na tecnologia. Os atuais peritos humanos irão resistir à introdução do novo processo. Suas razões declaradas serão plausíveis – os efeitos sobre os custos, sobre outras necessidades dos clientes etc. O único motivo que eles não darão é este: “Essa mudança vai reduzir meu status”. Contu- do, essa pode ser a razão real. Devemos buscar as razões reais que estão por trás das declaradas. No caso de resistência cultural, as razões reais raramente são óbvias: os disfarces costu- mam ser sutis. Necessidades atribuíveis a usos inesperados Muitas falhas de qualidade surgem porque o cliente usa o produto de maneira diferente daquela pretendida pelo fornecedor. Essa prática assume muitas formas: treinamento inadequado para a função a ser executada; sobrecarga operacional de equipamentos ou processos; documentos mal arquivados ou inadequados para o uso pretendido. O que é crítico em tudo isso é saber se o planejamento da qualidade deve agir baseado no uso pretendido ou no uso real. Podem ser incluídos fatores de segurança, já prevendo certas situações de uso inadequado, mas esses fatores po- derão elevar os custos globais. O essencial é saber: qual será o uso real (ou mau uso); quais são os custos associados; quais são as consequências do respeito ao uso pretendido. A aquisição dessas informações exige, obviamente, um estreito trabalho em equipe entre fornecedor e cliente. Alguns produtos são criados para uma finalidade, dentro do contexto mer- cadológico vigente, mas novas aplicações surgem com o tempo. Por exemplo, o computador foi criado como um poderoso instrumento para fazer cálculos, mas com o tempo, novas, poderosas e surpreendentes aplicações foram surgindo; a máquina de reproduzir livros, criada por Gutenberg, com o tempo teve uma nova e importante aplicação – a imprensa. Conhecimento explícito (codificado) e implícito (tácito) O conhecimento pode ser gerado, transformado e sinergizado de várias maneiras. No processo de pensamento/planejamento estratégico, além de traba- lhar com a informação, um importante insumo nesse processo, precisamos gerar, Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Conceitos para refletir I 65 compor, transformar, enfim, processar o conhecimento de várias maneiras. A in- formação é algo tangível, mas o conhecimento não, pois dependendo do contexto pode não ser percebido como tal, ou com a intensidade necessária. Ambas estão sujeitas ao crivo da necessidade e da aplicabilidade, quando orientadas ao ambien- te organizacional, podendo ser útil ou não. A figura 2 apresenta a evolução da informação, desde o momento em que temos o dado até que, em sucessivos processos de agregação de valor, chegamos ao seu ponto mais nobre: a sabedoria. É muito importante não confundir dado ou informação com conhecimento; pois o conhecimento é o que efetivamente gera resultado, gera produtos e serviços e coloca toda a engenhosidade humana a serviço da sociedade e suas necessidades; a sabedoria é o passo além, é quando criamos a partir do conhecimento, surpreendendo e inovando, genuinamente. Dado Informação Conhecimento Sabedoria Figura 2. O quadro 2 apresenta os conhecimentos tácito e codificado, associando o primeiro com processos humanos internos (implícito) e o segundo com processos exteriorizados (explícitos). No ambiente organizacional, onde a preocupação por resultados é muito maior do que em outras dimensões das necessidades humanas, é muito importante chegar à explicitação desse conhecimento, de modo a trans- formar a potencialização em concretização. Quadro 2 Conhecimento tácito é o conhecimento implícito Conhecimento codificado é o conhecimento explícito A figura 3 é uma matriz que mostra as formas de transformação ou de “am- pliação” dos tipos de conhecimento que estamos abordando. Vejamos cada uma das quatro possibilidades: Para Conhecimento tácito Conhecimento codificado D e Conhecimento Tácito Socialização Exteriorização Conhecimento Codificado Interiorização Combinação Figura 3. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Conceitos para refletir I 66 De conhecimento tácito para tácito A forma mais provável, e possivelmente a mais efetiva, é a socialização, ou seja, prover um ambiente humano de interação, debate, troca de ideias etc., de modo que as percepções implícitas e os repertórios de conhecimento desse tipo possam crescer nas pessoas envolvidas. De conhecimento tácito para codificado A exteriorização é a maneira mais usual. Podemos fazer isso com palestras formais, estruturando o conhecimento, exemplos de aplicação, artigos, ou seja, é preciso comunicar formalmente a sua existência e tentar torná-lo tangível, ou pelo menos perceptível. De conhecimento codificado para tácito A interiorização é a estratégia mais efetiva. Quando pensamos, avaliamos, procuramos enxergar um conhecimento sob domínio, ampliando seus limites, conectando-o com outras dimensões e aplicabilidades, estamos contribuindo para transformá-lo em algo maior, ou pelo menos diferente. De conhecimento codificado para codificado Combinar, esta é a ação recomendável quando desejamos ampliar o âmbito dos conhecimentos codificados. É “juntar” o que já temos ou sabemos buscando novos horizontes explícitos, formais. Eficiência, eficácia e efetividade Os quadros 3 e 4 apresentam os conceitos de eficiência e eficácia, associan- do-os a aspectos operacionais e estratégicos, respectivamente. Eficiência: fazer certo (responsabilidade predominantemente operacional). Eficácia: fazer a coisa certa (responsabilidade predominantemente gerencial). Efetividade = eficácia + eficiência. Quadro 3 Eficiência (associado ao operacional) Fazer certo. Quadro 4 Eficácia (associado ao estratégico) Fazer a coisa certa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Conceitos para refletir I 67 O objetivo maior das organizações é a efetividade, onde além de ter as coi- sas certas sendo feitas, também são “bem feitas”, ou seja, otimização de custos, ciclos de processo etc. O quadro 5 destaca elementos típicos da eficiência, enfatizando-a como ação sobre os meios, os recursos e as atividades; já o quadro 6 mostra os elementos carac- terísticos da eficácia focados no atingimento dos objetivos e geração de resultados. Quadro 5 Eficiência Ênfase nos meios Resolver problemas Salvaguardar os recursos Cumprir tarefas e obrigações Rezar Quadro 6 Eficácia Ênfase nos resultados Atingir objetivos Otimizar a utilização dos recursos Obter resultados Ganhar o céu A pequena história a seguir ilustra o que seria eficácia. Um padre morre e chega ao céu. São Pedro, ao recepcioná-lo e identificá- -lo, dá a notícia de que devido a sua vida de dedicação, exemplo, disciplina e pregando a palavra de Deus, foi designado para o nível 4 do Céu (acima deste somente o nível mais elevado, o 5). O padre agradece e segue feliz adentrando o céu, mas eis que ouve uma voz familiar chegando (e, curioso, para e fica ouvindo). O homem se identifica para São Pedro, que exulta de felicidade dizendo-lhe que estava sendo ansiosamente aguardado e iria para o nível mais alto – número 5. O padre, indignado, retorna e, desculpando-se com São Pedro, diz que não é de ficar ouvindo conversas de outras pessoas, mas aconteceu e diz que devia haver algum engano, pois aquele homem ele já conhecia há muito tempo, vivia na região da sua paróquia e era um motorista de táxi impetuoso, sempre dirigindo em velocidade e perigosamente. São Pedro então lhe respondeu que este era o motivo – as pessoas quando entravam em seu carro, tamanho era o desespero e aflição, que sempre rezavam