboração de relatórios contábeis. Uma das vantagens do razonete é sua simplicidade gráfica, que auxilia a visualização da dinâmica do lançamento e, consequentemente, o aprendizado da Contabilidade. Os razonetes funcionam como “contas correntes”, ou seja, seus saldos sempre são atualizados com base nos lançamentos realizados durante o período. Nas Contas Patrimoniais eles recebem os saldos anteriores. Já, nas Contas de Resultado eles são abertos no início de cada exercício social com saldos zerados. Lembrando que, cada conta tem seu razonete específico! Nesse momento, como não haverá mais lançamento, é necessário apurar o saldo contábil de cada conta movimentada, apresentando, assim, a situação patrimonial da empresa após alguns meses de operação. Além disso, é preciso estar atento ao equilíbrio contábil, ou seja, o total dos saldos das contas com saldos devedores deve ser igual ao total das contas com saldos credores. 2.9. ERROS DE ESCRITURAÇÃO Os erros de escrituração devem ser corrigidos mediante a retificação do lançamento por meio do estorno, da complementação e da reclassificação. O estorno é utilizado quando ocorre um erro de lançamento que obriga o contador a excluí-lo. 138 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Assim, há a necessidade de inutilizar esse lançamento, realizando outro ao contrário. Por exemplo: considerando uma aquisição à vista de móveis e utensílios que, de fato, não se concretizou, temos: Lançamento incorreto D: Móveis e Utensílios C: Caixa.......................................R$ 3.500,00 Histórico: Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.”. Estorno para correção D: Caixa C: Móveis e Utensílios...................R$ 3.500,00 Histórico: Estorno do lançamento referente a Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.” processado em 00/00/0000 lançado indevidamente. A complementação é efetuada para corrigir o valor registrado anteriormente, aumentando-o ou reduzindo-o. Por exemplo: se o lançamento for processado incorretamente com um valor menor, deverá ser feita uma complementação. Retomando o exemplo de aquisição de móveis e utensílios, temos: Lançamento incorreto D: Móveis e Utensílios C: Caixa......................................R$ 3.000,00 Histórico: Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.”. 139© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Correção D: Móveis e Utensílios C: Caixa.......................................R$ 500,00 Histórico: Valor complementar referente à Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.” lançada a menor em 00/00/0000. Reclassificação A reclassificação regulariza o lançamento da conta debitada ou creditada indevidamente por meio da transposição do valor para a conta adequada. Por exemplo, caso haja a classificação incorreta de uma conta em um lançamento de aquisição à vista de umitem de Móveis e Utensílios classificado incorretamente em Veículos, o lançamento será apresentado da seguinte maneira: Lançamento Incorreto D: Veículos C: Caixa.......................................R$ 3.500,00 Histórico: Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.”. Correção D: Móveis e Utensílios C: Veículos...................................R$ 3.500,00 Histórico: Valor referente à Nota Fiscal 930 de “Irmãos Gouvêa Ltda.” classificada incorretamente e lançada em 00/00/0000. 140 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.10. EXERCÍCIO ECONÔMICO A atividade de gestão administrativa das entidades é contínua, mas é necessário estabelecer períodos de geralmente um ano, coincidindo com o ano civil, para obter informações sobre as situações patrimonial, econômica e financeira em determinados períodos. Ao final desse exercício, apura-se o valor do patrimônio e oferece-se essa informação à fiscalização. É de acordo com ela que os impostos sobre a atividade econômica são calculados e recolhidos após a declaração de ajuste. A Lei nº 11.638/07, que regulamenta as entidades constituídas em forma de Sociedades por Ações (S.A.), estabelece que seus balanços devem ter periodicidade de um ano, sem fixar a época em que devem iniciar e terminar os períodos administrativos. Os meses mais comuns de apuração do balanço são dezembro ou abril. A legislação do Imposto de Renda estabelece que os balanços apresentados com base no pagamento do imposto, incidente sobre a atividade econômica, devem compreender o período de 12 meses e encerrar-se no dia 31 de dezembro de cada ano. No entanto, esse período pode ser inferior a 12 meses caso a entidade tenha sido constituída no decorrer do ano calendário, ou seja, caso a empresa tenha iniciado suas atividades em junho, optando pela apuração do balanço em dezembro, a primeira apuração será realizada com seis meses de operação. 141© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE Dessa forma, denomina-se exercício econômico o período de gestão em que são registrados os fatos de natureza econômica utilizados para informar o resultado do desempenho administrativo, evidenciando lucro ou prejuízo. As entidades sem fins lucrativos, nas quais predominam registros contábeis de pagamentos e de recebimentos, como, por exemplo, a União, os Estados, os Municípios e o Terceiro Setor, trabalham com o período administrativo de gestão denominado de exercício financeiro. As organizações sem fins lucrativos, as filantrópicas e as de cunho social, como as Organizações não Governamentais (ONGs), são chamadas de Terceiro Setor por não estarem compreendidas ao cunho econômico (Segundo Setor) ou governamental (Primeiro Setor). Um exemplo desse tipo de organização é a Ação Educacional Claretiana, mantenedora deste curso. 2.11. BALANCETES DE VERIFICAÇÃO Todas as empresas têm, mensalmente, dezenas de transações, as quais são registradas na Contabilidade pelo método das partidas dobradas, em que, para cada lançamento de débito efetuado, deve haver um lançamento de crédito correspondente, de forma que o valor total de débitos deve ser sempre igual ao valor total dos créditos em cada lançamento. Consequentemente, a qualquer momento, a soma dos saldos devedores da Contabilidade de uma organização deve ser exatamente igual à soma dos saldos credores. Para que seja possível verificar se os fatos administrativos foram lançados corretamente dentro do esperado pelo sistema 142 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE de partidas dobradas, produz-se um demonstrativo contábil chamado de Balancete de Verificação. Preparar um balancete consiste em relacionar todas as contas da Contabilidade de uma organização que tenham saldo diferente de zero, colocando, em colunas apropriadas, o valor do saldo de cada uma delas. A estrutura dos Balancetes de Verificação varia em função da necessidade e da acuracidade com que os dados devem ser evidenciados. Em termos gerais, os balancetes mais usuais são os construídos com duas ou seis colunas. O balancete de duas colunas é o mais simples. Ele representa apenas os saldos das contas contábeis em um determinado período. O balancete de seis colunas mostra a evolução do saldo das contas do mês anterior para o mês corrente. Os Balancetes de Verificação podem ser extraídos a qualquer tempo. Entretanto, o procedimento mais usual é o de preparar balancetes mensais acerca da posição financeira da companhia para conhecimento e informação da administração. Algumas empresas preferem preparar balancetes apenas trimestralmente e outras, semestralmente. Com o modelo de Balancete de Verificação de seis colunas não é diferente, afinal, mantém-se a igualdade patrimonial existente tanto na movimentação do período quanto nos saldos finais após a movimentação mensal em análise. 143© FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE 2.12. DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS As demonstrações e os relatórios constituem a fase de saída do sistema de informações contábeis e compreendem todas as demonstrações contábeis exigidas pela legislação vigente em nosso país. Essa legislação compreende os dispositivos legais da Lei nº 6.404, de 15/12/1976, e alterações pela Lei nº 11.638, de 28/12/2007 e pela Lei nº 11.941, de 27/05/2009. Tal legislação faz as seguintes referências à publicação das Demonstrações Contábeis: • As demonstrações de cada exercício serão publicadas com a indicação dos valores correspondentes das demonstrações do exercício anterior. • As demonstrações serão complementadas por Notas explicativas e outros quadros analíticos ou demonstrações contábeis necessárias para esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. Em função da globalização dos mercados com o advento do Mercosul e do interesse por parte de novos investidores internacionais orientados por analistas de mercado, dois novos demonstrativos entraram em vigor desde a publicação da Lei 11.638/2007. Agora, obrigatórios, eles vêm sendo divulgados pelas empresas e já foram institucionalizados. São eles: a Demonstração de Fluxo de Caixa – DFC, que veio substituir a Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR) e a Demonstração do Valor Adicionado (DVA), por ser 144 © FUNDAMENTOS DA CONTABILIDADE UNIDADE 2 – INFORMAÇÃO, PATRIMÔNIO E PRÁTICA DA CONTABILIDADE de natureza mais econômica e recomendada pela ONU, por influência da comunidade europeia que já adota esse relatório. Vale destacar que temos as demonstrações mencionadas anteriormente. Balanço Patrimonial O Balanço Patrimonial é a demonstração contábil destinada a evidenciar, quantitativa e qualitativamente, a posição patrimonial e financeira da entidade em determinada data. Ele representa o patrimônio da empresa de forma estática e discrimina, ordenadamente, os valores observados no encerramento do exercício social, em forma crescente de liquidez no Ativo e em forma crescente de exigibilidades no Passivo. Essa demonstração deve, ao ser elaborada, obedecer alguns aspectos legais e técnicos, os quais apresentamos a seguir: • Dentre outras determinações pertinentes à espécie, as legislações comercial e tributária obrigam sua elaboração pelo menos uma vez por ano de atividade, ou seja, ao encerrar um exercício social. • Tecnicamente, não é conveniente que a data do levantamento seja concomitante com a época de maior movimento comercial ou produtivo. De acordo com a representação gráfica do Patrimônio apresentada a seguir, identifica-se como é elaborado e apresentado um Balanço Patrimonial, balanço este publicado
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