Prévia do material em texto
Estatística Aplicada à Educação Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Priscila Bernardo Martins e Prof.ª Me. Maria Luisa Cervi Uzun Revisão Textual: Prof. Me. Claudio Brites O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais • Reflexões Iniciais sobre a Importância do Ensino da Estatística; • Conceitos Fundamentais; • Processos Estatísticos; • Estatística Descritiva. • Compreender a importância e os conceitos fundamentais da estatística e de alguns pro- cessos estatísticos; • Conhecer uma defi nição de estatística descritiva e suas etapas; • Capacitar a defi nição do tipo de variável pesquisada. OBJETIVO DE APRENDIZADO O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam- bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais Reflexões Iniciais sobre a Importância do Ensino da Estatística Historicamente, a palavra estatística vem do “estado”, ou status (latim). O pri- meiro emprego do pensamento estatístico surgiu no século XVIII, pelo alemão Gottfried Achemmel (1719-1772). Em sua origem, as informações de interesse de Estado sobre a população e economia eram coletadas, tencionando a síntese de informações basilares para os governantes conhecerem suas nações, na formulação de políticas públicas. Nos dias atuais, a sua influência está disseminada em variadas esferas do conhe- cimento humano, desde pesquisas do cotidiano e até mesmo em pesquisas científi- cas. Assim, “a Estatística deixou de ser a simples catalogação de dados numéricos coletivos e se tornou o estudo de como chegar a conclusões sobre o todo, partindo da observação e análise de partes desse todo” (MEC,2007 p. 18). Figura 1 Fonte: Getty Images A Estatística viabiliza métodos para a coleta, organização, descrição, análise e interpretação de dados e para o uso desses no processo de tomada de decisões. O significado da palavra Estatística, enquanto ciência refere-se ao conjun- to de ferramentas para obter, resumir e extrair informações relevantes de dados; encontrar e avaliar padrões mostrados pelos mesmos; planejar le- vantamentos de dados ou delinear experimentos e comunicar resultados de pesquisas quantitativas. (CAZORLA et al., 2017, p. 14) A importância da Estatística está relacionada ao apoio no processo de pesquisa, que transpõe todas as áreas do conhecimento que lidam com observações empíri- cas. Assim, é possível inferir que a Estatística é a ciência do significado e emprego dos dados. 8 9 É fato que, diariamente, deparamo-nos com uma infinidade de representações de dados numéricos expressados por meio de gráficos e tabelas e, na tentativa de compreender essas informações, posicionamo-nos diante desses dados, aprecian- do, analisando, criticando e tomando decisões em situações de incertezas. Esses conhecimentos são substanciais para o letramento estatístico e para a formação plena do cidadão nos tempos atuais e futuros. Mas, afinal, como você aprendeu estatística? Você se recorda em qual ano do seu processo de escolarização? Reflita articulando suas resposta à leitura do material. Numa sociedade onde a informação faz cada vez mais parte do dia-a- -dia da maioria das crianças, onde grandes quantidades de dados fazem parte da realidade quotidiana das sociedades ocidentais, importa que as crianças, desde logo, consigam coligir, organizar, descrever dados de forma a saberem interpreta-las e, com base nelas, tomarem decisões. ( CARVALHO, 2001, p. 29- 30) Ao longo dos anos, a Estatística ocupou um espaço secundário nos currículos, isso porque, muitos de nós tivemos a proximidade com esse eixo apenas no Ensino Superior. Assim, tendo em vista a sua relevância social, atualmente, diversos es- tudos indicam a importância do desenvolvimento do pensamento estatístico desde muito cedo. O pensamento estatístico pode ser compreendido como a competência de em- pregar e/ou interpretar, de modo apropriado, os recursos estatísticos na resolução de problemas. Isso abarca o entendimento da natureza dos dados e da oportunida- de de fazer inferências, bem como o reconhecimento e a percepção do valor da Es- tatística como um arranjo para refletir numa perspectiva da incerteza (CAZORLA et al., 2017). Pensando no seu processo de formação, o que você acredita que deve ensinar de estatística aos estudantes na educação infantil e nos anos iniciais do ensino funda- mental? Com que finalidade? Reflita articulando suas reflexões à leitura do material. A importância do ensino de Estatística é retratada desde os Parâmetros Curricu- lares Nacionais (BRASIL, 1997), sendo introduzida no bloco de conteúdo denomi- nado “Tratamento da Informação”. A proposta que ora se apresenta no documento é a de fazer com que os estudantes construam procedimentos para coletar, orga- nizar, explorar e interpretar dados, empregando tabelas simples, de dupla-entrada, gráficos e representações que surgem usualmente em seu cotidiano. Os conteúdos conceituais e procedimentais prescritos nos PCNs para os anos iniciais do ensino fundamental abarcam a: • Leitura e interpretação de informações contidas em imagens; • Coleta e organização de informações; • Criação de registros pessoais para comunicação das informações coletadas; 9 UNIDADE O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais • Exploração da função do número como código na organização de informações (linhas de ônibus, telefones, placas de carros, registros de identidade, bibliote- cas, roupas, calçados); • Interpretação e elaboração de listas, tabelas simples, de dupla entrada e gráfi- cos de barra para comunicar a informação obtida; • Produção de textos escritos a partir da interpretação de gráficos e tabelas. Frequentemente, o ensino de estatística tem sido realizado de modo equivoca- do, restrito à leitura e interpretação de gráficos e tabelas, renunciando as próprias orientações curriculares.Para Lopes (2010), a Educação Estatística não contribui apenas para leitura e a interpretação de dados, mas viabiliza a habilidade para que um cidadão seja capaz de analisar e relacionar criticamente os dados apresentados, questionando e avaliando a veracidade das informações. Com a Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017), a Estatística passa a ser organizada na unidade temática denominada “Probabilidade e Estatística”. No ensino fundamental – anos iniciais, o documento propõe um trabalho de rele- vância social, incentivando os estudantes a fazerem pesquisas. A expectativa é a de que as primeiras etapas envolvam o trabalho com a coleta e a organização de dados, partindo de uma pesquisa de interesse comum para os estudantes. A seguir, apresentamos o Quadro 1, com os objetos de conhecimento referentes ao ensino de estatística nos anos iniciais do ensino fundamental. Quadro 1 – Objetos de conhecimento por ano de escolaridade Ano Objetos de Conhecimento 1º · Leitura de tabelas e de gráficos de colunas simples; · Coleta e organização de informações; · Registros pessoais para comunicação de informações coletadas. 2º · Coleta, classificação e representação de dados em tabelas simples e de dupla entrada e em gráficos de colunas. 3º · Leitura, interpretação e representação de dados em tabelas de dupla entrada e gráficos de barras; · Coleta, classificação e representação de dados referentes a variáveis categóricas, por meio de tabelas e gráficos. 4º · Leitura, interpretação e representação de dados em tabelas de dupla entrada, gráficos de colunas simples e agrupadas, gráficos de barras e colunas e gráficos pictóricos; · Diferenciação entre variáveis categóricas e variáveis numéricas; · Coleta, classificação e representação de dados de pesquisa realizada. 5º · Leitura, coleta, classificação interpretação e representação de dados em tabelas de dupla entrada, gráfico de colunas agrupadas, gráficos pictóricos e gráfico de linhas. Fonte: adaptado da Base Nacional Comum Curricular (BRASIL, 2017, p. 278-295) Considerando que a Estatística é parte constituinte do método científico, sem dúvidas, a proposta da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) se configurou em um grande avanço para o ensino de estatística na educação básica, uma vez que os estudantes podem envolver-se em pesquisas científicas com temas de seus interesses – por exemplo, os seus brinquedos preferidos, o meio de transporte que utilizam para ir à escola, dentre outros assuntos. 10 11 Curiosidades como essas podem despertar situações de aprendizagem, compre- endendo as habilidades de coletar, organizar, representar, interpretar e analisar da- dos. Assim, o professor pode planejar todo esse processo, introduzindo a estatística por meio de questões simples, mas significativas aos estudantes, partindo de pro- blemas de áreas distintas do conhecimento e das práticas sociais, oportunizando a interdisciplinaridade. O documento Orientações Didáticas de Currículo da Cidade (2018) propõe um roteiro de trabalho para o ensino de Estatística, a saber: Figura 2 Fonte: Getty Images 1. Defi nição do tema ou assunto: Equivale ao momento de escolha temáti- ca do cotidiano dos estudantes. É importante que o professor possa nego- ciar e defi nir o tema com a turma. 2. Leituras sobre o tema: Destina-se ao momento em que os estudantes pes- quisam informações sobre dado tema e realizam discussões coletivas para es- tipular quais tópicos específi cos pretendem pesquisar sobre o tema proposto. 3. Organização do trabalho: Refere-se à discussão e ao registro de como será feita a organização dos trabalhos (distribuição de atividades, defi nição de responsabilidades, entre outros). 4. Objetivos e público-alvo: É feita a defi nição dos objetivos e do público- -alvo da pesquisa de campo, ou seja, quem serão os entrevistados. Os estu- dantes levantam hipóteses sobre os prováveis resultados, para depois com- pará-los com os resultados. 11 UNIDADE O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais 5. Instrumentos de pesquisa: Os estudantes, nesse momento, elaboram ques- tões curtas e objetivas, cujas respostas são passíveis de mensuração. É reco- mendável respostas em formato de alternativas, uma vez que facilitam o entendimento dos entrevistados e, consequentemente, a tabulação dos dados. 6. Coleta de dados: Inicialmente, os estudantes discutem o modo de con- dução da entrevista. Os estudantes podem ser orientados a fazerem perguntas a dois ou três colegas, satisfazendo sua curiosidade inicial. E, depois, a aplicar essas questões para toda a turma. Ademais, é pos- sível aguçar a curiosidade com novas questões, tais como: o grupo de meninos terá a mesma preferência que o grupo de meninas? Se investi- garmos a preferência dos pais, teremos o mesmo resultado para todo o grupo dos estudantes? 7. Conteúdos matemáticos: Conforme o nível da turma, pode haver o avanço nos conteúdos matemáticos, como: contagem, intervalo, razão, fra- ção, ângulo, cálculos, proporção e porcentagem podem ser úteis. 8. Tabelas e gráficos: Antes mesmo de os estudantes organizarem os dados, e elegerem o melhor modo de representação, pode-se discutir com eles as formas de estruturação, exemplificando que as tabelas organizam infor- mações em linhas e colunas, enquanto os gráficos usam imagens (barras, setores, linhas ou elementos pictóricos). Alguns materiais podem ser úteis nessa fase, como uma folha de papel quadriculado, régua, transferidor e compasso. Além disso, as tecnologias digitais também podem facilitar esse processo, tornando-se um recurso valioso. Há uma variedade de tipos de gráficos (de barra, de setor, de linha ou elementos pictóricos) e tabelas (simples e de dupla entrada) que podem ser explorados, e uma infinidade de situações. 9. Relatório: O professor deve redigir, juntamente com os estudantes, um re- latório detalhado, contendo: os objetivos da pesquisa, os dados coletados , o nome dos pesquisadores e as tabelas ou gráficos produzidos com a representação dos resultados. 10. Divulgação: Os estudantes propagam os resultados da pesquisa para outras turmas da escola, familiares e até mesmo para a comunidade local. Podem ser utilizados cartazes, cópias, exposições e seminários, entre outros. 11. Análise crítica: A pesquisa não se limita à produção de tabelas e gráficos, mas os estudantes precisam aprender a relacionar os dados, refletir sobre os resultados e criticá-los. As análises críticas podem constar em um rela- tório produzido coletivamente. É substancial que os estudantes sejam en- corajados à comunicação oral ou escrita, ou seja, a percepção que tiveram sobre as informações contidas em tabelas e gráficos. Agora que você já conhece um pouco mais sobre a importância do ensino de es- tatística, passamos para o próximo tópico, no qual apresentamos alguns conceitos fundamentais do universo estatístico. 12 13 Conceitos Fundamentais O processo estatístico perpassa por etapas que precisam ser seguidas rigorosa- mente. A primeira delas é verificarmos se a pesquisa deve ser realizada com uma população ou uma amostra. Pesquisamos uma população se a coleta de dados for feita por todos os elementos que possam fornecer dados referentes ao assunto em questão. Optamos por pesquisar uma amostra quando a coleta de dados for realiza- da com um subconjunto ou uma parte. Observe a seguir a definição de população e de amostra. População A população é o conjunto de todos os elementos pesquisados. Característica numérica para população é o parâmetro. Exemplos: • Todos os professores do Brasil; • Todos os alunos de uma determinada escola. Amostra Quando não é possível coletar dados de todos os elementos de uma população, selecionamos o subconjunto dele, denominado amostra. A característica numéricapara amostra é o estimador. Exemplos: • As professoras da região Sudeste; • Alguns alunos de uma determinada escola. Processos Estatísticos Assim que definimos se pesquisaremos uma população ou uma amostra, parti- remos para o processo estatístico. Se optarmos por pesquisar uma população, o processo estatístico utilizado será o CENSO, mas ao elegermos a amostra, o pro- cesso estatístico será a ESTIMAÇÃO. Passaremos, adiante, para a característica de cada processo: Estimação É um processo que ocorre por meio de cálculos de probabilidade. Suas proprie- dades são: • admite erro processual positivo; • tem confiabilidade menor do que 100%; • é econômica, ágil, dinâmica e atual, consequentemente, sempre possível. 13 UNIDADE O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais Censo Um processo de tabular dados, utilizando todos os componentes da população. Suas propriedades são: • admite erro processual zero; • tem confiabilidade 100%; • custo elevado, lento e desatualizado (quase sempre), consequentemente, nem sempre é possível. Se os dados forem coletados automaticamente, ou seja, por meio de um siste- ma de informação, o censo se torna sempre possível, uma vez que não acarretará custos altos, visto que o sistema faz todo o processo estatístico, desde a coleta até a descrição dos dados, ficando a cargo do indivíduo apenas a análise/interpretação dos dados descritos. Estatística Descritiva A estatística descritiva tem o ofício de descrever uma dada situação-problema por meio das medidas descritivas da Estatística. Além disso, objetiva transformar informações em números para que possamos visualizá-las da melhor forma e, con- sequentemente, tomar as decisões mais assertivas. Diante disso, o processo para se chegar ao resultado final, a decisão a ser toma- da, é composto por variadas etapas que serão explicitadas detalhadamente neste material. Portanto, todas as vezes que você fizer um levantamento estatístico, terá de perpassar por essas etapas até finalmente chegar à conclusão. Etapas de uma Levantamento Estatístico A primeira etapa de um levantamento estatístico é destinada à população ( CENSO) ou à amostra (ESTIMAÇÃO), isso é, é na primeira etapa que selecio- namos se pesquisaremos uma população ou uma amostra e, consequentemente, saberemos qual é o tipo do processo: censo ou estimação. A segunda etapa refere-se à coleta dos dados, que pode ser feita diretamente ou indiretamente; manualmente ou automática. A coleta obtida diretamente da fonte é direta, como no caso da escola que realiza uma pesquisa para saber a preferência dos estudantes pelas disciplinas. Há três tipos de coleta direta: • Contínua (registro): É contínua. Exemplo: Frequência dos estudantes nas aulas; • Periódica: realizada em períodos curtos, determinados, de tempos em tem- pos. Exemplo: O Sistema de Avaliação de Rendimento Escolar do Estado de 14 15 São Paulo (Saresp) é aplicado anualmente pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo. • Ocasional: Quando os dados forem colhidos esporadicamente, atendendo a uma conjuntura qualquer ou a uma emergência, como no caso de epidemias. A coleta é indireta quando inferida de elementos conhecidos (coleta direta) e/ou do conhecimento de outros fenômenos relacionados com o fenômeno estudado. Como, por exemplo, a pesquisa sobre a mortalidade infantil, que é feita por meio de dados colhidos por coleta direta. A organização dos dados é realizada na terceira etapa do levantamento estatís- tico, a qual pode ser feita manualmente ou automaticamente, sendo utilizada para tornar os dados brutos em rol. Você sabe o que são dados brutos? Quando reunimos os dados, seja por meio de questionários ou observações, dis- pomos do número de respostas ou observações, mas todas desordenadas, e assim denominamos essa sequência de dados brutos. Por exemplo, no final do ano, as notas de Matemática da estudante Giovanna foram as seguintes: 5, 2, 3, 9. Perceba como esses dados estão fora da ordem numérica, por essa razão os denominamos de dados brutos. Mas e o rol, qual a sua finalidade? Quando organizamos os dados brutos relatados no exemplo anterior, temos o rol. Exemplo: organizaremos em rol os dados do exemplo anterior: 2, 3, 5, 9. Veja que ordenamos os dados de modo crescente, mas poderia ser também de forma decrescente. Na quarta etapa, designada tabulação dos dados, posicionamos os dados coleta- dos em uma tabela, se for o caso. Entretanto, precisamos verificar o tipo de variável que estamos pesquisando. Mas, o que é variável? A variável é o nosso objeto de pesquisa. Veja alguns exemplos a seguir. Se estamos pesquisando: • as idades dos estudantes de uma determinada sala, a IDADE é a minha variável; • a disciplina favorita de um determinado grupo de estudantes, a DISCIPLINA é a minha variável. Portanto, chamamos de variáveis os atributos, numéricos ou não, pesquisados em cada um dos elementos de uma determinada amostra. As variáveis podem ser classificadas em dois tipos: qualitativas e quantitativas. O esquema adiante ilustra tal divisão. 15 UNIDADE O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais Variável (objeto de pesquisa) Qualitativa Quantitativa OrdinalNominal ContínuaDiscreta Figura 3 – Esquema ilustrativo da Variável A variável qualitativa é quando o resultado é expresso na forma de qualidade ou atributo não numérico. Organizam-se em: • Variável nominal: quando não existe ordenação nas categorias, não resul- tando em valores quantitativos. Exemplos: sexo, cor da pele, cor de cabelo, entre outros. Vejamos na Tabela 1 um exemplo de variável nominal. Tabela 1 – Variável qualitativa nominal Cor do Cabelo Número de estudantes Preto 9 Castanho 12 Loiro 7 Ruivo 2 Conforme podemos observar na Tabela 1, a ordem da variável na elaboração da tabela não conta. • Variáveis ordinais: Há uma ordenação nas categorias, representando algum elemento de ordem. Exemplos: classificação de escolaridade (1º, 2º, 3º), ano (2017, 2018, 2019), mês (janeiro, fevereiro, março, abril). Observe o exemplo na Tabela 2. Tabela 2 – Variável qualitativa ordinal Mês Número de estudantes de uma escola que visitaram a biblioteca janeiro 49 fevereiro 58 março 32 abril 41 16 17 A variável quantitativa é expressa por números, decorrente de um processo de contagem. Distribuem-se em: • Variável contínua: pode apropriar-se de qualquer valor em um dado intervalo limitado ou não limitado. Comumente, esse tipo de variável provém de medi- ções, tais como: área, volume interno de um recipiente, tempo, comprimento. Exemplo: a altura dos estudantes (1,50 m, 1,51 m, 1,52 m etc.); • Variável discreta: é aquela cujos possíveis valores podem ser ordenados, as- sumindo somente valores inteiros em pontos da reta real. É possível enumerar de modo que qualquer um deles apresente antecessor e sucessor. Exemplos: número de professores de uma determinada escola, número de carros que en- tram diariamente em uma escola, entre outros. A quinta etapa representa a descrição dos dados, por meio das variadas medidas da estatística descritiva, que você aprenderá no decorrer da disciplina. A análise e interpretação dos dados equivale à sexta etapa. Nessa etapa, você precisa analisar/interpretar os dados descritos na quinta etapa. E, por fim, temos a sétima etapa, que compreende os gráficos estatísticos, em que representamos nossos dados descritos por meio de gráficos. Os gráficos mais comuns são: histograma representativo da variável quantitativa discreta e o histo- grama representativo da variável quantitativa contínua. Esses histogramas serão contemplados na próxima unidade. Pronto, agora, você já sabe as primeiras etapas para se fazer uma pesquisa estatística. 17UNIDADE O Ensino de Estatística: a sua Importância e seus Conceitos Fundamentais Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Vídeos Estatística Descritiva https://youtu.be/a0IxPG3Ihu8 Leitura O ensino da estatística e da probabilidade na educação básica e a formação dos professores http://bit.ly/2Q5pyvi Estatística e probabilidade na educação básica: professores narrando suas experiências http://bit.ly/2Q742Gs O Desenvolvimento da Probabilidade e da Estatística http://bit.ly/2Q6MTg5 18 19 Referências BRASIL. Ministério da Educação. Curso técnico de formação para os funcionários da Educação. Estatística aplicada à Educação. Brasília, DF: MEC, 2008. Disponí- vel em: <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/profunc/estatistica.pdf>. Aces- so em: 09 fev. 2019. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria da Educação Básica. Base nacional comum curricular. Brasília, DF: MEC/SEF, 2017. Disponível em: <http://base- nacionalcomum.mec.gov.br/wp-content/uploads/2018/02/bncc-20dez-site.pdf>. Acesso em: 09 dez. 2018. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâme- tros Curriculares Nacionais: Matemática. Brasília, DF: MEC/SEF, 1997. CARVALHO, Carolina. Interação entre pares: contributos para a promoção do desenvolvimento lógico e do desempenho estatístico, no 7º ano de esco- laridade. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de Lisboa, Portugal. 2001. CAZORLA, I. et al. Estatística para os anos iniciais do Ensino Fundamental. 1. ed. Brasília, DF: Sociedade Brasileira de Educação Matemática – SBEM, 2017. Disponível em: http://www.sbem.com.br/files/ebook_sbem.pdf. Acesso em: 02 fev. 2019. CRESPO, A. A. Estatística Fácil. São Paulo: Saraiva, 2002. LOPES, Celi Espasandin. A educação estatística no currículo de matemática: um ensaio teórico. In: REUNIÃO ANUAL DA ANPED. 33., 2010. Caxambu (MG). Anais [...]. Caxambu: Amped, 2010. Disponível em: <http://33reuniao.anped.org. br/33encontro/app/webroot/files/file/Trabalhos%20em%20PDF/GT19-6836-- Res.pdf>. Acesso em: 4 jan. 2019. SÃO PAULO, Secretaria Municipal da Educação. Orientações Didáticas do Currí- culo da Cidade, 2018. v. 2. São Paulo: SME/SP, 2018. Disponível em: <http://por- tal.sme.prefeitura.sp.gov.br/Portals/1/Files/45066.pdf>. Acesso em: 14 jan. 2019. SÃO PAULO. Secretaria Municipal da Educação. Currículo da Cidade de São Paulo: Matemática. São Paulo: SME/SP, 2017. SILVA, E. M.; SILVA, E. M.; GONÇALVES, V.; MUROLO, A. C. Estatística para os cursos de Economia, Administração e Ciências Contábeis. v. 1. São Paulo: Atlas, 2010. TIBONI, C. G. R. Estatística Básica para os cursos de Administração, Ciências Contábeis, Tecnológicos e de Gestão. São Paulo: Atlas, 2010. 19