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SUMÁRIO 
 
 
 
 
Apresentação................................................................................................................................................................. 04 
Palavras Iniciais............................................................................................................................................................ 05 
Ética em Sociedade...................................................................................................................................................... 06 
Desigualdades Sociais: entenda como surgem e por que elas se perpetuam....................................................... 12 
O que é preciso para exercer bem os direitos de cidadania?................................................................................. 15 
E agora, Brasil? Segurança pública........................................................................................................................... 22 
A origem e ascenção das milícias.............................................................................................................................. 27 
15 de Junho: Dia mundial de conscientização da violência contra a pesssoa idosa .......................................... 30 
Feminicídio: o que é, tipos e exemplos...................................................................................................................... 32 
Saiba a diferença entre imigrante, migrante e refugiado e as datas dedicadas a eles.......................................... 36 
Lei brasileira ainda prevê pena de morte; saiba quando pode ser aplicada........................................................... 39 
Cidade e drogas, um caso de políticas e não de polícia.......................................................................................... 43 
PEC da vida tenta evitar novas exceções à punição do aborto.............................................................................. 46 
O que são Direitos Humanos? ................................................................................................................................... 49 
Charges ........................................................................................................................................................................ 53 
Músicas ........................................................................................................................................................................ 55 
Filmes ........................................................................................................................................................................... 57 
Livros ............................................................................................................................................................................ 58 
Considerações finais.................................................................................................................................................... 59 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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APRESENTAÇÃO 
 
 
 
A Formação Sociocultural e Ética (FSCE) compõe um dos Projetos de Ação da UniCesumar, 
cujo principal objetivo é aperfeiçoar habilidades e estratégias de leitura fundamentais para seu 
desempenho pessoal, acadêmico e profissional. Nesse sentido, esta disciplina corresponde à missão 
institucional, a qual consiste em “Promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária”. Conforme slogan da FSCE, “Quem sabe mais faz a diferença!”, o 
conhecimento adquirido por meio da leitura é a mola propulsora capaz de formar e transformar 
sujeitos passivos em cidadãos ativos, preparados para fazer a diferença na sociedade como um todo. 
 
Na FSCE, você terá contato com vários assuntos e fatos que ocorrem na sociedade atual e 
que devem fazer parte do repertório de conhecimentos de todos os que buscam compreender 
criticamente seu entorno social, nacional e internacional. Em síntese, no intuito de atender ao 
objetivo desta disciplina, a FSCE está dividida em seis grandes eixos temáticos: Ética e Sociedade, 
Ética, Política e Economia, Ética, Cultura e Arte, Ética e Ciência, Ética e Tecnologia e Ética e Meio 
Ambiente. 
 
Este material, também chamado de Coletânea, é o principal instrumento de estudo da FSCE. 
Recebe o nome de Coletânea porque reúne vários gêneros textuais criteriosamente selecionados 
para estimular sua reflexão e análise pontuais. Textos retirados de diferentes fontes, com a 
finalidade de abordar recortes temáticos relacionados aos conteúdos de cada eixo supracitado. Tem 
como principal objetivo ser um material de apoio à sua formação geral, servindo-lhe de estímulo à 
leitura, interpretação e produção textual. Uma Coletânea como esta é organizada a cada duas 
semanas, ou seja, a realização completa desta disciplina ocorre no período de 10 semanas. 
 
Cada Coletânea apresenta-se, inicialmente, com uma introdução e a apresentação dos 
diversos textos referentes aos respectivos eixos. A sequência de textos normalmente é finalizada 
com os gêneros: música, poesia ou frases e charges, sendo finalmente concluída com breves 
considerações finais. 
 
Você tem em suas mãos, portanto, uma compilação por meio da qual terá acesso a um 
conteúdo seleto de textos basilares para sua reflexão, aprendizagem e construção de conhecimentos 
valiosos. Textos compostos por fatos, notícias, ideias, argumentos, aspectos veiculados nos 
principais meios de comunicação do país, links de acesso a entrevistas, depoimentos, vídeos 
relacionados ao eixo temático, além de respaldos teóricos e práticos acerca da linguagem que 
poderão servir como suporte à sua vida em todas as instâncias. 
 
 
 
 
 
 
 
 
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PALAVRAS INICIAIS 
 
 
 
 
 O homem contemporâneo enfrenta vários questionamentos, dúvidas e angústias em sua 
experiência cotidiana frente às transformações relacionadas a costumes e valores éticos advindos 
das práticas humanas capazes de gerar conflitos nesta sociedade em permanente construção 
histórica da qual todos somos parte. Neste século vivemos tempos de novos paradigmas. 
A proposta desta coletânea de textos é lançar mais um olhar sobre as questões sociais como 
cidadania, direitos humanos, violação de direitos, segurança pública, drogas, milícias, feminicídio, 
um olhar destinado a reflexões de como estas questões afetam a ordem pública e toda a sociedade, 
e como podemos transformar nossos pensamentos, o que é imprescindível em discussões sobre 
esses temas e, como consequência dessas inquietudes surgir a necessidade de mudança. 
Vivemos em um país cuja Constituição Federal de 5 de outubro de 1988, em seu artigo 5º 
propõe igualdade para todos os cidadãos, a frase que faz parte do princípio da igualdade ou 
isonomia, todos já devemos ter ouvido: “todos são iguais perante a lei”, porém, a realidade da 
maioria das pessoas demonstra que não há lugar para a maior parte, apenas para alguns, pois na 
prática, a estrutura social promove diferenças em variados aspectos, como podemos, então, garantir 
uma oportunidade nesse vasto organismo que é a coletividade? 
Esperamos contribuir na superação de algum empecilho que dificulte o entendimento de quem 
somos e qual é o nosso papel na sociedade, para que haja um equilíbrio na coletividade e um 
funcionamento social menos injusto, com melhor garantia individual e coletiva, e, para que isso 
ocorra, cada cidadão deve dar sua parcela de contribuição na luta pelos direitos humanos, para 
assim se chegar ao bem de todos de modo que ninguém saia prejudicado. 
 
 
Desejamos a você boa leiturae bons estudos! 
 
 
Atenciosamente, 
Equipe FSCE 
 
 
 
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ÉTICA EM SOCIEDADE 
 
 
 
Joelma Coêlho dos Santos, 
Ranessa Lira Teixeira, 
Nory Lana Godinho de Souza 
 
[...] 
Dentre os vários conceitos com os quais a ética trabalha e que pressupõe um prévio 
esclarecimento filosófico, como os de liberdade, necessidade, valor, consciência, vamos dar ênfase 
ao de sociabilidade, ou seja, como a ética deve estar inserida nas relações humanas em sociedade. 
Algo que poderíamos representar da seguinte forma: 
 
A ação humana é fruto de uma escolha entre o certo e o errado, e entre o que é bom e o que 
é mal. O indivíduo procura se basear em parâmetros socialmente aceitos que lhe permitem conviver 
com as outras pessoas, em outras palavras, ele busca sempre se guiar pelos conceitos que norteiam 
a prática dos valores positivos e das qualidades humanas. A ética não somente serve de base para 
as relações humanas, mas, trata também das relações sociais dos homens na medida em que os 
 
 
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filósofos consideram a ética como base da justiça ou do direito, e até mesmo das leis que regulam a 
convivência entre todos que vivem na sociedade - basta lembrar que um dos princípios 
constitucionais que regem a Administração Pública no Brasil é o princípio da moralidade, ou seja, os 
atos da Administração Pública, direta e indireta, devem ser norteados por valores que a sociedade 
considera como moralmente válidos. 
 
 
A Ética como teoria Filosófica e suas implicações para a vida em Sociedade 
 
 Primeiramente para entendermos sobre a ética devemos iniciar pelo conceito filosófico. 
Entender que é a área que investiga o comportamento humano em suas relações entre si, 
considerando conceitos utilizados para avaliá-las como: valor, virtude, justiça, moral, bem, normas 
morais, dever, liberdade e responsabilidade; promove também reflexões sobre a busca humana 
pelas melhores formas de agir, viver e conviver. De forma mais específica, segundo Cotrim (2004, p. 
264), 
A ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana, que é o 
comportamento moral... A ética tem também preocupações práticas. Ela orienta-
se pelo desejo de unir o saber ao fazer. Como filosofia prática, isto é, disciplina 
teórica com preocupações práticas, a ética busca aplicar o conhecimento sobre 
o ser para construir aquilo que deve ser. 
 
 Como teoria filosófica, a ética se caracteriza como estudo das ações individuais dos homens, 
cuja finalidade consiste em elaborar uma orientação normativa para as ações humanas que sejam 
estabelecidas como bem. Com o filósofo grego Aristóteles a ética passou a ser a “ciência do moral”, 
ou seja, do caráter e das disposições do espírito. Enfatizamos que a ética é um conjunto de 
argumentos que são utilizados pelos indivíduos para justificar suas ações, solucionando com 
diferentes problemas em que há o conflito de interesses com bases em argumentos universais. Ou 
salientamos que a ética é uma filosofia responsável por estudar a moral, contestando e identificando 
o que podemos chamar de regras morais vigentes, as quais são alteradas com o tempo. A Ética 
como teoria filosófica tem por objetivo estudar o comportamento dos indivíduos frente aos apelos 
morais da sociedade em que este vive. Ela se manifesta de diferentes maneiras conforme a cultura, 
costumes e hábitos de determinadas populações. 
As reflexões da ética abrangem aspectos da vida pública e das leis estabelecidas no plano 
social para a existência humana. Envolvem questões ligadas ao direito, ao poder, a cidadania e a 
política, e abrange também aspectos da vida privada, analisando algumas questões morais de foro 
 
 
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íntimo ligadas as condutas e escolhas de indivíduos em nosso cotidiano, e são elas que determinam 
o modo como cada um convive consigo próprio e com os outros. 
 As respostas filosóficas para as questões éticas variam no tempo e no espaço, e ainda 
apresentam uma característica fundamental que envolve a posição dos indivíduos em relação ao 
valor e as virtudes que são defendidos em seu meio cultural. Com isso, os filósofos investigam o que 
leva diferentes grupos sociais a se indagarem sobre questões e valores semelhantes, sem ignorar 
que, os significados atribuídos a eles nem sempre são os mesmos. Há filósofos que concebem o 
homem como um ser dotado de um senso moral inato, ou seja, da capacidade natural para avaliar 
como as coisas são e como elas deveriam ser. Alguns acreditam que as diversas tendências 
culturais e individuais atuam sempre sobre a capacidade comum entre os seres humanos e são 
determinantes da formação do caráter e da personalidade. E há filósofos que afirmam a existência 
da liberdade, ressaltando sempre que, apesar da pressão de costumes e leis, nós sempre podemos 
refletir sobre as questões éticas e sobre a moral aprendida, e que, segundo eles, há uma 
possibilidade que nos faz responsáveis por nossas próprias escolhas e que nos permite contribuir 
para a renovação com as normas com que nos deparamos no dia a dia. 
Nos tempos áureos da filosofia grega 
todas as virtudes eram políticas e 
sociais, o que denota certa 
inseparabilidade entre a ética e 
política, ou seja, não havia 
separação entre ética e política 
senão no campo conceitual e 
estavam relacionadas à conduta do 
indivíduo e os valores da sociedade. 
No pensamento dos Antigos filósofos 
a existência humana só pode ser pensada em sociedade onde os seres humanos aspiram ao bem e 
a felicidade, que só pode ser alcançada pela conduta virtuosa. Além disso, existe uma preocupação 
constante com a busca dos valores morais inscritos no interior do próprio homem, como acreditava 
Sócrates. Dessa forma – para ser ético – o homem deveria entrar em contato com a sua própria 
essência, a fim de alcançar a perfeição. O homem, como qualquer ser, busca a sua perfeição, que 
acontecerá quando sua essência estiver plenamente realizada. E como afirma Mondin (1980, p.91), 
“A ética ou moral... é o estudo da atividade humana com relação a seu fim último que é a realização 
plena da humanidade”. 
 
 
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 Sócrates, que se tornou símbolo da própria filosofia, dedicou atenção especial às questões 
éticas, sendo que ele julgava o ser humano que era dotado de uma natureza racional e voltada para 
o bem. Ele tentava sempre compreender a essência das virtudes e do bem, tal como a justiça, a 
prudência, a coragem, e entre outras. Sócrates de alguma forma procurava saber dos cidadãos 
atenienses sobre a virtude, a essência, saber se uma conduta é boa ou não, e porque o bem é uma 
virtude e o mal um erro, e com tudo isso as perguntas ético-socráticas não estão destinadas 
somente ao indivíduo, mas também a sociedade. Pode-se resumir a ética dos antigos em pelo 
menos dois aspectos: o agir em conformidade com a razão e a união permanente entre ética (a 
conduta do indivíduo) e política (valores da sociedade). A ética é uma maneira de educar o sujeito 
moral (seu caráter) no intuito de propiciar a harmonia entre o mesmo e os valores coletivos. 
 Na Idade Média a Filosofia sofrera uma forte influência da tradição cristã. Uma vez, que todos 
os Filósofos deste período são teólogos, bispos, abades e padres. Dessa forma a filosofia 
permaneceu, ao longo de todo período medieval, subordinada a teologia, de tal modo, que é 
impossível separar o pensamento filosófico da tradição grega, do pensamento teológico cristão. 
Neste caso a vida ética era definida por sua relação espiritual e interior com Deus e pela caridade 
com o seu próximo, por meio da revelação divina. A ética cristã se fundamenta no amor, no qual foi 
colocado como primeiro e maior mandamento:o amor a Deus acima de todas as coisas e o amor ao 
próximo. É no amor que o cristianismo encontra sua realização espiritual mais profunda e as bases 
fundamentais para a vida em sociedade. Os primeiros filósofos cristãos procuravam conciliar fé e 
razão como instrumento de análise e reflexão. A partir desse pressuposto a filosofia insurge no 
campo da ética cristã, como tentativa de justificar seus princípios e normas de comportamento, se 
submetendo a lei divina revelada pelas Sagradas Escrituras implicando uma determinação racional 
do próprio conteúdo sobrenatural da Revelação, mediante uma disciplina específica, a teologia 
dogmática. 
 Assim como Sócrates e Platão, o bispo, teólogo e filósofo do início da Idade Média, Santo 
Agostinho, foi um homem profundamente voltado para a sua interioridade, uma vez que é nessa 
interioridade que podemos realizar nosso encontro com Deus e nossa verdadeira essência. É dentro 
desta perspectiva de uma filosofia introspectiva que Agostinho agrega uma série de conceitos 
fundamentais. Os filósofos medievais herdaram elementos da tradição filosófica grega, 
reconfigurando-se no interior de uma ética cristã e tal como Santo Agostinho, a filosofia de São 
Tomás de Aquino representa uma aproximação entre fé e razão, mas, neste caso, usando o 
pensamento aristotélico como base fundamental. Inspirado na filosofia aristotélica e amparado na 
visão cristã de mundo, Aquino reflete sobre a conduta ética que é aquela na qual o agente sabe o 
 
 
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que está e o que não está em seu poder realizar, referindo-se, ao que é possível e desejável para 
um ser humano. 
 A ética tomista também deve ser trabalhada no âmbito da sociedade. Analisando a natureza 
humana, resulta que o homem é um animal social (político) e, portanto, forçado a viver em sociedade 
com os outros homens. A primeira forma da sociedade humana é a família, de que depende a 
conservação do gênero humano; a segunda forma é o Estado, de que depende o bem comum dos 
indivíduos. Sendo que apenas o indivíduo tem realidade substancial e transcendente, se 
compreende como o indivíduo não é um meio para o Estado, mas o Estado um meio para o 
indivíduo. Segundo Tomás de Aquino, o Estado não tem apenas função negativa (repressiva) e 
material (econômica), mas também positiva (organizadora) e espiritual (moral). Embora o Estado 
seja completo em seu gênero, fica, porém, subordinado, em tudo quanto diz respeito à religião e à 
moral, à Igreja, que tem como escopo o bem eterno das almas, ao passo que o Estado tem apenas 
como escopo o bem temporal dos indivíduos. 
 Mas não foi apenas na antiguidade e na Idade Média que os filósofos tiveram essa 
preocupação ética e social. Longe de pretender fazer uma análise sistemática das mais diferentes 
visões filosóficas sobre o assunto vamos apenas ressaltar as duas correntes que já mencionamos no 
início do texto. A primeira sobre a qual já falamos, corresponde às ideias de filósofos como Sócrates 
e Santo Agostinho que acreditam que o ser humano é dotado de um senso moral inato, ou seja, da 
capacidade natural para avaliar como as coisas e como elas deveriam ser e, desta forma, a questão 
de como devemos nos comportar e agir em sociedade passa por uma questão de foro íntimo e 
espiritual, introspectivo, que pode ser resumida na frase: “conhece-te a ti mesmo”. Mas essa visão 
não é a única e filósofos há que acreditam que as diversas tendências culturais são determinantes 
da formação do caráter e da personalidade e por isso dão uma ênfase maior em como os aspectos 
sociais e culturais são determinantes das relações humanas. 
 Um exemplo desta perspectiva nós encontramos no século XIX, com o filósofo alemão 
Friedrich Hegel, que aprofundou de maneira ímpar a perspectiva Homem – Cultura e História, sendo 
que a ética deve ser determinada pelas relações sociais. Como sujeitos históricos culturais, nossas 
ações devem ser determinadas pela harmonia entre vontade subjetiva individual e a vontade objetiva 
cultural. O homem é visto como sujeito histórico-social, e como tal sua ação não pode mais ser 
analisada fora da coletividade, por isso a ética ganha um dimensionamento político: uma ação 
eticamente boa é politicamente boa, e contribui para o aumento da justiça e distribuição igualitária do 
poder entre os homens. O ideal ético para Hegel estava numa vida livre dentro de um Estado livre, 
um Estado de direito, que preservasse os direitos dos homens e lhes cobrasse seus deveres, onde a 
consciência moral e as leis do direito não estivessem nem separadas e nem em contradição. E os 
 
 
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grandes problemas éticos se encontram em três momentos da eticidade que são a família, a 
sociedade civil e o Estado, e uma ética concreta não pode ignorá-los (VALLS, 1994). 
 Em relação à sociedade civil os problemas atuais continuam os mais urgentes: referem-se ao 
trabalho e à propriedade. Não é um problema ético a falta de trabalho, o desemprego, as formas 
escravizadoras do trabalho, quando a maioria não recebe as condições mínimas nem de salário nem 
de infraestrutura para sobreviver? Em relação ao Estado, os problemas, éticos são muito ricos e 
complexos. A liberdade do indivíduo só se completa como liberdade do cidadão de um Estado livre e 
de direito. As leis, a Constituição, as declarações de direitos, a definição dos poderes, a divisão 
destes poderes para evitar abusos, e a própria prática das eleições periódicas aparecem hoje como 
questões éticas fundamentais. 
 Outra perspectiva de uma moral social encontramos no sociólogo Émile Durkheim. A 
comparação que Durkheim faz da sociedade com um organismo biológico traz ricas analogias. A 
sociedade é um imenso corpo social, como um “organismo biológico” (o conjunto das instituições 
sociais formam este corpo), possuindo vários órgãos (entre eles: a família, o Estado, a escola, a 
Igreja), cada qual com suas funções específicas de modo que a “anatomia social” será saudável se 
todos os órgãos funcionarem bem. Durkheim leva essa analogia ainda mais além quando afirma que 
a partir do momento em que um desses órgãos deixa de funcionar convenientemente, todo corpo 
social se ressente e adoece. E o que torna saudável uma sociedade, fazendo com que ela funcione 
harmoniosamente, é a existência de uma moral social. Cabe aos indivíduos desenvolver planos de 
ação que possam influir na transformação dos aspectos deficientes da sociedade a partir de valores 
que possam orientar, efetivamente, a conduta social dos indivíduos. Vale destacar aqui, a 
importância que a ideia de solidariedade representa no pensamento do sociólogo francês. A 
solidariedade, dentro do contexto das regras morais e sociais, pode e deve contribuir para a 
harmonia da sociedade. 
 Enfim, qual a contribuição que a Filosofia e, por sua vez, a Ética, podem oferecer para nós, 
homens e mulheres do século XXI? No momento histórico em que vivemos existe um problema 
ético-político grave. O Brasil sempre quis ser visto o país dos justos, da democracia, da ética acima 
de tudo, porém não é bem essa a realidade vivida por todos. Verifica-se uma realidade conflitante 
fundamentada em uma crise de sentido e de valores que se apresenta na vida pessoal e nas 
relações sociais das pessoas. A partir desse contexto percebe-se uma inquietação acerca do sentido 
da vida e do papel do “ser no mundo”, vindo assim a reaparecer com mais força o interesse pelo 
tema da ética, enquanto coluna vertebral da reflexão sobre a conduta do ser humano e seus valores. 
Não é suficiente para o homem comum e contemporâneo superar a crise da ética atual conhecendo 
o outro e suas necessidades para se chegar a sua convivência harmônica. Não há como superar12 
 
esta crise sem um modelo de ética voltada para uma comunidade, como na polis grega. Hoje se 
aposta no individualismo, na competição, na sociedade do espetáculo e do consumo. 
 Acerca das reflexões sobre o ponto de vista dos filósofos, fica claro o entendimento sobre a 
ética, sendo um elemento imprescindível na sociedade. Somos formados por princípios e valores 
que estão relacionados à nossa cultura e esses fatores são essenciais, para a formação do nosso 
caráter no que diz respeito a nossa conduta ética e moral de modo que, irremediavelmente, o que se 
entende por Filosofia e Ética está relacionado ao conhecimento e comportamento do indivíduo na 
sociedade. 
 
 
Disponível em: https://www.sabedoriapolitica.com.br/products/filosofia-etica-e-sociedade/. Acesso 
em: 18 jun. 2019 (adaptado). 
 
DESIGUALDADES SOCIAIS: ENTENDA COMO SURGEM 
E POR QUE ELAS SE PERPETUAM 
 
 
Panorama da desigualdade: Favela de Paraisópolis, em São Paulo, ao lado de prédio de luxo. 
(Tuca Vieira/Folhapress) 
 
 
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O QUE É DESIGUALDADE SOCIAL? 
A desigualdade social é um processo existente dentro das relações da sociedade, presente 
em todos os países do mundo. Faz parte das relações sociais, pois determina um lugar aos 
desiguais, seja por questões econômicas, de gênero, de cor, de crença, de círculo ou grupo social. 
Essa forma de desigualdade prejudica e limita o status social de pessoas por determinados motivos, 
além de seu acesso a direitos básicos, como educação e saúde de qualidade, trabalho, moradia, 
boas condições de transporte e locomoção, entre outros. A mera diferença entre as pessoas, sua 
escolha de vestimentas ou forma de viver a vida não caracteriza desigualdade. O fenômeno da 
inequidade se manifesta no acesso aos direitos, como dito anteriormente, mas principalmente no 
acesso a oportunidades. De acordo com o filósofo Rosseau, a desigualdade tende a se acumular. 
Logo, determinados grupos de pessoas de classes sociais e econômicas mais favorecidas têm 
acesso a boas escolas, boas faculdades e, consequentemente, a bons empregos. Vivem, convivem 
e crescem num meio social que lhes está disponível. É um círculo vicioso: esses grupos se mantêm 
com seus privilégios e num ambiente restrito, relacionando-se social e economicamente por 
gerações. A grande questão é: o que fazem aqueles que estão à margem dessa bolha social? 
 
PERPETUAÇÃO DA DESIGUALDADE 
 
As pessoas que são marginalizadas ou estão à margem, sofrem os maus efeitos da existência 
dessas bolhas sociais e econômicas, sem lhes serem concedidas oportunidades de vida, de estudo 
e de crescimento profissional da mesma maneira que às outras pessoas. Quem é de uma família 
pobre tem menos probabilidade de ter uma excelente educação e instrução; assim, com baixo nível 
de escolaridade, terão destinados a si certos empregos sem grande prestígio social e com uma 
remuneração modesta, mantendo seu status social intacto. Por essa razão, a meritocracia é um mito: 
não há como clamar que uma classe social alcança bons feitos por mérito, frente à outra que sequer 
consegue acessar as mesmas oportunidades. Um princípio do direito prega tratar os iguais como 
iguais e os desiguais como desiguais, com o intuito de reconhecer a força das vivências, do local de 
origem e da vida social. 
 
 
 
 
 
 
 
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COMO SURGE A DESIGUALDADE SOCIAL? 
 
Vários teóricos e pensadores buscam entender esse fenômeno. Boa parte deles, em suas 
teorias, coloca a existência da desigualdade social num vértice em comum: a concentração do 
dinheiro, ou seja, a má distribuição de renda. Sendo a desigualdade social fruto da concentração de 
dinheiro e poder em uma parte muito pequena da população, o que resta à grande parcela da 
sociedade é dividir o restante. Algumas das causas da desigualdade social: 
 Má distribuição de renda – e concentração do poder; 
 Má administração de recursos – principalmente públicos; 
 Lógica de mercado do sistema capitalista – quanto mais lucro para as empresas e os 
donos de empresa, melhor; 
 Falta de investimento nas áreas sociais, em cultura, em assistência a populações mais 
carentes, em saúde, educação; 
 Falta de oportunidades de trabalho. 
 
EM QUAIS ÂMBITOS A DESIGUALDADE SOCIAL PODE SE MANIFESTAR? 
 
Existem diversas formas de desigualdade quando se fala em desigualdade social. Afinal, o 
que é social permeia todos os âmbitos da vida de uma pessoa. Entenda alguns deles: 
Desigualdade de gênero: uma pauta muito discutida desde o início desta primavera 
feminista do século 21. Ela se manifesta na discriminação de oportunidades, de tratamento, de 
direitos, de liberdade. Por vezes, no sistema patriarcal, uma mulher recebe salário mais baixo que 
um homem, mesmo fazendo o mesmo trabalho, com o mesmo grau de ensino e cumprindo os 
mesmos horários. Na esfera pública, também é discutida a representatividade da mulher em cargos 
de poder e na política. 
Desigualdade racial: o Brasil, ao contrário do mito, não é uma democracia racial. A 
desigualdade começa já na discussão de oportunidades: local em que as pessoas negras moram e 
crescem hoje? Como herança da escravidão, 72% dos moradores de favela são negros. Sete em 
cada dez casas que recebem o benefício do Programa Bolsa Família são chefiadas por negros, 
segundo dados do estudo Retrato das desigualdades de gênero e raça do IPEA (Instituto de 
Pesquisa Econômica Aplicada). Além disso, o analfabetismo é duas vezes maior entre negros do 
 
 
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que entre os não negros. Há ainda preconceito e discriminação racial em diversos âmbitos: diz-se 
que racismo é estrutural e reproduzido pela sociedade a fim de excluir as vítimas dos círculos 
sociais. Os jornais, a televisão e os filmes, por exemplo, também reproduzem e ajudam a perpetuar 
essa lógica. 
Desigualdade de classes: dependendo o autor, a explicação desse tipo de desigualdade 
será diferente, mas sempre levará em conta a ocupação profissional, a escolaridade, a riqueza, os 
bens, a renda das pessoas. O sociólogo Max Weber acredita que as classes sociais estão ligadas 
aos privilégios e prestígios, sendo uma forma de estratificação social. Acredita que essas classes 
tendem a se manter estáveis ao longo de gerações, reproduzindo a desigualdade com as classes 
inferiores. Já Karl Marx entende que existem duas grandes classes: a trabalhadora (proletariado) e 
os capitalistas (burguesia). Enquanto os trabalhadores se preocupam em sobreviver, os capitalistas 
se preocupam com o lucro, criando as desigualdades e os conflitos sociais, como a opressão e a 
exploração. 
 
Disponível em: https://guiadoestudante.abril.com.br/blog/atualidades-vestibular/desigualdades-
sociais-entenda-como-surgem-e-por-que-elas-se-perpetuam/. Acesso em: 19 jun. 2019 (adaptado). 
 
 
O QUE É PRECISO PARA EXERCER BEM OS 
DIREITOS DE CIDADANIA? 
 
Cidadania, direitos básicos 
fundamentais, deveres, violação de 
direitos. Você sabe exercer bem a sua 
cidadania? Pois é, muitas vezes, o 
cidadão se vê diante de situações em 
que seus direitos básicos fundamentais, 
previstos no artigo 6º da Constituição 
Federal, são violados. Os exemplos 
estão todos os dias nos jornais: escolas 
 
 
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sem professores, pais que não conseguem matricular seus filhos, hospitais sem material básico para 
atendimento, falta de médicos e superlotação nas unidades básicas de saúde; famílias vivendo em 
locais insalubres, etc. É preciso, portanto, que o cidadão saiba quais os instrumentos jurídicos de 
que dispõe para fazer valer seus direitos e a que órgãos recorrer quando necessário. Nesta 
entrevista, a juíza Luciana Leal Halbritter, professora-tutora de cursos à distância, coordenadorapedagógica da Escola Livre de Direito e colaboradora do site Visite Rio de Janeiro, explica os 
princípios e conceitos relacionados à cidadania, a importância de se conhecer as leis e os direitos 
básicos fundamentais, e quais os instrumentos que podem ser utilizados pelos cidadãos na hora de 
exigir o bom cumprimento dos direitos pelas autoridades competentes. 
 
 Rede Mobilizadores – O que é cidadania? Quais os princípios básicos para bem exercê-la? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: O conceito que se lê na Constituição se confunde com o conceito de 
titular de direitos políticos, sendo cidadão o nacional (brasileiro nato ou naturalizado) titular do direito 
de votar e de ser votado. Em um sentido mais amplo, porém, é o indivíduo ser titular de direitos e 
deveres, e, sobretudo, dotado de um estado de consciência sobre seu papel político e como pessoa 
na comunidade em que vive. Engloba viver com dignidade, respeitar a dignidade do outro, estar 
comprometido em nada fazer para violar essa dignidade e, mais, em se esforçar para fazê-la valer. A 
participação política do cidadão – não apenas votando, mas acompanhando os atos daqueles que 
ajudou a eleger, fazendo uso das ouvidorias dos órgãos públicos – é o principal meio de fazer valer 
sua dignidade, condição essencial do cidadão. E dignidade significa ter acesso à moradia adequada, 
alimentação balanceada, educação de qualidade, atendimento médico de qualidade e em tempo 
adequado ao atendimento necessário, transporte público organizado, saneamento básico, coleta 
domiciliar de lixo, acesso à informação verdadeira, confiável, sobre a gestão dos bens públicos. 
 
Rede Mobilizadores – O que é bem comum? O que o Estado deve fazer para assegurá-lo? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Bem comum é o bem de todos, garantindo-se por meio da atuação 
estatal de que cada indivíduo possa, a seu modo, dentro de suas ambições e das possibilidades e 
oportunidades reconhecidas naquela sociedade, exercer atividades em benefício próprio ou de seus 
próximos para o seu crescimento moral, cultural, físico, e em todos os demais aspectos de sua 
personalidade. Para assegurá-lo, o Estado deve administrar corretamente o dinheiro público, sempre 
pensando nos interesses e direitos do povo, e não dos governantes. Os bens públicos são assim 
chamados porque são de todos, são de cada cidadão de uma dada sociedade. E assim devem ser 
tratados e administrados pelos governantes. Prestando-se contas de tudo quanto é feito, ouvindo-se 
as reivindicações populares, e respeitando-se as normas constitucionais e regras legais pertinentes. 
 
 
17 
 
Rede Mobilizadores – Qual a importância de o cidadão conhecer a Constituição Federal e as 
competências administrativas da União, estados e municípios? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Conhecendo a Constituição, e o que compete a cada ente federativo 
(união, estados e municípios), o cidadão, primeiramente, não se deixará enganar com promessas 
políticas muitas vezes impossíveis de serem cumpridas. Por outro lado, saberá exatamente a quem 
recorrer quando constatar algum tipo de descumprimento dos deveres dos entes federativos ou seus 
administradores, e o que exigir de cada um. 
 
Rede Mobilizadores – O que são e quais são os direitos fundamentais? E os deveres de cada 
cidadão? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Direitos fundamentais, também conhecidos como direitos humanos, 
são direitos inerentes ao ser humano por sua condição de pessoa, indistintamente de quem seja. 
São direitos que, por se referirem ao quê da própria essência do ser humano, foram elevados – no 
Direito brasileiro – à condição de direito constitucional (previsto na Constituição) irrevogável (pois 
não podem ser excluídos da Constituição) e irrenunciável (o indivíduo não pode dele abrir mão). São: 
o direito à vida, à moradia, à dignidade humana, à saúde, à educação, ao acesso à Justiça, à honra, 
e várias outras garantias, inclusive de ordem penal. Os deveres, por sua vez, decorrem das próprias 
relações entre as pessoas na sociedade em que convivem. O principal deles, a meu ver, é o dever 
de não causar dano. Significa que um indivíduo, um cidadão, não pode agir de modo a causar dano 
a outrem, devendo respeitar seus direitos. Na esfera política, são alguns exemplos: alistar-se como 
eleitor, facultativamente dos 16 aos 18 anos e obrigatoriamente a partir dos 18; votar em todas as 
eleições, dos 18 aos 70 anos (quando o voto passa a ser facultativo), salvo justificativa a ser 
apresentada no prazo legal em caso de impossibilidade; realizar o alistamento militar aos 18 anos 
para homens. 
 
Rede Mobilizadores – No Brasil muitos cidadãos ainda não têm assegurados seus direitos 
fundamentais. O que uma pessoa pode fazer quando, por exemplo, não consegue matricular 
um filho numa escola pública ou não consegue vaga num CTI de um hospital público? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: O modo mais eficaz de assegurar um direito como estes que esteja 
sendo violado é se socorrer do Judiciário, entrando com uma ação contra o ente que está 
descumprindo o dever correspondente a estes direitos. Pode ser o Estado, o Município ou a União, 
ou algum outro ente público, como uma autarquia ou empresa pública. Em qualquer caso, deve o 
cidadão procurar a Defensoria Pública*1 de seu estado (para causas contra o estado ou o município) 
ou a Defensoria Pública Federal, de modo que se inicie um processo com um pedido liminar, 
 
 
18 
 
baseado na urgência-emergência da situação a ser tutelada. Assim, haverá rapidamente uma 
decisão judicial que irá assegurar ao cidadão, cujo direito foi violado, o reparo ou o cumprimento do 
dever correspondente. Também os escritórios-modelo das instituições universitárias e outras 
entidades de defesa de direitos possuem serviços de assistência jurídica gratuita ou a valores 
módicos, e são também ótimas opções para obter orientação e assistência jurídica, lembrando que a 
assistência de advogado é obrigatória nos processos judiciais. 
 
Rede Mobilizadores – Que recursos um cidadão deve utilizar para comprovar que um direito 
foi violado? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Documentos, como contratos, declarações escritas, cartas, e-mails, 
escrituras, fotografias, são bastante úteis. Testemunhas (pessoas sem relação familiar, ou de 
amizade íntima, ou inimizade com as pessoas envolvidas na situação que se pretende comprovar) 
que tenham presenciado ou participado dos fatos a serem comprovados. Por isso, é importante 
armazenar, ainda que em via digital, os comprovantes de tudo quanto se faça. Para um processo 
judicial a prova é muito importante, pois a regra é que cada um comprove o que alega, e, se assim 
não faz, a pessoa pode até não ter o seu direito reconhecido, por deixar de comprovar os fatos que 
lhe servem de fundamento. 
 
Rede Mobilizadores – Quando um cidadão deseja orientação sobre como proceder em relação 
a uma questão legal, que órgão pode procurar? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: As principais instituições que podem dar assistência ao cidadão, 
orientando-o, são a Defensoria Pública, o Ministério Público e a Ordem dos Advogados do Brasil. Os 
endereços das instituições são facilmente localizáveis através da internet, ou mesmo por meio das 
listas telefônicas de cada município. 
 
Rede Mobilizadores – O que é a Defensoria Pública? Quando é possível acioná-la e o que é 
preciso para isso? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Defensoria Pública é uma estrutura de órgãos públicos do Poder 
Executivo que substitui o advogado quando a pessoa tem um direito violado, pelo que precisa de 
representação diante da Justiça ou de outros órgãos, mas não pode pagar por esta assistência. 
Advogados concursados fazem essa assistência gratuita, atendendo, propondo demandas e 
acompanhandoos processos até seu final. Já o antigo Juizado de Pequenas Causas, hoje 
conhecido como Juizados Especiais, são órgãos do Poder Judiciário em que as pessoas que se 
sentem lesadas em questões de menor complexidade (causas em que o valor discutido é de até 40 
 
 
19 
 
salários mínimos, e que não precisem de prova pericial para serem decididas). Lá, as questões são 
levadas para serem decididas por um juiz. Nas causas de até 20 salários mínimos, o cidadão pode 
procurar o juizado para apresentar suas reclamações sem estar assistido por advogado. Nas causas 
acima desse valor o advogado é necessário. Não há custos para a propositura de uma ação em 
sede de Juizado Especial Cível, que é muito útil, por exemplo, para resolver questões de vizinhança 
ou reclamações sobre fornecedores. 
 
Rede Mobilizadores – E o Ministério Público? Quando ele pode ser acionado e o que é preciso 
para isso? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: O Ministério Público (MP)*2 também é um órgão do Poder Executivo, 
que tem uma atuação diferente da Defensoria Pública. Ele não atua representando uma pessoa, em 
nome dela, como seu advogado. Ao contrário, ele atua nas causas em que há interesse público 
envolvido, ou mesmo antes que haja processo, firmando Termos de Ajustamento de Conduta 
(TAC)*3, por exemplo. É importante ter em mente que o interesse público existe quando o bem 
afetado pertence a um dos entes federativos, quando direitos fundamentais são violados, quando 
direitos de menores ou idosos são ameaçados ou violados. Sempre que houver uma situação deste 
tipo, portanto, o MP pode ser acionado, por meio de sua ouvidoria – que recebe reclamações, 
comunicações de crimes e violações de direitos, as apura e dá o encaminhamento necessário dentro 
da estrutura do próprio Ministério Público – ou em suas diversas promotorias, como de tutela do 
consumidor, do meio ambiente, ou eleitoral. Compete, porém, ao próprio promotor de justiça avaliar 
se é caso de sua intervenção. Se não for, orientará o cidadão a como proceder. 
 
Rede Mobilizadores – E quando a violação do direito atinge toda uma comunidade, como, por 
exemplo, a falta de saneamento básico? O que os moradores podem fazer? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: O ideal é que procurem o Ministério Público, que poderá avaliar a 
situação com a isenção e o conhecimento necessários, optando aí, sim, pelo encaminhamento ideal 
da questão. 
 
Rede Mobilizadores – O que é a ação civil pública? E a ação civil popular? Em que situações 
elas podem ser usadas? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Ação civil pública é o instrumento legal de tutela dos interesses 
públicos ou coletivos. Há vários legitimados previstos em lei, como o Ministério Público, por exemplo, 
mas não pode ser proposta diretamente pelo cidadão. O melhor caminho é que o indivíduo 
realmente busque orientação, encaminhando a questão ao MP, que avaliará se é caso de ação civil 
 
 
20 
 
pública, ou da utilização de qualquer outro instrumento processual mais adequado ao caso. Já a 
ação popular pode ser proposta por qualquer cidadão no gozo de seus direitos políticos, e visa 
proteger o patrimônio público de atos de improbidade ou de má gestão. 
 
Rede Mobilizadores – Qual a importância de instrumentos como o Código de Defesa do 
Consumidor, o Estatuto da Criança e do Adolescente e o Estatuto do Idoso? Esses 
instrumentos têm ajudado a diminuir as violações de direitos? Por quê? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Estes códigos e estatutos são leis que regulam de maneira 
diferenciada os direitos de certos grupos sociais os quais, por suas características, são mais 
vulneráveis e, por isso, mais suscetíveis a sofrerem abusos e discriminações. Estabelecem direitos 
específicos de proteção ao consumidor, ao idoso, à criança e ao adolescente. Por estabelecerem 
direitos, não propriamente são instrumentos que reduzem as violações. Como leis, preveem, 
contudo, ferramentas que permitem assegurar maior proteção a estes grupos específicos. Mas o uso 
de tais ferramentas pressupõe certa cultura dos cidadãos, que, conhecendo seus direitos, procurem 
orientação e o cumprimento regular de seus direitos. 
 
Rede Mobilizadores – Muitas entidades oferecem serviços de assessoria jurídica gratuita e 
também algumas universidades contam com escritório modelo. Qual a importância desses 
instrumentos e como e quando eles podem ser usados? 
Juíza Luciana Leal Halbritter: A assessoria jurídica gratuita prestada por entidades como 
associações, ONGs e escritórios-modelo de universidades públicas e privadas prestam um grande 
serviço à sociedade, à medida que esclarecem dúvidas, dão orientação, e até representam as 
pessoas assistidas em processos judiciais e administrativos. Sempre que o cidadão se sentir lesado 
em um direito, ou mesmo tiver dúvidas a respeito de seus direitos e deveres, e de como agir em uma 
determinada situação, e não tiver condições financeiras de contratar um profissional, deve procurar 
instituições ou entidades que lhes orientem e adotem as providências cabíveis. Lembrando, é claro, 
que a avaliação da existência ou não de um direito a ser tutelado e da melhor forma de fazê-lo é do 
profissional que o atender. 
 
Rede Mobilizadores – Além de buscar valer seus direitos fundamentais, os cidadãos devem 
acompanhar a atuação de seus representantes nos poderes Executivo e Legislativo. Como 
eles podem fazer isso? Quais os principais canais para o controle social das ações dos 
governantes e dos parlamentares? 
 
 
21 
 
Juíza Luciana Leal Halbritter: Além da mídia (jornais, revistas, rádio, tevê), em que os cidadãos 
podem se atualizar e conhecer os fatos recentes envolvendo a atuação dos poderes do Estado e de 
seus representantes, os sites oficiais são melhores e principais fontes de informação de toda a 
atividade estatal. Nos sites da Câmara dos Deputados*4 e do Senado Federal*5 é possível 
acompanhar os projetos de lei em andamento. No site da Presidência*6, é possível se informar sobre 
toda a atividade executiva do estado, os programas de governo, e inclusive acessar toda a base 
legislativa federal de modo confiável. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)*7 é possível 
acompanhar todo o processo eleitoral, bem como o histórico dos candidatos, as notícias mais 
recentes sobre as eleições e, de lá, acessar os sites dos Tribunais Regionais Eleitorais. 
 
Todos os órgãos abaixo relacionados possuem ouvidorias que recebem ligações, 
correspondências e e-mails dos cidadãos, respondendo as suas dúvidas, sugestões e reclamações: 
 
*1 - Defensoria Pública: http://www.dpu.gov.br/ 
*2 – Ministério Público Federal: http://www.pgr.mpf.gov.br/ 
*3 – Termo de Ajustamento de Conduta (TAC): É um instrumento pelo qual o denunciado se compromete a sanar 
uma irregularidade. Assim, uma empresa que poluiu um rio, por exemplo, pode assinar um TAC se 
comprometendo em recuperar o local degradado e tomar providência para que o fato não mais ocorra. 
*4 – Câmara dos Deputados – http://www2.camara.gov.br/ 
*5 – Senado Federal – http://www.senado.gov.br/ 
*6 – Site da Presidência – http://www2.planalto.gov.br/ 
*7 – Tribunal Superior Eleitoral (TSE) – http://www.tse.jus.br/ 
 8 - Portal para participação dos cidadãos nas atividades do senado - https://www12.senado.leg.br/ecidadania 
 
 
Disponível em: http://www.mobilizadores.org.br/entrevistas/o-que-e-preciso-para-exercer-bem-os-
direitos-de-cidadania/. Acesso em: 17 jun. 2019 (adaptado). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
22 
 
E AGORA, BRASIL? SEGURANÇA PÚBLICA 
 
Um diagnóstico da violência no Brasil, os problemas e as propostas vindas de 
pesquisas, dados nacionais e internacionais e análises. 
 
 
Sinais de confrontos no Complexodo Alemão Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo 
 
Propostas para reduzir a violência 
A Folha consultou 42 estudos sobre diversos aspectos da Segurança Pública e da Justiça 
Criminal Brasileiras, examinou ainda ao menos três bases de dados e entrevistou 28 especialistas 
para se aproximar dos denominadores comuns no enfrentamento da violência e da criminalidade. 
 
1 - Coordenar instituições da segurança pública em nível federal e estadual 
Impacto Alto, pois otimiza os recursos existentes e evita redundâncias, diminuindo o tempo 
de resposta. Prazo Curto. O quê? Articular Polícia Militar, Polícia Civil, Ministério Público, 
Defensoria Pública, Tribunal de Justiça, sistema prisional, assistência social e prefeituras gera 
eficiência, assim como coordenar, numa instância nacional de cooperação, agentes de segurança 
federais, estaduais e municipais. Como? Por meio de lei que estabeleça instâncias e mecanismos 
de cooperação nacional e estaduais. Na falta de uma lei, convênios poderiam ser estabelecidos 
dentro dos estados e entre eles. 
 
 
23 
 
2 - Integrar bancos de dados e criar indicadores e métricas para avaliação de 
programas e políticas 
Impacto Alto, pois estabelece denominador comum, hoje inexistente, para geração de 
informações fundamentais ao planejamento do setor. Prazo Médio. O quê? Criar sistemas 
nacionais de dados sobre os crimes e seus autores, sobre a circulação de armas e sobre 
características balísticas dos disparos facilita o trabalho policial e a elaboração de políticas pública 
baseadas em evidências. Um instituto nacional, a exemplo do Inep (Instituto Nacional de Estudos e 
Pesquisas Educacionais), que padronize registros e integre dados, facilitaria essa gestão. Como? 
Depende de iniciativa e verba da União. Pode requerer lei que crie, defina e dê orçamento para o 
sistema de dados e o instituto nacional que os coordene. 
 
3 - Criar sistema de metas de elucidação de crimes violentos por estado 
Impacto Alto, pois, prioriza a apuração de crimes mais graves, ainda que dependa de outras 
variáveis, como formação de policiais e protocolos de investigação. Prazo Médio a longo. O quê? 
Incentivar o incremento da baixa taxa de elucidação de homicídios do Brasil (15% em média) pode 
reverter à sensação de impunidade e a desconfiança em relação às instituições de segurança 
pública. Fixar critérios de repasses de verbas federais tendo indicadores e metas como contrapartida 
é um dos caminhos possíveis. Como? União é indutora e precisa estabelecer as metas e seus 
parâmetros (a partir de indicadores), monitorar seu cumprimento e dispor da verba para os repasses. 
 
 
4 - Capacitar as polícias para a gestão de informação e análise criminal e voltá-
las para resolução de problemas 
Impacto Alto porque torna as 
polícias eficientes e flexíveis. Prazo Médio. 
O quê? A formação policial hoje no país é 
desigual, assim como o uso de dados para 
orientação dos trabalhos e de tecnologia 
para facilitá-lo. Há casos em que existem 
instrumentos disponíveis, mas ninguém 
sabe operá-los. Como? União deve criar 
base curricular nacional para as polícias 
 
 
24 
 
que privilegie estas capacidades; academias de polícia estaduais precisam adotar esses novos 
padrões e doutrinas de policiamento, focando na resolução de problemas. 
 
 
5 - Implementar políticas para juventude, reduzir a evasão escolar e diminuir 
vulnerabilidades 
Impacto Alto, pois diminui a porta de entrada de jovens no circuito da violência, criando 
alternativas a ela. Prazo Longo. O quê? Jovens pobres e negros são as principais vítimas de 
homicídios, mas também maioria entre os presos. Políticas sociais voltadas para os jovens, com foco 
na redução da evasão escolar, têm se provado eficazes na reversão desse quadro. Investimento em 
educação e redução das desigualdades, mesmo no longo prazo, é considerado redutor da 
criminalidade. Como? Estados e municípios investem em estratégias de prevenção da evasão 
escolar e de recuperação de jovens que abandonaram a escola, além de criar programas de 
acompanhamento de jovens tidos como problemáticos e daqueles egressos do sistema de medidas 
socioeducativas. 
 
6 - Aplicar penas alternativas e reservar prisão para os crimes violentos 
Impacto Alto, pois retira pessoas das prisões e do poder das facções, garantindo punição 
proporcional ao delito. Prazo Curto. O quê? É crescente o entendimento de que prisão deve ser 
reservada a criminosos violentos. Delitos menos graves, como furtos ou pequeno tráfico de drogas, 
podem ser punidos com penas alternativas, como prestação de serviços comunitários. Como? União 
e estados investem em sistemas de monitoramento eletrônico e em sua fiscalização, e Conselho 
Nacional de Justiça e Conselho Nacional do Ministério Público definem regras para a implementação 
dessas medidas cautelares e para sua fiscalização, formando redes de ONGs e empresas que 
acolham estes serviços prestados. 
 
7 - Eliminar subjetividade na aplicação da Lei de Drogas 
Impacto Alto, pois 28% dos presos brasileiros cumprem pena por tráfico de drogas. Prazo 
Médio a longo. O quê? Por não estabelecer quantidades para diferenciar uso de tráfico, a Lei de 
Drogas aumentou a condenação por tráfico, inclusive de usuários. Mais complexa é a discussão 
sobre a legalização progressiva das drogas, iniciada em unidades federativas dos EUA, no Uruguai e 
no Canadá. Embora vozes de peso levantem o tema, as circunstâncias políticas trabalham para 
 
 
25 
 
interditá-lo no Brasil. Como? Por meio de nova lei que defina critério quantitativo realista de 
diferenciação ou se Supremo Tribunal Federal julgar caso que crie jurisprudência sobre o tema. 
 
8 - Elevação de penas para crimes violentos e redução de sua progressão de 
regime 
Impacto Alto, se acompanhar mudança na Lei de Drogas e prioridade na investigação de 
crimes violentos; médio, se houver só maior investigação de crimes violentos; baixo, se for medida 
isolada. Prazo Médio a longo. O quê? O simples aumento de penas tem pouco ou nenhum efeito 
sobre a criminalidade. É a certeza de punição que torna a prática do crime um mau negócio. No 
entanto, penas muito baixas e excesso de atenuantes podem ter impacto negativo se contribuírem 
para a sensação de impunidade. Como? Com alterações no Código Penal, Código de Processo 
Penal e Lei de Execuções Penais. 
 
9 - Desmilitarização da polícia 
Impacto Incerto. Prazo Longo. O que? A desmilitarização da polícia no Brasil é uma 
mudança estrutural pensada para superação dos problemas atuais. Não é, contudo, garantia de 
solução. Polícias desmilitarizadas ainda podem ser violentas, corruptas e ineficazes. O caminho mais 
pragmático é promover melhorias incrementais dentro do atual modelo. Como? Por meio de Projeto 
de Emenda Constitucional (PEC). 
 
10 - Elaborar e implementar protocolos de uso da força para as polícias com 
metas e mecanismos de avaliação 
Impacto Alto, uma vez que as polícias brasileiras hoje são responsáveis por 7% dos 
homicídios do país. Prazo Curto. O quê? O uso excessivo da força letal promove o contexto de 
guerra entre policiais e criminosos, vitimando ambos. Em 2014, a polícia britânica matou 1 pessoa; a 
sul-africana, 331; a norte-americana, 1.000; a brasileira, 3.022. Programas que retiram das ruas 
policiais envolvidos em trocas de tiros e oferecem assistência psicológica já se mostraram eficazes. 
Como? As próprias polícias precisam criar esses protocolos e o Ministério Público deve fiscalizar 
seu cumprimento. 
 
 
 
 
 
26 
 
11 - Efetivar o controle externo da atividade policial pelo Ministério Público (MP) 
e por instância federal 
Impacto Alto.Prazo Médio. O quê? O MP é responsável constitucional pelo controle externo 
das polícias e precisa criar comissões para efetivar essa função, com foco na letalidade e na 
corrupção policiais. Na esfera nacional, uma inspetoria civil para fiscalizar as polícias e uma 
ouvidoria melhorariam este controle. Como? O Ministério Público precisa criar mecanismos de 
fiscalização, garantindo a investigação de desvios. A União estabelece estrutura, procedimentos e dá 
verba para inspetoria e ouvidoria. 
 
12 - Fim do Estatuto do Desarmamento 
Impacto Negativo. Prazo Curto. O quê? Há amplo entendimento entre especialistas 
nacionais e internacionais sobre a necessidade de conter a disponibilidade de armas. Quanto mais 
armas em circulação, maior a tendência de que ocorram crimes e mortes. Como? Legislativo revoga 
o estatuto antes mesmo de terem sido implementados seus dispositivos, como a integração do 
Sinarm (cadastro de porte de armas por civis, controlado pela Polícia Federal) e do Sigma (cadastro 
de produção de armas e de colecionadores de armas, controlado pelo Exército), nunca feita. 
 
13 - Redução da maioridade penal 
Impacto Negativo. Prazo Curto. O quê? A redução da maioridade penal é tema recorrente, 
em especial quando ocorre crime chocante cometido por adolescente. Países adotam diferentes 
idades. A redução no atacado levaria ao aumento da população carcerária, facilitando o 
recrutamento de jovens por facções e negando-lhes a oportunidade de reinserção social - a 
experiência da prisão é tida como "criminogênica". Arranjos como o aumento do tempo de internação 
em medida socioeducativa para determinados crimes poderia, ao contrário, ter algum efeito 
dissuasório, portanto, positivo. Como? Lei reduziria a idade em que indivíduos podem ingressar no 
sistema prisional. 
 
 
Disponível em: https://temas.folha.uol.com.br/e-agora-brasil-seguranca-publica/como-
avancar/propostas-para-reduzir-a-violencia.shtml. Acesso em: 19 jun. 2019 (adaptado). 
 
 
 
 
27 
 
A ORIGEM E ASCENÇÃO DAS MILÍCIAS 
 
Alexandre Versignassi 
 
 
 
Robber holding a gun at abandoned building. Low key photo and selective focus. criminality concept. (seksan 
Mongkhonkhamsao/Getty Images) 
 
“Milícia” é um eufemismo para “máfia”. São os moradores das áreas controladas por milícias. 
Uma máfia formada por ex-policiais, policiais na ativa, policiais expulsos, carcereiros e leões de 
chácara em geral que se mostrem leais ao sistema e não vomitem depois de cortar a cabeça de 
alguém a mando dos chefes. O serviço que uma milícia presta é o de segurança. Num primeiro 
momento, segurança contra a ação de bandidos comuns. Num segundo, segurança contra a ação da 
própria milícia. As milícias são as grandes suspeitas pela morte de Marielle Franco. Em outro 
assassinato, o da juíza Patrícia Acioli, em 2011, não se trata de mera suspeita. A magistrada era 
conhecida por condenar bandidos fardados com o mesmo rigor com que se condena bandidos não 
fardados. Terminou executada com 21 tiros. Onze Policiais Militares (PMs) foram condenados. 
Vamos entender melhor de onde veio essa máfia, e como os tentáculos dela chegaram à política. 
 
 
 
 
 
 
28 
 
Grupos de extermínio 
 
A raiz das milícias está nos grupos de extermínio – gangues de policiais e ex-policiais que 
passaram a vender serviços de “proteção privada” a comerciantes na década de 1960. Eram 
assassinos de aluguel que agiam sob as bênçãos da ditadura militar. Os generais, afinal, usavam os 
serviços desses grupos para caçar “subversivos”, ou seja, qualquer um que representasse uma 
ameaça ao seu poder. O fim da ditadura não acabou com os grupos de extermínio. Tanto que a 
Chacina da Candelária, em 1993, foi obra de um deles. Atiradores dispararam contra 60 crianças e 
adolescentes que dormiam do lado de fora da Igreja da Candelária, no centro da cidade do Rio de 
Janeiro, num atentado que terminou com oito mortos. Três PMs acabaram condenados, todos com 
penas superiores a 200 anos. Nota: nenhum passou muito tempo preso. O último deles saiu da 
cadeia faz tempo, em 2012. No começo do século 21, esses grupos sofisticaram sua operação. Em 
vez de agir meramente como mercenários, tomaram o controle de regiões carentes da cidade. 
Tornaram-se um Estado paralelo, com exército próprio. Consolidavam-se, assim, como milícias 
propriamente ditas. Elas começaram matando e repelindo traficantes. Para demonstrar seu poder, 
adotaram justamente à estratégia dos antigos grupos de extermínio: largar na rua os corpos 
daqueles que abatiam. Na prática, substituía-se um crime organizado por outro. Mas, ao prover uma 
paz aparente, em contraste com a insegurança ainda maior nos territórios do tráfico, as milícias 
conseguiram consolidar seus domínios, principalmente na Zona Oeste do Rio. Em troca, passaram a 
cobrar taxas sobre vários setores da economia local: o de energia (botijões de gás), o de 
entretenimento (gatonet), o de transporte (vans de lotação), o de imóveis (tomando terrenos de 
moradores e alugando para lixões clandestinos). Tudo isso mais o velho serviço mafioso de 
proteção. Passaram a cobrar coisa de R$ 10 mil por mês de pequenas empresas para que não 
fossem assaltadas, não tivessem seus empregados atacados nem seus caminhões roubados. No 
fim, as milícias acabaram formando uma corporação multimilionária à margem da lei. Para se ter 
uma ideia: só com o que elas extorquem dos motoristas de lotação nos bairros de Campo Grande e 
Santa Cruz, na Zona Oeste da cidade do Rio de Janeiro, de acordo com o Ministério Público, as 
milícias tiram R$ 27 milhões por mês. 
 
Acordos com o tráfico 
 
Com o tempo, a linha que dividia milícia e tráfico ficou mais tênue. Várias milícias passaram a 
oferecer proteção para traficantes, contra a ação de grupos rivais, e a lucrar elas também com o 
comércio de cocaína. De acordo com especialistas, a facção com mais acordos com as milícias é o 
 
 
29 
 
Terceiro Comando Puro, que controla o complexo de Acari, na Zona Norte do Rio de Janeiro – o 
mesmo onde a vereadora Marielle Franco denunciava abusos policiais. O Comando Vermelho (CV) 
também estaria na lista de parceiros. Em 2015, o jornal O Dia relatou que uma milícia tinha vendido 
o Morro do Jordão, em Jacarepaguá, no Rio de Janeiro, para o CV. A facção teria pagado R$ 3 
milhões para instalar suas bocas de tráfico ali. “Esses paramilitares podem criar uma nova forma de 
negócio. Tomar comunidades e vendê-las. Passar o ponto”, disse à época o ex-oficial do Bope Paulo 
Storani, hoje um sociólogo especializado em segurança pública. O perfil das milícias também está 
mudando. 42 dos 143 milicianos presos em 2010 eram PMs da ativa. Em 2016, essa proporção caiu 
para dez PMs da ativa entre 155 milicianos presos. Uma tradição miliciana, porém, segue firme: a 
infiltração na política. Além de lançar candidatos milicianos, eles influem em todo o processo 
eleitoral. Nas eleições municipais de 2016, o jornal O Globo investigou que milicianos cobravam uma 
licença para propaganda política e comícios em áreas dominadas. Também selavam acordos de 
distribuição de cargos para milicianos, no caso de vitória. Ao se vincular a políticos, em vez de 
apresentar candidatos próprios, as milícias teriam a vantagem dupla de se instalar no poder público, 
mas sem mostrar a sua cara. 
 
O que nos resta 
 
Milicianos, traficantes, políticos parasitas. Essa fauna forma um enclave de barbárie na 
segunda maior metrópole do País (e não só nela). Um enclave que não respeita os valores mais 
básicos da civilização, a começar pelo direito à vida, que foi tirado de Marielle Franco em 14 de 
março de 2018. A vereadora lutava contra o banditismo fardado, tal como PatríciaAcioli. Só que sair 
desse episódio de terror vendo todo Policial Militar como um miliciano é tão obtuso quanto achar que 
todo morador de favela é ladrão, tão acéfalo quanto bradar que Marielle Franco “defendia bandido”. 
Os policiais honestos são tão vítimas dessas máfias quanto os cidadãos das comunidades 
infestadas pelo crime. O fato é que existe um conflito sério em andamento. E ele só vai acabar se a 
sociedade for tão dura contra o crime quanto o crime é duro contra a sociedade. Tal dureza, porém, 
só faz sentido se for usada com tolerância zero a abusos de poder por parte das autoridades, porque 
esse mesmo abuso é o que deu origem à máfia das milícias. 
 
 
Disponível em: https://super.abril.com.br/sociedade/a-origem-e-a-ascensao-das-milicias/. Acesso em: 
18 jun. 2019. 
 
 
 
 
30 
 
15 DE JUNHO: DIA MUNDIAL DE CONSCIENTIZAÇÃO 
DA VIOLÊNCIA CONTRA A PESSOA IDOSA 
 
José Luiz Telles 
 
 
 
O dia 15 de junho marca o Dia Mundial de 
Conscientização da Violência contra a 
Pessoa Idosa. A data foi instituída em 2006, 
pela Organização das Nações Unidas 
(ONU) e pela Rede Internacional de 
Prevenção à Violência à Pessoa Idosa. O 
objetivo da data é criar uma consciência 
mundial, social e política da existência da violência contra a pessoa idosa, e, simultaneamente, 
disseminar a ideia de não aceitá-la como normal. 
 
Confira a íntegra da Nota Pública divulgada pelo Conselho Nacional dos Direitos do 
Idoso: 
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA - SECRETARIA ESPECIAL DOS DIREITOS HUMANOS 
 15 de junho: Dia Mundial de Conscientização da Violência contra a Pessoa Idosa 
• O Conselho Nacional dos Direitos do Idoso, órgão superior de natureza e de liberação 
colegiada, permanente, paritário e deliberativo, integrante da estrutura regimental da Secretaria 
Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República, vem publicamente externar à 
sociedade brasileira, às instituições governamentais e não governamentais, às lideranças municipais 
e estaduais, aos grupos e demais instâncias onde se reúnem pessoas idosas nos municípios que 
compõem nossas unidades federativas a importância de se viabilizar, no âmbito de suas respectivas 
competências e esferas de atuação, ações relativas à conscientização da Violência contra a Pessoa 
Idosa. 
• A Organização das Nações Unidas (ONU) e a Rede Internacional de Prevenção à Violência 
à Pessoa Idosa declararam o dia 15 de junho como o Dia Mundial de Conscientização da Violência 
 
 
31 
 
contra a Pessoa Idosa, tendo sido celebrado pela primeira vez em 2006, com realização de 
campanhas por todo o mundo. A violência contra a pessoa idosa é e deve ser entendida como uma 
grave violação aos Direitos Humanos. 
• O principal objetivo do dia 15 de junho é criar uma consciência mundial, social e política, da 
existência da violência contra a pessoa idosa, além de, ao mesmo tempo, disseminar a ideia de não 
aceitá-la como normal. Na esteira deste movimento mundial deve-se incentivar a apresentação, o 
debate e o fortalecimento das mais diversas formas da prevenção. 
• Neste sentido, é mister registrar a satisfação deste Colegiado Nacional em tomar 
conhecimento das ações que já vem sendo desenvolvidas em diversos municípios brasileiros, bem 
como recomendar a todos os conselhos estaduais dos direitos do idoso que envidem esforços para a 
mobilização dos conselhos municipais, organizações da sociedade civil e mesmo os órgãos 
governamentais no âmbito da sua esfera de atuação para que haja manifestações, atos públicos e 
atividades que tragam o tema da violência contra a pessoa idosa como um tema de visibilidade 
pública. 
• Por fim, convém recomendar que, sempre que possível, todos os eventos e atividades 
desenvolvidas para a conscientização da violência procurem abordar a necessidade de articulação 
em rede para o enfrentamento do fenômeno. Sabe-se que a construção efetiva de uma rede 
somente pode se dar em torno de situações concretas, como é o caso da violência. 
 
José Luiz Telles 
Presidente do Conselho Nacional dos Direitos do Idoso 
Secretaria Especial dos Direitos Humanos / Presidência da República 
 
 
Disponível em: https://www.muvucapopular.com.br/curiosidades/15-de-junho-dia-mundial-de-
conscientizacao-da-violencia-contra-a-pessoa-idosa/20150. Acesso em: 21 jun. 2019. 
 
 
 
 
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FEMINICÍDIO: O QUE É, TIPOS E EXEMPLOS! 
 
Renata Celi 
 
Os números de feminicídio 
aumentam a cada ano em nosso 
país, que lidera o ranking mundial 
de mortes contra mulheres e 
violência doméstica das mais 
variadas formas. Além disso, todos 
os dias, um novo crime dessa 
categoria é estampado nas páginas 
dos jornais, fato que é evidenciado 
pela alta taxa de assassinatos no 
Brasil, sendo 4,8 para cada 100 mil mulheres, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 
Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), 15 mulheres são assassinadas por 
dia, em média, e os agressores, em sua grande maioria, são os seus próprios parceiros, familiares 
ou pessoas do convívio. A omissão dos que presenciam cenas de violência e não fazem nada 
ajuda a aumentar essa estatística. A antiga frase “em briga de marido e mulher não se mete a 
colher” caiu por terra, sendo “Denuncie!” a nova palavra de ordem. 
 
O conceito de feminicídio 
 
É classificado como feminicídio quando ocorre um assassinato e a causa está diretamente 
relacionada com o gênero — em outras palavras, é o homicídio feminino. Quase todos os crimes 
contra mulheres estão relacionados com a questão do ódio baseado no gênero, poucos são os 
casos que têm por motivação outros fatores. Grande parte dos motivos estão relacionados com o 
machismo e o sentimento de posse e de autoridade que os homens tentam impor às mulheres que 
fazem parte, de alguma maneira mais íntima ou não, do seu círculo social. Alguns dos motivos são: 
ciúmes, sensação de posse, desprezo, sentimentos de perda, pensar que a mulher lhe deve 
submissão e obediência ou que pode controlá-la. A frase icônica para esses tipos de crimes se 
resumem em “a mulher é morta simplesmente por ser mulher”. 
 
 
 
33 
 
Desse modo, o feminicídio se caracteriza pelas seguintes situações:  agressões físicas;  agressões 
psicológicas;  agressões sexuais;  cárcere privado; 
 estupro;  tráfico de mulheres;  espancamento;  mutilações;  escravidão sexual; 
 perseguição;  crimes de honra;  torturas;  misoginia;  abusos. 
 
Feminicídio no Brasil 
 
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a taxa de feminicídio do Brasil é a 5ª maior do 
mundo — e ela se torna ainda maior quando se trata de mulheres negras e de minorias étnicas. O 
atual Ministério da Mulher da Família e dos Direitos humanos (MMFDH), antigo Ministério dos 
Direitos Humanos, é o responsável no Governo Federal quando o assunto é violência contra a 
mulher. Faz parte desse ministério a Central de Atendimento à Mulher em violência que tem o “ligue 
180”, número no qual são feitas as denúncias de agressões às mulheres. Essa linha funciona 24 
horas todos os dias, incluindo feriados e fins de semana para denúncias de violência contra a mulher 
que são encaminhadas às Delegacias Especializadas de Atendimento à Mulher, o DEAM. 
 
Taxa de feminicídio no Brasil 
 
De janeiro a julho de 2018, a Central de Atendimento à Mulher registrou: 
 27 feminicídios; 
 547 tentativas de feminicídios; 
 51 homicídios; 
 118 tentativas de homicídios. 
 
Nesse período, os relatos de violência chegaram a 79.661, sendo o maior quantitativo 
relacionados à violência física (37.396) e psicológica (26.527). No total, em 2018 foram registradas 
92.323 denúncias. Sendo que os principais tiposde agressões em 2018 foram: 
  Violência física 30.918;  Tentativa de feminicídio 7.036;  Violência psicológica 23.937; 
 Violência sexual 4.491;  Violência doméstica e familiar 15.803;  Violância moral 3.960.
 
 
 
 
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Tipos de feminicídio 
 
Há classificações entre os tipos de feminicídio, isto é, infelizmente as mulheres são vítimas 
sob diferentes perspectivas, podendo essas modalidades de violência se manifestarem de forma 
simultânea ou isolada. 
 
Violência doméstica 
 
É o abuso físico e emocional exercido pelo agressor — geralmente o homem de convívio 
íntimo da mulher, como marido, namorado, noivo etc. — para com a sua vítima. Entre a violência 
doméstica, ainda cabe destacar outras variações: 
 
Violência emocional 
 
É a tortura psicológica, que consiste em ameaças, humilhações em público e na presença de 
familiares, menosprezar, fazer a vítima se sentir inútil, incapaz de ser feliz e de ser autossuficiente. 
 
Violência social 
 
Quando a mulher é impedida de manter contato social, seja com a família, seja com os 
amigos. Um dos comportamentos do agressor é, por exemplo, controlar as ligações telefônicas, o 
uso do celular e das redes sociais da vítima. 
 
Violência física 
 
Ocorre quando é feita a agressão física propriamente dita, ou seja, empurrar, socar, esmurrar, 
golpear, estrangular e queimar. 
 
Violência financeira 
 
Quando o agressor ameaça retirar o apoio financeiro como forma de manter o controle sobre 
a mulher. Fiscalizar, ordenar e monitorar os gastos de forma abusiva também é classificado como 
um tipo de violência doméstica. 
 
 
 
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Violência sexual 
 
Pressionar a mulher a protagonizar atos sexuais que ela não queira, forçando-a a ter relações 
sexuais desprotegidas, bem como obrigá-la a se relacionar com outras pessoas também são atos 
caracterizados como uma forma de feminicídio. 
É importante destacar que as vítimas de violência doméstica não têm um perfil em comum, 
ou seja, não há um padrão entre elas. Isso quer dizer que elas podem ser qualquer tipo de mulher: 
pobre ou rica, negra ou não negra, 
estudada ou analfabeta, religiosa 
ou não. 
Com a Lei Maria da 
Penha, que é a Lei 11.340 de 
2006, a proteção à mulher que 
sofre de violência doméstica 
aumentou, assim como as 
punições ao agressor que também 
se tornaram mais rigorosas. 
Maria da Penha é uma 
mulher real, que sofreu, durante 
23 anos, vários tipos de violência 
doméstica por parte do então marido, incluindo tentativa de assassinato. Felizmente, ela sobreviveu, 
porém, as consequências dos atos do agressor a deixou paraplégica. 
 
Lei do feminicídio no Brasil 
 
A lei 13.104 de 2015 alterou o código penal do Brasil para incluir o feminicídio como uma 
forma de crime hediondo. Isto é, quando um crime for praticado contra uma mulher tendo como 
causa a razão da condição enquanto sexo feminino, o agressor responderá judicialmente por um 
crime de natureza hedionda. Sendo assim, A lei do feminicídio traz uma nova modalidade de 
homicídio qualificado. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
Código Penal feminicídio 
 
Depois da lei 13.104 de 2015, o feminicídio faz parte do nosso código penal, e tal crime passa a 
fazer parte dos crimes hediondos, sendo a pena prevista para o homicídio qualificado de 12 a 30 
anos de prisão. É preciso ficar atento ao quão difícil é para estas mulheres se desvincularem dos 
agressores, de fazerem a denúncia e de conseguirem a liberdade de uma maneira humana e justa. 
Portanto, fica clara a importância de se promover medidas que incidem na redução do feminicídio 
no mundo, visando extinguir qualquer tipo de violência contra o sexo feminino. 
 
 
 
Disponível em: https://www.stoodi.com.br/blog/2019/04/23/feminicidio-o-que-e/. Acesso em: 21 jun. 
2019. 
 
 
 
SAIBA A DIFERENÇA ENTRE IMIGRANTE, MIGRANTE E 
REFUGIADO E AS DATAS DEDICADAS A ELES 
 
 
 
(Vic Hinterlang/ Shutterstock) 
No dia 27 de maio de 2019, foi divulgada no Vaticano a Mensagem do Papa Francisco para o 
Dia Mundial do Migrante e do Refugiado 2019, que será celebrado no dia 29 de setembro de 2019. 
 
 
37 
 
O Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados passa agora a ser celebrado no último 
domingo de setembro. A comemoração foi alterada de 14 de janeiro para esta nova data a 
pedido de várias Conferências Episcopais. Na mensagem deste ano o Papa, reforça que a 
resposta ao desafio das migrações pode ser resumida em quatro verbos: acolher, proteger, 
promover e integrar. A data foi originalmente instituída pelo Papa Pio X, em 1914 e, desde 
1996, cita em seu nome oficial, além dos migrantes, também os refugiados. A Cúria Romana 
dispõe de um organismo próprio para tratar do assunto desde 1912, com o Ofício Especial para 
a Imigração, instituído por Pio X. Antes, era a Congregação para a Propagação da Fé que cuidava 
dos migrantes. A repartição ganhou grande impulso de Pio XII, que em 1952 publicou a constituição 
apostólica Exsul Familia, primeiro documento eclesial dedicado especialmente ao tema. 
Em 1970, Paulo VI deu mais autonomia ao órgão, tornando-o a Pontifícia Comissão para o 
Cuidado Espiritual dos Migrantes e Itinerantes, renomeado em 1988 como Pontifício Conselho 
para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes. Finalmente, no início de 2017, o organismo se tornou 
a Seção Migrantes e Refugiados, dentro do novo Dicastério para o Serviço do 
Desenvolvimento Humano Integral. O fato curioso é que, em um movimento inédito, o Papa 
Francisco nomeou-se como responsável direto pela seção. Além do dia 29 de setembro 
próximo, outras datas recordam os migrantes e refugiados na esfera internacional e nacional, tanto 
na Igreja quanto em organismos da sociedade. O grande número de datas muitas vezes confunde as 
pessoas. Por isso, o A12 lista todas aqui, para você conferir sempre que precisar. 
 
A Organização das 
Nações Unidas (ONU) tem 
duas datas significativas, 
criadas no ano 2000: 
  18 de dezembro, que é 
o Dia Mundial do Migrante ou 
das Migrações; 
  20 de junho, o Dia 
Mundial do Refugiado. 
 
 
 
 
38 
 
No Brasil, no dia 25 de junho (ou no domingo que precede este dia), é celebrado o Dia do 
Migrante, data que foi instituída pela CNBB (Conferênica Nacional dos Bispos do Brasil). O dia 
é precedido pela Semana Nacional do Migrante, que em 2019 está na sua 34ª edição. O objetivo é 
mobilizar as comunidades em todo o Brasil para refletir sobre um tema relacionado à realidade 
da migração. Promovida pelo Serviço Pastoral dos Migrantes Nacional (SPM), a semana produz 
materiais de divulgação como cartazes, texto-base e um livro com sugestões de encontros. 
Outra data também é comemorada desde que foi criado um decreto, em 14 de novembro de 
1957, quando o documento nº 30.128, assinado pelo então governador de São Paulo, Jânio 
Quadros, determinou o 1º de dezembro como Dia do Imigrante. Essa data foi escolhida para 
coincidir com o período do Advento, que significa "vinda, chegada". Porém, no Memorial do 
Imigrante, localizado na capital paulista, a festa acontece em 25 de junho, mesmo dia que foi 
instituído pela CNBB. 
 
Imigrante, migrante, refugiado. Qual a diferença? 
 
Imigrante é aquele que imigra, ou seja, aquele que entra em um país estrangeiro, com o 
objetivo de residir ou trabalhar. Portanto, o termo "imigração" é usado para a entrada de 
pessoas em um país estrangeiro, enquanto "emigração" significa o movimento de saída de 
pessoas de um país para morar em outro. 
Migração também significa um movimento, mas pode ser utilizado para descrever 
a mudança entre regiões. Ex: Eduardo migrou

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