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ZUMTHOR, Peter - Atmospheres

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Prévia do material em texto

Peter Zumthor Atmosferas 
' 
Edtto-11al Gustalio Gth Sl 
RosseiiO 87-B~ . 08029 Barcelona. Espanha. Tel ..-..34 93 322 8161 
Praco1a NotiCia$ (Ja Amildora 4· B. 2700·606 AmadOfa. Portugal Tel 21 491 09 :)6 
PETER ZUMTHOR ATMOSFERAS 
E.ntornas a;qUitectomcos -As cmsas que me rodeiam 
GG~ 
Este ltvro base1a-se numa palesln dada a 1 cle Junho cia 2003 na Ku11s1scheune no p.alacto 
da Wendl·nghausen, na Fe:St:a da Mils~ca e l11eratura em Ostwestlalen-Ltppr ·we~e \lvr~h 
clas Land' 
hlvlo ongmal Atmaspllaren. publtc:ado por B.rlo:hauser Verla(!. Basileta. 2000. 
Traducao Astnd Grabow 
Rev1s~o. Ernlllto Velez de Ma1os Branco 
la~oul· Ernst·Ramhardl {hlarl 
I' ed~~o. 7.' tmpress.ao. 2009 
• 
Toclos QS dtrottos resermios. Ncnhuma p:ar!e des1a public~~o pr<negida por copwi'ghr p()de 
ser o111tzada ou reprndl.lllda de qualquer Ierma oo por qua•squer metQ$ -gr·aftcc,~. erettrMiec 
ou mcdntw. mclumcfo roto!Xlpta, wavac~o ou st:Stemas de arroazenamen1o e !rans.mts.sao de 
dadGS· sem au1omacao por escmo d;& tdl!t~ra 
A Edttora n~o se pronuncia. expressa ou implttJt:amente. a respe11o da acunJade t!as 
irif orma.;:iJ.es cofltidas neste liYro e Pao ateilara qu<~~(luer responsabtl•d.ade legaJ em caso 
de wos ou omrssoes 
© dQ lexlo: Peter Zumttror 
© Bt~hauser Verl~g AG (Verlag lur 1\r<:hnekt~,:r). !la$lleta, 2006 
da presente edi~~(t. 
© i:duor~ar Gusta'I'O< Grh. SL. 6artelona. 2005 
Printed m Spain 
IS{! N 91.8-84-251-2169-9 
lmpress:io Ltlosplat SA Les Franqoe"Ses del Valles (Barcelona) 
.. 
'Atmosphere is my style· 
J M. W. Tumer a John Ruskin. 1844 
Prerac•o 
..,_ ngo com a beleza 
E ~ JOgo reciproco. de dar e receber. entre as obras 
c;e Peter Zumlhor e o espaco envol11ente Uma surpre-
sa Um enriquecimenlo, Ao falar da sua arqu1tectura 
snbressa1 mev1tavel e •med•alamente o conoeilo da 
aunosfera, urn ambiente, uma dispos•c~o do espaco 
ccnstruldo que comunica com os observadores. habJ-
tantes vis1tantes e tambem. com a vmnhartca. que os 
comag1a. Peter Zumthor aptecia lugares e casas Que 
cu1d.am do homem. que o de1xam ·mer berne o apmam 
d1scretamernte. A le1tura do local. a des cob erta de 
obJect•vo. sentido e lmahdade do prOJCCio. o prOJeCtar. 
planear e lormutar da obra e por 1sso n~o um processo 
linear. mas sim mult•plamente entretacado. 
A atmosfera e em Peter Zumthor uma categona da 
estet1ca. Qual o papel. que o arquuecto the confere. e 
como a respeita. e destas. questoes que o hvro fala 
Consta nele a palestra 'Atmosleras. Espac·os arQUitec-
t6mcos - as CQI$&$ 6 minha volta' que o arquiteclo 
sui~o deu durante <1 Festa de Mustca e Llteratura ·wege 
durch das land' ["Caminhos pelo pais'] no dia 1 de 
6 
Ar.dd B<iclWI A lltr~ aos l'llt:IIM 
(prltOOtra vmc.So) lBSO 
KUt1strostum Sasel 
7 
Junho de 2003 num Iugar ap(opnado. o pal~cio renas-
centista de Wendhnghausen JUnto ao rio Weser. Como 
parte do proJeclo 'Parsagern poetica·. este evento 
relacionou de forma s1gmficat•va lugares e artes. um 
conJunto de a¥enturas mtel ectua1s que part em de 
um local e o ligam a uma pessoa. a um evento literano 
ou a um motivo, sendo isto vanavet ao Iongo do tem-
po. ou Que relacronam surpreendentemente urn Iugar 
<:om um ouno. com leituras e concertos. dan ca. expo-
SI(:oes e conversas. conrando corn a partic1pa~ao de 
actores, escritoues e ensembles nacionais e internacio-
nals. Durante a colabora~.ao Mste projecto. passeei 
com Peter Zumlhor por campos e ll)rado~~;, por localida-
des e 6reas disseminadas e rnon6tonas.; lalou-se, fize-
ram-se perguntas. foram surgindo imagens. _ 
A pr6pria palestra. inserida num programa que durou 
varios dias. colocou em destaque, msp1rada pela arqm-
tectura do palttCH) renascentista de Wendhnghausen, 
a questio da beleza. Os postulados arquitectomcos 
daquele tempo· utilidade e conforto. solidez e beleza 
-ass1m Clla o rnestre do renasc•mento Uahano. 
Andrea Pallad1o. o anugo Vi1ruv10- sobressaem em 
Prefac1o 
~endl1nghausen com toda :a sua pureza: uma arquitec-
•ura simples. profundam.ente enra1zada na parsagem e 
u: l!zando materia is de construcao tlp•cos da regiao. 
A programa~ao hreraria e musical levou-nos a ltalia do 
seculo xv1 e xv11. A lmmra do romance Oel mal£e rcerelse 
(0 quarlo pintada] da ,escntora dinamarquesa Inger 
Chnslensen - qu·e 1az relerenc•a ao famoso quarto 
il'lrJpc•al do Ouque de Mantua. pintado por Andrea Man-
legna-. assim como da Vu;,gem a Jtali:i de Goa the em 
1elacao as obras de Andrea Palladia colocou em roco o 
mouvo da beleza e de como a mesma pode ser lradu-
21da a beleza exterior. escalas. propon;oes e maJeriali-
dades. ass1m como a, bele:za 1nterlor. o mJdeo das 
COIS31S, Tal~,~ez seja JUSto falar de uma quahdade poeti-
ca das coisas. 
0 1ex1o para es1a pubhcacao for !ra1nscrito da oral1dade. 
por forma a manter o dtscurso espont~neo e direclo de 
Peter Zumthor, proferido na palestra de urn a forma 11vre 
para mais de qualrocentos ouvlntes. 
a 1 9 
1 Chrisle!!$(:10. llltJVI'. O!lt1116,'te 
v;#f!JI$~ M r¢TelMg lrr~Milllro'iii. 
Bcf!llc!t.rn Copenl"ii111'JD. 19B9 
2 (J.JP.Ihe. Jali.;fln Wollgang von. 
lt:iitN$'CII~ !i't1Sc 118ltHS111 
{vt:rS:aa jil0rlugu!l$a Vrage.rn a 11~/JJ 
Bngitte labs-Ehlerl Detmold. Ouwbro de 2005 ~·oo'a d'A,..a l:s!Jo.a mill). 
P-=~e• Zumthor Atmosreras 
'"' lltulo Atmo,sferas tern origem no seguinte· imeresso-
me desde ha muito, ·como e natural. sobr·e: o que e no 
fundo a qualidade .arqUiteclontca? t relailvamente facil 
d~e wespo nder. A. qualidade arqUilectomca -para 
mtm- nao signilica aparec~er nos guias arquitecl6ni-
cos ou na h1st6na da arquiteclura ou ser publicado 
etc .. Oualidade arquilectonica s6 pode stgnificar que 
sou tocado por uma obra. Mas porque di!a'bo me tocam 
eslas obras? E como poss'Cl projeclar t.al cmsa? Como 
posso projectar atgo camo o espat;:o desla totograha 
-~ um tcone pessoal. nunca v1 este ed1ficio. acho que 
J2 nao exisle, e. no etltanto. adoro ve-lo. Como se 
pod em pro1ectar cotsas assim. que t~m uma presenya 
tao bela e natural que me toea sempre de novo. 
Uma de11omina~ao para isto e a atmosfera. Todos nos 
a conhecennos: vemos uma pess·oa e temos IIJima pu-
meir<~ impressao. E eu aprendi nao coniies nis'lo. tens 
de dar uma oportunidade a esta pessoa. Agora estou 
um pouco mais velho e tenho de dizer que t~ollei para 
a primeira 1mp:res.sao. Em rela~~o ~~ arqwtectlllra !am-
bam e urn pouco assim. Entro num edilicio. veJo urn 
10 ll 
JIW!t Rus~ Pcpe.. !trl~ d1 
Brc.J-l! SlffJJ!'I. Rtdwn~Jnd v.:g ,i3. 
£s~ados Unr.dll'S. 1919 
Pe•e• Zumthor Atmosferas 
espaco e rransmire-se uma atmosfera e numa fraccao 
de segundo S•nto 0 que e 
A atmosfera comumca com a nossa percepcao emocio· 
nal. isto e. a pereepc§o que lunciOna de forma lnstmti-
va e que o se' humano passu• para sobrev1ver. Ha 
s tuacaes em que nao podemos perder tempo a pensar 
se gos!amos au nao de algoma cotsa. se devemos ou 
l'l i10 sallar e tug'r Ex1ste argo em nos que comumca 
medtatamente connosco. Compreensao •med1ata. tiga-
vao emoc1onal 1med1ata. recusa imediata t diferente 
caquele pensamenlo lmear que tambem possulmos e 
que tamb6m a mo. chegar de A a B racionalmente. obn· 
gando-nos a pensar sobre tude. A percepcao emoc10 
na• conreccmos per exempfo da musica. 0 pnme1ro 
andamento daquele sonata para v1oloncelo de Brahms. 
a emrada do VJoloncelo -e em do.s segundos surge 
aquele sentimemo (Sonata n• 2 em F8 Msior paTa wo-
loncelo e piano). E nao sea porqu~ Em relacao a arqui~ 
tectura tambem e urn pouco ass1m. Nao tao lone como 
na maaor das artes. mas esta ta Vou ler-vos a titulo de 
exemplo o que escrev1 a este resp eJto no meu l1vro de 
12 I 13 
£ mt.l IJriJillle( 01.1 de W«ll pJo 
em w'nn Uff't!iPI & ,00 194 2 
Colte<;io ~rn" Bnmnu, S..r. _·a 
• 
- . 
- .... ~- ' 
' 
Perer Zumthor Atmosferas 
apontamentos'E Ouinta-fetra Santa de 2003. Sou eu 
: s:ou alt sentado. uma praca ao sol, uma a read a gran-
a e. tonga. alta e bonrta ao sol. A pra~a~ - frente de 
casas. 1greja. monumenlos- como panorama ~ mmha 
fre"'te. ~ parede do cat~ nas m1nhas costas. A denstda-
de certa de pessoas. Urn mercado de flares Sot Onze 
horas. A parede do outro lado da praca na sombra. em 
rons agradavelmenle azuas. Sons maravilhosos conver-
sas proximas, passos na pra~a . pedra. p~ssaros. utl'l 
,e .·e murml.mo da mullldao. sem carros. sem barvlho 
de motores. de vez em quando ruidos de obra ao Ionge. 
Os lerjados a comecar ja tornaram os passo-s das pes-
soas mats lenros. •magtno Ouas fretras -tslo e reah-
dade e n~o tmagH'tacao-. duas fre•ras cwzam a praca. 
gesticulando. de passos leves e roucas a ag1tarem-se 
e•:emente ao veoto, cada uma traz Ul'l saco de p!~stl­
co. A temperatura: agradavelmenle fresco. com calor. 
Estou sentado na arcada. num sofa estolado em verde 
mate. a l•gura de bronze a minha I rente no alto pedes-
tar'esta de costas para mim e olha. como eu, para a 
gre1a de duas lorres As duas torres da 1gre1a r~m 
14 115 
Pe1er Zumtllol coapela Br~r ~13u!i, 
V~!rll(h.. ~~llfl'3"ha. Corpo oe 
eomtr~a na ~'II. rtlfQuet • 
Peter Zumthor Atmosferas 
cupulas drferentes. que em baixo com~am de lorma 
rgual e Que ao sub1r se md1vidualizam. Uma e mais alta 
e I em uma cora a dourada a voila do topo. Em breve. B. 
vira ler comtgo. cruzando a prac;:a na diagonal' Agora. 
o que e que me tocou? Tudo. Tudo. as coisas. as pes-
• 
soas. o ar. ruldos. sons. cores. presen~as materiars. 
texturas e tambem formas Formas que consigo com-
preender Formas que posse tentar ler. Formas que 
acho betas. E o que e que me tocou para alem dtsso? 
A minha disposicao, os meus sent1mentos. a mmha 
• 
expectati\la na altura em que air estlve sen!ado. 
£ vern-me a cabc~a esla lamosa frase 1nglesa que 
remete a Platao. 'Beauty as 111 the eye ol the beholder.' 
:sto e tudo extste apenas dentro de mim. Mas depois 
fat;o a expenenc.a c cltmino a pra~a . E ~~ nao tenho os 
mesmos senumentos. Uma expen~ncra srmples. des-
culpem a s1mplicidade do meu pensamcmo. Mas ao eh-
minar a pr.a~a - os meus sentimentos desaparecem. 
Naquela altura. nunca os tena lido da mesma forma 
sem a atmosfera da pra~a . logrco. Ex1stc um efe1to 
rec1proco en1re as pessoas e as co1sas E e com •sto 
16 1 17 
VllC• !'JO ~- P'l.1110 T:!SSttiO 
Ra•.ton. Vn':tna. II i1ra. 19S2. P~ttr> 
• 
-
= me 1demii1CO como arqUitecto. E e 1sto a mmha paa-
. ..,... Ex1ste uma magidl do real No enlanto. conheco 
_,.,.. Cl mag1a dos pensamentos. E a pa1)(ao dos pensa-
f'"LOS belos. Mas aqui estou a I alar daquilo Que mUI-
-s vezes acho ainda ma1s incrlvel a magia do 
dade1ro e do real 
te:·ogo-me como arquitecto: A magaa do real -cafe 
.a res1denc1a de estudantes. urn a r otograha de Hans 
8aumgartner t1rada na decada de 1930. Estes homens 
ns1am de estar ali sentados Pergunto-me posso eu, 
como arqwtecto, projectar estas atmosferas. esla defl-
s dade. este ambrenteil E em caso afrrmativo. como7 
E oenso que sim. e depo1s que nao. Penso que srm 
porque ha co1sas boas e menos boas E ago(a mats 
uma Cl!acao. Um mus1cologo escreveu num dic1onano 
de mus1ca a seguinte trase que amplie1 numa rolha. 
pendurei no alelier e d•ss-e ~ ass1m que Lemos de 
trabalharl 0 mus1c6logo disse sobre es1e compositor 
em especial. que vao ad•vmhar quem e •med•atamente. 
o segUime: ·escala diat6n1ca rad1cal. escalada ntm1ca 
-
--
H.Ju Bau.11garrner res :;Mea Cl! 
lll.ludanl !3 1'13 Clatrguss11as.S.tt 
l unqoo, Surca 1926 
• 
Peter Zumthor A magm do real 
poderosa e d1ferenciada. evid~nc1a da hnha melodica. 
clareza e rudeza das harmon1aS. urn radiar cortante das 
tonaiJclades. por lim a sJmpllcldade e trausparencia do 
tec1do musical e a sobdez da construv~o· (Andr~ Bou-
courechhev sobre ·o genumamente russo na gram:uica 
musical de Igor Strav1nsky') Esta frase esta agora pen-
durada Ia em cima no atelier para todos nos. E fala-me 
de atmosreras. lambem a mus1ca deste compos!to~ 
possUI esta caracterlsuca de nos tocar. de me locar de 
1mediato Mas aquilo que tambem vefo nesta descn~ao 
e o trabalho. e isso conlorta-me. ex1s1e de facto um 
lacfo artesanol nes1a tarefa de criar atmosleras arqw~ 
lectomcas Tem de haver procedtmentos. 1nmeresses. 
mstrumentos e ferramentas no rneu trabalho Observo-
·ma a mim proprio e conto-vos em nove mini·capltulos 
o que encon~rei. o Que me move quando temo cnar 
esta atmosfera nas minhas casas t ev1dente que as 
respostas sao mu11o pessoa1s. mas nao tenho outras. 
Sao mUltO sensiveiS, tndJvldllaiS, provavelmente sao 
m~smo senstbi!Jdades. sensib11idades pessoa•s que me 
levam a fazer as coisas desta forma. 
20 21 
Pe~rr ~urn~ ;ll:l;!f!t~ e 
am;lli~JO dl,l"llla f<~!)nca 0e fornlr.J 
(Pf<l\tlCID). lii!Jden Holanda 
r o!og1ai11 cle maquel• 
Peter Zumthor 0 corpo da arqUttectura 
Primei1a resposta - titulo. 0 corpo da arquitectura 
A presenca matenal dos obtectos de uma arquitectura. 
da construc~o. Estamos sentados aqu• dentro oeste 
cele•ro. temos estas file1ras de vigas que sao por sua 
vez cobertas poL . etc Sinlo tSlo de lorma fisica. 
0 que cons1dero o pume1r0 e maior segredo da arqu•-
tectura e que consegue Juntar as co1sas do mundo. os 
matena·s do mundo e cnar este espaco. Porque para 
mim ~ como uma anatomra E '!Jerdade.. tomo o com~el­
to do corpo quase hteralmente Tal como nos ternos a. 
nosso cofpo com uma anatomia e coisas que nao se 
v~em e uma pefe ... etc. assrm funcrona tamMm a 
arquitectura e ass1m tento pens~-la . Corporalmente 
como uma massa. como membrana. como tec1do ou 
1nv6lucro pano. veludo. seda tudo o que me rodem 
0 corpo! Nao a tdera do corpo - o corpo! Que me 
pode 1ocar 
Segunda resposta - grande segredo, grande pa1xao. 
grande alegna sempre fenovada. A consonancia dos 
materia is Torno a quantrdade ceria de maderra de car-
22 23 
Peru liiiT ~~ ct'IIIO de 
documerol.a~o 'TOCIO!lr;)! .a 
do lcuOf' ~S~m. Aelll3~ha 
\'i~l~ .,,.t'll(lf do nrolucro 
do SJJb,..,ut om maquetu 
• 
-e- Zumthor A consontmc1a dos matenais 
!a no e uma outra quantidade de tofo e junto ainda 
• w~ras, COISas: tres gr.amas de prata, 11.1ma en ave -0 
q ... e e que desejana mais? Prec1sava de si como dono 
de obra para fazermos islo juntos. Colocamos as coi-
sas de forma concrela. prime1ro mentalmente. depo1s 
na realidade. E vemos como reagem umas com as 
o.~tras. E todos sabemos que reagem umas com as 
ot.~lras1 Materiais soam em conjunw e irradiam. e ~ 
aesla composiifao que nasce algo (mice. Os materials 
sao mfinitos -tmaginem uma pedra que podem serrar. 
mar. furar. conar e pol1r. e ela sera sempre d1ferente 
i. depois per~sem nests mesma pedra em quantadades 
'lluilO 'P equenas ou em quanLidades enormes. sera 
outra vez d•ferente. E a segu•r exponham-na #.! luz. e eJa, 
sera mais uma vez direreme . .Apenas urn material e j~ 
tem mil possibilidades. Amo este trabalho e; de certa 
'llaneira. por mais tempo que o ia~a mais mistenoso se 
lorna Uma pessoa tern sempre ideias. imagina quai-
1Ue r co•sa. E depo1s coloca-a realmenle no silio -1sto 
acomeceu-me na semana passada, estava completa-
mente seguro que nes.te ed1rlcro de betao aparente nao 
24 25 
Pmer Zumti'IOI. cal)(lla Rrudllt· (13iJ:J>. 
t.~ec~~;.JI'I•tn. Alem<Jln~ . M~cau~Ha . 
chilo de ci111l1100 c.om suprNfli:lfr 
de :.~~11<-
• 
~eter Zumthof A consonanma dos matenais 
podia utilil':atr aquele cedro macio para o revestimento 
claquela sata grande, que o ce<lro era macio demais. 
Pensei que: prec~sava die uma madeira mais dura, 
quase. tao dura como a madeira de ebano que se con-
segue opor em rermos de dens•dade e massa a~o bet~o 
e qoe tem aquele b'l'ilho incrrivet E depois observamos 
a made1ra em obra. Oh merda! 0 cedro e~a melhor!De 
repente 111·o ~e aQuele ~cedro tao macio impOs·se sem 
problemas naquele espa~o- Voltei a l ir:ar Q palissand1ro. 
o n1ogno. tudo. Ao lim de um ano: substiluiram~se 
QUtra vez as madeiras por outras nobres e escuras. 
duras e ricas em veias, conjugadas com orutras um 
pouco mais macias e mais claras. No !undo. o cedro 
estava ewo~urado de forma demasiado linear.. era 
muito ~spero: e acabou por nao ser colocado. isto ~e 
aperJas um ex~empJo de como um malerJal ~ sem!PJe de 
tnovo mls1eri;oso. E outra coisa. Ex1ste \Jma proximidade 
<:ritica entre os maleniais que depende dos pr6prios 
materiais e do seu peso. Ao conciliar maleiiais. numa 
obr:a e:uste um pomo e:m que estao demasiado afasta-
dos. e outm em que est~o demasiado pr6ximos. e 
26 127 
Pecer Zumlhoc. c:apela Brude :·Y.1aus 
~hern,ch. ~emii~ Amll$~ C(! 
~IJII(JJ,Io do en~ de churnbo 
0 som do espa~o 
outw aincfla em que estao mortos .. Ou seja. esla uniao 
ce m at.eriats na obra tern muito a ver com... -born. 
~ces sabem do que eslou a lalarl S1m. lenho e:w:em-
: os. ancmi 'Palladto' onde slnto estas co1sas. onde 
s1n1o tsto sempre de novo. Esta energ1a atmosferica. 
sobretudo em Palledio - esrou a menciona-lo agora 
por que sempr·e 11ve a sensacao que este arqwtecto. 
este mestre de obras, deve ter t1do uma sens1bihdade 
rrcrivel para a presenl(a e massa dos materia•s. para 
estas co1sas sobre as quais 1ente1 aqui falar. 
Tercetro. 0 som do espa~o. Oicam! Cada espaco luncio-
na como urn1 msrrumento grande. colecctona. arnpl1a e 
nansmite os sons. lsso ~em a ver com a sua forma. 
com a superflc1e dos malenars e com a mane1ra como 
estes esLao fixos. Urn exemplo~ 1magmem urn pav•men-
io de madeira de p1nheu·o maravilhoso como urn estOJO 
de v1ohno, colocado sobre madtmas na sua sala Ou 
uma oulra 1magem: Estao a cola-lo a plac.a de betaol 
Sentem a1 dileren9a no som? S1m. lnfell2mente. mUIIas. 
pessoas ho1e em dia ja nao reparam no som do espa-
28 129 
Pi~~"' 7umtr.c.. Wll\3$, Val$, 
Gn~ubunde11. ~ 1996 
-
~~ 
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-
• • = 
••• 
Peter Zumthor 0 som do espaco 
co. 0 som do espa~o -o que pnmetro me vern a cabe-
ta sao os ruldos de quando era crian~a. os barulhos da 
m•nha mae a trabalhar na cozu1ha Estes sernpre me 
fl1eram lehz Podia estar na sala e sab1a sempre que a 
r.Mha mae estava ali atrtJs a bater com os tachos ou 
com alguma co•sa ass•m Mas voces ouvem tambem os 
passos nesta sala grande ouvem os ruidos da estac;ao 
de comboios. os sons da c•dade etc. Avan~ando mats 
wn passo nesta •de•a. talvez corn o risco de parecer um 
pouco mlst1co. eltminemos agora lodos os sons e-strarn-
r os a esre edtficto. 1mag.nemos que ja nao ha nada. J3 
nada provoca uma emocao. Al t: JUStihcada a pergunta· 
sera que o edtficio tessoa apesar de tudo? Fa~am 
vocas proprios a expenencta Acho que os edificms 
soam sempre Soam tambem sem emo~ao Nao sei o 
que e Se calhar e 0 Vento ou qualqiUer COIS9 assim. ${) 
se repara 01sto quando se entra numa sala sem resso-
, 
"1~ncla, de que e d1fere111te. E bomtol Acho rrn.nto bonito 
-.onstrw urn edilic10 e pensa-lo a part1r do sil~ncio. Ou 
se1a. fazl!·lo calmo o que hoje em dia 6 oastanle dlfi-
ctl. porque o nosso mundo e tao barulhemo. Ouer dizer 
30 31 
Pe:ov li:M:tlof Pdoll~.lo da S ~ov;;a 
"l(l~orper StJ.,mz·. E:~W7000. 
1-'~00'Itr Alo:malllw 2000 
• 
Peter Zum!hor A tempera!ura do espaco 
aqu1 mernos. Mas conhet;o ou1ros sitios que sao mais 
barulheo~os. e ai 6 preciso razer muito para lornar os 
espac;os calmos e- 1magmar a part1r do sil~ncJo como 
soara o edilicio, com as suas propor~oes e materials ... 
etc. lsto parece urn sermao de domingo. eu sei Mas 
mUlto mais s~mples e pragmtuico. nao e? Como soa 
realmente o edificso quando o percorremos? e quando 
ra1amos uns com os ounros, como deve soar? e quando 
ao domingo a ta~de converso com tr@s bons amigos no 
sa lao? e quando le1o? Escrev1 a.qUI: o fechar da rporta 
Ha edific•os QIJe tllm um som maravdhoso e que me 
d1zem: estou e.m boas maos, nao estou sozinho. Prova· 
velmente e ainda a ima9em da mmha mae de que 0~0 
me consigo lrvr.ar e de que no lundo nao me q~.:~ero 
livrar 
Quarto: A tempera.tura do e:spalfo. A~nda estou a deno-
mmar as coisas que acho importanres para a c~iacao 
de almo-sferas. Neste ~mbito e de- mencionar tamMm 
a fempemtura Acredilo que cada edificio tern uma 
certa temperatura. Vou tentar explica.r. embora nao 
32 I 33 
Pc:tll' lum111ar. fliOJctlG para um 
cen1ro do forrnac:io e um p:a.rquo 
p3JSa[l stJW no Ia.;] ~ de Zt19 SLI!~:3 
Maaueta potml!!l'lt:~~ 
• 
Peter Zumthor As co•sas que me rode•am 
ten'ha muito jeito para o fazer. pois esta queslao mte-
ressa~me. muito. Acho que o melh1;1r sao as surpresas. 
Para a execuc~o do Pa·vi·lh~o da Suh;:a em H~nover ulf-
liz~mos. muita. mutla made•ra. multas ~igas de madei-
ra. E quando rnav1a calor, estava lresco neste Pavtlh3o 
como numa floresta. e quando fazta fno. havia nnais 
calor Ia del'ltto do Que Ia fofa. mesmo nao es1ando 
fec'hado. 0 facto de que os ma.teriais retiram ma1s ou 
menos do nosso c.alof corporal e conhecido Hist6rias 
de como o aco e frio ·e por tsso rettra o calor. Mas ao 
• !alar disto. ocorre-:me a palavra temperar, E semelhan-
Le :a temperar pianos.. ou seja encomrar o ambieme 
certo. No sen lido lileral e ligurativo. O.uer dizer que esta 
tempefatura e fiStCa e provavelmente tambem pslqui-
ca. 0 que vejo. o que sinto e o que loco ... mesmo com 
os pes. 
Quinto: Ex1stem nove ponlos. estamos. no qumto. Nao 
vos quero abonecer. Em qmmo Iugar. As. coins qu& me 
mdeiamn. Acontece·rne sernp.r'e que enln> em edificios. 
nas. sal as. de alguem . .amigos. conhecidos ou pes.soa.s 
34 35 
t>oet~r lvm!h~. Pm•Jihao da Sv•~a 
'1(1anQkDrf.'lff S.Chv.~tz' hpo"2000 
H~ntro·e•. ftlemanha :l'OOO 
Peter Zumth{lr As coisas que me rodeiam 
que naoconher;:o, ficar impress;onado corn as cois.as que 
eles 1ern no seu espa~o de habita~ ou de trabalhar. 
E ~s vezes. nao sei se co.nhecem esta sensacao. cons-
tato uma forte relaQ~o e amor e cwdado. onde algo 
conjuga. Um exemplo: Col6ma. ha dois meses. Ia pas-
sear com a jovem Peter Bohm e fomos ate ~s casas de 
Heinz B1enenfeld. E foi al. em Coloma. que conheci pela 
prrmeira vez duas casas de Bienenfeld por dentro. 
Sabado de manha pelas nove horas. Fo1 um acontec•-
men lo absolutameme impressioname! Estas casas 
com a sua quantidade de pormenores incri vel mente 
bonilos.. quase excessavosl Onde se sente Heinz Bien-
enfeld nas colsas que fez. em todo o lado.IE depo1s as 
pessoas. Um deles era proressor. o oulro juiz. e todos 
eslavam vestidos como aquela burguesia alema ao 
s.abado de manM. Nao ~'altava nada Os ObJeClOS boni-
tos, os linos bonilos, todos eles exposlos, e estavam 
Ia insuumen.to.s. os r:ravos. as 11iolas etc. Mas os 
llvros... ludo na realida de ro, mUlto ex pres sivo. 
impressionou-me motto. Pergunte•-me se lera s1do 
tarela da arquitectura cnar o mv.Oiucw para receber 
36 137 
P'~1er lumlh~. Pon11~ Q.~ ~ 
'lllilf'IQ~or!)ef Sd'M.,z·. E, !)0'2000. 
iitmo'rl!l. Akmu nlla :?000 
Peter Zumthor As coisas que me roderam 
estes ob1ectos? Ou tambem o mund:o do trabalho ou a :'lo .ate~!!r lurrnhor 
esla~ao de comboios ou qualquer c01sa. que nos per-
m•ta ter as objectos coonosc<Q. Gostaria de vos conta1 
uma pequena hlst6na. Contei-a. faz agora t.ms meses. 
aos meus estudantes. entre os qLJa•s estava uma 
ass•sten!e cipnota -e dlflc11 crescer no Chipre~. uma 
excelerue arquitecta. Desenhou para mirn uma peque-
na mesa de cafe que depois lambem quena para si_ 
E ma~s tarde. a segu1r a uma palewa oi'lde fa!e• mais 
extensivamente sobre as co1sas que me rodeiam, ela 
diz: 'N~o concordo mmimamente. As coisas pesarn-me 
Tenho todas as minhas possesna moch1la. Ouero estar 
sempre em mov1mento. Esra c01sa. es1e fardo. este 
peso burgues das co1sas. nern toda a gente o tern: 
Olhet para ela e dasse: ·E a mesa de cafe que quenas .a 
v1va lor~ar Ela n~o disse mais nad.a Parece ser algo 
que todos n6s conhecemos Vefnho com exemplos um 
pouco nostalgJcos. Mas penso que sena o mesmo se 
fizesse urn bar. urn bar super cool algures. ou se deco-
ras~e uma diSC·Dteca. e obviamente deveria ser o 
mesmo num Gr~m1o l•terano. al ter1amos de juntar um 
38 39 
• 
Peter Zumthor Entre el, sos1ego y Ia seducci6n 40 141 
pOUCO de COntravenenO para 0 COOJUOtO nao ficar f>Ot'!rJ 0<1 l~ha 
dernasiado conternplaL1vo. Esta 1de1a. de que enuarao 
necessanamente corsas num edlllcto que eu como 
arqu1tecto n~o concebo. mas nas quais penso. da-me 
de certa forma uma v1sao lutura dos meus edificios, 
que se desenrola sem m1m. Esre facto faz-me hem. 
ajuda·me muito 1magmar este futuro dos espacos. das 
casas, de como serao uma vez utrlrzadas. Em tngh~s dir-
se·la provavelmente. ·A sense of home· Em alemao 
nao set, He1ma1 se calhar j~ nao se pode dizer No meu 
liwo cle aponlamentos esla escnto que. em pnnclpto, 
deveria encontrar alga sobre este tema em N1etzsche: 
Der Wanderer und sem Schatten.' 'Parecer e ser no 
rnundo das co1sas·. e tamMm nos Nachgelassene 
Fragmenre:' ·sobretudo a sua ex,st~ncta (do obJecto) 
como corpo e subst~ncia'. Tamb~m gostava de fer 
0 s1s1ema r:Jos obJectos • de Jean Baudr1llard sobre este 
lema. 
Urn oulro lema. que nao derxa de me mtngar e que e 
cunoso no meu trabalho vou descreve-lo desta forma 
I ~~$CI!C. fnedr~CZJ, 
Dfr 1'1~ -.:r IJIJt! Sf.'ll'l St:iJ3tien 
I 0 tu:an~ e a S~oa wmtn mtll 
elou~mu 280 
2 Nl!llm~o r I cdfr(h, 
Nil.cii{}CfuSSCflt: Fra:p.·onre 
I rrllfi</Je!ll!l$ (JIIJJtS 18&1-131111 
3 BaiJdl lilard Jean_ luysreme 
das Dbft!m_ GJIIJm.a!d, Pam. I9S8 
(vCJ sa() p~r·oguese 0 $r1i~.B 
d.n ~01 Edllllr& PC!ipe(lflii 
SaD Pllll SZ9l 
• 
• 
Peter Zumthor Entre a seremdade e a sedu.;ao 
~ o sexto ponto· Entre a serenidade e a sedu~ao e 
prende·se com o I acto de nos nos mov1mer Larmos 
dentro da arquitectura A arquitec\ura i! certameme 
uma arte espactal. e o que se diz. mas a arquitecturCfl 
tamMm ~ uma arte temporal ~ao a vivo apenas num 
segundo. N1sto o Wolfgang R1hm e eu somos da mesma 
opiruao. a arqu1tectura tamMm e uma arte remporal. 
como a mus1ca o e. Ou SeJa. imagmo como nos rnovi-
mentamos neste edJrlc1o. e ai ve1o as p61os de tensao 
com as qums gosto de trabalhar. Vou dcu vos o exem-
plo daquela p1scina termal que fizemos Achamos. 
mUlto 1mportante criar um certo 'vaguear livre· nao 
conduz1r. mas seduzir Por e)(emplo urn corredor de 
hospital conducao Mas lamo~m existe a sedu~ao. o 
deixar andar. o vaguear. e 1sto n6s os arqu11ectos con-
seguimos la:zer Por vezes. este saber assemetha-se 
um pDuco a uma encenac~o. Nesra ptscma tentamos 
le1,1ar as unidades espacia1s a um ponto ern que lunc•o-
nam por si so. Tent~mos. nao se1 se consegutmos mas 
nao m~ parecc que esteja mal Espa~os - aqu1 estou. 
eles come~am a reler~me espaoalmeme. nao estou de 
42 143 
• 
• 
P~t(J Zur.lll-or PIYil'tlo cb S~ 
Kla.~l orper Sctnw~a· (>llOlOOO, 
'iA~ovr.r. A.!emanh' 2000 
• 
-- r- -------------
r 
' 
Peter Zumthor Entre a serentdade e a sedur;ao 
passagem. Estou bern aqui, mas neste momemo ao 
virar da esqwna. ou noutro pllnto qualquer. ha algo que 
desper1a a mtnha ateru;ao. a luz que enlra duma cena 
mane11a. e eu passo desconlraidamente Tenho de 
d1zer que rsto ~ urn dos meus marores prazeres. nao 
scr conduztdo. mas Stm poder deambular -drifting. 
stm? E assim me encontro numa vtagem de descober-
la. Como arqUitecto tenho de rer cu1dado para que nao 
se torne num labmnto. pelo menos. se eu assim nao 
quiser. E depOJs volto a mtroduz1r onentac~o. faco 
excepcoes. como ~oc~s todos sabem Conduz~r. Sedu-
m Largar. dar hberdade Para ceno 11po de utihza~ao e 
mclhor e- faz mats sentido crrar ca!ma. seremdade. urn 
Iugar o111de nao terao de correr e procurar a pona Onde 
nada nos prende e podemos srmplesmente extsltr. Os 
audit6rios. por exemplo. deveriam ser asstm. Ou as 
salas. Ou os cinemas. onde aprendo sempre muito 
nesta rele~~o E nalltra~. Os cameraman e os realizado-
res lrabalham nes1a constru~ao de sequ~nctas t tam-
Mm o que tento fazer nos meus edilicros. De forma 
que eu goste e que voces gosrem. e sobretudo. que 
44 45 
Ptt£1' Iu1111W. Jll'.~l~ P3ta a 
e&cu!t\1!.11 ct~am~ I 0>.11(1 de 
Wa:1u Dtt \l.araa (ori)Jeclo) I 011!19 
Gillllter¥ Q,a ~fll!ill 101 1he Arl~ 
Beacon. Now loiQO!Il , 
E"~o& UI'IJdr.!; M~:ij 
• 
Peter Zumthor A tensao entre 1ntcrior e exlerior 
corresponda a ultllzacao do ed1hc10. Conduzir. preparar. 
inictar alegre surpresa. descontrac~;ao. mas sempre de 
uma forma que. devo dtzer. ja nada tem de dtd~cl!co. 
mas s1m que parcce perfeJtamente natural. 
Seumo. Ha qualquer cotsa de especial na arqwtectura 
que me fasctna e de que gosto mUltO A tensio entre 
interior e exterror Na arqUiteclura ret1ramos um peda-
~o do globo terrestre e colocamo·lo numa pequena 
caiKa E de repente ex1ste urn mtenor e um extenor 
Estar Clentro e es~ar fora Fantastico E tsto tmphca 
ouuas co1sas tgualmente fantasttcas soletras. passa-
Qen s. p equenos relug1os. passagens 1mpe rceptiveis 
entre tnterior e elCteuor. uma sensibilldade tncrivel para 
o Iugar: uma sens1b1l,dade mcrivel para a concemracao 
repertina quando es'e inv61ucro esta de repente a 
nossa voila e nos reuoe e segura. quer SCJamos muttos. 
ou apenas uma pessoa Desenrola -se emao o JOgo 
entre o md1viduo c o pubhco. entre a pnvactdade e o 
publtco. E com lsto que a arQultecwra trabalha Tenho 
um castelo. vivo neste castelo e perante o exterior 
46 47 
Peler Zumrt« Mg~ Dof1111"10 ce 
Pnwslrxo)'!Ctoi. P£~1hcl 
Valla:lolid Esparha 2'00J 
.... 
li 
Peter Zumthor A tensao entre in tenor e ex1erior 
mostro esta fachada A fachada diz- sou, posso. quero. 
~eja 0 Que ror que queriam dizer 0 dono de obra e 0 
arquitecto em conjunto E a fachada diL ~amMm. mas 
eu nao vos mostro tudo Certas co1sas estao I~ deiltfO 
e n3o vos dtzem respetro ~ ass1m com o castelo, mas 
e tambem assim num apartamento dentro da cidade. 
Marcamos poslc~o. Observamos. N~o set se conse-
guem perceber a mmha patxao, nao e 'IOyeurismo, pelo 
contrarro. tern tudo a ver com a atmosfera. lembrem-
se de Janela ind1scre1a de Allred Hitchcoclc Um ch~ssl­
co. Aparece a Janela illlmJnada aquela mulher oo seu 
vesudo vermelho. e nao se sabe o Que faz No entanto· 
argo se v~! Ou o conlrario. o quadro Early sunday mor-
mng de Edward Hopper. A mulher que esta sentada 
dentro da sala e olha a ctdade peia Jane a. Orgulna-me 
o #aclo de nos os arQuitectos podermos fazer coisas 
como estas lmag111o esta situar;:ao em cada edtfic1o· 
0 que e que nos. que 0 utilizamos, qucrcmos ver. quan 
do estamos l~ dentro~ 0 que e que quero revelar? 
E qual e"' a refer~nc•a que com o meu edificio levo ate 
ao publico? Pois este comunica sempre com a rua ou 
48149 
Goo I 0'0 ),l.,ranct;. !Ulll:llll'DI r. 19&3 
Mus.~o ~'..:.:.al'ldt aolor'l;a 
Peter Zumthor Oegraus da intimidade 
:a pra~a Pode dizer a praca: estou contente por eslar 
aqut Ou pode dl,zer sou o ediffc1o mais bomto. voces 
lodes sao mesmo maus.. Eu sou como uma diva Os edi-
lfciOs podem dizer ltldo isto. 
Vou !alar de uma co·isa que s6 agora descobn que no 
!undo sempre me mteress.ou. Nao sei mUlto sabre este 
lerna. como vao repaJ:ar rapidamente. Amda lentlo de 
pensar mais sobre isio. De1 o litulo de: Degraus da1 ~nti­
rnitfade. Relaciona-se com proximidade e distancia. Um 
arqUiteclo classico dma: escala. Mas 1sso soa mu1to 
academico. estou a falar num sentido mets corporal de 
escala e de dimensao. 0 que abrange vanos aspectos 
que se relaclooam comig:o. o tamanho. a d1mensao. aescala e: a massa da obra Par vezes. sao elementos. 
ma•ores. muilo maiores do que eu e noutras sao objec-
tos mais pequenos. Fechaduras, dobradicas ou outras 
reriagen,s, por;as. Conhecem aquela porra alia. eslr'ei-
la. onde 1oda a genre rica bem ao passar? Conhecer111 
esta po•la mais larga. sem tnteresse. desefeg·anle? 
Conhecem CIS porrats grandes e inlimidadores, onde so 
50 51 
l>~er ZumthQI'. K:unstlliJtJS 9r~ent. 
8rl'gen.L 4ua.tna, 1931 Bill 
Peter Zumthor Degraus da 1nt1midade 
quem os abre l1ca bern e orguthoso;~ Ou se,a, o Lama· 
nho. a mass a eo peso das coisas A poria fma e a porta 
grossa 0 muro grosso e o muro l1no Conhccem estes 
edlliCIOS? Estou fasc1nado por esres edHicios Tento 
sempre conscgu1r que a forma 1nterior ou seja o espa 
co 1111erior va:zio. n~o se1a 1gual ~ forma e:denor Nao 
podem pegar numa p anta e por Ia dentro hnhas como 
se ah estivessem todas as paredes. marcar doze cen· 
timerros e com esta reparticao const1twr o ex tenor e o 
mterior Devem ex1stn massas escondidas no inte(lor 
que nao se v~em por lora. E como o oco de uma torre 
de 1qreJa. onde se sobe por dentro das par~>des Is to e 
um e~<emplo entre m1lhares da relalfa() de pesQ c 
tamanho. Do meu tamanho ou ma1s pequeno. 0 mteJ 
ressante e cons[alar que coisas ma10res do que ell me 
podem 1ntJm1crar. representacoes estatats bancos etc 
Ou. como ouv1 ontem. a V11la Rotonda de Andrea Palla-
dto. uma co1sa grande. monumental mas quando eslou 
hi dentro. nao me sirto mllmidado. mas s1m P'laltectdo, 
se me perrmtem utililar esta pala~o~ra. 0 espa~o em 
redor nao me mttmida. mas torna-rne de alguma forma 
s2 1 s3 
Vilc:en10 Stamoui IMa Rr!c~. 
Pl$w, 11~1:;) l&l'5 
Perer Zumthor Deoraus da mt1m1dade 
w 
maior e deixa-me resp1rar mais livremente. nao se1 
como denominar esla sensacao. mas voc~s sabem o 
que quero dizer. Surpreendememenle. e~r:islem dois 
efeiiOS- Nao se pode stmplesmento dizer grande e 
mau. falta a escala humana. As ~ezes ou~e-se 1sto em 
conversas de le1gos e tambem de arqUttectos A esca· 
Ia humana S1gnifica neste sent1do. mais ou menos do 
nos so lamanho. Mas n3o e asstm tao s1mptes A propO· 
s~to desta questao de amplitude. pro~im"lade. dist~n· 
era emre mtm e as obras -!,!OSlo sempre de pensar 
que far;:o coisas para mim pr6prio ou para a'guem em 
part1cufar. 0 fazcr para m1m 1ndrv•dualmente ou para 
m1m lnserido num grupo ~ uma hist6na d1ferenle. \liram 
h{J pouc<l aquele cal~ de estudantes bonito? E agora 
este edificio maravilhoso de Le Corbus1er nesta loto· 
gratia Ficaria mUJto orgulhoso se tivcsse srdo feito por 
mim Portanto. o fazer para mim. quer seJa so:zmho 
msendo num grupo ou numa mullidao Um estad•o de 
futebol. Born! Um palik1o. Penso que lodas estas cos-
sas devem ser pensadas. E acho Que as consigo pen-
sar bem. Uma que me cofoca grandes problemas. mas 
54 55 
h Cctbv"~- ~"'~ Sarobnal. 
Al'lr.e<!abad •• !lda. I!'IS5 
Peter Zumlhar A luz sabre as. cots as 
que goslaria de resolver. ~ o arranha-ceus. Nao me Tl!m MQ!k ecre..liJif>!Jll'! 
consigo 1magmar enrt"e mutlos. uns 5.000 01,1 nao sei 
quantos. num arranha-ceus. 0 que leria de fazer par(! 
me sentir .bern neste a~ranha·cel.is com toda essa gen-
te. 0 que geralmente vejo oum arra11ha-ceus e a forma 
exterior. quer seja boa ou rna, e que fala com a cidade 
nuu11a mesma lingua. Uma sensac~o. que pelo contra-
no constgo 1magmar mtmo bem. e a de om estMio de 
futebol para 50.000 mil pessoas. esta h1stona de uma 
caldeira pode s.er mmlo bontta. Ontem em V1cenza. o 
Teatro Olimpico Quem ja ha muilo tempo ~tiu e e:scre-
veu sabre isto lot o nosso Senhor Goethe. 0 lantastico 
em Goethe e 0 ser born observador. Born, t~m aqul OS 
degraus da in11midade que ainoa me ocupam. 
Por ulltmo. Quando fiz ·estes .apontamentos ha IJns 
meses aua,s. eslava sentado na rrunha sala e pergun-
tei-me: o que e Qlle ainda 1e lalla? Ja esta wdo? S~o 
estes os ; ~eus. temas? E ent~o VI·O de repente. Foi rela-
ttvameme faetl_ A luz sobre .as co,isas. Observe• entao 
durante cinco minutos. como as coisas estao verdade1-
56 57 
Peter Zumthor A luz sobre as co1sas. 
ramente na minha sala. Como e a luz. E fan!ast•co1 Pro-
vavelmente na vossa casa e o mesmo. Onde esta a luz 
e de que forma. Onde ex~slem sombras, [ como as 
superficies es1~0 ba~as ou brilhaotes ou mssaltam da 
profundidade. E mais tarde vi-o. foi Quando Walter Oe 
Maria. urn ar11sta nos Estados Unidos. me mostrou urn 
novo lrabalho para o Japao. vai lratar-se de um pavd-
hao enorme. duas ou tres vezes ma•or do que este 
cele1ro Aberto para a frente e mwto escuro para tras. 
E ali existem duas ou trtls bolas de pedra ellormes. de 
pedra mac1ca. bolas g1gantes. Mesmo ao !undo havta 
barras de madeira. revestidas com folha de ouro. E es1e 
ouro -que. embora o esperasse. me tocou de no~o~o 
quando o v1-. este ouro reluziu <Ia prorondeza. d a 
escundao do espaco! OLJ seja, parecia ter a caracterls-
tica de cap~ar do escLJro as ma1s lnf•mas panicu1as de 
luz e de reflec11-1as. 
Neste contexto ocorrem-me sernpre duas ideias prele-
ndas. Ao projectar um edWcio nao vamos 1no ftm bus-
car o engenhelro electrot~cnico e dizer: bom. onde e 
que queremos colocar as luzes e como e que vamos 
58 59 
F'em; Zum11'1or. eB!ia Zumlhor. 2005 
Cor11'1~ de W-4 dl! k:oi>O 141<Qn 
Peter Zumthor A luz sobre as coisas 
ilummar esta co1sa~ Esta 1de1a acompanha a obra 
desde a 1nlc1o Uma das 1de1as preferidas ~ a segutnte· 
pensar o ed1llcio prrme1ro como uma massa de sam 
bras e a segwr c<Jmo num processo de escavacao, 
colocar luzes e deixar a lumtnos1dade inf1ltrar-se. Toda 
a gente faz JSto porque ~ urn processo l6g1co sem 
segredos. A segunda ideia prefenda ~ colocar os mate-
nau;. e superlic1es. proposHadamente. a luz e observar 
como reflectem. ~ necesstmo. portanto. escolher os 
materra1s tendo presente o modo como reflectem a luz 
e af,na-los Entnstece-me ter v1sto onrem e hoJe aQJ: 
nesta regiao lindissima. & quantldade de casas que ja 
n~o tam luz nesta pa1sagem. onde a natureza e a lur 
do sol sao de urns beleza deslumbrante. Estas casas 
scm bnlho - nao se1 o que sao, nao sei como as Oltl-
tam. V~-se que estao todas monas. Uma casa em dez 
tern amda um canto anttgo que de repente volta a relu-
z•r e onde. a1nda .ass1m. algo aparece. E e tao born 
escolher matenats tec1dos. -ves11dos. que ficam boni-
tos a luz e ass1m se harmonizam Relauvamente a este 
tema da IL..z do d1a e da luz artlfrc1al. tenho de adr1111r 
60 ~, o_ 
Ptw Zum·bor: 1)-)vilh$.0 lou'Si' 
~ 0!1 Cen.er far tl'e ~Is 
e~aton. li~r~a lcrque. E::.llukl5 
Unir:JCIS W.8<1UCID 
Pe1e1 Zumthor A luz sabre as co sas 
que a luz do d1a. a luz sobre as co1sas ~s vezes me toea 
de uma forma quase espintua1 De manM. Quando o sol 
renasce -o que nao deixo de admuar, l! mesmo fan-
tast•co. volta todas as manh~s- e tlumina as C<Hsas. 
surge enl~o esta luz que nao parece vu deste mundo! 
Nao percebo esta luz Tenho a sensa<;ao que existe 
algo ma1or Que eu nao percebo. Estou muuo conteme. 
estou imensamente grato que isto e)(ista E o facto de 
o arquuecro poder d1spor desra lu7 ~ mil vezes melhor 
do que a luz arltllctal. 
fm pnnclpto Ja acabei Mas pergunto·me novamente: 
lo1 tudo? E admito que tere• de fazer tras pequenos 
ane)(OS. Penso que os nove pontes. de que falei. eram 
noc;oes mtnhas ou nossas no areller. ta.vez urn pouco 
id•ossmcrat1cas. e passive . Mas acho que sao. em 
cerla med1da. object1vas. 0 que vou d1zer agora. tern 
mats a ver com1go e e. provavelmenle. mwto menos 
object•vo do que muitas co1sas de que lale1 M pouco 
Mas nuando es[Qu a falar sobm o meu lrabalho. tenho 
de dtzer o que me motiva. E sobre isso amda fal1am 
tr~s co1sas. 
62 --o.=. 
P e': ~ 2lJ(Jt:":o( ta ~ld £ 1 !.l(!er k !at:$, 
'.1«he!lllth ALI J~l ~ltlltll 
P•lil o ci:u lllolefJtlli 
' .. 
--" 
Peter ZumthorA arquitectura como espar;o envolvente 
0 pnmeiro suplemento a pnmeira lranscendencra. 
seria aqur A arquttectura como aspayo envolvente 
Ouando f:aco um edalrcio. urn grande ou um pequeno 
complexo, gos,to multo de rmaginar que este se Lorna 
~arte tntegrante do espaco eovolveme No senudo em 
que Handke emprega esta palavra (Peter Handke des 
creveu vftrias vezes o espaco envolvente. o redor risa-
co. como por exemplo no tivro de entrevastas Aber 1ch 
lebe nur von den Zw1schenriiumen' [Mas wvo apenas 
dos espacos inrermMtosl). E e este o espar;o envolven-
te que se lorna parte da v1da. da mmha ou. 'la maioria 
dos casos da vtda de outras pessoas £ urn Iugar on de 
as cnancas podem crescer. Talvez estas. mcomciente 
mente. se lembrem daqui a 25 aoos de algum ediHcto. 
de uma esqurna uma rua. uma praca. sem nada saber 
do arqul leclo. 0 que tambem nao e tmportante lJas a 
rdera de que as corsas estao la - 1ambem me lembro 
de muitas coisas no mundo. construldas. que nao sao 
da minha responsabrlrdade. que me tocaram, comove 
• ram altviaram. que me ajudaram faz-me le1tt •magmar 
que este edtficro ser~ talvez recoraado par algutlm 
Ptler Ztrn:nor. ~M<'lt•:.C;Hrl 
Kohimba (em CDIB" l.lt5ll) 
Col6M lllemanl'l3 
"' H1!!.'f.o Pet~ t.tJer odltcw 
n!Jf ~'t)lll df!!J ll\~o;c!'PJl:"illmCJl 
t, "1/Nil VeN(} Z u.:~ 19111 I 
• 
Peter Zumthor Harmoma 
daqu1 a 25. 30 .anos. Talvez parqua ai beiJOU o seu pn-
me•ro amor. 0 porqu~ nao tern importancia. t s6 para 
e)(plicar que- gosto ma1s desta ideia do que imag1nar 
que este edlfiCIO daqu1 a 35 anos ainda canstar~ nal-
gum dir;toiH'irto de arqUitecwra. E tJm plano comp,eta-
mente diferente. E a segunda adeH.!! n~o me 8JUda a 
proJectar. IEsta fm a primeira transcend!ncia. esta ten-
taliva. arqtuitectura como espa,~o envolvente. Em suma. 
admito que provavelmente tudo se relac1ona um pouco 
com o amor. Amo a arquitectufa. amo os espa~os 
en11olventes cons!ruidos e acho que amo quando as 
pessoas os amam tamb~m. Oevo admim que me dar1a 
muito prazer conseguir criar coisas que os outros 
am em 
Segundo anexo Oual 1ol o ·ntrulo que lhe de1? 'Harmon fa 
E mais uma S611SaftaO. Quer dizer. como todoS es~eS 
pensamen·los sobre D iazer eo produ:eir arqui-tectura. 
que ~mMm se: desenrolam noutm plano. um plano 
prof•ssional, de que nao esmu aqui a ialar Acho que 
ISIO e 0 d1a a dia do atre lief, e lema para ralar l8ril0 
66167 
P<eter ?<\)mlh(Jr b&h:l llil$ morual\'tas 
{f>J(ijt:Cl~). Ts.ci;Ln, Glaubi:.OOer1. 
Su1~ 2000 
Peter Zumthor Harmonia 
na umverstdade como no atelier. nao acham? t mats 
a didactica. Gosta~r~a que todas as decasoes que tomo 
-po1s M m1l ca.sos em qt.re nos enquanto arqUJteclos 
Iemos Que dectdir- se desvanecessem lace~ utlllza-
cao. Cons1dero urn grande e.logio quando em re!a~ao a 
um dos me,us ediflcios nao se con segue rer a sua forma 
e diz: aqua quenas lazer urna forma super cool. A el(ph-
ca-rao da forma deve surgir da sua utilizacao, e quan-
do 1sto e legivel, cornsidero o maior dos elogios. E 11esra 
ideia nao esrou sozinho na arquttec1ura. ~ uma lradllfao 
muito antiga. tam bern na literatura. na escrita etc. E na 
ane. Ha uma bela expressao antiga: as coisas encon-
Lraram-se. estao em sa Porque do. o que querern ser. 
E a arqruitectura ~ reiHI para nOs a utilizarmos. Nao ~ 
neohuma das Belas Artes. Acho que esta Lamb~m ~ a 
tawe!a mats nobre da arquitectura. o facto de ela ser 
uma arle p11ra ser utilizada. Mas o m:ais belo e quando 
as co1sas se encontram, quando se harmo111zam. For-
mam urn IQdo. 0 Iugar. a utili1a~ao e a forma, A forma 
remete para o Iugar. o Iugar e este e a u~iliza~ao ~ esta. 
68169 
P!&ter ZumtM::, r~tlll.Wanleo de 
YC!i!ll 1'13 I'M d!, Ul ~r'i;!lJ (pr()jt.l(;t()). 
l31Ja de lunqu!!. Sui~ M3-:I'JI':I~ 
Pete( Zumthor Harmonia 
Por ul·tmo falta retenr urn aspecto que de ceria forma 
esteve sempre presente At~ agora consegu• em nove 
pontos e dots ane)(OS nao ra1ar sobre a forma. E qual-
quer COJSa de mu1to for!e e uma das pai>caes que me 
3Juda muito no trabalho \Jao trabalhamos na forma. 
trabalhamos com todas as outras coisas. No som nos 
ruidos. nos materia1s. na construcao. na anatomta etc 
0 corpo da arquiteclura. no micro. ~ a constru¥ao. a 
anatomta. a 16gica no acto de conslrUir. Trabalhamos 
com todas estas coisas. olnando ao mesmo tempo 
para o Iugar e para a ut•hzacao Nao lenho de tazer 
outra cotsa. estc c o Iugar que posso ou nao tnfluen-
c•ar. e esta 6 a ut1liza~ao Normalm~nte temos uma 
maqueta grande ou urn desenho. na maioria dos casas 
uma maquera. e acontece que aqui tudo se relactona 
que mu.tas co1sas se relac1onam. mas olho e digo s1m. 
ludo se encaixa, mas nao e bonJtol Ou seJa. no hm. s1m, 
olho para as co1sas E se o trabalho for feliz. muilas 
vezes loma uma forma que me surpreende e do qual 
peoso: nunca. nunca me lena ocorrido. no mlc o. que 
•sto ricaria assim. S6 agora. apos todos estes anos. 
70 171 
Pete: lum1hor. CC!i 110 dt 
OOC:Ut!lt!nta..av '1QtX9aha do 
fet~M', IIi.-: :n Aic!'nanha 
Touj! cte es~;adll ~~le em 
C()nSin~~ ipl'(lpt.'\':1() 1111(1 fQtnpldO 
um 2'004~ 
Peter Zumlh or A forma bomta 
consigo por vezes prever o resullado -slow architec-
ture. Quando 1sto acontece fwo mu1to feliz. e tambem 
orgulhoso. IIIIas. quando no rim nao me parece bonito 
-e d1go apenas bomto prap.osiladamente, porque 
exisrem liuros sobre <l estetica- . quando est& forma 
nao me toea, vollo para tr~s e recomeco do inicio. Ou 
seJa. provavelmeme. o meu capitulo rinal ou •O meu ulti-
mo· obJe<:livo e·: A manna bonita. Et~~comro-a talvez em 
leones. reconhe~o-a por vezes em nat10rezas morlas. 
que me ajudam aver como alga encontrou a sua forma. 
mas tambem nas ferramentas do dia a d1a. na hleratu-
• 
ra e nas pe~as mus•ca•s. 
Agradeco a vossa aten~ao. 
72 73 
l'lrllooePo dalilc:ssrna. ArlmJniralil 
1~1~ J.416 Gaorena ~eo-~le d~ l;l 
S.01ha d1 Paloz;ro lAIKIIctJS Palermo 
lndoce ~ tm:igt!'fls 
I; !0 'f.uMl.!IIU!.WI'II ~IMI M;.r\11\ 'i!.~. d-.:~\1) <$a ~\\ltK<:i-(t~ S\•11•JIV,l 
10 Ce Smlll'l G. E l:ldOOr 4"1Jt(e([Vlt II! l.mMCIJ AmeiiClln llt!rlliY,I.C 
~bltslatl!) Co l.w:. No·1a ICoi QUII, 1976 
12 C> Cola~ Emu Brun~~Cr Schwc•zerosche Ge$1JIIsthah lut VoltiOkund~. 
3.1:.1~ 
14 e Aleiitf oe arq~ :e"ijfl z~m\tlot tll!lde~slen 
18 0 ~~Han~ 8.JutnQat1ner FctOSII'l~ng Sctho.11a. W!ll:ri~.~r 
VG SiltP(u~~~ 
20 26 Q Aleher lie ijiQ~Ite~lul~ Z11nnhor. Haltlen~t<!ll 
22fl Aleh~:~ da liHIU>IQCiuta 7um:hor, HaldtHa~ll!'.n 
'28 C ~ llloo B "" cl 
30 C Thomu flechtri(Jr 
3l ~ A!elll!l' dl: arqu ICCilli'Q lumtllo;.. ~u~i· 
3A 36 e r..a.'dnru Chl:nnJO.~ I a 
38 C AtE"t.er oe :~rc~ttee!u:a Zurn1hor 11~n~,;,t'l 
<1? C Atcl cr tk a~qu IIX.Iuld lllmtbar: Haltle~Sie!lrl 
4& f> Ateil()r tla WtiJJteC1ura Zurnthllr. Hi!t.:len$11.!'"" 
48 ~ f'loottens. liJrl(ll.le. ~ 
SG C ~ B~t~r:t 
!»e M.cs's~ts;eh 
58e l>tel:er de ar(!Uttttur• 2w~r. HalOeflStt~•• 
00 /0 (;. Al~llcT clr: llfqlll1.t(t~.oa 2~mhOr llai.Jenslttn 
n C 8nr:tgcman Cioraudtn 
74 175 
~:u tm '9oiJ e11 Sasa ·~ f~lo de ~~Utune ro me,~1 e-d(}-()b(:~& e 
llrQ"J ltc.to 110 Kum:t1if"'~~e1C,b. ~ Sm e oo trattlmt,Me. ~.~ 10roua. lem ll seu 
p~6.pno iltl tr oe arc wltei:I~IB dude 1919 em ~litr4111ltt Scl~· Prole$4(11 A!llu:ca 
tt~r, 1,1 () a.dlt:t!llw<l I.A'Jr,'f.l~la tlf:l\3 S'tlurra trcna ern W.uvJrJ~ID 
Obru fllll0111111es 3lir1QC1113fit o came» <;rqtl(~n 'Oirlilno (Olur S\l~a 191i4il. 
o;.J~ de Sggl1 lmlelifltll IS:mMIIJ Su';!! 1988) hah 1;1~ ~r.rn 100$Q~ (01tll 
Vasa"s S.•~ 1~3) li!fm;K {V~s. :S.rir.i 1C!':()f tui'!St~$ B1c~~~ ~BrtlJ(llV. i,yc 
''" 1991}, Pa-ttJiilo cia 51,.1~ !13 ExpO 2000 l'i<HI6~P.f Al•ll\DI'IhJ 2'0001 Oil tlfO ~~ 
<IQC~Jrnc~•~l'll4 'Topo~ru~'·' odo TtrrOI'. po!li:O'I !)l'i lllllrJCad'l (O~rum Alomllllhli 1991 
1!11\I'O.,('CICIInll'rrornl)id:J fn'l {I){W pel~~ ll'lu1(1(t(bde$ d.ll illf.II~O CCo i!4:rll111)tUII$tmU 
:SCI.m KO(uml:J (CD!j)I\B l!l"m3".1\:a 20011, CllCI!b Brll(l~ ~L, .. ~ \~tlalle oe Scl\~1· 
.... oe.lct V'II(I>1Jrrnch o\lcmi'lht. :wor1 
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