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Cálculos teóricos e modelos numéricos e analógicos mostram que esta diferença é mais que suficiente para induzir convecção no manto terrestre. Fortes gradientes de temperatura estão presentes nas porções superiores e inferiores do manto (Figs. 4.1 e 4.2). Estas regiões são chamadas, na terminologia da mecânica dos fluidos, de camadas termicamente limitadas. Em corpos planetários, a camada termicamente limitada superior é denominada litosfera. A região situada abaixo da litosfera, onde as rochas são quentes o suficiente para se deformar por fluxo dúctil, constitui a astenosfera. Pelo fato de a temperatura média da litosfera ser relativamente baixa, ela apresenta um comportamento rígido. Isto pode, eventualmente, resultar em sua imobilidade, mas o aumento de densidade resultante das temperaturas mais baixas pode contrabalançar este efeito. Se a densidade da litosfera supera a da astenosfera, ela se torna gravitacionalmente instável. Este é o caso da Terra, onde a litosfera é dividida em uma série de placas chamadas placas tectônicas ou litosféricas. É a descida dessas placas na astenosfera que, dominantemente, controla a ocorrência de convecção no manto. Assim, tectônica de placas e convecção mantélica são diferentes expressões de um mesmo processo. Outro estilo de convecção no manto é representado pela subida de material de sua base em direção à superfície por meio de plumas. Estes dois modos de convecção são, em grande parte, independentes. 4.2. Características térmicas e mecânicas da litosfera A litosfera se estende abaixo da descontinuidade de Mohorovicic, compreendendo a crosta e a porção mais superior do manto. Do ponto de vista reológico, o limite entre a litosfera e a astenosfera, normalmente, é considerado como a profundidade equivalente à isoterma de 1280ºC. A esta temperatura, olivina (o principal mineral no manto superior; ver Fig. 3.8) se deforma exclusivamente por plasticidade intracristalina. Como a transmissão de calor na astenosfera se dá por Figura 4.2. Diagrama mostrando a distribuição de temperatura no interior da Terra. A largura da faixa sombreada corresponde à incerteza associada com a estimativa. Figura 4.1. Esquema mostrando a distribuição de temperatura com a profundidade em um fluido aquecido internamente. 32 convecção, seu gradiente geotérmico é aproximadamente adiabático, isto é, a elevação de temperatura com a profundidade decorre, apenas, da diminuição de volume causada pelo aumento de pressão (Fig. 4.3). Na litosfera, ao contrário, a transmissão de calor se dá por condução. Assim, sua base é marcada por um rápido decréscimo no gradiente da temperatura com a profundidade. A parte superior da litosfera, mais fria e resistente, é chamada de litosfera mecânica (Fig. 4.3). Em regiões oceânicas, a base da litosfera é definida por uma redução brusca na velocidade de propagação das ondas S, coincidindo com o topo da zona de baixa velocidade. Sua espessura, tipicamente, varia de 60 a 100 km. Nos continentes, esta redução, em geral, é mais sutil. No entanto, o cálculo de geotermas e, por extrapolação, da espessura da litosfera, pode ser feito a partir do fluxo térmico medido na superfície e por estudos termobarométricos de xenólitos de peridotitos em rochas vulcânicas. Observa-se uma correlação entre a idade das rochas expostas na superfície e a espessura da litosfera continental. Valores típicos são: 180 a 250 km para crátons arqueanos, 180 a 140 km para terrenos proterozóicos e 100 a 140 km para regiões fanerozóicas (Fig. 4.4). Além de suas características sísmicas, térmicas e reológicas, o manto litosférico continental também difere da astenosfera mineralogicamente e geoquimicamente. A litosfera continental é bem menos fértil que a astenosfera, indicando que ela foi modificada pela extração de magmas resultantes de sua fusão parcial. Petrologicamente, isto se reflete em percentagens modais menores de granada e clinopiroxênio, pela ocorrência comum de harzburgitos (peridotitos sem clinopiroxênio) entre os xenólitos de derivação litosférica, e por teores mais baixos de CaO, Al2O3 e FeO. Um resultado disso é que, para uma mesma temperatura, a litosfera continental é menos densa que a astenosfera, onde a razão FeO/MgO é maior. 4.3. Tectônica de Placas A tectônica de placas descreve os deslocamentos relativos entre as placas litosféricas, as interações entre elas, e as conseqüências dessas interações. No modelo mais recente, quatorze placas maiores e trinta e oito placas menores são reconhecidas (Fig. 4.5). As placas maiores são as do Pacífico, Africana (ou Núbica), Antártica, Sul- Americana, Norte Americana, Australiana, Eurasiática, Índica, Arábica, Caribenha, de Cocos, de Juan de Fuca, de Nazca e das Filipinas. Uma placa tectônica pode consistir, na sua porção superior, apenas de crosta oceânica, como é o caso da placa do Pacífico, ou de Figura 4.3. Estrutura térmica da litosfera assumindo uma temperatura potencial (Tp) de 1280ºC na astenosfera. A linha tracejada corresponde à diminuição de temperatura, caso a astenosfera suba adiabaticamente (isto é, sem perda de calor) para a superfície. A espessura da litosfera depende do gradiente geotérmico de cada região. Figura 4.4. Diagrama esquemático mostrando a correlação entre espessura litosférica e idade de regiões continentais. N.M.: nível do mar. 33 crosta oceânica e continental, como nos demais casos de placas maiores. Existem três tipos de contatos de placas (Fig. 4.6). O contato onde duas placas adjacentes estão se separando é chamado de divergente. Nestes locais, a ascensão de material do manto,