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PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS ATENDIMENTO À VÍTIMA A primeira etapa do curso foi de caráter mais introdutório ao tema. Nesta Etapa 2, você irá aprender sobre a prática dos primeiros socorros em si. Aspectos da avaliação e condições da vítima serão contemplados, e também os conceitos e o que fazer em caso de acidentes que envolvem queimaduras e choques elétricos. Para isso, disponibilizamos uma apostila exclusiva em formato PDF, materiais complementares e interativos, exercícios para você testar o seu conhecimento e um tema no fórum de discussão, a fim de manifestar a sua opinião. No caso de dúvidas, acesse o link Tire suas Dúvidas e relate-as para nós. Vamos começar? APRESENTAÇÃO Organização Carla Eunice Gomes Correa Reitor da UNIASSELVI Prof. Hermínio Kloch Pró-Reitora do EAD Prof.ª Francieli Stano Torres Edição Gráfica e Revisão UNIASSELVI Autora Talita Cristiane Sutter CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS .02 1 INTRODUÇÃO O socorrista pode ser a primeira pessoa a chegar em um cenário de emergência, porém, há situações que exigem o resgate antes de qualquer atendimento. Essas ocorrências podem incluir problemas com fogo, eletricidade, entre outros. Nestes casos há a necessidade de uma ajuda especializada e o socorrista deve avaliar cada situação para não se colocar em risco. Em alguns casos, a polícia ou o corpo de bombeiros deve ser acionado prontamente, nunca o socorrista pode realizar atendimento em situações para as quais não foi treinado (BERGERON, et al. 2007). Pensando nisso, as técnicas que serão descritas sobre o socorro em casos de queimaduras e choques elétricos, devem ser efetuadas com responsabilidade, avaliando os riscos de cada caso. 2 AVALIAÇÃO E CONDIÇÕES DA VÍTIMA Avaliar as condições iniciais da vítima é de suma importância para realizar o atendimento em qualquer tipo de urgência e emergência. O socorrista deve estar atento a todas as etapas, para poder informar ao serviço especializado o estado em que se encontra a pessoa. O primeiro cuidado básico é impedir a movimentação do pescoço (risco de lesionar a coluna cervical). ATENDIMENTO À VÍTIMA CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS IMOBILIZAÇÃO DA CABEÇA FONTE: <https://www.sbp.com.br/fi leadmin/user_upload/img/cursos/curso_ suporte/fi g02-19.gif>. Acesso em: 21 fev. 2019. A avaliação em si consiste em examinar o sujeito em diferentes etapas, realizando atendimento sistematizado, utilizando os seguintes passos: A) Via aérea com controle da coluna cervical. B) Ventilação e respiração. C) Circulação. D) Estado neurológico. A) Via aérea: A via aérea deve estar livre de coágulos de sangue, restos alimentares, vômitos e próteses. Caso estejam presentes, precisam ser retirados. • A vítima que estiver falando, aponta que a via aérea está desbloqueada. Não deve ingerir alimento ou líquidos neste momento. • A vítima que estiver desacordada, deve-se avaliar se a via aérea está livre ou encontra-se algum objeto que possa estar impedindo a passagem do ar. Nos dois casos mencionados, manter a imobilização cervical (CENCI et al. 2012). Caso haja resíduos de sangue ou vômitos na cavidade bucal, deve- se lateralizar a vítima e limpar a cavidade bucal, impedindo a aspiração do resíduo (BRASIL, 2003). B) Respiração: Deve-se avaliar se a vítima está respirando. Observar se o tórax se eleva (quando o pulmão se enche de ar) e se desinfla (quando o ar sai dos pulmões). Este movimento deve ser analisado também quanto a sua qualidade, se está normal, muito rápido, muito devagar ou se não está respirando (CENCI et al. 2012). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS O prolongamento da hipóxia (falta de ar) cerebral determina a morte do Sistema Nervoso Central e com isto a falência generalizada de todos os mecanismos da vida, em um tempo de aproximadamente três minutos (BRASIL, 2003). Agir rapidamente, nestes casos, é fundamental para não agravar a situação da vítima que pode evoluir para o óbito. A maioria das pessoas precisa de um nível de saturação de, no mínimo, 89% para manter suas células saudáveis. Se o nível de oxigênio ficar baixo em ar ambiente, é necessário usar oxigênio suplementar (SBPT, 2019). RESPIRAÇÃO ABDOMINAL FONTE: <http://momentopilates.com.br/wp-content/uploads/2016/10/respira%C3%A7%C3%A3o- abdominal.-esquema.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2019. C) Circulação: Avaliar se a vítima está com alguma hemorragia, caso esteja sangrando, procure estancar o sangue com uma gaze ou compressa até a chegada da equipe especializada. Identificar a coloração da pele se está evoluindo para uma cor azulada e pálida (cianótica), pois pode estar perdendo volume de sangue significativo (CENCI et al. 2012). A cianose significa diminuição das taxas de oxigênio no sangue, geralmente necessita cair mais de 80% para ser detectável visivelmente como uma alteração de coloração na pele (DIPPE JR., 2010). D) Avaliação Neurológica: CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS O primeiro passo deve estar voltado à análise da condição da vítima, se está acordada ou inconsciente. Alguns comandos são considerados importantes como forma de avaliação caso a vítima esteja com suspeitas de traumatismo craniano. Estes aspectos estão descritos em uma escala nomeada Escala de Glasgow. Nestes casos, sempre relatar para a equipe especializada tais evidências constatadas abaixo: Ocular • É capaz de abrir e fechar os olhos sem estímulos externos. • Abre os olhos quando é chamado. • A vítima abre os olhos após a pressão nas extremidades dos dedos (aumentando progressivamente a intensidade por 10 segundos). • Não abre os olhos. Verbal • Consegue responder adequadamente o nome, local e data. • Consegue conversar em frases, mas não responde corretamente as perguntas de nome, local e data. • Não consegue falar em frases, mas interage através de palavras isoladas. • Somente produz gemidos. • Não produz sons, apesar de ser fisicamente capaz de realizá-los. Motora • Cumpre ordens de atividade motora (duas ações) como apertar a mão do profissional e colocar a língua para fora. • Eleva a mão acima do nível da clavícula em uma tentativa de interromper o estímulo (durante o pinçamento do trapézio ou incisura supraorbitária). • A mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão rápida do braço ao nível do cotovelo e na direção externa ao corpo. • A mão não alcança a fonte do estímulo, mas há uma flexão lenta do braço na direção interna do corpo. • Não há resposta motora dos membros superiores e inferiores, apesar de o paciente ser fisicamente capaz de realiza-la. Pupilar • Nenhuma pupila reage ao estímulo de luz. • Apenas uma pupila reage ao estímulo de luz. • As duas pupilas reagem ao estímulo de luz. ESCALA DE GLASGOW FONTE: Adaptado de Glasgow Coma Scale Official (2015) Observar sempre as seguintes alterações (BRASIL, 2003): • Falta de respiração. • Pulso ausente (falta de circulação). • Hemorragia. • Ausência da consciência. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Para prestar o atendimento, o socorrista deve ter algumas ferramentas necessárias para avaliar e poder agir. • Equipamentos de proteção individual (luvas descartáveis e máscara). • Gazes e ataduras. • Esparadrapos. • Tesoura. • Soro Fisiológico 0,9%. • Compressa. • Pinça. • Bolsa de gelo. FONTE: Adaptado de Bergeron et al. (2007); Bruno e Bartman (1996); Gonçalves e Gonçalves (2009); Júnior (2014); Júnior et al. (2007) MATERIAIS BÁSICOS PARA O KIT DE PRIMEIROS SOCORROS FONTE: <https://www.ambientec.com/wp-content/uploads/2017/03/Kit-de- primeiros-socorros-1-600x450.jpg>. Acesso em: 21. fev. 2019. KIT DE PRIMEIROS SOCORROS Estes materiais são considerados básicos, devendo constar em qualquer espaçocoletivo (ex.: escolas). Munido com este kit, o socorrista é capaz de prestar atendimento quanto a ferimentos simples, cortes, contusões, retirada de espinhos etc. (BERGERON et al. 2007). Casos mais graves e com grande extensão de ferimentos, cabe ao socorrista chamar imediatamente o serviço especializado para a remoção da vítima e monitorá-la adequadamente. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS 3 QUEIMADURAS As queimaduras podem ser advindas de incêndios ou não. Quando são, é importante ter em mente que um incêndio é uma das situações mais difíceis de enfrentar. De acordo com Júnior (2014), esse tipo de emergência pode trazer riscos tanto para quem se encontra no local, quanto para edifícios próximos e para quem faz o resgate. Há o risco de intoxicação pela fumaça além de queimaduras graves, traumatismos na hora de tentar sair do local etc. Em um incêndio, o pânico toma conta das pessoas e há a possibilidade do fogo se alastrar depressa, então todo o cuidado é pouco em uma situação de salvamento nessas condições. Em escolas e residências • Telefone imediatamente para os bombeiros. Retire todas as pessoas do local. • Desligue a chave geral da luz. • Ache as saídas de emergência e verifique se estão livres, ajudando pessoas a saírem do local • Feche o registro de gás se ele estiver fora, se estiver dentro feche-o, corte a mangueira e leve-o para fora. • Se tiver extintor classe A, utilizado para madeira, papel, tecidos e derivados, use-o. Caso contrário, com a chave de luz desligada, utilize água para apagar o fogo. • Se as chamas se propagarem rapidamente, saia da casa. Cuidados com a inalação da fumaça • Abra ou quebre as janelas, se houver, e grite por socorro. Se não houver janelas, procure ir para outro cômodo com ventilação e feche a porta para isolar a fumaça. • Se tiver que passar por um cômodo com muita fumaça, abaixe-se bem pois o ar ao nível do chão é menos perigoso. • Coloque um casaco ou outro material sobre as frestas da porta para impedir a fumaça de entrar. AÇÕES PARA SITUAÇÕES DE INCÊNDIO FONTE: Adaptado de Júnior (2014) 3.1 CONCEITO De acordo com Cenci et al. (2012, p. 9) queimadura “é uma lesão produzida na pele (tecido de revestimento do organismo) por agentes térmicos, produtos químicos, radiação ionizante etc.”. Essas lesões são, usualmente, ocasionadas por alta temperatura, podem ser graves dependendo da localização, extensão e grau de profundidade (BRASIL, 2003). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Causadores de queimaduras: • Chama, brasa ou fogo. • Vapores quentes. • Líquidos ferventes. • Sólidos superaquecidos ou incandescentes. • Substância química. • Radiações. • Frio excessivo. • Eletricidade (ROSA, 2015, p.39). 3.2 CLASSIFICAÇÃO O quadro 4 demonstra a classificação das queimaduras: Tipos Características Térmicas Calor, fogo, vapor e objetos quentes. Químicas Diferentes substâncias cáusticas, como ácidos e álcalis. Eletricidade Incluindo raios. Radiação Fontes de luz muito intensam raios ultravioleta (inclusive a luz solar), fontes nucleares. CLASSIFICAÇÃO DAS QUEIMADURAS FONTE: Adaptado de Cenci et al. (2012) 3.2 EXTENSÃO E PROFUNDIDADE Para obter-se o número da extensão da queimadura, normalmente é utilizada a regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski: A conhecida regra dos nove, criada por Wallace e Pulaski, que leva em conta a extensão atingida, a chamada superfície corporal queimada (SCQ). Para superfícies corporais de pouca extensão ou que atinjam apenas partes dos segmentos corporais, utiliza-se para o cálculo da área queimada o tamanho da palma da mão (incluindo os dedos) do paciente, o que é tido como o equivalente a 1% da SCQ (BRASIL, 2012 p. 5). É importante salientar a extensão da área atingida para entender o grau de gravidade da queimadura: • Até 15% - Portador de queimadura. • Acima de 15% - Grande queimado. • Acima de 40% Queimado com alto risco de vida (ROSA, 2015 p. 42). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS SUPERFÍCIE CORPORAL QUEIMADA, GRAU DE GRAVIDADE FONTE: Brasil (2003, p. 131) Os agravos feitos pelas queimaduras, tendo em vista a profundidade delas, podem ser classificados em: primeiro grau, segundo grau ou terceiro grau. Conforme demonstra o quadro 5 e a figura 5. GRAU DE PROFUNDIDADE DAS QUEIMADURAS Tipo Característica Primeiro Grau • Ocorre, por exemplo, quando a pessoa fica exposta ao sol por períodos prolongados. • Apresenta vermelhidão, dor, edema. • A cura espontânea ocorre em 3 a 6 dias sem deixar cicatrizes. Segundo Grau • Atinge mais profundamente a pele, é comumente observada nas queimaduras por líquidos quentes. • Apresenta bolhas, dor intensa. • A evolução depende das gravidades das lesões: quando menos profundas, a cura pode ocorrer em cerca de duas semanas sem deixar ou com cicatrizes discretas. • As mais profundas demoram várias semanas e podem resultar em cicatrizes significativas. Terceiro Grau • Todas as camadas da pele são lesadas. Apresenta a pele esbranquiçada, necrose e é indolor devido aos danos nos nervos. • Observadas frequentemente nas queimaduras por chama, queimaduras químicas e elétricas. • Tratamento complexo, exigindo cirurgia plástica restauradora com enxerto de pele. FONTE: Adaptado de Rosa (2015); Mendonça (2014) CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS FONTE: <https://i2.wp.com/www.mdsaude.com/wp-content/uploads/graus- queimadura.jpg?w=720&ssl=1>. Acesso em: 20 fev. 2019. GRAU DE PROFUNDIDADE DAS QUEIMADURAS NA PELE Profundidade e extensão são fatores importantes na avaliação dos socorristas, conforme Brasil, (2012 p. 5): A avaliação da extensão da queimadura, em conjunto com a profundidade, a eventual lesão inalatória, o politrauma e outros fatores determinarão a gravidade do paciente. O processo de reparação tecidual do queimado dependerá de vários fatores, entre eles a extensão local e a profundidade da lesão. A queimadura também afeta o sistema imunológico da vítima, o que acarreta repercussões sistêmicas importantes, com consequências sobre o quadro clínico geral do paciente. 3.3 PROCEDIMENTOS DE SOCORRO O socorro vai depender do tipo de acidente que provocou a queimadura. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Tipo de queimaduras Como proceder Térmicas O primeiro cuidado é a interrupção da atividade agressiva aos tecidos orgânicos do agente agressor. Se for em um incêndio, o correto é usar um casaco ou toalha para abafar as chamas, ou deitar no chão e rolar-se. Vítimas de queimaduras em ambientes fechados têm risco de lesão das vias aéreas e inalação de fumaça. Se a pessoa apresentar queimaduras nas faces ou lábios, com edema, rouquidão, tosse irritativa, dificuldade respiratória, deve ter prioridade de atendimento devido ao risco de obstrução respiratória. Utilização de água corrente na zona lesada. Nunca estoure as bolhas que poderão se formar na queimadura. Elétricas A principal prioridade está em determinar se a vítima ainda permanece em contato com a rede elétrica. Podem causar paradas cardíacas e a reanimação cardiopulmonar pode ser necessária. (ver mais sobre esse tipo de choque no Subtópico 4). Longe da corrente elétrica, resfrie as lesões com água fria. Encaminhar para o hospital. Químicas O produto químico continua a reagir até ser totalmente removido. A pele libera água que permite qualquer reação, portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de água. Retirar a roupa impregnada pela substância. A lavagem deve começar imediatamente. Se há a suspeita de ingestão de substância corrosiva (soda cáustica, amônia etc.) deve ser considerado emergência, a face e a boca devem ser lavadas com água, e manter em jejum até avaliação do serviçoespecializado. Radiação Pode acontecer pela exposição a fontes nucleares e também a luz solar. A pele libera água que permite qualquer reação, portanto é melhor lavar e diluir com grande quantidade de água. Aplicar água corrente ou toalhas molhadas. Ingerir bastantes líquidos pelo risco de desidratação COMO PROCEDER EM ACIDENTES COM QUEIMADURAS FONTE: Adaptado de Brasil (2015); Mendonça (2014) Em queimaduras térmicas, quando forem de primeiro grau, limite-se a lavagem com água e fique atento a possíveis infecções mantendo o local limpo. Quando forem de segundo grau, após lavar com água corrente, proteja ela com gaze ou pano limpo umedecido, pode ser também com papel alumínio. Nunca retire roupas que possivelmente grudaram na lesão, essa é CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS uma tarefa do serviço especializado. As queimaduras de terceiro grau utilizam o mesmo procedimento: lavagem e cobertura da lesão com papel alumínio (BRASIL, 2003). LAVAGEM DE QUEIMADURA FONTE: <https://domadoma.sk/wp-content/uploads/2019/06/pexels-photo-821037.jpeg>. Acesso em: 20 fev. 2019. Em queimaduras resultantes por produtos químicos, é importante identificar que tipo de agente químico que foi utilizado para informar o SAMU, além de lavar a região somente com água, até a chegada da emergência e a ida ao hospital. Nas queimaduras por inalação de algum gás ou vapor aquecido, acione prontamente o SAMU e leve a vítima a um local bastante arejado, aquecendo-a, fique preparado para a possibilidade de realizar a Ressuscitação Cardiopulmonar (FRANÇOSO; MALVESTIO, 2007). 3.4 CUIDADOS COM AS QUEIMADURAS No caso de crianças vítimas de queimaduras, a assistência pode ser iniciada ainda na escola: • Não inserir nenhum produto ou remédio caseiro no ferimento, pois pode piorar a lesão. Nesses casos há também um risco de infecção por bactérias, fungos e vírus que podem estar nesses produtos, tendo em vista que a pele (nossa barreira natural) está danificada. Também não passe gelo na queimadura e nem use algodão para secar a ferida, pois solta fiapos. • A área afetada não deve ser tocada com a mão. Nunca estoure as bolhas formadas por queimaduras. Como vimos, elas se manifestam nas de segundo grau e só podem ser manuseadas por um profissional especializado, pois, se elas forem rompidas, o ferimento ficará exposto e pode infeccionar. Caso precise cobrir o ferimento a caminho do serviço de saúde, faça com um pano limpo umedecido. • Tecidos ou outros materiais que podem grudar no ferimento devem ser evitados. A vítima deve esperar o atendimento especializado para tirar a roupa, mesmo se ela for atingida pelo fogo. O ideal é molhar a vestimenta CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS antes de ir ao hospital, isso evita que as bolhas estourem. Caso a região queimada esteja com o tecido aderido, não retire. Quando necessário, recorte a roupa ao redor do ferimento e resfrie com água corrente o local. • Importante retirar os acessórios, como por exemplo, pulseiras e anéis, pois o corpo incha naturalmente após queimado e esses objetos podem ficar presos. • Quando uma queimadura tem uma extensão expressiva, a perda de líquidos pelo corpo é muito grande, por isso a vítima precisará de uma reposição de líquidos eletrólitos por via venosa, o mais rápido possível. • Se a queimadura for pequena (até 10% da SCQ) e a pessoa estiver consciente, a hidratação oral com água e suco de fruta deve ser iniciada. Para evitar casos de queimaduras no ambiente escolar, devemos adotar medidas de prevenção: • Guardar materiais inflamáveis fora do alcance das crianças como fósforo, isqueiros etc. • Verificar a temperatura da água antes de banhar a criança • Verificar a temperatura do alimento ou líquidos antes de oferecer a criança. • Não permitir a presença de crianças na cozinha (TADDEI et al. 2006). 4 CHOQUE ELÉTRICO O choque elétrico é a passagem de uma corrente elétrica pelo corpo, ele funciona como uma espécie de condutor dela em direção à terra. Quando acontece um caso destes, a vítima pode sofrer queimaduras, arritmias e até mesmo vir a óbito. Importante salientar que a água torna o choque ainda mais perigoso, pois ela é condutora de eletricidade, e que uma corrente elétrica pode passar por vários corpos se tiverem contato entre si (SANTINI, 2008). Quando nosso organismo passa por um choque, ele dá sinais e sintomas como a contratura muscular enquanto o corpo está energizado e, nas possíveis queimaduras, na maioria das vezes, vemos o ponto de entrada e de saída da corrente elétrica (TJPE, 2015). Podemos determinar a gravidade do choque pela intensidade da corrente elétrica, se for muito intensa pode matar pela paralisia do centro nervoso central que rege os movimentos respiratórios e cardíacos. Também pode haver a morte por fibrilação cardíaca (BRASIL, 2003). Intensidade das correntes elétricas: • 100 a 150 Volts – Consideradas perigosas. • Acima de 500 Volts – Mortais. • 25 mA – Espasmos musculares, podendo levar a morte se atuar por alguns minutos. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS • Entre 25 mA e 75 mA – Além de espasmo muscular, dá-se parada do coração em diástole ventricular. “Cada segundo de contato com a eletricidade diminui a possibilidade de sobrevivência” (BRASIL, 2003, p. 102). 4.1 PROCEDIMENTOS DE SOCORRO Antes de socorrer a vítima, desligue a corrente elétrica, para que não haja perigo de você ou alguém, encostar nela e também recebê-la. Só toque na vítima quando devidamente desligada a corrente elétrica ou quando ela já estiver afastada dela. • Afaste a vítima da corrente elétrica. • Remova o condutor com material isolante (cabo de vassoura, tapete de borracha), nunca toque em fios elétricos com as mãos (ver Figura 7). AFASTAR A VÍTIMA DE FIO CONDUTOR DE ELETRICIDADE FONTE: <https://vivasaude.digisa.com.br/visualizacao/cuidados-com-o-choque- eletrico/choque-eltrico/>. Acesso em: 21 fev. 2019. • Verifique se a vítima está respirando e com o coração batendo, se estiver em parada cardiorrespiratória inicie as manobras de ressuscitação enquanto aguarda o SAMU (estudaremos sobre estas manobras na Etapa 3). • Se houverem queimaduras, usar os procedimentos adequados. Nos casos de choque elétrico, avalie a respiração da vítima conforme as instruções abaixo: � Respiração ausente: abrir a boca e desenrolar a língua � Respiração ausente mesmo depois de desenrolar a língua: realizar massagem cardíaca (não é necessário realizar boca a boca). � Respiração normal: afrouxar as roupas e os sapatos, agasalhando a vítima. � Cobrir a área queimada com pano limpo umedecido (TJPE, 2015, p. 10). CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS 4.2 PREVENÇÃO Os choques elétricos podem acontecer nos espaços coletivos quando ocorrem as seguintes condições: � Falta de segurança nas instalações e equipamentos, como: fios descascados, falta de aterramento elétrico, parte elétrica de um motor que, por defeito, está em contato com sua carcaça etc. � Imprudência. � Indisciplina. � Ignorância. � Acidentes etc. (BRASIL. 2003 p. 103). Nesse sentido, é importante a implementação de um programa de prevenção de acidentes nas escolas, para a educação dos colaboradores para l idarem com situações de risco, e para a constante manutenção da infraestrutura, verificando, regularmente, inclusive as condições dos mobiliários, playground e integridade dos brinquedos. Sabe-se que acidentes com choques elétricos também podem ocorrer, sobretudo, com crianças, segundo Gonçalves e Gonçalves, (2009) e Taddei et al (2006), estes são itens que podem auxiliar na prevenção deste tipo de acidente: • Posicionar tomadas no alto para que fiquem longe do alcance das crianças. • Proteger as tomadas com protetores firmes. • Não utilizar uma única tomadaelétrica para vários aparelhos. • Orientar as crianças a não tocarem em tomadas, fios e aparelhos elétricos. • Manter aparelhos elétricos desligados quando não estiverem sendo usados e, se ligados, mantê-los longe do alcance das crianças. • Observar a integridade dos fios e substituir os desencapados. • Providenciar para que a manutenção das instalações e dos aparelhos elétricos nas escolas seja realizada periodicamente. RISCO DE CHOQUE ELÉTRICO COM CRIANÇA FONTE: <http://engenhariae.com.br/wp-content/uploads/2017/08/problemas- com-crian%C3%A7a-eletricidade.jpg>. Acesso em: 21 fev. 2019. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS Além das precauções listadas, como vimos, se estamos perante a qualquer risco de entrar em contato com uma corrente elétrica, devemos, primeiramente, desligá-la. Então, quando há a necessidade de trocar aparelhos domésticos, tais como: chuveiros, tomadas, e até mesmo lâmpadas, sempre desligue a corrente daquele cômodo antes de iniciar ou pedir para alguém fazer a manutenção. CURSO LIVRE - PRIMEIROS SOCORROS NAS ESCOLAS REFERÊNCIAS BERGERON, D. et al. Primeiros socorros. São Paulo: Ed. Atheneu, 2007. BRASIL. Ministério da Saúde. Cartilha de tratamento de emergência das queimaduras. Brasília: Editora do Ministério da Saúde. 2012. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/cartilha_tratamento_ emergencia_queimaduras.pdf. Acesso em: 21 fev. 2019. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de primeiros socorros. Rio de Janeiro: Fundação Oswaldo Cruz, 2003. Disponível em: http://www.fiocruz. br/biosseguranca/Bis/manuais/biosseguranca/manualdeprimeirossocorros. pdf. Acesso em: 23 jan. 2019. BRUNO, P.; BARTMAN, M. Primeiros socorros. Rio de Janeiro: Ed Senac,1996. CENCI, D. et al. Manual de primeiros socorros para leigos. Porto Alegre: Núcleo de Educação Permanente SAMU, 2013. Disponível em: http:// lproweb.procempa.com.br/pmpa/prefpoa/sma/usu_doc/samu.pdf. Acesso em: 21 fev. 2019. DIPPE JR., T. Cianose (coloração azulada da pele e mucosas). Portal do Coração, Curitiba, jan. 2010. Disponível em: http://portaldocoracao.com.br/ cianose-coloracao-azulada-da-pele-e-mucosas/. Acesso em: 22 fev. 2019. FRANÇOSO, L.; MALVESTIO, M. Manual de prevenção de acidentes e primeiros socorros nas escolas. São Paulo: Secretaria de Saúde, CODEPPS, 2007. Disponível em: https://www.amavi.org.br/arquivo/colegiados/ codime/2016/Primeiros_Socorros_Manual_Prev_Acid_Escolas.pdf. Acesso em: 21 fev. 2019. GLASGOW COMA SCALE OFFICIAL. 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Campo Mourão: Universidade Estadual de Maringá, 2008. Disponível em: http://www.diaadiaeducacao.pr.gov.br/portals/pde/ arquivos/2104-6.pdf. Acesso em: 21 fev.2019. SBPT - Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Oximetria de Pulso. Brasília: SBPT, 2011. Disponível em: https://sbpt.org.br/portal/ publico-geral/doencas/oximetria-de-pulso/. Acesso em: 21 fev. 2019. SBQ – Sociedade Brasileira de Queimaduras. Primeiros socorros e cuidados. Brasília: SBQ, 2019. Disponível em: http://sbqueimaduras.org.br/ queimaduras-conceito-e-causas/primeiros-socorros-e-cuidados/. Acesso em: 21 fev. 2019. TADDEI, J. A. Manual crecheficiente: guia prático para educadores e gerentes. São Paulo: Manole, 2006. TJPE – Tribunal de Justiça de Pernambuco. Manual de primeiros socorros, Recife: Diretoria de Saúde, 2015. Disponível em: http://www.tjpe.jus.br/ documents/459300/1114105/Manual+de+Primeiros+Socorros. Acesso em: 21 fev. 2019.
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