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CAPÍTULO 4 - QUAL A IMPORTÂNCIA DA ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO DA SOCIEDADE

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- -1
INTRODUÇÃO À ENGENHARIA
CAPÍTULO 4 - QUAL A IMPORTÂNCIA DA 
ENGENHARIA PARA O DESENVOLVIMENTO 
DA SOCIEDADE?
Rafaela Franqueto
- -2
Introdução
A era do conhecimento está provocando transformações socioeconômicas, culturais e políticas, de forma
bastante rápida, no mundo globalizado. Esse cenário influencia o desenvolvimento e o mercado de trabalho,
inclusive no Brasil. E, nesse contexto, você sabe como a engenharia contribui para o desenvolvimento do país?
Por estar inserida em todos os setores da sociedade, a engenharia se relaciona intrinsecamente com a questão do
desenvolvimento, principalmente, quando observamos seus vários campos de atuação.
A engenharia contribui para a ampliação da infraestrutura, para a melhoria na qualidade de serviços prestados,
tanto quanto para o desenvolvimento de áreas como energia, tratamento de água e esgoto, tratamento e descarte
de resíduos sólidos. São inúmeros setores, que visam melhorar a qualidade de vida da sociedade e resolver
problemas de caráter econômico e social, em determinados aspectos.
A atuação do engenheiro é considerada um pilar central no desenvolvimento da ciência e da tecnologia de um
país, o que contribui positivamente para a melhoria das condições socioeconômicas da população, o aumento do
Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) e a redução das desigualdades entre as localidades. E quando essa
atuação é aliada a políticas públicas eficientes e de longo prazo, temos um desenvolvimento sustentável.
Você percebe as responsabilidades do engenheiro no âmbito do desenvolvimento econômico, social e
sustentável?
Vamos estudar isso a partir de agora, para conhecer as atribuições dos engenheiros em consonância com o
desenvolvimento. Acompanhe com atenção e bons estudos!
4.1 Engenharia e sociedade
Sabemos que o profissional de engenharia está presente em vários campos, como na extração de recursos
naturais, construção da infraestrutura dos centros urbanos e meio rural, tecnologias para as áreas de saúde,
alimentação, transportes e inúmeras outras contribuições em nosso dia a dia. Quando observamos projetos de
infraestrutura e de projeção tecnológica, podemos ver que a engenharia está sempre inserida, tanto pela
identificação e resolução de problemas, quanto ao considerar os aspectos necessários para o atendimento às
demandas da sociedade.
Mas, ao pensar em engenharia, não devemos nos limitar a aspectos estruturais, pois, esses podem estar
relacionados a fatores de desenvolvimento econômico, social e ambiental.
4.1.1 Contribuições do engenheiro no desenvolvimento social e econômico
Ao analisar a História da humanidade, percebemos que muitos avanços foram conquistados e que a engenharia
sempre esteve presente. Mas, também surgiram muitos problemas graves, em função dos avanços científicos e
tecnológicos, como a desigualdade social, o descaso e destruição da natureza, a destruição provocada pelas
guerras, e, assim como os engenheiros foram responsáveis pelos benefícios desses avanços, também são
responsáveis pelos malefícios (BAZZO; PEREIRA, 2006).
Por ser uma profissão desenvolvida para solucionar problemas sociais, será que todo engenheiro já sai da
faculdade imbuído de valores como ética e responsabilidade social?
Nem sempre, isso é fato. Por isso, é importante que esses assuntos seja abordado, não apenas nas aulas, como no
cotidiano do profissional e em seu meio de trabalho.
Quando falamos de responsabilidade social, nos referimos à qualidade de se responder por atos próprios ou de
outros, assumir para si um dever ético, uma obrigação moral. E em relação à engenharia, “existe a necessidade
de se questionar as funções e nossa participação na sociedade, principalmente sentindo que seria muito útil ao
país alcançar maior inserção social deste profissional” (CREA-PR, 2008, p. 8).
Isso nos leva a pensar em qual o grau de percepção social que um engenheiro possui? E por que é importante
- -3
Isso nos leva a pensar em qual o grau de percepção social que um engenheiro possui? E por que é importante
desenvolver essa percepção?
Voltando à função primordial do engenheiro, de resolver problemas, a resposta fica evidente, mas a aplicação
nem sempre é tão clara assim. É por isso que se enfatiza que um profissional da área da engenharia deve
apresentar uma visão crítica, humanista, generalista e ecologicamente correta para desenvolver novas
tecnologias, objetivando a solução de problemas para atender às demandas da sociedade (CREA-PR, 2008).
Essa visão crítica é importante para compreender os fatores que fazem da sociedade o que ela é. Segundo
Alencastro (2012), durante o processo de transformação do mundo social e econômico, provocado pela
Revolução Industrial, a ciência passou a servir a técnica e ambas aos interesses da indústria. Isso não apenas
consolidou a sociedade capitalista, como trouxe mudanças para o modo de pensar das pessoas, afinal, elas
passaram a esperar que a ciência e a técnica resolvessem todos os problemas existentes. Aqui entra a
necessidade de o profissional de engenharia aliar seu conhecimento ao de outras profissões, como a sociologia,
pois, para atender às demandas da sociedade, é preciso compreender que qualquer solução de engenharia deve
considerar os problemas sociais do meio. Isso é desenvolver responsabilidade social.
O termo responsabilidade social apareceu pela primeira vez na década de 1970, na Europa e, na América Latina,
consolidou-se em 2001, com a realização da I Conferência de Responsabilidade Sociais nas Américas (AFLALO,
2012).
A responsabilidade social é um fator que deve sempre ser considerado pelos engenheiros, pois na sociedade que
se formou a partir da Revolução Industrial, o risco se tornou constante. Principalmente, se recordarmos que, no
início da Revolução Industrial, os operários trabalhavam em condições péssimas, as indústrias lançavam rejeitos
tóxicos, sem nenhuma responsabilidade, e qualquer problema decorrente disso era visto como culpa dos
próprios operários e da população pobre. O que fez essa visão começar a mudar foi uma mobilização social, que
teve impulso com o livro “Primavera Silenciosa” (CARSON, 1969), lançado em 1962, que mostrou ao mundo que
a indústria precisava de limites e que a humanidade estava sofrendo as consequências dessa falta de limites.
E a engenharia, que até então, não considerava a questão social como relevante para seus projetos, começou
lentamente, a compreender sua importância. Atualmente, os engenheiros percebem mais facilmente que é com
envolvimento social, educação e conscientização, que se garante o sucesso dos projetos na área de engenharia
(SILVA FILHO, SANTANA; SILVA 2011).
Observe que, nesse contexto, para que projetos com responsabilidade social sejam implantados, é necessário
que, os engenheiros como peças-chave em planejamento e execução de projetos, tenham uma capacitação
eficiente sobre questões socioambientais. Então, precisamos entender um pouco mais sobre esse assunto.
VOCÊ O CONHECE?
Rachel Louise Carson (1907-1964), foi bióloga marinha e mestra em zoobotânica. Carson é
autora do livro Primavera Silenciosa, lançado inicialmente em 1962, considerado um marco
para a questão ambiental no mundo, devido ao grande barulho que fez na época, pela defesa ao
meio ambiente. O livro tratou sobre os efeitos nocivos dos agrotóxicos e o DDT (agrotóxico
muito comum na época), que acabou sendo banido em vários países. Rachel Carson é
considerada uma das mentes que mais contribuiu para desenvolver uma consciência ecológica.
- -4
A responsabilidade social está cada vez mais em evidência, por ser uma forma de gestão definida pela relação de
ética e transparência de uma instituição com a sociedade (AFLALO, 2012). Deve partir de uma atitude ética, não
apenas da compensação de crimes e passivos, como por vezes ocorre. Por exemplo, em crime ambiental de
desmatamento, cometido por uma organização, a justiça estabelece a compensação de reflorestar;em uma ação
que provocou a poluição de um mangue, o judiciário determina que a empresa infratora ofereça cursos de
capacitação para os ribeirinhos que perderam seu trabalho no local.
Muitas empresas consideram essas, ações de sustentabilidade e responsabilidade social, quando estão, apenas,
cumprindo uma obrigação legal. “Responsabilidade Social tem que ser encarada como algo sério, não se
resumindo a ações oportunistas. É o exercício planejado e sistemático de ações, estratégias e a implementação de
canais de relacionamento entre uma organização, seu público de interesse e a própria sociedade” (CREA-PR,
2008, p. 10). É dessa forma que o engenheiro contribui para o desenvolvimento social, ambiental e econômico,
compreendendo a diversidade cultural e garantindo o respeito ao ser humano, suas opiniões, crenças e valores.
No cenário econômico, o engenheiro exerce sua visão sistêmica, com relação ao funcionamento da sociedade,
estreitando a conexão entre o índice de desenvolvimento da engenharia, a capacidade de inovação tecnológica e
a competitividade industrial (COSTA, 2017). Como exemplo, podemos citar a Prevenção da Poluição (P+L), que é
referente à adoção de práticas que reduzem a emissão de poluentes antes da sua reciclagem, tratamento ou
disposição, de forma a minimizar os riscos à saúde pública e ao ambiente (KLUCZKOVSKI, 2015).
E ao unir esses campos, social, ambiental e econômico, começamos a falar em desenvolvimento sustentável. É
importante ao profissional da engenharia compreender o que é desenvolvimento sustentável, para criar técnicas
inovadoras, que tragam soluções benéficas a toda a sociedade. E você sabe o que é desenvolvimento sustentável?
A expressão foi firmada em um relatório publicado em 1987, depois de várias reuniões entre países-membros da
Organização das Nações Unidas, nos anos 1970 e 1980. Foi o Relatório Brundtland (1987), que lançou a base
conceitual do desenvolvimento sustentável, definido como: o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades
atuais sem comprometer as necessidades das gerações futuras.
Observe aqui a dimensão desse conceito em relação a tudo o que a engenharia tem a oferecer à humanidade. É
muito ampla, não é?
Vamos nos focar nas instituições, que nos trazem exemplos bem palpáveis. A P+L aborda a redução de custos,
prevenção de emissão de poluentes, redução do consumo de energia e utiliza o conhecimento do profissional na
causa ambiental para a eliminação das causas da poluição produzida. Dentro de uma organização, a
responsabilidade ambiental é praticada de forma conjunta à econômica, quando se incentiva a implementação de
projetos que unam a redução de custos e a proteção ambiental. Um exemplo é a recuperação da água de lavagem
de veículos, por meio da canalização no piso, que ao passar por tratamento adequado, poderá ser reutilizada
para outras destinações. O reúso e a reciclagem de papel podem ser adotados nos escritórios, pelos mesmos
motivos. Desse modo, a implementação da P+L em uma organização atinge a todos os níveis hierárquicos, desde
os operadores até a alta administração.
Segundo Kiperstok (et al., 2002), a implementação de um sistema de gestão ambiental, para ser eficiente, precisa
VOCÊ SABIA?
O tema responsabilidade social é consideravelmente novo no Brasil. Foi a partir da criação, em
1998, do Instituo Ethos (Empresas e Responsabilidade Social), que se iniciou a elaboração de
materiais para auxiliar as empresas a compreender e incorporar o conceito da
responsabilidade social no cotidiano de sua gestão, exercendo papel educacional (CREA-PR,
2008).
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Segundo Kiperstok (et al., 2002), a implementação de um sistema de gestão ambiental, para ser eficiente, precisa
partir da gestão para a produção, caso contrário, qualquer programa tende ao fracasso.
4.1.2 O papel da engenharia no desenvolvimento sustentável
Vimos que desenvolvimento sustentável é relacionado a práticas presentes, pensando no futuro. E assim,
chegamos ao conceito de sustentabilidade, que é o conjunto de práticas, de ações, que levam ao desenvolvimento
sustentável.
Vamos retornar um pouco na História, para entender como esses conceitos mudaram a visão da sociedade sobre
a natureza, a economia, e o próprio meio social.
Com a Revolução Industrial, o mundo passou a encarar problemas relacionados a um crescimento urbano e
populacional acelerado, e desenvolvimento tecnológico voltado à indústria (KLUCZKOVSKI, 2015). Esse
crescimento se deu de forma desordenada, sem limites e sem nenhum planejamento e, devido a isso, os níveis de
degradação ambiental se tornaram insustentáveis, comprometendo a saúde humana e de todo o planeta (BRAGA
et al., 2005).
A premissa básica do desenvolvimento sustentável reúne critérios como ser ecologicamente equilibrado,
economicamente viável e socialmente justo (COELHO; MELLO, 2011). Para atingir essas premissas, algumas
características devem ser determinantes: gestão eficiente dos recursos naturais, redução significativa de perda
de biodiversidade, controle dos níveis de poluição, aumento da reciclagem e reutilização, e integração humano-
ambiente. De acordo com Fernandes (2008), o desenvolvimento sustentável está relacionado à teoria dos
direitos fundamentais, visto que o crescimento econômico é fundamental para a existência humana, na mesma
medida que a proteção e preservação dos recursos ambientais.
Figura 1 - Sustentabilidade é o conjunto de ações que visam o desenvolvimento sustentável, e repercutem em 
questões bastante atuais, como o consumo consciente e a tríade: reduzir, reutilizar, reciclar.
Fonte: Trueffelpix, Shutterstock, 2018.
Com o crescimento acelerado da população e a escalada do consumo e da produção industrial, as ações de
redução de poluentes e de ampliação da eficiência dos processos, têm sido o foco, o que representa um desafio
constante para o engenheiro, em todas as especialidades (POLIQUEZI, 2011).
Hatakeyama (2011) aponta que o engenheiro foi responsável por problemas ambientais, mas na atualidade,
também faz parte das soluções e deve trabalhar em suas contribuições para se desenvolverem também como
ambientalistas.
Ao observamos a definição do papel do profissional de engenharia (figura abaixo), podemos entender como é
clara a sua inserção nas ações de sustentabilidade, uma vez que, neste contexto, é necessário criar soluções para
problemas já existentes e que continuam a surgir.
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Figura 2 - O papel do profissional da engenharia dever estar alinhado às soluções necessárias para o 
desenvolvimento sustentável.
Fonte: Hatakeyama (2011, p. 3).
Ações de sustentabilidade se tornam um desafio especial para os profissionais da engenharia em áreas nas quais,
grande parte dos processos produzem uma quantidade expressiva de resíduos. Para se pensar em soluções para
minimização ou reaproveitamento de resíduos, o engenheiro deve desenvolver uma visão holística, sistêmica e
interdisciplinar, que objetiva o respeito e integração das comunidades locais na elaboração das estratégias e
planejamento, com vistas ao desenvolvimento local.
4.2 Engenharia e meio ambiente
Na rotina das especialidades da engenharia, é bastante comum ocorrerem alterações no ambiente natural,
podendo causar, se não houver um adequado controle, inúmeros problemas. Podemos citar como relações entre
engenharia e meio ambiente, as modificações por meio de obras civis, transformando ambientes naturais em
ruas, edificações, aeroportos, reservatórios, ou a construção de hidrelétricas, a partir do barramento de rios para
formação dos reservatórios de água. Outros exemplos são os descartes inadequados dos resíduos sólidos,
ocasionando em problemas de contaminação ambiental e também de saúde pública.
O processo de urbanização, é outro bom exemplo da relação entre engenharia e meio ambiente, pois com a
abertura de vias, realiza-se muitas modificações, como desmatamento, movimentos de terra, impermeabilização
do solo, alterações na drenagem daságuas, resultando em problemas ambientais, caso não sejam executados de
maneira adequada.
4.2.1 Relação entre a engenharia e o meio ambiente
De acordo com Dapper, Spohr e Zanini (2016) a queima de combustíveis fósseis por motores ganhou força a
partir da Revolução Industrial. Com o tempo, começou a haver a suspeita de que essa queima produzindo danos
para a saúde humana. Foi preciso muito estudo e pressão social, principalmente, para provar isso, porque muitos
industriais garantiam que nada havia de nocivo nas emissões de suas fábricas e seus veículos automotores. Mas a
partir da confirmação desse efeito nocivo para a saúde da população, muitos países começaram a incentivar
estudos que desenvolvessem padrões de qualidade do ar, para estabelecer limites de tolerância, garantindo a
preservação da saúde da população.
Uma das ferramentas desenvolvidas a partir desses padrões é a Produção mais Limpa, que integra estratégias
- -7
Uma das ferramentas desenvolvidas a partir desses padrões é a Produção mais Limpa, que integra estratégias
preventivas, econômicas, tecnológicas e ambientais, tendo como princípio a não-geração e a reciclagem dos
resíduos. A Produção Mais Limpa aumenta a eficácia para o reaproveitamento e destinação de resíduos,
reduzindo e prevenindo a poluição (KLUCZKOVSKI, 2015).
Foi depois de muita pressão popular, diversas discussões, reuniões e de desastres ambientais, que surgiram
legislações para estabelecer limites à indústria e ações políticas e sociais para reduzir os impactos ambientais.
Atualmente, as empresas que não cumprem a legislação são responsabilizadas, mas nem sempre foi assim.
Lembre-se que o engenheiro nem sempre teve responsabilidade social e ética dentre seus instrumentos de
trabalho.
É por isso que o profissional atual deve se manter sempre atento às responsabilidades legais, inclusive, mas,
sobretudo, ao cuidado com o meio ambiente e com as pessoas.
Vamos entender como essa responsabilidade se desenvolve tomando como exemplo, a poluição do ar. Braga (et
al., 2005) relata que problemas com poluição do ar não são recentes, visto que, o Rei Eduardo da Inglaterra, no
século XIII, assinou uma das primeiras leis com referência a qualidade do ar, proibindo o uso de carvão que
continham elevado teor de enxofre.
Para estabelecer limites aceitáveis de emissão de poluentes, se desenvolveram vários relatórios técnicos e
também uma legislação. A legislação ambiental brasileira é uma das mais completas do mundo e oferece
instrumentos para a proteção socioambiental. Nesse sentido, as regulamentações do Conselho Nacional do Meio
Ambiente (CONAMA) são responsáveis por estabelecer limites máximos das emissões de poluentes, penas e
VOCÊ QUER VER?
O documentário (JONNSON, 2006), retrata o desastre nuclear deA Batalha de Chernobyl 
Chernobyl, considerado o pior da história, ocorrido na usina nuclear Vladimir Ilyich Lenin,
Ucrânia, em 1986. Os engenheiros queriam fazer testes sobre o comportamento do reator
nuclear, quando utilizado com baixos níveis de energia. Mas para isso, acabaram ignorando as
regras de segurança, o que provocou a explosão do reator número quatro.
CASO
Um bom exemplo referente a poluição do ar é o da cidade de Londres, quando foi registrado o
dia que ficou conhecido como o nevoeiro de 1952, ou . Nesse dia, ocorreu o chamado Big Smoke
, um tipo de poluição atmosférica, em que se se forma uma nuvem escura e fotoquímicoSmog
venenosa, composta por fumaça, neblina, ar, gases poluentes e material particulado. O ésmog 
resultado do excesso de poluentes, agravado pela inversão térmica. Neste período, Londres era
cercada por indústrias, que lançavam ao ar, toneladas de gases tóxicos e, por conta da inversão
térmica, os poluentes não se dispersaram com as correntes de ar, e ficaram pairando sobre
Londres por dias, provocando mortes por infecções respiratórias. Após o dia do ,Big Smoke
novas regulamentações legais foram impostas, restringindo o uso de combustíveis fósseis na
indústria, para banir a fumaça negra (BRAGA et al., 2005; DAPPER, SPOHR; ZANINI, 2016).
- -8
Ambiente (CONAMA) são responsáveis por estabelecer limites máximos das emissões de poluentes, penas e
multas, dentre outras disposições.
Faz parte desses esforços de redução de emissões, a inserção de novas tecnologias, principalmente considerando
matrizes energéticas. Kluczkovski (2015) reporta que as novas tecnologias para fontes de energia, oferecem
diferentes vantagens, como a exploração de recursos locais, criação de empregos e auxílio à adequação da saúde
ambiental.
Figura 3 - Desenvolvimento de energia limpa é um dos assuntos mais debatidos em reuniões internacionais 
sobre mudanças climáticas e meio ambiente.
Fonte: Diyana Dimitrova, Shutterstock, 2018.
A energia advinda da hidroeletricidade tem como principal vantagem seu alto rendimento, em torno de 96%, e
por conta dessa matriz, o Brasil é considerado uma potência no setor de produção de energia (BRAGA et al.,
2005).
- -9
Com a publicação da Lei Federal n. 12.305 (BRASIL, 2010), que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) e regulamentou o controle e destinação adequada dos resíduos no Brasil, criou-se uma expectativa de
que aumentem os aterros sanitários com condições de captação de biogás para uso energético.
4.2.2 A engenharia e as consequências da poluição
Quando falamos em consequências da poluição, um dos temas mais abordados atualmente diz respeito às
mudanças climáticas, que provocam eventos extremos como estiagens, inundações, furacões destruidores,
aumento nas médias de temperatura e alterações nas precipitações. Isso porque a poluição acumulada em
décadas de exploração industrial desmedida, é o fator apontado como a grande causa das transformações do
clima.
Para Kluczkovski (2015), uma das transformações que conseguimos ver é a alteração no regime de chuvas. É isso
mesmo, as chuvas, e você sabe o porquê? Bom, vamos pensar juntos. Em algumas regiões do mundo, o regime de
chuvas está tão intenso, que se tornou habitual ver cenas de enxurrada, deslizamentos e enchentes. Já em outras
regiões, as chuvas escassearam e a estiagem se tornou recorrente. E qual o motivo disso? As emissões de gás
carbônico (CO ) e de poluentes, como metano (CH ) e dióxido de nitrogênio (NO ).
2 4 2
VOCÊ SABIA?
As estatísticas do mercado anual do setor de energia eólica são divulgadas pelo Conselho
Global de Energia Eólica (GWEC, na sigla em inglês). Os dados referentes ao ano de 2017,
reportam a instalação de 52,57 Giga watts (GW) de potência, totalizando 539,58 GW de
capacidade instalada global. A China é o líder mundial, com 188,65 GW, e o Brasil aparece em
oitavo na lista, com 12,76 GW (BARBOSA, 2018).
- -10
Figura 4 - O regime de chuvas tem se alterado em todo o mundo e uma das consequências é o aumento de 
eventos extremos, como enchentes em áreas urbanas.
Fonte: PhilMacDPhoto, Shutterstock, 2018.
A maioria dos gases emitidos nos processos industriais são poluentes e podem ocasionar problemas para a
saúde humana (MOTA, 2000). Alguns dos mais conhecidos são:
• monóxido de carbono (CO) causa doenças no aparelho respiratório e perda da capacidade visual;
• óxidos de nitrogênio (NO, NO )2 , gera irritações nas mucosas;
• hidrocarbonetos têm efeito carcinogênico;
• gás sulfídrico apresenta odor característico, desagradável. Causa danos ao aparelho respiratório e 
problemas cardiovasculares, principalmente em pessoas idosas;
• clorofluorcarbonos pode acarretar câncer de pele e catarata.
Outros gases poluentes, têm efeito devastador sobre o meio ambiente. Dentre eles, então (MOTA, 2000):
• óxidos de enxofre provoca a chuva ácida, causando danos à vegetação. A chuva ácida (reação dos 
compostos tóxicos com a água e o sol) limita o crescimento vegetal, diminui a resistência das plantas, 
além de corroer construções;
• óxidos de nitrogênio quando reage com hidrocarbonetos produz oxidantesfotoquímicos, reduzindo a 
permeabilidade das membranas celulares, impedindo as trocas gasosas das folhas e prejudicando a 
realização da fotossíntese.
O excesso desses poluentes no ar aumenta a presença do ozônio troposférico, extremamente prejudicial à saúde
da população. O ozônio troposférico não é abordado na legislação e pode acarretar na baixa do sistema
imunológico, podendo ocasionar disfunção pulmonar, reduzindo assim, a capacidade respiratória da pessoa
contaminada (MEC, 2005).
•
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- -11
Mas e o que a Engenharia tem a ver com isso? Tem tudo a ver e vamos analisar o porquê. Como estudamos no
tópico anterior, os projetos de engenharia podem minimizar a emissão de poluentes e CO para a atmosfera.
2
Além disso, a pesquisa em engenharia, aliada a outros campos de estudo, como geografia, física e sociologia, se
desenvolve em campos de estudo, como a redução de riscos de desastres, tanto os de origem natural, quanto os
de origem tecnológica. E como vimos, os eventos extremos, que causam desastres, estão cada vez mais
frequentes com as mudanças climáticas. As pesquisas nessa área de desastres se desenvolvem desde a
prevenção, como a redução de emissões de CO2 e poluentes, a preparação, com a construção de edifícios mais
seguros e sustentáveis, e planejamento urbano, mas também atendem a demandas mais urgentes, como a
resposta a desastres e reconstrução.
Para que o engenheiro possa desenvolver projetos com intuito de minimização ou não geração de poluentes, é
necessário atender a Padrões de Qualidade do Ar. Como exemplo, podemos tomar os Estados Unidos, que
apresentam uma legislação para qualidade do ar muito bem definida, fixada a partir de índices determinados
pela (EPA), que estabelece os Padrões Nacionais Ambientais de Qualidade doEnvironmental Protection Agency
Ar ( , NAAQS). O NAAQS especifica o nível máximo permitido paraNational Ambient Air Quality Standards
diferentes poluentes atmosféricos, divididos em primários e secundários (BRAGA et al., 2005):
• primários: margem de segurança para proteção de indivíduos mais sensíveis, como crianças, idosos e 
pessoas com problemas respiratórios;
• secundários: não considera problemas com a saúde das pessoas, mas considera danos à agricultura, 
materiais, edifícios, vida animal, mudanças no clima, problemas de visibilidade e conforto pessoal.
No Brasil, há também uma legislação específica. Desde a Resolução Conama n. 01 (MMA, 1986), lançada pelo
Conselho Nacional do Meio Ambiente, que estabeleceu as definições de impacto ambiental, como “qualquer
alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente”, e que afeta população,
VOCÊ SABIA?
O monóxido de carbono (CO) destaca-se, dentre os poluentes considerados perigosos. Ele pode
ser encontrado em centros urbanos, pois é um gás resultante da queima incompleta de
combustíveis fósseis em motores de automóveis. Outro poluente bastante comum é o dióxido
de enxofre (SO ), oriundo de alguns processos da indústria e queima de combustíveis fósseis
2
(KLUCZKOVSKI, 2015).
VOCÊ QUER LER?
O livro “Primavera Silenciosa”, de Rachel Carson (1969) trata do primeiro alerta, em nível
mundial, sobre os efeitos maléficos do uso dos agrotóxicos conhecidos pela sigla DDT (Dicloro-
Difenil-Tricloretano), produto químico sintetizado em 1874.
•
•
- -12
matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente”, e que afeta população,
economia, fauna e flora, dentre outros, a legislação vem se tornado mais específica e ampliando as
responsabilidades tanto do órgão, quanto da sociedade.
A Resolução n. 05 (MMA, 1989) instituiu o Programa Nacional de Controle da Qualidade do Ar (Pronar), em
1989, e a partir disso, a legislação no Brasil foi se aprimorando, para garantir informação e ações diante da
poluição do ar. Nos moldes do NAAQS, o Brasil mantém a população informada sobre a qualidade do ar, com os
indicadores do Índice de Qualidade do Ar (IQA).
4.2.3 Técnicas sustentáveis na engenharia
O novo paradigma do desenvolvimento sustentável é decorrente das críticas aos grandes centros urbanos,
levando os cidadãos a repensarem suas práticas, buscando a sustentabilidade.
Essa leva de ações sustentáveis também atingiu a engenharia, que busca se desenvolver para atender às
demandas cada vez mais exigentes da sociedade em relação às questões ambientais.
E foi assim que ideias surgiram, para poupar recursos, desenvolver energia limpa e tecnologia eficiente,
promover reúso e reciclagem de materiais. Por exemplo, na construção civil, há o uso de sistemas naturais de
controle térmico (insolação, ventilação). Para manejo da água, há sistemas de reúso de água da chuva e
tratamento de águas servidas. Para aterros sanitários, há o aproveitamento do gás metano para o
aproveitamento energético.
De acordo com o Sebrae ([s/d]), o setor de construção civil é peça fundamental para o desenvolvimento
sustentável, visto que, o setor consome muitos recursos naturais e energia, além de produzir muitos resíduos. É
importante ressaltar que a sustentabilidade no setor não envolve somente o projeto em si, mas também:
planejamento de uma gestão eficiente da água (áreas permeáveis – drenagem pluvial), inclusão do uso de
energia renováveis (sistema de aquecimento de solar), descarte correto dos resíduos produzidos ao longo da
execução a obra, uso de lâmpadas fluorescentes e dispositivos de economia de energia (acendimento automático
na presença de pessoas).
Uma técnica de construção civil voltada para a área da sustentabilidade são os ou telhados verdes greenroof
(Figura a seguir). Segundo Rangel, Aranha e Silva (2015), telhado verde é o sistema de construção com o uso de
cobertura vegetal realizada com grama e solo que pode ser instalado sob as lajes ou telhados convencionais,
objetivando o conforto térmico e acústico da parte interna da construção. Ainda, os autores reportam que a
principal função é aumentar a taxa de áreas verdes, diminuindo assim as ilhas de calor nos centros urbanos,
melhorando a qualidade de vida da população. Telhados verdes são definidos também pelos termos: telhado
vivo, jardim suspenso ou cobertura verde.
VOCÊ QUER LER?
O Sebrae e a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), lançaram uma cartilha com
normas voltadas para construções sustentáveis (SEBRAE, 2013). Leia mais: <http://www.
bibliotecas.sebrae.com.br/chronus/ARQUIVOS_CHRONUS/bds/bds.nsf
>./010797da87d59e3d24c0e820f87e42dc/$File/5290.pdf
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Figura 5 - O telhado verde é uma alternativa que amplia o conforto térmico, reduz o consumo de energia e deixa 
as cidades mais verdes.
Fonte: yyama, Shutterstock, 2018;
O jardim suspenso mais famoso foi o , na Mesopotâmia, entre 600 a.C. e 450 a.C., sendo que o objetivoEtimenanki
dessa criação, já nessa época, era a manutenção do ciclo hidrológico e a eficiência no desempenho térmico
(RANGEL, ARANHA; SILVA 2015).
O telhado verde também promove a reutilização de águas das chuvas, auxiliando na retenção e fluxo de águas
pluviais e, por consequência, evitando enchentes e inundações (BALDESSAR, 2012).
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Figura 6 - Esquema de um protótipo de telhado verde para reutilização das águas pluviais.
Fonte: BALDESSAR, 2012, p. 76.
Na figura acima, podemos ver a ideia básica para o reúso de água da chuva pelo telhado verde: as águas pluviais
passam pela plantação no telhado, pelas camadas de materiais (substrato, argila e manta de geotêxtil) e caem
nas calhas, com destino aos reservatórios para reaproveitamento.
Ideias como essa fazem parte de um rol de boas práticas em construção sustentável. De acordo com Barroso
(2010), uma construção sustentável refere-se à melhoria e modernização das práticas tradicionais de
construção, fazendo uso consciente de recursos naturais e garantindoum ambiente equilibrado e saudável para
toda a população.
Outra técnica sustentável na engenharia é o reaproveitamento de resíduos. Dentro as técnicas, podemos
mencionar a compostagem. De acordo com Massukado (2008), aproximadamente 50% a 60% dos Resíduos
Sólidos Urbanos são constituídos de fração orgânica. Isso significa que o restante pode e deve ser reciclado. Mas,
quando o lixo orgânico não é coletado separadamente das frações recicláveis, os aterros sanitários recebem todo
esse material misturado. Essa destinação produz ao município despesas que poderiam ser evitadas, caso
existisse a coleta separada e o encaminhamento para tratamento adequado desse resíduo.
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4.3 Modelagem e otimização
Nos cursos de engenharia, o conhecimento em matemática é requisito fundamental para a formação profissional.
Dentre essas disciplinas, a modelagem é fundamental para compreender determinados temas, utilizando,
principalmente, de computação gráfica, 3D, e de simulação. A modelagem é usada para representar osoftwares
sistema físico real (SFR), a fim de analisar seu comportamento, observando os dados e componentes, para
encontrar soluções possíveis e aplicáveis (BAZZO; PEREIRA, 2006).
No Brasil, o uso de modelagem matemática no ensino começou, de acordo com Brandt; Burak; Kluber (2010),
com a iniciativa de professores-pesquisadores do Instituto de Matemática, Estatística e Ciências da Computação,
IMECC, da Universidade Estadual de Campinas, UNICAMP, nos anos 1980, se espalhando para outras
universidades do país e ganhando o mercado. Era uma inovação, na época, pois contextualizava e aplicava um
conteúdo de matemática que era basicamente teórico.
Já “otimização é o processo de procura por uma solução que forneça o máximo benefício segundo algum critério;
ou seja, é a busca da melhor condição” (BAZZO; PEREIRA, 2006, p. 163), isso porque sempre há várias soluções
para um mesmo projeto e cabe ao engenheiro, verificar qual delas é aplicável.
4.3.1 Modelagem e otimização na engenharia
Vamos começar definindo o que é modelagem. Um modelo é a representação simplificada de algum objeto ou
sistema, numa linguagem de fácil acesso e uso. Os modelos podem ser caracterizados por sua representação
parcial da realidade, podem ser orientados a um objeto específico, de acordo com noções de utilidade e limite e,
dependendo da visão que o modelador tem de mundo. Fazer um modelo é simplificar um sistema
(BERBEROGLU; AKIN; CLARKE, 2016). O processo de modelagem pode ser representado pela figura a seguir.
Figura 7 - Representação esquemática da modelagem de um problema na engenharia e o caminho para a solução.
Fonte: Silveira (2005, p. 12).
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Ao analisar a figura acima, percebemos que os problemas na engenharia são oriundos de objetivos que precisam
ser alcançados, fazendo uso de objetos físicos, na forma de critérios que devem ser atendidos, sob restrições a
serem respeitadas. Em resumo, as etapas da modelagem são: definição da situação problema, simplificação e
formulação da hipótese, dedução de um modelo, resolução do problema, calibração, validação e, por fim, a
aplicação do modelo (SILVEIRA, 2005).
A simplificação das dimensões espaciais, temporais e de processos, é vital para conseguir desenvolver o modelo
(por restrições), e o desafio está em fazê-lo, sem excluir variáveis importantes, ou mantê-las obsoletas
(adequação ao propósito).
Os pesquisadores Soares-Filho, Pennachin e Cerqueira (2002) listam algumas características que um modelo
deve apresentar:
• transparência: interação modelo-usuário é obtida pela alteração dos dados de entrada e parâmetros, 
mas deve ficar aberta à possibilidade de introduzir alterações no próprio modelo;
• robustez: capacidade do modelo de representar bem a realidade com o menor número possível de 
parâmetros. Robustez é desejável, porque os modelos devem representar bem a realidade, quando os 
dados de entrada forem diferentes daqueles utilizados para calibração;
• simplicidade: número reduzido de parâmetros e variáveis, além de uma estrutura que represente a 
essência do sistema;
• precisão: representar a realidade de forma suficiente, permitindo a tomada de decisão, com base em 
seus resultados.
Existem diferentes tipos de modelagem. Bazzo e Pereira (2006) destacam os quatro tipos mais básicos, a seguir.
1. : é a representação do sistema por meio de imagens. Tem como característica aModelagem Icônica
fidedignidade com o equivalente real.
2. : representação do sistema por meio de símbolos. Essa modelagem tem comoModelagem diagramática
característica, pouca similaridade com o equivalente real, mas é muito utilizada na engenharia.
3. : representação do sistema por meio da matemática. Caracterizada pela eficiência deModelagem matemática
previsão e a universalidade da comunicação e linguagem.
4. : representa o sistema por meio de cores e formatos gráficos. Caracterizada pelo auxílio àModelagem gráfica
visualização e comunicação.
Observe que cada um desses tipos de modelagem tem características que os tornam adequados a situações
diferentes. O engenheiro é quem vai decidir o que e quando precisa, a fim de otimizar seu projeto. A modelagem
ajuda a pensar, comunicar, prever, controlar, ensinar, treinar e simular (BAZZO; PEREIRA, 2006), e bem aplicada,
torna o dia a dia do engenheiro mais prático e eficaz.
4.4 A essência da Engenharia
Na tarefa diária de apontar soluções eficientes para os problemas que surgem, os engenheiros desenvolvem,
essencialmente, a capacidade de transformar informações e dados em resultados que possam ser aplicados na
prática. Nisso, o engenheiro sempre pode criar novos processos, sistemas e produtos e é projetando que o
profissional aplica sua experiência, conhecimentos econômicos, éticos e sociais, para resolver problemas
(BAZZO; PEREIRA, 2006).
Percebe, então, qual a essência da profissão? Podemos afirmar que é projetar para resolver problemas.
4.4.1 A engenharia como solucionadora de problemas
De acordo com Bazzo e Pereira (2006), o papel das instituições de ensino superior que oferecem cursos de
engenharia é formar os profissionais para resolver problemas, aplicando as competências e habilidades
inerentes à formação deste profissional, fazendo-o entender, de maneira adequada, fenômenos que compõem as
questões mais relevantes para a sociedade. É por isso que o profissional de engenharia precisa estar em
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questões mais relevantes para a sociedade. É por isso que o profissional de engenharia precisa estar em
constante atualização, seja por meio de cursos de especialização, atividades de pesquisa, participando de eventos
técnico-científicos, dentre outras atividades. Para isso, também é importante estar em contato com outras
disciplinas.
Ser um profissional multidisciplinar é fundamental, pois, segundo Holtzapple e Reece (2014, p. 1), “engenheiros
são indivíduos que combinam conhecimentos da ciência, da matemática e da economia para solucionar
problemas técnicos com os quais a sociedade se depara. É o conhecimento prático que distingue os engenheiros
dos cientistas, que também são mestres da ciência e da matemática".
Durante a elaboração do plano para resolução de problemas, o engenheiro estrutura suas habilidades e
conhecimentos gerais, como matemática, física, química, materiais, ciência do ambiente, junto aos princípios
específicos de sua modalidade para desenvolver soluções. Em sua quase totalidade, as soluções são restritas, em
relação ao tempo e questões financeiras, e por isso, é importante desenvolver a habilidade de entregar sob
pressão.
Ainda de acordo com Holtzapple e Reece (2014), um solucionador de problemas possui algumas características
peculiares, como conhecimento, experiência, aptidão para aprendizagem contínua, resiliência face a
adversidades; comunicação eficiente e liderança de equipes.
Assim, perceba que o que aprendemos aqui neste capítulo, esboça brevemente o que se deve desenvolverenquanto profissional, sejam capacidades técnicas, obrigatórias a qualquer profissional formado, sejam
habilidades pessoais, que podem e devem ser desenvolvidas e melhoradas, para que a engenharia cumpra
sempre seu papel social e viva sua essência.
Síntese
Chegamos ao final deste capítulo! Estudamos como a engenharia está inserida na sociedade, fazendo parte dos
problemas e soluções que surgiram ao longo dos tempos e compreendendo o papel do profissional diante disso.
Entendemos que conhecer de forma mais profunda as questões socioambientais, que permeiam o conceito de
desenvolvimento sustentável, são a chave para a responsabilidade social, que deve sempre guiar as ações do
engenheiro. Também aprendemos sobre a essência profissional que está ligada a sua definição de projetar para
resolver problemas.
Neste capítulo, você teve a oportunidade de:
• compreender a influência da engenharia no desenvolvimento econômico, social e sustentável;
• entender os conceitos de responsabilidade social, desenvolvimento sustentável e sustentabilidade;
• conhecer a relação entre a engenharia e o meio ambiente e o papel da engenharia em ações de 
sustentabilidade;
• aprender sobre as consequências da poluição na atividade de engenharia e como a engenharia pode 
auxiliar na minimização da poluição;
• conhecer técnicas de sustentabilidade na engenharia, como a Produção Mais Limpa;
• entender os conceitos de modelagem, seus principais tipos e aplicações, e otimização;
• compreender a essência da engenharia como solucionadora de problemas.
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	Introdução
	4.1 Engenharia e sociedade
	4.1.1 Contribuições do engenheiro no desenvolvimento social e econômico
	4.1.2 O papel da engenharia no desenvolvimento sustentável
	4.2 Engenharia e meio ambiente
	4.2.1 Relação entre a engenharia e o meio ambiente
	4.2.2 A engenharia e as consequências da poluição
	4.2.3 Técnicas sustentáveis na engenharia
	4.3 Modelagem e otimização
	4.3.1 Modelagem e otimização na engenharia
	4.4 A essência da Engenharia
	4.4.1 A engenharia como solucionadora de problemas
	Síntese
	Bibliografia

Outros materiais