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1 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) AULA 11. RITO ORDINÁRIO ........................................................ 71 AUL 13. LEI DE EXECUÇÃO PENAL ....................................... LEI DE EXECUÇÃO PENAL PROFESSOR JONATAS JORGE (J.J.) 2 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) LEI DE EXECUÇÃO PENAL Considerações Iniciais Vamos iniciar nosso estudo de Execução Penal falando de alguns tratados internacionais que costumam ser cobradas em concursos. REGRAS DE MANDELA Fundamentos A preocupação primordial das Regras de Mandela é a dignidade dos presos, bem como a questão humanizada do sistema penal. Objetivo Visa o fornecimento de instruções para o enfrentamento da negligência estatal, prestigiando a dignidade daqueles em situação de privação de liberdade para devolver‐ lhes a essência de seres humanos que são. Impõe o respeito pelo Estado aos direitos do preso, e a proteção destes contra qualquer espécie de tratamento ou castigo degradante ou desumano.Ressalta-se que as Regras de Mandela não foram o primeiro documento a tratar acerca da dignidade do preso. São na verdade uma atualização, uma revisão das Regras Mínimas para o Tratamento de Presos, fruto do 1ª Congresso das Nações Unidas, ocorrido em Genebra, sobre a Prevenção do Crime e o Tratamento dos Delinquentes. Práticas Proibidas Seguindo as Regras de Mandela, algumas práticas são proibidas, vejamos: a) Confinamento solitário indefinido (não confundir com o RDD, pois possui prazo). b) Confinamento solitário prolongado; c) Encarceramento em cela escura ou constantemente iluminada; d) Castigos corporais ou redução da dieta ou água potável do preso; e) Castigos coletivos. REGRAS DE BANGKOK Conceito As Regras de Bangkok são as Regras das Nações Unidas para o tratamento de mulheres presas, bem como medidas não privativas de liberdade para mulheres infratoras. Desta forma, podemos afirmar que as Regras de Bangkok são uma fusão das alternativas penais com a dignidade das presas. As Regras de Bangkok não excluem as regras de Mandela, pois vige aqui o caráter de complementaridade. Objetivo 3 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Segundo o Ministro Ricardo Lewandowski: “Essas Regras propõem olhar diferenciado para as especificidades de gênero no encarceramento feminino, tanto no campo da execução penal, como também na priorização de medidas não privativas de liberdade, ou seja, que evitem a entrada de mulheres no sistema carcerário. Embora se reconheça a necessidade de impulsionar a criação de políticas públicas de alternativas à aplicação de penas de prisão às mulheres, é estratégico abordar o problema primeiramente sob o viés da redução do encarceramento feminino provisório. De acordo com as Regras de Bangkok, deve ser priorizada solução judicial que facilite a utilização de alternativas penais ao encarceramento, principalmente para as hipóteses em que ainda não haja decisão condenatória transitada em julgado. ” ALGEMAS x GESTANTES Importante salientar a redação dada pela Lei 13.434, de 2017, ao parágrafo único do art. 292 do CPP, vejamos: Art. 292, Parágrafo único. É vedado o uso de algemas em mulheres grávidas durante os atos médico-hospitalares preparatórios para a realização do parto e durante o trabalho de parto, bem como em mulheres durante o período de puerpério imediato. (Redação dada pela Lei nº 13.434, de 2017) Além disso, o Decreto 8.858/2016 regulamentou o uso de algemas, nos termos do art. 199 da LEP, trazendo em seu art. 3º a vedação da utilização de algemas em mulheres presas em qualquer unidade do sistema penitenciário nacional, nas seguintes situações: a) durante o trabalho de parto, b) no trajeto da parturiente entre a unidade prisional e a unidade hospitalar e c) após o parto, durante o período em que se encontrar hospitalizada. Por fim, salienta-se que o CNJ reconhece que a Lei 13.434 foi fruto das Regras de Bangkok. REGRAS DE PEQUIM (BEIJING) São, em suma, as Regras de Mandela tendo como foco adolescentes infratores. Vejamos as observações feitas pelo Ministro Ricardo Lewandowski, “inspeções realizadas pelo CNJ, em centros de internação e de cumprimento de medidas socioeducativas, nos últimos anos, constataram uma realidade bastante diversa daquela idealizada pelo legislador. Crianças e adolescentes foram encontrados cumprindo medidas socioeducativas em estabelecimentos superlotados, expostos a estruturas precárias e sujas, sem acesso à educação, profissionalização ou plano de atendimento pedagógico, com segurança efetivada por policiais militares. Pior: notou-se, ainda, que agressões físicas ou psicológicas eram práticas constantes em várias dessas unidades inspecionadas. ” (Ricardo Lewandowski). As Regras de Pequim são inseridas no contexto da humanização do cumprimento de medidas socioeducativas. 4 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) DIRETRIZES DE RIAD São diretrizes fixadas para a prevenção da delinquência juvenil. REGRAS DE RIAD x REGRAS DE PEQUIM REGRAS DE RIAD- Focam na prevenção aos atos infracionais REGRAS DE PEQUIM- Trazem normas para o tratamento mais humanizado do adolescente que está cumprindo medida socioeducativa. REGRAS DE TÓQUIO As Regras de Tóquio surgiram como uma alternativa penal, da necessidade de se encontrar uma opção ao cárcere. Percebendo-se que a prisão não regenera, que a prisão estigmatiza e que a prisão humilha, buscou-se encontrar uma solução mais humanitária. Salienta-se que a ideia de que a prisão não é a melhor alternativa penal não é nova, desde Beccaria, passando por Michel Foucault com as obras Dos Delitos e Das Penas e Vigiar e punir, respectivamente, criticava-se o modelo de punição, exigindo-se respeito aos direitos fundamentais. A principal proposta das Regras de Tóquio é um Direito Penal Humanitário, buscando penas não privativas de liberdade, penas alternativas. No Brasil, a Lei 9.099/95, com seus institutos despenalizadores, pode ser considerada como um reflexo das Regras de Tóquio. Além disso, podemos citar a Lei 9.714/98 que reformou o Código Penal, trazendo alternativas ao encarceramento, privilegiando as penas restritivas de liberdade. Agora vamos para o texto da Lei de Execução Penal. TÍTULO I Do Objeto e da Aplicação da Lei de Execução Penal A Lei de Execução Penal (LEP) é considerada por diversos estudiosos uma das mais avançadas do mundo em termos humanitários, apesar de, na prática, não ser integralmente aplicada. Em primeiro lugar, devemos saber o Direito de Execução Penal deve ser enxergado como um ramo do Direito Público que se destina ao cumprimento da sanção penal e norteado por regras e princípios próprios, porém umbilicalmente ligado ao Direito Processual Penal e Direito Penal (itens 9 a 12 da Exposição de Motivos da LEP). A execução penal é um procedimento previsto em lei que tem por finalidade a aplicação da sanção penal (pena ou medida de segurança) fixada na decisão judicial (sentença ou acórdão). A execução é a fase do processo penal em que o Estado aplica a punição ao agente criminoso. A execução penal não deixa de ser um processo jurisdicional, apesar de estar vinculado à atividade administrativa, responsabilidade precípuado Poder Executivo. 5 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Trata-se, portanto, de atividade desenvolvida simultaneamente nos planos judicial e administrativo. Em razão dessa finalidade e para atender o princípio da individualização da pena, é realizado um procedimento executório para cada condenado, ainda que, num único processo de conhecimento (condenatório), a ação penal tenha sido julgada procedente e condenado simultaneamente vários acusados. Vale dizer, para cada acusado instaura-se um procedimento executório. "Pena. Regime de cumprimento. Progressão. Razão de ser. A progressão no regime de cumprimento da pena, nas espécies fechado, semiaberto e aberto, tem como razão maior a ressocialização do preso que, mais dia ou menos dia, voltará ao convívio social. Pena. Crimes hediondos. Regime de cumprimento. HC 82.959, rel. min. Marco Aurélio, julgamento em 23-2-2006”. A partir deste julgado da Suprema Corte, podemos verificar que o principal papel da Execução Penal é reinserir o preso ao convívio social. Daí, por dedução e sem maiores esforços podemos responder a seguinte questão: (SOUSANDRADE/ASP-GO/2009) Nos exatos termos da lei, é CORRETO afirmar que a execução penal a) tem por objetivo manter o sentenciado nos estritos limites da unidade prisional. b) tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. c) tem a função de impor uma pena razoável ao criminoso para que, pelo arrependimento, ele não retorne ao convívio social ainda propenso ao cometimento de crime. d) tem por objetivo a imposição de uma pena proporcional ao crime cometido. Se você marcou letra “B” está correto. 6 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Natureza Jurídica da Execução Penal Não há consenso na doutrina sobre a natureza jurídica da execução penal. A seguir veremos as três correntes sobre o tema: 1ªCORRENTE - caráter puramente administrativo. Não prevalece, pois, a execução não tem natureza de caráter puramente administrativo, eis que há na execução penal, em todo momento, decisões jurisdicionais 2ªCORRENTE – caráter eminentemente jurisdicional. Igualmente, não é a corrente que prevalece, pois na execução penal não há exclusividade de atos jurisdicionais. 3ªCORRENTE – caráter misto (administrativo + jurisdicional). Essa corrente é a que prevalece, a execução penal tem natureza de caráter misto. Segundo Ada Pellegrini, “a execução penal é atividade complexa, que se desenvolve, entrosadamente, nos planos jurisdicional e administrativo. Nem se desconhece que dessa atividade participam dois Poderes estatais: o Judiciário e o Executivo, por intermédio, respectivamente, dos órgãos jurisdicionais e dos estabelecimentos penais”. Não há execução sem título judicial. Com isso, podemos concluir que o pressuposto para a execução penal é a existência do trânsito em julgado de uma sentença penal condenatória ou uma sentença absolutória imprópria, que impõe medida de segurança, ou, ainda, de uma sentença que homologa a transação penal (art. 76 da Lei n” 9.099/95). Já o início da execução da pena restritiva de direitos será feito depois do trânsito em julgado da sentença condenatória e após o juízo da execução receber a guia, conforme determina o art. 147 da LEP Verificado o trânsito em julgado e detido o condenado a pena privativa de liberdade, caberá ao Juízo em que tramitou a ação penal providenciar e encaminhar a guia de recolhimento (carta de guia) ao Juízo da execução, nos termos do artigo 105 da LEP. Por sua vez, recebida a carta de guia, restará o Juízo da Execução, por impulso oficial, iniciar a execução penal. Se o condenado for agraciado com o benefício da suspensão condicional da pena privativa de liberdade (sursis), o começo da execução se dará com a realização da audiência admonitória. 7 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Sentença absolutória imprópria é aquele em o agente é absolvido em razão de ser inimputável, sofrendo, assim, a incidência de uma medida de segurança, que pode ser detentiva (cumprida em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico Î art. 96, I, do CP comum) ou restritiva (tratamento ambulatorial art. 96, II, do CP comum). O único legitimado para a execução penal é o Estado, ainda que a ação penal tenha sido ajuizada por um particular. Vale dizer, o Estado autoriza o particular a promover a ação penal (jus persequendi in judicio) nas hipóteses previstas em lei, porém não delega a ninguém o direito de punir (jus puniendi), cabendo ao Poder Público o dever de agir de ofício na seara da execução penal. Execução Penal Provisória É possível figurar como executado aquele que tem contra si uma sentença penal condenatória, ainda não transitada em julgado para a defesa. Estamos falando da execução penal provisória A regra é a execução penal ter início após o manto da coisa julgada da decisão (sentença ou acórdão), fenômeno que ocorre somente após o trânsito em julgado para ambas as partes (acusação e defesa). É possível falar em execução penal provisória quando o acusado está detido cautelarmente em decorrência de uma prisão temporária ou uma prisão preventiva efetivada no momento da pronúncia (rito do Júri)? Não. Pois, não há qualquer pena fixada em desfavor desse preso cautelar. Como verificar a concessão de qualquer benefício executório se não há uma pena (parâmetro). A Execução provisória da pena somente após o trânsito em julgado para a acusação, o que pressupõe a existência de uma pena estabelecida em decisão judicial. Nesse sentido que foram editadas 2 súmulas do STF. Vejamos. Súmula 716 do STF: Admite-se a progressão de regime de cumprimento de pena ou a aplicação imediata de regime menos severo nela determinada, antes do trânsito em julgado da sentença condenatória. 8 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Súmula 717 do STF: Não impede a progressão de regime de execução da pena, fixada em sentença nªo transitada em julgado, o fato de o réu se encontrar em prisão especial. COMENTÁRIOS A LEP: Art. 1º A execução penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do internado. COMENTÁRIO - Ao contrário do que pensa o senso comum, o principal objetivo da execução penal no Brasil não é o de castigar o criminoso, e sim de reintegra-lo a sociedade. A execução penal, portanto, é a fase do processo penal em que o estado faz valer a sua pretensão punitiva, ora convertida em pretensão executória. Trata-se preponderantemente de processo jurisdicional, vinculado à atividade administrativa, que tem por fim a efetividade da pretensão punitiva estatal. Portanto, a execução da pena caracteriza-se como atividade complexa, desenvolvida simultaneamente nos planos jurisdicional e administrativo. Art. 2º A jurisdição penal dos Juízes ou Tribunais da Justiça ordinária, em todo o Território Nacional, será exercida, no processo de execução, na conformidade desta Lei e do Código de Processo Penal. Parágrafo único. Esta Lei aplicar-se-á igualmente ao preso provisório e ao condenado pela Justiça Eleitoral ou Militar, quando recolhido a estabelecimento sujeitoà jurisdição ordinária. COMENTÁRIO – Preso Provisório é aquele que aguarda julgamento e se encontra na Cadeia Pública ou Casa de Prisão Provisória. O preso condenado é aquele que contra ele possui uma Sentença Penal Condenatória Transitada em Julgado, ou seja, uma sentença que não cabe mais recurso. Em regra, a execução penal é competência da Justiça Comum, no âmbito estadual. Existem situações, contudo, em que o cumprimento da pena se dará em estabelecimento penal federal de segurança máxima. Estudaremos essa hipótese mais adiante. O Código de Processo Penal é aplicável de forma subsidiária na execução penal, apenas diante da omissão da LEP. 9 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) A Lei de Execução Penal tem incidência aos condenados pelas Justiças Especializadas (Militar e Eleitoral) quando eles forem recolhidos em estabelecimentos prisionais estaduais. Súmula 192 do STJ: Compete ao juízo das execuções penais do Estado a execução das penas impostas a sentenciados pela justiça federal, militar ou eleitoral, quando recolhidos a estabelecimentos sujeitos a administração estadual. Art. 3º Ao condenado e ao internado serão assegurados todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei. COMENTÁRIO – Condenado é o preso condenado, conforme descrito no comentário acima. Internado é aquele sujeito à medida de segurança, como é o caso do “louco”, ou aquele que possui “desenvolvimento mental retardado ou incompleto”, que juridicamente falando, não cumpri pena, e sim está sujeito a tratamento. Todos os direitos não atingidos pela sentença ou pela lei são garantidos ao condenado e ao internado, sendo vedada qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. Desses direitos não fulminados pela sentença e nem pela lei destaco: inviolabilidade do direito vida, igualdade, segurança e propriedade (art. 5”, caput, da CF); da isonomia entre homens e mulheres em direitos e obrigações, nos termos da Constituição ( art. 5”, I, da CF); da observância do princípio da legalidade (CF, art. 5”, II); do respeito integridade física de integridade física e moral, não podendo ninguém ser submetido a tortura nem a tratamento desumano ou degradante (art. 5”, incisos III e XLIX, da CF). A sentença penal condenatória atinge uma série de direitos constitucionais. A liberdade de locomoção, obviamente, é cerceada, mas junto com ela também outros direitos, a exemplo dos direitos políticos. Os condenados, portanto, não podem votar ou candidatar-se a cargos eletivos. Cabe a você lembrar, contudo, que as pessoas presas em razão de decisões cautelares não foram condenadas, e por isso não têm seus direitos políticos suspensos. O TSE, inclusive, já determinou a instalação de Seções Eleitorais em estabelecimentos penais e unidades de internação de adolescentes, a fim de que essas pessoas possam exercer seu direito a voto. PREVISÃO CONSTITUCIONAL – Artigo 5º, XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direitos e liberdades fundamentais. 10 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Parágrafo único. Não haverá qualquer distinção de natureza racial, social, religiosa ou política. COMENTÁRIO – Este parágrafo único deriva do princípio da igualdade previsto na CF/88, citado em vários artigos, conforme descrito abaixo : “ Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: I - construir uma sociedade livre, justa e solidária..... ... IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação” . “Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes”... Art. 4º O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. (SOUSANDRADE/ASP-GO/2009) Nos termos da Lei de Execução Penal, é CORRETO afirmar que: a) O Estado deverá recorrer apenas à cooperação de associações de parentes de presos ou de parentes de vítimas nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. b) O Poder Executivo, representado pelo diretor do estabelecimento prisional, deve fazer cumprir as disposições contidas na sentença imposta pelo Poder Judiciário, sem qualquer participação da comunidade, para assim evitar ações políticas. c) O Estado deverá recorrer à cooperação da comunidade nas atividades de execução da pena e da medida de segurança. Se você marcou letra “C’ acertou a questão. TÍTULO II Do Condenado e do Internado CAPÍTULO I Da Classificação 11 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 5º Os condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. COMENTÁRIO – Princípio constitucional da individualização da pena (“Art. 5º CF/88, XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido...”). Art. 6o A classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. COMENTÁRIO – A Comissão Técnica de Classificação deve elaborar um programa, a fim de orientar o cumprimento da pena para cada preso. O art. 6º foi alterado pela Lei nº 10.792/2003, de forma que a comissão não acompanha mais a execução, e nem propõe mais à autoridade judicial as progressões e regressões de regime e as conversões. Hoje, ela apenas acompanha a execução da pena privativa de liberdade. Art. 7º A Comissão Técnica de Classificação, existente em cada estabelecimento, será presidida pelo diretor e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social, quando se tratar de condenado à pena privativa de liberdade. COMENTÁRIO- Há uma comissão em cada estabelecimento prisional para tratar dos condenados a pena privativa de liberdade. Essa comissão é presidida pelo Diretor do estabelecimento, e composta por no mínimo 2 dois chefes de serviço, 1 psiquiatra, 1 psicólogo e 1 assistente social. Nos demais casos (pena não privativa de liberdade) a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. (SOUSANDRADE/ASP-GO/2009) - antecedentes e personalidade, para orientar a individualização da execução penal. Essa classificação será feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena privativa de liberdade adequada ao condenado ou preso provisório. Sobre a composição da referida comissão, é CORRETO afirmar que: 12 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) a) Será presidida por um Juiz Criminal e composta, no mínimo, pelo diretor da unidade prisional, por 2 (dois) agentes de segurança prisional, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social. b) Será presidida pelo juiz titular da vara de execução penal e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefesde serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social. c) Será presidida pelo diretor da unidade prisional e composta, no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um) assistente social. d) Será presidida pelo agente de segurança prisional que esteja no exercício da chefia do plantão e composta pelos demais agentes, visto que são os que melhor conhecem a realidade prisional. e) Será presidida pelo diretor da unidade prisional e composta, no mínimo, pelo agente que esteja no exercício da chefia do plantão, por 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo, 1 (um) assistente social e dois agentes que tenham relação de confiança com o diretor da unidade prisional. Se você marcou “C” sua resposta está correta. Parágrafo único. Nos demais casos a Comissão atuará junto ao Juízo da Execução e será integrada por fiscais do serviço social. COMENTÁRIO- Para cumprir suas atribuições, a comissão poderá, além de examinar o condenado, entrevistar pessoas, requisitar dados e informações sobre o condenado de repartições ou estabelecimentos privados, bem como realizar outras diligências e exames necessários. Qual a diferença do exame de classificação para o exame criminológico? Exame de classificação: é mais amplo e genérico. Envolve aspectos relacionados à personalidade do condenado, seus antecedentes, sua vida familiar e social, sua capacidade laborativa, circunstâncias que orientam o modo de cumprimento da pena. Exame criminológico: é mais específico. Envolve a parte psicológica e psiquiátrica do reeducando, atestando a sua maturidade, sua disciplina, sua capacidade de suportar frustrações, visando construir um prognóstico de periculosidade. Art. 8º O condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade, em regime fechado, será submetido a exame criminológico para a obtenção dos elementos necessários a uma adequada classificação e com vistas à individualização da execução. Parágrafo único. Ao exame de que trata este artigo poderá ser submetido o condenado ao cumprimento da pena privativa de liberdade em regime semiaberto. 13 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) COMENTÁRIO - Segundo Avena, conforme se infere do art. 8º, caput, da LEP, para o condenado ao cumprimento de pena privativa de liberdade em regime fechado, além do exame de classificação, deverá ser obrigatoriamente submetido a exame criminológico. Isso se justifica na circunstância de que a imposição do regime fechado decorre da prática de crimes de maior gravidade. Entretanto, para os presos que iniciem o cumprimento de pena em regime semiaberto, a realização do exame criminológico é apenas facultativa, podendo ser por iniciativa da Comissão Técnica de Classificação visando à correta individualização da execução. E para os condenados em regime aberto ou a pena restritiva de direitos? Infere-se do art. 8º da LEP que não se realiza o exame criminológico nesses casos. Exame Criminológico e Progressão De Regime Com o advento da Lei n” 10.792/2003, que deu nova redação do art. 112 da LEP, iniciou-se uma grande discussão acerca da necessidade, ou não, do exame criminológico para a progressão de regime carcerário. Antes da Lei n” 10792/03, a decisão judicial era precedida de exame criminológico para a progressão de regime. Após a citada lei, a promotor de regime exige a observância do requisito objetivo (cumprimento de 1/6 para os crimes em geral; para os crimes hediondos: 2/5 se primário, ou 3/5, se reincidente) e do requisito subjetivo (atestado de boa conduta carcerária assinado pelo diretor do estabelecimento prisional). É possível solicitação de realização do exame criminológico antes de decidir sobre a progressão de regime? A resposta é positiva. Muito embora não exista atualmente a exigência legal do exame criminológico, a doutrina e a jurisprudência entendem que o juiz, de forma fundamentada, pode solicitar a exigência de exame criminológico. Nesse sentido, observarmos que o STJ editou a súmula 439: Súmula 439 do STJ: Admite-se o exame criminológico pelas peculiaridades do caso, desde que em decisão motivada. Também devo lembrar a vocês da súmula vinculante de n” 26 do STF, que autoriza a realização do exame criminológico aos crimes hediondos e equiparados (tortura, terrorismo e tráfico de drogas), desde que exista a devida fundamentação. Vamos verificar o teor da Súmula Vinculante no. 26 do STF: 14 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) “Para efeito de progressão de regime no cumprimento de pena por crime hediondo, ou equiparado, o juízo da execução observará a inconstitucionalidade do art. 2º da Lei n. 8.072, de 25 de julho de 1990 (lei dos Crimes Hediondos), sem prejuízo de avaliar se o condenado preenche, ou não, os requisitos objetivos e subjetivos do benefício, podendo determinar, para tal fim, de modo fundamentado, a realização de exame criminológico”. Ou seja, mesmo para crime hediondo, existe a possibilidade de progressão de regime, ainda que de forma diferenciada. O exame criminológico só é feito para os definitivamente condenados Art. 9º A Comissão, no exame para a obtenção de dados reveladores da personalidade, observando a ética profissional e tendo sempre presentes peças ou informações do processo, poderá: I - entrevistar pessoas; II - requisitar, de repartições ou estabelecimentos privados, dados e informações a respeito do condenado; III - realizar outras diligências e exames necessários. Art. 9o-A. Os condenados por crime praticado, dolosamente, com violência de natureza grave contra pessoa, ou por qualquer dos crimes previstos no art. 1o da Lei no 8.072, de 25 de julho de 1990, serão submetidos, obrigatoriamente, à identificação do perfil genético, mediante extração de DNA - ácido desoxirribonucleico, por técnica adequada e indolor. § 1o A identificação do perfil genético será armazenada em banco de dados sigiloso, conforme regulamento a ser expedido pelo Poder Executivo. § 2o A autoridade policial, federal ou estadual, poderá requerer ao juiz competente, no caso de inquérito instaurado o acesso ao banco de dados de identificação de perfil genético. COMENTÁRIO - Além do exame criminológico, obrigatório para os condenados a pena privativa de liberdade em regime fechado, é obrigatória também a coleta de dados do perfil genético do condenado por crime doloso praticado com violência grave contra a pessoa, ou por crime hediondo. Esse perfil genético será armazenado em banco de dados sigiloso, aos qual somente terá acesso a autoridade policial (federal ou estadual) que fizer requerimento ao juíza competente, e apenas quando houver inquérito policial instaurado. 15 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) CAPÍTULO II Da Assistência SEÇÃO I Disposições Gerais Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso. COMENTÁRIO- A prevenção do crime passa por diversos aspectos, entre eles a assistência ao preso, ao internado e ao egresso. Essa assistência consiste em ações positivas, por parte do Estado, para facilitar a reintegração do preso à sociedade. Por estar o condenado sob os cuidados do Estado quando ingressa no sistema penitenciário, o Poder Público é obrigado a garantir assistência ao preso (definitivoe provisório), ao internado (aquele submetido medida de segurança) e ao egresso (liberado definitivo, pelo prazo de 1 ano a contar da saída do estabelecimento e o liberado condicional durante o perodo de prova Î art. 26 da LEP). Art. 11. A assistência será: I - material; II - à saúde; III -jurídica; IV - educacional; V - social; VI - religiosa. (SOUSANDRADE/ASP-GO/2009) De acordo com a Constituição Estadual do Estado de Goiás, a Política Penitenciária, que objetiva a humanização do sentenciado, a) somente tem interesse na segurança e integridade física do preso. b) não pode assegurar ao condenado o pleno exercício dos direitos não atingidos pela condenação. c) pelo princípio de que todos são iguais, veda que a pena seja cumprida em estabelecimentos distintos, de acordo com a natureza do delito. d) deve garantir a prestação de assistência jurídica aos condenados. 16 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) e) não pode garantir aos sentenciados, como etapa conclusiva do processo de reintegração social, oportunidades de trabalho produtivo condignamente remunerado. Se você respondeu letra ‘D”, está correto. SEÇÃO II Da Assistência Material Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas. Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos pela Administração. COMENTÁRIO - É comum em presídios as “cantinas” que executam este serviço, e um de seus objetivos é criar postos de trabalho para o preso e assim o mesmo ser beneficiado pela remição da pena. SEÇÃO III Da Assistência à Saúde PREVISÃO CONSTITUCIONAL - Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação..... Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado. Art. 14. A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico. § 2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante autorização da direção do estabelecimento. § 3o Será assegurado acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré- natal e no pós-parto, extensivo ao recém-nascido. SEÇÃO IV Da Assistência Jurídica PREVISÃO CONSTITUCIONAL – Artigo 5º, LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. 17 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 15. A assistência jurídica é destinada aos presos e aos internados sem recursos financeiros para constituir advogado. Art. 16. As Unidades da Federação deverão ter serviços de assistência jurídica, integral e gratuita, pela Defensoria Pública, dentro e fora dos estabelecimentos penais. § 1o As Unidades da Federação deverão prestar auxílio estrutural, pessoal e material à Defensoria Pública, no exercício de suas funções, dentro e fora dos estabelecimentos penais. § 2o Em todos os estabelecimentos penais, haverá local apropriado destinado ao atendimento pelo Defensor Público. § 3o Fora dos estabelecimentos penais, serão implementados Núcleos Especializados da Defensoria Pública para a prestação de assistência jurídica integral e gratuita aos réus, sentenciados em liberdade, egressos e seus familiares, sem recursos financeiros para constituir advogado. SEÇÃO V Da Assistência Educacional PREVISÃO CONSTITUCIONAL - Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado. Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa. Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência ao preceito constitucional de sua universalização. § 1o O ensino ministrado aos presos e presas integrar-se-á ao sistema estadual e municipal de ensino e será mantido, administrativa e financeiramente, com o apoio da União, não só com os recursos destinados à educação, mas pelo sistema estadual de justiça ou administração penitenciária. § 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos supletivos de educação de jovens e adultos. § 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal incluirão em seus programas de educação à distância e de utilização de novas tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às presas. Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico. Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição. Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados. 18 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o número de presos e presas atendidos; III - a implementação de cursos profissionais em nível de iniciação ou aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas atendidos; IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu acervo; V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacional de presos e presas. Importante regra constante na LEP foi trazida pela lei n” 13.163/15 que previu a criação do censo penitenciário com o objetivo de colher elementos para o aperfeiçoamento educacional de presos e presas através de informações acerca do nível de escolaridade de presos, a existência de cursos de cursos e bibliotecas SEÇÃO VI Da Assistência Social PREVISÃO CONSTITUCIONAL - Art. 194. A seguridade social compreende um conjunto integrado de ações de iniciativa dos Poderes Públicos e da sociedade, destinadas a assegurar os direitos relativos à saúde, à previdência e à assistência social. Art. 22. A assistência social tem por finalidade amparar o preso e o internado e prepará-los para o retorno à liberdade. Art. 23. Incumbe ao serviço de assistência social: I - conhecer os resultados dos diagnósticos ou exames; II - relatar, por escrito, ao Diretor do estabelecimento, os problemas e as dificuldades enfrentadaspelo assistido; III - acompanhar o resultado das permissões de saídas e das saídas temporárias; IV - promover, no estabelecimento, pelos meios disponíveis, a recreação; V - promover a orientação do assistido, na fase final do cumprimento da pena, e do liberando, de modo a facilitar o seu retorno à liberdade; VI - providenciar a obtenção de documentos, dos benefícios da Previdência Social e do seguro por acidente no trabalho; VII - orientar e amparar, quando necessário, a família do preso, do internado e da vítima. SEÇÃO VII Da Assistência Religiosa PREVISÃO CONSTITUCIONAL – Artigo 5º, VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias...VII - é 19 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) assegurada, nos termos da lei, a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva. Art. 24. A assistência religiosa, com liberdade de culto, será prestada aos presos e aos internados, permitindo-se-lhes a participação nos serviços organizados no estabelecimento penal, bem como a posse de livros de instrução religiosa. § 1º No estabelecimento haverá local apropriado para os cultos religiosos. § 2º Nenhum preso ou internado poderá ser obrigado a participar de atividade religiosa. SEÇÃO VIII Da Assistência ao Egresso FUNDAMENTO JURÍDICO - Principio fundamental da Dignidade da Pessoa Humana. Art. 25. A assistência ao egresso consiste: I - na orientação e apoio para reintegrá-lo à vida em liberdade; II - na concessão, se necessário, de alojamento e alimentação, em estabelecimento adequado, pelo prazo de 2 (dois) meses. Parágrafo único. O prazo estabelecido no inciso II poderá ser prorrogado uma única vez, comprovado, por declaração do assistente social, o empenho na obtenção de emprego. Art. 26. Considera-se egresso para os efeitos desta Lei: I - o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento; II - o liberado condicional, durante o período de prova. Art. 27. O serviço de assistência social colaborará com o egresso para a obtenção de trabalho. SOUSANDRADE/ASP-GO/2009) Considera-se egresso para os efeitos da Lei de Execução Penal: a) o liberado definitivo, pelo prazo de 5 (cinco) anos a contar da saída do estabelecimento e o liberado condicional, durante o período de prova. b) o liberado definitivo, pelo prazo de 2 (dois) anos a contar da saída do estabelecimento e o liberado condicional, durante o período de prova. c) o liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento e o liberado condicional, durante o período de prova. d) O sentenciado que cumpriu integralmente a sua pena, desde que não seja reincidente. 20 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) e) O liberado definitivo, pelo prazo de 1 (um) ano a contar da saída do estabelecimento e o liberado condicional, desde que tenha expirado o período de prova. Se você respondeu letra “C” está correto. CAPÍTULO III Do Trabalho SEÇÃO I Disposições Gerais Art. 28. O trabalho do condenado, como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e produtiva. COMENTÁRIO – O trabalho aqui atende a CF/88 – “Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos ....IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa.. O valor social do trabalho constitui a dignidade humana, não só do preso mais do cidadão livre“. § 1º Aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à segurança e à higiene. COMENTÁRIO – o preso possui direito a um ambiente de trabalho seguro e dentro das normas de higiene, conforme descreve o artigo 7º da CF/88: “São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social... XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”. § 2º O trabalho do preso não está sujeito ao regime da Consolidação das Leis do Trabalho. COMENTÁRIO – O preso não possui determinados direitos previstos na CLT como o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, e possui outros como Previdência Social, ou seja, seu regime de trabalho é próprio, nem celetista, nem estatutário. Art. 29. O trabalho do preso será remunerado, mediante prévia tabela, não podendo ser inferior a 3/4 (três quartos) do salário mínimo. COMENTÁRIO – O preso não possui direito ao salário mínimo, podendo ganhar menos. Tal medida é prevista em lei para facilitar a sua empregabilidade junto ao mercado, dentre outros incentivos fiscais proporcionados ao empregadores de sua mão- de-obra. 21 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) § 1° O produto da remuneração pelo trabalho deverá atender: a) à indenização dos danos causados pelo crime, desde que determinados judicialmente e não reparados por outros meios; b) à assistência à família; c) a pequenas despesas pessoais; d) ao ressarcimento ao Estado das despesas realizadas com a manutenção do condenado, em proporção a ser fixada e sem prejuízo da destinação prevista nas letras anteriores. § 2º Ressalvadas outras aplicações legais, será depositada a parte restante para constituição do pecúlio, em Caderneta de Poupança, que será entregue ao condenado quando posto em liberdade. COMENTÁRIO – Parte da remuneração do preso será depositada em conta poupança para que, em condições específicas como fim do cumprimento da penal o mesmo tenha condições recomeçar sua vida ou de se manter até sua colocação no mercado de trabalho. Art. 30. As tarefas executadas como prestação de serviço à comunidade não serão remuneradas. SEÇÃO II Do Trabalho Interno Art. 31. O condenado à pena privativa de liberdade está obrigado ao trabalho na medida de suas aptidões e capacidade. Parágrafo único. Para o preso provisório, o trabalho não é obrigatório e só poderá ser executado no interior do estabelecimento. COMENTÁRIO : Observe o quadro abaixo: PRESO PROVISÓRIO PRESO CONDENADO O trabalho não é obrigatório O trabalho é obrigatório Só pode trabalhar dentro do Estabelecimento Penal . Pode trabalhar dentro do estabelecimento penal ou fora dele desde que autorizado pelo diretor e com escolta. 22 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 32. Na atribuição do trabalho deverão ser levadas em conta a habilitação, a condição pessoal e as necessidades futuras do preso, bem como as oportunidades oferecidas pelo mercado. § 1º Deverá ser limitado, tanto quanto possível, o artesanato sem expressão econômica, salvo nas regiões de turismo. § 2º Os maiores de 60 (sessenta) anos poderão solicitar ocupação adequada à sua idade. § 3º Os doentes ou deficientes físicos somente exercerão atividades apropriadas ao seu estado. Art. 33. A jornada normal de trabalho não será inferior a 6 (seis) nem superior a 8 (oito) horas, com descanso nos domingos e feriados. Parágrafo único. Poderá ser atribuído horário especial de trabalho aos presos designados para os serviços de conservação e manutenção do estabelecimento penal. Art. 34. O trabalho poderá ser gerenciadopor fundação, ou empresa pública, com autonomia administrativa, e terá por objetivo a formação profissional do condenado. § 1o. Nessa hipótese, incumbirá à entidade gerenciadora promover e supervisionar a produção, com critérios e métodos empresariais, encarregar-se de sua comercialização, bem como suportar despesas, inclusive pagamento de remuneração adequada. § 2o Os governos federal, estadual e municipal poderão celebrar convênio com a iniciativa privada, para implantação de oficinas de trabalho referentes a setores de apoio dos presídios. Art. 35. Os órgãos da Administração Direta ou Indireta da União, Estados, Territórios, Distrito Federal e dos Municípios adquirirão, com dispensa de concorrência pública, os bens ou produtos do trabalho prisional, sempre que não for possível ou recomendável realizar-se a venda a particulares. COMENTÁRIO – A lei 8666/93 prevê como um dos casos de dispensa de licitação do artigo 24 a contratação de instituição brasileira incumbida regimental ou estatutariamente da pesquisa, do ensino ou do desenvolvimento institucional, ou de instituição dedicada à recuperação social do preso, desde que a contratada detenha inquestionável reputação ético-profissional e não tenha fins lucrativos. Parágrafo único. Todas as importâncias arrecadadas com as vendas reverterão em favor da fundação ou empresa pública a que alude o artigo anterior ou, na sua falta, do estabelecimento penal. SEÇÃO III Do Trabalho Externo Art. 36. O trabalho externo será admissível para os presos em regime fechado somente em serviço ou obras públicas realizadas por órgãos da Administração Direta ou Indireta, ou entidades privadas, desde que tomadas as cautelas contra a fuga e em favor da disciplina. § 1º O limite máximo do número de presos será de 10% (dez por cento) do total de empregados na obra. 23 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) § 2º Caberá ao órgão da administração, à entidade ou à empresa empreiteira a remuneração desse trabalho. § 3º A prestação de trabalho à entidade privada depende do consentimento expresso do preso. Art. 37. A prestação de trabalho externo, a ser autorizada pela direção do estabelecimento, dependerá de aptidão, disciplina e responsabilidade, além do cumprimento mínimo de 1/6 (um sexto) da pena. Parágrafo único. Revogar-se-á a autorização de trabalho externo ao preso que vier a praticar fato definido como crime, for punido por falta grave, ou tiver comportamento contrário aos requisitos estabelecidos neste artigo. Na prova de Agente de Segurança Prisional de Goiás de 2009 foi considerada falsa a seguinte alternativa : “a remuneração do preso deverá ser repassada integralmente para sua família e assim evitar transações comerciais no interior das unidades prisionais”. CAPÍTULO IV Dos Deveres, dos Direitos e da Disciplina SEÇÃO I Dos Deveres Art. 38. Cumpre ao condenado, além das obrigações legais inerentes ao seu estado, submeter-se às normas de execução da pena. Art. 39. Constituem deveres do condenado: I - comportamento disciplinado e cumprimento fiel da sentença; II - obediência ao servidor e respeito a qualquer pessoa com quem deva relacionar- se; III - urbanidade e respeito no trato com os demais condenados; IV - conduta oposta aos movimentos individuais ou coletivos de fuga ou de subversão à ordem ou à disciplina (fuga, motim ou rebelião); V - execução do trabalho, das tarefas e das ordens recebidas; VI - submissão à sanção disciplinar imposta; VII - indenização à vitima ou aos seus sucessores; VIII - indenização ao Estado, quando possível, das despesas realizadas com a sua manutenção, mediante desconto proporcional da remuneração do trabalho; COMENTÁRIO - Código Civil Art. 927. Aquele que, por ato ilícito causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo. 24 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) IX - higiene pessoal e asseio da cela ou alojamento; X - conservação dos objetos de uso pessoal. Parágrafo único. Aplica-se ao preso provisório, no que couber, o disposto neste artigo. SEÇÃO II Dos Direitos Art. 40 - Impõe-se a todas as autoridades o respeito à integridade física e moral dos condenados e dos presos provisórios. Art. 41 - Constituem direitos do preso: I - alimentação suficiente e vestuário; COMENTÁRIO : o Estado deve promover as refeições básicas do preso. II - atribuição de trabalho e sua remuneração; COMENTÁRIO : o preso tem o direito de receber por serviços prestados. III - Previdência Social; COMENTÁRIO : somente o preso remunerado tem este direito IV - constituição de pecúlio; COMENTÁRIO : somente o preso remunerado tem este direito V - proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a recreação; COMENTÁRIO : pode perder o direito ao trabalho por indisciplina. VI - exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena; VII - assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa; VIII - proteção contra qualquer forma de sensacionalismo; PREVISÃO CONSTITUCIONAL – Artigo 5º, XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade física e moral. IX - entrevista pessoal e reservada com o advogado; X - visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados; 25 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) COMENTÁRIO ; direito que pode ser suspenso por até 30 dias em caso de sanção disciplinar. XI - chamamento nominal; COMENTÁRIO : não pode ser chamado por nomes depreciativos ou apelidos. XII - igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da pena; COMENTÁRIO : diferenciação de tratamento, por exemplo, quando submetido ao RDD (Regime Disciplinar Diferenciado). XIII - audiência especial com o diretor do estabelecimento; XIV - representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito; PREVISÃO CONSTITUCIONAL : XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do pagamento de taxas: a) o direito de petição aos Poderes Públicos em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder. XV - contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons costumes. XVI – atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade da autoridade judiciária competente. Parágrafo único. Os direitos previstos nos incisos V, X e XV poderão ser suspensos ou restringidos mediante ato motivado do diretor do estabelecimento. COMENTÁRIO : em regra estes direitos podem ser suspensos ou restringidos pelo prazao máximo de 30 dias (vide Art. 58). Art. 42 - Aplica-se ao preso provisório e ao submetido à medida de segurança, no que couber, o disposto nesta Seção. Art. 43 - É garantida a liberdade de contratar médico de confiança pessoal do internado ou do submetido a tratamento ambulatorial, por seus familiares ou dependentes, a fim de orientar e acompanhar o tratamento. Parágrafo único. As divergências entre o médico oficial e o particular serão resolvidas pelo Juiz da execução. SEÇÃO III Da Disciplina SUBSEÇÃO I Disposições Gerais Art. 44. A disciplina consiste na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho.26 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Parágrafo único. Estão sujeitos à disciplina o condenado à pena privativa de liberdade ou restritiva de direitos e o preso provisório. Art. 45. Não haverá falta nem sanção disciplinar sem expressa e anterior previsão legal ou regulamentar.] COMENTÁRIO: observação aos princípios de LEGALIDADE, RAZOABILIDADE e PROPORCIONALIDADE. § 1º As sanções não poderão colocar em perigo a integridade física e moral do condenado. § 2º É vedado o emprego de cela escura. COMENTÁRIO: não se pode utilizar hoje as antigas “solitárias”. § 3º São vedadas as sanções coletivas. COMENTÁRIO: a aplicação de sanções coletivas fere o princípio da individualização da pena. Art. 46. O condenado ou denunciado, no início da execução da pena ou da prisão, será cientificado das normas disciplinares. Art. 47. O poder disciplinar, na execução da pena privativa de liberdade, será exercido pela autoridade administrativa conforme as disposições regulamentares. COMENTÁRIO : Poder Disciplinar é o poder conferido à Administração para organizar-se internamente, aplicando sanções e penalidades aos seus agentes ou pessoas sujeitas a sua disciplina (como o preso, por exemplo) por força de uma infração de caráter funcional ou de disciplina. Somente poderão ser aplicadas sanções e penalidades de caráter administrativo , não as de caráter penal. Ao aplicar a sanção, o administrador deve levar em conta os seguintes elementos: • atenuantes e agravantes do caso concreto; • natureza e gravidade da infração; • prejuízos causados para o interesse público; • antecedentes do agente. Esse poder corresponde ao dever de punição administrativa, diante do cometimento de faltas funcionais ou violação de deveres . Não permite, assim, que seja sancionada conduta de particulares e também não se confunde com o exercício do jus puniendi do Estado. É decorrente do poder hierárquico, do dever de obediência às normas e posturas internas da Administração. Há doutrinadores que apresentam o poder disciplinar como atividade discricionária da Administração. Essa ideia, porém, deve ser vista com temperamentos. Há dever na 27 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) apuração e aplicação de sanção. Porém, é certo que a discricionariedade incide na escolha da sanção a ser imposta e na sua tipificação. Art. 48. Na execução das penas restritivas de direitos, o poder disciplinar será exercido pela autoridade administrativa a que estiver sujeito o condenado. COMENTÁRIO : A autoridade administrativa em questão é o Diretor do Estabelecimento Penal. Parágrafo único. Nas faltas graves, a autoridade representará ao Juiz da execução para os fins dos artigos 118, inciso I, 125, 127, 181, §§ 1º, letra d, e 2º desta Lei. SUBSEÇÃO II Das Faltas Disciplinares Art. 49. As faltas disciplinares classificam-se em leves, médias e graves. A legislação local especificará as leves e médias, bem assim as respectivas sanções. Parágrafo único. Pune-se a tentativa com a sanção correspondente à falta consumada. COMENTÁRIO: as faltas disciplinares, neste caso, não admite tentativa, uma vez que esta é punida da mesma forma que a falta consumada. Art. 50. Comete falta grave o condenado à pena privativa de liberdade que: I - incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina; COMENTÁRIO: Não podemos esquecer do que alude no Código Penal o Art. 354 - Amotinarem-se presos, perturbando a ordem ou disciplina da prisão: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da pena correspondente à violência. II - fugir; COMENTÁRIO: Não podemos esquecer do que alude no Código Penal Art. 352 - Evadir-se ou tentar evadir-se o preso ou o indivíduo submetido a medida de segurança detentiva, usando de violência contra a pessoa. Pena - detenção, de três meses a um ano, além da pena correspondente à violência. III - possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem; IV - provocar acidente de trabalho; V - descumprir, no regime aberto, as condições impostas; VI - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. VII – tiver em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. 28 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Parágrafo único. O disposto neste artigo aplica-se, no que couber, ao preso provisório. COMENTÁRIO: Vale lembrar do Código Penal o Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em estabelecimento prisional. Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Art. 51. Comete falta grave o condenado à pena restritiva de direitos que: I - descumprir, injustificadamente, a restrição imposta; II - retardar, injustificadamente, o cumprimento da obrigação imposta; III - inobservar os deveres previstos nos incisos II e V, do artigo 39, desta Lei. SOUSANDRADE/ASP-GO/2009 - O preso está obrigado a cumprir as regras de disciplina que consistem na colaboração com a ordem, na obediência às determinações das autoridades e seus agentes e no desempenho do trabalho. Não constitui falta grave a) incitar ou participar de movimento para subverter a ordem ou a disciplina. b) provocar perturbações com ruídos e vozeiros ou vaias. c) possuir, indevidamente, instrumento capaz de ofender a integridade física de outrem. d) fugir, mesmo que a cela esteja aberta. e) ter em sua posse, utilizar ou fornecer aparelho telefônico, de rádio ou similar, que permita a comunicação com outros presos ou com o ambiente externo. Se você marcou letra “B” a resposta está correta. Art. 52. A prática de fato previsto como crime doloso constitui falta grave e, quando ocasione subversão da ordem ou disciplina internas, sujeita o preso provisório, ou condenado, sem prejuízo da sanção penal, ao regime disciplinar diferenciado, com as seguintes características: COMENTÁRIO : Código Penal Art. 18 - Diz-se o crime: I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. I - duração máxima de trezentos e sessenta dias, sem prejuízo de repetição da sanção por nova falta grave de mesma espécie, até o limite de um sexto da pena aplicada; II - recolhimento em cela individual; III - visitas semanais de duas pessoas, sem contar as crianças, com duração de duas horas; IV - o preso terá direito à saída da cela por 2 horas diárias para banho de sol. 29 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) A prova de Agente de Segurança Prisional de Goiás/2009 considerou falsa a seguinte alternativa : seu recolhimento em cela individual e escura é permitido, desde que lhe seja garantido o direito ao banho de sol durante duas horas por dia. § 1o O regime disciplinar diferenciado também poderá abrigar presos provisórios ou condenados, nacionais ou estrangeiros, que apresentem alto risco para a ordem e a segurança do estabelecimento penal ou da sociedade. § 2o Estará igualmente sujeito ao regime disciplinar diferenciado o preso provisório ou o condenado sob o qual recaiam fundadas suspeitas de envolvimento ou participação, a qualquer título, em organizações criminosas, quadrilha ou bando. A prova de Agente de Segurança Prisional de Goiás/2009 considerou verdadeiraseguinte alternativa : preso no RDD tem direito de entrevistar-se reservadamente com o seu advogado. SUBSEÇÃO III Das Sanções e das Recompensas Art. 53. Constituem sanções disciplinares: I - advertência verbal; II - repreensão; III - suspensão ou restrição de direitos (artigo 41, parágrafo único); IV - isolamento na própria cela, ou em local adequado, nos estabelecimentos que possuam alojamento coletivo, observado o disposto no artigo 88 desta Lei. V - inclusão no regime disciplinar diferenciado. Art. 54. As sanções dos incisos I a IV do art. 53 serão aplicadas por ato motivado do diretor do estabelecimento e a do inciso V, por prévio e fundamentado despacho do juiz competente. § 1o A autorização para a inclusão do preso em regime disciplinar dependerá de requerimento circunstanciado elaborado pelo diretor do estabelecimento ou outra autoridade administrativa. § 2o A decisão judicial sobre inclusão de preso em regime disciplinar será precedida de manifestação do Ministério Público e da defesa e prolatada no prazo máximo de quinze dias. 30 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 55. As recompensas têm em vista o bom comportamento reconhecido em favor do condenado, de sua colaboração com a disciplina e de sua dedicação ao trabalho. Art. 56. São recompensas: I - o elogio; II - a concessão de regalias. Parágrafo único. A legislação local e os regulamentos estabelecerão a natureza e a forma de concessão de regalias. SUBSEÇÃO IV Da Aplicação das Sanções Art. 57. Na aplicação das sanções disciplinares, levar-se-ão em conta a natureza, os motivos, as circunstâncias e as consequências do fato, bem como a pessoa do faltoso e seu tempo de prisão. Parágrafo único. Nas faltas graves, aplicam-se as sanções previstas nos incisos III a V do art. 53 desta Lei. Art. 58. O isolamento, a suspensão e a restrição de direitos não poderão exceder a trinta dias, ressalvada a hipótese do regime disciplinar diferenciado. Parágrafo único. O isolamento será sempre comunicado ao Juiz da execução. SUBSEÇÃO V Do Procedimento Disciplinar Art. 59. Praticada a falta disciplinar, deverá ser instaurado o procedimento para sua apuração, conforme regulamento, assegurado o direito de defesa. Parágrafo único. A decisão será motivada. PREVISÃO CONSTITUCIONAL – Art.5º LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal e LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes; . Art. 60. A autoridade administrativa poderá decretar o isolamento preventivo do faltoso pelo prazo de até dez dias. A inclusão do preso no regime disciplinar diferenciado, no interesse da disciplina e da averiguação do fato, dependerá de despacho do juiz competente. Parágrafo único. O tempo de isolamento ou inclusão preventiva no regime disciplinar diferenciado será computado no período de cumprimento da sanção disciplinar. TÍTULO III Dos Órgãos da Execução Penal CAPÍTULO I Disposições Gerais 31 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 61. São órgãos da execução penal: I - o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária; II - o Juízo da Execução; III - o Ministério Público; IV - o Conselho Penitenciário; V - os Departamentos Penitenciários; VI - o Patronato; VII - o Conselho da Comunidade. VIII - a Defensoria Pública. SOUSANDRADE/ASP-GO/2009 - São órgãos da execução penal: a) O Juízo da Execução, o Ministério Público, o Patronato e o Conselho da Comunidade. b) O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o Juízo da Execução, a direção da unidade prisional e o Conselho Penitenciário. c) O Juízo da Execução, a Secretaria de Segurança Pública, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e o Conselho da Comunidade. d) O Juízo da Execução, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, o Conselho Penitenciário e o Conselho Superior da Escola de Agentes de Segurança Prisional. e) O Juízo da Execução, o Juízo Criminal, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária e o Conselho da Comunidade. Se você respondeu a Letra “E” sua resposta está correta. CAPÍTULO II Do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária FUNÇÃO PRINCIPAL DO CNPCP – definir a política criminal do país. Art. 62. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, com sede na Capital da República, é subordinado ao Ministério da Justiça. Art. 63. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária será integrado por 13 (treze) membros designados através de ato do Ministério da Justiça, dentre professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade e dos Ministérios da área social. 32 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Parágrafo único. O mandato dos membros do Conselho terá duração de 2 (dois) anos, renovado 1/3 (um terço) em cada ano. Art. 64. Ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, no exercício de suas atividades, em âmbito federal ou estadual, incumbe: I - propor diretrizes da política criminal quanto à prevenção do delito, administração da Justiça Criminal e execução das penas e das medidas de segurança; II - contribuir na elaboração de planos nacionais de desenvolvimento, sugerindo as metas e prioridades da política criminal e penitenciária; III - promover a avaliação periódica do sistema criminal para a sua adequação às necessidades do País; IV - estimular e promover a pesquisa criminológica; V - elaborar programa nacional penitenciário de formação e aperfeiçoamento do servidor; VI - estabelecer regras sobre a arquitetura e construção de estabelecimentos penais e casas de albergados; VII - estabelecer os critérios para a elaboração da estatística criminal; VIII - inspecionar e fiscalizar os estabelecimentos penais, bem assim informar-se, mediante relatórios do Conselho Penitenciário, requisições, visitas ou outros meios, acerca do desenvolvimento da execução penal nos Estados, Territórios e Distrito Federal, propondo às autoridades dela incumbida as medidas necessárias ao seu aprimoramento; IX - representar ao Juiz da execução ou à autoridade administrativa para instauração de sindicância ou procedimento administrativo, em caso de violação das normas referentes à execução penal; X - representar à autoridade competente para a interdição, no todo ou em parte, de estabelecimento penal. CAPÍTULO III Do Juízo da Execução PRINCIPAL FUNÇÃO DO JUIZ – acompanhar o preso durante a execução da pena. Art. 65. A execução penal competirá ao Juiz indicado na lei local de organização judiciária e, na sua ausência, ao da sentença. Art. 66. Compete ao Juiz da execução: I - aplicar aos casos julgados lei posterior que de qualquer modo favorecer o condenado; II - declarar extinta a punibilidade; III - decidir sobre: a) soma ou unificação de penas; b) progressão ou regressão nos regimes; c) detração e remição da pena; d) suspensão condicional da pena; 33 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) e) livramento condicional; f) incidentes da execução. IV - autorizar saídas temporárias; V - determinar: a) a forma de cumprimento da pena restritiva de direitose fiscalizar sua execução; b) a conversão da pena restritiva de direitos e de multa em privativa de liberdade; c) a conversão da pena privativa de liberdade em restritiva de direitos; d) a aplicação da medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança; e) a revogação da medida de segurança; f) a desinternação e o restabelecimento da situação anterior; g) o cumprimento de pena ou medida de segurança em outra comarca; h) a remoção do condenado na hipótese prevista no § 1º, do artigo 86, desta Lei. VI - zelar pelo correto cumprimento da pena e da medida de segurança; VII - inspecionar, mensalmente, os estabelecimentos penais, tomando providências para o adequado funcionamento e promovendo, quando for o caso, a apuração de responsabilidade; VIII - interditar, no todo ou em parte, estabelecimento penal que estiver funcionando em condições inadequadas ou com infringência aos dispositivos desta Lei; IX - compor e instalar o Conselho da Comunidade. X – emitir anualmente atestado de pena a cumprir. CAPÍTULO IV Do Ministério Público Principal Função do Promotor de Justiça - fiscalizar a aplicação da lei e execução da pena. Art. 67. O Ministério Público fiscalizará a execução da pena e da medida de segurança, oficiando no processo executivo e nos incidentes da execução. Art. 68. Incumbe, ainda, ao Ministério Público: I - fiscalizar a regularidade formal das guias de recolhimento e de internamento; II - requerer: a) todas as providências necessárias ao desenvolvimento do processo executivo; b) a instauração dos incidentes de excesso ou desvio de execução; c) a aplicação de medida de segurança, bem como a substituição da pena por medida de segurança; d) a revogação da medida de segurança; e) a conversão de penas, a progressão ou regressão nos regimes e a revogação da suspensão condicional da pena e do livramento condicional; f) a internação, a desinternação e o restabelecimento da situação anterior. III - interpor recursos de decisões proferidas pela autoridade judiciária, durante a execução. 34 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Parágrafo único. O órgão do Ministério Público visitará mensalmente os estabelecimentos penais, registrando a sua presença em livro próprio. CAPÍTULO V Do Conselho Penitenciário Principal função do Conselho Penitenciário – auxiliar o Juízo da Execução Penal. Art. 69. O Conselho Penitenciário é órgão consultivo e fiscalizador da execução da pena. § 1º O Conselho será integrado por membros nomeados pelo Governador do Estado, do Distrito Federal e dos Territórios, dentre professores e profissionais da área do Direito Penal, Processual Penal, Penitenciário e ciências correlatas, bem como por representantes da comunidade. A legislação federal e estadual regulará o seu funcionamento. § 2º O mandato dos membros do Conselho Penitenciário terá a duração de 4 (quatro) anos. Art. 70. Incumbe ao Conselho Penitenciário: I - emitir parecer sobre indulto e comutação de pena, excetuada a hipótese de pedido de indulto com base no estado de saúde do preso; II - inspecionar os estabelecimentos e serviços penais; III - apresentar, no 1º (primeiro) trimestre de cada ano, ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, relatório dos trabalhos efetuados no exercício anterior; IV - supervisionar os patronatos, bem como a assistência aos egressos. CAPÍTULO VI Dos Departamentos Penitenciários SEÇÃO I Do Departamento Penitenciário Nacional Principal função do DEPEN – executar as políticas definidas pelo CNPCP. Art. 71. O Departamento Penitenciário Nacional, subordinado ao Ministério da Justiça, é órgão executivo da Política Penitenciária Nacional e de apoio administrativo e financeiro do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária. Art. 72. São atribuições do Departamento Penitenciário Nacional: I - acompanhar a fiel aplicação das normas de execução penal em todo o Território Nacional; II - inspecionar e fiscalizar periodicamente os estabelecimentos e serviços penais; III - assistir tecnicamente as Unidades Federativas na implementação dos princípios e regras estabelecidos nesta Lei; IV - colaborar com as Unidades Federativas mediante convênios, na implantação de estabelecimentos e serviços penais; 35 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) V - colaborar com as Unidades Federativas para a realização de cursos de formação de pessoal penitenciário e de ensino profissionalizante do condenado e do internado. VI – Estabelecer, mediante convênios com as unidades federativas, o cadastro nacional das vagas existentes em estabelecimentos locais destinadas ao cumprimento de penas privativas de liberdade aplicadas pela justiça de outra unidade federativa, em especial para presos sujeitos a regime disciplinar. VII - acompanhar a execução da pena das mulheres beneficiadas pela progressão especial de que trata o § 3º do art. 112 desta Lei, monitorando sua integração social e a ocorrência de reincidência, específica ou não, mediante a realização de avaliações periódicas e de estatísticas criminais. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) § 1º Incumbem também ao Departamento a coordenação e supervisão dos estabelecimentos penais e de internamento federais. (Redação dada pela Lei nº 13.769, de 2018) § 2º Os resultados obtidos por meio do monitoramento e das avaliações periódicas previstas no inciso VII do caput deste artigo serão utilizados para, em função da efetividade da progressão especial para a ressocialização das mulheres de que trata o §3º do art. 112 desta Lei, avaliar eventual desnecessidade do regime fechado de cumprimento de pena para essas mulheres nos casos de crimes cometidos sem violência ou grave ameaça. SEÇÃO II Do Departamento Penitenciário Local Art. 73. A legislação local poderá criar Departamento Penitenciário ou órgão similar, com as atribuições que estabelecer. Art. 74. O Departamento Penitenciário local, ou órgão similar, tem por finalidade supervisionar e coordenar os estabelecimentos penais da Unidade da Federação a que pertencer. Parágrafo único. Os órgãos referidos no caput deste artigo realizarão o acompanhamento de que trata o inciso VII do caput do art. 72 desta Lei e encaminharão ao Departamento Penitenciário Nacional os resultados obtidos. (Incluído pela Lei nº 13.769, de 2018) SEÇÃO III Da Direção e do Pessoal dos Estabelecimentos Penais Art. 75. O ocupante do cargo de diretor de estabelecimento deverá satisfazer os seguintes requisitos: I - ser portador de diploma de nível superior de Direito, ou Psicologia, ou Ciências Sociais, ou Pedagogia, ou Serviços Sociais; II - possuir experiência administrativa na área; III - ter idoneidade moral e reconhecida aptidão para o desempenho da função. Parágrafo único. O diretor deverá residir no estabelecimento, ou nas proximidades, e dedicará tempo integral à sua função. 36 Lei de Execução Penal Prof. Jonatas Jorge (J.J.) Art. 76. O Quadro do Pessoal Penitenciário será organizado em diferentes categorias funcionais, segundo as necessidades do serviço, com especificação de atribuições relativas às funções de direção, chefia e assessoramento do estabelecimento e às demais funções. Art. 77. A escolha do pessoal administrativo, especializado, de instrução técnica e de vigilância atenderá a vocação, preparação profissional e antecedentes pessoais do candidato. § 1° O ingresso do pessoal penitenciário, bem como a
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