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147 Despesa pública Fernando Lima Gama Junior* Conceito A despesa pública também deve ser conceituada considerando dois enfoques: sentido lato e sentido restrito. As despesas públicas, em sentido stricto sensu, são as despesas orça- mentárias que somente poderão ser executadas se estiverem autorizadas na lei orçamentária anual ou nas leis de créditos adicionais, e que caracterizam os gastos que o Governo realiza para atender as necessidades da população. Já as despesas públicas, em sentido lato sensu, abrangem além das despesas orçamentárias, anteriormente citadas, as despesas extraorçamen- tárias, que são representadas pelas devoluções de recursos de terceiros, pelas operações de crédito por antecipação de receita e pelos pagamentos de restos a pagar, serviço da dívida e consignações diversas. Fortes (2005), bem como outros autores, a exemplo do que ocorre na re- ceita, entende que a expressão “despesa extraorçamentária” é indevidamente utilizada, sendo mais apropriado falar em “dispêndios extraorçamentários”. Assim, podemos conceituar a despesa pública, em sentido estrito, como o conjunto de dispêndios do Estado ou de outra pessoa jurídica de Direito Público, autorizados no orçamento, para o funcionamento e manu- tenção dos serviços prestados à sociedade, por meio da realização de obras e prestação de serviços públicos. Funções econômicas do Governo Muitos acreditam que as despesas e receitas governamentais têm a única fi- nalidade de proporcionar o funcionamento das atividades desenvolvidas pelo Estado, como por exemplo: construção de escolas, manutenção das reparti- ções públicas, saúde etc. E desconhecem que o orçamento público também desempenha papel primordial como instrumento de intervenção econômica. * Auditor Federal de Con- trole Externo do Tribunal de Contas da União em Mato Grosso. Professor de preparatórios para concur- sos nas disciplinas de Con- trole Externo, Orçamento Público, Contabilidade Pública e Legislação Tribu- tária do ICMS. Engenheiro Químico pela Universi- dade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) em 2001. Bacharelando em Direito pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT). Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 148 Despesa pública Segundo Musgrave (1994), as funções econômicas do Estado se classifi- cam em: função distributiva, função estabilizadora e função alocativa. Função distributiva A função distributiva tem como finalidade atenuar as injustiças e desi- gualdades sociais, através de uma distribuição mais igualitária da riqueza produzida em um país, já que o mercado por si só não consegue gerar a distribuição considerada justa pela maioria da sociedade. Para alcançar a igualdade considerada justa e desejada pela sociedade o governo utiliza-se de instrumentos como: transferências, impostos, subsí- dios, isenções etc. A transferência de renda ocorre quando o Governo tributa com alíquo- tas mais altas quem possui renda mais elevada, a exemplo das alíquotas progressivas do imposto de renda, e utiliza esses recursos financeiros para subsidiar os indivíduos das classes menos privilegiadas, oferecendo serviços público de saúde, educação, segurança etc. de qualidade. Outra forma de aplicar a função distributiva é a cobrança de impostos com alíquotas mais gravosas para produtos considerados supérfluos, que somen- te são consumidos pelas classes mais favorecidas economicamente, e a sua utilização para subsidiar os produtos de primeira necessidade que são, dessa forma, adquiridos por preços menores pelas classes mais necessitadas. Função alocativa Existem certas atividades que pelo alto capital a ser aplicado, longo tempo de retorno do capital, baixo retorno ou mesmo por simples desinteresse da área privada exigem a presença do Estado. Portanto, a função alocativa consiste na aplicação de recursos públicos, pelo Estado, nas atividades em que não houver interesse da área privada ou a presença do Estado se faz necessária, como, por exemplo: investimentos na infraestrutura econômica: transporte, energia, comunicação, armazenamen- to; provisão de bens públicos: infraestrutura urbana, saneamento básico, meio ambiente; e semipúblicos ou meritórios: educação e saúde. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 149 Função estabilizadora Das três funções do Estado, esta é a mais recente e tem como objetivos principais: manutenção de um equilibrado nível de emprego, estabilidade dos níveis de preços, equilíbrio na balança de pagamentos e razoável taxa de crescimento econômico. O Governo, por meio da função estabilizadora, atua sobre a economia au- mentando ou diminuindo a demanda agregada. Se o objetivo for estimular a demanda, os gastos públicos, com consumo e investimentos, podem ser aumentados ou os impostos reduzidos. No entanto, se a intenção é conter a demanda, o Governo diminuirá seus gastos ou aumentará os impostos, o que provocará a redução da renda e, consequentemente, dos níveis de consumo. Nesse sentido fica clara a importância do orçamento como instrumento de política fiscal estabilizadora, já que as alterações nas despesas do Gover- no, bem como as alterações de alíquotas dos impostos, causam expressivos reflexos na demanda agregada. Além da utilização das políticas fiscais, a função estabilizadora também utiliza políticas monetárias para promover a estabilidade da economia, dentre as quais se destacam: controle da quantidade de moeda no mercado, das taxas de juros e lançamentos de títulos públicos. Classificações das despesas As despesas da administração pública, em sentido lato, possuem diversas classificações, sendo as mais consagradas pela doutrina quanto à: natureza; � afetação patrimonial; � competência; � regularidade. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 150 Despesa pública Como classificações legais podemos citar: quanto à categoria econômica; � institucional; � funcional; � estrutura programática; � outras classificações. � Classificações doutrinárias As despesas, quanto à natureza, classificam-se em: orçamentária e extraorçamentária Orçamentárias: são as despesas fixadas na lei orçamentária anual ou na lei de créditos adicionais abertos durante o exercício. Devem obedecer às fases da despesa: fixação, empenho, liquidação e pagamento. Em atendimento ao artigo 35 da Lei 4.320/64, as despesas orçamentárias deverão ser reconhecidas no exercício financeiro em que forem realizadas, independente do momento em que ocorrer seu pagamento, ou seja, as des- pesas devem ser reconhecidas pelo regime de competência e não de caixa. Importante: na contabilidade pública adota-se o regime contábil misto: regime de caixa para a receita e de competência para as despesas. O regime de competência está previsto no artigo 35 da Lei 4.320/64, como segue: Art. 35. Pertencem ao exercício financeiro: [...] II - as despesas nele legalmente empenhadas. De acordo com o artigo citado, devem ser apropriados como despesas do exercício financeiro o valor empenhado no exercício. Esse procedimento no final do exercício tem como finalidade contemplar os restos a pagar não processados. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 151 O regime de competência das despesas, assim como acontece na receita, possui exceção, sendo a mais conhecida e cobrada em concursos a inscrição de resto a pagar não processado. Extraorçamentárias: representam a saída de recursos financeiros tran- sitórios, anteriormente registrados como receita extraorçamentária. São as despesas que não constam na lei orçamentáriaanual ou em créditos adi- cionais como, por exemplo: restituição de cauções, pagamento de restos a pagar, resgate de ARO etc. As despesas extraorçamentárias não necessitam de autorização or- çamentária para se efetivarem, pois não são propriedades dos órgãos públicos. Características dos dispêndios orçamentários registrados como despesa orçamentária corrente ou de capital; � não são oriundos de ingressos extraorçamentários; � são financiados pelas receitas extraorçamentárias; � passam pelos estágios da fixação, empenho, liquidação e pagamento; � seguem a classificação econômica; � necessitam de autorização em lei orçamentária. � Características dos dispêndios extraorçamentários diminuem o passivo financeiro (depósitos de terceiros, cauções em di- � nheiro etc.); são oriundos de ingressos extraorçamentários; � não são financiados pela receita orçamentária; � não passam por estágios; � seguem a classificação contábil; � não necessitam de autorização em lei orçamentária. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 152 Despesa pública As despesas, quanto à afetação patrimonial, classificam-se em: efetivas ou não efetivas (por mutações patrimoniais) Despesas efetivas: são as despesas que alteram o patrimônio do público, já que contribuem para o seu decréscimo, provocando um fato contábil mo- dificativo diminutivo, sem a respectiva produção de mutação patrimonial. As despesas correntes, regra geral, são despesas efetivas (pessoal, encargos sociais, juros, aluguéis etc.), no entanto, as despesas de capital destinadas a auxílios e contribuições de capital, bem como investimentos em bens de uso comum do povo, também são despesas efetivas. Despesas não efetivas: também conhecidas como despesas por muta- ção patrimonial, são as despesas que não provocam alteração no patrimônio público, já que possuem como fundamento um fato contábil permutativo, constituindo-se em alterações compensatórias por meio de mutações nos elementos patrimoniais. Em regra, as despesas de capital são despesas não efetivas (investimentos, inversões financeiras, amortização da dívida, outras despesas de capital (excetuadas as citadas como efetivas), porém dentro das despesas correntes, encontramos a aquisição de material permanente que também é uma despesa não efetiva. As despesas, quanto à competência, classificam-se em: federal, estadual e municipal Federal: despesas de competência da União, visando realizar gastos para atender serviços e encargos demandados por dispositivo constitucional, por leis ou contratos. Estadual: despesas de competência dos estados, visando realizar gastos para atender serviços e encargos demandados por dispositivo legal. Município: despesas de competência dos municípios, visando realizar gastos para atender serviços e encargos demandados por dispositivo legal. As despesas, quanto à regularidade, classificam-se em: ordinárias e extraordinárias Ordinárias: são as despesas destinadas à manutenção contínua dos ser- viços públicos e, por isso, repetem-se em todos os exercícios, exemplo: servi- ço de terceiro, material de consumo, encargos etc. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 153 Extraordinárias: são as despesas de caráter esporádico ou excepcional, provocadas por circunstâncias especiais e inconstantes e, por isso, não apa- recem todos os anos nas dotações orçamentárias. Exemplo: guerra, como- ção interna, enchentes etc. Classificações legais das despesas As despesas, quanto à categoria econômica, classificam-se em: despesas correntes e despesas de capital Despesas correntes: são as despesa que não contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital. São destinadas à ma- nutenção e ao funcionamento dos serviços públicos. Esses recursos geram diminuição no patrimônio. Despesas de capital: são as despesas que contribuem diretamente para a formação ou aquisição de um bem de capital, ao contrário das despesas correntes que geram acréscimo patrimonial resultante de mutação compen- satória do bem. Atenção: ler atentamente os artigos 12 ao 21 da Lei 4.320/64, com ênfase nos artigos 12 e 13 que são extremamente importantes para concursos públi- cos e devem ser memorizados pelo candidato. Classificação das despesas de acordo com a Lei 4.320/64 Importante: o artigo 12 da Lei 4.320/64 classifica a despesa nas categorias econômicas a seguir. Despesas correntes: despesas de custeio; � transferências correntes. � Despesas de capital: Investimentos; � Inversões financeiras; � Transferências de ca � pital. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 154 Despesa pública As despesas correntes se dividem em subcategorias econômicas: despe- sas de custeio e transferências correntes. Despesas de custeio: são as dotações destinadas à manutenção de ser- viços anteriormente criados, inclusive para atender obras de conservação e adaptação de bens imóveis, pagamento de serviços de terceiros, pagamento de pessoal e encargos, material de consumo etc. Transferências correntes: são as dotações para despesas, as quais não corresponda à contraprestação direta em bens ou serviços, tais como trans- ferências de assistência e previdência social, pagamento de salário-família, juros da dívida, incluindo as contribuições e subvenções destinadas a aten- der a manutenção de outras entidades de direito público ou privado. As despesas de capital se dividem em: investimento, inversões financeiras e transferência de capital. Investimentos: são as dotações para o planejamento e a execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis, considerados necessá- rios à realização destas, bem como para os programas especiais de trabalho, aquisição de instalações, equipamento e material permanente e a constitui- ção ou o aumento de capital de empresas que não sejam de caráter comer- cial ou financeiro. No conceito econômico, as despesas de capital, classifica- das como investimento, geram serviços que contribuem para o acréscimo ou incremento do Produto Interno Bruto (PIB). Inversões financeiras: são as dotações destinadas à aquisição de imóveis, ou de bens de capital já em utilização, à obtenção de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento de capital; e, ainda, a constitui- ção ou aumento de capital de entidades ou empresas que visem objetivos comerciais ou financeiros, inclusive operações bancárias ou de seguro. No conceito econômico, as inversões financeiras não geram serviços, que contri- buem para o acréscimo ou implemento do Produto Interno Bruto (PIB). Transferência de capital: são as dotações destinadas a investimentos ou inversões financeiras que outras pessoas de Direito Público ou Privado devem realizar, independentemente de contraprestação direta em bens ou serviços, constituindo essas transferências auxílios ou contribuições, segun- do derivam diretamente da lei de orçamento ou de lei especial anterior, bem como as dotações para amortização da dívida pública. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 155 Atenção: segundo o artigo 15, da Lei 4.320/64, na Lei de Orçamento a dis- criminação das despesas far-se-á “no mínimo” por elementos. Em conformidade com a lei, entende-se por elementos o desdobramento da despesa com pessoal, material, serviços, obras e outros meios de que se serve a Administração Pública para a consecução dos seus fins. Nesse senti- do, o artigo 13 apresenta a discriminação da despesa por elementos: Atenção: as bancas costumamcobrar o conhecimento sobre a classifica- ção dos elementos dentro dos grupos de despesas, sendo que os elementos mais cobrados em provas são os destacados em itálico. Despesas correntes Despesas de custeio � Pessoal civil; � Pessoal militar; � Material de consumo; � Serviços de terceiros. � Transferências correntes � Subvenções sociais; � Subvenções econômicas; � Inativos; � Pensionistas; � Salário-família e abono familiar; � Juros da dívida pública; � Contribuições de previdência social; � Diversas transferências correntes. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 156 Despesa pública Despesas de capital Investimentos � Obras públicas; � Serviços em regime de programação especial; � Equipamentos e instalações; � Material permanente; � Participação em constituição ou aumento de capital de empresas ou � entidades industriais ou agrícolas. Inversões financeiras � Aquisição de imóveis; � Participação em constituição ou aumento de capital de empresas ou � entidades comerciais ou financeiras; Aquisição de títulos representativos de capital de empresa em funcio- � namento; Constituição dos fundos rotativos; � Concessão de empréstimos; � Diversas inversões financeiras. � Transferências de capital � Amortização da dívida; � Auxílios para obras públicas; � Auxílios para equipamentos e instalações; � Auxílios para inversões financeiras; � Outras contribuições. � Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 157 Classificação das despesas conforme Portaria Interministerial 163/20011 A classificação das despesas, elaborada pela Secretaria do Tesouro Nacio- nal em conjunto com o Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, através da Portaria 163/2001, ficou assim definida: 3 – despesas correntes (categoria econômica) � 1 – Pessoal e encargos sociais (grupo) � 2 – Juros e encargos da dívida (grupo) � 3 – Outras despesas correntes (grupo) � 4 – Despesas de capital (categoria econômica) � 4 – Investimentos (grupo) � 5 – Inversões financeiras (grupo) � 6 – Amortização da dívida (gr � upo) Dessa forma, a natureza das despesas, segundo a Portaria Interministerial STN/SOF 163/2001, compõe-se de: categoria econômica (dígito 3 para despesas correntes e 4 para despe- � sas de capital); grupo de natureza das despesas (dígitos de 1 a 6); � elemento de desp � esa (dígitos variam de 1 a 99). Atenção: já foi tema de prova! Na LOA, a discriminação das despesas, quanto à natureza, far-se-á, no mínimo, por categoria econômica, grupo de despesas e modalidade de aplicação. Em conformidade com a Portaria Interministerial 163/2001 a estrutura da natureza de despesas, a ser observada na execução orçamentária de todas as esferas de Governo, será através das letras c.g.mm.ee.dd. Onde: c – categoria econômica; g – grupo de natureza da despesa; mm – modalidade de aplicação; ee – elemento de despesa; dd – desdobramento, facultativo, do elemento de despesa. 1 Portaria Interministerial 163, de 4 de maio de 2001, atualizada até Portaria In- terministerial 688, de 14 de outubro de 2005. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 158 Despesa pública É importante saber o que cada dígito da codificação da despesa significa: 1.º dígito = identifica a categoria econômica. 2.º dígito = identifica o grupo de natureza de despesa. 3.º e 4.º dígitos = identificam a modalidade de aplicação. 5.º e 6.º dígitos = identificam o elemento de despesa (objeto do gasto). 7.º e 8.º dígitos = identificam o desdobramento do elemento (facultativo). Ex.: a natureza de despesa: 3.3.90.30.04. Combustíveis Material de consumo Aplicação direta Outras despesas correntes Despesas correntes 1.º dígito: 3 – categoria econômica Despesas correntes 2.º dígito: 3 – grupo de despesa Outras despesas correntes 3.º e 4.º dígitos: 90 – modalidade de aplicação Aplicações diretas 5.º e 6.º dígitos: 30 – elemento de despesa Material de consumo 7.º e 8.º dígitos: 4 – desdobramento Combustíveis Atenção: é facultado o desdobramento suplementar dos elementos de despesa para atendimento das necessidades de escrituração contábil e con- trole da execução orçamentária. Atenção: a Portaria Interministerial 163/2001 traz um rol exemplificativo da natureza de despesas, podendo ser ampliado para atender às necessida- des de execução de cada ente. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 159 Segue a estrutura, conceitos e especificação da despesa segundo a Porta- ria Interministerial 163/2001. Essa estrutura está adequada ao Siaf e Siafem, devendo ser utilizada por estados e municípios com os ajustes necessários às suas peculiaridades. A – Categoria econômica 3 – Despesas correntes 4 – Despesas de capital B – Grupos de natureza de despesa O grupo de despesas é a agregação de elementos de despesa que apre- sentam as mesmas características quanto ao objeto do gasto. 1 – Pessoal e encargos sociais Despesas de natureza remuneratória decorrentes do efetivo exercício de cargo, emprego ou função de confiança no setor público, do pagamen- to dos proventos de aposentadorias, reformas e pensões, das obrigações trabalhistas de responsabilidade do empregador, incidentes sobre a folha de salários, contribuição a entidades fechadas de previdência, outros bene- fícios assistenciais classificáveis neste grupo de despesa, bem como soldo, gratificações, adicionais e outros direitos remuneratórios, pertinentes a esse grupo de despesa, previstos na estrutura remuneratória dos militares e, ainda, despesas com o ressarcimento de pessoal requisitado, despesas com a contratação temporária para atender à necessidade de excepcio- nal interesse público e despesas com contratos de terceirização de mão de obra que se refiram à substituição de servidores e empregados públicos, em atendimento ao disposto no artigo 18, §1.º , da Lei Complementar 101, de 2000. 2 – Juros e encargos da dívida Despesas com o pagamento de juros, comissões e outros encargos de operações de crédito, internas e externas, contratadas, bem como da dívida pública mobiliária. 3 – Outras despesas correntes Despesas com aquisição de material de consumo, pagamento de diárias, contribuições, subvenções, auxílio-alimentação, auxílio-transporte, além de outras despesas da categoria econômica “Despesas correntes” não classificá- veis nos demais grupos de natureza de despesa. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 160 Despesa pública 4 – Investimentos Despesas com o planejamento e a execução de obras, inclusive com a aquisição de imóveis considerados necessários à realização destas, e com a aquisição de instalações, equipamentos e material permanente. 5 – Inversões financeiras Despesas com a aquisição de imóveis ou bens de capital já em utilização; aquisição de títulos representativos do capital de empresas ou entidades de qualquer espécie, já constituídas, quando a operação não importe aumento do capital; e com a constituição ou aumento do capital de empresas. 6 – Amortização da dívida Despesas com o pagamento e/ou refinanciamento do principal e da atua- lização monetária ou cambial da dívida pública interna e externa, contratual ou mobiliária. C – Modalidades de aplicação A modalidade de aplicação, segundo a Portaria, é uma informação geren- cial que tem a finalidade de indicar se os recursos são aplicados diretamente por órgão ou entidade no âmbito da mesma esfera de Governo ou outro ente da Federaçãoe suas respectivas entidades, e objetiva, precipuamen- te, possibilitar a eliminação de dupla contagem dos recursos transferidos ou descentralizados. 10 – Transferências intragovernamentais Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a en- tidades pertencentes à Administração Pública, dentro da mesma esfera de governo. 20 – Transferências à União Despesas realizadas pelos Estados, Municípios ou pelo Distrito Federal, mediante transferência de recursos financeiros à União, inclusive para suas entidades da administração indireta. 30 – Transferências a estados e ao Distrito Federal Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos municípios aos estados e ao Distrito Federal, inclusive para suas entidades da administração indireta. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 161 40 – Transferências a municípios Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros da União ou dos estados aos municípios, inclusive para suas entidades da admi- nistração indireta. 50 – Transferências a instituições privadas sem fins lucrativos Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a en- tidades sem fins lucrativos que não tenham vínculo com a Administração Pública. 60 – Transferências a instituições privadas com fins lucrativos Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a en- tidades com fins lucrativos que não tenham vínculo com a Administração Pública. 70 – Transferências a instituições multigovernamentais Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a en- tidades criadas e mantidas por dois ou mais entes da Federação ou por dois ou mais países, inclusive o Brasil. 71 – Transferências a consórcios públicos Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a en- tidades criadas sob a forma de consórcios públicos nos termos da Lei 11.107, de 6 de abril de 2005, objetivando a execução dos programas e ações dos respectivos entes consorciados. 80 – Transferências ao exterior Despesas realizadas mediante transferência de recursos financeiros a órgãos e entidades governamentais pertencentes a outros países, a orga- nismos internacionais e a fundos instituídos por diversos países, inclusive aqueles que tenham sede ou recebam os recursos no Brasil. 90 – Aplicações diretas Aplicação direta, pela unidade orçamentária, dos créditos a ela alocados ou oriundos de descentralização de outras entidades integrantes ou não dos orçamentos fiscal ou da seguridade social, no âmbito da mesma esfera de Governo. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 162 Despesa pública 91 – Aplicação direta decorrente de operação entre órgãos, fundos e entidades Integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social. Despesas de órgãos, fundos, autarquias, fundações, empresas estatais dependentes e outras entidades integrantes dos orçamentos fiscal e da seguridade social decorrentes da aquisição de materiais, bens e serviços, pagamento de im- postos, taxas e contribuições, além de outras operações, quando o recebedor dos recursos também for órgão, fundo, autarquia, fundação, empresa estatal dependente ou outra entidade constante desses orçamentos, no âmbito da mesma esfera de Governo. 99 – A definir Modalidade de utilização exclusiva do Poder Legislativo, vedada a execu- ção orçamentária enquanto não houver sua definição, podendo ser utilizada para classificação orçamentária da reserva de contingência, nos termos do parágrafo único do artigo 8.º desta Portaria. D – Elementos de despesa O elemento de despesa tem por finalidade identificar os objetos de gasto, tais como vencimentos e vantagens fixas, juros, diárias, material de consumo etc. A portaria 163/2001 traz um rol de 96 elementos como por exemplo: 01 – Aposentadorias e reformas; 14 – Diárias – Civil; 30 – Material de consumo; 61 – Aquisição de imóveis; 91 – Sentenças judiciais. Classificação institucional A classificação institucional representa a estrutura organizacional e ad- ministrativa governamental e está estruturada em dois níveis hierárquicos: órgão orçamentário e unidade orçamentária. Essa classificação tem como fi- nalidade identificar qual o órgão ou unidade orçamentária em que está con- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 163 signada parte da despesa aprovada na LOA. Essa classificação é representada por um código de cinco dígitos: XX.XXX, onde os dois primeiros dígitos iden- tificam o órgão ou entidade e os três últimos dígitos a unidade orçamentária. Exemplo: 01.000 – Câmara dos Deputados (órgão) � 01.101 – Câmara dos Deputados (exemplo de unidade orçamentária) 02.000 – Senado Federal (órgão) � 02.104 – Secretaria Especial de Editoração e Publicação (exemplo de unidade orçamentária do Senado Federal) 12.000 – Justiça Federal (órgão) � 12.101 – Justiça Federal de 1.º Grau (exemplo de unidade orçamentária) Existem casos em que a classificação institucional não corresponde a um órgão ou a uma unidade orçamentária real, exemplo: 90.000 – Reserva de contingência; 73.000 – Transferências a estados, Distrito Federal e municípios; 74.000 – Operações oficiais de crédito. Importante: a classificação institucional, segundo o Manual Técnico de Or- çamento, responde à indagação “quem” é o responsável pela programação? Classificação funcional Importante: a classificação funcional, segundo o Manual Técnico de Orça- mento, responde à indagação “em que” área de ação governamental a despe- sa será realizada? A classificação funcional está definida na Portaria 42/99-MPOG e foi im- plantada, a partir do ano de 2000, na União, estados e Distrito Federal e no ano de 2002 nos municípios. Por ser de aplicabilidade obrigatória no âmbito de todos os entes da federação a classificação funcional permitirá a conso- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 164 Despesa pública lidação nacional dos gastos do setor público. A classificação funcional atual está estruturada em dois níveis de agregação: funções e subfunções, as quais estão vinculadas em PROGRAMAS, que possuem em sua estrutura projetos, atividades e operações especiais, reagrupados de acordo com o critério de afinidade ou tipicidade. A classificação funcional é de uso obrigatório para os municípios e esta- dos, para possibilitar e facilitar a consolidação das contas nacionais. A codifi- cação da classificação funcional é composta de cinco dígitos, sendo distribu- ídos da seguinte forma: XX = função e XXX = subfunção. Atenção: a classificação funcional é composta de um rol de funções e subfunções prefixadas, que serve como agregador dos gastos públicos por área de ação governamental, nas três esferas. O que são funções e subfunções? As funções que são representadas por um código de dois dígitos (XX), e se identificam com a área de atuação de cada um dos órgãos ou entidades do Governo, representam o maior nível de agregação das diversas áreas da despesa que competem ao setor público. Exemplo: 01 – Legislativa 04 – Administração 10 – Saúde 12 – Educação Fique ligado: no balanço financeiro a despesa deverá ser classificada por função, que é seu maior nível de agregação. Atualmente as funções constituem um universo de 28 itens. Entre todas as funções existentes uma é bastante exigida em concursos públicos: “Encar- gos Especiais”. A função “Encargos Especiais” engloba as despesas em relação às quais não se possa associar um bem ou serviço a ser gerado no proces- Este material é parteintegrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 165 so produtivo corrente, tais como: dívidas, ressarcimentos, indenizações, e outras afins, representando, portanto, agregação neutra. (art. 1.º, §2.º, Por- taria MPOG 42/99). Fique ligado: “Encargos Especiais” é uma função muito cobrada em con- cursos públicos. As subfunções, cuja codificação é composta de três dígitos (XXX), são a grande novidade dessa nova classificação (funcional), representam um des- dobramento das funções e têm a finalidade de agregar determinado sub- conjunto de despesas do setor público e identificar a natureza básica das ações que se aglutinam em torno das funções. Exemplo: 031 – Ação legislativa; 301 – Atenção básica; 361 – Ensino Fundamental. Características das subfunções: identifica a natureza básica das ações do Governo, a partir das funções, e poderão ser combinadas com funções dife- rentes daquelas relacionadas, exemplificando: Função com subfunção típica: Função: 12 – Educação Subfunção: 361 – Ensino Fundamental 362 – Ensino Médio Função com subfunção atípica: Função: 12 – Educação Subfunção: 128 – Formação de Recursos Humanos Classificação por programas A classificação por programas, também conhecida como estrutura pro- gramática, passou a ser utilizada nas peças orçamentárias a partir do ano Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 166 Despesa pública de 2000, em substituição à classificação funcional-programática, até então existente. A antiga classificação funcional-programática tinha a seguinte estrutura: funções, programas, subprogramas e projetos ou atividades. Essa classifica- ção teve sua última utilização na elaboração do orçamento do ano de 1999. A classificação programática está assim estruturada em programas, ações e subtítulos: Classificação funcional-programática Classificação funcional e programática FUNÇÃO FUNÇÃO PROGRAMA SUBFUNÇÃO PROJETO/ATIVIDADE PROGRAMAS SUBPROJETO/SUBATIVIDADE PROJETOS/ATIVIDADES/OP. ESPECIAIS Programas O programa, que possui a codificação de quatro dígitos: XXXX, é o ins- trumento de organização da atuação governamental que articula um con- junto de ações que concorrem para um objetivo comum preestabelecido, mensurado por indicadores instituídos no plano, visando à solução de um problema ou ao atendimento de determinada necessidade ou demanda da sociedade (Manual Técnico de Orçamento – MTO). Toda ação do Governo está estruturada em programas orientados para a realização dos objetivos estratégicos definidos para o período do Plano Plurianual (PPA), que é de quatro anos. A organização das ações do Governo sob a forma de programas visa proporcionar maior racionalidade e eficiência à Administração Pública e ampliar a visibilidade dos resultados e benefícios gerados para a sociedade, bem como elevar a transparência na aplicação dos recursos públicos. Importante: o programa é o módulo comum integrador entre o plano e o orçamento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 167 Os programas, atualmente, são classificados em dois tipos2: Programa finalísticos � : dos quais resultam em bens e serviços oferta- dos diretamente à sociedade cujos resultados sejam passíveis de men- suração; Programas de apoio às políticas públicas e áreas especiais � : são programas voltados aos serviços típicos de Estado, ao planejamento, à formulação de políticas setoriais, à coordenação, à avaliação ou ao controle dos programas finalísticos, resultando em bens ou serviços ofertados ao próprio Estado, podendo ser composto inclusive por des- pesas de natureza tipicamente administrativas. Ações As ações, que têm a codificação representada por quatro dígitos: XXXX, representam o desdobramento dos programas. As ações são operações das quais resultam produtos (bens ou serviços), que contribuem para atender ao objetivo de um programa. Incluem-se também no conceito de ação as transferências obrigatórias ou voluntárias a outros entes da federação e a pessoas físicas e jurídicas, na forma de subsí- dios, subvenções, auxílios, contribuições, doações etc., e os financiamentos. As ações, conforme suas características, podem ser classificadas como: Projetos � : instrumento de programação para atingir o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações limitadas no tempo, das quais resulta um produto que concorre para a expansão ou o aperfei- çoamento da ação governamental. Atividades � : instrumento de programação para alcançar o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessá- rio à manutenção das ações de Governo. Operações especiais � : são ações que não contribuem para a manu- tenção das ações de governo, das quais não resulta um produto e não geram contraprestação direta sob a forma de bens ou serviços. Represen- 2 No PPA 2004-2007 eram identificados quatro tipos de programas: Programas Finalísticos, Programas de Serviços ao Estado, Pro- gramas de Gestão de Polí- ticas Públicas e Programas de Apoio Administrativo. O Manual de Elaboração do PPA 2008-2011 alterou essa classificação indi- cando apenas dois tipos: Programas Finalísticos e Programas de Apoio às Políticas Públicas e Áreas Especiais. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 168 Despesa pública tam basicamente o detalhamento da função “Encargos Especiais”, por exemplo: amortização e encargos, aquisição de títulos, pagamento de sentenças judiciais, transferências a fundo de participação, concessão de empréstimos, ressarcimentos, indenizações etc. Projetos Atividades Conjunto de operações limitadas no tempo. Conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente. Concorre para a expansão ou o aperfeiçoa- mento da ação governamental. Necessário à manutenção das ações de governo. Atenção: quando o primeiro dígito do conjunto que identifica os proje- tos e atividades for par (2, 4, 6) revela que se trata de atividade; se for ímpar (1, 3, 5) indica que se refere a um projeto, e se for 0 refere-se a operações especiais. Subtítulos As ações de Governo (atividades, projetos e operações especiais) são des- dobradas em subtítulos, utilizados, especialmente, para especificar a sua lo- calização física, não podendo haver, por conseguinte, alteração da finalidade, do produto e das metas estabelecidas. O subtítulo é composto por quatro dígitos: XXXX e representa o menor nível de categorias de programação. Atual codificação funcional e programática das ações Classificação funcional Classificação programática Função Subfunção Programa P/A/O Subtítulo XX XXX XXXX XXXX XXXX Outras classificações Formação do código do programa de trabalho completo De acordo com a estrutura utilizada pelo Governo Federal, elaborada com base no Sistema Integrado de Dados Orçamentários (Sidor), além das classificações estudadas até o momento, incorporam outras a fim de geren- Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 169 ciar em rede o processamento das informações do ciclo orçamentário ado- tado pela União. 99.99.999.99.999.XXXX.9999.9999.9999.999.9.9999.9 Esfera orçamentária Órgão UO Função Subfunção Programa Ação Subtítulo Idoc Fonte Iduso Natureza Id. resultado primário A seguir comentaremos os itens classificatórios da estrutura anterior, ainda não abordados até o momento. Esfera orçamentária: a esfera orçamentária tem por finalidade identifi- car cada tipo de orçamento,definido no artigo 165 da Constituição Federal, este campo no Sidor é composto de dois dígitos: XX e será associado à ação orçamentária da seguinte maneira: 10 – Orçamento fiscal; 20 – Orçamento da seguridade social; 30 – Orçamento de investimento. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 170 Despesa pública Identificador de uso (Iduso): o identificador de uso tem a finalidade de completar a informação concernente à aplicação dos recursos e destina-se a indicar se os recursos compõem contrapartida nacional de empréstimos ou de doações ou a outras aplicações, constando da lei orçamentária e de seus créditos adicionais pelos seguintes dígitos, que antecederão o código das fontes de recursos. 0 – Recursos não destinados à contrapartida; 1 – Contrapartida (BIRD); 2 – Contrapartida – (BID); 3 – Outras contrapartidas. Identificador de operações de crédito (Idoc): o Idoc identifica a opera- ção de crédito contratual a que se refere a ação, quando financiada mediante empréstimos de recursos com ou sem contrapartida de recursos da União. O número do Idoc também será usado nas ações de pagamento de amorti- zação, juros e encargos contratuais para identificar a operação de crédito a que se referem os pagamentos. Os gastos serão programados com o identificador de uso igual a 1, 2 ou 3 e o Idoc, com o número da respectiva operação de crédito. Quando os re- cursos não forem de contrapartida nem de operações de crédito, o Idoc será 9999. Identificador de resultado primário: tem como finalidade auxiliar a apu- ração do resultado primário constante da LDO, devendo constar no projeto de LOA e na respectiva lei em todos os grupos de natureza de despesa, iden- tificando, de acordo com a metodologia das necessidades de financiamento, cujo demonstrativo estará anexo à LOA, as despesas de natureza: 0 – financeira; 1– primária obrigatória, ou seja, aquelas que constituem obrigações cons- titucionais obrigatórias ou legais da União e constem da seção I do Anexo IV da LDO; 2 – primária discricionária, consideradas aquelas não incluídas no anexo específico citado no item anterior; 3 – Outras despesas constantes do orçamento de investimento que não impactam no resultado primário. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 171 Estágios das despesas Apesar de haver certa divergência quanto aos estágios da despesa, a dou- trina majoritária entende que a legislação prevê quatro estágios da despesa: fixação, empenho, liquidação e pagamento. Sendo estágios da execução: empenho, liquidação e pagamento. Empenho Liquidação Pagamento Estágios Fixação Execução Fixação É o valor total das despesas previstas na LOA e devem, em atendimento ao princípio do equilíbrio, ser iguais à receita. Esse estágio das despesas é registrado na contabilidade por meio do documento denominado “Nota de Dotação – ND”, automaticamente pelo Siaf. A fixação não é um estágio da execução das despesas, somente após a aprovação e publicação da LOA com seu consequente registro no Siaf é que se pode dar início à execução (empenho, liquidação e pagamento). Empenho O empenho é ato emanado de autoridade competente que cria para o Estado obrigação de pagamento pendente ou não de implemento de condi- ção (Lei 4.320/64, art. 58). O empenho é o primeiro estágio da execução da despesa. Esse primeiro es- tágio é realizado no Siaf utilizando o documento “Nota de Empenho – NE”, que registra o comprometimento da despesa orçamentária. Na NE constará o nome do credor, a especificação e importância da despesa, bem como os demais dados necessários ao controle da execução e da programação financeira. O artigo 59, §2.º, da Lei 4.320/64, veda aos municípios a assunção de compromissos financeiros para execução depois do término do mandato do prefeito. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 172 Despesa pública O empenho deve ser prévio, ou seja, antecede a realização da despesa e está restrito aos créditos orçamentários, consignados na LOA ou em créditos adicionais. Fique ligado: não pode haver, em hipótese alguma, despesa sem prévio empenho. A obrigatoriedade do empenho prévio é assunto que causa bastante con- fusão, isso porque a Lei 4.320/64 prevê que é vedada a realização de despesa sem prévio empenho, e em outra parte dispensa a emissão da nota de em- penho, em casos especiais. Para tentar clarear as coisas precisamos distinguir o “empenho” da “nota de empenho”. Na verdade o empenho é apenas a autorização da autoridade competente, por meio de uma assinatura, ordenando, em nome do Estado, a assunção de uma obrigação. A nota de empenho é um documento, que na União se encontra no Sis- tema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siaf ), que será impresso após o empenho da despesa. Resumindo, a nota de empenho é a materialização do empenho. No caso do empenho é terminantemente vedada a sua dispensa, no caso da nota de empenho existe previsão legal de dispensa de sua emissão em casos espe- ciais como: despesas relativas a pessoal e encargos; � contribuição para o Pasep; � amortização, juros e serviços de empréstimos e financiamentos obtidos; � despesas relativas a consumo de água, energia elétrica, utilização de � serviços de telefone, postais e telégrafos e outros que vierem a ser de- finidos por atos normativos próprios; despesas provenientes de transferências por força de mandamento � das Constituições: Federal; Estaduais e de Lei Orgânicas de Municípios, e da execução de convênios, acordos e ajustes, entre entidades de di- reito privado das quais façam parte como acionista. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 173 Modalidade de empenho: o empenho possui três modalidades: ordiná- rio, estimativo e global3. Empenho ordinário: para atender despesas cujo montante é previamen- te conhecido e cujo pagamento ocorrerá de uma só vez. É a modalidade de empenho mais utilizada. Empenho estimativo: é utilizado para atender despesas cujo montante não se possa determinar e que possua base periódica não homogênea. Exem- plo: serviço de água, energia elétrica e telefone; gratificações, diárias etc. Empenho global: para atender despesas com montante previamente conhecido, tais como as contratuais, mas que terão o pagamento parcelado. Exemplo: aluguéis, salários, proventos, contrato de prestação de serviços por terceiros etc. Atenção: será feito por estimativa o empenho cujo montante não se possa determinar, e é permitido o empenho global de despesas contratuais e outras sujeitas a parcelamento. Liquidação Consiste na verificação do direito adquirido pelo credor tendo por base os títulos e documentos comprobatórios do respectivo crédito (Lei 4.320/64, art. 63). Essa verificação tem por fim apurar: a origem e o objeto do que se deve pagar; � a importância exata a pagar; � a quem se deve pagar a importância para extinguir a obrigação. � A liquidação é o segundo estágio da execução da despesa e se caracteriza pela entrega da obra, bens, materiais ou serviços, objeto do contrato com o fornecedor. Essa liquidação é realizada formalmente no Siaf, através da Nota de Lançamento (NL). O termo “liquidação”, na área pública, é para representar as atividades de preparação de uma despesa para pagamento. 3 O artigo 60, da Lei 4.320/64, estabelece as modalidades de empenho. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 174 Despesa pública Pagamentos Segundo a lei de finanças4, o pagamento da despesa somente seráefetu- ado após regularmente ordenado e liquidado. O pagamento é a efetiva saída de numerários da conta única do Tesouro Nacional em favor do credor. A ordem de pagamento só poderá ser exarada em documento processado pela contabilidade5. O pagamento é o terceiro e último estágio da execução da despesa orça- mentária, caracterizando-se pela emissão, em favor do credor, de ordem de pagamento. Não confundir “ordem de pagamento” com “ordem bancária”. A ordem de pagamento é despacho exarado pela autoridade competente, determinan- do que a despesa seja paga. Ordem bancária é o documento emitido através do Siaf, que transfere o recurso financeiro para a conta do credor. Os estágios da despesa devem ser rigorosamente seguidos, não se permi- tindo inverter qualquer estágio. Assim a despesa deverá ser fixada e autori- zada na LOA, empenhada, liquidada e paga. Atenção: a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) considera, durante o exer- cício financeiro, a despesa pela sua liquidação, entretanto, para fins de encer- ramento do exercício financeiro, toda a despesa empenhada, e não anulada até 31 de dezembro, será considerada despesa nas demonstrações contábeis. Atividades de aplicação 1. (Cespe) No que se refere às classificações da despesa e da receita atu- almente utilizadas na Lei Orçamentária Federal, julgue os itens utili- zando verdadeiro (V) ou falso (F). Consoante à classificação funcional, se a União promover o )( saneamento básico em determinado município, tal dotação será classificada como da função saúde. Na classificação institucional há órgãos setoriais e unidades )( orça mentárias que não correspondem aos órgãos e entidades que compõem a administração pública. Essas unidades orçamentárias, todavia, são um conjunto de dotações que são administradas por órgãos do Governo que também têm suas próprias dotações. 4 Artigo 62, da Lei 4.320/64. 5 Parágrafo único, do artigo 64, da Lei 4.320/64. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Despesa pública 175 2. (Cespe) A despesa orçamentária – assim como a receita orçamentária – classifica-se em duas categorias econômicas: corrente e de capital. Em geral, a despesa orçamentária corrente é considerada efetiva, as- sim como a despesa orçamentária de capital é considerada não efetiva, mas podem ocorrer outras combinações. Acerca dessas outras combi- nações, assinale a opção correta. a) As aquisições de materiais para almoxarifado são despesas corren- tes efetivas. b) Permutas de bens são despesas de capital efetivas. c) Adiantamentos são despesas correntes não efetivas. d) Transferências de capital são despesas de capital não efetivas. 3. (Cespe) Como função de um setor público, deve-se entender o maior nível de agregação das diversas áreas de despesa que competem ao setor. Cada programa deverá dar solução a um problema ou atender a uma demanda da sociedade, mediante um conjunto articulado de projetos, atividades e de outras ações que assegurem a consecução dos objetivos. Sobre as características que cercam as atividades, jul- gue o item abaixo. Trata-se de um instrumento de programação para alcançar )( o objetivo de um programa, envolvendo um conjunto de operações que se realizam de modo contínuo e permanente, das quais resulta um produto necessário à manutenção da ação de Governo. 4. (Cespe) A despesa pública representa a aplicação dos recursos dos contribuintes na manutenção das atividades do Estado. A respeito desse assunto, julgue o item seguinte. O pagamento de despesas poderá existir sem a apresentação )( de documentos processados pela contabilidade. Nesse caso, a autoridade competente apresentará, ao ordenador de despesas, posteriormente, sua justificativa e autorização da unidade gestora para tal atitude. Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br 176 Despesa pública Dicas de estudo É muito importante, para o aluno que vai estudar para concursos públi- cos em que sejam exigidos conhecimentos de orçamento público, a leitura atenta do Manual da Receita e da Despesa Pública. Esses manuais são editados anualmente pela Secretaria de Orçamento Federal orientando a elaboração dos orçamentos. No entanto, algumas das regras dos manuais são mantidas ano após ano e servem de orientação para servidores que trabalham nessas áreas e para estudantes em concursos. A edição atual do Manual da Receita e da Despesa Pública (Manual Técni- co do Orçamento) encontra-se disponível no seguinte link: <www.portalsof.planejamento.gov.br/bib/MTO>. Referências FORTES, João. Contabilidade Pública. 9. ed. Brasília: Franco & Fortes, 2006. MUSGRAVE, Richard A. Teoria da Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 1994. GAMA JR, Fernando Lima. Fundamentos de Orçamento Público e Direito Fi- nanceiro. São Paulo: Campus, 2009. Gabarito 1. F, V 2. C 3. V 4. F Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
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