Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
REDAÇÃO ETAPA 4 CENTRO UNIVERSITÁRIO LEONARDO DA VINCI Rodovia BR 470, Km 71, nº 1.040, Bairro Benedito 89130-000 - INDAIAL/SC www.uniasselvi.com.br Curso sobre Serviço Social Centro Universitário Leonardo da Vinci Organização Elisabeth Penzlien Tafner Autora Iara de Oliveira Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitoria de Ensino de Graduação a Distância Prof.ª Francieli Stano Torres Pró-Reitor Operacional de Ensino de Graduação a Distância Prof. Hermínio Kloch Diagramação e Capa Letícia Vitorino Jorge Revisão Jóice Gadotti Consatti UNIDADE 4: LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS VERBAIS E NÃO VERBAIS Ao final deste capítulo, você será capaz de: • Ler adequadamente diversificados gêneros textuais. • Interpretar adequadamente os variados textos verbais. • Interpretar com adequação os diferentes textos não verbais. • Comparar textos estabelecendo relação com seus contextos de produção. O Capítulo 4 dedica-se ao estudo da leitura e interpretação dos mais variados gêneros discursivos, quer sejam verbais, quer sejam não verbais. Por isso, está organizado em três tópicos. Da mesma forma que nos capítulos anteriores, ao final, há exercícios que ajudam na fixação e reelaboração dos conhecimentos. Tópico 1: O ato de ler. Tópico 2: O texto verbal e o texto não verbal. Tópico 3: Competência leitora e habilidade leitora. 2 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. INTRODUÇÃO Tão importante quanto produzir um texto é lê-lo de forma adequada. Afinal, o texto é produzido para ser lido, ele se concretiza no ato da leitura. Por isso, o Capítulo 4 é dedicado ao estudo da leitura e da interpretação de textos. Primeiro, veremos um pouco sobre a leitura, seu conceito e características. Na sequência, estudaremos as diferenças e particularidades dos textos verbais e não verbais. Em seguida, teremos uma visão sobre habilidade e competência leitora, bem como aprenderemos sobre observação, análise, identificação, inferência, dedução, conclusão, contextualização e interpretação, habilidades importantes para a efetivação de uma leitura adequada. Sigamos em frente! 4.1 O ATO DE LER Há quem diga que não gosta de ler. Essa é uma visão um pouco equivocada porque ler vai além da perspectiva de gostar ou não gostar, ler é essencial para se viver em sociedade, para a comunicação. Vimos que nos manifestamos sob a forma de textos os quais são “recebidos” por outrem. Da mesma forma, “recebemos” os textos que são produzidos pelas pessoas com as quais interagimos. Esse “receber” é efetuar uma “leitura”. Caso não a façamos não conseguiremos nos comunicar, entender o que nos rodeia. Desse modo, todo o tempo estamos efetuando leituras, assim como produzimos textos. Quando acordamos pela manhã e tentamos entender o sonho que tivemos, estamos efetuando um processo de leitura e análise; quando lemos o rótulo do doce que passamos no pão; quando lemos a expressão facial dos que moram conosco; quando lemos o letreiro do ônibus para saber se é a linha que temos que tomar; quando lemos os outdoors, as placas; quando conversamos; quando lemos o que nos mandam por e-mail, no WhatsApp etc. Estamos cercados por textos e, portanto, não há como interagirmos sem lê-los. Para que de fato entendamos os textos que nos cercam, precisamos ir além do mero ato de decodificar (decifrar os signos com os quais o texto foi construído). “Ler bem, ou ser um leitor competente, não é apenas compreender o que está dito, mas compreender também o não dito, as entrelinhas, o implícito no texto” (CEREJA; COCHAR; CLETO, 2009, p. 11). O ato de ler exige que tenhamos um olhar crítico, que analisemos não apenas o texto, mas todos os elementos que o circundam (contexto, enunciatário, gênero, intenção etc.), que assumamos uma postura ativa diante do que lemos/ouvimos, confrontando o que está ali com o que já construímos de conhecimento. Ler exige um esforço de comparação, enfrentamento, preenchimento de lugares vazios. Por isso, é um processo complexo, multidimensional, para o qual precisamos dedicar tempo, esforço, intelecto. 3 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. É preciso considerar, também, que há diferentes formas de produzir textos. Sabemos que este nome tem origem na palavra tecido e lhe cabe bastante bem porque, de fato, o texto é uma trama de elementos que constituem em um “tecido” de informações. Normalmente, como estamos acostumados a pensar no texto como algo escrito, associamos os elementos que constituem esse tecido às palavras. No entanto, veremos que um texto não se faz apenas com elas. 4.2 O TEXTO VERBAL E O TEXTO NÃO VERBAL Vamos fazer um exercício que já fizemos anteriormente, observe o que segue: FIGURA 16 – CARTÃO VERMELHO FONTE: Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/upload/e/cartao%20vermelho.jpg>. Acesso em: 24 abr. 2016. FIGURA 17 – GARFIELD FONTE: Disponível em: <http://1.bp.blogspot.com/_pZZMKzoqazU/TSpn0hKwXoI/ AAAAAAAAAuA/UU8zV7mcsQw/s1600/Garfield_003.png>. Acesso em: 24 abr. 2016. 4 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. FIGURA 18 – MAFALDA FONTE: Disponível em: <http://www.jlcarneiro.com/mafalda-e-o-costume-da-televisao/>. Acesso em 24 abr. 2016. FIGURA 19 – TERRA DE GIGANTES Terra de Gigantes Hey mãe! Eu tenho uma guitarra elétrica Durante muito tempo isso foi tudo Que eu queria ter Mas, hey mãe! Alguma coisa ficou pra trás Antigamente eu sabia exatamente o que fazer Hey mãe! Tem uns amigos tocando comigo Eles são legais, além do mais, Não querem nem saber Mas agora, lá fora Todo mundo é uma ilha A milhas e milhas e milhas 5 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. De qualquer lugar Nessa terra de gigantes Eu sei, já ouvimos tudo isso antes A juventude é uma banda Numa propaganda de refrigerantes As revistas, as revoltas, as conquistas Da juventude são heranças São motivos pras mudanças de atitude Os discos, as danças, os riscos Da juventude A cara limpa, a roupa suja Esperando que o tempo mude Nessa terra de gigantes Tudo isso já foi dito antes A juventude é uma banda Numa propaganda de refrigerantes Hey mãe! Já não esquento a cabeça Durante muito tempo Isso foi só o que eu podia fazer Mas, hey hey mãe! Por mais que a gente cresça Há sempre coisas que a gente Não pode entender Por isso, mãe Só me acorda quando o sol tiver se posto Eu não quero ver meu rosto Antes de anoitecer Pois agora lá fora, O mundo todo é uma ilha A milhas e milhas e milhas... Nessa terra de gigantes Que trocam vidas por diamantes 6 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. A juventude é uma banda Numa propaganda de refrigerantes (2x) Hey mãe (2x) FONTE: Engenheiros do Hawaii. Disponível em: <https://www.vagalume.com.br/engenheiros-do- hawaii/terra-de-gigantes.html>. Acesso em: 24 abr. 2016. No capítulo 1, quando fizemos esse desafio, queríamos saber se todas as imagens eram textos e a resposta foi sim. Agora sabemos que as imagens aqui apresentadas são textos, mas observe que são diferentes. Na primeira temos uma imagem (cartão vermelho), na segunda uma sequência de imagens, na terceira há imagens e palavras e na última apenas palavras. Quando vemos o cartão vermelho automaticamente lemos: “você cometeu uma infração, está fora!”, na sequência da tirinha do Garfield o sentido vai sendo construído à medida que vamos lendo cada imagem: “Garfield quer que lhe coce as costas”; na tirinha da Mafalda são as palavras, associadas às imagens que permitem sua significação: Mafalda se dá conta que a televisão está desligada somente depois de ter reclamado sobre o programa que estava passando; na última as palavras vão mostrando as inquietações de um jovem diantedos desafios do mundo. As figuras 16 e 17 são textos não verbais, fazem uso de elementos gráficos (imagens). Já a figura 18 é um texto denominado de misto, composto por linguagem não verbal (imagens) e linguagem verbal (palavras ditas por Mafalda). A figura 19 é um texto verbal, composto apenas por palavras. Perceba que tanto os textos verbais quanto os textos não verbais exigem que analisemos o que está dentro do texto e o que o cerca, em relações que chamamos de paratextuais. Nos textos não verbais, é importante dar atenção aos aspectos gráficos: cores, texturas, disposição das imagens no espaço, relação entre as formas que compõem a imagem, dados colocados em legendas ou à margem etc. Também os títulos são importantes porque direcionam nosso olhar para o sentido do texto. Observe a seguinte charge: 7 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. FIGURA 20 – CHARGE FONTE: Disponível em: <https://esteeomeusangue.wordpress.com/2010/09/28/cristo-redentor-e-eleito- uma-das-maravilhas-do-mundo/>. Acesso em: 13 jul. 2016. A charge apresenta a imagem que associamos à figura de Jesus Cristo, no entanto, percebemos que não é uma representação genérica de Cristo, é um específico, o Cristo Redentor. Essa referência nos remete a um espaço geográfico claramente definido: Rio de Janeiro, capital. No entanto, nosso Cristo Redentor não está como de costume, ele tem algo diferente em seu traje: um colete à prova de balas. Está cercado por projéteis e traz no semblante uma expressão assustada, aflita. Além disso, ele reformula a famosa frase “Pai afasta de mim este cálice...” para “Pai, se possível, afasta de mim essas balas”. Por fim, o título “A nova paixão de Cristo” permite que lembremos que a “antiga” paixão foi a crucificação e a “nova” parece ser morte por bala perdida. Associando todos os elementos, podemos ler que a charge faz uma crítica à violência instalada no Rio de Janeiro, a qual foi exaustivamente noticiada quando se iniciou o período de pacificação (a partir de 2008). É importante destacar que chegamos a essa conclusão porque observamos todos os elementos que a imagem trazia, verbais e não verbais. Vejamos outro caso: 8 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. FIGURA 21 – GRÁFICO SOBRE DOENÇAS QUE MAIS ATINGEM OS IDOSOS FONTE: Disponível em: <https://www.infoenem.com.br/dicas-para-interpretacao-de-graficos-no- enem/>. Acesso em: 10 maio 2016. Ao reconhecermos que se trata de um gráfico, devemos observar, inicialmente, o título, pois ele identifica o tema abordado; o subtítulo, porque, de forma geral, esclarece o tema e explicita alguma variante do gráfico; e a fonte, para que saibamos de onde vieram tais informações, em qual época e contexto (também pode ajudar a identificar a credibilidade da informação). Aqui o título remete às doenças que acometem os idosos, o subtítulo destaca a pressão alta e a fonte é o IBGE, instituto conhecido pelo desenvolvido de pesquisas socioeconômicas em nosso país, mostrando dados de uma pesquisa efetuada em 2008. Identificados esses três primeiros itens, podemos dar atenção ao gráfico em si, percebendo as medidas utilizadas, as variáveis, o que se relaciona a cada eixo, vertical e horizontal. No gráfico, na vertical, estão os percentuais de idosos e, na horizontal, as doenças por eles acometidas. Para fazer uma leitura adequada do gráfico, teremos que cruzar as informações de cada eixo na horizontal e na vertical. Assim, concluímos que mais de 50% dos idosos entrevistados sofrem de hipertensão; menos de 10% sofrem de asma ou bronquite etc. Pensemos, agora, nas tabelas, outro texto frequente em nosso meio acadêmico e profissional e recorrente em provas como Enem, Enade, concursos e processos seletivos de modo geral. Assim como os gráficos, quando lemos tabelas precisamos observar o título e a fonte, já que eles indicam o tema, o local e o tempo, respectivamente, situando- nos em um contexto específico. Além disso, devemos também observar o que diz cada 9 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. linha e cada coluna. Finalmente, fazemos um cruzamento entre as linhas e as colunas, que nos permite tirar as conclusões necessárias para a correta leitura desse material. FIGURA 22 – RELAÇÃO ENTRE SANEAMENTO BÁSICO E MORTALIDADE INFANTIL EM 5 PAÍSES FONTE: Disponível em: <http://calculemais.com.br/exercicios-de-matematica/img/interpretacao- graficos-e-tabelas-exercicio-20.gif>. Acesso em: 10 maio 2016. Na tabela acima, por exemplo, a linha referente ao país I mostra que a taxa de mortalidade infantil nele é maior entre mães que estudaram por um período de no máximo 3 anos, e que os índices referentes a abastecimento de água e saneamento estão abaixo de 50%. Observando a linha referente ao país III, o índice de mortalidade infantil entre mães que estudaram no máximo 3 anos é de 34,8 e os índices de abastecimento de água e saneamento ultrapassam os 80%. Isso permite que concluamos, a grosso modo, que países que investem em saneamento básico têm menor índice de mortalidade infantil. Com isso, podemos afirmar que o processo de leitura se dá da seguinte forma: 10 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. FIGURA 23 – PROCESSO DE LEITURA FONTE: A autora (2016). Quando nos deparamos com um texto, primeiro o observamos como um objeto, verificamos como está composto e decodificamos seus signos. Na sequência, damo-nos conta das sensações despertadas pelo texto (se gostamos ou não; se temos dificuldade em entender a linguagem ou o estilo de escrita etc.). Em seguida, analisamos a estrutura, as informações contidas, estabelecemos relações, fazemos comparações. Por fim, confrontamos o que tiramos do texto com nossos conhecimentos prévios sobre o assunto e, sob vários aspectos, emitimos um julgamento sobre o texto. Fazer esse processo de decodificação, associação, comparação, relação, conclusão, permitindo que consigamos fazer uma leitura adequada, quer de textos verbais, quer de textos não verbais, demonstra que estamos recorrendo às habilidades e à competência leitora. 4.3 COMPETÊNCIA LEITORA E HABILIDADE DE LEITURA Fazer uma leitura é mais do que simplesmente identificar o código utilizado para construir o texto e decodificá-lo. Há um conjunto de conhecimentos que são acionados no processo de ler e uma série de ferramentas que permitem que depreendamos as informações, ou seja, para ler precisamos utilizar habilidades de leitura e competência 11 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. leitora. O que isso significa? IMP ORT ANT E! � Azevedo e Rowell (2009) definem competência como “capacidade, desenvolvida pelo sujeito conhecedor, de mobilizar, articular e aplicar intencionalmente conhecimentos (sensoriais, conceituais), habilidades, atitudes e valores na solução pertinente, viável e eficaz de situações que se configurem problemas para ele”. A competência diz respeito a um conjunto de saberes que precisam ser mobilizados para resolver determinado problema, para agir em um contexto específico, para entender dada situação, ou seja, a competência diz respeito ao “saber fazer”. As mesmas autoras definem habilidade como: “[...] um conhecimento operacional, procedimental, uma sequência de modos operatórios, de analogias, de intuições, induções, deduções, aplicações, transposições” (AZEVEDO; ROWELL, 2009). Assim, as habilidades se referem ao “como fazer”. O processo de leitura apresenta, na concepção de Cabral (1986), quatro etapas: decodificação, compreensão, interpretação e retenção. Na decodificação, há o reconhecimento dos signos e a atribuição de significados; na compreensão o leitor capta as principais informações do texto e sua temática; na etapa da interpretaçãoo leitor faz julgamentos acerca do que leu, fazendo cruzamentos, comparações, estabelecendo relações entre o texto e seus conhecimentos prévios; por fim, na retenção o leitor “absorve” tudo que compreendeu e interpretou do texto lido. Quando tratamos de leitura e interpretação de textos, fazemos uso de nossa competência leitora, a qual se vale de nossas habilidades de leitura, concretizando- se por meio de esquemas de ação que permitem a apreensão da informação contida no texto. Ao lermos um texto, observamos, analisamos, relacionamos, comparamos, concluímos. Essas ações permitem utilizarmos nossas habilidades de leitura. Na sequência, estudaremos algumas dessas habilidades. 4.3.1 OBSERVAÇÃO, ANÁLISE E IDENTIFICAÇÃO A primeira perspectiva que temos quando nos deparamos com um texto é observar. Buscamos informações internas e externas ao texto para conseguir compreender adequadamente sua mensagem. Analisemos uma questão de Enade para entender melhor como funciona: 12 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. FIGURA 24 – QUESTÃO 5 PROVA DO ENADE 2015 PARA COMUNICAÇÃO SOCIAL – JORNALISMO FONTE: Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/enade/provas-e-gabaritos-2015>. Acesso em: 26 abr. 2016. A primeira habilidade a que recorremos é a da observação. Decodificamos o que está no enunciado, voltamos nosso olhar para a imagem e a reconhecemos como um gráfico porque é um conhecimento de que já dispomos. Notamos que o enunciado nos dá uma espécie de panorama, localizando temática e aspectos espaciais, temporais e que o gráfico mostra os números de alguns países em relação ao tema. Nossa observação nos permite também verificar que os dados são de países da Europa, considerado um continente em que predominam países desenvolvidos, dois países do continente americano, o Canadá e os Estados Unidos (também considerados desenvolvidos), e o Japão, um país asiático de grande destaque econômico, ou seja, fazemos um levantamento do que sabemos e confrontamos com o que está no texto. Após esse primeiro confronto com o texto, fazemos uma análise dos componentes (informações, gráfico, dados etc.), identificando suas partes e as relações existentes entre elas para a construção do sentido do texto. Como temos alternativas a serem analisadas na questão, o leitor também faz comparações entre elas e entre elas e os 13 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. dados do texto para, então, seguir para a identificação. Ao tomar os dados do texto como referência, buscamos identificar qual a alternativa corresponde total ou parcialmente com essa referência. Esse é o processo de identificação. Assim, após observar e analisar, identificamos que a resposta correta é a letra d. O gráfico deixa claro que a Alemanha teve um aumento expressivo se comparado aos outros países. Essas são as primeiras habilidades de leitura a que recorremos quando nos deparamos com um texto, no entanto, há ainda outras que também utilizamos no processo de leitura e interpretação de textos. Por exemplo: a) Comparação – “pressupõe adotar um ou mais critérios e cotejar dois ou mais elementos segundo critérios adotados” (CEREJA; COCHAR; CLETO, 2009, p. 54). Assim, comparar é confrontar dois ou mais textos e verificar o que eles têm em comum ou quais as diferenças existentes entre eles. Essa é uma habilidade bastante utilizada na resolução de questões em provas do Enem, do Enade, em concursos e processos seletivos. b) Memorização – habilidade de recordar de datas, dados, fatos que, expostos no texto, acionam nossos conhecimentos pré-existentes sobre o tema abordado. c) Relação – estabelecer conexões entre os textos, valendo-nos de alguns parâmetros para chegar às conclusões necessárias à interpretação adequada. Além das habilidades já mencionadas, para que nossa leitura seja efetiva e possamos, de fato, construir sentidos, também, fazemos uso da inferência, da dedução e da conclusão. 4.3.2 INFERÊNCIA, DEDUÇÃO E CONCLUSÃO Uma habilidade que utilizamos bastante é a inferência. “Inferência é um processo pelo qual, com base em determinados dados, chega-se a uma conclusão” (CEREJA; COCHAR; CLETO, 2009, p. 78). Se voltarmos para o exemplo anterior, a questão do Enade 2015, perceberemos que tivemos que fazer inferências ao lermos o gráfico. Observamos os dados, fizemos cruzamentos entre eles e chegamos à conclusão de que a Alemanha teve um aumento maior no número de empregos para mulheres do que os demais países mencionados. Inferir, portanto, é chegar a conclusões tomando por base não apenas as relações estabelecidas entre as informações contidas no texto, mas também o que está nas entrelinhas, o que está subentendido, o que está por detrás do texto. A inferência permeia as habilidades de dedução e conclusão. O próprio dicionário Houaiss (2001) da língua portuguesa, ao apresentar o conceito de inferência, associa a ela os verbos deduzir e concluir. A lermos um texto, verbal, não verbal ou misto, levantamos hipóteses, fazemos deduções em virtude do que encontramos nele e 14 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. chegamos a conclusões que nos permitem dar um sentido adequado ao texto. Vejamos como isso se processo na leitura do texto: O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER? Recebi um e-mail da escola do meu filho: seu primeiro “boletim”, relatório de sete páginas sobre alguém que não tem nem quatro palmos de altura. Como o veem, como ele se comporta diante de outros, é legal, fofo, extrovertido, animado? Ele é querido, solidário, justo? Já se reconhecem algumas habilidades que apontem um futuro promissor? O primeiro dia de aula: “Quando o convidamos para brincar perto do baú, não se importou em se afastar da mamãe e continuou bem animado… Depois de tantas brincadeiras, fomos para a sala tomar lanche. Quando o ajudamos a sentar no banquinho, ele achou engraçado e começou a bater as mãos na mesa fazendo barulho e contagiando os amigos, que passaram a imitá-lo. Ao oferecermos os alimentos, comeu muito bem o que trouxe e ainda experimentou alimentos das outras crianças”. Vejo liderança: capitão de um time de futebol, presidente de um banco, diretor de redação de um jornal. Espero não ser empreiteiro ou petroleiro, carreiras criminais de risco alto. “Joaquim é um grande explorador do parque! No início, engatinhava e agora anda pelo espaço, observa as mais variadas situações que acontecem ao seu redor e, quando algo o interessa, para, olha, às vezes sorri e continua a andar”. Seu dom Indiana Jones foi revelado. Nada de jornais. Poderá trabalhar no History ou Discovery Channel. “Ama subir e descer a rampa, sendo que às vezes segura no vidro da lateral e fica olhando os amigos no calçadão e dando gritinhos para chamar a atenção deles. Quando aparecemos do outro lado e brincamos, dizendo ‘Vou te pegar, Joaquim!’, ele cai na risada e desce a rampa correndo bem rápido. É muito engraçado!” Será um presidente da República? “Quando montamos trilhas com pneus, tábuas, bancos, túneis e brinquedões de espuma, seguramos sua mão e ele vai fazendo o percurso, mas ao chegar ao túnel, fica um tempão entrando e saindo e às vezes deita lá dentro. Então explicamos que as outras crianças querem passar e ele volta a engatinhar rapidinho e sai com a maior cara de sapeca!” Volta a possibilidade de ser empreiteiro. Enfim, uma boa notícia, que pode aproximá-lo do Grupo Corpo ou da titia Débora Colker. “Os elásticos que amarramos entre as árvores têm chamado bastante sua 15 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. atenção: ele observa, puxa, estica um pouco e solta em seguida, intrigado com a experiência. Os brinquedos fixos também são bastante procurados por ele. Algumas vezes aproxima-se de umdos balanços coletivos, segura e fica empurrando para frente e para trás. Ao perguntarmos se quer ir, balança a cabeça fazendo que sim e, depois que o ajudamos a sentar, segura firme na corda enquanto o embalamos e cantamos algumas músicas, como A Cobra Não Tem Pé, Formiguinha e Jacaré Passeando na Lagoa. Ele acompanha mexendo o corpo todo animado. Muito bonitinho!” Volta o temor de que pode entrar para a política: “Em seguida reunimos o grupo no túnel e, quando ele vê a turma do Integral, começa a fazer a maior farra, sobe no banco, pega os brinquedos e quer levar com ele. Explicamos que não podemos levar porque outras crianças estão usando e que precisa devolver, mas ele balança a cabeça fazendo que não e segue em frente”. O momento vergonha: “Joaquim passou alguns dias virando o prato em cima da mesa e espalhando as frutas. Nas vezes em que isso aconteceu, conversávamos sério com ele, explicando que não dá para jogar o lanche, e ele nos olhava fazendo carinha de bravo. Então o ajudávamos a colocar tudo de volta no prato, e ele rapidamente deixou de jogar. O pequeno come muito bem e adora experimentar alimentos dos amigos”. O momento da escolha do gênero artístico: “Sempre cantamos algumas músicas enquanto as crianças vão chegando, e é muito bonitinho ver como Joaquim já cantarola junto e acompanha as canções fazendo todos os gestos. Ao cantarmos Foguete, passa uma mão na outra e imita o foguete subindo; em O Elefante Queria Voar, bate a mão no bumbum, dando risada, e ao ouvir A Dona Aranha ou Caracol, mexe os dedinhos”. Será que adentrará no bizarro universo do axé- music? Alguém tem o telefone da titia Débora? “Joaquim gosta muito de propostas corporais, nas quais se diverte e não para um só instante! Empurra os rolos de espuma, passa por túneis, sobe na escadinha de espuma e desce deslizando de barriga, se jogando no colchão, monta no jacaré e no camelo e bate os pés nas laterais como se estivesse cavalgando. Também adora mexer no armário do salão, onde sabe que ficam os instrumentos musicais e pega alguns, fazendo muita farra e chamando a atenção de todos”. Um apresentador de TV. Quando Faustão se aposenta? “Ao montarmos uma casinha, pega um prato, uma colher e finge que está comendo. Quando perguntamos se está gostoso, balança a cabeça afirmando”. Não! O político já está em campanha! “Sobe e desce do escorregador pequeno com autonomia, embora sempre fiquemos ao seu lado, porque de vez em quando ele fica em pé dançando, antes de escorregar. É uma figurinha!” Ufa, um palhaço. Alô Parlapatões. “Gosta de pegar um copo que tem um líquido dentro e descobriu que, ao virá- lo, o líquido desaparece e ao desvirá-lo, ele reaparece. Joaquim fica intrigado com isso e passa um bom tempo mexendo no copinho, tentando entender como isso acontece. Muito bonitinho”. Ministro da Fazenda? 16 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. “Nas brincadeiras de escritório, gosta de apertar os teclados de computador, achando graça ao ouvir o som de seus dedinhos nas teclas. Também pega um telefone e balbucia, depois aperta os botões e volta a balbuciar, sendo que muitas vezes entrega o aparelho para o amigo que está ao seu lado e fica olhando: se a criança fala alguma coisa, ele dá risada, se fica quieta ou coloca o telefone na mesa, ele olha bravo e pega de volta”. Jornalista?! “Temos que ficar sempre de olho para pegá-lo assim que acordar, caso contrário, ele tira as chupetas das crianças que ainda estão dormindo, pega os paninhos, balbucia como se estivesse chamando todos e dá risada. É muito sapeca!” Vai ser político. Estamos fritos. FONTE: PAIVA, Marcelo Rubens. O que você quer ser quando crescer? 17 ago. 2015. Disponível em: <http://cultura.estadao.com.br/blogs/marcelo-rubens-paiva/o-que-voce-quer-ser-quando- crescer/>. Acesso em: 10 maio 2016. Com base neste texto, verdadeiramente, em fragmentos dele, o site provaonline. ev.org.br, elaborou a seguinte questão: Ao comparar as atividades do filho com a carreira de um político, é possível deduzir que seu autor tem uma opinião: a) Contrária ao tempo que os políticos dedicam aos seus eleitores, como mostra o trecho “dando gritinhos para chamar a atenção deles”. b) Desfavorável ao comportamento antiético de alguns políticos, como comprova o trecho “Volta o temor de que pode entrar para a política”. c) Favorável à atitude dos políticos de serem dissimulados, como afirma o trecho “Não! O político já está em campanha!” d) Indiferente aos atos realizados por políticos, como atesta o trecho “algumas habilidades que apontem um futuro promissor?” e) Simpatizante com a postura inconsequente de alguns políticos, como ilustra o trecho “Ama subir e descer a rampa”. Note que a proposta é deduzir a partir da leitura, portanto, é necessário fazer uso da inferência e das deduções para chegarmos à conclusão adequada. À medida que vamos avançando na leitura do texto, damo-nos conta de que é mais irônico nos trechos em que menciona a tendência política do filho. Expressões como: “volta o temor de que possa ser político”; “Não! O político já está em campanha!”; permitem-nos inferir que o autor não vê com bons olhos aqueles que seguem a carreira política. Com isso, deduzimos que o escritor deste artigo é contra as atitudes de alguns políticos que agem de forma corrupta, dissimulada. Assim, a alternativa que resume a conclusão a que se chega, após as inferências e deduções feitas a partir da leitura do texto é a letra b. Por fim, quando lemos procuramos contextualizar nossa leitura e fazemos 17 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. interpretações. Essas são, também, habilidades a que recorremos quando fazemos uso de nossa competência leitora. 4.3.3 CONTEXTUALIZAÇÃO E INTERPRETAÇÃO Kleiman (1995) apresenta uma diferenciação entre compreensão e interpretação de textos. Para a autora, compreender um texto significa apoiar-se no texto, fazendo uso de percepção, experimentação e construção de significados. Já a interpretação tem relação direta com as práticas culturais do leitor, ou seja, em uma primeira instância há a compreensão textual (informações percebidas a partir do que está no texto) e depois há a interpretação (relações que estabelecemos entre os sentidos do texto e o contexto sociocultural). Interpretar é ir além do texto, fazendo uso de nossos conhecimentos já construídos para situá-lo em um contexto comunicativo. Desse modo, sempre buscamos nos textos pistas que nos permitam reconstruir o contexto de sua produção e, ao mesmo tempo, ajudem-nos a estabelecer as relações adequadas para uma interpretação satisfatória do texto. IMP ORT ANT E! � Ao pensarmos em contexto, direcionamos nosso olhar para duas direções, uma dentro do texto: as palavras, as expressões e o significado que adquirem dentro do texto; e uma fora do texto: a situação comunicativa que o gerou. Mais uma vez, vejamos como fazemos uso destas habilidades na interpretação de texto solicitação em uma questão do Enade 2014 para o curso de Letras. 18 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. FIGURA25 – FONTE: Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/web/guest/enade/provas-e-gabaritos-2014>. Acesso em: 10 maio 2016. Perceba que o pequeno texto (formado por enunciados e gráfico) apresenta um contexto bastante claro: a jornada de trabalho de homens e mulheres brasileiros (os anos indicados nas fontes das informações, localizam o texto nos primeiros anos do século XXI). Além desse macrocontexto, no qual a temática e a discussão exposta no texto se inserem, há também o microcontexto representado pela organização textual e as escolhas vocabulares, sintáticas e morfológicas feitas para sua construção. Nesse sentido, em uma primeira leitura, já conseguimos delimitar o contextoe a partir dele 19 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. fazer nossas inferências e deduções iniciais. Ao analisarmos as informações contidas no texto e no gráfico, percebemos que se somarmos os números referentes à jornada de trabalho (em casa e profissional) para cada um dos gêneros (homens e mulheres), as mulheres apresentarão números superiores. Na parte verbal, o primeiro parágrafo mostra que embora mulheres e homens disputem equitativamente o espaço de trabalho, ainda são remunerados de forma diferenciada. O segundo, mostra que há a necessidade de desenvolver políticas que auxiliem as mulheres em suas duplas, às vezes, triplas jornadas de trabalho, permitindo uma maior igualdade de condições de trabalho entre homens e mulheres. Cabe-nos lembrar que todo o texto explorou a perspectiva do trabalho profissional e o trabalho doméstico. Assim, feitas as inferências, deduções, relações, podemos concluir que somente as afirmativas I e II apresentam interpretações adequadas do texto. A afirmativa III se torna inválida porque ressalta que o texto não destaca a questão do trabalho doméstico na totalização da jornada de trabalho de homens e mulheres. Como vimos, as diversas habilidades leitoras foram mobilizadas para que, ao usarmos nossa competência de leitura, atribuamos significados adequados ao texto. Esse processo nos é automático, no entanto, era importante, nesta parte de nosso curso, que tomássemos consciência dele para melhor aproveitá-lo em nossas práticas leitoras. Por fim, destacamos algumas dicas que ajudam no processo de interpretação textual: a) Faça uma primeira leitura do texto, procurando adequar-se ao tipo de linguagem do texto. No caso de textos não verbais, observe a informação como um todo e depois verifique os elementos que a constituem. b) Procure descobrir qual o propósito do texto (informar, denunciar, criticar, expor, argumentar, opinar etc.). c) Faça uma segunda leitura do texto, observando as informações de forma mais detalhada. d) Destaque as informações principais de cada parágrafo. e) Faça uso das habilidades leitoras: observe, analise, compare, relacione, infira, deduza, conclua, interprete. Lembre-se de que o fio condutor está no próprio texto. f) Releia o texto quantas vezes achar necessário. Cada um tem seu próprio ritmo e uma ou duas leituras podem não ser suficientes para apreender todas as informações. 20 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. RESUMO Neste capítulo vimos: • O ato de ler vai além do que está escrito, buscando também o que está por detrás do texto. • Há os textos verbais, os textos não verbais e os textos mistos: Texto verbal é aquele constituído pelas estruturas linguísticas (palavras). Texto não verbal é aquele constituído por imagens, símbolos etc. Texto misto é aquele que se compõe de palavras e imagens. • A competência leitora é a capacidade de mobilizar determinadas habilidades que possibilitam efetivar uma leitura do texto, atribuindo-lhe os sentidos adequados. • Habilidades de leitura são os procedimentos utilizados para efetivar a leitura de um texto. Algumas delas são: Observação: reconhecer os signos, os gêneros, as estruturas textuais. Análise: identificar e relacionar cada parte de um texto. Identificação: perceber os sentidos mais adequados ao texto. Comparação: confrontar os vários textos estabelecendo diferenças e semelhanças. Memorização: reter e recordar datas, fatos, dados inseridos nos textos. Relação: estabelecer conexões entre os textos, utilizando parâmetros para chegar às conclusões. Inferência: concluir com base em pistas fornecidas pelo texto. Contextualização: inserir o texto no contexto comunicacional em que foi produzido ou atribuir sentidos às palavras de acordo com sua utilização no texto. Interpretação: atribuir sentidos ao texto. 21 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. AUT OAT IVID ADE � 1 Sobre as habilidades de leitura, analise as seguintes proposições: I. A observação consiste em reconhecer os signos, os gêneros, as estruturas textuais. II. A análise tem o propósito de identificar e relacionar cada parte de um texto. III. A comparação diz respeito a confrontar os vários textos estabelecendo diferenças e semelhanças. IV. A contextualização se refere a inserir o texto no contexto comunicacional em que foi produzido. Estão corretas: a) ( ) I, II e III. b) ( ) I, III e IV. c) ( ) II, III e IV. d) ( ) Apenas II e IV. e) ( ) I, II, III e IV. 2 (Texto adaptado do Blog Armazém do Texto) Leia o texto que segue: O “IMPEACHMENT” E A AUSÊNCIA DE RESPONSABILIDADE PRESIDENCIAL Tendo aludido ao lugar da obra de Rui Barbosa onde se lê “mais vale, no governo, a instabilidade que a irresponsabilidade” – essa nota dominante do presidencialismo – um dos nossos bons constitucionalistas retratou com suma clareza e singeleza a inoperância do impeachment, de origem anglo-saxônica, acolhido pelas Constituições presidencialistas, ao afirmar que “sendo um processo de ‘formas’ criminais (ainda que não seja um procedimento penal ‘estrito’), repressivo, a posteriori, seu manejo é difícil, lento, corruptor e condicionado à prática de atos previamente capitulados como crimes”. Sobre o impeachment, esse “canhão de cem toneladas” (Lord Bryce), que dorme “no museu das antiguidades constitucionais” (Boutmy) é ainda decisivo o juízo de Rui Barbosa, quando assevera que “a responsabilidade criada sob a forma do impeachment se faz absolutamente fictícia, irrealizável, mentirosa”, resultando daí no presidencialismo um poder “irresponsável e, por consequência, ilimitado, imoral, absoluto”. Essa afirmativa se completa noutra passagem em que Rui Barbosa, depois de lembrar o impeachment nas instituições americanas como “uma ameaça desprezada e 22 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. praticamente inverificável”, escreve: “Na irresponsabilidade vai dar, naturalmente, o presidencialismo. O presidencialismo, se não em teoria, com certeza praticamente, vem a ser, de ordinário, um sistema de governo irresponsável”. Onde o presidencialismo se mostra pois irremediavelmente vulnerável e comprometido é na parte relativa à responsabilidade presidencial. O presidencialismo conhece tão-somente a responsabilidade de ordem jurídica, que apenas permite a remoção do governante, incurso nos delitos previstos pela Constituição. Defronta-se o sistema, porém, com um processo lento e complicado (o impeachment, conforme vimos), que fora da doutrina quase nenhuma aplicação teve. Muito distinto aliás da responsabilidade política a que é chamado o Executivo na forma parlamentar, responsabilidade mediante a qual se deita facilmente por terra todo o ministério decaído da confiança do Parlamento (BONAVIDES, Paulo. Ciência política, p. 384). Sobre o texto se pode inferir que: a) ( ) O autor se mostra desfavorável ao processo de impeachment que, segundo ele, carece de presteza e simplificação. b) ( ) Apresenta argumentos que validam o uso do impeachment, embora o considere um instrumento constitucional ultrapassado. c) ( ) Inclui o impeachment entre os responsáveis pela corrupção e a irresponsabilidade de conduta atribuída ao governo brasileiro. d) ( ) Baseia-se nas afirmações de Rui Barbosa em virtude de sua grande habilidade política, vendo-o como um grande estadista. e) ( ) O impeachment por ser uma criação brasileira, mostrou-se ineficaz em sistemas parlamentaristas de governo. 3 Analise as afirmativas que seguem, classificando-as como Verdadeiras ou Falsas: ( ) O ato de ler não exige olharcrítico ou reflexão, apenas saber decifrar o código utilizado na elaboração do texto. ( ) Os textos verbais são mais difíceis de ler porque não apresentam outros recursos além das palavras. ( ) Ao lermos fazemos uso da competência leitora, a qual mobiliza as habilidades de leitura que adquirimos e aprimoramos ao longo de nossa trajetória. ( ) Observar, analisar e identificar são exemplos de habilidades leitoras mobilizadas para que façamos uma leitura adequada do texto. A sequência correta é: a) ( ) V, F, V, F. 23 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. b) ( ) F, V, F, V. c) ( ) F, F, V, V. d) ( ) F, V, V, F. e) ( ) V, F, F, V. 4 Leia o texto que segue: Sob o ponto de vista individual, a corrupção pode ser vista como uma escolha racional, baseada em uma ponderação dos custos e dos benefícios dos comportamentos honesto e corrupto. No tocante às empresas, punir apenas as pessoas, ignorando as entidades, implica adotar, nesse âmbito, a teoria da maçã podre, como se a corrupção fosse um vício dos indivíduos que as praticaram no seio empresarial. O que constatamos é bem diferente disso. A corrupção era, para as empresas envolvidas na operação Lava Jato, um modelo de negócio que majorava o lucro em benefício de todos. (Entrevista com Deltan Martinazzo Dallagnol [procurador público]. O Estado de S. Paulo, 18 mar. 2015. Adaptado.) Sobre o texto analise as seguintes proposições: I. A corrupção é um problema que pode ser explicado pela perspectiva pragmática, POIS II. é considerada, predominantemente, a avaliação dos efeitos práticos das ações. Sobre as proposições é correto afirmar: a) ( ) A proposição I é verdadeira e a proposição II é falsa. b) ( ) As proposições I e II são verdadeiras. c) ( ) As proposições I e II são falsas. d) ( ) A proposição I é falsa e a proposição II é verdadeira. e) ( ) As posições I e II são verdadeiras, mas a relação estabelecida entre elas pelo “pois” não se justifica. 5 Leia a tirinha de Calvin: FONTE: Disponível em: <http://thumb.mais.uol.com.br/photo/9792685. jpg?ver=0>. Acesso em: 13 jul. 2016. 24 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. Sobre a tirinha é correto afirmar: a) ( ) Calvin faz uma crítica à duração das aulas que o impedem de aproveitar o parquinho. b) ( ) Calvin questiona os métodos de ensino utilizados pela professora, por considerados ineficientes. c) ( ) Calvin faz uso de uma linguagem formal para mostrar à professora e aos colegas sua erudição. d) ( ) Calvin faz uma argumentação baseada na premissa de que a ignorância é condição necessária para a felicidade. e) ( ) Calvin, ao gritar “Ditadura”, refere-se ao fato de que a professora não quer que ele seja feliz. 25 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. GABARITO DAS AUTOATIVIDADES 1 E 2 A 3 C 4 B 5 D 26 REDAÇÃO Copyright © UNIASSELVI 2016. Todos os direitos reservados. REFERÊNCIAS AZEVEDO, T. M.; ROWELL, Vania Morales. Competências e habilidades no processo de aprendizagem. Caxias do Sul: [s.n.], 2009. CABRAL, L. S. Processos psicolinguísticos de leitura e a criança. Letras de hoje, 1986. CEREJA, Wiliam Roberto; COCHAR, Thereza; CLETO, Ciley. Interpretação de textos: construindo competências e habilidades em leitura. São Paulo: Atual, 2009. HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. KLEIMAN, A. (Org.). Os significados do letramento. Campinas: Mercado Aberto, 1995. Centro Universitário Leonardo da Vinci Rodovia BR 470, km 71, n° 1.040, Bairro Benedito Caixa postal n° 191 - CEP: 89.130-000 - lndaial-SC Home-page: www.uniasselvi.com.br
Compartilhar