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unid_2 sistema de tratamento de agua e esgoto

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Unidade II
Agora, serão abordados os procedimentos para conceituação e dimensionamento de estações de 
tratamento de esgoto sanitário.
5 CONTEXTUALIZAÇÃO PARA ESGOTOS SANITÁRIOS
Os projetos de estações de tratamento de esgoto sanitário (ETE) são baseados na NBR 12209:1992 
(projeto de estações de tratamento de esgoto sanitário). Para aplicação da NBR 12209, complementam‑na:
• NBR 9648:1986 (Estudo de concepção de sistema de esgoto sanitário – procedimento);
• NBR 9649:1986 (Projeto de redes coletoras de esgoto sanitário – procedimento);
• NBR 12207:1992 (Projeto de interceptores de esgoto sanitário – procedimento);
• NBR 12208:1992 (Projeto de estações elevatórias de esgoto sanitário – procedimento).
Esses efluentes, além da carga de impurezas em diferentes granulometrias que são características 
físicas, possuem características químicas e biológicas específicas e de difícil desestabilização para remoção 
e, por isso, carecem de sistemas específicos que tratam a água por meio de reações bioquímicas, que 
propiciam, assim, a remoção de partículas não removíveis ou muito caras de se remover, em sistemas 
físico‑químicos de tratamento, como é o caso de ETAs.
Também, devido à composição intrínseca dos esgotos, os lodos ou material sedimentado proveniente 
das ETEs possuem grande carga orgânica e atividade biológica, contendo microrganismos patogênicos, 
além de químicos ativos (não completamente oxidados), ou seja, é um resíduo sólido que exige maior 
atenção que os lodos de ETAs, havendo necessidade de sua desinfecção antes da disposição final.
É importante ressaltar que os esgotos normalmente são tratados a nível para disposição final em solo 
ou lançamento em corpos d’água, sempre atendendo à legislação específica, sendo atualmente a Resolução 
n. 430/2011 e legislações estaduais pertinentes, como o Decreto 8.468/76 no Estado de São Paulo. Em alguns 
casos, é possível, após seu tratamento, reaproveitamento para usos menos nobres, como lavagem de pisos 
e irrigação de jardins, regida por legislações propostas pela vigilância sanitária, como no caso da Resolução 
Conjunta SES/SMA/SSRH Nº 01 de 28 de junho de 2017, que rege o assunto no Estado de São Paulo.
Como informação sobre normas da ABNT, a NBR 13969:1997 (Tanques sépticos – unidades de 
tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos – projeto, construção e operação) 
traz, além de parâmetros de melhoria do efluente final, parâmetros para reuso, resumidos no quadro e 
na tabela a seguir:
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SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
Quadro 2 – Classes de água de reuso segundo seu uso preponderante
Classe Usos preponderantes
1 Lavagem de carros; outros usos que requerem o contato direto com a água, com possível aspiração de aerossóis pelo operador, incluindo chafarizes
2 Lavagem de pisos, calçadas e irrigação de jardins; manutenção dos lagos e canais para fins paisagísticos, exceto chafarizes
3 Reuso nas descargas dos vasos sanitários
4 Reuso nos pomares, cereais, forragens, pastagem para gado; outros cultivos através de escoamento superficial ou sistema de irrigação pontual
Adaptada de: ABNT (1997).
Tabela 17 – Critérios de parâmetros de qualidade de água de reuso segundo sua classe
Parâmetro Classe 1 Classe 2 Classe 3 Classe 4
Turbidez (UT) <5 <5 <10 ‑
Cter (NMP/100mL) <200 <500 <500 <5000
SDT (mg/L) <200 ‑ ‑ ‑
pH 6 a 8 ‑ ‑ ‑
Cloro residual (mg/L) 0,5 a 1,5 >0,5 ‑ ‑
Oxigênio dissolvido (mg/L) ‑ ‑ ‑ >2
Cter: coliformes termotolerantes
pH: Potencial hidrogeniônico
SDT: Sólidos dissolvidos totais
Adaptada de: ABNT (1997).
Já a NBR 15527:2007 (Água de chuva – aproveitamento de coberturas em áreas urbanas para fins não 
potáveis – requisitos), dá os parâmetros para construção e operação de sistema para aproveitamento de 
água pluviais. Essa norma fornece os requisitos para o aproveitamento de água de chuva de coberturas 
em áreas urbanas para fins não potáveis. Aplica‑se a usos não potáveis em que as águas de chuva 
podem ser utilizadas após tratamento adequado como, por exemplo, descargas em bacias sanitárias, 
irrigação de gramados e plantas ornamentais, lavagem de veículos, limpeza de calçadas e ruas, limpeza 
de pátios, espelhos d’água e usos industriais.
Quanto à NBR 7229:1993 (projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos) fixa 
as condições exigíveis para projeto, construção e operação de sistemas de tanques sépticos, incluindo 
tratamento e disposição de efluentes e lodo sedimentado. Tem por objetivo preservar a saúde pública e 
ambiental, a higiene, o conforto e a segurança dos habitantes de áreas servidas por esses sistemas.
Por fim, existem várias formas e níveis de tratamento de esgotos sanitários, cada um com suas 
características iniciais e necessidades finais dadas por legislação ou normas aplicáveis.
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 Lembrete
O reuso de esgotos tratados é limitado conforme parâmetros normativos 
e legais, inclusive para águas pluviais, observado o fato de haver, no mínimo, 
necessidade de cloração para desinfecção.
5.1 Generalidades e definições
Com base na NBR 12209, serão expostas as condições exigíveis para a elaboração de projeto 
hidráulico‑sanitário de estações de tratamento de esgoto sanitário (ETE), observada a regulamentação 
específica das entidades responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento do sistema de esgoto 
sanitário, aplicada aos seguintes processos de tratamento:
• separação de sólidos por meios físicos;
• filtração biológica;
• lodos ativados;
• tratamento de lodo.
Também, a NBR 12209 faz as seguintes definições:
• Acessório (válvulas, comportas, medidores): dispositivo mecânico de regulagem, distribuição, 
interrupção ou medição do fluxo.
• Altura mínima de água: altura da lâmina de líquido contido em uma unidade de tratamento, 
medida a partir da superfície livre até o final do paramento vertical das paredes laterais, quando 
a unidade opera com sua vazão de dimensionamento.
• Eficiência do tratamento: redução percentual dos parâmetros de carga poluidora promovida 
pelo tratamento.
• Estação de tratamento de esgoto (ETE): conjunto de unidades de tratamento, equipamentos, 
órgãos auxiliares, acessórios e sistemas de utilidades cuja finalidade é a redução das cargas 
poluidoras do esgoto sanitário e condicionamento da matéria residual resultante do tratamento.
• Fator de carga: relação entre a massa de demanda bioquímica de oxigênio (DBO5) fornecida por dia 
ao processo de lodos ativados e a massa de sólidos em suspensão (SS) contida no tanque de aeração.
• Idade do lodo ou detenção celular: tempo médio, em dias, de permanência no processo de uma partícula 
em suspensão; numericamente igual à relação entre a massa de sólidos em suspensão voláteis.
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• Sólidos suspensos voláteis (SSV) ou sólidos suspensos (SS): é a massa de impurezas contida no 
tanque de aeração, sendo a massa de SSV ou SS descartada por dia é o excesso de lodo.
• Lodo: suspensão aquosa de substâncias minerais e orgânicas separadas no processo de tratamento.
• Lodo biológico: lodo produzido em um processo de tratamento biológico.
• Lodo estabilizado: lodo não sujeito à putrefação.
• Lodo misto: mistura de lodo primário e lodo biológico.
• Lodo primário: lodo resultante da remoção de sólidos em suspensão do esgoto afluenteà ETE.
• lodo seco: lodo resultante de uma operação de desidratação.
• Operação unitária: procedimento de que resulta transformação física do esgoto ou da matéria 
residual do tratamento.
• Órgão auxiliar (canais, caixas, vertedores, tubulações): dispositivo fixo pelo qual flui esgoto 
sanitário ou lodo.
• Processo unitário: procedimento de que resulta transformação química ou biológica do esgoto ou 
da matéria residual do tratamento.
• Processo de tratamento: conjunto de técnicas aplicadas em uma ETE, compreendendo operações 
unitárias e processos unitários.
• Relação alimento versus microrganismos: relação entre a massa de DBO5 fornecida por dia ao 
processo de lodos ativados e a massa de SSV contida no tanque de aeração.
• Relação de recirculação: relação entre a vazão de recirculação e a vazão média afluente à ETE.
• Sistema de utilidade (água potável, combate a incêndio, distribuição de energia, drenagem pluvial): 
instalação permanente que supre necessidade acessória indispensável à operação da ETE.
• Taxa de aplicação hidráulica: relação entre a vazão afluente a uma unidade de tratamento e a área 
horizontal sobre a qual é distribuída.
• Taxa de aplicação de sólidos: relação entre a massa de sólidos em suspensão, introduzida em uma 
unidade de tratamento, e a área sobre a qual é aplicada, por unidade de tempo.
• Taxa de escoamento superficial: relação entre a vazão do efluente líquido de uma unidade de 
tratamento e a área horizontal sobre a qual é distribuída.
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• Taxa de utilização de substrato: relação entre a massa de DBO5, removida por dia no processo, e a 
massa de SSV, contida no tanque de aeração.
• Tempo de detenção hidráulica: relação entre o volume útil de uma unidade de tratamento e a 
vazão afluente.
• Unidade de tratamento: qualquer das partes de uma ETE cuja função seja a realização de operação 
unitária ou processo unitário.
• Vazão máxima afluente à ETE: vazão final de esgoto sanitário encaminhada à ETE, avaliada 
conforme critérios da NBR 9649 e NBR 12207.
• Vazão média afluente à ETE: vazão final de esgoto sanitário encaminhada à ETE, avaliada conforme 
critérios da NBR 9649 e NBR 12207, desprezada a variabilidade do fluxo (k1 e k2).
• Vazão de recirculação: vazão que retorna de jusante para montante de qualquer unidade de tratamento.
 Observação
Para as situações atuais, entendemos ser importante considerar 
as variações diárias de vazão, pois os sistemas de esgotos sanitários 
normalmente não possuem tanques de equalização que suportam a 
variação da vazão média para o dia e hora de maior consumo. Porém, a 
água utilizada e que se transforma em esgoto fica retida na rede de coleta 
de esgotos até sua chegada na ETE, amortecendo a vazão.
A ABNT NBR 9648 fixa as condições exigíveis no estudo de concepção de sistemas de esgoto 
sanitário do tipo separador, com amplitude suficiente para permitir o desenvolvimento do projeto de 
todas ou quaisquer das partes que o constituem, observada a regulamentação específica das entidades 
responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento do sistema de esgoto sanitário. Com definições 
muito esclarecedoras, a NBR 9648 traz, entre outras:
• Estudo de concepção: estudo de arranjos das diferentes partes de um sistema, organizadas de modo 
a formarem um todo integrado e que devem ser qualitativa e quantitativamente comparáveis 
entre si para a escolha da concepção básica.
• Concepção básica: melhor opção de arranjo, sob os pontos de vista técnico, econômico, 
financeiro e social.
• Sistema de esgoto sanitário separador: conjunto de condutos, instalações e equipamentos 
destinados a coletar, transportar, condicionar e encaminhar somente esgoto sanitário a uma 
disposição final conveniente, de modo contínuo e higienicamente seguro.
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• Esgoto sanitário: despejo líquido constituído de esgotos doméstico e industrial, água de infiltração 
e a contribuição pluvial parasitária.
• Esgoto doméstico: despejo líquido resultante do uso da água para higiene e necessidades 
fisiológicas humanas.
• Esgoto industrial: despejo líquido resultante dos processos industriais, respeitados os padrões de 
lançamento estabelecidos.
• Água e infiltração: toda água, proveniente do subsolo, indesejável ao sistema separador e que 
penetra nas canalizações.
• Contribuição singular: vazão de esgoto concentrada em um ponto da rede coletora, 
significativamente maior que o produto da taxa de contribuição por superfície esgotada pela área 
responsável por esse lançamento.
• Contribuição pluvial parasitária: parcela de deflúvio superficial inevitavelmente absorvida pela 
rede coletora de esgoto sanitário.
• Bacia de esgotamento: conjunto de áreas esgotadas e esgotáveis, cujo esgoto flui para um único 
ponto de concentração.
• Corpo receptor: qualquer coleção de água natural ou solo que recebe o lançamento de esgoto em 
seu estágio final.
• Vazão de estiagem: vazão mínima de um curso de água, referida a um dado período de recorrência 
e a um dado período de estiagem.
• Vazão de saturação de um componente do sistema: vazão que permite a um componente do 
sistema utilizar a sua máxima capacidade.
• Alcance do plano: ano previsto para o sistema planejado passar a operar com utilização plena de 
sua capacidade.
• Etapas de implantação: conjunto de obras do sistema que atende às solicitações de funcionamento 
em cada um dos intervalos do período de alcance do plano.
• População de alcance do plano: a população prevista para o ano de alcance do plano.
• População atendida: população que contribui para o sistema de esgoto existente.
• População atendível: população que contribui para o sistema de esgoto planejado.
• População inicial: população atendível no ano de início de operação.
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• População final: população atendível no alcance do plano.
• População residente: população constituída pelos moradores dos domicílios, mesmo que ausentes, 
na data do censo por período inferior a 12 meses.
• População flutuante em certa comunidade: aquela que, proveniente de outras comunidades, 
transfere‑se ocasionalmente para a área considerada, impondo ao sistema de esgoto uma 
contribuição individual análoga à da população residente.
• População temporária em certa comunidade ou em uma área de comunidade: aquela que, proveniente 
de outras comunidades ou de outras áreas, transfere‑se ocasionalmente para a área considerada, 
impondo ao sistema de esgoto uma contribuição individual inferior à da população residente.
• Valor do investimento: soma dos valores necessários à implantação do sistema, compreendendo 
custos de estudos, projetos, obras, equipamentos, serviços e supervisão.
• Custo de operação, manutenção e reparação: valor das despesas com materiais e com pessoal para 
operação, manutenção e reparação dos componentes do sistema planejado, durante o período de 
alcance do plano. Inclui produtos químicos e combustíveis.
• Custo de energia elétrica: valor das despesas com demanda requerida e consumo efetivo de 
energia elétrica previsto para o sistema planejado, durante o período de alcance do plano.
• Despesa de exploração: valor da soma dos custos de operação, manutenção e reparação e de 
energia elétrica.
Já a NBR 12207 fixa as condições exigíveis para a elaboração de projeto hidráulico sanitário de 
interceptores de esgoto sanitário, observada a regulamentação específica das entidades responsáveis 
pelo planejamento e desenvolvimentodo sistema de esgoto sanitário. É importante destacar dessa 
norma, o cálculo da vazão que chegará ao sistema de tratamento de esgotos. Assim, tem‑se:
• Qf = vazão final a jusante do último trecho de uma rede afluente ao poço de visita (PV) de 
montante, calculada conforme critério da NBR 9649.
• A contribuição pluvial parasitária deve ser determinada com base em medições locais. Inexistindo 
tais medições, pode ser adotada uma taxa cujo valor deve ser justificado e que não deve superar 
6L/s.km de coletor contribuinte ao trecho em estudo.
• O regime de escoamento no interceptor é gradualmente variado e não uniforme. Para o 
dimensionamento hidráulico, o regime de escoamento pode ser considerado permanente e uniforme.
• Cada trecho do interceptor deve ser dimensionado para a vazão final e verificado pelo critério de 
tensão trativa média, de valor mínimo τt = 1,0 Pa, conforme a NBR 9649.
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• No caso de lançamento de contribuição de tempo seco ao interceptor, o valor mínimo da 
tensão trativa média deve ser de 1,5 Pa para a vazão inicial e coeficiente de Manning n = 0,013. 
A declividade que satisfaz esta condição pode ser calculada pela expressão aproximada: 
I0 mín = 0,00035 . Q
‑0,47, sendo Io mín. em m/m e Qi em m3/s.
• Para coeficiente de Manning diferente de 0,013, os valores de tensão trativa média e declividade 
mínima a adotar devem ser justificados.
 Observação
Para cálculo de redes de coleta de esgotos, a vazão de infiltração possui 
influência considerável sobre os condutos, porém para fins de cálculo de 
uma ETE, deve‑se avaliar a necessidade de considerar ou não essa água 
infiltrada, que na realidade dilui o material a ser extraído da matriz fluida.
Ainda, a NBR 12207 solicita que, no relatório de apresentação do projeto, deve haver os seguintes itens:
• apreciação comparativa em relação às diretrizes da concepção básica;
• memória da avaliação de vazões, do dimensionamento e da análise de funcionamento;
• memória do dimensionamento dos órgãos complementares;
• aspectos construtivos;
• especificações de materiais, serviços e equipamentos;
• orçamentos;
• aspectos de operação e manutenção;
• desenhos.
A NBR 9649 – que fixa as condições exigíveis na elaboração de projeto hidráulico‑sanitário de redes 
coletoras de esgoto sanitário, funcionando em lâmina livre, observada a regulamentação específica das 
entidades responsáveis pelo planejamento e desenvolvimento do sistema de esgoto sanitário – traz 
demais parâmetros de definição da vazão a serem considerados para o dimensionamento de uma ETE, 
sendo que:
• para todos os trechos da rede, devem ser estimadas as vazões inicial e final (Q
i e Qf);
• os diâmetros a empregar devem ser os previstos nas normas e especificações brasileiras relativas 
aos diversos materiais, o menor não sendo inferior a DN 100;
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• a máxima declividade admissível é aquela para a qual se tenha vf = 5 m/s;
• quando a velocidade final vf é superior à velocidade crítica vc, a maior lâmina admissível deve 
ser 50 % do diâmetro do coletor, assegurando‑se a ventilação do trecho; a velocidade crítica é 
definida por: vc = 6 (g.R.H)
1/2, sendo g = 9,81m/s2, aceleração da gravidade;
• as lâminas d’água devem ser sempre calculadas admitindo o escoamento em regime uniforme e 
permanente, sendo o seu valor máximo, para vazão final (Qf), igual ou inferior a 75 % do diâmetro 
do coletor.
• contribuição média inicial de esgoto doméstico Q i, L /s;
• contribuição média final de esgoto doméstico Q f, L /s;
• coeficiente de retorno C;
• coeficiente de máxima vazão diária k1;
• coeficiente de máxima vazão horária k2;
• coeficiente de mínima vazão horária k3;
• consumo efetivo inicial qi L /hab.dia;
• consumo efetivo final qf; L/hab.dia;
• contribuição de infiltração L /s.km;
• inexistindo medições de vazão utilizáveis no projeto, Qi = k2 . Qi + I + ∑Qci (não inclui k1) e 
Qf = k1 . k2 . Qf + I + ∑Qcf, L /s;
• existindo hidrogramas utilizáveis no projeto, Qi = Qimáx + ∑Qci e Qf = Qfmáx + ∑Qcf, Qmáx. é a vazão 
máxima do hidrograma, composto com ordenadas proporcionais às do hidrograma medido, L /s;
• declividade mínima admissível Iomín., m/m;
• declividade máxima admissível Iomáx., m/m.
Quanto a valores de coeficientes e grandezas, inexistindo dados locais comprovados oriundos de 
pesquisas, podem ser adotados os seguintes:
• C, Coeficiente de retorno 0,8;
• k1, coeficiente de máxima vazão diária 1,21 (não usar);
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• k2, coeficiente de máxima vazão horária 1,5 (pode ou não usar);
• k3, coeficiente de mínima vazão horária 0,5;
• TI, taxa de contribuição de infiltração; depende de condições locais tais como nível da água (NA) 
do lençol freático, natureza do subsolo, qualidade da execução da rede, material da tubulação e 
tipo de junta utilizado. O valor adotado deve ser justificado, 0,05 a 1,0L/s.km.
 Lembrete
O uso de parâmetros pré‑estabelecidos somente deve ser feito na falta 
de dados reais ou de maneira justificada.
5.2 Critérios e disposições
Para o dimensionamento das unidades de tratamento e órgãos auxiliares, os parâmetros básicos 
seguintes devem ser obtidos para as diversas etapas do plano:
I. vazões afluentes máxima e média;
II. demanda bioquímica de oxigênio (DBO) ou demanda química de oxigênio (DQO);
III. sólidos em suspensão (SS).
Os valores dos parâmetros II e III anteriores devem ser determinados através de investigação local de 
validade reconhecida. Porém, na ausência dessa determinação, podem ser usados os valores de 54g 
de DBO5/hab.d e 60g de SS/hab.d. Outros valores adotados devem ser justificados.
Os critérios gerais de dimensionamento das unidades e órgãos auxiliares, excetuados os casos 
explicitados adiante, devem ser os seguintes:
• Dimensionados para a vazão máxima: estações elevatórias de esgoto bruto, canalizações, 
medidores e dispositivos de entrada e saída.
• Dimensionados para a vazão média: em todas as unidades e canalizações precedidas de tanques 
de acumulação com descarga em regime de vazão constante.
Assim, de maneira geral:
• Deve ser prevista canalização de desvio (by‑pass) para isolar a ETE.
• Recomenda‑se que as unidades de tratamento da ETE possuam dispositivos que permitam 
seu isolamento.
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• Deve ser previsto pelo menos o dispositivo de medição da vazão afluente à ETE.
• As canalizações devem ser dimensionadas de modo a evitar deposição de sólidos, em função das 
características do líquido transportado. No caso de canalização de transporte de lodo, a velocidade 
de escoamento deve estar compreendida entre 0,5m/s e 1,8m/s.
• O acesso às unidades deve ser fácil e adequado às condições de segurança e comodidade da 
operação. Escadas tipo marinheiro não devem ser permitidas.
• Devem ser previstas condições ou dispositivos de segurança de modo a evitar concentração de 
gases que possam causar explosão, intoxicação ou desconforto.
• O projeto hidráulico‑sanitário deve incluir o tratamento e destino final do lodo removido.
• O relatório do projeto hidráulico‑sanitário da ETE deve incluir:
— memorial descritivo e justificativo, contendo informações a respeito do destino a ser dado aos 
materiais residuais retirados da ETE, explicitando os meios que devem ser adotadospara o seu 
transporte e disposição, projetando‑os quando for o caso;
— memória de cálculo hidráulico;
— planta de situação da ETE em relação à área de projeto e ao corpo receptor;
— planta de locação das unidades;
— fluxograma do processo e arranjo em planta (layout) com identificação das unidades de 
tratamento e dos órgãos auxiliares;
— perfis hidráulicos das fases líquida e sólida nas diversas etapas;
— plantas, cortes e detalhes;
— planta de escavações e aterros;
— especificações de materiais e serviços;
— especificações de equipamentos e acessórios, indicando os modelos selecionados para 
elaboração do projeto;
— orçamento;
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— manual de operação de processo, contendo:
‑ descrição simplificada da ETE;
‑ parâmetros utilizados no projeto;
‑ fluxograma e arranjo em planta (layout) da ETE, com identificação das unidades e órgãos 
auxiliares e informações sobre seu funcionamento;
‑ procedimentos de operação com descrição de cada rotina e sua frequência;
‑ identificação dos problemas operacionais mais frequentes e procedimentos a adotar em 
cada caso;
‑ descrição dos procedimentos de segurança do trabalho;
‑ modelos das fichas de operação a serem preenchidas pelo operador.
5.3 Tratamento da fase líquida
Trata‑se da separação de sólidos por meios físicos. No gradeamento, devem ser observados os 
preceitos estipulados na NBR 12208, incluídos os relativos a canais afluentes.
Já na desarenação, local de remoção de partículas discretas de granulometria de areia, é necessário 
ter o desarenador projetado para remoção mínima de 95% em massa das partículas com diâmetro igual 
ou superior a 0,2mm (densidade de 2,65). A vazão de dimensionamento do desarenador deve ser a vazão 
máxima afluente à ETE, devendo ter limpeza mecanizada quando a vazão de dimensionamento é igual 
ou superior a 250L/s. Também são necessárias pelo menos duas unidades de desarenador instaladas, 
sendo, nesse caso, uma delas reserva, a qual pode ser unidade não mecanizada.
Para o caso de desarenador por gravidade, a taxa de escoamento superficial deve estar compreendida 
entre 600m3/m2.d a 1.300m3/m2.d. No caso de desarenador tipo canal, deve ser observado o seguinte:
• a seção transversal deve ser tal que a velocidade de escoamento para a vazão média seja igual a 
0,30m/s, não sendo superior a 0,40m/s para a vazão máxima;
• no fundo e ao longo do canal, deve ser previsto espaço para a acumulação do material sedimentado, 
com seção transversal mínima de 0,20m de profundidade por 0,20m de largura; no caso de limpeza 
manual, a largura mínima deve ser de 0,30m.
Já para o caso de desarenador aerado, deve ser observado que:
• a seção transversal deve ser tal que a velocidade de escoamento longitudinal seja inferior a 
0,25m/s para a vazão máxima;
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• a quantidade de ar injetada deve ser regulável;
• o tempo de detenção hidráulica para a vazão máxima deve ser igual ou superior a 120 s.
5.4 Decantação primária
A vazão de dimensionamento de decantador primário deve ser a vazão máxima afluente à ETE, 
exceto no caso de recirculação. A taxa de escoamento superficial deve ser igual ou inferior a:
• 60m3/m2.d quando não precede processo biológico;
• 80m3/m2.d quando precede processo de filtração biológica;
• 120m3/m2.d quando precede processo de lodos ativados.
ETE com vazão de dimensionamento superior a 250L/s deve ter mais de um decantador primário. 
O tempo de detenção hidráulica, para a vazão média deve ser inferior a 6h e, para a vazão máxima, 
superior a 1h.
A taxa de escoamento através do vertedor de saída não deve exceder 720m3/d.m de vertedor. Quanto 
à tubulação de remoção de lodo, ela deve ter diâmetro mínimo de 150mm, a tubulação de transporte 
de lodo por gravidade deve ter declividade mínima de 3%, já a remoção de lodo do fundo deve ser feita 
de modo a permitir a observação e controle do lodo removido.
O poço de acumulação de lodo no fundo do decantador deve ter paredes com inclinação igual ou 
superior a 1,5 na vertical para 1,0 na horizontal, terminando em base inferior com dimensão horizontal 
mínima de 0,60m.
No caso de decantador primário com remoção mecanizada de lodo, deve ser observado o seguinte:
• o dispositivo de remoção deve ter velocidade igual ou inferior a 20mm/s no caso de decantador 
retangular e velocidade periférica igual ou inferior a 40mm/s no caso de decantador circular;
• a altura mínima de água deve ser igual ou superior a 2,0m;
• define‑se o volume útil como o produto da área de decantação pela altura mínima de água;
• para decantador retangular, a relação comprimento/altura mínima de água deve ser igual ou 
superior a 4:1; a relação largura/altura mínima de água deve ser igual ou superior a 2:1; a relação 
comprimento/largura deve ser igual ou superior a 2:1;
• para decantador retangular, a velocidade de escoamento horizontal deve ser igual ou inferior a 
50mm/s; quando recebe excesso de lodo ativado, a velocidade deve ser igual ou inferior a 20mm/s.
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No caso de decantador primário, sem remoção mecanizada de lodo, deve ser observado que:
I. a altura mínima de água deve ser igual ou superior a 0,50m;
II. o decantador pode ser circular ou quadrado em planta, com poço de lado único cônico ou 
piramidal de base quadrada, descarga de lodo por gravidade, inclinação de paredes igual ou superior a 
1,5 na vertical por 1,0 na horizontal e diâmetro ou diagonal não superior a 7,0m;
III. o decantador pode ser retangular em planta com alimentação pelo lado menor, desde que a parte 
inferior seja totalmente constituída de poços em formato tronco piramidal de base quadrada e lado não 
superior a 5,0m, com descargas individuais;
IV. carga hidrostática mínima para a remoção do lodo igual a cinco vezes a perda de carga hidráulica 
calculada para água e não inferior a 1,0m.
No caso da alínea II, define‑se o volume útil como sendo o volume de líquido contido no terço 
superior da altura do poço, até o nível de água; no caso da alínea III, define‑se o volume útil como sendo 
o produto da área de decantação pela altura mínima de água.
Recomenda‑se a instalação de dispositivo para a medição da vazão do lodo removido do decantador 
primário. O projeto hidráulico‑sanitário deve incluir:
• o volume, a massa de sólidos em suspensão e o teor de sólidos do lodo removido;
• as características relativas à estabilidade do lodo removido;
• o dispositivo utilizado na remoção do lodo.
Para efeitos práticos, consideram‑se equivalentes, nesse contexto, os teores de sólidos totais e de 
sólidos em suspensão no lodo.
5.5 Filtração biológica
A vazão de dimensionamento do filtro biológico deve ser a vazão média afluente à ETE. A filtração 
biológica deve ser precedida de remoção de sólidos grosseiros e areia e de decantação primária ou outra 
unidade de remoção de sólidos em suspensão.
O filtro biológico deve dispor de um meio suporte da biomassa, constituído de pedra britada, seixo 
rolado ou outros materiais. No caso de utilização de pedra britada, deve ser brita 4, não sendo permitidas 
pedras chatas ou com faces planas. A aplicação do esgoto em filtro biológico circular deve ser uniforme 
sobre a superfície do meio suporte através de distribuidor rotativo; quando acionado pela reação dos 
jatos, o distribuidor deve ser projetado para partir com carga hidrostática e até 0,60m e deve permanecer 
em movimento com carga mínima de 0,20m.162
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O filtro biológico que utiliza pedra britada ou seixo rolado deve ter altura do meio suporte inferior a 
6,0m e obedecer às seguintes limitações:
• Baixa capacidade: carga orgânica igual ou inferior a 0,3kgDBO5/d.m
3 do meio suporte; taxa de 
aplicação hidráulica compreendida entre 0,8 e 5,0m3/d.m2 da superfície livre do meio suporte.
• Alta capacidade: carga orgânica igual ou inferior a 1,8kgDBO5/d.m
3 do meio suporte; taxa de 
aplicação hidráulica compreendida entre 10,0 e 60,0m3/d.m2 da superfície livre do meio suporte.
• No cálculo da taxa de aplicação hidráulica, a vazão de dimensionamento deve ser acrescida da 
vazão de recirculação.
Quando são utilizados outros materiais, os parâmetros e critérios para dimensionamento devem ser 
justificados. Também pode se admitir a recirculação nos casos:
• do efluente do filtro biológico para a sua própria entrada;
• do efluente do decantador final para a entrada do filtro biológico e, nesse caso, o decantador final 
deve ser dimensionado para a vazão média acrescida da vazão de recirculação;
• do efluente do filtro biológico para a entrada do decantador primário e, nesse caso, o decantador 
primário deve ser dimensionado para vazão máxima acrescida da vazão de recirculação;
• em qualquer dos casos a relação de recirculação deve ser igual ou inferior a 5.
É possível fazer uso de filtros biológicos em série, desde que justificado. Deve ser evitado o emprego 
de filtro biológico coberto, devendo ser justificada a sua utilização. Para garantir a circulação de ar 
através do meio suporte do filtro biológico, é necessário:
• que as aberturas para drenagem do efluente do filtro tenham área total igual ou superior a 15% 
da área horizontal do fundo do filtro;
• que as extremidades dos drenos que se comunicam com a atmosfera tenham área total igual ou 
superior a 1% da área horizontal do fundo do filtro.
O filtro biológico coberto deve ter dispositivo de ventilação que garanta o movimento vertical de 
ar com velocidade mínima de 0,30 m/min. Na drenagem do líquido percolado através do meio suporte, 
deve se observar:
• a área do fundo do filtro deve ser inteiramente drenada;
• a declividade mínima dos drenos deve ser 1% e a velocidade mínima nas canaletas efluentes deve 
ser de 0,60 m/s;
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• os drenos e as canaletas efluentes devem ser dimensionados com seção molhada igual ou inferior 
a 50% da seção transversal, para a vazão máxima acrescida da vazão de recirculação.
Deve ser previsto controle do crescimento de moscas, preferivelmente por inundação do filtro 
biológico. A filtração biológica requer o emprego de decantação final, por haver partículas remanescentes 
nesse processo. A vazão de dimensionamento do decantador final deve ser média, exceto para o caso 
de recirculação. No decantador final, a taxa de escoamento superficial deve ser igual ou inferior a 
36m3/m2.d. Já a taxa de escoamento através do vertedor de saída do decantador final deve ser igual ou 
inferior a 380m3/d.m de vertedor.
Quanto à tubulação de remoção do lodo do decantador final, ela deve ter diâmetro mínimo de 
150mm, a tubulação de transporte de lodo por gravidade deve ter declividade mínima de 2%, já a 
remoção de lodo do fundo do decantador final deve ser feita de modo a permitir a observação e controle 
do lodo removido.
As paredes do decantador final com poço de lodo devem ter inclinação igual ou superior a 1,5 na 
vertical para 1,0 na horizontal, terminando em base inferior com dimensão horizontal mínima de 0,60m.
No caso de decantador final, com remoção mecanizada de lodo, devem‑se observar as velocidades 
definidas para o decantador primário, exceto para carga hidrostática mínima para a remoção do lodo, 
igual a cinco vezes a perda de carga hidráulica calculada para água e não inferior a 1,0m, e, para 
decantador final retangular, a velocidade de escoamento horizontal deve ser igual ou inferior a 20mm/s. 
No caso de decantador final sem remoção mecanizada de lodo, aplica‑se o disposto para decantador 
primário nas mesmas condições.
Recomenda‑se a instalação de dispositivos para a medição das vazões de recirculação e do excesso de 
lodo removido do processo, bem como trazer as informações pertinentes ao projeto hidráulico‑sanitário, 
mencionadas anteriormente.
5.6 Lodos ativados
As prescrições sobre ETEs com sistema de lodos ativados abrangem o tanque de aeração, o decantador 
final, a recirculação de lodo e seus órgãos auxiliares e se aplicam ao valor de oxidação. O tratamento por 
processo de lodos ativados deve ser precedido pela remoção de sólidos grosseiros e areia, podendo ser 
precedido, também, pela remoção de sólidos sedimentáveis.
A vazão de dimensionamento para o processo de lodos ativados deve ser a média afluente à ETE, não 
se incluindo a vazão de recirculação de lodo ativado. Para ETEs com vazão afluente máxima superior 
a 250L/s, deve haver mais de um tanque de aeração. O tempo de detenção hidráulica não deve ser 
utilizado como parâmetro de dimensionamento do tanque de aeração. O dimensionamento do tanque 
de aeração deve ser efetuado por um dos parâmetros seguintes:
• idade do lodo;
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• relação alimento versus microrganismos;
• taxa de utilização de substrato;
• fator de carga.
Os valores dos parâmetros de dimensionamento do tanque de aeração devem estar compreendidos 
nos intervalos:
• idade do lodo – 2 a 40 dias;
• relação alimento versus microrganismos – 0,07 a 1,1kgDBO5/kg SSVTA.d;
• taxa de utilização de substrato – 0,06 a 1,0kg DBO5/kg SSVTA.d;
• fator de carga – 0,05 a 0,90kgDBO5/kg SSVTA.d.
 Observação
SSVTA – sólidos em suspensão voláteis no tanque de aeração; SSTA – 
sólidos em suspensão no tanque de aeração.
A concentração de sólidos em suspensão no interior do tanque de aeração deve estar compreendida 
no intervalo de 1.500mg/L a 6.000mg/L. Já o tempo de detenção hidráulica no tanque de aeração, 
referido à vazão de dimensionamento, deve ser igual ou superior a:
• 60 minutos quando a idade do lodo é inferior a 18 dias ou a taxa de utilização de substrato é 
superior a 0,15kg DBO5/kg SSVTA.d;
• 15h quando a idade do lodo é igual ou superior a 18 dias, ou a taxa de utilização de substrato é 
igual ou inferior a 0,15kgDBO5/kg SSVTA.d.
A massa de oxigênio a ser fornecida ao tanque de aeração deve ser igual ou superior a:
• uma vez e meia a carga de DBO5 aplicada ao tanque de aeração quando a idade do lodo é inferior 
a 18 dias, ou a taxa de utilização de substrato é superior a 0,15kg DBO5/kg SSVTA.d;
• duas vezes e meia a carga de DBO5 aplicada ao tanque de aeração quando a idade do lodo é 
igual, ou superior a 18 dias ou a taxa de utilização de substrato é igual ou inferior a 0,15kg DBO5/
kgSSVTA.d;
• três vezes a carga de DBO5 aplicada ao tanque de aeração quando é necessária a nitrificação do 
efluente e não se processa a desnitrificação biológica.
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A concentração de oxigênio dissolvido no tanque de aeração (Cl) a ser considerada no 
dimensionamento do equipamento de aeração deve ser:
• 1,5mg/L quando a idade do lodo é igual ou superior a 18 dias, ou a taxa de utilização de substrato 
é igual ou inferior a 0,15kg DBO5/kg SSVTA.d, ou quando é necessária a nitrificação do efluente e 
não se processa a desnitrificação biológica.• 2,0mg/L quando a idade do lodo é inferior a 18 dias ou a taxa de utilização de substrato é superior 
a 0,15kg DBO5/kg SSVTA.d.
A geometria do tanque de aeração deve ser estabelecida em função do tipo, potência e capacidade 
de homogeneização do equipamento de aeração escolhido. Assim, para o dimensionamento do 
equipamento de aeração superficial, a eficiência nominal de transferência de oxigênio para água limpa 
a 20°C, isenta de oxigênio dissolvido e ao nível do mar, deve ser obtida em ensaio com o equipamento 
a ser empregado. Na impossibilidade de realizar tal ensaio, os valores seguintes podem ser usados para:
• equipamento dotado de redutor de velocidade ≤ 2,2kg O2/kWh;
• equipamento de alta rotação ≤ 1,8kg O2/kWh;
A eficiência efetiva (Ce) de transferência de oxigênio do equipamento de aeração superficial deve ser 
obtida corrigindo‑se a eficiência nominal (Cn) com o fator λ, conforme equação 76 e seus desdobramentos:
Ce = Cn . λ (kg O2/kWh) Equação 76
Sendo:
α: relação entre a taxa de transferência de oxigênio ao esgoto e a taxa de transferência de oxigênio 
à água limpa, variando de 0,8 a 0,9
λ = α . (Csw – Cl) . 9,17‑1 . 1,02(T‑20) – correção
Csw: concentração de saturação de oxigênio no esgoto (mg/L), Csw=β.Cs.P
β: relação entre a concentração de saturação de oxigênio no esgoto e a concentração de saturação 
de oxigênio na água limpa, variando de 0,9 a 1,0
Cs: concentração de saturação de oxigênio dissolvido na água limpa na temperatura do esgoto, (mg/L)
P: relação entre a pressão barométrica no local de instalação e a pressão barométrica ao nível do mar
Cl: concentração de oxigênio a ser mantida no líquido do tanque de aeração, (mg/L)
T: temperatura do esgoto em °C
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 Observação
O fator de correção deve ser calculado para as condições de operação 
de verão e de inverno e adotado o de menor valor.
Para equipamento de aeração superficial, montado sobre suportes fixos, o tanque de aeração deve ter 
dispositivo que permita a variação do nível de água para controle de concentração de oxigênio dissolvido.
O número mínimo de aeradores superficiais, no tanque de aeração, deve ser de:
• dois, para vazões médias entre 20L/s e 100L/s;
• três, para vazões médias superiores a 100L/s.
A densidade de potência no tanque de aeração, dotado de equipamento de aeração superficial, deve 
ser igual ou superior a 10W/m3. Valores menores devem ser justificados.
Para dimensionamento do equipamento de aeração por ar difuso, a eficiência nominal (E) de 
transferência de oxigênio deve ser a obtida para água limpa a 20 °C, isenta de oxigênio dissolvido e ao nível 
do mar. A eficiência efetiva (Ef) de transferência de oxigênio do equipamento de aeração por ar difuso deve 
ser obtida corrigindo‑se a eficiência nominal com o fator λ, definido na sequência de equações anteriores, 
considerando‑se a variação de α entre 0,6 a 0,9. Assim, a aeração por ar difuso pode ser:
• De bolha grossa, com diâmetro superior a 6mm; a eficiência nominal de transferência de oxigênio 
na máxima profundidade do tanque de aeração deve ser inferior a 15%.
• De bolha média, com diâmetro de 3mm a 6mm; a eficiência nominal de transferência de oxigênio 
na máxima profundidade do tanque de aeração deve ser inferior a 25%.
• De bolha fina, com diâmetro inferior a 3mm; a eficiência nominal de transferência de oxigênio na 
máxima profundidade do tanque de aeração deve ser inferior a 55%.
Na aeração por ar difuso, a vazão de ar a ser fornecida ao tanque de aeração deve ser calculada pela 
expressão da equação 77.
Q = N.(334,08 . Ef . ρ)‑1 Equação 77
Sendo:
Q = vazão de ar à temperatura de 20°C e ao nível do mar (m3/min)
N = massa de oxigênio requerida (kg O2/d)
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Ef = eficiência efetiva de transferência de oxigênio
ρ = massa específica do ar a 20 °C e ao nível do mar (kg/m3)
O dimensionamento do equipamento de fornecimento de ar para aeração por ar difuso deve ser 
feito atendendo às condições de pressão barométrica e temperatura do ar no local da instalação. A 
seleção dos tubos para alimentação e distribuição de ar, nesse caso, deve considerar:
• o material empregado deve ser especificado para as condições de temperatura, umidade e pressão 
piezométrica do ar transportado;
• nos casos de emprego de bolhas média e fina, os tubos devem ser protegidos contra corrosão 
interna e externamente;
• no caso de emprego de bolha grossa, podem ser aceitos tubos apenas com proteção externa 
contra corrosão.
Na aeração por ar difuso, no caso de emprego de bolha fina, o ar deve ser filtrado e conter no 
máximo 3,5mg de material particulado por 1000m3 de ar. No caso de emprego de bolha média, essa 
relação pode ser de 15mg/1000m3 no máximo.
O excesso de lodo, removido do processo de lodos ativados, deve ser considerado estável para fins de 
desidratação e encaminhamento ao destino final quando a idade do lodo é igual ou superior a 18 dias, ou 
quando a taxa de utilização de substrato é igual ou inferior a 0,15kg DBO5/kg SSVTA.d. Recomenda‑se a 
instalação de dispositivo para medição da vazão do excesso de lodo removido do processo. No processo 
de lodos ativados, aplicam‑se para o projeto hidráulico‑sanitário as informações pertinentes ao projeto 
hidráulico‑sanitário mencionadas anteriormente.
No processo de lodos ativados, que emprega o valor de oxidação, os seguintes parâmetros e condições 
devem ser aplicados:
• Quando não for empregado decantador final, deve ser previsto meio capaz de manter a 
concentração de SSTA em um mínimo de 2.500 mg/L.
• Idade do lodo: 18 dias a 40 dias.
• Relação alimento versus microrganismos: 0,07 a 0,15kg DBO5/kg SSVTA.d.
• Fator de carga: 0,05 a 0,10kg DBO5/kg SSVTA.d.
• O equipamento de aeração, além de sua capacidade de transferência de oxigênio, deve manter a 
massa líquida em movimento com velocidade de translação capaz de impedir a sedimentação de 
lodo no fundo do valo.
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• O valor de oxidação deve ter o fundo e paredes impermeáveis até 0,30m acima do nível máximo 
de operação.
O valor mínimo da relação de recirculação de lodo ativado deve ser de:
• 0,25, quando a concentração de SSTA é menor que 3.000mg/L;
• 0,50, quando a concentração de SSTA está compreendida no intervalo de 3.000mg/L (inclusive) a 
4.500 mg/L;
• 1,00, quando a concentração de SSTA é igual ou superior a 4.500mg/L.
 Observação
Deve ser previsto dispositivo de medição da vazão de recirculação de 
lodo ativado.
O decantador final deve ser dimensionado para taxa de escoamento superficial igual ou inferior a:
• 36m3/m2.d, quando a concentração de SSTA é menor que 3.000mg/L;
• 24m3/m2.d, quando a concentração de SSTA está compreendida no intervalo de 3.000mg/L 
(inclusive) a 4.500mg/L;
• 16m3/m2.d, quando a concentração de SSTA é igual ou superior a 4.500mg/L.
No decantador final, a taxa de aplicação de sólidos, obtida pela expressão da equação 78 a seguir, 
deve ser igual ou inferior a 144kg/m2.d:
Ts = (Q + Qr)A‑1. X Equação 78
Sendo:
Ts: taxa de aplicação de sólidos,kg/m2.d
Q = vazão média (m3/d)
Qr = vazão de recirculação de lodo ativado (m3/d)
X = concentração SSTA (kg/m3)
A = área de decantação (m2)
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No decantador final, o tempo de detenção hidráulica, relativo à vazão média, deveser igual ou 
superior a 1,5h. No caso de decantador final com remoção mecanizada de lodo, aplica‑se o seguinte:
• O dispositivo de remoção deve ter velocidade igual ou inferior a 20mm/s, no caso de decantador 
retangular, e velocidade periférica igual ou inferior a 40mm/s no caso de decantador circular.
• A altura mínima de água deve ser igual ou superior a 2,0m.
• Define‑se o volume útil como o produto da área de decantação pela altura mínima de água.
• Para decantador retangular, a relação comprimento/altura mínima de água deve ser igual ou 
superior a 4:1; a relação largura/altura mínima de água deve ser igual ou superior a 2:1; a relação 
comprimento/largura deve ser igual ou superior a 2:1.
• Para decantador final retangular, a velocidade de escoamento horizontal deve ser igual ou inferior 
a 20mm/s.
• Decantador final circular com remoção de lodo por raspagem deve ter o fundo com inclinação 
mínima para o centro na razão de 1 na vertical por 12 na horizontal.
• Decantador final retangular com remoção de lodo por sucção ao longo do tanque deve ter o 
fundo horizontal.
No caso de decantador final sem remoção mecanizada de lodo, aplica‑se:
I. A altura mínima de água deve ser igual ou superior a 0,50m.
II. O decantador pode ser circular ou quadrado em planta, com poço de lado único cônico ou 
piramidal de base quadrada, descarga de lodo por gravidade, inclinação de paredes igual ou superior a 
1,5 na vertical por 1,0 na horizontal e diâmetro ou diagonal não superior a 7,0m;
III. O decantador pode ser retangular, em planta com alimentação pelo lado menor, desde que a parte 
inferior seja totalmente constituída de poços em formato tronco piramidal, de bases quadradas e lado 
não superior a 5,0m, com descargas individuais.
IV. Carga hidrostática mínima para a remoção de lodo igual a duas vezes a perda de carga hidráulica 
para água e não inferior a 0,50m.
V. Tubulação de descarga de lodo com diâmetro mínimo de 150mm.
No caso da alínea II, define‑se o volume útil como sendo o volume de líquido contido no terço 
superior da altura do poço até o nível de água; no caso da alínea III, define‑se o volume útil como sendo 
o produto da área de decantação pela altura mínima de água.
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Por fim, a remoção de lodo do fundo do decantador final, por pressão hidrostática ou sucção, deve 
ser feita de modo a permitir a observação e controle do material removido. A taxa de escoamento 
através do vertedor de saída do decantador final deve ser igual ou inferior a 290m3/d.m de vertedor.
5.7 Tratamento de lodos – fase sólida
Para uma estação elevatória de lodo, as tubulações de recalque de lodo devem ter diâmetro mínimo 
de 150mm e dispositivo que permita sua desobstrução.
A perda de carga total a ser considerada nas tubulações de recalque, de lodos primário e misto, estabilizados 
ou não, deve ser determinada levando em consideração as características do lodo recalcado. Mas no recalque 
de ambos os lodos, é vedado o uso de válvula de gaveta. Quanto à capacidade da elevatória de recirculação 
de lodo ativado, ela deve ser, no mínimo, 50% superior à vazão de recirculação adotada no projeto.
Para adensamento por gravidade, a taxa de aplicação de sólidos e o teor de sólidos em suspensão no 
lodo adensado, utilizados no dimensionamento do adensador, dependem do tipo do lodo, podendo ser 
adotados os valores indicados na tabela seguinte:
Tabela 18 – Valores máximos para adensamento por gravidade
Tipo de lodo
Máxima taxa de 
aplicação de sólidos (kg 
SS/m2.dia)
Máximo teor de sólidos 
em suspensão no lodo 
adensado (%)
Lodo primário bruto 150 10
Lodo primário estabilizado 120 10
Lodo biológico (lodo ativado) 30 3
Lodo biológico (filtro biológico) 50 9
Lodo misto (primário bruto+lodo ativado) 50 8
Lodo misto (primário bruto+filtro biológico) 60 9
Adaptada de: ABNT (1992c)
A profundidade mínima da unidade de adensamento deve ser de 3,0m e o tempo de detenção 
hidráulica máximo deve ser de 24h. O lodo afluente precisa ser diluído, no caso de incompatibilidade 
desses valores, com a taxa de aplicação de sólidos adotada. O dimensionamento da unidade de 
adensamento deve prever no lodo efluente uma recuperação máxima de 90% dos sólidos em suspensão.
O efluente líquido (sobrenadante) da unidade de adensamento deve ser retornado à entrada da ETE, 
cujo dimensionamento deve considerar o acréscimo dos sólidos em suspensão não recuperados e a 
carga orgânica correspondente.
A unidade de adensamento, cuja menor dimensão em planta é superior a 3,0m, deve ser projetada 
com remoção mecanizada de lodo. No projeto da unidade de adensamento, há de se considerar as 
seguintes observações:
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• A tubulação de remoção de lodo deve ter diâmetro mínimo de 150mm; a tubulação de transporte 
de lodo por gravidade deve ter declividade mínima de 3%; a remoção de lodo do fundo deve ser 
feita de modo a permitir a observação e controle do lodo removido.
• O poço de acumulação de lodo no fundo do decantador deve ter paredes com inclinação igual 
ou superior a 1,5 na vertical para 1,0 na horizontal, terminando em base inferior com dimensão 
horizontal mínima de 0,60m.
Também, o adensamento de lodo pode ser processado através de flotação a ar dissolvido ou 
centrifugação, com ou sem aplicação de polímeros. No caso de flotação a ar dissolvido, os parâmetros 
de dimensionamento são:
• taxa de aplicação de sólidos;
• taxa de escoamento superficial;
• relação ar/sólidos.
Os valores adotados devem ser justificados.
5.8 Digestão aeróbia
A digestão aeróbia deve ser processada em tanques abertos, com profundidade de 2,50m a 10,00m. 
Quando o digestor aeróbio recebe apenas lodo biológico, o tempo de detenção hidráulica deve ser igual 
ou superior a 12 dias; quando recebe lodo misto, o tempo de detenção hidráulica deve ser igual ou 
superior a 18 dias.
A taxa de aplicação de SSV deve ser igual ou inferior a 3,5kg/m3.d. A massa de oxigênio fornecido 
deve ser igual ou superior a 1,9kgO2/kg SSV consumido.
O equipamento de aeração deve manter uma concentração de oxigênio dissolvido igual a 2mgO2/L, 
no interior do digestor aeróbio. No caso de emprego de equipamento de aeração superficial, a densidade 
de potência deve ser igual ou superior a 25W/m3. No caso de emprego de equipamento de ar difuso, a 
taxa de ar fornecido deve ser igual ou superior a 1,2m3 de ar por hora e por metro cúbico do volume 
útil do digestor.
Para o dimensionamento do equipamento de aeração superficial, a eficiência nominal de transferência 
de oxigênio para água limpa, a 20 °C, isenta de oxigênio dissolvido e ao nível do mar, deve ser obtida 
em ensaio com o equipamento a ser empregado. Na impossibilidade de realizar tal ensaio, os valores 
seguintes podem ser usados para:
• equipamento dotado de redutor de velocidade ≤ 2,2kg O2/kWh;
• equipamento de alta rotação ≤ 1,8kg O2/kWh.
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A eficiência efetiva (Ce) de transferência de oxigênio do equipamento de aeração superficial deve ser 
obtida corrigindo‑se a eficiência nominal (Cn) com o fator λ da equação 76, mencionada anteriormente.
Ce = Cn . λ (kg O2/kWh)
Sendo:
α: relação entre a taxa de transferência de oxigênio ao esgoto e a taxa de transferência de oxigênio 
à água limpa, variando de 0,8 a 0,9
λ = α . (Csw – Cl) . 9,17‑1 . 1,02(T‑20) – correção
Csw: concentração de saturação de oxigênio no esgoto (mg/L), Csw=β.Cs.P
β: relação entre a concentração de saturaçãode oxigênio no esgoto e a concentração de saturação 
de oxigênio na água limpa, variando de 0,9 a 1,0
Cs: concentração de saturação de oxigênio dissolvido na água limpa na temperatura do esgoto, (mg/L)
P: relação entre a pressão barométrica no local de instalação e a pressão barométrica ao nível do mar
Cl: concentração de oxigênio a ser mantida no líquido do tanque de aeração, (mg/L)
T: temperatura do esgoto em °C
 Observação
O fator de correção deve ser calculado para as condições de operação 
de verão e de inverno e adotado o de menor valor.
Na aeração por ar difuso, a vazão de ar a ser fornecida ao tanque de aeração deve ser calculada pela 
expressão da equação 77, mencionada anteriormente.
Q = N.(334,08 . Ef . ρ)‑1
Sendo:
Q = vazão de ar à temperatura de 20°C e ao nível do mar (m3/min)
N = massa de oxigênio requerida (kg O2/d)
Ef = eficiência efetiva de transferência de oxigênio
ρ = massa específica do ar a 20°C e ao nível do mar (kg/m3)
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O dimensionamento do equipamento de fornecimento de ar para aeração por ar difuso deve ser 
feito atendendo às condições de pressão barométrica e temperatura do ar no local da instalação.
A seleção dos tubos para alimentação e distribuição de ar para aeração por ar difuso deve considerar que:
• o material empregado deve ser especificado para as condições de temperatura, umidade e pressão 
piezométrica do ar transportado;
• nos casos de emprego de bolhas média e fina, os tubos devem ser protegidos contra corrosão 
interna e externamente;
• no caso de emprego de bolha grossa, apenas tubos com proteção externa contra corrosão são 
aceitos.
O líquido sobrenadante resultante do adensamento por gravidade do lodo digerido, efetuado no 
interior do digestor aeróbio, operado intermitentemente, deve ser retornado à entrada da ETE, cujo 
dimensionamento deve considerar a carga orgânica correspondente.
5.9 Digestão anaeróbia
A digestão anaeróbia pode ser processada em um único estágio ou em dois estágios em série, sendo 
os digestores denominados primário e secundário. Na digestão de único estágio, o digestor deve ser 
projetado também para armazenamento e adensamento do lodo e remoção de sobrenadante. Já o 
digestor secundário, em casos em que há dois, deve ser projetado para essa finalidade.
Em ETEs com vazão média afluente igual ou inferior a 20L/s, a digestão anaeróbia e a decantação 
primária podem ser processadas na mesma unidade. Porém, para ETEs com vazão média afluente superior 
a 250L/s, é necessária a digestão anaeróbia processada em mais de um digestor primário ou de único 
estágio. No caso de digestão em dois estágios, admite‑se apenas um digestor secundário interligado a 
mais de um digestor primário.
Digestor com taxa de aplicação de SSV igual ou superior a 0,5kg/m3.d deve ser homogeneizado. 
Assim, a digestão anaeróbia pode ser:
• convencional, quando processada com taxa de aplicação de SSV sobre o digestor igual ou inferior 
a 1,2kg/m3.d;
• de alta taxa, quando processada com taxa de aplicação de SSV sobre o digestor superior a 
1,2kg/m3.d e igual ou inferior a 6,0kg/m3.d.
Na seleção da taxa de aplicação de SSV, deve ser considerada a influência da temperatura interna do 
digestor e verificada a necessidade de aquecimento da unidade. O dispositivo de homogeneização por 
recirculação de lodo pode ser interno ou externo ao digestor e deve realizar a recirculação do volume 
total de lodo do digestor em um período máximo de 8h.
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Unidade II
O dispositivo de homogeneização que não emprega a recirculação de lodo deve introduzir em sua 
massa uma densidade de potência igual ou superior a 1 W/m3 para digestor convencional e igual ou 
superior a 5 W/m3 para digestor de alta taxa. Quanto ao tempo de digestão, este deve ser:
• para digestor não homogeneizado, ≥ 45 dias;
• para digestor convencional homogeneizado, ≥ 30 dias;
• para digestor de alta taxa, ≥ quinze dias.
 Lembrete
A utilização de valores inferiores deve ser justificada.
Na digestão em dois estágios, o volume útil dos digestores secundários deve ser igual ou superior a 
30% do volume útil dos digestores primários.
Para remoção de sobrenadante, o digestor deve dispor de tubulação de extravasão e dispositivos 
de remoção de líquido em vários níveis, distribuídos pelo menos na metade superior da sua altura. O 
líquido retirado deve ser encaminhado à entrada da ETE, cujo dimensionamento deve considerar a carga 
orgânica correspondente.
Tubulações de lodo no digestor devem ter diâmetro mínimo de 200m. Todo digestor deve ter 
facilidade de acesso de pessoas aos dispositivos de operação e controle e dispor de inspeção lateral com 
dimensão mínima de 0,80m.
A superfície interna da parte superior do digestor, acima do nível do lodo, deve ser protegida contra 
corrosão. No caso de digestor coberto, o gás de digestão, quando não aproveitado, pode ser eliminado 
através de queimadores ou dissipado na atmosfera sem queima, quando comprovadamente não houver 
risco de incêndio, explosão e problemas de odor, devendo a descarga se dar a uma altura não inferior a 
3,0m acima do topo do digestor. Os queimadores de gás devem ser instalados a uma distância superior 
a 30,0m do digestor ou gasômetro e a uma distância superior a 20,0m de qualquer edifício. Nos casos 
de queima ou aproveitamento do gás, deve ser garantida uma pressão mínima de 1.500Pa (0,15 mH2O) 
no interior do digestor. A tubulação de transporte do gás de digestão deve ser de material resistente à 
corrosão, dimensionada com velocidade máxima de 4,00 m/s – limite que se refere às tubulações em 
que não há compressão do gás.
A coleta e o transporte do gás de digestão devem dispor de dispositivos de segurança, 
compreendendo removedores de condensados, corta chamas, reguladores de pressão e limitadores 
de pressão máxima e subpressão dotados de alarme. É recomendada a medição da vazão do gás de 
digestão em cada digestor.
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5.10 Desidratação do lodo
A desidratação do lodo pode ser realizada por processos naturais ou artificiais (centrífuga, decanter, 
filtro prensa). Essa norma abrange apenas o processo natural de leito de secagem – que deve ser 
empregado apenas para lodo estabilizado. A área total de leito de secagem deve ser subdividida em pelo 
menos duas câmaras. A distância máxima de transporte manual do lodo seco no interior do leito de 
secagem não deve superar 10m.
A área de leito de secagem deve ser calculada a partir de:
• produção de lodo;
• teor de sólidos no lodo aplicado;
• período de secagem para obtenção do teor de sólidos desejado;
• altura de lodo sobre o leito de secagem.
A descarga de lodo no leito de secagem não deve exceder a carga de sólidos em suspensão totais 
de 15kg/m2 de área de secagem, em cada ciclo de operação. Semelhante a um filtro de areia, o fundo 
do leito de secagem deve promover a remoção do líquido intersticial através de material drenante 
constituído por:
• uma camada de areia com espessura de 7,5cm a 15cm, com diâmetro efetivo de 0,3mm a 1,2mm 
e coeficiente de uniformidade igual ou inferior a 5;
• sob a camada de areia, três camadas de brita, sendo a inferior de pedra de mão ou brita 4 (camada 
suporte), a intermediária de brita 3 e 4 com espessura de 20cm a 30cm e a superior de brita 1 e 2 
com espessura de 10cm a 15cm; não deve ser permitido o emprego de mantas geotêxteis;
• sobre a camada de areia devem ser colocados tijolos recozidosou outros elementos de material 
resistente à operação de remoção do lodo seco, com juntas de 2cm a 3cm tomadas com areia da 
mesma granulometria da usada na camada de areia; a área total de drenagem, assim formada, 
não deve ser inferior a 15% da área total do leito de secagem;
• o fundo do leito de secagem deve ser plano e impermeável, com inclinação mínima de 1% no 
sentido de um coletor principal de escoamento do líquido drenado. Alternativamente pode ter 
tubos drenos ou material similar de diâmetro mínimo de 100mm, dispostos na camada suporte e 
distantes entre si não mais que 3,00m.
O dispositivo de entrada do lodo no leito de secagem deve permitir descarga em queda livre sobre 
placa de proteção da superfície da camada de areia. A altura livre das paredes do leito de secagem, 
acima da camada de areia, deve ser de 0,5m a 1,0m.
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No caso de emprego de processos mecanizados de desidratação do lodo, o líquido separado deve 
retornar ao processo de tratamento da fase líquida, cujo dimensionamento deve considerar a carga 
correspondente.
 Saiba mais
Para saber mais sobre tratamento e aproveitamento do lodo, inclusive 
de biogás, leia:
CASSINI, S. T. Digestão de resíduos sólidos orgânicos e aproveitamento 
do biogás. Rio de Janeiro: ABES, 2003.
Exemplo de aplicação
Sabendo que o lodo de uma ETE de uma cidade possui grandes quantidades de matéria orgânica, 
macro e micronutrientes, pode‑se aplicá‑lo diretamente no solo para aproveitamento agronômico em 
uma plantação de alimentos?
Não. O lodo deve ser devidamente seco e higienizado e, após, ser devidamente caracterizado pelas 
normas e leis vigentes quanto à sua classe como resíduo sólido, sendo que normalmente se enquadram 
como classe II‑B não inertes, em função do lixiviado que produzem, normalmente contendo metais 
pesados. Assim, mesmo esterilizados, lodos de esgoto sanitário de cidades ainda não podem ser 
aproveitados na agronomia. Ainda, quando desenquadram da umidade máxima de 50%, tornam‑se 
classe I‑perigosos, tendo que ser levados a aterros específicos, diferentes daqueles utilizados para os 
resíduos domésticos, em que os custos de destinação são altos.
6 ETAPAS DE TRATAMENTO DA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ESGOTOS – ETE
Em termos gerais, o sistema de esgotos sanitários é o conjunto de elementos que tem por finalidade 
a coleta, o transporte, o tratamento e a disposição final adequada, tanto do esgoto coletado quanto do 
lodo gerado. O sistema de esgotos sanitários (SES) abrange, portanto, a rede para coleta, as estações 
elevatórias, as estações de tratamento de esgotos e a disposição adequada do efluente e lodo tratados.
É importante observar que o cálculo dos tanques, áreas, taxas de aplicação, dada a concepção da ETE, 
é igual ao apresentado para as ETAs, porém com vazão reduzida – normalmente para 80%, devido ao 
coeficiente de retorno – da utilizada para cálculo do gradeamento, desarenador, calha parshall, mistura 
rápida, floculação, decantação, filtração e desinfecção da ETA.
Com isso, se o tratamento da ETE for físico‑químico, basta utilizar os roteiros de cálculos feitos 
para a ETA, mas, na ETE, com vazão 20% menor. No entanto, as ETEs físico‑químicas, no todo ou em 
parte, normalmente são utilizadas no tratamento de águas residuárias industriais. Nesses sistemas, 
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também se utilizam tanques anaeróbios com 4h a 8h de tempo de detenção, a exemplo de reatores 
Uasb (Unit Anaerobic Sludge Blank – reator anaeróbio de manta de lodo) associados a reatores aeróbios 
com lodo ativado (ou recirculação), para que ocorra a desnitrificação da amônia, com devida filtração e 
desinfecção final antes da disposição ou lançamento do efluente tratado.
 Observação
Os reatores Uasb são anaeróbios de fluxo vertical, com o efluente 
entrando pela parte de baixo de um lado do tanque e saindo por cima, do 
outro lado do tanque, com removedor de lodo a cera de 2/3 da altura.
Já para o tratamento de efluentes sanitários em geral, principalmente os domésticos, utilizam‑se, 
mais raramente, sistemas de fossa‑filtro e sumidouro (no solo) e, mais comumente, sistema de lagoas de 
estabilização ou sistema australiano, ou seja, lagoa anaeróbia seguida de facultativa.
Assim, a engenharia possui vários dispositivos em tratamento de esgotos e efluentes sanitários, 
cabendo ao engenheiro a melhor escolha para cada efluente a ser tratado, devendo haver sempre uma 
técnica que o enquadre nos padrões exigidos para a disposição final do efluente e lodo tratado.
Desse modo, constatados os parâmetros a serem adequados dos esgotos, deve se traçar a concepção 
da ETE conforme os níveis de tratamento que se fizerem necessários, os quais veremos a seguir.
Tratamento preliminar
São retirados do esgoto os sólidos grosseiros, como lixo e areia. Utiliza processos físicos como 
gradeamento, peneiramento e sedimentação (desarenador).
Tratamento primário
Reduz parte da matéria orgânica presente nos esgotos, removendo os sólidos em suspensão 
sedimentáveis e sólidos flutuantes. O esgoto ainda contém sólidos em suspensão, não grosseiros, que 
são mais pesados que a parte líquida, levando a sedimentar‑se, indo para o fundo dos decantadores, 
formando o lodo primário bruto. Esse lodo é retirado do fundo do decantador através de raspadores 
mecanizados, tubulações ou bombas.
 Normalmente possuem processo anaeróbio, que ocorre através da fermentação na ausência ou 
quantidade mínima de oxigênio. Seus tipos mais comuns são:
• Sistema fossa séptica – filtro anaeróbio: muito usado no Brasil, no meio rural e em comunidades 
de pequeno porte. Os sólidos em suspensão se sedimentam no fundo da fossa séptica e formam 
o lodo em que ocorre a digestão anaeróbia. O líquido se encaminha para o filtro anaeróbio, que 
possui bactérias que crescem aderidas a uma camada suporte, formando a biomassa, que reduz a 
carga orgânica dos esgotos.
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 Observação
Esse tipo de sistema faz disposição final em sumidouro no solo ou 
com sistema de aeração e desinfecção para lançamento em corpos d’água 
superficiais. Normalmente são colocados onde não há rede pública. 
Encontra‑se no mercado em sistemas pré‑fabricados, bem como pode ser 
feito de alvenaria e concreto.
• Reator anaeróbio de manta de lodo (Uasb): a biomassa cresce dispersa no meio e não aderida 
como nos filtros. Essa biomassa, ao crescer, forma pequenos grânulos que, por sua vez, tendem 
a servir de meio suporte para outras bactérias. O fluxo do líquido é ascendente e são formados 
gases – metano e gás carbônico, resultantes do processo de fermentação anaeróbia.
Tratamento secundário
Remove a matéria orgânica e os sólidos em suspensão. Ocorre através de processos biológicos, 
utilizando reações bioquímicas através de microrganismos – bactérias aeróbias, facultativas, protozoários 
e fungos.
No processo aeróbio, os microrganismos presentes nos esgotos se alimentam da matéria orgânica 
ali também presente, convertendo‑a em gás carbônico, água e material celular. Essa decomposição 
biológica do material orgânico requer a presença de oxigênio e outras condições ambientais adequadas 
como temperatura, pH, tempo de contato etc. Os tipos mais comuns de tratamento secundário são:
• Lagoas de estabilização (ou lagoas de oxidação) e suas variantes: são lagoas construídas de forma 
simples, onde os esgotos entram em uma extremidade e saem na oposta. A matéria orgânica, na 
forma de sólidos em suspensão, fica no fundo da lagoa, formandoum lodo que vai aos poucos 
sendo estabilizado. O processo se baseia nos princípios da respiração e da fotossíntese, no qual 
as algas existentes no esgoto, na presença de luz, produzem oxigênio, que é liberado através da 
fotossíntese. Esse oxigênio dissolvido (OD) é utilizado pelas bactérias aeróbias (respiração) para se 
alimentarem da matéria orgânica em suspensão e dissolvida presente no esgoto. O resultado é a 
produção de sais minerais – alimento das algas – e de gás carbônico (CO
2).
• Lodos ativados e suas variantes: é composto, essencialmente, por um tanque de aeração (reator 
biológico), um tanque de decantação (decantador secundário) e uma bomba de recirculação do 
lodo. O princípio do sistema é a recirculação do lodo do fundo de uma unidade de decantação 
para uma de aeração. Em decorrência da recirculação contínua de lodo do decantador e da 
adição contínua da matéria orgânica, ocorre o aumento da biomassa de bactérias, cujo excesso é 
descartado periodicamente.
• Tratamento aeróbio com biofilme: os esgotos são aplicados sobre um leito de material grosseiro, 
como pedras e ripas ou material plástico, e percola em direção a drenos no fundo. Esse fluxo 
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do esgoto permite o crescimento de bactérias na superfície do leito, formando uma película de 
microrganismos. O ar circula nos espaços vazios entre as pedras ou ripas, fornecendo oxigênio 
para que a matéria orgânica seja decomposta.
Tratamento terciário
Remove poluentes específicos (micronutrientes e patogênicos), além de outros poluentes não retidos 
nos tratamentos primário e secundário. Esse tratamento é utilizado quando se deseja obter qualidade 
superior nos resultados. Nesse tratamento, removem‑se compostos como nitrogênio e fósforo, além da 
remoção completa da matéria orgânica. Ocorre através de processos por radiação ultravioleta, químicos 
e outros.
Tratamento do lodo e lodos ativados
Todos os processos de tratamento de esgoto resultam em subprodutos: o material gradeado, 
areia, escuma, lodo primário e lodo secundário, que devem ser tratados para serem lançados no meio 
ambiente. O lodo estabilizado vai para disposição em aterros sanitários ou é aplicado como fertilizante 
na agricultura, após tratamento adequado.
O lodo não estabilizado precisa ser adequado por: adensamento, para remoção da umidade; 
estabilização, para remoção da matéria orgânica; condicionamento, que o prepara para a desidratação; 
desidratação, para remoção da umidade com redução do volume, em leitos de secagem, lagoas de lodo 
e equipamentos mecânicos; e disposição (aterros sanitários, solo etc.).
Elevatória de 
esgoto bruto
Grades 
médias
Caixas 
de areiaGrades 
grosseiras
Acensadores 
de gravidade Flotadores
Filtros 
prensa
Secador 
térmico
Esgoto 
bruto
Decantadores 
primários
Tanques 
de aeração
Decantadores 
secundários
Compressores
Elevatória de 
recirculação do lodo
Elevatória de 
lodo excedente
Esgoto 
tratado
Lodo 
desidratado 
(torta)
ETA 
serviço
TRATAMENTO 
SECUNDÁRIO
TRATAMENTO 
PRIMÁRIOTRATAMENTO PRELIMINAR
TRATAMENTO DE LODO
Elevatória do lodo primário
Condicionamento 
químico do lodo
Digestores Fi
ltr
ad
o
So
br
en
ad
an
te
So
br
en
ad
an
te
So
br
en
ad
an
te
Rio Tieté
Figura 116 – Tratamento físico‑químico completo de uma ETE
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Observa‑se que o lodo formado, tanto em ETAs quanto ETEs, deve ser destinado a uma forma de 
secagem para máximo de 50% de umidade e posterior desinfecção com álcalis. A secagem pode ser feita 
por leito de secagem, filtro prensa ou centrífuga, postos em ordem crescente de custos e decrescente 
de tamanho, nessa ordem:
• leito de secagem: taxas em torno de 10m3/m2/dia sobre leito de pedra brita, feltro (bidim) e camada 
superior drenante e raspável – normalmente em tijolos maciços.
• filtro prensa: pistões ou roletes associados a material filtrante sintético.
• centrífuga: também associada a fases de decantação, tem camada filtrante em aço inoxidável que 
retém os sólidos, permitindo passagem do líquido a uma câmara de coleta.
Os sistemas de lodos ativados funcionam com retorno do lodo do tanque biológico ou de um 
ponto biologicamente ativo (Uasb) para a entrada desse sistema biológico, visando a maior potencial 
de biodegradação em função da biota nele presente. Para dimensionar esse retorno, é preciso estimar 
o índice volumétrico de sólidos no lodo (IVL), normalmente em torno de 5%, e a fração de vazão a ser 
retornada – mínimo 20%. A recirculação normalmente é do decantador secundário para o primário, 
aumentando a capacidade de biodegradação e formação de flocos.
ETE – Sistema de lagoas
A lagoa de estabilização, ou sistema australiano, consiste na instalação de lagoas anaeróbias 
seguidas de facultativas e de maturação. Podem ter fluxo pistão, mistura completa simples ou em série e 
fluxo disperso, porém, para fins gerais de cálculos, conforme requisitado e aceito nos órgãos ambientais 
atualmente, podem ser adotados parâmetros gerais, observando que nem sempre é possível atender a 
todos, em termos hidráulicos e físicos das dimensões, devendo‑se, para cada caso, ou repartir o efluente 
em mais sistemas de lagoas, o que não é comum, ou ter algum tipo de tratamento complementar, 
seja com unidades de pré e pós‑tratamento ou mesmo dosagem de potencializadores e estabilizados 
biológicos.
As lagoas anaeróbias têm profundidade de 3 a 5m, e fazem a quebra de cadeias orgânicas longas 
– gorduras, formando ácidos de cadeia menor, preparando o efluente para uma nova lagoa anaeróbia, 
em caso de carga orgânica inicial muito alta, ou para a lagoa facultativa. Já nas lagoas facultativas, 
há a quebra de cadeias menores que permitem oxigenação pelo plâncton, bem como fazem parte da 
desinfecção, com profundidade de 1 a 2,5m.
As lagoas de maturação são calculadas à semelhança das facultativas, porém com profundidades 
entre 0,5 a 1,5m, visando a maior desinfecção, devendo‑se tomar cuidado com afloração de algas no 
verão. Assim como parâmetros de cálculo de lagoas anaeróbias, pode‑se considerar que:
• devem ter de 4 a 6 dias de detenção hidráulica;
• carga orgânica volumétrica de 0,10 a 0,50kg DBO / m³ x d;
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SISTEMAS DE TRATAMENTO DE ÁGUAS E ESGOTO
• eficiência de remoção de DBO da ordem de 60%;
Já para as lagoas facultativas e de maturação, tem‑se que:
• devem ter de 10 a 15 dias de detenção hidráulica;
• carga orgânica volumétrica < 0,10Kg DBO/m³xd;
• carga orgânica superficial de 200 a 300kgDBO/haxd;
• eficiência de remoção de DBO da ordem de 80%.
Figura 117 – Lagoas de estabilização – anaeróbia seguida de facultativa e de maturação
 Saiba mais
Para saber mais sobre as dinâmicas de cálculo em sistemas de tratamento 
de esgotos sanitários e águas residuárias, leia:
SPERLING, M. V. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias. 
2. ed., Belo Horizonte: UFMG, 1996. v. 3.
Exemplo de aplicação
Pode haver uma lagoa anaeróbia com baixa carga orgânica de entrada e com baixa profundidade? 
Quais as consequências caso ocorra?
Não. Uma lagoa anaeróbia precisa manter níveis baixos de oxigênio. Com isso, se tiver baixa carga 
orgânica em relação ao seu volume e tempo de detenção, permitirá a biodegradação da carga orgânica, 
diminuindo‑a para níveis capazes de suportar maior desenvolvimento das bactérias facultativas, ou 
seja, que se desenvolvem com ou sem a presença

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