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211 Implementação e avaliação da gestão por processos Mudanças organizacionais necessárias As organizações buscam constantemente implementar melhorias em seus pro- cessos, visando atenderem as expectativas dos clientes, mantendo-se competitivas no mercado. A implementação de melhorias requer mudar, definir um novo desenho aos processos e implementá-lo. A implantação de um novo processo ou a implementação de melhorias em pro- cessos existentes, segundo Albuquerque e Rocha (2006), é constituída das seguintes atividades: desfazer e instalara) : é o momento de implantar o que foi previsto no rede- senho do processo, mudando a forma de executar as atividades. As pessoas, áreas, clientes, fornecedores, devem ser informados sobre a mudança e o cronograma da implantação; controlar a mudançab) : essas atividades visam garantir o sucesso da im- plantação e estar preparado para corrigir eventuais problemas que possam ocorrer. Todos os envolvidos no processo devem monitorar a implantação, os problemas que porventura surgirem devem ser corrigidos para manter a credibilidade do novo processo; institucionalizar a mudançac) : é preciso ter segurança de que as pessoas envol- vidas no processo tenham assimilado as mudanças e o processo esteja sendo operacionalizado de acordo com o redesenho. Nesse momento, os problemas que ocasionalmente tenham surgido devem ser solucionados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 212 A implantação de todas as mudanças previstas dependerá, de acordo com Albu- querque e Rocha (2006), dos seguintes aspectos: mudança lideradaa) : instituir um campeão da mudança, com autoridade para assumi-la; necessidade da mudança compartilhadab) : compartilhar com os envolvi- dos a razão da mudança, os riscos e oportunidades, por meio de dados es- tatísticos; comprometimento mobilizadoc) : formar uma rede de apoio para implantar a mudança; alavancas utilizadas para a mudançad) : utilizar ferramentas e práticas ge- renciais, de acordo com a mudança; progresso monitoradoe) : utilizar indicadores para medir o progresso da im- plantação; continuidade garantidaf ) : assegurar a manutenção das mudanças. A mudança da cultura organizacional As mudanças só serão permanentes, de acordo com Cury (2000, p. 278), se atingi- rem a cultura da organização. Segundo o autor, “a cultura compreende um conjunto de propriedades do ambiente de trabalho, percebidas pelos empregados, constituindo- -se numa das forças importantes que influenciam o comportamento.” Segundo Wagner e Hollenbeck (1999), a cultura é uma maneira informal e com- partilhada de perceber a vida e a participação na organização, que mantém os seus membros unidos e influencia o que pensa sobre si mesmo e seu trabalho. Cultura, para Robbins (2002), é uma percepção comum compartilhada pelos membros de uma organização: um sistema de valores compartilhados. Conjunto de características-chave que a organização valoriza. Cultura é termo descritivo: ele se refere à maneira pela qual os funcionários percebem as características da cultura da empresa e não ao fato de gostarem ou não delas. Os fundadores de uma empresa ge- ralmente são responsáveis pela cultura inicial dessa organização. Aspectos sobre a cultura também podem ser abordados em níveis, como apre- senta Schein (apud CHIAVENATO, 1999). O autor cita os artefatos, os valores comparti- lhados e as pressuposições básicas. A figura 1 ilustra esses níveis. Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 213 Im plem entação e avaliação da gestão por processos PRIMEIRO NÍVEL DA CULTURA SEGUNDO NÍVEL DA CULTURA TERCEIRO NÍVEL DA CULTURA ARTEFATOS VALORES COMPARTILHADOS PRESSUPOSIÇÕES BÁSICAS Figura 1 – Níveis de apresentação da cultura. (S CH EI N a pu d CH IA VE N AT O , 1 99 9. A da pt ad o. ) De acordo com Schein (apud CHIAVENATO, 1999), os níveis possuem os seguintes pressupostos: nível dos artefatosa) : esse primeiro nível da cultura, chamado de nível dos artefatos visíveis, são os mais fáceis de obter, perceber. É o que cada indi- víduo ouve, vê, sente. É o ambiente construído pelas organizações; pelos padrões de comportamento dos indivíduos. São padrões percebidos pela forma que as pessoas se vestem, pela forma que falam, sobre o que conver- sam, do jeito que se comportam. São os padrões de comportamento visí- veis, públicos; nível dos valores compartilhadosb) : esse é o nível dos valores que gover- nam o comportamento das pessoas, são os valores relevantes; definem por que as pessoas fazem; expressam o que a razão de ser do comportamento das pessoas; nível das pressuposições básicasc) : ou nível dos pressupostos inconscien- tes, constituem o terceiro nível da cultura organizacional; representa o mais íntimo, o mais profundo e oculto. São as percepções e sentimentos em que os membros da organização acreditam. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 214 Quintella e Souza (1999) citam Kurt Lewin, que publicou, em 1958, um dos pri- meiros modelos sobre mudança organizacional. Esse modelo classifica a mudança em três estágios: o estágio do descongelamentoa) : que é o estado presente; as pessoas preci- sam ser incentivadas a sair do estado presente, ou também chamado de es- tado de equilíbrio. Essa quebra do estágio de descongelamento gera relativa confusão, pois faz com que o indivíduo deixe para trás um modelo mental já estabelecido; o estágio da mudançab) : também denominado de estágio de transição. Essa fase se molda por novos comportamentos, em função das ações que estão sendo implementadas para operacionalizar a mudança. Essas informações devem ser assimiladas e cristalizadas, a fim de criar a visão da mudança; o estágio do recongelamento ou estado desejadoc) : é o estágio em que as mudanças se consolidam na organização. Os resultados passam a ser avalia- dos e ações corretivas, se necessário, são implementadas. O processo de mudança exige cuidado e tempo, pois as pessoas são influenciadas pelas normas formais, mas também por um conjunto de regras não escritas que passam a influenciar o comportamento. Segundo Cury (2000, p. 278), “para se obter uma mu- dança duradoura, não se tenta mudar as pessoas, mas as restrições organizacionais que operam sobre elas”. O autor cita que as normas, os valores, as recompensas e o poder fazem parte de um conjunto de pressupostos psicossociais, a seguir considerados. Normas Para Cury (2000, p. 278), normas “são padrões de conduta nos quais os membros da organização se enquadram. A norma é um padrão que as pessoas obedecem sem levar em conta o lado bom ou mau.” O autor complementa que as normas podem ser tanto explícitas, quanto implícitas. As normas explícitas incluem manuais, estatutos, regulamentos, entre outros. As normas implícitas são aquelas as quais as pessoas acei- tam, sem consciência. Valores Normas e valores estão inter-relacionados, interdependentes. Cury (2000, p. 279) conceitua valores como “o conjunto daquilo que a força de trabalho julga positivo ou negativo numa organização.” É em razão dos valores que as normas podem sofrer jul- gamento: se são boas ou ruins. Os valores são oriundos da sociedade na qual a organi- zação está inserida.Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 215 Im plem entação e avaliação da gestão por processos RecompensasÉ importante que a organização possua um sistema de recompensas, pois, segun- do Cury (2000, p. 279), as ciências do comportamento dizem que “as pessoas se com- portam como uma função daquilo que recebem de recompensa ou reforço.” O sistema de recompensas da organização deve privilegiar os mais competentes, sem esquecer os menos dedicados, que também necessitam de estímulos, de motivação. Poder Cury (2000, p. 280) cita que pressupostos, relacionados à cultura, devem ser entendidos: Quem tem poder na organização?a) Até que ponto esse poder é distribuído?b) Qual o grau de centralização ou descentralização da autoridade?c) Quem determina as recompensas?d) Quem decide as normas e onde estão na organização?e) A partir do entendimento desses pressupostos, será possível entender como a organização funciona, sob o ponto de vista do comportamento humano, e viabilizar a efetivação de uma mudança organizacional. Implementação da reengenharia: cuidados necessários De acordo com Oliveira (2007), as organizações devem considerar algumas pre- cauções na reengenharia, ou melhoria de processos. Os fatores contra os quais as or- ganizações devem se precaver estão elencados no quadro 1. Quadro 1 – Precauções na implementação da gestão de processos PRECAUÇÕES CARACTERÍSTICAS Preparar a organização para o crescimento e desenvolvimento. Não se preocupar apenas com a sobrevivência, mas também com o crescimento sustentado. Cuidar para não cortar demais (custos, estoques, níveis hierárqui- cos, pessoas), isso pode reduzir o moral e, em consequência a pro- dutividade. (O LI VE IR A, 2 00 7. A da pt ad o. ) Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 216 PRECAUÇÕES CARACTERÍSTICAS Focalizar a totalidade do negó- cio e não apenas os processos internos. A reestruturação de processos é importante, mas o ideal é a gestão por processos; envolver toda a organização. Ter visão de conjunto do proces- so de mudanças. Para que a gestão de processos tenha um enfoque global, é neces- sário que as mudanças sejam amplas. Conhecer e interagir com os di- versos grupos de interesse. Essa interação se sustenta na atuação enfocada em resultados e a utilização de metodologias apropriadas, bem como o acompanha- mento do comportamento dos envolvidos no processo. Ter expectativas realísticas dos processos. Não criar expectativas fora da realidade da organização. Não hiper- estimar os resultados, baseando-se em índices fantásticos que al- gumas organizações atingiram com processos de reengenharia. Ter foco em prioridades estabe- lecidas. Muitos problemas são oriundos da falta de priorização das oportu- nidades ou por priorizar tudo. Ter foco nos processos e não nas funções administrativas. São os processos que são constituídos de atividades, enfocados na satisfação das necessidades dos clientes internos e externos. Contemplar processos estraté- gicos que proporcionem valor agregado para os resultados. Os processos estratégicos são de fundamental importância para a organização, porém devem propiciar valor agregado para os resul- tados. Ter interação entre os processos e as estratégias. Os processos devem ser aplicados com base na estratégia definida pela organização. Ter políticas adequadas. As políticas não devem ser apenas frases bonitas, precisam ser ope-racionalizadas. Não ter timidez na aplicação dos processos. Devem ser promovidas mudanças efetivas em toda a organização e não apenas automatizar um processo. Não gastar muito tempo e ener- gia em levantamentos e análises das operações vigentes. A discussão deve ser para definir o melhor processo para atingir os resultados esperados, enfocando em atividades que agreguem valor aos produtos e serviços oferecidos pela organização. Não vá na onda do fracasso in- telectual. Às vezes, os principais executivos da organização não sabem o que estão fazendo. A consolidação do sucesso da organização ocorre com a identificação dos problemas e formas eficazes de eliminá-los, não apenas entusiasmo. Ter administração sobre a reen- genharia do poder. Atualmente, os programas de reestruturação organizacional defen- dem a ideia de que os executivos devem trabalhar em igualdade com os subordinados, participando com estes em equipes mul- tidisciplinares. Isso envolve mudança de comportamento e eles precisam aprender as técnicas que podem auxiliar na mudança na forma de atuação. Não ter pensamento viciado. A atitude ideal para os envolvidos no processo é a interativa (nem reativa, nem inativa, nem proativa), pois assim eles preparam o fu- turo e atuam de forma a tornar realidade essa situação. Não acreditar que os projetos de administração de processos sim- plesmente proporcionem trans- formações revolucionárias e a curto prazo nos negócios. Grandes mudanças são conquistadas ao longo do tempo. A admi- nistração de processos deve evoluir gradativamente, consolidando- se aos poucos, mas com alguns resultados tangíveis a curto prazo. Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 217 Im plem entação e avaliação da gestão por processos PRECAUÇÕES CARACTERÍSTICAS Ter transferência do conheci- mento e das tecnologias básicas para consolidar os produtos e os serviços oferecidos ao mercado. O futuro da empresa pode ter sua base em treinamentos eficientes, eficazes e efetivos. Ter padrinhos das competências da organização. A organização deve ter um padrinho ou patrono para cada compe- tência identificada. Ter profissionais com dedicação adequada à administração de processos. Os processos necessitam de pessoas com conhecimento das várias atividades da organização. O ideal é formar equipes multidiscipli- nares. Ter foco de atuação no processo de geração de valores agrega- dos e não nas unidades organi- zacionais. Foco nos processos, novos desenhos organizacionais, modernas medidas de desempenho. Os processos devem servir e satisfazer os clientes internos, mas a razão da existência e sobrevivência das organizações é o cliente externo. Ter efetivo e ágil processo de co- municação e disseminação das ideias, propostas e decisões. As informações devem perpassar todos os níveis hierárquicos. A in- formação cria responsabilidade, entendimento e compreensão da realidade. Ter efetivo comprometimento dos executivos e funcionários da organização. A liderança deve estar comprometida com os resultados. Mobilizar os funcionários a acei- tarem as mudanças que os pro- cessos acarretam. Os funcionários da empresa são a sustentação básica para o processo de mudança. Devem ser preparados para a gestão dos processos. Ter adequado clima organiza- cional. O clima tem impacto direto sobre a eficiência, eficácia e efetivida- de, é construído ao longo do tempo, e é resultado da percepção coletiva. As organizações devem ter conhecimento desses fatores que podem prejudicar a implementação de melhorias nos processos organizacionais. Avaliando a mudança organizacional O sucesso da mudança deve ser garantido desde as etapas iniciais da análise do processo. porém, acompanhamento especial deve ser dado após a implantação da mudança. Uma avaliação permitirá a identificação de vantagens ou problemas exis- tentes nos novos métodos. Os resultados no processo (novo ou redesenhado) devem ser comparados às metas definidas. No ciclo PDCA1, seria a última etapa, o A de Act, ou seja, agir, tomar as medidas necessárias para eventuais desvios constatados. Após essa etapa, roda-se o PDCA novamente. 1 O ciclo PDCA é uma ferramenta da qualidadeque facilita a tomada de decisões, visando garantir o alcance das metas necessárias à sobrevivência dos estabe- lecimentos. A sigla é formada pelas iniciais: P, de Plan – Planejar; D, de Do – Fazer, executar; C, de Check – Checar; A, de Act – Agir . O PDCA é um ciclo e, portanto, deve “rodar” continuamente. Para que “rode” de maneira eficaz, todas as fases devem acontecer. A supressão de uma fase causa prejuízos ao processo como um todo. Disponível em: <www.biblioteca.sebrae.com.br/bds/bds.nsf>. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 218 Morgan (1996) cita que as mudanças, para serem duradouras, devem ser oriundas da mudança de valores. Senge (2003) diz que as mudanças devem decorrer de processos de aprendizagem, que novas habilidades devem ser desenvolvidas a partir da consciên- cia de novos valores, a partir da qual são formadas novas atitudes e novas crenças. Texto complementar Reflexões para o estudo de uma nova cultura organizacional (LOPES, 2007) No dia a dia de muitas empresas, a falta de comunicação interna, o desconhe- cimento de objetivos, metas e missões ocasionam uma alta rotatividade de mão de obra e redução da produção e, consequentemente, da participação empresarial no mercado, tornando preciso uma reflexão a respeito do(s) objetivo(s) de se estabele- cer ou mudar a Cultura Organizacional. As práticas de cultura precisam ser analisadas como processo de aprendiza- gem, conhecendo de perto, no contexto das organizações empresariais, as políticas e as práticas de gestão frente à realidade social: economia globalizada, instabilidade econômica, revolução tecnológica da produção, do conhecimento e da informática. A análise das práticas de cultura permite ainda fazer com que a Cultura Organizacio- nal a ser implantada, ou se necessário, modificada, torne-se fonte de divulgação e preservação dos objetivos implícitos e/ou explícitos da empresa. Há ainda que se considerar os valores básicos da Empresa e mantê-los con- sistentes, com uma dinâmica de aprendizagem e renovação constante, até porque estes valores devem inspirar os funcionários a manter o espírito de equipe, terem conhecimento gerencial da Organização e relacionarem-se entre si e com seus su- periores. Existe uma relação entre a difusão desses valores e o estabelecimento de elos entre as diferentes áreas de desenvolvimento das Organizações, encadeadas em uma corrente única de processos que possibilitem melhores padrões de diferen- ciação e competitividade. [...] O desenvolvimento de um novo padrão cultural da Organização exige a intro- dução de pressupostos básicos de uma Cultura de aprendizagem. Fleury (1995) sis- tematiza algumas categorias que possibilitam a compreensão dos padrões culturais das novas Organizações de aprendizagem: Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 219 Im plem entação e avaliação da gestão por processos a relação da Organização com o ambiente deve ser dominante, permitindo uma orientação para aprendizagem contínua; a resolução dos problemas de adaptação interna e externa e o aprendizado exigem que a Organização tenha uma postura proativa e orientada para o futuro; a verdade e o saber organizacional devem ser concebidos de forma mais pragmática. Assim, a verdade e o saber não se tornam privilégios de uma minoria que defende seu conhecimento de forma autoritária; a Organização deve acreditar que a natureza humana é boa e passível de mudanças, portanto, seus membros podem ser transformados por meio do autodesenvolvimento; a natureza de uma Organização é complexa e o seu maior desafio reside na gestão da diversidade, assim, o processo de aprendizagem e as relações humanas exigem a compreensão da individualidade, das formas coletivas de convivência e do regime de governo autoritário X participativo; a diversidade cultural é um dos elementos centrais da vida organizacional: a pluralidade e as tensões delas decorrentes, se bem medidas, podem cons- tituir-se em um valioso recurso de criatividade e inovação; a dinâmica organizacional e sua complexidade exigem uma compreensão sistêmica: o desenvolvimento de quadros conceituais mais complexos, que se afastam dos modelos reducionistas em todos os níveis organizacionais, fazem-se necessários. Nesse sentido, Fleury (1995) considera ainda que o desenvolvimento de uma cultura da aprendizagem passa, necessariamente, por um refinamento das propos- tas teórico-metodológicas e estratégias de intervenção organizacional. [...] Em todas as pessoas, o uso do simples termo mudança reflete um estado de apreensão, expectativa e insegurança, em face de uma nova realidade desconheci- da que a pessoa irá vivenciar. No processo de implantação de Cultura Organizacional, é preciso manter-se atento ao temor causado pelas novas definições e posturas que estarão presentes na Empresa. O olhar distante do processo deverá prevalecer de forma natural, visto que a mudança, nesse caso, poderá confundir o empregado, fazendo-o adotar um posicionamento contrário, com o objetivo de preservar seu emprego e sua situação funcional. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 220 É o momento ideal para a Empresa aproveitar a fase inicial de sua nova Cultura Organizacional, e conquistar definitivamente seu grupo de trabalho, transforman- do-o em aliado do processo, por meio de ações que: Reconheçam que o consenso dos grupos de pares será a questão de a) maior influência na aceitação e boa vontade para com o processo e que as pessoas são resistentes à mudança porque ela gera rupturas nos rituais e na ordem de suas vidas, porém, os laços pessoais exercem uma forte influência na construção do consenso. Exprimam e enfatizem a confiança (de mão dupla, entre Empresa X Em-b) pregado) em todos os assuntos relacionados com a mudança. A mudança seja pensada como a construção de habilidades e concentrar c) -se no treinamento como uma parte fundamental do processo. Dê tempo para que as pessoas se acostumem e consolidem a mudança.d) Encoraje as pessoas a se adaptarem à ideia básica de que a mudança se e) ajusta ao mundo real que as rodeia. A consciência de uma visão geral do processo é importante, sabendo que este deve ser traçado por meio de fases como: análise da cultura e esclarecimento de objetivos; estabelecimento de um plano global e desenvolvimento de obstáculos; introdução do novo sistema e provocação do envolvimento das partes afetadas. A mudança Cultural também deve considerar os indivíduos, grupos de traba- lho, lideranças, políticas, programas e procedimentos organizacionais. Especificamente para realizá-la, Ulrich (1998) destaca que a Organização deve envolver-se em uma série de ações, comprometendo-se realmente com a mudança, explicitando lacunas na cultura existente, preparando planos de ação cultural e co- ordenando as iniciativas de mudança da atual Cultura Organizacional. Neste processo de mudança cultural, ressaltamos que as pessoas não podem ser vistas como seres passivos que reagem a estímulos do ambiente, mas precisam ser consideradas como seres ativos que diretamente atuam na construção da nova realidade organizacional, cuja complexidade está intimamente relacionada à mu- dança nas interações sociais, nos significados subjetivos, nas intenções, emoções e, sobretudo, nos comportamentos de resistência. O próximo passo será envolver os profissionais decisivos no comando da empresa na nova Cultura Organizacional criando, assim, a sustentação da ação pela capacidade que estes possuem de integrar todos os demais profissionais no novo ambiente. Im plem en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 221 Im plem entação e avaliação da gestão por processos Gerenciamento dos Recursos Humanos: uma necessidade permanente O Clima Organizacional presente durante a fase de implantação, ou mesmo transição de uma cultura, requer de toda a equipe de liderança, da direção e da área de recursos humanos um cuidadoso gerenciamento de pessoas, ambiente e das relações. É possível trabalhar eficazmente com pessoas se estivermos preparados para pensar nelas em termos humanos, pois é o que são essencialmente. Mas é preciso compreendermos que a organização humana de hoje não é a mesma de ontem; e, hoje, compreender comportamento organizacional é ordem de maior grandeza: é a prática do conhecimento sobre como as pessoas agem dentro das Organizações. A compreensão e o conhecimento são ferramentas para o benefício do pró- prio homem, nos quais elas estejam localizadas, pois haverá sempre a necessidade de compreender e conhecer o comportamento organizacional. Vale lembrar que os elementos essenciais do comportamento organizacional são as pessoas, a estrutura, a tecnologia e o ambiente no qual a Organização opera. Paschini (1995), em seu estudo do Impacto da Cultura Organizacional na Im- plementação de Alianças Estratégicas, chama a atenção para o fato de que é comum ocorrerem casos nos quais os profissionais responsáveis pela implantação da cultura assumem a postura de colonizadores, desestimulando o comportamento diferente daquele habitualmente emitido e valorizado pela nova visão da empresa. A autoestima dos colonizados, segundo a autora, será afetada gerando com- portamento de insegurança, repulsa e competição, fazendo com que este grupo adote uma postura de submissão e de desejo de aprender com a maior brevidade possível as novas regras culturais da empresa. Esse tipo de sentimento deve ser desencorajado e a prática dos comportamen- tos anteriores à formação de alianças deve ser estimulada. Naturalmente, a ansiedade pela transformação cultural, que de fato só ocorrerá ao longo dos anos, traduzir-se-á em mais um elemento complicador do processo de transição, que precisará o tempo todo ser acompanhado pela gerência da empresa. A atuação da área de Recursos Humanos deve entrar nessa discussão por caber a ela o papel de ir além da habilidade técnica e política, afinal, ela exige dos profissio- nais que nela militam uma profunda capacidade e competência para visualizar os dois lados da empresa: os objetivos da empresa e os interesses de seus funcionários. Caberá ao profissional de recursos humanos o desenvolvimento de métodos co- erentes com os novos valores culturais da Empresa, sabendo conhecer e interpretar Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 222 os valores e pressupostos. Ulrich (2000, p. 25) escreve que os “profissionais de Recur- sos Humanos com dados, habilidades e credibilidade fazem mais do que aconselhar: na verdade, eles assumem posições e agem para conseguir resultados na empresa”. Os processos de recrutamento e seleção podem ser desenvolvidos e realizados de forma a identificar aqueles profissionais que, além de um conjunto de conheci- mentos e habilidades específicas, apresentarem maior probabilidade de serem bem- -sucedidos na cultura atual ou desejada da empresa. Frente a constantes mudanças de seu ambiente – internas e externas – a em- presa deve estabelecer uma postura proativa de acompanhamento dos processos de trabalho nela desenvolvidos (operacionais, técnicos e executivos) até a logística de sua distribuição no mercado e a seu consumidor final, bem como fundamental- mente saber interpretar a satisfação ou não do cliente dentro de uma nova Cultura Organizacional. Uma vez estabelecida esta “sintonia” de valores e objetivos entre todos para com a Empresa, o enfrentamento da concorrência e variações do Mercado serão trabalhados e absorvidos de forma mais tranquila. [...] Ao se liberar das amarras de um espaço físico, as empresas difundem conhe- cimento em tempo real para todas as suas unidades ou departamentos, mantendo conteúdo e timing sob controle e gerenciáveis, segundo suas necessidades, sobretu- do, fazendo uso das novas tecnologias de comunicação disponíveis. [...] As abordagens aqui mencionadas colaboram para que a empresa com uma nova Cultura Organizacional obtenha a capacidade de difundir e fixar valores e obje- tivos, tendo, consequentemente, a possibilidade de expandir seu mercado, promo- ver internamente uma corrente única de trabalho, na qual cada elo estará interliga- do com os demais membros da Organização e todos juntos irão atuar para o êxito e bem comum. Atividades O que se entende por Cultura Organizacional?1. Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 223 Im plem entação e avaliação da gestão por processos Para que as mudanças sejam efetivadas de fato nas organizações, há a necessi-2. dade de se considerar a Cultura da Organização. Cite e explique a abordagem de mudança de cultura organizacional, conforme Wood Jr. Relacione as colunas (há duas sentenças para cada item).3. Normasa) Valoresb) Recompensasc) Poderd) Alguns dos seus pressupostos na organização envolvem: até que ponto é )( distribuído e quem decide as normas e onde estão na organização. Exemplos: manuais, estatutos, regulamentos. )( São oriundos da sociedade na qual a organização está inserida. )( São padrões de conduta nos quais os membros da organização se )( enquadram. Deve privilegiar os mais competentes, sem esquecer os menos dedicados, )( que também necessitam de estímulos. Relaciona-se, entre outros elementos, ao grau de centralização ou )( descentralização da autoridade. As pessoas se comportam em função do reforço que recebem. )( O conjunto daquilo que a força de trabalho julga positivo ou negativo )( numa organização. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 224 Referências ALBUQUERQUE, Alan; ROCHA, Paulo. Sincronismo Organizacional: como alinhar a es- tratégia, os processos e as pessoas. São Paulo: Saraiva, 2006. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos Novos Tempos. 2. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1999. CURY, Antonio. Organização e Métodos: uma visão holística. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2000. HERZOG, J. P. People: the critical factor in managing change. journal of Systems Ma- nagement. v. 42, n. 3, p. 6-11. Cleveland, 1991. LOPES, Juliano de Jesus. Reflexões para o estudo de uma nova cultura organizacio- nal. 2007. Disponível em: <www.faesp.br/rafi/ed2/artigos_juliano.aspx>. Acesso em: 8 dez. 2010. MORGAN, Gareth. Imagens da Organização. São Paulo: Atlas, 1996. OLIVEIRA, Djalma de Pinho Rebouças de. Administração de Processos: conceitos, me- todologias e práticas. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2007. QUINTELLA, H. L; SOUZA, L. P. Cultura de Negócios: nova perspectiva dos estudos sobre o Comportamento Organizacional. O Estudo de Caso em duas Emissoras de TV Educa- tiva. Adm.Made Revista do Mestrado em Administração e Desenvolvimento Em- presarial. ano 2, n. 3. 1999. Disponível em: <www.estacio.br/revistamade/03/artigo6. asp>. Acesso em: 8 jan. 2007. ROBBINS, Stephen Paul. Comportamento Organizacional. 9. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2002. SENGE, P. et al. A Quinta Disciplina: arte e prática da organização de aprendizagem. 15. ed. São Paulo: Best Seller, 2003.WAGNER, John A.; HOLLENBECK, John R. Comportamento Organizacional: criando vantagem competitiva. São Paulo: Saraiva, 1999. WOOD JUNIOR, T. (Coord.). Mudança Organizacional. São Paulo: Atlas, 2002. Im pl em en ta çã o e av al ia çã o da g es tã o po r p ro ce ss os Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 225 Im plem entação e avaliação da gestão por processos Gabarito A cultura compreende um conjunto de elementos, tangíveis e intangíveis, do 1. ambiente de trabalho que influenciam o comportamento dos funcionários, ge- rentes, enfim, das pessoas que atuam na empresa. A cultura de uma organiza- ção é formada por: valores, crenças, tabus, normas, tecnologia, comportamento social, sistema de recompensas e poder, entre outros. Segundo o autor, a mudança de cultura em uma organização acontece de duas 2. formas: de forma planejada (voluntarista) ou de forma reativa (adaptativa). A mudança planejada compreende a definição de ações estratégicas para a em- presa, a partir de um cenário, ou seja, os líderes da organização, a partir de uma interpretação da realidade (ambiente interno e externo) decidem pela mudan- ça. No caso da mudança cultural reativa, o autor explica que a mudança da cul- tura da empresa acontece como uma reação ao que já está acontecendo no ambiente, ou seja, a empresa obriga-se a mudar para conseguir manter-se no mercado – ela não se antecipa à mudança. 3. ( d ) Alguns dos seus pressupostos na organização envolve: até que ponto é distribuído e quem decide as normas e onde estão na organização. ( a ) Exemplos: manuais, estatutos, regulamentos. ( b ) São oriundos da sociedade na qual a organização está inserida. ( a ) São padrões de conduta nos quais os membros da organização se enquadram. ( c ) Deve privilegiar os mais competentes, sem esquecer os menos dedicados, que também necessitam de estímulos. ( d ) Relaciona-se, entre outros elementos, ao grau de centralização ou descentralização da autoridade. ( c ) As pessoas se comportam em função do reforço que recebem. ( b ) O conjunto daquilo que a força de trabalho julga positivo ou negativo numa organização. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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