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Mecanismo de defesa Psicanálise

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APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 1 
 
 
 
 
 
 
MÓDULO: 
 
MECANISMOS DE DEFESA 
 
 
 
 
 
 
 Dr. CARLOS EDUARDO RIOS PEREIRA 
Psiquiatra e Psicanalista 
 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 2 
 
 SUMÁRIO 
 
 
 
I – INTRODUÇÃO............................................................................................................................................................................. 03 
 
 
II – MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE FREUD..................................................................................................05 
III - MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE ANNA FREUD...................................................................................... 14 
IV - MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE MELANIE KLEIN..................................................................................20 
IV - MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE DONALD WINNICOT............................................................................27 
V - MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA TEORIA DA VINCULARIDADE DE WILFRED RUPRECHT BION....................... 32 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 3 
 
INTRODUÇÃO 
FUNÇÕES DO EGO NO APARELHO PSÍQUICO 
 
a.) Articulação ID e de Superego 
b.) Valvula reguladora das exigências do ID e do SUPEREGO 
c.) Economia libidinal (circulação da energia psíquica) 
d.) Manutenção das relações entre o mundo interno e o mundo externo e suas 
exigências 
e.) Manutenção da unidade psíquica e reconhecimento do Eu e do Não Eu 
f.) Ego Ideal e o Ideal do Ego: IDEALIZAÇÃO 
 
 
 MECANISMOS DE DEFESA E PSICANÁLISE 
 
a.) As relações dinâmicas entre ID/EGO/SUPEREGO, Instintos e Pulsões, Principio do 
Prazer e da Realidade, Consciente e Pré Consciente (Inconsciente) 
b.) Repressão e Recalque 
c.) Formação Reativa 
d.) Formação de Compromisso - Sintomas 
e.) Psico Neuroses de Defesa: A Histeria e a Neurose Obsessivo Compulsiva 
f.) Sexualidade e Angustia 
 
Para melhor compreensão do Tema a Leitura das Apostilas: 
 - Primeira Tópica (Teoria Topográfica) (Módulo I) 
- Segunda Tópica (Teoria Estrutural) (Módulo II) 
- Desenvolvimento Psicossexual (Módulo III) 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 4 
 
 METAPSICOLOGIA: PONTO DE VISTA 
 
a.) Topológico 
b.) Dinâmico 
c.) Econômico 
d.) Genético 
e.) Estrutural 
f.) Adaptativo 
 
PONTO DE VISTA ESTRUTURAL 
Pressupõe Aparelho Psíquico dividido em Unidades funcionais, articuladas, mas com 
possíveis conflitos dos quais derivam as Formações Reativas e Formações de 
Compromisso (sintomas). 
 
 PONTO DE VISTA ADAPTATIVO 
Resiliência e Flexibilidade Meio Ambiente 
 
 
MECANISMOS DE DEFESA DO EGO 
Mecanismos de Defesa são Processos Psíquicos Inconscientes que aliviam o EGO do 
estado de tensão psíquica entre o ID intrusivo, o Superego ameaçador e as fortes 
pressões que emanam de realidade externa. (O EU e o OUTRO) 
 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 5 
 
1. MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE FREUD 
 
a.) Sonhos, Fantasias (onipotentes) e Devaneios em: 
- Interpretação dos Sonhos – 1900 
- Gradiva de Jensen – 1907 
- Além do Principio do Prazer -1920, O Jogo do Fort-da 
 
Segundo Freud (1915, p. 105 e 132), sonhos são fenômenos psíquicos onde realizamos desejos 
inconscientes. O sonho é o resultado de uma conciliação (Ibidem, p.133). Dorme-se e, não 
obstante, vivencia-se a remoção de um desejo. Satisfaz-se um desejo, porém, ao mesmo 
tempo, continua-se a dormir. Ambas as realizações são em parte concretizadas e em parte 
abandonadas. Trata-se de mecanismo essencial a saúde mental. 
 
O Devaneio ou sonho diurno é um roteiro imaginário, desenvolvido em estado vígil a favor de 
um relaxamento da censura e análogo por suas características gerais e suas funções ao 
sonho noturno. 
 
Suzan Isaacs (1948) definiu a Fantasia inconsciente como sendo a representante psíquica da 
pulsão. Os psicanalistas Kleinianos consideram, com efeito, que o Inconsciente é constituído 
de fantasias de relações de objeto que correspondem à representação psíquica primitiva das 
pulsões. 
 
 Devaneio representado por Paul César Helleu 
b.) Repressão e Recalque 
Repressão ou recalque é um dos conceitos fundamentais da psicanálise, desenvolvidos por Sigmund 
Freud. Denota um mecanismo mental de defesa contra ideias que sejam incompatíveis com o EU. 
Freud dividiu a repressão psicológica em dois tipos, a repressão primária, na qual o inconsciente é 
constituído, e repressão secundária, que envolve a rejeição de representações inconscientes. 
A repressão é o processo psíquico através do qual o sujeito rejeita determinadas representações, 
ideias, pensamentos, lembranças ou desejos, submergindo-os na negação inconsciente, no 
esquecimento, bloqueando assim os conflitos geradores de angústia. 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 6 
 
Segundo Sigmund Freud, os conteúdos refutados, longe de serem destruídos ou esquecidos 
definitivamente através da repressão psíquica, ao se ligarem à pulsão mantêm sua efetividade 
psíquica no inconsciente. O reprimido (ou recalcado) constitui, para Freud, o componente central do 
inconsciente. "O recalcado se sintomatiza", diz o fundador da psicanálise. Ou seja, pela repressão, os 
processos inconscientes só se tornam conscientes através de seus derivados - os sonhos ou os 
sintomas neuróticos. 
O conceito de repressão psicológica não foi originalmente definido por Freud. No século XIX, já havia 
sido utilizado por Johann Friedrich Herbart e por Theodor Meynert. Mas foi Sigmund Freud quem 
conseguiu descrevê-lo como um mecanismo essencial da cisão originária entre o consciente e o 
inconsciente, no aparato psíquico. 
Para Freud a repressão opera porque a satisfação direta da moção pulsional, que se destina a causar 
prazer, poderia causar desprazer ao entrar em dissonância com as exigências provenientes de outras 
estruturas psíquicas ou exigências do meio exterior. 
Em sentido estrito, trata-se do mecanismo típico da neurose histérica, mas, em sentido amplo, é um 
processo que ocorre em todos os seres humanos, dado que constitui originariamente o inconsciente. O 
conceito foi adotado por distintas escolas e orientações, dentro da psicanálise, mas também por outras 
teorias psicológicas, resultando em definições às vezes muito diferentes entre si. 
 Lacan, por exemplo, nos anos 1950, reinterpretou a teoria da repressão e do deslocamento de Freud 
usando as categorias linguísticas de metáfora e metonímia. Na medida em que a metáfora envolve a 
substituição de um termo por um outro que "desliza por baixo do balcão", ela seria, segundo Lacan, o 
correlato linguístico do mecanismo de repressão ou recalque. 
 
 
RECALQUE ORIGINÁRIO 
 
Processo hipotético descrito por Freud como primeiro momento da operação do recalque. Tem 
como efeitoa formação de um certo número de representações inconscientes ou “recalcado 
originário”. 
Os núcleos inconscientes assim constituídos colaboram mais tarde no recalque propriamente dito 
pela atração que exercem sobre os conteúdos a recalcar, conjuntamente com a repulsão 
proveniente das instâncias superiores. Em 1915, Freud formaliza o mecanismo do recalque, a 
partir disso vê-se obrigado a deduzir um recalque originário, que serviria como pólo de atração 
para o recalque propriamente dito. 
 
No recalque propriamente dito ou recalque secundário haveria: Um investimento do inconsciente 
no sentido da consciência. Um contrainvestimento por parte do sistema Pré 
Consciente/Consciente para manter a representação intolerável fora da Consciência. 
 
Estudos em Teoria Psicanalítica, vol.13 n°2. Rio de Janeiro, dezembro de 2010. ISSN 1516-1498 
Laplanche, J. ; Pontalis, J.B.. Diccionario de Psicoanálisis. Paidos: B.Aires 9ª ed. 2007, pág. 375-379, 
Verbetes: Tópica, Recalque Originário e Narcisismo no VOCABULÁRIO DA PSICANÁLISE 
(Laplanche & Pontalis, 1982). 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 7 
 
c.) Somatização em o “Caso Dora” (1905) 
 
Histeria e o Caso Dora 
 
A histeria é uma classe de neuroses que apresentam quadros clínicos muito variados. Seu 
desenvolvimento está diretamente ligado a conflitos psíquicos inconscientes e ao recalcamento de 
fantasias, que se exprimem sob a forma de simbolizações. A doença, muitas vezes, traz consigo 
sintomas conversivos (na histeria de conversão) ou fóbicos (na histeria de angústia), embora eles 
não sejam obrigatórios. 
Outras características comuns, relacionadas ao recalcamento, são as amnésias e ilusões da 
memória. Freud considerou como conflito central da histeria a “impossibilidade de o sujeito liquidar 
o complexo de Édipo e evitar a angústia da castração, que o leva a rejeitar a sexualidade” 
(Roudinesco, 1998). Essa característica explicaria a sensação de asco que histéricos geralmente 
apresentam em situações que normalmente causariam excitação sexual. 
 
O Caso Dora, relatado por Freud (1905), é um importante exemplo de caso de neurose 
histérica, resumidamente comentado a fim de ilustrar o quadro da doença. 
 
Dora era uma moça de 18 anos que foi encaminhada a Freud por seu pai. Ela vivia com ele, sua 
mãe e seu irmão, tendo sido sempre muito próxima ao pai. Ele teve em sua vida muitas 
enfermidades, e Dora sempre se responsabilizou por seus cuidados. A maturidade da garota foi 
também responsável por aproximá-los desde cedo, já que o pai encontrou nela uma agradável 
companheira e confidente. A relação entre seus pais, importante ressaltar, não era muito boa, 
sendo os dois bastante distantes. 
 Quando Dora tinha seis anos, a família se mudou para outra cidade, e lá fizeram amizade com 
um casal, o Sr. e a Sra. K. O pai de Dora se aproximou bastante da Sra. K., que muitas vezes 
cuidou dele quando sua saúde piorava. A princípio, Dora tinha também grande afeição por ela, 
mas depois de certa época passou a não mais suportá-la, afirmando que ela e seu pai tinham um 
caso amoroso. A moça, inicialmente, tinha boa relação também com o Sr. K, mas aos 16 anos 
acusou-o de lhe fazer uma proposta amorosa, passando desde então a evitá-lo. 
Quanto à saúde de Dora, ela já apresentava desde a infância sintomas histéricos. Com sete anos 
apareceu o primeiro sintoma conversivo, enurese norturna, passando, ao longo dos anos, por 
dispnéia, tosse nervosa, afonia, enxaquecas, depressão e insociabilidade histérica. Todos esses 
sintomas estavam relacionados a um recalcamento sofrido por Dora algum tempo antes. 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 8 
 
Uma das interpretações de Freud a respeito deste caso de histeria se baseia principalmente na 
relação entre Dora, seu pai e a Sra. K. Dora, em sua infância, teria se apaixonado por seu pai, 
acontecimento bastante comum nas crianças, compreendido como Complexo de Édipo. Essa 
paixão, embora aceitável pela criança quando ainda é muito jovem e não permeada por questões 
morais, com o passar do tempo pode se traduzir em culpa, já que começa a perceber que esse 
relacionamento não seria possível, nem aceito. 
Dora deve então ter recalcado tal lembrança, tornando-a inconsciente, de forma a proteger seu 
próprio eu. Esses sentimentos e lembranças ficaram adormecidos por algum tempo, mas alguns 
fatos foram responsáveis por trazer esse material à tona, embora nunca de forma explícita. 
 
d. Identificação A histeria que Dora desenvolveu representava uma IDENTIFICAÇÃO com seu 
pai, estando este no lugar de sujeito desejante. Ela compartilhava com ele, portanto, o desejo pela 
Sra. K. Em toda fantasia, entretanto, o sujeito ocupa o lugar do sujeito desejante, mas também o 
lugar do objeto de desejo, sendo possível entender então que a moça se identificava também à 
Sra. K. Esta senhora era uma mulher jovem que tinha o amor de seu pai, assim como ela havia 
desejado ter. 
 A identificação com ela possibilitou, inicialmente, que Dora cultivasse a amizade entre as duas, 
mesmo desconfiando da relação entre ela e seu pai. Em um segundo momento, entretanto, a 
moça deixou de aceitar essa situação, passando a odiar a Sra. K, por ter roubado seu posto, e a 
acusar seu pai. Essa mudança ocorre justamente quando as lembranças recalcadas voltam com 
mais força, provavelmente pelo que será explicado a seguir. 
O afeto que a moça tinha pelo Sr. K., na verdade, acabou se traduzindo em um apaixonamento, 
que Dora tentou veementemente evitar. Para evitar tais sentimentos, acabou trazendo outros à 
tona, justamente os que havia recalcado na infância: o desejo pelo pai. Quando o Sr. K. mostrou 
então interesse por ela, Dora passou a evitar o relacionamento entre os dois. E foi então que 
deixou de aceitar também o relacionamento do pai com a Sra. K. É importante lembrar que a 
paixão de Dora pelo pai ainda se mantinha em nível inconsciente, sendo que ela não podia 
compreender seus sentimentos, nem guiar suas ações racionalmente (o trauma e a teoria da 
sedução). 
Quando confrontada com essas hipóteses, sobre já haver se apaixonado (ou ainda estar 
apaixonada) por seu pai ou pelo Sr. K., Dora negou prontamente, ou simplesmente afirmou não 
lembrar disso. Nesse caso, a moça não estava mentindo conscientemente. O que ocorre é que 
essas lembranças foram apagadas quando ocorreu o recalque, deixando em seu lugar amnésias, 
ou mesmo ocupando-o com memórias falsas. Isso é bastante comum nos casos de neurose, em 
que também ocorrem confusões e dúvidas quanto às lembranças em decorrência de alterações 
na cronologia dos fatos, fator que também faz parte do processo de recalcamento. 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 9 
 
Os sintomas apresentados por Dora, como a tosse de que ela tanto se queixava quando foi 
consultar Freud, têm também relação com o recalque dessa fantasia. Dora acreditava, por certas 
razões, que a relação sexual que seu pai e a Sra. K. tinham era basicamente oral. Tendo esta 
paixão inconsciente por seu pai, ela se identificava com a amante dele, e desejava estar em seu 
lugar. Sua tosse era a forma como essa fantasia do sexo oral se converteu em um sintoma. Ao 
mesmo tempo, esse sintoma também representava uma identificação ao pai, era o desejo de 
entender por que o pai se sentia atraído pela amante, por que era ela seu objeto de desejo. 
 
 O sintoma também pode ser entendido como uma identificação ao pai quando lembramos que 
este teve tuberculose quando ela tinhaseis anos, doença facilmente relacionada a tosse. É 
possível observar, pelo exemplo de Dora, como os conflitos psíquicos recalcados se traduzem, 
de forma simbolizada, em sintomas corporais, nos casos de histeria de conversão. 
 
O caso Dora tem ainda muitas outras questões importantes que podem ser analisadas e 
relacionadas com a histeria. Freud mesmo considerou a possibilidade de mais de uma 
interpretação para os relatos da moça, que, por ter se originado de apenas três meses de análise, 
não possibilitou investigações mais aprofundadas, nem novos fatos. A intenção desse breve texto, 
entretanto, é apenas destacar alguns aspectos importantes observados em casos de histeria, 
especialmente na histeria de conversão, exemplificando-os com um caso real. 
 
 
 
 
Freud, S. (1905). Estudos sobre a histeria. Em: Edição Standard Brasileira das Obras Completas de Sigmund Freud. 
Rio de Janeiro: Imago. 
Laplanche, J. (1991). Vocabulário de Psicanálise. São Paulo: Martins Fontes. 
Roudinesco, E. (1998). Dicionário de Psicanálise. Rio de Janeiro: J. Zahar. 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 10 
 
 
e.) Atuação em o “Caso Dora” (1905) 
 
A atuação pode ser definida como uma ação impulsiva com o intuito de substituir uma recordação, uma 
verbalização, um pensamento. Quem atua faz isso para não pensar, não lembrar, não verbalizar, não 
simbolizar e não elaborar. 
 
Desde sua origem, a noção de atuação não atinge uma concordância conceitual. Há indícios, como 
menciona Etchegoyen, de que Freud se refere pela primeira vez ao tema em 1901, em "Psicopatologia da 
vida cotidiana", quando empregou o, que significaria um ato-sintoma e que existiria para manter distante da 
consciência algo que não pode ser recordado. 
 
Em 1905, no caso Dora, Freud usa outro termo, agieren, que em português é traduzido como "atuar". 
Dessa forma, o que verdadeiramente importa é que Freud percebe esse comportamento em seu trabalho e 
Dora o ajuda a compreender a atuação, noção já presente, portanto, nos primeiros escritos da área. 
Assim, encontramos no caso Dora, de Freud, uma exemplificação de atuação, quando Dora, ao invés de 
falar sobre seus desejos, suas fantasias, seus conflitos, ela os atua perante o seu analista. Em seus 
escritos, diz Freud 
 
[...] ela se vingou de mim como queria vingar-se dele, e me abandonou como se acreditara enganada e 
abandonada por ele. Assim, atuou uma parte essencial de suas lembranças e fantasias, em vez de 
reproduzi-las no tratamento (p. 113, vol. VII). 
 
Por conseguinte, Freud percebe que a atuação tinha ocorrido no lugar do relato, isto é, tomou a sua 
função. Etchegoyen
 
concorda com o entendimento de Freud a respeito da atuação de Dora e, ao se 
referir a esse caso, diz: "ela atuou um fragmento de suas fantasias e recordação em vez de reproduzi-
lo no tratamento" (p. 391), destacando a expressão "em vez de", porque, para esse autor, aí está a 
principal característica da atuação. 
 
Etchegoyen considera a atuação capaz de perturbar a tarefa que é, em termos gerais, a aquisição 
do insight. Também afirma que a atuação é um ato neurótico; porém, é digno de nota que nem todo 
ato neurótico é, em si, atuação. Esse mesmo autor enfatiza que essa substituição da palavra pelo ato 
pode ser um meio de se expressar ou não. Isso quer dizer que há uma atuação que está a serviço da 
comunicação e, dessa forma, é possível reconhecer a relação com o objeto; portanto, esse ato está 
envolvido no desenvolvimento do tratamento. No entanto, também existe uma atuação que não quer 
comunicar, mas apenas perpetuar a onipotência, a onisciência e o narcisismo do paciente. 
 
Rev. bras. psicoter. 2012; 14(3):40-49 Um estudo sobre atuação :Liana Souto Corrêa de Mendonça
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 11 
 
f.) Regressão: “Os estados primitivos são imperecíveis” 
 “Memória e Esquecimento” Freud (1915) 
A regressão é um mecanismo de defesa que se caracteriza pela existência de um retorno a um 
nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de funcionamento psíquico mais simples ou mais 
infantil. 
 
Caso, por exemplo: de crianças que após algum trauma voltam a chuchar ou a sofrer de enurese 
(emissão involuntária de urina). 
 
É um modo de aliviar a angústia sentida, fugindo de um pensamento real para comportamentos 
que, em anos anteriores, conseguiam reduzir a ansiedade. Serve como uma necessidade de 
procurar um refúgio psicológico seguro quando se está sob tensão psicológica. 
 
A regressão é um modo de defesa bastante primitivo e, embora reduza a tensão, 
frequentemente deixa sem solução a fonte da ansiedade original. Para Freud, a 
 regressão é evocada em termos de regressão da libido, regressão 
do ego ou ainda da regressão objetal. 
 
 regressão. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2014. [Consult. 2014-08-17] 
 
 
 
g.) Inversão contra o EU e Reversão: “O Instinto e suas Vicissitudes” Freud (1915) 
Inversão ou transformação ao contrário: mecanismo que muda de ativo para passivo a conduta 
apresentada pela pessoa. Assim, modificando sua postura de ativa para passiva, a pessoa alivia 
sua angustia por tal conduta. Por exemplo, uma pessoa que sente culpa por observar pessoas de 
sua família sonha que está vendo pessoa de sua família se exibirem para ele, tornando-se passivo 
da situação e aliviando a culpa. 
Na reversão a mesma pessoa se sente culpada ou tem nojo de si mesma 
 
 
Fita de Möbius 
Uma fita de Möbius ou banda de Möbius é um espaço topológico obtido pela colagem das duas extremidades de uma 
fita, após efetuar meia volta numa delas. Deve o seu nome a August Ferdinand Möbius, que a estudou em 1858. 
Conceito de “Extimidade” 
 
Fonte: http://pt.shvoong.com/social-sciences/psychology/1905005-mecanismos-defesa-ego 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 12 
 
 
h.) Inibição: “ Inibições ,Sintomas e Ansiedade” (1926) 
 
 Função sexual e suas perturbações 
 O sujeito perverso polimorfo 
 Inibições no Mecanismo de Defesa, como controle do ID 
 Histeria (Inibições Motoras), anulação da angústia 
 Neurose Obsessivo Compulsiva e Mecanismos Narcísicos de Defesa (Inibições 
Psíquicas) 
 
EX: afastar-se de quem se ama por temer rejeição (controle do objeto) 
 
i.) Mecanismo de Deslocamento: Caso do Pequeno Hans (1909) e Defesas contra o medo da 
Castração (Fobia) 
 
 O objeto fóbico é resultante do Mecanismo de Deslocamento, no caso do Pequeno Hans o 
 medo aos cavalos é o representante psíquico do medo ao pai. 
 
j.) Inibições do Afeto / Isolamento Afetivo (Inveja, Ódio e Destruição, Amor e Construção) 
 
k.) Sublimação dos componentes Sádicos Anais, luta contra a sexualidade sob a égide de 
 Principio Éticos. 
 
Próxima ao isolamento, a sublimação consiste na busca de modos socialmente aceitáveis de 
satisfazer, ao menos parcialmente, as pulsões do id. Caracteriza-se por apresentar uma inibição 
do objeto e uma dessexualização do mesmo. É responsável pela civilização, já que é resultante 
de pulsões subjacentes que encontram vias aceitáveis para o que é reprimido. Dessa forma, é o 
único mecanismo que nunca é patológico. 
 
Exemplo: um indivíduo com alta agressividade pode se tornar cirurgião, para o que necessita 
cortar tecidos sem hesitação; é uma forma de socializar a agressividade. 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOSDE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 13 
 
L. Negação (1925) 
A negação talvez possa ser considerada o mecanismo de defesa mais ineficaz, pois se baseia em 
simplesmente negar os fatos acontecidos à base de mentiras que acabam se confundido e na maioria 
das vezes contrariando uma à outra. Um bom exemplo de negação é um garoto que, ao ser acusado 
de roubo (e realmente é culpado), diz: "Eu não tenho nada comigo! Eu achei no chão e o dono da loja 
me deu!". 
A Denegação é um mecanismo de defesa em que o sujeito se recusa a reconhecer como seu um 
pensamento ou um desejo que foi anteriormente expresso conscientemente. 
 
Negar a realidade é uma forma de proteção contra algo que pode gerar dor ou sofrimento. A 
denegação é um fenómeno que se pode observar, por exemplo, em pacientes que descobrem possuir 
uma doença incurável ou em casos de perda de um ente amado. 
 
A denegação é, assim, a percepção de um acontecimento doloroso em que surge uma 
desestruturação de si cuja primeira reação é ver, mas ao mesmo tempo não ver, ouvir, mas não 
escutar, entender, mas não compreender. 
 
Freud constatou a existência da denegação como resistência no tratamento da histeria em que uma 
representação consciente é recusada e posteriormente recalcada.A palavra também pode ser 
empregada para definir a aliciação do espectador pelo filme de ficção. Ainda que consciente do fato de 
estar diante de uma falsa realidade, o espectador se engaja no filme, deixando-se afetar pelo universo 
fictício. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 14 
 
2. MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE ANNA FREUD 
 
Anna Freud em "O Ego e os Mecanismos de Defesa" (1946) , formula a hipótese 
de que o maior temor do ego é o retorno ao estado de fusão inicial com o id, 
caso a repressão falhe ou os impulsos sejam intensos demais. Para manter o 
grau de organização atingido, o ego procura proteger-se da invasão das 
demandas instintivas/pulsionais, provenientes do id, e do retorno dos 
conteúdos reprimidos 
 
 As Operações Defensivas do EGO Consideradas como Objeto de Análise 
Assim para os elementos reprimidos no Id o analista se reveste de um auxiliar e um 
libertador, Ele elimina repressões que foram laboriosamente construídas e destrói 
formações de compromisso (sintomas). 
 
 Defesa Contra o Instinto Manifestando-se como Resistencia 
Todo o material que nos ajuda a analisar o EGO faz sua aparição na forma de 
resistência à analise do ID ou seja como reforço à repressão. 
 
 A Transferência como processo de Defesa do EGO contra a Análise 
 (O Analista) 
 Transferência negativa e positiva. 
 
 Defesa Contra Afetos ( Amor,Nostalgia, Ciúme,Inveja,Ódio, etc...) 
 Dor Psíquica e Evitação 
 Na defesa contra a libertação do Afeto o Ego escolhe: Repressão, 
Deslocamento, Inversão, Supressão de emoção, Negação, etc... 
 Fenômenos de Defesa Permanente – Formação de Sintomas 
 – Estrutura Psíquica 
 Nas transformações sofridas pelo Afeto o EGO constrói formações de Compromisso a que 
 chamamos de sintomas, como uso invariável de um método especial de defesa. 
 Na Histeria é a Repressão, e na Neurose Obsessiva o Isolamento e a Anulação. 
 O Tic como Mecanismo de Anulação. 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 15 
 
 Os Nove Mecanismos de Defesa citados por Anna Freud 
1. REGRESSÃO 
Regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de 
expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a ansiedade escapando 
do pensamento realístico para comportamentos que, em anos anteriores, reduziram a 
ansiedade. Linus, nas estórias em quadrinhos de Charley Brown, sempre volta a um 
espaço psicológico seguro quando está sob tensão. Ele se sente seguro quando 
agarra seu cobertor, tal como faria ou fazia quando bebê. 
A regressão é um modo de defesa bastante primitivo e, embora reduza a tensão, 
frequentemente deixa sem solução a fonte de ansiedade original. 
2. REPRESSÃO 
A essência da Repressão consiste em afastar uma determinada coisa do consciente, 
mantendo-a à distância (no inconsciente) (1915, livro 11, p. 60 na ed. bras.). A 
repressão afasta da consciência um evento, ideia ou percepção potencialmente 
provocadoras de ansiedade e impede, dessa forma, qualquer "manipulação" possível 
desse material. Entretanto, o material reprimido continua fazendo parte da psique, 
apesar de inconsciente, e que continua causando problemas. 
Segundo Freud, a repressão nunca é realizada de uma vez por todas e 
definitivamente, mas exige um continuado consumo de energia para se manter o 
material reprimido. Para ele os sintomas histéricos com frequência têm sua origem em 
alguma antiga repressão. Algumas doenças psicossomáticas, tais como asma, artrite 
e úlcera, também poderiam estar relacionadas com a repressão. Também é possível 
que o cansaço excessivo, as fobias e a impotência ou a frigidez derivem de 
sentimentos reprimidos. 
3. FORMAÇÃO REATIVA 
Esse mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente 
opostos ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do 
verdadeiro desejo. Como outros mecanismos de defesa, as formações reativas são 
desenvolvidas, em primeiro lugar, na infância. As crianças, assim como incontáveis 
adultos, tornam-se conscientes da excitação sexual que não pode ser satisfeita, 
evocam consequentemente forças psíquicas opostas a fim de suprimirem 
efetivamente este desprazer. Para essa supressão elas costumam construir barreiras 
mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como por exemplo, a 
repugnância, a vergonha e a moralidade. 
 Não só a idéia original é reprimida, mas qualquer vergonha ou auto-reprovação que 
 poderiam surgir ao admitir tais pensamentos em si próprios também são excluídas 
 da consciência. Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação Reativa podem 
 prejudicar os relacionamentos sociais. As principais características reveladoras de 
 Formação Reativa são seu excesso,sua rigidez e sua extravagância. O impulso, 
 sendo negado, tem que ser cada vez mais ocultado. 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 16 
 
Através da Formação Reativa, alguns pais são incapazes de admitir um certo 
ressentimento em relação aos filhos, acabam interferindo exageradamente em suas 
vidas, sob o pretexto de estarem preocupados com seu bem-estar e segurança. 
Nesses casos a superproteção é, na verdade, uma forma de punição. 
O esposo pleno de raiva contra sua esposa pode manifestar sua Formação Reativa 
tratando-a com formalidade exagerada: "não é querida..." A Formação Reativa oculta 
partes da personalidade e restringe a capacidade de uma pessoa responder a eventos 
e, dessa forma, a personalidade pode tornar-se relativamente inflexível. 
 
4. ISOLAMENTO 
É quando um sentimento fica separado ou desligado do acontecimento original. Ex: 
quando fomos agredidos por alguém e depois de um tempo só sentimos uma raiva 
que não sabemos do que. Ou quando contamos um acontecimento traumático sem 
nenhuma (aparente) emoção. 
 
5. ANULAÇÃO 
Quando a pessoa tem uma ação que visa apagar o rastro do impulso ou ação anterior, 
como num ato mágico. Ex: bater na madeira quando se tem um desejo inaceitável ou 
fazer o sinal da cruz quando tem umpensamento ruim. Tem pessoas que acham que 
o pedido de desculpa deveria anular imediatamente a ação destrutiva anterior. 
 
6. PROJEÇÃO 
O ato de atribuir a uma outra pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou 
intenções que se originam em si próprio, é denominado projeção. É um mecanismo de 
defesa através do qual os aspectos da personalidade de um indivíduo são deslocados 
de dentro deste para o meio externo, para o outro. 
A ameaça é tratada como se fosse uma força externa. A pessoa na Projeção pode, 
então, lidar com sentimentos reais, mas sem admitir ou estar consciente do fato de 
que a ideia ou comportamento temido é dela mesma. 
Alguém que afirma textualmente que "todos nós somos algo desonestos" está, na 
realidade, tentando projetar nos demais suas próprias características. Ou então, dizer 
que "todos os homens e mulheres querem apenas uma coisa, sexo", pode refletir uma 
Projeção nos demais de estar pessoalmente pensando muito a respeito de sexo. 
Outras vezes dizemos que "inexplicavelmente Fulano não gosta de mim", quando na 
realidade sou eu quem não gosta do Fulano gratuitamente. 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 17 
 
Sempre que caracterizamos algo de fora de nós como sendo mau, perigoso, 
pervertido, imoral e assim por diante, sem reconhecermos que essas características 
podem também ser verdadeiras para nós, é provável que estejamos projetando 
(quando algo do outro nos incomoda muito é porque nos pertence). 
7. INTROJEÇÃO 
 
Estreitamente relacionada com a identificação, visa resolver alguma dificuldade 
emocional do individuo, ao tomar para a própria personalidade certas 
características de outras pessoas. 
 
8. INVERSÃO CONTRA O EU (CULPA) 
 
O sujeito apresenta pensamento ou o afeto que deveriam ser dirigidos para o exterior e que são 
invertidos contra o próprio sujeito. Assim, qualquer coisa que aconteça o sujeito sente-se culpado, 
dirigindo contra si mesmo a responsabilidade e a culpa. Este é um comportamento típico de 
sujeitos masoquistas e depressivos. 
 
Mito de Clítia: (gira-sol) 
 
Clítia, ninfa aquática, se apaixona por Apolo e este não lhe corresponde. Ela senta-se no 
chão frio e fica a olhar para o sol, desde que ele se erguia no nascente até se esconder 
no poente, dia após dia. Maldiçoava a si e ao seu infortúnio, culpabilizando-se pelo 
sentimento não correspondido. Assim permaneceu e no seu curso diário vê apenas suas 
próprias dores, seu infortúnio. Conta-se que seus pés se enraizaram, e ela se transformou 
numa flor, que se move constantemente em seu caule, de maneira a estar sempre voltada 
para o sol em seu curso diário, conservando assim a lembrança do sentimento que a ninfa 
dedicava a Apolo. 
 
 
9. REVERSÃO 
 A reversão através do oposto representa o processo pelo qual o objetivo de uma pulsão se 
transforma em seu contrário na passagem da atividade a passividade. Ela esta em geral 
estreitamente ligada ao retorno sobre si em que a pulsão substitui um objeto pela própria pessoa. 
É o caso particularmente nos casais de opostos que andam vestidos iguais: sadismo e 
masoquismo, voyeurismo e exibicionismo. O retorno do sadismo através do masoquismo implica 
ao mesmo tempo a passagem da atividade a passividade e uma inversão dos papéis entre aquele 
que ministra e que experimenta os sofrimentos. 
 
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 Ex: Ódio de uma menina a sua mãe 
 Inversão do ódio para dentro de si mesma, torturando-se com 
autoacusações e sentimento de inferioridade. 
 Reversão do ódio de si mesma, pela convicção de que era odiada por 
todos. 
 
 Negação em Fantasia / Negação em Palavras e Atos 
 É quando se bloqueia o reconhecimento de uma verdade incontestável (dolorosa ou 
inoportunamente prazerosa). Ex: pais que se recusam a lidar com a sexualidade dos 
filhos (ou simplesmente perceber que cresceram). Ou quando uma pessoa não 
assume que pode ter sentimentos afetivo-sexuais por um membro da família. 
 
 Identificação com o Agressor 
 
A identificação com o agressor e a renúncia altruísta, descritas por Anna Freud em 
1936 em seu livro “O Ego e os mecanismos de defesa” foram os dois mecanismos de 
defesa não descritos por Freud. Para Anna Freud, a identificação com o agressor está 
na origem do superego, pois para esta autora a principal fonte do superego é a 
agressão externa, enquanto que para Melaine Klein é a agressão interna, ou seja, 
a pulsão de morte. 
 
 
Clínica 
 
Através da identificação com o agressor (pessoa) ou com a agressão (ação exercida 
pela pessoa temida) consegue-se transformar a angústia/ansiedade desencadeada 
pelo objeto temido em segurança e, ao mesmo tempo, sair da posição de passividade, 
geralmente associada com sentimentos de fragilidade, vitimização e humilhação, para 
a de atividade, geralmente associada com sentimentos de força, competência e poder. 
 
 
A SÍNDROME de ESTOCOLMO é um tipo de identificação com o Agressor 
O nome desse distúrbio é oriundo do famoso assalto de Norrmalmstorg do 
Kredibanken em Norrmalmstorg, em Estocolmo, que durou do dia 23 a 28 de agosto 
de 1973. Nesse assalto, as vítimas normalmente defendiam os sequestradores, 
mesmo após os seis dias de sequestro terem chegado ao fim e apresentaram 
comportamento reservado durante os processos judiciais do caso. O termo foi 
assinalado pelo criminólogo e psicólogo Nils Bejerot, que auxiliou a polícia no 
período do assalto. 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 19 
 
 Autruísmo 
Arrolada por Gabbard (2005), como um dos mecanismos maduros, renúncia altruística 
ou simplesmente altruísmo, consiste em “Comprometer-se com as necessidades dos 
outros mais do que com as próprias. O comportamento altruísta pode ser utilizado a 
serviço de problemas narcisistas, mas pode também ser fonte de grandes realizações 
e contribuições à sociedade.” 
 Ex: cuidados extremados a mãe que quem se deseja que morra 
 ALMEIDA, W. C. Defesas do Ego: leitura didática de seus mecanismos. 
 São Paulo: Ágora, 1996. 
 
 O Retorno do Recalcado (Puberdade) 
Conceito da psicanálise que descreve o processo ou mecanismo psíquico mediante o qual os 
conteúdos que foram recalcados, ou seja, expulsos da consciência, tendem constantemente a 
reaparecer de maneira distorcida ou deformada (retornando, por exemplo, 
como sintomas, sonhos, atos falhos e lapsus, fantasias oníricas diurnas ou como 
sintomas psicopatológicos). Essas formações do inconsciente, através das quais opera o retorno 
do recalcado, constituem formações transacionais, isto é, são o resultado de uma espécie de 
negociação entre a instância psíquica repressora e as representações reprimidas, representantes 
da pulsão. 
 Laplanche, J. ; Pontalis, J.B.. Diccionario de Psicoanálisis. Paidos: B.Aires 
9ª ed. 2007, pág. 388-3 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 20 
 
3. MECANISMOS DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE 
 MELANIE KLEIN (1937 -1963) 
 
a.) IDENTIFICAÇÃO PROJETIVA 
 
M. Klein (1882-1960), que se dedicou predominantemente ao estudo do relacionamento humano 
nas etapas iniciais da vida e foi uma das precursoras do tratamento psicanalítico de criançaspequenas, em 1946 descreveu um tipo particular de identificação que julgava estabelecer o 
protótipo de uma relação agressiva. Através de um mecanismo inconsciente aspectos, 
sentimentos e desejos de uma pessoa, e por ela rejeitados, são projetados para o interior de um 
objeto (não necessariamente animado) para o lesar, o possuir ou o controlar, a identificação 
projetiva 
 
Clínica 
 
Por ser um mecanismo primitivo, seu uso denota uma regressão mais intensa e maior 
incapacidade da pessoa lidar com sua realidade interna. Seu uso excessivo implica em um 
importante empobrecimento e enfraquecimento egóico. 
 
Notas sobre alguns Mecanismos Esquizoides (1946) 
 
b.) INTROJEÇÃO E PROJEÇÃO / CISÃO DO OBJETO 
Medos Persecutórios decorrentes dos Impulsos sadico-Orais do Bebe: Cisões de Objetos, 
Idealização, Negação da Realidade Interna e Externa, Abafamento das Emoções. 
 
 
 A divisão relacionada com a projeção e introjeção (cisão egoica) 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 21 
 
 "Como vim a reconhecer, à luz de meu trabalho psicanalítico com crianças, a introjeção e a 
projeção funcionam desde o começo da vida pós-natal como uma das atividades mais primitivas 
do ego, que a meu ver opera a partir do nascimento. Considerada sob esse ângulo, na introjeção 
significa que o mundo externo, seu impacto, as situações que a criancinha vive, e os objetos que 
ela encontra, são experimentados não só como externos mas são recebidos dentro do eu e se 
tornam parte da vida interna dela. A vida interna não pode ser avaliada mesmo no adulto sem 
esses acréscimos à personalidade que se originam da introjeção contínua." (Klein, 1963a, p.6). 
 
 Klein entendeu que além de desviar o ego do instinto de morte (tanátos), este mecanismo de 
defesa (introjeção e projeção) auxilia o ego “a superar a ansiedade, livrando-o do perigo da 
maldade”. amor e o ódio para com a mãe estão vinculados à capacidade da criança em idade 
muito tenra de projetar todas as suas emoções sobre ela, tornando-a assim tanto um objeto bom 
como perigoso. A introjeção e a projeção, no entanto, embora tenham raízes na infância, não são 
apenas processos infantis. 
 
Constituem parte das fantasias da criança, que segundo me parece também operam desde o 
começo e ajudam a plasmar sua impressão do ambiente; e pela introjeção este quadro modificado 
do mundo externo influencia o que se passa em sua mente. Desse modo, estrutura-se um mundo 
interno que é, em parte, reflexo do externo. Isto é, o duplo processo de introjeção e de projeção 
para a interação entre os fatores externos e internos. 
 
Esta interação continua através de cada estágio da vida. Da mesma forma, a introjeção e a 
projeção prosseguem pela vida afora e se modificam no curso da maturação; mas nunca perdem 
sua importância na relação do indivíduo para com o mundo que o cerca. Mesmo no adulto, 
portanto, o julgamento de realidade jamais está inteiramente isento da influência de seu mundo 
interno." (Klein, 1963, p.7). "Quando alguém se acha inteiramente sob o domínio de situações e 
relações primitivas, seu julgamento das pessoas e dos fatos estará perturbado. Normalmente, tal 
vivência das situações primitivas se limita e se retifica pelo juízo objetivo." (Klein, 1952, p.235) 
 
 
 
A introjeção e a projeção é uma “via de mão dupla” e ocorrem durante a vida toda, mas, 
tal como todos os outros processos, também estão sujeitas a evolução e desenvolvimento 
e são influenciadas pelas cada vez mais amplas funções do ego. Seu principal propósito, 
isto é, obter prazer e evitar a dor, permanece inalterado, mas o que constitui prazer ou dor 
muda de acordo com a progressão total da pessoa. Os mecanismos de introjeção e 
projeção têm início sob o predomínio dos instintos orais, mas, a partir do propósito 
corporal primitivo e egocêntrico de captar ou ejetar ("comer ou cuspir"), desenvolve-se o 
dar e receber das relações maduras, a função superpessoal da procriação na sexualidade 
adulta, assim como o intercâmbio sublimado d a criatividade concreta ou abstrata. 
 
 
 
 
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c.) MECANISMOS ESQUIZO PARANÓIDE 
Posições esquizo-paranóide e depressiva do sujeito do inconsciente 
 
O termo "posição foi preferido por Klein em relação a "estágio" porque ele enfatiza o efeito 
do ponto de vista da criança sobre suas relações de objeto. A posição paranóide-
esquizóide e a posição depressiva ocorrem na primeira e segunda metade, 
respectivamente, do primeiro ano de vida. Elas também podem ocorrer em diversos 
momentos na vida como constelações defensivas e estão envolvidas em conflitos 
relacionados a todos os níveis psicossexuias. 
 
 A posição paranóide-esquizóide é caracterizada por dissociação, idealização, negação, 
 identificação projetiva, relações de objeto parciais e uma preocupação básica ou ansiedade 
 persecutórias sobre a sobrevivência do self. 
 
 Os medos persecutórios são impulsos oral-sádicos e anal-sádicos projetados. Se eles não 
 são superintensos, a posição esquizo-paranóide dá lugar, nos segundos seis meses de 
 vida, à posição depressiva. Se, no entanto, a agressão inata (instintual) é abertamente forte 
 e se maus introjetos predominam, a dissociação secundária dos maus introjetos pode levar 
 a projeção sobre muitos objetos externos, resultando em muitos perseguidores externos 
 (psicose esquizofrênica). A dissociação pode persistir e fragmentar experiências afetivas, 
 levando a despersonalização ou superficialidade afetiva. Ela pode também interferir na 
 percepção acurada e conduzir a negação da realidade. 
 
 d.) POSIÇÃO DEPRESSIVA 
 
Na posição depressiva, a libido predomina sobre a agressão, o bebê reconhece que sua 
mãe tanto gratifica como frustra e ele se torna ciente de sua própria agressão voltada em 
direção a ela. O reconhecimento da mãe como uma pessoa integral torna a criança 
vulnerável à perda, especialmente perda causada pela agressão da criança. O 
mecanismo da idealização evolui durante o período depressivo na idealização do objeto 
bom (mãe) como uma defesa contra a agressão da criança em direção a ela e sua culpa 
acompanhante. Este tipo de idealização conduz a uma superdependência sobre outros. 
 
Os maus aspectos de pessoas necessárias são negados, levando a um empobrecimento 
tanto da experiência de realidade como da testagem de realidade. A posição depressiva 
também mobiliza defesas maníacas, cuja principal característica é a negação de 
realidades psíquicas dolorosas. Sentimentos ambivalentes e dependência de outros são 
negados; objetos são onipotentemente controlados e tratados com desprezo, de modo 
que a sua perda não dá lugar a dor ou culpa. 
 
 e.)TEORIA DO SUPEREGO: O superego kleiniano funciona como o superego freudiano 
clássico. Ele coloca valor sobre o comportamento e ele pune ou proíbe o comportamento 
que ele considera ser errado ou mau. Klein sustentou que o desenvolvimento do superego 
começa durante a posição depressiva; a pressão de superego excessiva causa regressão 
para a posição esquizo-paranóide. O superego desenvolve-se de maus objetos projetados 
cindidos experimentados como persecutórios, que são posteriormente introjetados. 
 
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Culpa é a reação aos impulsos sádicos atribuída a estes introjetos que se tornam parte doself. No período depressivo, os objetos são introjetados tanto no ego como no superego. 
O ego assimila os objetos com os quais ele pode identificar-se positivamente. O superego 
assimila os aspectos proibitivos exigentes destes objetos. 
 
 O predomínio normal de amor sobre ódio na posição depressiva resulta na internalização 
de objetos principalmente bons no superego. Estes objetos bons neutralizam os objetos 
internos maus, mas mesmo sob circunstâncias ideais predominantemente bons objetos de 
superego são contaminados pelos objetos maus. O superego, portanto, tem qualidades 
persecutórias (derivadas de introjetos persecutórios) e exigentes (derivadas dos aspectos 
exigentes dos pais bons idealizados). 
 
 Através da culpa ou preocupação em relação à perda de amor parental, o superego 
protege seus objetos bons introjetados. Quanto mais idealizados são os bons objetos 
contidos no superego, mais perfeccionistas são as exigências do superego. A idealização 
de objetos internos bons geralmente conduz a bom comportamento. 
 
 
 f.) ESTÁGIOS INICIAIS DO COMPLEXO DE ÉDIPO: Os estágios iniciais do complexo 
de Édipo começam durante a posição depressiva. Klein supôs um conhecimento inato dos 
genitais de ambos sexos, com fantasias orais e genitais influentes desde o nascimento em 
diante. O desejo por dependência oral da mãe é deslocado para o pai. Ansiar pelo seio 
bom torna-se um desejo pelo pênis do pai. O seio mau é também deslocado para o pênis 
mau. A predominância nos meninos de uma boa imagem do pênis do pai promove o 
desenvolvimento do complexo de Édipo positivo; confiar em um pai bom e dotar a mãe 
com um pênis bom inicia um complexo de Édipo positivo em meninas (imaginarização e 
anulação do enigma). 
 
Quando a agressão predomina, o menino edípico vê o pai como um perigoso castrador 
potencial. O medo de castração é, de fato, o medo do desejo oral-sádico projetado de 
destruir o pênis do pai. Este medo torna a identificação com o pai difícil e predispõe à 
inibição sexual e medo de mulheres. Culpa em relação à agressão em direção ao pai 
reforça a repressão do complexo de Édipo. Boas experiências orais em meninas resultam 
na expectativa de um pênis bom; esta expectativa baseia-se na experiência de um seio 
bom. 
 
Agressão excessiva em meninas pode dar lugar a fantasias inconscientes de roubar a 
mãe do amor, do pênis e dos bebês do pai e pode estimular medos de retaliação materna. 
Em meninas, os desejos orais e genitais pelo pênis do pai combinam com inveja do pênis 
desenvolvendo-se como um derivativo da inveja do seio interior. Deste modo, a inveja do 
pênis deriva de sadismo oral e não é uma inveja primária dos genitais masculinos ou um 
aspecto primário da sexualidade feminina. 
 
 
 À medida que a cisão decresce durante o primeiro ano de vida, a criança torna-se ciente 
de que bons e maus objetos externos são em realidade um só. Os bebês então 
reconhecem sua agressão em direção ao objeto bom e também reconhecem os aspectos 
bons das pessoas a quem eles atacaram por ser más. 
 
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Este reconhecimento corta o mecanismo de projeção. Além disso, as crianças tornam-se 
cientes das suas próprias partes infernais, mas, em contraste com o medo de prejuízo 
externo encontrado na posição esquizo-paranóide, o medo principal na posição 
depressiva é de prejudicar os objetos externos e internos bons daí a necessidade para o 
superego. 
 
 A tarefa emocional principal da posição depressiva é lidar com o medo do ego de perder 
os objetos externos e internos bons. As reações emocionais correspondentes são 
ansiedade e culpa. A preservação de objetos bons torna-se mais importante do que 
preservar o próprio ego. Objetos maus internalizados que foram anteriormente projetados 
compõem o ego primário, o qual ataca o ego com sentimentos de culpa. 
 
Os maus objetos dentro do superego, conforme observado acima, podem contaminar os 
bons objetos internos do superego que se tornaram incorporados no superego devido às 
suas demandas por determinados tipos de comportamento (eu amarei você se você fizer 
bem as suas tarefas; eu aceitarei você apenas se você trabalhar duro). 
 
 
g.) REPARAÇÃO: Normalmente, os mecanismos de reparação, aumentados pela 
testagem de realidade, aceitação de ambivalência, gratidão e luto capacitam a criança a 
resolver o período depressivo. A reparação, o antecedente da sublimação, é um esforço 
saudável para reduzir culpa em relação a ter atacado o objeto bom tentando reparar o 
dano, expressando amor e gratidão e assim, preservando-o. 
 
 A criança chora, corre para a mãe, joga seus braços ao redor dela e diz "desculpa". 
 
 A testagem de realidade aumentada resulta na cisão reduzida e na capacidade crescente 
de avaliar objetos inteiros e o self total. Os objetos introjetados são vistos como inteiros e 
vivos, ao invés de como fragmentos autônomos. Através de ser amadas, as crianças vêm 
a enxergar a si mesmas e a seus objetos internos como bons. A crescente percepção de 
amar e odiar a mesma pessoa promove a capacidade de experimentar e tolerar 
ambivalência, idealmente com uma preponderância de amor sobre ódio. 
 
 Klein acreditou que o luto normalmente reativa a culpa da posição depressiva, a diferença 
sendo que, durante o desmame na posição depressiva, a mãe boa real ainda está 
presente e ajuda o bebê a reconstituir e consolidar objetos internos bons. 
 
 h.) FIXAÇÃO: Muitos tipos de psicopatologia severa são atribuídos à fixação em uma das 
duas posições kleinianas. A fixação na posição esquizo-paranóide conduz a alguns 
transtornos psicóticos. Os transtornos psicóticos em geral negam a realidade, usam 
projeção extensamente e engajam-se em dissociação. Escape para um objeto interno 
idealizado conduz a estados exaltados autistas; dissociação generalizada e reintrojeção 
de objetos fragmentados múltiplos conduz a estados de confusão. 
 
 Medo predominante de perseguidores externos é a marca registrada do transtorno 
delirante; projeção de perseguidores sobre o próprio corpo resulta em hipocondríase. As 
pessoas com transtorno de personalidade esquizóide são emocionalmente superficiais e 
intolerantes de culpa, tendem a experimentar os outros como hostis e retraem-se de 
Relações de objeto. 
 
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 A partir da fixação, na posição depressiva vem o luto patológico (depressão) ou o 
desenvolvimento excessivo de defesas maníacas. O luto patológico resulta da destruição 
fantasiada por ataque sádico de objetos internos e externos bons. Os objetos internos 
maus que permanecem funcionam como um superego sádico primitivo evocando culpa 
excessiva e estimulando o sentimento de que todos os objetos bons estão mortos e que o 
mundo não tem amor (melancolia). 
 
O superego sádico é cruel, exige perfeição e opõe-se aos instintos. Tentativas são feitas 
para idealizar objetos externos como um meio de autopreservação; deste modo, 
quaisquer reprovações são feitas contra o eu, ao invés de aos outros. O suicídio pode 
incorporar a noção de que o objeto externo bom pode ser preservado apenas através da 
destruição do self mau. 
 
 i.) DEFESAS MANÍACAS: 
 
 Síndromes hipomaníacas e maníacas são promovidas por um predomínio de defesas 
maníacas, incluindo onipotência, identificação com o superego, introjeção, o triunfo 
maníaco e idealização maníaca. A onipotência resulta da identificação com um objeto 
bom idealizado e negação do resto da realidade. A identificação com um superego sádico 
permite que objetosexternos sejam tratados com desprezo. A introjeção é manifestada 
como fome de objeto, com negação de perigo para e dos objetos; 
O triunfo maníaco é manifestado por um senso de ter conquistado o mundo; e idealização 
maníaca é manifestada por fantasias de fusão com deus. 
 
TÉCNICA: 
 
 Klein acreditava que todas as situações produtoras de ansiedade, incluindo a hora 
analítica, reativam ansiedades das posições paranóide, esquizóide e depressiva. As 
defesas e medos primitivos são interpretados da primeira sessão em diante tão 
profundamente quanto possível e envolvem material tanto de transferência (você deseja 
me aniquilar) como de não transferência (você desejou eliminar o seio mau da sua mãe). 
 
A mesma técnica é usada com todos os pacientes, focalizando sobre fantasias 
inconscientes que representam o conteúdo e as operações defensivas nos níveis mais 
primitivos da mente. A técnica foi usada até mesmo com crianças com menos de 6 anos 
de idade, usando seu brinquedo livre como a base para a interpretação em sessões de 50 
minutos cinco dias por semana. Para Klein, o brinquedo livre de uma criança era análogo 
as livre-associações de um adulto. 
 
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Suas visões opuseram-se às de Anna Freud, a outra analista infantil dominante do dia que 
sustentava que a análise do complexo de Édipo de crianças pré latência não é possível, já 
que ela pode interferir com relacionamentos parentais; a análise desta criança é em 
grande parte uma experiência educacional para a criança; que uma neurose de 
transferência não pode ser efetuada devido à atividade dos pais na vida diária da criança; 
e que o analista deveria fazer todo o esforço para obter a confiança da criança. 
 
Klein sustentou que uma neurose de transferência pode ser efetuada e então resolvida 
por interpretação. Ao invés de tentar obter favores com a criança, Klein imediatamente 
interpretava transferências negativas (você quer se ver livre de mim) e verificou que fazer 
isso aliviava a ansiedade ao invés de intensificá-la. 
 
 
 Terapeutas kleinianos são interessados em tratar pacientes nos quais conflitos e 
defesas primitivos predominam. Eles fazem isso assumindo uma posição estritamente 
interpretativa, interpretando tanto aspectos negativos como positivos da transferência, 
mas especialmente enfatizando os aspectos negativos. 
. 
 
 
 
INDICAÇÃO PARA LEITURA 
 
 Amor, Culpa e Reparação (1937) 
 Inveja e Gratidão (1946-1963) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 27 
 
4. PRINCIPAL MECANISMO DE DEFESA DO EGO NA OBRA DE 
 DONNALD WINNICOT (1960) 
 
Mecanismo de Defesa na Obra de Winnicott 
 Verdadeiro e Falso self 
 Potencia - Onipotência 
 Criatividade 
 Pedidos de Socorro do Ego 
 Concernimento 
Verdadeiro e Falso Self, a cisão do self 
Winnicott desenvolve o conceito de verdadeiro e falso self tomando como partida a idéia de Freud 
de self constituído por um núcleo central que é controlado pelos instintos e uma outra parte 
voltada para o exterior e relacionada com o mundo. 
 
 Distanciando-se agora de Freud, Winnicott se preocupa em estudar os diferentes níveis de cisão 
entre verdadeiro e falso self. Para isso ele parte do pressuposto que considera a cisão entre 
verdadeiro e falso self como um estado essencial inerente a todo ser humano saudável. O que vai 
determinar a cisão entre verdadeiro e falso self como um aspecto da saúde ou não é a relação 
que o indivíduo mantém entre o mundo subjetivo e a realidade. 
 
Para Winnicott, na saúde essa cisão ocorre num grau de normalidade onde o indivíduo se 
relaciona com a realidade mas mantém uma ligação com o mundo subjetivo (verdadeiro self). Na 
patologia o indivíduo tipo falso self funciona como um objeto do mundo sem noção de si mesmo. 
 
Usando exemplos da literatura para estabelecer distinções entre os aspectos relacionados a uma 
personalidade do tipo falso self e outra do tipo verdadeiro self. Para tanto escolheu-se a 
personagem Macabéa da Clarisse Lispector no livro Hora da Estrela como exemplo de alguém 
que nutre um sentimento profundo e verdadeiro de self em oposição a poeta Silva Plath que 
escreve sobre o drama de viver sentimentos de irrealidade e futilidade próprios de uma 
personalidade tipo falso self. 
 
Se o que se apresenta aos olhos do eleitor é o 
 Self de um mau político, 
este é o melhor exemplo de falso Self. 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 28 
 
 Falso Self – Mecanismo de Defesa 
 
As esquizofrenias (e patologias borderline) formam-se no que Winnicott denomina estágio de 
dependência absoluta, no qual o bebê vive totalmente fusionado (a quem cuida dele, mãe 
ou substituto) e sofre as falhas ambientais de forma também absoluta, tendo de formar um 
falso self cindido para lidar com elas, quando ultrapassam certo limiar de suportabilidade. 
 
Então, esse falso self, na função de escudo protetor, mantém o self verdadeiro resguardado 
do perigo, isolando-o tanto do ambiente perigoso quanto dos impulsos instintivos (ainda não 
apropriados), que se tornam ameaçadores quando não são satisfeitos pelo ambiente num 
tempo adequado. Isolado dessa forma, o self verdadeiro está fadado a permanecer num 
estado primário de não integração (ou de integração insipiente). 
 
Por outro lado, o falso self – tornado a ponte de ligação com o mundo, quando 
sobrecarregado, sofre decomposições (já que é tão somente uma casca exterior, formada 
por mimetizações ambientais) . Quando o falso self falha, o self verdadeiro é obrigado a 
expor as suas cisões e fragmentações originárias no confronto com as demandas 
ambientais, aí sem mediações. Então, o psíquico é praticamente invadido pelo mundo, 
produzindo estados fusionais e confusionais de grande magnitude (o assim chamado surto 
esquizofrênico). 
 
Nessa concepção, o estado borderline designa a esquizofrenia latente, nos períodos em que 
o falso self funciona a contento, propiciando um escudo protetor ao self verdadeiro e algum 
tipo de adaptação ambiental possível. 
 
 Na Patologia o Falso Self é: 
 
 Usado e tratado como real – o individuo nutre sentimentos de irrealidade e futilidade 
 Construído na submissão – os impulsos instintivos cedem a função de auto-preservação 
usado como escudo na função defensiva de proteção do self verdadeiro – dissociação entre a 
mente e o psicosoma (splitting). 
 A patologia típica Falso Selfica é o Transtorno Borderline de Personalidade 
 
 
Para Winnicot o conceito da “mãe suficientemente boa”, 
 é fundamental na constituição do verdadeiro Self da criança 
 
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 Aspectos Constituintes da Personalidade na Teoria de Donald Winnicott 
A obra de Winnicott é marcada pelo estudo de estágios primitivos na constituição do 
desenvolvimento humano, principalmente ao que se diz a parte emocional, com suas experiências 
como psicanalista e médico pediatra, deu enfoque no desenvolvimento da criança. 
De acordo com ZIMERMAN (1999) o desenvolvimento dentro dos padrões de normalidade, para 
Winnicott, seria composto de três etapas: 1) a personalização, ou seja, a formação da noção de 
um esquema corporal para o bebê; 2) a fase de adaptação da realidade externa, onde o bebê 
nota-se ainda como dependente da figura da mãe e entende o mundo real e objetivoe por último 
a fase 3) onde ocorrem as descargas de agressividade ou crueldade primitiva. 
Nessas três fases citadas na obra Desenvolvimento emocional primitivo, em 1945, o teórico 
demonstra o desenvolvimento infantil, mas também conjuntamente abrange as primeiras noções 
na sua teoria sobre a constituição da personalidade adulta. Mas não só o papel da criança em 
desenvolvimento foi observado pela análise winnicottiana, mas a relação da dupla mãe e bebê 
(mãe-bebê), e como essa relação da criança “desamparada” com o seu apoio materno busca a 
constituição de uma personalidade. 
Outro ponto importante a ser abordado é a questão das relações objetais desenvolvidas com a 
dupla mãe-bebê, Winnicott constrói o termo objeto transicional para os primeiros objetos (reais) 
que o bebê manipula e deposita atenção e afetuosidade, um exemplo seria uma chupeta, um 
brinquedo e etc. 
O valor dessa primeira relação objetal está no fato de auxiliar na criação dos sentimentos de 
confiança e criatividade da criança, nesse momento a figura materna deverá agir como 
facilitadora desse processo. 
Segundo LESCOVAR apud WINNICOTT (2001, p.46) 
O início das relações objetais é complexo. Não pode ocorrer se o meio não propiciar a 
apresentação de um objeto, feito de um modo que seja o bebê quem crie o objeto. O padrão é o 
seguinte: o bebê desenvolve a expectativa vaga que se origina em uma necessidade não-
formulada. A mãe, em se adaptando, apresenta um objeto ou um manejo corporal que satisfaz as 
necessidades do bebê, de modo que o bebê começa a se sentir confiante em ser capaz de criar 
objetos e criar o mundo real. A mãe proporciona ao bebê um breve período em que a onipotência 
é um fato da experiência. 
Somente em 1960 é que Winnicott investe no estudo aprofundado das relações entre pais e filhos, 
principalmente a questão do bebê e sua mãe, buscando uma definição das funções da mãe 
(assim como o pai e o ambiente) para a determinação da personalidade. Conceitos como 
preocupação materna primária, ego auxiliar, e as funções essenciais da “mãe suficientemente 
boa” serão indissociáveis para qualquer pesquisador que busque entender a teoria e prática 
winnicottiana. 
 
Fonte: http://psicologado.com/abordagens/psicanalise/holding-e-formacao-da-personalidade-em-d-w-
winnicott#ixzz3BE2gmukL 
Psicologado - Artigos de Psicologia 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 30 
 
A Mãe Suficientemente Boa 
Uma dos aspectos mais trabalhados em Winnicott são as funções exercidas pela mãe no 
desenvolvimento da personalidade do bebê, essas funções podem ser resumidas como a 
qualidade de uma mãe ser “suficientemente boa”. 
A “mãe suficientemente boa” de Winnicott, não condiz com um modelo materno de padrões 
utópicos e onde se agrupa todas as características que retratam o Bem, mas uma mãe que exerce 
na sua relação com o filho (a) qualidades essenciais de apoio, proteção e aceitação. 
De acordo com LOBO apud PHILLIPS (2008) se na França houve um retorno a teoria freudiana, 
com Lacan, na escola psicanalítica britânica houve um retorno a mãe e a todo contorno de 
significados importantes a maternagem, através de Winnicott. 
São três as características que devem estar presente na figura materna para classifica - lá como 
“suficientemente boa” de acordo com Winnicott, sendo elas conceituadas como Holding,Handling, 
e a apresentação dos objetos. 
Segundo MONTEIRO apud WINNICOTT, (1975); VALLER, (1990); COUTINHO, (1997), “[...] nos 
primeiros meses da vida do bebê, a “mãe suficientemente boa” tem três funções, assim 
sintetizadas por Winnicott: holding (sustentação),handling (manejo) e a apresentação dos objetos”. 
Especificando esses termos, temos o holding como à “sustentação” praticada pela mãe ao bebê, 
um conjunto de comportamentos que visam apoiar a criança, como a amamentação, firmeza, o 
carinho e entre outras ações para satisfação a dupla. O handling faz referência à manipulação do 
bebê pelas mãos cuidadosas da mãe, e contato físico da dupla, que construirá as noções 
corporais ainda frágeis do bebê; e por último temos a apresentação dos objetos como à qualidade 
da mãe demonstrar-se como passível de ser substituída, e apresentar novos modos da criança 
agir no ambiente, por conta do seu próprio esforço e criatividade. 
Winnicott afirmou, várias vezes, que pouco ou nada havia contribuído para a teoria e a 
técnica psicanalítica relativas às neuroses. 
 
De fato, ninguém negaria uma maior importância às suas pesquisas sobre os períodos mais 
primitivos do desenvolvimento infantil, envolvendo contribuições à etiologia das esquizofrenias (e 
dos estados borderline). Ou deixaria de destacar a sua forma original de compreender as diversas 
formas de delinquência e de tendência anti-social, associando-as a um certo tipo de privação 
ambiental e descrevendo os seus sintomas como pedidos de socorro . De forma análoga, não 
poderia desconsiderar as suas complexas elaborações sobre o estágio do concernimento e a 
formação de toda a gama de patologias depressivas. 
 
 Contribuições winnicottianas à clínica da neurose obsessiva 
Alfredo Naffah Neto 
 
 
 
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Winnicott, especialmente em seu trabalho “O desenvolvimento da capacidade de concernimento” , 
ao examinar as relações entre mãe e bebê, identifica um estágio que ele chama concernimento 
(concern), em que a criança pode, ou não, começar a desenvolver a capacidade de importar-se-
com, de se preocupar com, o outro, de sentir e aceitar responsabilidade. Em seu sentido negativo, 
o concernimento pode ser definido como sentimento de culpa; para Winnicott, a capacidade para 
sentir culpa pode ser considerada o fundamento da moralidade: o que nos leva à responsabilidade 
pelos possíveis danos que possamos provocar nos outros em nossa relação com eles. 
 
Observações sobre a origem da moralidade: uma aproximação entre Heidegger e Winnicott 
Remarks on the origin of morality: an approach between Heidegger and Winnicott 
César R. F. de Souza 
PUCRS Uruguaiana 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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5.MECANISMOS DE DEFESA NA TEORIA DA VINCULARIDADE 
 DE WILFRED RUPRECHT BION 
 
O psicanalista britânico Wilfred Ruprecht Bion (1897-1979) integrou as ideias de Sigmund Freud e 
Melanie Klein de modo inovador, sem se deixar levar pelas disputas teóricas que ameaçavam 
transformar a psicanálise em um dogma. Embora ainda seja relativamente pouco conhecido por 
quem não pertence diretamente à área “psi”, merece ser considerado um dos gênios da 
psicanálise e um verdadeiro inovador da teoria, técnica e prática clínica deste campo. 
Nascido na Índia, Bion estudou medicina, letras, história, filosofia e teologia e preenche os 
requisitos necessários para ser caracterizado como fundador de uma nova escola de psicanálise, 
que pode ser denominada vincular-dialética, se levarmos em conta que a ênfase do psicanalista 
recai sobre a importância dos “vínculos” internos e externos presentes em toda pessoa e 
respectivos grupos de convívio. O modelo “dialético” implica nova maneira de ver a relação entre 
analista e analisando, o que implica capacidade de “pensar” as experiências emocionais. 
 Bion foi psiquiatra no exército britânico durante a Segunda Guerra Mundial, diretor da Clínica de 
Psicanálise de Londres, de 1956 a 1962, e presidente da Sociedade Psicanalítica Britânica, de 
1962 a 1965. Acompanhandoo crescente movimento de psicoterapia de grupo da sua época, 
lançou obras consideradas relevantes ainda nos dias atuais, como Experiências com 
grupos (1961), O aprender com a experiência ( 1962) e Transformações (1965). 
 
Mecanismos de Defesa na Obra de Bion 
 Vinculo amor/ ódio 
 Conhecimento /ataque ao conhecimento ( instinto epistemológico) 
 Amor a verdade / mentira 
 Reconhecimento 
 Defesas contra a inveja: 
 - desvalorização 
 - negação 
 - bajulação 
 - projeção 
 - idealização 
 - retirada (medo do sucesso e do amor, inveja de si mesmo) 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 33 
 
 A TEORIA VINCULAR E MECANISMOS DE DEFESA 
a.) Vinculo uma estrutura relacional emocional entre duas ou mais pessoas ou entre duas ou 
mais partes da mesma pessoa. 
 
b.) O que estabelece o vinculo é a emoção, sem emoção não há Vinculo 
 
c.) A dupla face da emoção: 
 
 Amor (L) e Ódio (H) 
 Amor (+ L), menos Amor (- L) 
 Ódio (+ H), menos Ódio ( - H) 
 Menos Ódio não é Amor 
 Menos Amor não é Ódio 
 
Como consequência do acima exposto pode-se concluir que se o individuo tem um sistema 
vincular harmônico, provavelmente isto ocorrerá também com os vínculos interpessoais. 
d.) Vinculo de Ódio (três tipos): 
 
 Aqueles que não conseguem odiar 
 Aqueles que não conseguem parar de odiar 
 Aqueles que odeiam e perdoam 
 
e.) Vinculo do Amor: 
 
 Amor Erótico 
 Amor Platônico 
 Amor tirânico Obsessivo (Sádico) – Neurose Obsessivo Compulsiva 
 Amor Dependente (Masoquista) – Neurose Histérica 
 
f.) Vinculo do Conhecimento 
 
 Querer conhecer a Verdade 
 Ter posse da Verdade 
 Amor à Verdade 
 Verdade em Paradoxos 
 
 
 APVP – 2014 – MECANISMOS DE DEFESA – Dr . Carlos Eduardo Rios Pereira Página 34 
 
A onipotência substitui o pensamento conceitual, a onisciência a capacidade 
 de aprendizado com a experiência. 
 
 A prepotência no lugar da dependência, a confusão e ambiguidade substitui 
 a capacidade de discernir, o Supra Ego (David Zimerman) dita as 
 próprias leis e fica no lugar do juízo critico e da auto critica. 
 
A imitação substitui uma verdadeira identificação, de modo que um 
falso Self pode ocupar o espaço do verdadeiro Self. 
 
g.) Vinculo do Reconhecimento (David Zimerman) 
 
 Certeza de ser aceito 
 Respeitado 
 Reconhecido pela forma de ser, reconhecendo o outro ( Alter Ego) 
 
A respeito da inveja, Bion utilizou os conceitos kleinianos, dando ênfase à importância dos 
mecanismos de defesa do ego e da permanente interação da “posição esquizoparanóide ”com a 
“posição depressiva”, havendo uma alternância entre elas, o que considera muito importante para 
a criatividade. Tal como Winnicott, Bion tem uma visão positiva destes mecanismos. 
 
Zimerman nos traz que, para Bion, os mecanismos de defesa do ego são “diferentes formas de 
evasões da verdade, através de mentiras e falsificações” e são utilizados pelos indivíduos para 
negar as verdades penosas, que são substituídas por diversas formas de fugas e falsificações. 
 
Assim como em Melanie Klein, Bion acredita que se a criança possui uma excessiva inveja ou 
“demanda insaciável”, fica diminuída a possibilidade da mãe de estar sendo “suficientemente boa”, 
como nos diz Winnicott. Semelhante a este, Bion considera como de fundamental importância no 
desenvolvimento da criança as influências do ambiente, dispensando especial atenção à 
necessidade dos cuidados da mãe. Se ela não conseguir atuar de forma adequada, resultará na 
criança um aumento de sentimentos de rejeição e de culpa. 
 
 Para Bion é de vital importância o vínculo que se estabelece entre mãe e bebê, havendo 
desde cedo uma empatia entre eles, tornando possível uma comunicação não-verbal. 
 
Bion se aprofundou no entendimento da mente das pessoas, levando em consideração tanto o 
consciente como o inconsciente, a realidade interna, quanto a realidade externa, ou seja, o 
ambiente. Ele nos enfatiza a desarmonia que existe na mente humana, onde sentimentos opostos 
emergem, a todo momento, considerando a necessidade das pessoas em conhecer essas 
diferentes partes de seu psiquismo para conseguir uma convivência harmônica entre elas. 
 
Assim, oferece grande contribuição aos estudos a respeito do indivíduo dentro dos grupos e das 
dinâmicas dos grupos, em que cada um conquista seu espaço no grupo, que possui direitos e 
deveres, percebendo a realidade vigente entre os participantes e sentindo-se como fazendo parte 
do grupo, que representa, inconscientemente, aqueles primeiros cuidados da mãe para com ele. 
 
 
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Defesas do Ego nos Mecanismos de Funcionamento no Grupo 
 
 Dependência 
 Acasalamento 
 Luta e fuga 
 Trabalho 
 
 
 Mecanismos de Defesa da Inveja 
 
 
Manfred F. R. Kets de Vries cita La Rouchefoucauld (apud Chanlat, 1996, p. 71), quando escreve 
que “a inveja é uma paixão tímida e vergonhosa, que nunca nos atrevemos a confessar” e 
complementa que “de fato, reconhecer a presença da inveja em si mesmo equivale a admitir um 
sentimento de inferioridade”. Para este autor, o ser humano tem uma tendência a esconder a sua 
inveja, pois tem vergonha dela, e para tal utiliza-se de uma mistura complexa de mecanismos de 
defesa. O uso de um mecanismo não exclui o outro, podendo ser utilizados vários mecanismos ao 
mesmo tempo, e essa conformação não é fixa, ou seja, os mecanismos usados em um 
determinado momento poderão evoluir para outros, em outro momento. 
 
Na teoria psicanalítica, as defesas contra a inveja são diversas e reforçam-se mutuamente, sendo 
as principais: desvalorização, negação, bajulação, projeção, idealização e retirada. 
 
 Desvalorização é o “denegrimento das boas qualidades do objeto”, ou seja, visa destruir 
as qualidades do que é invejado. Os indivíduos que a utilizam podem ter o desejo de 
vingança e/ou de provar que são melhores que aquele que invejam, e para isso usam a 
maledicência, as críticas negativas e a humilhação. 
 
 Negação, há uma dificuldade do invejoso em aceitar esse sentimento de inveja e para 
isso nega-o, evitando o encontro com o outro, de quem tem inveja. 
 
 Bajulação Outra forma de camuflar seus sentimentos de inveja é através da bajulação do 
invejoso para com a pessoa invejada, demonstrando apreço a ele e ressaltando suas 
qualidades, mas quando aquele não está presente, faz o contrário, denegrindo sua 
imagem. 
 
 Projeção quando utiliza a projeção, o indivíduo também nega seus sentimentos e se vê 
como uma pessoa não-invejosa, e projeta a inveja, que não aceita nos outros, percebendo 
os como pessoas invejosas e destrutivas. 
 
 Idealização o indivíduo procura colocar a pessoa invejada fora de seu alcance, 
exacerbando suas qualidades e atributos, colocando-a acima dos “mortais” (mitos, heróis, 
super-homens, etc.), coloca-a em um “pedestal”, sendo que esse exagero representa uma 
tentativa de diminuir sua inveja; o invejoso se coloca numa posição muito inferior, 
afirmando que não é possível para ele ser ou ter aquilo tudo. O invejoso que se utiliza 
deste mecanismo poderá “derrubar” a pessoa invejada na primeira oportunidade que tiver, 
ressaltando nesta, a todos, o quanto aquela pessoa não “era aquilo tudo” que parecia. 
 
 Retirada, ocorre quando o indivíduo se sente incapaz de tolerar seu próprio sentimento de 
inveja; ele nem tenta entrar em competição, e procura desvalorizar-se a si mesmo. Este 
comportamento

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