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APOSTILA COMPLETA - TEORIA GERAL DOS CONTRATOS

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1 
 
 
TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
 
(Material elaborado a partir de GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: contratos e atos unilaterais. São 
Paulo: Saraiva, 2017 e TARTUCE, Flávio. Direito Civil: teoria geral dos contratos e contratos em espécie. Rio de 
Janeiro: Forense, 2017). 
 
 
 
 
 
I - NOÇÃO GERAL DE CONTRATO 
 
1. CONCEITO: contrato é a mais comum e mais importante fonte de obrigação. É o acordo de vontades para o 
fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos. Sempre que o negócio jurídico resultar de um 
mútuo consenso, de um encontro de duas vontades, estaremos diante de um contrato. 
 É ato jurídico bilateral, dependente de pelo menos duas declarações de vontade, cujo objetivo é a 
criação, a alteração ou até mesmo a extinção de direitos e deveres de conteúdo patrimonial. Os contratos são, 
em suma, todos os tipos de convenções ou estipulações que possam ser criadas pelo acordo de vontades e 
por outros fatores acessórios. 
 
 
 
 
 
MATERIAL COMPLEMENTAR 
Curso: DIREITO Período: 4º 
Professor: ÉRICA CRISTINA MOLINA DOS SANTOS 
Disciplina: DIREITO CIVIL: TEORIA GERAL DOS CONTRATOS 
Esta apostila é somente material de apoio da 
disciplina de Direito Civil – Contratos I. Assim, 
ela não dispensa a utilização das obras 
indicadas nas bibliografias básica e 
complementar. 
2 
2. FUNÇÃO SOCIAL DO CONTRATO 
 
2.1 Concepção social do contrato: guarda intimidade com o princípio da função social da propriedade 
previsto na Constituição Federal e tem por escopo promover a realização de uma justiça comutativa, 
aplainando as desigualdades substanciais entre os contraentes. 
 
2.2 Conceito: é princípio que limita a autonomia da vontade quando tal autonomia esteja em confronto com 
o interesse social e este deve prevalecer, ainda que essa limitação possa atingir a própria liberdade de não 
contratar. Segundo o art. 421 do Código Civil “A liberdade de contratar será exercida em razão e nos limites 
da função social do contrato”. Ex: terreno alugado por uma empresa para armazenamento de lixo tóxico, 
distribuição de amostras grátis de bebidas alcoólicas em frente a uma unidade de AA. 
 
 Desse modo, os contratos devem ser interpretados de acordo com a concepção do meio social onde 
estão inseridos, não trazendo onerosidade excessiva às partes contratantes, garantindo que a igualdade entre 
elas seja respeitada, mantendo a justiça contratual e equilibrando a relação onde houver a preponderância da 
situação de um dos contratantes sobre a do outro. Valoriza-se a equidade, a razoabilidade, o bom senso, 
afastando-se o enriquecimento sem causa, ato unilateral vedado expressamente pelo CC (arts. 884 a 886). 
Por esse caminho, a função social dos contratos visa à proteção da parte vulnerável da relação contratual. 
 
2.3 Cláusulas gerais: são normas orientadoras sob forma de diretrizes, dirigidas principalmente ao juiz, 
vinculando-o, ao mesmo tempo em que lhe dão liberdade para decidir. São elas formulações contidas na lei, 
de caráter genérico e abstrato, cujos valores devem ser preenchidos pelo juiz, autorizado para assim agir em 
decorrência da formulação legal da própria cláusula geral. 
 
2.4 Caráter residual: as regras atinentes ao contrato constantes do Código Civil, somente serão aplicadas 
quando não se tratarem de relações consumeristas e relações de emprego, pois para estas existem 
disposições legais próprias. 
 
3. CONDIÇÕES DE VALIDADE DO CONTRATO: o contrato, como qualquer outro negócio jurídico, 
igualmente exige para a sua existência legal, o concurso de alguns elementos fundamentais, que constituem 
condições de sua validade. Se faltam-lhe alguns dos requisitos, o negócio é inválido, não produz o efeito 
jurídico em questão e é nulo ou anulável. 
 
 
 
 
 
 
3 
3.1 Requisitos subjetivos (sujeitos) 
 
a) Capacidade genérica: é a capacidade de agir em geral disciplinada nos artigos 3º e 4º do CC; 
manifestação de duas ou mais vontades. O contrato será nulo ou anulável. Se pessoa jurídica, deverá estar 
representada pela pessoa indicada em seu estatuto. 
 
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 
(dezesseis) anos. 
 
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer: 
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; 
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico; 
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; 
IV - os pródigos. 
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial. 
 
b) Aptidão específica para contratar: além da capacidade geral, exige a lei a especial para contratar. 
Algumas vezes, para celebrar certos contratos, requer-se uma capacidade especial, mais intensa do que a 
normal. É a legitimação para a realização de certos negócios. A capacidade de contratar deve existir no 
momento da declaração de vontade do contratante. Ex: doação, outorga uxória. 
 
c) Consentimento: próprio dos contratos, é o consentimento recíproco ou acordo de vontades. O 
consentimento deve ser livre e espontâneo, sob pena de ter a sua validade afetada pelos vícios ou defeitos do 
negócio jurídico: erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão e fraude. Deve abranger a existência e natureza do 
contrato, o objeto e as cláusulas que o compõem. 
 
3.2 Requisitos objetivos (objeto) 
 
a) Licitude do objeto: objeto lícito é o que não atenta contra a lei, a moral ou os bons costumes, incluindo-se 
a conduta humana e a prestação. 
 
b) Possibilidade física ou jurídica do objeto: a impossibilidade pode ser física absolutamente ou jurídica. 
Quando impossível o objeto, o negócio é nulo. 
 
c) Determinação de seu objeto: determinado ou determinável (indeterminado relativamente ou suscetível 
de determinação no momento da execução). 
 
d) Valor econômico: o objeto do contrato deve sempre ter valor econômico. 
 
3.3 Requisitos formais: meio de revelação da vontade, que deve ser prescrita ou não defesa em lei. No 
direito brasileiro a regra é a do consensualismo (liberdade de forma), enquanto que o formalismo (forma 
obrigatória) é a exceção. A forma é livre, as partes podem celebrar o contrato por escrito, público ou 
particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança e seriedade ao 
negócio, exija a forma escrita, pública ou particular, sob pena de nulidade. Podem ser distinguidas três 
espécies de formas: 
 
a) Forma livre: predominante no direito brasileiro (art. 107 CC), é qualquer meio de manifestação da 
vontade, não imposto obrigatoriamente pela lei (palavra escrita ou falada, escrito público ou particular, 
gestos, mímicas etc). 
 
4 
b) Forma especial ou solene: é a exigida pela lei como requisito de validade de determinados negócios 
jurídicos, tendo por finalidade assegurar a autenticidade dos negócios, garantir a livre manifestação da 
vontade, demonstrar a seriedade do ato e facilitar a sua prova. 
 
c) Forma contratual: é a convencionada pelas partes. Os contratantes podem, portanto, mediante 
convenção, determinar que o instrumento público torne-se necessário para a validade do negócio. 
_____________________________________________________________________________________________________________________________ 
 
II - PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO CONTRATUAL 
 
Os princípios assumem um papel de grande importância na atual codificação privada brasileira. 
Atualmente, é até comum afirmar que o vigente Código Civil Brasileiro é um Código de Princípios, tão grande 
a sua presença na codificação vigente. Além disso, não se pode esquecer a grande importância assumida 
pelos princípios constitucionais em nosso ordenamento jurídico. 
 Pode ser conceituados como regramentos básicos aplicáveis a um determinadoinstituto jurídico, no 
caso em questão, aos contratos. Os princípios são abstraídos das normas, dos costumes, da doutrina, da 
jurisprudência e de aspectos políticos, econômicos e sociais. 
 
 
1. Princípio da Autonomia da Vontade ou da Autonomia Privada: 
 
Se alicerça exatamente na ampla liberdade contratual, no poder dos contratantes de disciplinar os 
seus interesses mediante acordo de vontades, suscitando efeitos tutelados pela ordem jurídica. Têm as partes 
a faculdade de celebrar ou não contratos, sem qualquer interferência do Estado. Podem celebrar contratos 
nominados ou fazer combinações, dando origem a contratos inominados. A liberdade contratual é prevista 
nos artigos 421 e 425 do CC. 
 
 
 
Conceitua-se o princípio da autonomia privada como um regramento básico, de ordem particular – 
mas influenciado por normas de ordem pública -, pelo qual na formação do contrato, além da vontade das 
5 
partes, entram em cena outros fatores: psicológicos, políticos, econômicos e sociais. Trata-se do direito 
indeclinável da parte de autorregulamentar os seus interesses, decorrente da dignidade humana, mas que 
encontra limitações em normas de ordem pública, particularmente nos princípios sociais contratuais. 
Ainda, a autonomia privada consiste na liberdade de as pessoas regularem por meio de contratos, ou 
mesmo de negócios jurídicos unilaterais, quando possíveis, os seus interesses, em especial quanto à 
produção e à distribuição de bens e serviços. 
Porém, têm aumentado consideravelmente as limitações à liberdade de contratar, em seus três 
aspectos: 
 
a) Faculdade de contratar e de não contratar (de contratar se quiser): a liberdade de contratar mostra-
se, atualmente, relativa, pois a vida em sociedade obriga as pessoas a realizar, frequentemente, contratos de 
toda espécie, como o de transporte, de compra de alimentos, de aquisição de jornais e de fornecimento de 
bens e serviços públicos (energia elétrica, água, telefone etc). 
 
b) Liberdade de escolha de outro contraente (de contratar com quem quiser): somos obrigados a 
contratar da única empresa que presta o serviço, como regime de monopólio. Ex: água, celular, energia etc. 
 
c) Poder de estabelecer o conteúdo do contrato (de contratar sobre o que quiser): limitações sofridas 
pelas cláusulas gerais, especialmente, as que tratam da função social do contrato. 
 
2. Princípio da Supremacia da Ordem Pública (art. 2.035 CC): 
 
A liberdade contratual encontrou sempre limitação na ideia de ordem pública, entendendo-se que o 
interesse da sociedade deve prevalecer quando colide com o interesse individual. Ordem pública pode ser 
entendida por aquele conjunto de interesses jurídicos e morais que incumbe a sociedade preservar. Os 
princípios de ordem pública não podem ser alterados por convenção entre os particulares (observância à 
função social do contrato). Ex: Código de Defesa do Consumidor e telecomunicações (ampla liberdade de 
contratar provocava desequilíbrios e a exploração do economicamente mais fraco). 
 
 
 
3. Princípio do Consensualismo: 
 
 Basta, para o aperfeiçoamento do contrato, o acordo de vontades, contrapondo-se ao formalismo. O 
contrato resulta do consenso, do acordo de vontades, independentemente da entrega da coisa ou de qualquer 
forma especial para formação do vínculo contratual. 
 
 
 
 A necessidade, todavia, de garantir as partes contratantes levou, atualmente, o legislador a fazer 
certas exigências materiais, subordinadas ao tema do formalismo, como a elaboração de instrumento escrito 
6 
para a venda de automóveis; a obrigatoriedade de inscrição no Registro Imobiliário, para que as promessas 
de compra e venda sejam dotadas de execução específica com eficácia real (art. 1.417 CC); e a imposição do 
registro na alienação fiduciária em garantia (art. 1.361, §1º). 
 Como já visto, no direito brasileiro, a forma é, em regra, livre. As partes podem celebrar o contrato 
por escrito, público ou particular, ou verbalmente, a não ser nos casos em que a lei, para dar maior segurança 
e seriedade ao negócio, exija a forma escrita, pública ou particular (art. 107). O consensualismo, portanto, é a 
regra, e o formalismo, a exceção. 
 
4. Princípio da Relatividade dos Efeitos do Contrato: 
 
Os efeitos do contrato só se produzem em relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, 
vinculando-os ao seu conteúdo sem afetar terceiros nem seu patrimônio. 
 
 
Porém, a nova concepção da função social do contrato representa um abrandamento do princípio da 
relatividade dos efeitos do contrato já que terceiros que não são propriamente partes do contrato possam 
nele influir, em razão de serem por ele atingidos de maneira direta ou indireta. Ex: herdeiros, estipulação em 
favor de terceiros, etc. 
 
5. Princípio da Obrigatoriedade dos Contratos (“Pacta Sunt Servanda”): 
 
Representa a força vinculante das convenções, a irreversibilidade da palavra empenhada. Pelo 
princípio da autonomia da vontade, ninguém é obrigado a contratar. A ordem jurídica concede a cada um a 
liberdade de contratar e definir os termos e objeto da avença. Os que o fizerem, porém, por ser o contrato 
válido e eficaz, devem cumpri-lo, não podendo se forrarem às suas consequências, a não ser com a anuência 
do outro contraente. 
 Decorrente do princípio da autonomia privada, a força obrigatória dos contratos prevê que tem força 
de lei o estipulado pelas partes na avença, constrangendo os contratantes ao cumprimento do conteúdo 
completo do negócio jurídico. Esse princípio importa em autêntica restrição da liberdade, que se tornou 
limitada para aqueles que contrataram a partir do momento em que vieram a formar o contrato 
consensualmente e dotados de vontade autônoma. 
 Não há previsão expressa desse princípio no atual Código Civil. Entretanto, os arts. 389, 390 e 391 da 
atual codificação, que tratam do cumprimento obrigacional e das consequências advindas do 
inadimplemento, afastam qualquer dúvida quanto à manutenção da obrigatoriedade das convenções como 
princípio do ordenamento jurídico privado brasileiro. 
 
6. Princípio da revisão dos contratos ou da onerosidade excessiva (“rebus sic stantibus” ou “teoria da 
imprevisão”): 
Opõe-se tal princípio ao da obrigatoriedade, pois permite aos contraentes recorrerem ao Judiciário 
para obterem alteração da convenção e condições mais humanas em determinadas situações. 
 
6.1 Cláusula “rebus sic stantibus” (enquanto as coisas estão assim): o contrato só pode permanecer 
como está se assim permanecerem os fatos. Tal cláusula consagra a teoria da imprevisão que consiste 
basicamente em presumir, nos contratos comutativos, de trato sucessivo e de execução diferida, a existência 
implícita (não expressa) de uma cláusula, pela qual a obrigatoriedade de seu cumprimento pressupõe a 
inalterabilidade da situação de fato. Se esta, no entanto, modificar-se em razão de acontecimentos 
7 
extraordinários (uma guerra, por ex.) que tornem excessivamente oneroso para o devedor o seu 
adimplemento, poderá este requerer ao juiz que o isente da obrigação, parcial ou totalmente. 
 Assim, trata-se da cláusula contratual em que as partes estipulam que o cumprimento do contrato fica 
subordinado à não modificação, no futuro, dos pressupostos e circunstâncias que ensejaram o pacto. 
 Como regra geral, portanto, os contratos devem ser cumpridos enquanto as condições externas 
vigentes no momento da celebração se conservarem imutáveis. Caso haja alterações modificando-se a 
execução, deverá ser aplicada a regra rebus sic stantibus, restabelecendo-se o status quo ante. 
6.2 Teoria da imprevisão (art. 317 CC): possibilidade de desfazimento ou revisão forçada do contrato 
quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a prestação de uma das partes tornar-se 
exageradamente onerosa; circunstâncias tais que, se pudessem ser previstas, o contratoou não seria 
celebrado ou somente o seria com diversas cláusulas. São requisitos exigidos: 
 
a) Contrato comutativo, de execução diferida ou periódica: o contrato deve assumir a forma comutativa, 
tendo as partes envolvidas total ciência quanto às prestações que envolvem a avença. A revisão por 
imprevisibilidade e onerosidade excessiva não poderá ocorrer caso o contrato assuma a forma aleatória 
(arts. 458 a 461 CC). Além disso, a revisão dos contratos só será admitida em contratos de execução diferida 
(cumprimento em momento futuro num só ato) e de execução periódica ou continuada (cumprimento em 
momento futuro, em vários atos). Assim, o contrato cuja obrigação é cumprida no mesmo instante em que o 
contrato é formado (execução instantânea), em regra, não será passível de revisão. 
 
b) Excessiva onerosidade para uma parte contratante e vantagem exagerada para outra: para que a 
revisão judicial por fato imprevisto seja possível, deve estar presente a onerosidade excessiva, situação 
desfavorável a uma das partes da avença, normalmente à parte mais fraca ou vulnerável, que assumiu o 
compromisso obrigacional. 
 Deve-se entender que o fator onerosidade, a fundamentar a revisão ou mesmo a resolução do 
contrato, não necessita da prova de que uma das partes auferiu vantagens, bastando a prova do prejuízo e do 
desequilíbrio negocial. 
 
c) Imprevisibilidade e extraordinariedade da alteração: para a aplicação da revisão por 
imprevisibilidade, há a necessidade de comprovação dessas alterações da realidade, ao lado da ocorrência de 
um fato imprevisível e/ou extraordinário, sem os quais não há como invocá-la. 
 O fato extraordinário e imprevisível causador da onerosidade excessiva é aquele que não está coberto 
objetivamente pelos riscos próprios da contratação. Para alguns autores, o regime da onerosidade excessiva 
superveniente não pode ser acionado diante de uma simples oscilação econômica para mais ou para menos 
do valor da prestação. Essa oscilação encontra-se coberta pelos riscos próprios da contratação compreendida 
pelos riscos próprios do contrato. 
 Nesse sentido, é fácil considerar que poucos casos vêm sendo enquadrados como imprevisíveis pelos 
Tribunais. Isso porque a jurisprudência nacional sempre considerou o fato imprevisto tendo como parâmetro 
o mercado, o meio que envolve o contrato, não a parte contratante. A partir dessa análise, em termos 
econômicos, na sociedade pós-moderna globalizada, nada é imprevisto, tudo se tornou previsível. Não seriam 
imprevisíveis a escala inflacionária, o aumento do dólar ou o desemprego, não sendo possível a revisão 
contratual motivada por tais ocorrências. 
 Esse tipo de interpretação, na verdade, torna praticamente impossível rever um contrato por fato 
superveniente a partir do Código Civil de 2002, retirando a efetividade do princípio da função social dos 
contratos e da boa-fé objetiva, normalmente utilizados como fundamentos para a revisão contratual. Assim, 
alguns doutrinadores tem entendido que, para se afastar maiores riscos ao meio social, deve-se entender 
como motivos imprevisíveis os fatos supervenientes e alheios à vontade das partes e à sua atuação culposa. 
Sobrevindo a desproporção em casos tais, poderá ocorrer a revisão do negócio jurídico. 
 
7. Princípio da Boa-fé e da Probidade: 
 
Exige que as partes se comportem de forma correta não só durante as tratativas como também 
durante a formação e o cumprimento do contrato. Recomenda ao juiz que presuma a boa-fé, devendo a má-fé, 
ao contrário, ser provada por quem a alega. A probidade pode ser entendida como a honestidade de proceder 
8 
ou a maneira criteriosa de cumprir todos os deveres, que são atribuídos ou cometidos à pessoa. O princípio 
da boa-fé se biparte em: 
 
a) Boa-fé subjetiva: conhecimento ou à ignorância da pessoa em relação a certos fatos, sendo levada em 
consideração pelo direito para os fins específicos da situação regulada. Serve à proteção daquele que tem a 
consciência de estar agindo conforme o direito, apesar de ser outra a realidade. Diz-se subjetiva justamente 
porque, para a sua aplicação, deve o intérprete considerar a intenção do sujeito da relação jurídica, o seu 
estado psicológico ou íntima convicção. 
 
b) Boa-fé objetiva: trata-se de uma regra de conduta, fundada na honestidade, na retidão, na lealdade e na 
consideração para com os interesses do outro contraente. É dever de agir de acordo com determinados 
padrões sociais estabelecidos e reconhecidos. Parte-se de um padrão de conduta comum, do homem médio. É 
a espécie adotada pelo Código Civil. 
 
 ● Disciplina no Código Civil: a cláusula geral da boa-fé objetiva é tratada no Código Civil em três 
dispositivos (arts. 113, 187 e 422 CC). Cabe ao juiz estabelecer a conduta que deveria ter sido adotada pelo 
contratante naquelas circunstâncias, levando em conta, ainda, os usos e costumes. Estabelecido esse modelo 
criado pelo juiz para a situação, cabe confrontá-lo com o comportamento efetivamente realizado. Se houver 
contrariedade, a conduta é ilícita porque violou a cláusula da boa-fé, assim como veio a ser integrada pela 
atividade judicial naquela hipótese. Somente depois dessa determinação, com o preenchimento do vazio 
normativo, será possível precisar o conteúdo e o limite dos direitos e deveres das partes. 
 
 
Exercício: Simone é professora de escola particular do 4º ano, com salário mensal de R$ 4.500,00 (quatro 
mil e quinhentos reais), casada e possui três filhos. Para trabalhar, Simone adquiriu veículo automotor no 
valor de R$ 35.000,00 (trinta e cinco mil reais), tendo financiado parte do referido valor no BANCO DINDIN. 
O contrato consiste no pagamento por Simone de 36 parcelas mensais no valor de R$ 1.245,00 (hum mil, 
duzentos e quarenta e cinco reais). Ocorre que, após ter pago dez parcelas, o esposo de Simone é acometido 
de doença gravíssima que o impossibilita de trabalhar e auxiliá-la no sustento da casa. Além disso, Simone é 
demitida. Diante da nova situação, Simone propõe ação perante o BANCO DINDIN requerendo a revisão do 
contrato de financiamento firmado entre eles, fundamentando seu pedido no princípio da onerosidade 
excessiva (“rebus sic stantibus”). Neste caso, Simone conseguirá a revisão do contrato com fundamento no 
referido princípio? Explique. 
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Exercício: A Construtora X resolveu investir na bolsa de valores. Sem ter experiência alguma neste tipo de 
investimento, foi até a Corretora Y e, dentre as opções dadas por esta, manifestou a intenção de adquirir 
ações da Empresa Z. Mas nos “bastidores” do mercado financeiro já existiam boatos de que a Empresa Z 
poderia sofrer um impacto muito negativo em sua “saúde” financeira diante da possibilidade bem próxima da 
venda do seu controle acionário a um grupo econômico estrangeiro que se encontrava em franca decadência. 
Ocorre que depois de adquiridas as ações pela Construtora X, o controle acionário foi efetivamente 
adquirido por aquele grupo estrangeiro, de sorte que o preço das ações despencou vertiginosamente. A 
Construtora X, diante disto, propôs demanda contra a Corretora Y, postulando a devolução da quantia paga 
para a aquisição das ações. Ademanda proposta contra a Corretora Y é procedente? Por quê? Explique 
fundamentando sua resposta em um dos princípios do direito contratual. 
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Exercício: Identifique na jurisprudência, em qual princípio dos contratos a decisão se fundamenta e 
explique-o: 
EXCESSO DE ONEROSIDADE. CONSÓRCIO. ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. PEDIDO DE RESTITUIÇÃO. - TEORIA DA 
IMPREVISÃO. COMPRA E VENDA DE VEÍCULO PELO SISTEMA COMUM, COM ASSUNÇÃO DE PRESTAÇÕES CONSORTIS DE 
OBJETO DIVERSO. ADQUIRIDO PELO VENDEDOR. Verificada a excessiva onerosidade do comprador e enriquecimento 
indevido do vendedor, que apresentou o negócio como vantajoso para o comprador, justifica-se a dissolução do contrato 
nos moldes ajustados, transferindo-o para o campo dos contratos comuns de financiamento, com recálculo dos respectivos 
débitos e créditos, e evitando-se o enriquecimento indevido de uma das partes em detrimento. (TARS - APC 196.066.880 - 2ª 
CCiv. - Rel. Juiz Marco Aurélio Dos Santos Caminha - J. 01.08.1996) 
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III - INTERPRETAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
Nem sempre o contrato traduz a exata vontade das partes. Muitas vezes a redação mostra-se obscura 
e ambígua, apesar do cuidado quanto à clareza e precisão demonstrado pela pessoa encarregada dessa tarefa, 
em virtude da complexidade do negócio e das dificuldades próprias do vernáculo (linguagem). A execução de 
um contrato exige a correta compreensão da intenção das partes. 
 
 
10 
1. Conceito: interpretar o negócio jurídico é precisar o sentido e alcance do conteúdo da declaração de 
vontade. Busca-se apurar a vontade concreta das partes, não a vontade interna, psicológica, mas a vontade 
objetiva, o conteúdo, as normas que nascem da sua declaração. 
 
2. Extensão: pode-se dizer que as regras de interpretação dos contratos previstas no Código Civil dirigem-se 
primeiramente às partes, que são as principais interessadas em seu cumprimento. Não havendo 
entendimento entre elas a respeito do exato alcance da avença e do sentido do texto por elas assinado, a 
interpretação deverá ser realizada pelo juiz, como representante do Poder Judiciário. 
 
3. Espécies: 
 
a) Interpretação declaratória: quando tem como único escopo a descoberta da intenção comum dos 
contratantes no momento da celebração do contrato. 
 
b) Interpretação construtiva ou integrativa: quando objetiva o aproveitamento do contrato, mediante o 
suprimento de lacunas e pontos omissos deixados pelas partes. A integração contratual preenche, pois, as 
lacunas encontradas nos contratos, complementando-os por meio de normas supletivas, especialmente as 
que dizem respeito à sua função social, ao princípio da boa-fé, aos usos e costumes do local, bem como 
buscando encontrar a verdadeira intenção das partes. Ex: não foi eleito foro ou índice de correção. 
 
4. Princípios básicos: 
 
 *REGRA (art. 112 CC): nas declarações de vontade, se atenderá mais à intenção do que ao sentido 
literal da linguagem. Parte-se da declaração que é forma de exteriorização da vontade, para se apurar a real 
intenção das partes. 
 
a) Princípio da boa-fé (art. 113 CC): os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os 
usos do lugar de sua celebração. Deve o intérprete presumir que os contratantes procedem com lealdade e 
que tanto a proposta como a aceitação foram formuladas dentro do que podiam e deviam eles entender 
razoável, segundo a regra da boa-fé. 
 
b) Princípio da conservação ou aproveitamento do contrato: se uma cláusula contratual permitir duas 
interpretações diferentes, prevalecerá a que possa produzir algum efeito, pois não se deve supor que os 
contratantes tenham celebrado um contrato carecedor de qualquer utilidade. 
 
5. Interpretação dos contratos no Código de Defesa do Consumidor: em regra, os contratos que referem-
se à relações de consumo, são contratos de adesão (art. 54 CDC), ou seja, aqueles cujas cláusulas tenham sido 
aprovadas pela autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou 
serviços sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo. Nesse caso, as 
cláusulas contratuais serão interpretadas de maneira mais favorável ao consumidor (art. 47 CDC). 
 
6. Critérios práticos para interpretação dos contratos: 
 
a) A melhor maneira de apurar a intenção dos contratantes é verificar o modo pelo qual o vinham 
executando, de comum acordo. 
 
b) Deve-se interpretar o contrato, na dúvida, da maneira menos onerosa para o devedor. 
 
11 
c) As cláusulas contratuais não devem ser interpretadas isoladamente, mas em conjunto com as demais. 
 
d) Qualquer obscuridade é imputada a quem redigiu a estipulação, pois, podendo ser claro, não o foi. 
 
e) Na cláusula suscetível de dois significados, interpretar-se-á em atenção ao que pode ser exequível 
(princípio da conservação ou aproveitamento do contrato). 
 
Exercício: Souza é proprietário de imóvel rural que foi objeto de arrendamento a Oliveira, pelo prazo de 3 
anos. O valor devido por Oliveira é de R$ 12.000,00 (doze mil reais) mensais. No contrato de arrendamento, 
constou na cláusula 2ª que o local para pagamento do aluguel seria o domicílio do arrendante, ou seja, Souza. 
Porém, na cláusula 10ª constou a seguinte informação: “O valor do aluguel deverá ser depositado em conta 
corrente de titularidade do arrendante, no Banco DINDIN, Agência 0023, CC 12345-6”. Neste caso, havendo 
divergência de informações quanto a forma de pagamento e não havendo consenso entre os contratantes, 
sendo proposta ação para dirimir o conflito, como deverá proceder o juiz para proferir sua decisão? Explique. 
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__________________________________________________________________________________________________________Exercício: Alberto celebra contrato de locação com Maria pelo prazo de três anos. Ressalte-se que o 
contrato é omisso quanto ao local em que deve ser efetuado o pagamento dos aluguéis. Durante o primeiro 
ano de vigência do contrato, Maria todo dia 5, data do vencimento da prestação, se dirigia ao imóvel locado 
para receber o aluguel. Entretanto, no segundo ano de vigência da avença, Maria se mudou para Recife, 
passando a exigir do locatário Alberto que esta enviasse o pagamento do aluguel por cheque e via Sedex, sob 
pena de rescisão contratual. Inconformado com tal exigência, Alberto argumenta que o pagamento poderia 
ser feito por depósito bancário, pois o envio de Sedex mensal onerava a sua prestação. Diante de tal 
controvérsia, como deverá resolver o juiz quanto ao local do pagamento do aluguel? Explique. 
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IV - DA FORMAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
 
 
12 
A manifestação da vontade é o primeiro e mais importante requisito de existência do negócio 
jurídico. A vontade humana se processa inicialmente na mente das pessoas (momento subjetivo), com a 
própria formação do querer. Quando a vontade se revela (momento objetivo) por meio da declaração é que 
se torna apta a produzir efeitos nas relações jurídicas. Por isso se diz que é a declaração da vontade, e não ela 
própria que constitui requisito de existência dos negócios jurídicos e dos contratos. 
 
 
 
 
 Reunindo o que há de melhor na doutrina, é possível identificar quatro fases na formação do contrato 
civil. 
 
1. NEGOCIAÇÕES PRELIMINARES OU FASE DE PUNTUAÇÃO: fase que antecede a oferta caracterizada por 
sondagens, conversações, estudos e debates. Essa fase não está prevista no Código Civil de 2002, sendo 
anterior à formalização da proposta, podendo ser também denominada fase de proposta não formalizada, 
 
1.1 Inexistência de vínculo jurídico: das negociações preliminares não decorre a obrigação de contratar. 
Qualquer das partes pode afastar-se simplesmente alegando desinteresse, sem responder por perdas e 
danos. Assim, não se pode imputar responsabilidade civil àquele que houver interrompido essas negociações, 
por não lhe ser conveniente o negócio. 
13 
 
1.2 Possibilidade de responsabilização: surgem, nas tratativas, deveres de lealdade, decorrentes da 
simples aproximação pré-contratual. Censura-se, assim, quem abandona inesperadamente as negociações já 
em adiantado estágio, depois de criar na outra parte a expectativa da celebração de um contrato para o qual 
se preparou e efetuou despesas ou em função do qual perdeu outras oportunidades. A violação a esse dever 
secundário pode ensejar indenização (nunca o direito de exigir o cumprimento ou realização do futuro 
contrato), por existir uma relação obrigacional, independentemente de contrato, fundada na boa-fé. 
 A responsabilidade pré-contratual não decorre do fato de a tratativa ter sido rompida e o contrato 
não ter sido concluído, mas do fato de uma das partes ter gerado à outra, além da expectativa legítima de que 
o contrato seria concluído, efetivo prejuízo material. 
 
2. A PROPOSTA (oferta, policitação ou oblação) 
 
2.1 Conceito: é uma declaração receptícia de vontade, dirigida por uma pessoa a outra (com quem pretende 
celebrar um contrato), por força da qual a primeira manifesta sua intenção de se considerar vinculada, se a 
outra parte aceitar. Traduz uma vontade definitiva de contratar. Constitui a manifestação da vontade de 
contratar, por uma das partes, que solicita a concordância da outra. 
 
2.2 Elementos: a proposta deve conter: 
 
a) Todos os elementos essenciais do negócio proposto, como preço, quantidade, tempo de entrega, forma de 
pagamento etc; 
b) Deve também ser séria e consciente, pois vincula o proponente; 
c) Deve ser, ainda, clara, completa e inequívoca, ou seja, há de ser formulada em linguagem simples, 
compreensível ao oblato, mencionando todos os elementos e dados do negócio necessários ao esclarecimento 
do destinatário e representando a vontade inquestionável do proponente. 
 
2.3 Sujeitos: são partes da proposta: 
 
a) Proponente, policitante ou solicitante: é aquele que formula a proposta. 
 
b) Oblato, policitado ou solicitado: é aquele que recebe a proposta. Se acatar a proposta, torna-se 
aceitante, o que gera o aperfeiçoamento do contrato. Entretanto, poderá formular uma contraproposta, 
situação em que os papéis se invertem: o proponente passa a ser oblato e vice-versa. 
 
 
 
 
14 
2.4 A força vinculante da oferta (art. 427 CC): a proposta vincula o proponente, gerando o dever de 
celebrar o contrato definitivo, sob pena de responsabilização pelas perdas e danos que o caso concreto 
demonstrar. 
A obrigatoriedade da proposta consiste no ônus, imposto ao proponente, de mantê-la por certo tempo 
a partir de sua efetivação e de responder por suas consequências, visto que acarreta no oblato uma fundada 
expectativa de realização do negócio, levando-o, muitas vezes, a elaborar projetos, a efetuar gastos e 
despesas, a promover liquidação de negócios e cessação de atividade etc. O proponente responde por todas 
as consequências, se injustificadamente retirar-se do negócio. A lei impõe ao proponente o dever de manter a 
oferta, sob pena de ressarcir as perdas e danos. 
 
2.5 Proposta não obrigatória: 
 
a) Se contiver cláusula expressa a respeito: é quando o próprio proponente declara que não é definitiva e 
se reserva o direito de retirá-la. Muitas vezes, a aludida cláusula contém os dizeres “proposta sujeita a 
confirmação” ou “não vale como proposta”. O aceitante, ao recebê-la, já a conhece e sabe da sua não 
obrigatoriedade. Se ainda assim a examinar e estudar, será com seu próprio risco, pois não advirá nenhuma 
consequência para o proponente caso este opte por revogá-la, visto que estará usando uma faculdade que a si 
mesmo se reservou. 
 
b) Em razão da natureza do negócio: é o caso, por exemplo, das chamadas propostas abertas ao público, 
que se consideram limitadas ao estoque existente. Pelo CDC, o fornecedor deve garantir, não somente o preço 
e as características do produto e serviço, mas também a quantidade disponível em oferta. Ex: produtos na 
vitrine, leilão, número de ingressos no teatro, etc. 
 
c) Em razão das circunstâncias do caso: não são quaisquer circunstâncias, mas aquelas a que a lei confere 
esse efeito, através do artigo 428 e seus incisos: 
 
 ● Inciso I – Se, feita sem prazo a pessoa presente, não foi imediatamente aceita: é pegar ou 
largar, e se o oblato não responde logo, dando pronta aceitação, caduca a proposta, liberando-se o 
proponente. Considera-se também presente a pessoa que contrata por telefone ou por meio de comunicação 
semelhante. Presente, portanto, é aquele que conversa diretamente com o policitante, mesmo que por algum 
outro meio mais moderno de comunicação à distância, e não só por telefone, ainda que os interlocutores 
estejam em cidades, estados ou países diferentes. Se a comunicação entre as partes é feita pela internet, 
estando ambasem contato simultâneo, a hipótese merece o mesmo tratamento jurídico conferido às 
propostas feitas por telefone, por se tratar de comunicação semelhante, só se tornando obrigatória a 
policitação se esta for imediatamente aceita. Todavia, o mesmo não deve suceder com a proposta feita por via 
de e-mail, não estando ambos os usuários da rede simultaneamente conectados. 
 
 ● Inciso II – Se, feita sem prazo a pessoa ausente, tiver decorrido tempo suficiente para chegar 
a resposta ao conhecimento do proponente: para os fins legais, são considerados ausentes os que 
negociam mediante troca de correspondência ou intercâmbio de documentos. O prazo suficiente para a 
resposta varia conforme as circunstâncias. É o necessário ou razoável para que chegue ao conhecimento do 
proponente e denomina-se prazo moral. Entre moradores próximos, não deve ser muito longo. Diferente será 
o entendimento se os partícipes do negócio residirem em locais distantes e de acesso difícil e demorado. 
 O tempo suficiente deve ser analisado caso a caso pelo juiz, de acordo com a boa-fé, os usos e costumes 
do local e das partes (art. 113 CC). 
 
 ● Inciso III – Se, feita a pessoa ausente, não tiver sido expedida a resposta dentro do prazo 
dado: se foi fixado prazo para a resposta, o proponente terá de esperar pelo seu término. Esgotado, sem 
resposta, estará este liberado, não prevalecendo a proposta feita. Neste caso, o CC adota a teoria da 
15 
expedição, pois não basta a redação da resposta, sendo necessária que tenha sido expedida, isto é, saído do 
alcance do oblato. 
 
 
● Inciso IV – Se, antes dela, ou simultaneamente, chegar ao conhecimento da outra parte a 
retratação do proponente: a lei permite ao proponente a faculdade de retratar-se, ainda que não haja feito 
ressalva nesse sentido. Todavia, para que se desobrigue e não se sujeite às perdas e danos, é necessário que a 
retratação chegue ao conhecimento do aceitante antes da proposta ou simultaneamente com ela, casos em 
que as duas declarações de vontade (proposta e retratação), por serem contraditórias, nulificam-se e 
destroem-se reciprocamente. Não importa de que via ou meio se utiliza o proponente (carta, telegrama, 
mensagem por mão de próprio etc). 
Ex: “A” oferece a “B”, por correspondência epistolar (carta), um certo negócio; reconhecendo, logo em 
seguida, a inconveniência de seu ato, telegrafa a “B”, dando por nula a proposta. Se o despacho telegráfico 
chegar antes da carta ou simultaneamente, não há oferta a considerar e muito menos responsabilidade civil 
do ofertante, que não se sujeitará a qualquer ressarcimento de perdas e danos. Se houver recepção da oferta, 
ter-se-á o início da irretratabilidade, tornando obrigatória a proposta e vinculará o proponente à execução do 
negócio, sob pena de responder por perdas e danos. 
 
3. A ACEITAÇÃO 
 
3.1 Conceito: formulação da vontade concordante do oblato feita dentro do prazo e envolvendo adesão 
integral à proposta recebida. Somente quando o oblato se converte em aceitante e faz aderir a sua vontade à 
do proponente, a oferta se transforma em contrato. 
 
3.2 Deve ser pura e simples (art. 431 CC): a aceitação deve ser pura e simples. Se apresentada fora do 
prazo, com adições, restrições ou modificações, importará nova proposta, denominada contraproposta, e não 
aceitação. 
 
 
 
3.3 Espécies: 
 
a) Expressa: decorre de declaração do aceitante, manifestando a sua anuência. 
 
b) Tácita: decorre da conduta do aceitante, reveladora do consentimento. São duas as hipóteses (art. 432 
CC): 
 
 ● Quando o negócio for daqueles em que não seja costume a aceitação expressa: por exemplo, 
um fornecedor que costuma remeter os seus produtos a determinado comerciante, e este, sem confirmar os 
pedidos, efetua os pagamentos, instaura-se uma praxe comercial. Se o último, em dado momento, quiser 
interrompê-la, terá de avisar previamente o fornecedor, sob pena de ficar obrigado ao pagamento de nova 
remessa, nas mesmas bases das anteriores. 
 
16 
 ● Quando o proponente a tiver dispensado: por exemplo, o turista que remete um fax a 
determinado hotel, reservando acomodações, informando que a chegada se dará em tal data, se não receber 
aviso em contrário. Não chegando a tempo a negativa, reputar-se-á concluído o contrato. 
 
3.4 Hipóteses de inexistência de força vinculante da aceitação 
 
a) Se a aceitação, embora expedida a tempo, por motivos imprevistos, chegar tarde ao conhecimento 
do proponente (artigo 430, 1ª parte, CC): se o proponente, estando liberado em virtude do atraso 
involuntário, já celebrara negócio com outra pessoa, a circunstância deverá ser, sob pena de responder por 
perdas e danos, imediatamente comunicada ao aceitante, que tem razões para supor que o contrato esteja 
concluído e pode realizar despesas que repute necessárias ao seu cumprimento. 
 
b) Se antes da aceitação, ou com ela, chegar ao proponente a retratação do aceitante (art. 433 CC): é a 
retratação da aceitação, ou seja, a declaração da vontade, que continha a aceitação, desfez-se, antes que o 
proponente pudesse tomar qualquer deliberação no sentido de conclusão do contrato. 
 
3.5 Momento da conclusão do contrato 
 
3.5.1 Contratos entre presentes: deve-se entender formado contrato entre presentes quando houver uma 
facilidade de comunicação entre as partes para que a proposta e a aceitação sejam manifestadas em um curto 
período de tempo. Como não há critérios fixados pela lei, cabe análise caso a caso, particularmente diante dos 
novos meios de comunicação à distância. Assim, as partes estarão vinculadas na mesma ocasião em que o 
oblato aceitar a proposta; nesse momento caracterizou-se o acordo recíproco de vontades e, a partir dele, o 
contrato começará a produzir efeitos jurídicos. 
 
3.5.2 Contratos entre ausentes (por correspondência ou intermediários): será considerado contrato 
entre ausentes quando não houver facilidade de comunicação quanto à relação pergunta-resposta. Neste caso, 
o contrato deve ser reputado como concluído a partir do momento em que a aceitação for expedida. Dessa 
maneira, conclui-se que o Código Civil acolheu expressamente a teoria da agnição, na subteoria da 
expedição (art. 434 CC), ou seja, o vínculo contratual se torna obrigatório, no momento da expedição da 
aceitação, salvo algumas exceções. 
 
3.6 Lugar da celebração (art. 435 CC): o negócio jurídico contratual reputar-se-á celebrado no lugar em 
que foi proposto, sem prejuízo da autonomia da vontade. Eventualmente, e por uma questão lógica, caso haja 
contraproposta, o local do contrato deve ser reputado onde essa última foi formulada. 
Exercício: Mirela é advogada residente na cidade de Iturama-MG. No último mês recebeu proposta para 
trabalhar em um dos escritórios de advocacia mais importantes do país, na cidade de Belo Horizonte-MG. 
Mirela, então, vai até a cidade de Belo Horizonte-MG, para locar imóvel residencial o quanto antes, já que 
precisa começar o trabalho imediatamente. Visita um condomínio de apartamentos residenciais, sendo João, 
o locador do apartamento nº. 301, no 3º andar do prédio. João mostra as dependências do apartamento para 
Mirela, apresenta as condições para locação do imóvel, como prazo, valores de aluguel, taxa condominial e 
algumas restrições fixadas na convenção do condomínio, porém, nenhuma proposta é formalizada. Mirela, 
tendo gostado muito do apartamento, mostra interesse em locá-lo, mas prefere pensar mais um pouco. 
Passados alguns dias, Mirela envia uma carta a João e oferece a ele o valor de R$ 2.300,00 (dois mil e 
trezentos reais) pelo aluguel do imóvel, com prazo de 5 (cinco anos), requerendo o prazo de 60 dias para 
efetuar a mudança. Para resposta de João, Mirela determinou o prazo de cinco dias. Com base nestas 
informações, responda: 
a) Findo o prazo de 5 dias sem que Mirela tenha recebido qualquer resposta de João, podemos afirmar que a 
proposta de Mirelaperde sua força vinculante? Explique. 
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b) Supondo que, não recebida a aceitação de João, Mirela alugue imóvel de propriedade de Mário e um mês 
após, recebe a aceitação de João, que, aparentemente se extraviou. Neste caso, Mirela está vinculada a 
proposta? Ela possui alguma responsabilidade? Explique. 
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Exercício: Hugo é proprietário rural residente no município de Iturama-MG. Sempre foi importante 
produtor da região, sendo referência para os demais colegas de profissão. Porém, há alguns meses Hugo 
descobriu que tinha uma doença muito grave e que a cura dependia exclusivamente de seu esforço. Assim, na 
busca de ser curado, Hugo resolve se desfazer de sua propriedade rural. Seu melhor amigo, Joaquim, 
preocupado com a situação do amigo, que mora na mesma cidade, o procura, interessado em adquirir sua 
propriedade. Os amigos conversam, Hugo mostra as terras para Joaquim, que questiona a respeito das 
atividades da propriedade, e, então, apresenta-lhe, neste momento uma proposta verbal. Hugo, mesmo 
precisando, fica na dúvida e nada responde. No dia seguinte, telefona para Joaquim e diz que aceita a 
proposta. Com base nestas informações, responda: 
a) Joaquim está obrigado a manter os termos da proposta apresentada no dia anterior? Explique. 
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b) Supondo que, ao invés de Hugo dizer que aceita a proposta, liga para Joaquim e diz que aceita a proposta 
se ele lhe pagar R$ 5.000,00 (cinco mil reais) a mais do valor constante da proposta. Sabendo que para 
formação de contrato é necessária a presença de duas manifestações de vontade (a proposta e a aceitação), 
neste caso, podemos falar em formação de contrato de compra e venda do imóvel rural? Explique. (0,4) 
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Exercício: Jake Leclair e Victor Valentim são importantes estilistas do mundo da moda, porém, Jake 
Leclair está passando por dificuldades financeiras. Victor Valentim, preocupado com a situação do amigo, 
que mora na mesma cidade, decide adquirir o ateliê do mesmo e lhe envia uma proposta, oferecendo-lhe, R$ 
200.000,00 (duzentos mil reais), através de carta enviada por Sedex. Na carta, Victor Valentim, não 
estabelece prazo para resposta de Jake Leclair. Dois meses após o envio da proposta a Jake Leclair, este 
procura Victor Valentim, informando que aceita a proposta, requerendo a formalização do negócio jurídico. 
Sabendo-se que uma das características da proposta é sua força vinculante, Victor Valentim está obrigado a 
formalizar o negócio jurídico? Explique, apontando o artigo correspondente no Código Civil. 
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CLASSIFICAÇÃO DOS CONTRATOS 
 
1. QUANTO AOS EFEITOS 
 
1.1 Contratos unilaterais, bilaterais e plurilaterais: esta classificação depende do número de parte ou 
vontades presentes. A classificação do contrato aqui abordada não se confunde com a classificação do 
negócio jurídico em unilateral, bilateral e plurilateral. Isto porque, o contrato é sempre negócio jurídico 
bilateral ou plurilateral, eis que envolve pelo menos duas pessoas (alteridade). No entanto, os contratos 
também podem ser classificados como: 
 
a) Unilaterais: são os contratos que criam obrigações unicamente para uma das partes, como a 
doação pura, mútuo, comodato etc. Apesar de requererem duas ou mais declarações volitivas, 
colocam um só dos contraentes na posição de devedor, ficando o outro como credor. Apesar da 
presença de duas vontades, apenas uma delas será devedora, não havendo contraprestação. 
 
b) Bilaterais: são os contratos que geram obrigações para ambos os contratantes, como a compra e 
venda, a locação, etc. São obrigações recíprocas sendo por isso denominados sinalagmáticos (pela 
presença do sinalagma, que é a proporcionalidade das prestações, eis que as partes têm direitos e 
deveres entre si). Cada um dos contraentes é simultânea e reciprocamente credor e devedor, pois 
o contrato produz direitos e obrigações para ambos. 
 
 
c) Plurilaterais: são os contratos que contêm mais de duas partes. Na compra e venda, mesmo que 
haja vários vendedores e compradores, agrupam-se eles em apenas dois polos: o ativo e o passivo. 
É aquele que envolve várias pessoas, trazendo direitos e deveres para todos os envolvidos, na 
mesma proporção. Ex: contrato de consórcio, sociedade, etc. 
 
 
 
 
 
 
19 
1.2 Contratos gratuitos ou benéficos e onerosos: se referem às vantagens patrimoniais que podem 
produzir.a) Gratuitos ou benéficos: são aqueles em que apenas uma das partes aufere benefício ou 
vantagem, como sucede na doação pura, no reconhecimento de filho etc. Para a outra há só 
obrigação, sacrifício. Oneram somente uma das partes, proporcionando à outra uma vantagem 
sem qualquer contraprestação. 
 
b) Onerosos: ambos os contraentes obtêm proveito, ao qual, porém, corresponde um sacrifício 
patrimonial. São dessa espécie quando impõem ônus e, ao mesmo tempo, acarretam vantagens a 
ambas as partes, ou seja, sacrifícios e benefícios recíprocos. Em geral, todo contrato oneroso é, 
também bilateral e todo unilateral é, ao mesmo tempo gratuito. 
 
b1) Comutativos: são os de prestações certas e determinadas. As partes podem antever as 
vantagens e os sacrifícios, que geralmente se equivalem, decorrentes de sua celebração, 
porque não envolvem nenhum risco. É, pois, o oneroso e bilateral, em que cada contraente, 
além de receber do outro prestação relativamente equivalente à sua, pode verificar, de 
imediato, essa equivalência. Ex: no contrato de compra e venda, o vendedor sabe que receberá 
o preço estipulado na medida de seu interesse, e o comprador que lhe será transferido o 
domínio da coisa que pretendeu adquirir. 
 
b2) Aleatórios: é o bilateral e oneroso em que pelo menos um dos contraentes não pode 
antever a vantagem que receberá, em troca a prestação fornecida. Caracteriza-se, ao contrário 
do comutativo, pela incerteza, para as duas partes, sobre as vantagens e sacrifícios que dele 
podem advir. É que a perda ou lucro dependem de um fato futuro e imprevisível. Ex: contratos 
de jogo, aposta, seguro para a seguradora, pois o pagamento ou não da indenização depende 
de um fato eventual (sinistro). O risco de perder ou de ganhar pode suscitar um ou ambos os 
contratantes; porém, a incerteza do evento terá de ser dos dois, sob pena de não subsistir a 
obrigação. 
 
*Acidentalmente aleatórios: são contratos tipicamente comutativos, como a compra 
e venda, que, em razão de certas circunstâncias, tornam-se aleatórios. Trata-se da 
venda de coisas futuras (venda da colheita de café do ano vindouro, em que o 
adquirente assume o risco de nada ser colhido) e coisas existentes, sujeitas a risco 
de se perderem, estando ciente o comprador, que caso a mercadoria não chegue, 
ainda assim deve cumprir sua obrigação de pagar. 
 
2. QUANTO À FORMAÇÃO 
 
2.1 Paritários, de adesão e contratos-tipo 
 
a) Paritários: são aqueles do tipo tradicional, em que as partes discutem livremente as condições, 
porque se encontram em situação de igualdade. Há uma fase de negociações preliminares, na qual 
as partes, encontrando-se em pé de igualdade, discutem as cláusulas e condições do negócio. 
 
b) Contrato-tipo ou contrato de massa, em série ou por formulários: as cláusulas não são 
impostas por uma parte à outra, mas apenas pré-redigidas. Ex: contratos bancários que já vêm 
impressos, mas com espaços em branco no tocante à taxa de juros, prazo e condições do 
financiamento, a serem estabelecidos de comum acordo. A outra parte não se limita a aderir, mas 
20 
que efetivamente aceita, conhecendo-as, as quais, por isso mesmo, são suscetíveis de alteração ou 
cancelamento, por via de cláusulas substitutivas, que venham manuscritas, datilografadas ou 
carimbadas. Alguns doutrinadores tratam este tipo de contrato como sendo contrato de adesão, 
em sentido estrito. 
 
c) De adesão: são os que não permitem essa liberdade, devido à preponderância da vontade de uma 
dos contratantes, que elabora todas as cláusulas. O outro adere ao modelo de contrato 
previamente confeccionado, não podendo modificá-las: aceita-as ou rejeita-as, de forma pura e 
simples. Assim, é aquele em que uma parte, o estipulante, impõe o conteúdo negocial, restando à 
outra parte, o aderente, duas opções: aceitar ou não o conteúdo desse negócio. 
Geralmente é celebrado em relação de consumo, sendo regido pelo Código de Defesa do 
Consumidor (“Art. 54. Contrato de adesão é aquele cujas cláusulas tenham sido aprovadas pela 
autoridade competente ou estabelecidas unilateralmente pelo fornecedor de produtos ou serviços, 
sem que o consumidor possa discutir ou modificar substancialmente seu conteúdo”). Assim, é aquele 
em que a manifestação de vontade de uma das partes se reduz à mera anuência a uma proposta 
da outra. 
De acordo com o CDC, o contrato por adesão não deverá ser impresso em letras 
microscópicas, com redação confusa, contendo terminologia técnica, conceitos vagos, nem 
cláusulas desvantajosas para um dos contratantes. 
 
 
 
3. QUANTO AO MOMENTO DE SUA EXECUÇÃO: em consideração ao momento em que os contratos devem 
ser cumpridos. 
 
3.1 Execução instantânea, diferida e de trato sucessivo ou em prestações 
 
a) Execução instantânea ou imediata: os que se consumam num só ato, sendo cumpridos 
imediatamente após a sua celebração, como a compra e venda à vista, por exemplo. Cumprida a 
obrigação, exaurem-se. A solução se efetua de uma só vez e por prestação única, tendo por efeito a 
extinção cabal da obrigação. 
 
21 
b) Execução diferida ou retardada: são os que devem ser cumpridos também em um só ato, mas 
em momento futuro. 
 
c) Trato sucessivo ou de execução continuada: são os que se cumprem por meio de atos 
reiterados. Ex: locação, em que a prestação do aluguel não tem efeito liberatório, a não ser do 
débito correspondente ao período; prestação de serviços, compra e venda a prazo, contrato de 
emprego, etc. 
 
4. QUANTO AO AGENTE 
 
4.1 Personalíssimos ou “intuitu personae” e impessoais 
 
a) Personalíssimos ou “intuitu personae” (importância da pessoa do contratante): são os 
celebrados em atenção às qualidades pessoais de um dos contraentes. Por essa razão, o obrigado 
não pode fazer-se substituir por outrem, pois essas qualidades tiveram influência decisiva no 
consentimento do outro contratante, sendo intransmissíveis. Geralmente, são os contratos de 
emprego e as obrigações de fazer infungíveis. 
 
b) Impessoais: aqueles em que a pessoa do contratante é juridicamente indiferente, cuja prestação 
pode ser cumprida pelo obrigado ou por terceiro. O importante é que seja realizada pouco 
importando quem a executa, pois o seu objeto não requer qualidades especiais do devedor. 
Nestes, somente interessa o resultado da atividade contratada, independentemente de quem seja 
a pessoa que irá realizá-la. 
 
*Importância da distinção: os contratos “intuitu personae” são intransmissíveis, não 
podendo ser executados por outrem, sendo a morte do devedor causa extintiva do contrato; o 
descumprimento culposo nos contratos “intuitu personae” de obrigação de fazer somente 
pode gerar perdas e danos ou a execução específica, mas jamais admitirá a prestação por 
terceiros. Ex: contrato de trabalho. 
 
 
5. QUANTO AO MODO POR QUE EXISTEM 
 
5.1 Principais e acessórios 
 
a) Principais: também denominados independentes, são os que têm existência própria, autônoma 
e não dependem, pois, de qualquer outro, como a compra e venda e a locação. 
 
b) Acessórios: os que têm sua existência subordinada à do contrato principal, tendo como função, 
garantir o cumprimento de obrigações contraídas em contrato principal, como a fiança, a cláusula 
penal, etc. 
 
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*Princípios fundamentais: diante do princípio da gravitação jurídica, pelo qual o acessório 
segue o principal, tudo o que ocorre no contrato principal repercute no acessório. Desse 
modo: 
 
- Nulo o contrato principal, nulo será também o negócio acessório; a recíproca, todavia, 
não é verdadeira. 
 
- A prescrição da pretensão concernente à obrigação principal acarretará a da relativa às 
acessórias, embora a recíproca também não seja verdadeira. 
 
6. QUANTO À FORMA 
 
6.1 Solenes e não solenes 
 
a) Solenes ou formais: são os contratos que devem obedecer à forma prescrita em lei para se 
aperfeiçoar.Quando a forma é exigida como condição de validade do negócio, este é solene e a 
formalidade é “ad solemnitatem”, isto é, constitui a substância do ato. A forma ou solenidade se 
apresenta, portanto, como uma condição para a formação do contrato, vale dizer, como um 
elemento constitutivo. Não observada, o contrato é nulo. Ex: a escritura pública é essencial à 
validade dos negócios jurídicos que visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia 
de direitos reais sobre imóvel de valor superior a 30 (trinta) vezes o maior salário mínimo vigente 
no País (art. 108 CC). 
 
b) Não solenes ou não formais: são os de forma livre. Basta o consentimento para a sua formação. 
Como a lei não reclama nenhuma formalidade para o seu aperfeiçoamento podem ser celebrados 
por qualquer forma, ou seja, por escrito particular ou verbalmente. O art. 107 do Código Civil traz 
a previsão de que os negócios jurídicos são, regra geral, informais, o que facilita a circulação de 
riqueza e de interesses que objetivam os negócios. 
 
 
6.2 Consensuais e reais: no que tange ao momento do aperfeiçoamento, os contratos podem ser: 
 
a) Consensuais: são aqueles negócios que têm aperfeiçoamento pela simples manifestação de 
vontade das partes envolvidas. Se formam unicamente pelo acordo de vontades, 
independentemente da entrega da coisa e da observância de determinada forma. São 
considerados contratos não solenes. 
 
b) Reais: são os que exigem, para se aperfeiçoar, além do consentimento, a entrega da coisa que lhe 
serve de objeto, como comodato, mútuo, etc. A efetiva entrega do objeto não é fase executória, 
porém, requisito da própria constituição do ato. São aqueles que apenas se aperfeiçoam com a 
entrega da coisa, de um contratante para o outro. Nessas figuras contratuais, antes da entrega da 
coisa tem-se apenas uma promessa de contratar e não um contrato perfeito e acabado. 
 
7. QUANTO AO OBJETO 
 
7.1 Contratos preliminares e definitivos 
 
a) Preliminares: aqueles que tem por objeto a celebração de um contrato definitivo; por meio dele 
as partes se comprometem a celebrar mais tarde outro contrato, que será contrato principal. 
Também chamado pré-contrato não se confunde com as negociações preliminares. 
 
b) Definitivo: tem objetos diversos de acordo com a natureza de cada avença. Cada contrato tem um 
objeto peculiar. Na compra e venda, por exemplo, as prestações que constituem o seu objeto, são a 
entrega da coisa, por parte do vendedor, e o pagamento do preço, pelo adquirente. 
 
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8. QUANTO À DESIGNAÇÃO: o legislador não consegue prever todas as situações que levam as pessoas a se 
relacionar e a contratar, por isso, o direito autoriza a liberdade de contratar, facultando às pessoas, mediante 
o exercício da autonomia da vontade, criar as mais diversas espécies de obrigações, desde que lícitas, sem 
necessidade de observar qualquer modelo contratual definido na lei. 
 
8.1 Nominados e inominados: esta classificação deve ser utilizada quando a figura negocial constar ou não 
em lei. 
 
a) Nominados: são aqueles que tem designação própria. A lei lhe dá um nome. Não é o bastante, 
pois ainda precisa ser típico. 
 
b) Inominados: são os que não tem denominação própria, ou seja, o contrato para o qual a lei não dá 
uma denominação, um nome. 
 
8.2 Típicos e atípicos: servem para apontar se o contrato tem ou não um tratamento legal mínimo. 
 
a) Típicos: são os regulados pela lei, os que têm o seu perfil nela traçado, descritos e especificados 
pela mesma. Não requer muitas cláusulas, pois passam a integrá-los por todas as normas 
regulamentadoras estabelecidas pelo legislador. Ex: compra e venda, locação, prestação de 
serviço, etc. 
 
b) Atípicos: segundo o artigo 425 do CC, é lícito às partes estipular contratos atípicos, ou seja, 
aqueles que resultam de um acordo de vontades, não tendo, porém, as suas características e 
requisitos definidos e regulados na lei. Para que sejam válidos basta o consenso, que as partes 
sejam livres e capazes e o seu objeto lícito. Exige uma minuciosa especificação dos direitos e 
obrigações de cada parte, por não terem uma disciplina legal. Será analisado com base nas regras 
gerais. Ex: contrato de excursão turística, mudança, contratos eletrônicos em geral, celebrados 
pela via digital etc. 
 
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DA ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO 
 
I – PRINCÍPIO DA RELATIVIDADE DOS EFEITOS DO CONTRATO: os efeitos do contrato só se produzem em 
relação às partes, àqueles que manifestaram a sua vontade, vinculando-os ao seu conteúdo, não afetando 
terceiros nem seu patrimônio. 
 
 
II – ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO: é exceção a referido princípio e dá-se quando, no contrato 
celebrado entre duas pessoas, denominadas estipulante e promitente, convenciona-se que a vantagem 
resultante do ajuste reverterá em benefício de terceira pessoa (beneficiário), alheia à formação do vínculo 
contratual. Ex: seguro; separação consensual em que o marido promete à mulher doar ao único filho do casal, 
uma parte dos bens que lhe couber na partilha. 
 
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1 – Peculiaridade: no instante da formação do contrato, o vínculo obrigacional decorrente da manifestação 
da vontade estabelece-se entre o estipulante e o promitente, não sendo necessário o consentimento do 
beneficiário. Tem este, no entanto, a faculdade de recusar a estipulação em seu favor. Ex: casa com débitos 
maiores que seu valor. 
 
2 – Atribuição patrimonial gratuita: é necessário que o contrato proporcione uma atribuição patrimonial 
gratuita ao favorecido, ou seja, uma vantagem suscetível de apreciação pecuniária, a ser recebida sem 
contraprestação. 
 
III – REQUISITOS: 
 
1 – Requisito subjetivo: 
 
a) Estipulante: agindo em seu próprio nome contrata em benefício e no interesse de terceiro, obtendo, desse 
modo, de outrem uma promessa em favor do beneficiário. 
 
b) Promitente ou devedor: que se obriga a uma prestação perante o estipulante em favor de terceiro. 
 
c) Beneficiário: é o terceiro a quem o contrato aproveitará, devendo ser estranho ao mesmo, não sendo 
exigida deste, capacidade ou aptidão específica. Porém, o artigo 793 do CC estabelece uma restrição nos 
contratos de seguro, proibindo a instituição de beneficiário inibido de receber a doação do segurado, como a 
concubina de homem casado. 
 
2 – Requisito objetivo: além da licitude e possibilidade do objeto, para que se configure será preciso que 
haja uma vantagem patrimonial, gratuita ou não, que beneficie terceira pessoa, alheia à convenção. Ex: “A”, 
dono de um imóvel no valor de R$ 2.000.000,00, convencionou com “B” a obrigação de transferi-lo a “C” 
mediante pagamento deste de R$ 500.000,00, havendo grande vantagem. 
 
3 – Requisito formal: forma livre por se tratar de contrato consensual. 
 
IV – EFEITOS (artigos 436 a 438 CC): 
 
1 – As relações entre estipulante e promitente: 
 
a) São partes como em qualquer outro contrato. 
 
b) O promitente se obriga a beneficiar o terceiro, mas nem por isso se desobriga ante ao estipulante que tem 
o direito de exigir o adimplemento da obrigação (art. 436) e pode reservar-se o direito de substituir o 
terceiro independentemente da anuência deste ou do outro contratante (art. 438). 
 
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c) O estipulante poderá exonerar o promitente, se no contrato não houver cláusula que dê ao beneficiário o 
direito de reclamar-lhe a execução da promessa. 
 
d) O estipulante pode revogar o contrato, hipótese em que o promitente se libera perante o terceiro, 
passando a ter o dever de prestar a obrigação ao estipulante, exceto se o contrário resultar da vontade das 
partes. 
 
 
2 – As relações entre promitente e terceiro: essas relações só aparecem na fase de execução do contrato, 
momento em que o terceiro passaa ser credor, podendo exigir o cumprimento da prestação prometida, 
desde que se sujeite às condições e normas do contrato por ele aceito. 
 
 
 
3 – As relações entre estipulante e terceiro beneficiário: 
 
a) O estipulante terá o poder de substituir o terceiro. 
 
b) O estipulante poderá exonerar o devedor se o terceiro em favor de quem se fez o contrato não se reservar 
o direito de reclamar-lhe a execução, fato este que deverá estar expressamente estabelecido no contrato. 
 
c) A aceitação do terceiro consolida o direito tornando-o irrevogável, de forma que antes de sua aceitação o 
estipulante poderá revogar a estipulação. 
 
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Exercício: José é vizinho e amigo de Félix, pai de Bruno. José é aposentado, porém, em decorrência do seu 
trabalho, acumulou um grande patrimônio. Félix, por sua vez, também é aposentado, mas não possui 
situação financeira abastada. Bruno, filho de Felix, é casado, possui 5 filhos e está desempregado. É pessoa 
honesta, que se esforça para sustentar a família, mas não está tendo muito sucesso nisso. José, amigo íntimo 
de Félix, convencionou com o mesmo que prometia entregar a Bruno um veículo automotor (motocicleta). 
Félix estipulou com José que a entrega da motocicleta deveria ocorrer no prazo de até 10 (dez) dias. José 
cumpriu com seu prazo e procurou Bruno para efetuar a entrega da motocicleta. Bruno, apesar de pessoa 
simples é bastante precavido e antes de aceitar o veículo efetuou consulta da documentação da motocicleta e 
verificou que a mesma possuía R$ 4.000,00 (quatro mil reais) em débitos. Com base nestas informações, 
responda: 
a) Bruno pode recusar a motocicleta que José tem o dever de entregar a ele? Explique. 
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b) Supondo que o objeto pelo qual José se comprometeu a entregar a Bruno fosse um veículo automotor 
avaliado em R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), porém, restou estipulado, entre José e Félix, que Bruno 
arcaria com as despesas da documentação, no valor equivalente à R$ 500,00 (quinhentos reais), a referida 
contraprestação descaracterizaria a estipulação em favor de terceiro, levando em conta que trata-se de 
relação jurídica gratuita? Explique. 
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DA PROMESSA DE FATO DE TERCEIRO 
 
I – CONCEITO (art. 439 CC): negócio jurídico em que o devedor promete fato de terceiro, sendo único 
vinculado aquele que promete, assumindo obrigação de fazer (de conseguir ato de terceiro), que não sendo 
executada, resolve-se em perdas e danos. Ex: alguém que promete levar um cantor de renome a clube, sem 
ainda ter sua concordância. 
 
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II – EXCLUSÃO DO CÔNJUGE (§ único): a responsabilidade não existirá se o terceiro for cônjuge do devedor, 
dependendo da anuência dele o ato a ser praticado e desde que, pelo regime de casamento (comunhão 
universal ou parcial), a indenização recaia sobre seus bens. Ex: um dos cônjuges, casado sob o regime de 
comunhão, promete obter anuência do outro para dar fiança; a recusa do outro cônjuge faria, se não fosse 
pelo § único, com que o promitente respondesse pelas perdas e danos, com o patrimônio do casal. 
 
III – SE O TERCEIRO SE COMPROMETEU (art. 440 CC): nenhuma obrigação haverá para quem se 
comprometer por outrem, se este, depois de se ter obrigado, faltar à prestação. Se terceiro assumir a 
obrigação, liberado estará o promitente, de qualquer obrigação indenizatória pelo inadimplemento da 
prestação por parte do terceiro. 
 
 
Exercício: Wesley Safadão e Thyane são casados. Wesley Safadão é cantor. A Prefeitura Municipal de 
Iturama, estando promovendo evento para o mês de julho, procurou Thyane, com raízes familiares na 
cidade, para intermediar uma negociação para que Wesley Safadão efetuasse show na cidade. Thyane e a 
Prefeitura Municipal de Iturama convencionaram, então, um contrato, em que Thyane se comprometeu 
que Wesley Safadão realizaria o show na data requerida pela Prefeitura. Porém, Wesley Safadão, por 
motivos desconhecidos, não realizou o show e a Prefeitura Municipal de Iturama propôs ação em face de 
Thyane, requerendo perdas e danos pela não realização do show. Em sentença, o juiz decidiu que Thyane 
não era responsável pelas perdas e danos. Aponte e explique que tipo de relação jurídica foi feita entre 
Thyane e a Prefeitura Municipal de Iturama e por que o juiz afastou a responsabilidade de Thyane pelo 
pagamento de perdas e danos. 
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Exercício: Em ação de divórcio cujas partes são Luiz e Marina, em audiência de conciliação Marina propõe 
que Luiz doe sua parte nos bens que o casal possui para seus filhos, frutos da união. Luiz, de acordo, se 
compromete com Marina, em passar os bens que lhe pertenciam em razão da partilha para o nome dos filhos 
do casal. Tal hipótese trata-se de ESTIPULAÇÃO EM FAVOR DE TERCEIRO ou PROMESSA DE FATO DE 
TERCEIRO? Explique. 
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DOS VÍCIOS REDIBITÓRIOS 
 
I - NOÇÕES GERAIS: 
 
1 – Conceito (art. 441 CC): são defeitos

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