a técnica, conferindo-lhe espaços inusitados. Não se trata de negar as bases técnico-científicas em que se assenta a Didática, mas de, em as mantendo, acrescentar-lhes uma possibilidade a mais - a da ousadia, a do incomum, a do ilógico, a ênfase a tudo o que foge aos padrões cotidianos e rotineiros. Parte-se do pressuposto de que se a Didática se alicerça na psicologia da aprendizagem e se alimenta da tecnologia do ensino, nada impede o seu enriquecimento ou extrapolação na dinâmica da criatividade. Por certo, praticando a criatividade, professores e alunos não se tornarão melhores, mas é possível que se prepare um pouco mais para o futuro, que transfiram mais facilmente as aprendizagens de hoje para o contexto de amanhã e que possam tornar-se menos temerosos e mais felizes na superação de situações diversas e adversas. 7 Opta-se pela crença de que a boa didática é a que incentiva a produção e não a reprodução, a divergência muito mais que a convergência, a crítica em lugar da tranquila aceitação, a dúvida em detrimento das certezas preestabelecidas, o erro provisório em lugar do acerto fácil. Propõe-se também que a essa Didática se chame AMPLA DIDÁTICA: além da fusão harmoniosa de princípios científicos e recursos técnicos com a valorização da função criativa, ela se diz "ampla" por aplicar-se a todos os níveis de ensino e por estar aberta a todas as contribuições plausíveis que vieram subsidiá-la. TEXTO PARA REFLEXÃO: QUALIDADE EM EDUCAÇÃO (PDQ Consultoria - www.pdq.com.br) O desenvolvimento de processos consistentes voltados para a qualidade em educação tem um duplo significado e efeito. Quando uma instituição educacional está comprometida com o desenvolvimento de um sistema da qualidade, ela está não apenas aperfeiçoando seus processos pedagógicos e administrativos, como também exercendo um papel educador extremamente importante, com a demonstração de modelos e comportamentos que serão exigidos dos alunos nos seus diferentes meios sociais, já que o conceito de qualidade transcende o enfoque tecnicista das organizações produtivas e contempla todo o contexto do que podemos denominar de "qualidade de vida" do cidadão, especialmente nas relações humanas. Por isso, o entendimento, a ampliação e a disseminação do conceito de qualidade em educação vêm merecendo nos últimos anos uma atenção especial de diferentes segmentos da sociedade, não somente daqueles ligados diretamente a essa área, mas de todos aqueles efetivamente preocupados com a consolidação desses valores de forma sustentada. 8 Fonte: www.acritica.net Mas, afinal, o que é qualidade em educação? Para responder essa questão, é importante entender a qualidade como um processo complexo, que tem no comportamento humano a essência de sua natureza. Inicialmente, dentro desse processo complexo, entende-se a qualidade como uma componente naturalmente integrada ao planejamento, e que essa integração se constitui não só num fator fundamental para o desenvolvimento sustentado das instituições, como também num exercício valioso dentro do contexto dos processos de aprendizagem. Dentro de uma visão técnica, o planejamento, como atividade estratégica, que se preocupa com o futuro e com os ambientes externos e internos da organização, define seus objetivos e os referenciais para o seu desenvolvimento. A qualidade, que se preocupa com o aperfeiçoamento contínuo da organização, busca permanentemente a melhor forma de atingir seus objetivos e de viabilizar o seu desenvolvimento. Definir objetivos (planejar) e buscar a melhor forma de atingi-los (qualidade) são os pressupostos básicos para entendermos planejamento e qualidade como um processo integrado essencial para o desenvolvimento das organizações. Peter Senge, em seu livro A Quinta Disciplina, cita que "as melhores organizações do futuro serão aquelas que descobrirão como despertar o empenho e a capacidade de aprender das pessoas em todos os níveis da organização". Para o autor, as empresas terão que se converter em organizações de aprendizagem. 9 Esse conceito nos mostra que as instituições de ensino podem constituir-se em modelos para esse processo e que, por isso, terão um papel cada vez mais relevante nesse contexto. A negociação e o diálogo no lugar do autoritarismo, trabalho em equipe substituindo posturas individualistas, ampla delegação ao invés de centralização, estruturas organizacionais sem rigidez hierárquica onde se cultive a confiança mútua, estímulo à cooperação e desenvolvimento de laços afetivos e desestímulo à competição e aos comportamentos agressivos; essas serão as características das organizações do futuro que farão com que as técnicas do planejamento e da qualidade sejam efetivas e se constituam em fator diferencial competitivo para o seu desenvolvimento. Pode-se, portanto, propor que o entendimento do conceito de qualidade em educação se fundamente na busca da formação integral do indivíduo onde a racionalidade deve ser vista como uma das dimensões humanas e não como a única. Uma instituição de ensino como referencial de qualidade será aquela que demonstre esses valores com a prática de seus processos de ensino/aprendizagem e se constitua numa organização de aprendizagem, tal como definida por Peter Senge. DIDÁTICA E TRABALHO DOCENTE: A MEDIAÇÃO DIDÁTICA DO PROFESSOR NAS AULAS Fonte: targetcareers.co.uk 10 Alunos costumam comentar entre si: “gosto desse professor porque ele tem didática”. Outros dizem: “com essa professora a gente tem mais facilidade de aprender”. Provavelmente, o que os alunos estão querendo dizer é que esses professores têm um modo acertado de dar aula, que ensinam bem, que com eles, de fato, aprendem. Então, o que é ter didática? A didática pode ajudar os alunos a melhorar seu aproveitamento escolar? O que um professor precisa conhecer de didática para que possa levar bem o seu trabalho em sala de aula? Considerando as mudanças que estão ocorrendo nas formas de aprender e ensinar, principalmente pela forte influência dos meios de informação e comunicação, o que mudar na prática dos professores? É certo que a maioria do professorado tem como principal objetivo do seu trabalho conseguir que seus alunos aprendam da melhor forma possível. Por mais limitações que um professor possa ter (falta de tempo para preparar aulas, falta de material de consulta, insuficiente domínio da matéria, pouca variação nos métodos de ensino, desânimo por causa da desvalorização profissional, etc.), quando entra em classe, ele tem consciência de sua responsabilidade em proporcionar aos alunos um bom ensino. Apesar disso, saberá ele fazer um bom ensino, de modo que os alunos aprendam melhor? É possível melhorar seu desempenho como professor? Qual é o sentido de “mediação docente” nas aulas? OS ESTILOS DE PROFESSOR Há diversos tipos de professores. Os mais tradicionais contentam-se em transmitir a matéria que está no livro didático, por meio de aula expositiva. É o estilo professor-transmissor de conteúdo. Suas aulas são sempre iguais, o método de ensino é quase o mesmo para todas as matérias, independentemente da idade e das características individuais e sociais dos alunos. Pode até ser que essas práticas de passar a matéria, dar exercícios e depois cobrar o conteúdo na prova, tenham algum resultado positivo. Mesmo porque alguns alunos aprendem “apesar do professor”. O mais comum, no entanto, é o aluno memorizar o que o professor fala, decorar a matéria e mecanizar fórmulas, definições etc. A aprendizagem que decorre desse tipo ensino (vamos chamá-la de mecânica, repetitiva) serve para responder questões