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Administração de Condomínios Aula 1: Evolução do Condomínio Apresentação Nesta aula, apresentaremos uma breve evolução dos condomínios e sua importância adquirida na paisagem urbana das médias e grandes cidades brasileiras. Teremos a oportunidade de conhecer as alterações que o Código Civil de 2002 provocaram na de�nição de um condomínio e suas diferentes formas de constituição. E, ao �nal, veremos quais são os elementos indispensáveis para a criação de um condomínio e o papel indispensável da convenção e do regimento interno na gestão de seu dia a dia, pois ali é que são estabelecidos deveres e direitos para uma convivência mais equilibrada de cada um dos proprietários da fração ideal do imóvel ou de sua unidade habitacional. Objetivos Apresentar o condomínio e sua importância na gestão imobiliária; Identi�car os conceitos de condomínio, de acordo com a legislação pertinente; Conhecer os aspectos essenciais relacionados à criação e constituição dos condomínios: a convenção e o regimento interno. A evolução dos condomínios Prédios (Fonte: StockSnap from Pixabay ). Os condomínios já fazem parte, hoje, da nossa paisagem urbana, isto é, em todas as cidades de médio ou grande porte já encontrarmos inúmeros condomínios espalhados em diferentes bairros, no centro ou nas áreas menos centrais. Essa realidade também tem sido notada em pequenas cidades, em que prédios – não tão gigantescos ou imponentes como das grandes cidades – começam a ser edi�cados aqui e ali isoladamente, principalmente naquelas cidades próximas ou vizinhas de centros econômicos. Dubai (Fonte: Pexels from Pixabay). Quando escutamos falar sobre o crescimento das cidades na China, uma das primeiras imagens que nos são apresentadas são os grandes edifícios, com centenas ou milhares de apartamentos, prédios que �caram conhecidos, há algumas décadas, como “arranha-céus” tamanha era a novidade e o impacto nas cidades. Essa realidade que tão bem conhecemos acompanhou a própria evolução da sociedade, com o crescimento das cidades, sobretudo no período pós-II Guerra Mundial, com o fenômeno da urbanização: cada vez mais as populações dos países diminuem em sua área rural e tendem a se concentrar nas áreas urbanas, nas cidades. Esse fenômeno, que antes se destacava no processo rápido de evolução das cidades, hoje parece ser um senso comum, algo aparentemente natural e a ser repetido por todos: a maior parte da população quer morar em cidades. Saiba mais Ao longo dos anos os condomínios foram ganhando espaço em nossa paisagem e muitas são as discursões sobre a necessidade e existência dos condomínios, para saber mais leia o texto evolução dos condomínios. Os primeiros conceitos de condomínio no Brasil A realidade jurídica, na de�nição de condomínio no Brasil, esteve um pouco atrasada em relação à realidade da época, embora, na atualidade, haja toda uma legislação capaz de explicar os detalhes do condomínio e as obrigações inerentes a todas as partes envolvidas, do morador ao gestor. Mas, como vimos, a ideia de moradia coletiva é bastante antiga. Direito (Fonte: succo from Pixabay). Saiba mais Em Portugal, no tempo do Brasil Colônia, nos idos dos anos 1600, já tivemos uma legislação que mencionava a ideia dos condomínios e pode ser considerada a precursora no nosso Direito, tal como descrito nas Ordenações Filipinas. Veja o texto desta legislação (na linguagem original). .1 Código Civil (Fonte: Iconfinder). Código Civil Precisamos avançar muito no tempo para chegarmos ao ano de 1928 e encontrarmos a primeira legislação genuinamente brasileira que tratava do tema. Curioso é notar que o nosso Código Civil anterior, que foi de 1916, não abordava tal realidade, mesmo se na prática já se tornava comum a divisão de um bem por mais de uma pessoa. Decreto N°5.481 Em 1928, então, o Decreto nº 5.481 traçava as primeiras linhas, com sua ementa explicando que o texto legal “Dispõe sobre a alienação parcial dos edifícios de mais de cinco andares e dá outras providências” (a redação está no formato original da época): Decreto (Fonte: Iconfinder). Clique nos botões para ver as informações. Os edi�cios de mais de cinco andares, construídos de cimento armado ou materia similar incombustivel, sob a fórma de apartamentos isolados, entre si, contendo cada um, pelo menos, tres peças, e destinados a escriptorios ou residencia particular, poderão ser alienados no todo ou em parte objectivamente considerada, constituindo cada apartamento uma propriedade autonoma, sujeita ás limitações estabelecidas nesta lei.Paragrapho unico. Cada apartamento será assignalado por uma designação numerica, averbada no Registro de Immoveis, para os effeitos de identidade e discriminação. Art. 1° O terreno em que assentem o edi�cio e suas installações e o que lhe sirva a qualquer dependencia de �m proveitoso e uso commum dos condominos ou accupantes, constituirão cousa inalienavel e indivisivel de dominio de todos os proprietarios do predio. Art. 2° Os proprietarios de apartamentos contribuirão diretamente com as quotas relativas a quaesquer impostos ou taxas federaes, estados ou municipaes, pagando-as por meio de lançamento, como si se tratasse de predios isolados. Art. 5° A administração do immovel, no que respeita aos serviços que interessam a todos os moradores, como sejam os de esgoto, agua, illuminação, telephone, elevador, asseio, desinfecções, vigilancia interna e portaria, caberá a um dos proprietarios do apartamento ou a terceiro, eleito biennalmente, ou antes, em caso de vaga, por maior de votos dos condominio. Art. 8° Annualmente, os proprietarios de apartamentos votarão, por maioria, a verba para as despezas communs de conservação do edi�cio, concorrendo cada interessado, dentro do primeiro mez do trimestre, com a quota que lhe tocar para o custeio, de accôrdo com o valor de sua propriedade. As decisões da maioria em relação ao orçamento dessas despezas serão communicadas aos interessados ausentes por meio de carta registrada e edital. Art. 9° É vedado a qualquer proprietario de apartamento:a) mudar a fórma externa da fachada ou a distribuição interna dos compartimentos;b) decorar as paredes e esquadrias externas com tonalidades ou côres diversas das empregadas no conjunto do edifício.c) estabelecer enfermarias, a�cinas, laboratorios ou installações perigosas ou que produzam ruido incommodo;d) embaraçar o uso dos corredores e caminhos internos ou lançar-lhes detrictos, aguas ou impureza;e) o emprego de qualquer processo de aquecimento susceptivel de ameaçar a segurança do edi�cio ou prejudicar-lhe a hygiene e a limpeza. Paragrapho unico. A transgressão de qualquer dessas prohibições, veri�cada em processo judicial summario, importará na multa de 2:000$ a 5:000$, cabendo a metade ao interessado que intentar a competente acção e a outra á Municipalidade, e o dobro em caso de reincidência. Art. 11° Atenção As informações apresentadas acima, são a título de curiosidade, tendo em vista que esse Decreto não está mais em vigor (veremos a seguir a de�nição legal na atualidade), mas já demonstra indicativos de instrumentos que encontramos hoje, mais de 80 anos depois: a �gura do síndico ou do administrador de condomínio, as cotas e seus rateios, as penalidades etc. Outra Lei (de nº 4.591), que vigorou plenamente no País até pouco tempo (vários artigos foram revogados com o novo Código Civil), foi sancionada somente no ano de 1964 e trazia algumas inovações: "Art. 1º. As edi�cações ou conjuntos de edi�cações, de um ou mais pavimentos, construídos sob a forma de unidades isoladas entre si, destinadas a �ns residenciais ou não- residenciais, poderão ser alienados, no todo ou em parte, objetivamente considerados, e constituirá cada unidade, propriedade autônoma sujeita às limitações desta Lei.§ 1º Cada unidade será assinalada por designação especial, numéricaou alfabética, para efeitos de identi�cação e discriminação.§ 2º A cada unidade caberá, como parte inseparável, uma fração ideal do terreno e coisas comuns, expressa sob forma decimal ou ordinária." Atenção Hoje, com o advento do Código Civil, de 2002, é ele quem regulamenta as questões referentes aos condomínios. O condomínio, na atualidade A atual legislação, a Lei nº 10.406, denominada de Código Civil, cuidou de recuperar algumas lacunas existentes, e de abordar o tema com a maior amplitude necessária para promover a segurança jurídica dos condôminos e do próprio condomínio. Vemos que o legislador teve a preocupação de diferenciar as partes que são de “propriedade exclusiva” daquelas que são de “propriedade comum dos condôminos”, o que vem a ser extremamente importante no dia a dia da gestão do condomínio e, sobretudo, do direito de propriedade, como também na delimitação de direitos e deveres de cada uma dessas partes, seja em sua área “exclusiva” seja em área “comum”. Condomínio (Fonte: Elevate on Unsplash). Nos seus arts. 1331 a 1333, ele nos esclarece que: Art. 1.331. Pode haver, em edi�cações, partes que são propriedade exclusiva, e partes que são propriedade comum dos condôminos. Atenção Cabe uma observação sobre um detalhe na redação deste artigo quando inicia a�rmando que “pode haver, em edi�cação” as partes exclusivas ou de uso comum: apesar da indicação de “pode haver” é fato absolutamente comum que em um espaço em que se estabeleça um condomínio haja, de fato, tal divisão, impensável que seria, por exemplo, imaginar um edifício em que as escadas, o acesso ou a garagem fossem privativos ou, por outro lado, que as unidades habitacionais não fossem de uso exclusivo. Esse “pode haver” parece ser uma redação precipitada que passou despercebida inclusive, no parágrafo segundo o próprio Código já faz uma divisão). Clique nos botões para ver as informações. As partes suscetíveis de utilização independente, tais como apartamentos, escritórios, salas, lojas e sobrelojas, com as respectivas frações ideais no solo e nas outras partes comuns, sujeitam-se a propriedade exclusiva, podendo ser alienadas e gravadas livremente por seus proprietários, exceto os abrigos para veículos, que não poderão ser alienados ou alugados a pessoas estranhas ao condomínio, salvo autorização expressa na convenção de condomínio. § 1° O solo, a estrutura do prédio, o telhado, a rede geral de distribuição de água, esgoto, gás e eletricidade, a calefação e refrigeração centrais, e as demais partes comuns, inclusive o acesso ao logradouro público, são utilizados em comum pelos condôminos, não podendo ser alienados separadamente, ou divididos. § 2° A cada unidade imobiliária caberá, como parte inseparável, uma fração ideal no solo e nas outras partes comuns, que será identi�cada em forma decimal ou ordinária no instrumento de instituição do condomínio. § 3° Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público. Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público. A orientação principal neste artigo pode ser apreciada na ideia de que o direito de propriedade deve ser primordialmente respeitado, mas não deve de forma alguma se sobrepor ao direito de coletividade: ainda que o condômino seja legítimo proprietário de sua unidade habitacional, ele não pode usufruir com exclusividade – nem negociar – os espaços comum, coletivos. Essa ressalva é de suma importância com o amparo do descrito no parágrafo segundo que determina aquelas áreas ou acessos em que o condomínio (a coletividade) tem prioridade sobre a individualidade. Exempli�cando: As obras obrigatórias na “rede geral de distribuição de água” não podem ser proibidas pelo condômino, ainda que cause algum transtorno na sua unidade habitacional, por mais que ela seja, ali, de uso exclusivo. § 4° Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público. Nenhuma unidade imobiliária pode ser privada do acesso ao logradouro público. A orientação principal neste artigo pode ser apreciada na ideia de que o direito de propriedade deve ser primordialmente respeitado, mas não deve de forma alguma se sobrepor ao direito de coletividade: ainda que o condômino seja legítimo proprietário de sua unidade habitacional, ele não pode usufruir com exclusividade – nem negociar – os espaços comum, coletivos. Essa ressalva é de suma importância com o amparo do descrito no parágrafo segundo que determina aquelas áreas ou acessos em que o condomínio (a coletividade) tem prioridade sobre a individualidade. Exempli�cando: As obras obrigatórias na “rede geral de distribuição de água” não podem ser proibidas pelo condômino, ainda que cause algum transtorno na sua unidade habitacional, por mais que ela seja, ali, de uso exclusivo. § 5° Continuando a leitura do Código Civil vamos encontrar logo no artigo seguinte as condições formais de constituição do condomínio: Art. 1.332. Institui-se o condomínio edilício por ato entre vivos ou testamento, registrado no Cartório de Registro de Imóveis, devendo constar daquele ato, além do disposto em lei especial: I - a discriminação e individualização das unidades de propriedade exclusiva, estremadas uma das outras e das partes comuns; II - a determinação da fração ideal atribuída a cada unidade, relativamente ao terreno e partes comuns; III - o �m a que as unidades se destinam.” 2 Cartório de Registro (Fonte: shutterstook / Jemastock) Temos, aqui, o documento fundamental para comprovação jurídica da existência do condomínio: o registro no Cartório de Registro de Imóveis por “ato entre vivos ou testamento”, ou seja, pela vontade das partes que decidem constituir um imóvel com destinação diferente, a de que a propriedade não será mais exclusivamente individual, mas compartilhada de acordo com suas regras. Cartório de Registro (Fonte: shutterstook / Jemastock) Há outras formas de materialização deste ato formal, além da clássica transação comercial entre as partes que adquirem uma fração ideal do imóvel: a incorporação imobiliária, com a cessão de direitos e a “permuta” entre o terreno e unidade(s) habitacional(ais) quando da conclusão da obra, e, embora menos comum, a formalização do ato através de decisão judicial quando há, por exemplo, divergência entre a destinação de um bem (criação ou não de um condomínio?) ou até mesmo de sua divisão (herdeiros que divergem sobre a destinação de uma área); nestes casos, a decisão judicial é que embasará a formalização do ato, permitindo que a vontade entre as partes possa ser concretizada. Portanto, é sempre bom lembrar ao pro�ssional de mercado, que todo condomínio que se pretenda lançar no mercado, ainda que em fase inicial ou de um pré-projeto, deve estar devidamente registrado em Cartório. Convenção de condomínio | Fonte: Carmen Carbonell from Pixabay. A convenção do condomínio O primeiro documento que deveria reger todo e qualquer condomínio é a sua convenção. Ela fará a chamada “lei entre as partes” e deve indicar as principais orientações sobre a condução e regras básicas do condomínio. Sem a convenção, alguns parâmetros podem se perder na gestão do administrador do condomínio e, muitas vezes, causar demandas judiciais. Veja o que diz o art. 1.333 do Código Civil: "Art. 1.333. A convenção que constitui o condomínio edilício deve ser subscrita pelos titulares de, no mínimo, dois terços das frações ideais e torna-se, desde logo, obrigatória para os titulares de direito sobre as unidades, ou para quantos sobre elas tenham posse ou detenção. Parágrafo único. Para ser oponível contra terceiros, a convenção do condomínio deverá ser registrada no Cartório de Registro de Imóveis.”" E se não houver a convenção? Provavelmente deve haver um regimento interno com uma extensa redação de vários artigos indicando todos os aspectos do dia a dia do condomínio.Continue lendo... E se houver a aprovação da convenção, mas ela não estiver registrada? O parágrafo único do art. 1.333 diz que para ser “oponível contra terceiros” deve estar registrada no cartório: isto signi�ca que para que tenha valor externamente há necessidade do registro. Continue lendo... As cláusulas “mínimas” de uma convenção O legislador teve uma salutar preocupação em indicar algumas cláusulas mínimas que devem compor a convenção. Apesar de tratar-se de um bem particular e de um acordo criado entre as partes onde deve prevalecer a vontade coletiva, alguns princípios que feririam o sentido da função social ou que eliminariam procedimentos igualitários em importantes decisões estão estipulados no art. 1.334 do Código Civil: "Art. 1.334. Além das cláusulas referidas no art. 1.332 e das que os interessados houverem por bem estipular, a convenção determinará: I - a quota proporcional e o modo de pagamento das contribuições dos condôminos para atender às despesas ordinárias e extraordinárias do condomínio; II - sua forma de administração; III - a competência das assembleias, forma de sua convocação e quorum exigido para as deliberações; IV - as sanções a que estão sujeitos os condôminos, ou possuidores; V - o regimento interno. § 1° A convenção poderá ser feita por escritura pública ou por instrumento particular. § 2° São equiparados aos proprietários, para os �ns deste artigo, salvo disposição em contrário, os promitentes compradores e os cessionários de direitos relativos às unidades autônomas.” Vamos destacar alguns pontos importantes sobre o mencionado artigo: a quota condominial deve ser proporcional, seja para as despesas ordinárias ou extraordinárias (a taxa extra); a necessidade de que a convenção apresente as sanções pelo descumprimento das normas do condomínio. Concluindo sobre a convenção, duas ressalvas importantes: 1 A primeira é o fato de que, independentemente da realização da convenção, a �gura jurídica do condomínio existe desde a sua criação (como visto no art. 1.332). 2 A segunda, é que essa convenção ultrapassa os direitos e deveres daqueles que a assinarão, isto é, o novo comprador e morador estarão automaticamente vinculados à convenção. O regimento interno O regimento interno deve ser o documento complementar da convenção de tal forma que deveria ser sempre redigido após o registro da convenção em cartório. Mas, na verdade, nem sempre é o que acontece, sendo comum encontrarmos condomínios com um regimento interno aprovado, mas sem a sua convenção registrada ou sequer constituída e discutida. Qual o efeito desta “inversão de ordem”?5 Regimento interno (Fonte: Free-Photos from Pixabay ). Para o Corretor de imóveis, é importante conhecer todas as regras existentes em um condomínio, mesmo sabendo que a intenção não é aprofundar-se sobre os detalhes de uma convenção ou de um regimento interno. Mas, no bom exercício de sua pro�ssão, o Corretor deverá informar à parte interessada no imóvel (seja aluguel, compra, permuta etc.) a existência destes documentos que fazem a “lei interna” do condomínio; e, mais do que informar, fornecer uma cópia. Corretor de imóveis (Fonte: shutterstock / antoniodiaz) Notas Texto Legislação 1 “E se huma casa for de dous senhorios, de maneira que de hum delles seja o sótão, o de outro o sobrado, não poderá aquelle, cujo for o sobrado, fazer janella sobre o portal daquelle, cujo for o sótão, ou logea, nem outro edifício algum” (Mencionado em João batista Lopes, Condomínio, Revista dos Tribunais, 2000)”. Dos “dous senhorios” entendia-se que a propriedade de uma residência poderia ser compartilhada, ou seja, que um mesmo imóvel poderia contar com as mesmas obrigações e direitos não somente em relação ao imóvel, mas em relação a seus ocupantes. Essa ideia centrada no binômio deveres-direitos permanece até hoje em toda a legislação aplicada ao Direito brasileiro. Por ato 2 Esse “ato” que o Código Civil menciona é geralmente materializado em um contrato, seja de compra-venda (do terreno), de cessão de direitos, de constituição de sociedade etc. A liberdade contratual para composição do novo condomínio, naquilo que não contrariar o Direito, deve prevalecer. Mas, é antes de tudo, como mostra esse art. 1.332, um ato formal com todos os rigores: deve estar convencionado por escrito e legalmente registrado no Cartório, pois, sem isso não podemos falar em condomínio. Como a convenção é um documento “maior”, isto é, está acima do regimento interno, quando for aprovado pelos dois terços dos proprietários das “frações ideais”, poderá entrar em con�ito com o regimento; neste caso, prevalecerá o que estiver escrito na convenção. Mas, é importante atentar que, mesmo não tendo sido ainda registrado, entre as partes, ou seja, entre os proprietários de frações ideais e/ou seus condôminos ela terá pleno valor! Assim, estes não poderão alegar que a ausência de formalização signi�ca que a convenção pode ser descumprida: ora, se o tema foi discutido e debatido por pelo menos dois terços dos proprietários, é plenamente aceitável que produza efeitos (e a Justiça tem assim decidido)! Exempli�cando: se na convenção, aprovada, mas não registrada, estabelece que o acesso a garagem é terminantemente proibido a não moradores, não há possibilidade de contestação e, realmente, nenhum outro carro poderá ter o acesso liberado. Efeito5 Na prática, no dia a dia dos condôminos, não há como deixar de cumprir com as regras do regimento em função da ausência da convenção; mas, como a convenção é um norteador dos direitos e deveres de um condomínio, e o regimento interno exige um detalhamento de todas as atividades e situações, é possível que traga algumas contradições internas ou até mesmo que esteja diferente do pensamento coletivo, das ideias principais de uma convenção. Referências GASPARETTO, Evelyn Roberta. GUIDON, Cristina Muccio. Administrando condomínios. Orientações básicas para síndicos, condôminos, advogados e administradores. 2 ed.São Paulo: Servanda, 2012. MELLO, Cleyson de Moraes.Condomínio.Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2012. RACHKORSKY, Márcio.Tudo o que você precisa saber sobre condomínios. São Paulo: Saraiva, 2009. SCAVONE JUNIOR, Luiz Antônio.Direito imobiliário. Teoria e prática. 5 ed. São Paulo: Forense, 2012. SCHWARTZ, Rosely Benevides O.Revolucionando o condomínio. 13 ed. São Paulo: Saraiva, 2011. TABOSA FILHO, Mário.Gestão de condomínio. Direto ao assunto. São Paulo: Senac, 2011. Próxima aula O que são as assembleias gerais de um condomínio, divididas entre as assembleias ordinárias e extraordinárias e as condições de sua convocação entre os condôminos, bem como as regras para aprovação de suas decisões. Explore mais Pesquise na internet, sites, vídeos e artigos relacionados ao conteúdo visto. Em caso de dúvidas, converse com seu professor online por meio dos recursos disponíveis no ambiente de aprendizagem. Acesse os sites: texto com www.creci-rj.gov.br texto com www.cofeci.gov.br texto com www.universidadesecovi.com.br
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