211 Implementação e avaliação da gestão por processos Mudanças organizacionais necessárias As organizações buscam constantemente implementar melhorias em seus pro- cessos, visando atenderem as expectativas dos clientes, mantendo-se competitivas no mercado. A implementação de melhorias requer mudar, definir um novo desenho aos processos e implementá-lo. A implantação de um novo processo ou a implementação de melhorias em pro- cessos existentes, segundo Albuquerque e Rocha (2006), é constituída das seguintes atividades: desfazer e instalara) : é o momento de implantar o que foi previsto no rede- senho do processo, mudando a forma de executar as atividades. As pessoas, áreas, clientes, fornecedores, devem ser informados sobre a mudança e o cronograma da implantação; controlar a mudançab) : essas atividades visam garantir o sucesso da im- plantação e estar preparado para corrigir eventuais problemas que possam ocorrer. Todos os envolvidos no processo devem monitorar a implantação, os problemas que porventura surgirem devem ser corrigidos para manter a credibilidade do novo processo; institucionalizar a mudançac) : é preciso ter segurança de que as pessoas envol- vidas no processo tenham assimilado as mudanças e o processo esteja sendo operacionalizado de acordo com o redesenho. Nesse momento, os problemas que ocasionalmente tenham surgido devem ser solucionados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 212 A implantação de todas as mudanças previstas dependerá, de acordo com Albu- querque e Rocha (2006), dos seguintes aspectos: mudança lideradaa) : instituir um campeão da mudança, com autoridade para assumi-la; necessidade da mudança compartilhadab) : compartilhar com os envolvi- dos a razão da mudança, os riscos e oportunidades, por meio de dados es- tatísticos; comprometimento mobilizadoc) : formar uma rede de apoio para implantar a mudança; alavancas utilizadas para a mudançad) : utilizar ferramentas e práticas ge- renciais, de acordo com a mudança; progresso monitoradoe) : utilizar indicadores para medir o progresso da im- plantação; continuidade garantidaf ) : assegurar a manutenção das mudanças. A mudança da cultura organizacional As mudanças só serão permanentes, de acordo com Cury (2000, p. 278), se atingi- rem a cultura da organização. Segundo o autor, “a cultura compreende um conjunto de propriedades do ambiente de trabalho, percebidas pelos empregados, constituindo- -se numa das forças importantes que influenciam o comportamento.” Segundo Wagner e Hollenbeck (1999), a cultura é uma maneira informal e com- partilhada de perceber a vida e a participação na organização, que mantém os seus membros unidos e influencia o que pensa sobre si mesmo e seu trabalho. Cultura, para Robbins (2002), é uma percepção comum compartilhada pelos membros de uma organização: um sistema de valores compartilhados. Conjunto de características-chave que a organização valoriza. Cultura é termo descritivo: ele se refere à maneira pela qual os funcionários percebem as características da cultura da empresa e não ao fato de gostarem ou não delas. Os fundadores de uma empresa ge- ralmente são responsáveis pela cultura inicial dessa organização. Aspectos sobre a cultura também podem ser abordados em níveis, como apre- senta Schein (apud CHIAVENATO, 1999). O autor cita os artefatos, os valores comparti- lhados e as pressuposições básicas. A figura 1 ilustra esses níveis. Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 213 Im plem entação e avaliação da gestão por processos PRIMEIRO NÍVEL DA CULTURA SEGUNDO NÍVEL DA CULTURA TERCEIRO NÍVEL DA CULTURA ARTEFATOS VALORES COMPARTILHADOS PRESSUPOSIÇÕES BÁSICAS Figura 1 – Níveis de apresentação da cultura. (S CH EI N a pu d CH IA VE N AT O , 1 99 9. A da pt ad o. ) De acordo com Schein (apud CHIAVENATO, 1999), os níveis possuem os seguintes pressupostos: nível dos artefatosa) : esse primeiro nível da cultura, chamado de nível dos artefatos visíveis, são os mais fáceis de obter, perceber. É o que cada indi- víduo ouve, vê, sente. É o ambiente construído pelas organizações; pelos padrões de comportamento dos indivíduos. São padrões percebidos pela forma que as pessoas se vestem, pela forma que falam, sobre o que conver- sam, do jeito que se comportam. São os padrões de comportamento visí- veis, públicos; nível dos valores compartilhadosb) : esse é o nível dos valores que gover- nam o comportamento das pessoas, são os valores relevantes; definem por que as pessoas fazem; expressam o que a razão de ser do comportamento das pessoas; nível das pressuposições básicasc) : ou nível dos pressupostos inconscien- tes, constituem o terceiro nível da cultura organizacional; representa o mais íntimo, o mais profundo e oculto. São as percepções e sentimentos em que os membros da organização acreditam. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 214 Quintella e Souza (1999) citam Kurt Lewin, que publicou, em 1958, um dos pri- meiros modelos sobre mudança organizacional. Esse modelo classifica a mudança em três estágios: o estágio do descongelamentoa) : que é o estado presente; as pessoas preci- sam ser incentivadas a sair do estado presente, ou também chamado de es- tado de equilíbrio. Essa quebra do estágio de descongelamento gera relativa confusão, pois faz com que o indivíduo deixe para trás um modelo mental já estabelecido; o estágio da mudançab) : também denominado de estágio de transição. Essa fase se molda por novos comportamentos, em função das ações que estão sendo implementadas para operacionalizar a mudança. Essas informações devem ser assimiladas e cristalizadas, a fim de criar a visão da mudança; o estágio do recongelamento ou estado desejadoc) : é o estágio em que as mudanças se consolidam na organização. Os resultados passam a ser avalia- dos e ações corretivas, se necessário, são implementadas. O processo de mudança exige cuidado e tempo, pois as pessoas são influenciadas pelas normas formais, mas também por um conjunto de regras não escritas que passam a influenciar o comportamento. Segundo Cury (2000, p. 278), “para se obter uma mu- dança duradoura, não se tenta mudar as pessoas, mas as restrições organizacionais que operam sobre elas”. O autor cita que as normas, os valores, as recompensas e o poder fazem parte de um conjunto de pressupostos psicossociais, a seguir considerados. Normas Para Cury (2000, p. 278), normas “são padrões de conduta nos quais os membros da organização se enquadram. A norma é um padrão que as pessoas obedecem sem levar em conta o lado bom ou mau.” O autor complementa que as normas podem ser tanto explícitas, quanto implícitas. As normas explícitas incluem manuais, estatutos, regulamentos, entre outros. As normas implícitas são aquelas as quais as pessoas acei- tam, sem consciência. Valores Normas e valores estão inter-relacionados, interdependentes. Cury (2000, p. 279) conceitua valores como “o conjunto daquilo que a força de trabalho julga positivo ou negativo numa organização.” É em razão dos valores que as normas podem sofrer jul- gamento: se são boas ou ruins. Os valores são oriundos da sociedade na qual a organi- zação está inserida.Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 215 Im plem entação e avaliação da gestão por processos Recompensas