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Contabilidade de Áreas Específicas I Contabilidade de Áreas Específicas I Organizado por Universidade Luterana do Brasil Universidade Luterana do Brasil – ULBRA Canoas, RS 2016 Jucelaine Bitarello Conselho Editorial EAD Andréa de Azevedo Eick Ângela da Rocha Rolla Astomiro Romais Claudiane Ramos Furtado Dóris Gedrat Honor de Almeida Neto Maria Cleidia Klein Oliveira Maria Lizete Schneider Luiz Carlos Specht Filho Vinicius Martins Flores Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores a emissão de conceitos. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da ULBRA. A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal. ISBN: 978-85-5639-170-4 Dados técnicos do livro Diagramação: Marcelo Ferreira Revisão: Paula Fernanda Malaszkiewicz Apresentação Para esta disciplina, Contabilidade de Áreas Específicas, do Curso de Ciências Contábeis, estão reservados três temáticas: a agricultura, a pecuária e a construção civil. Nesse sentido, o objeto de estudo é a com- preensão e o conhecimento do tratamento contábil que deve ser dado às Pessoas Jurídica e/ou Física que exerçam atividades nas temáticas elen- cadas. No desenvolvimento dos conteúdos desse livro, contou-se com a colaboração do Prof. Dr. Tarcísio Staudt, que possui conhecimento prático e teórico dos temas citados. Como objetivo, é proposto: adquirir o conhecimento teórico a partir dos conceitos apresentados e que possam dar suporte para o desenvolvi- mento de habilidades que lhes permitam familiarização com essas áreas. Estes são ramos da contabilidade que se apresentam como perspectivas de absorção de profissionais habilitados para auxiliarem os gestores dessas atividades. Quanto à problematização buscada nessa disciplina, ela é a identifica- ção da necessidade de organização dos atos e fatos contábeis que ocor- rem nas áreas objeto de estudo, com o intuito de trazer à luz a informação relevante para o apoio à gestão de negócios ligados à agricultura, à pecu- ária e à construção civil, haja vista que essas áreas, em âmbito brasileiro, tem sido de expressiva relevância para investimentos nas últimas décadas. A estrutura deste livro está formatada em dez capítulos. Na primeira temática – Agricultura –, são quatro capítulos, que envolvem a contabilida- de rural, o planejamento contábil, as culturas temporárias e permanentes e, ainda, as especificidades da atividade agrícola. Na segunda temática – Pecuária –, são trazidos os tipos de atividade pecuárias, os métodos de custos e a tributação específica. Na terceira temática – Construção Civil –, Apresentação v estuda-se o planejamento da construção civil, a contabilização e apuração de resultados de incorporações de imóveis. Recomenda-se, para fins de facilitar o entendimento dos conteúdos, que o(a) aluno(a) leia com atenção os conceitos que deram suporte teórico aos temas. Isso facilita, inclusive, a resolução dos exercícios propostos em cada capítulo. Outro aspecto é que não se limite a esse material didático, mas desperte-se à busca de leituras adjacentes que possam ampliar a ba- gagem teórica que é relevante e necessária à prática da profissão da con- tabilidade. Dessa forma, compreende-se que a teoria antecede a prática. Temática I – Agricultura.........................................................1 1 Contabilidade Rural ..............................................................3 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural ...........................20 3 Culturas Temporárias e Permanentes ..................................48 4 Atividade Agrícola .............................................................76 Temática II – Pecuária .........................................................95 5 Tipos de Atividade Pecuária ...............................................97 6 Métodos de Custos Aplicados à Pecuária ...........................115 7 Tributação da Atividade Agropecuária ...............................131 Temática III – Construção Civil ..........................................149 8 Planejamento Contábil na Construção Civil .......................151 9 Contabilização e Apuração de Resultados .........................165 10 Incorporação de Imóveis ...................................................178 Sumário Temática I – Agricultura 2 Contabilidade de Áreas Específicas I A temática AGRICULTURA é apresentada e estruturada em quatro capítulos da seguinte forma: no primeiro, traz-se a abor- dagem da contabilidade rural, em que os conceitos são trazi- dos para o conhecimento acadêmico e especificamente para a distinção entre a atividade agrícola e agroindustrial; aborda- -se, também, o ciclo dessa atividade; no segundo, enfoca-se a contabilidade como ferramenta de informação e planejamento na atividade rural, principalmente pelo uso do plano de contas que objetiva a apropriação dos custos de produção na apu- ração do resultado, haja vista que há especificidades a serem observadas nessa área, atividade rural; para o terceiro, foram reservados os conceitos das culturas temporárias e permanen- tes, em que as formas de identificação e diferenciação são elementos indispensáveis para a classificação e aplicação da contabilidade; e, no quarto capítulo, aprofundam-se os con- ceitos e a classificação dos gastos pré-operacionais para fins de registro dos fatos contábeis nos ativos Circulante e Não Circulante com o propósito de avaliação dos ativos, especifi- camente os imobilizados; finalmente, trata-se da questão tribu- tária na atividade agrícola. Jucelaine Bitarello1 Capítulo 1 Contabilidade Rural1 1 Jucelaine Bitarello é Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC – Uni- versidade de Santa Cruz do Sul – RS, Especialista em Administração e Estratégia Empresarial pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS e Gradu- ada em Ciências Contábeis pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. Professora dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública da ULBRA, presencial e EaD. Tem experiência profissional em organizações privadas e públicas, autora de diversos artigos científicos, nacionais e internacionais, autora de livros e capítulos de livros. Consultora ad hoc do Ministério da Educação e Cultura – MEC/INEP. 4 Contabilidade de Áreas Específicas I Introdução Para o capítulo da Contabilidade Rural, foram trazidos os con- ceitos teóricos que dão a base para a compreensão e diferen- ciação das atividades que estão abordadas no livro. É relevante que se tenha clareza quanto aos conceitos, pois eles devem estar organizados no entendimento do acadêmico para que ele consiga visualizar a organização lógica das atividades que são desenvolvidas na agricultura. Atualmente, é bem comum as em- presas terem parcela de seus recursos investidos ou aplicados em agronegócios. Para tanto, esse capítulo é dividido em quatro tópicos que estão organizados em sentido de que o estudante de Contabilidade possa compreender a base processual das atividades agrícolas e seu ciclo produtivo, e que a ciência da Contabilidade alcance aderência de aplicação profissional. 1 Conceituação Neste tópico, abordam-se alguns conceitos referentes à agri- cultura e à atividade agrícola, que tem seu centro na natureza da sua existência, em que Almeida (2014, p. 19) cita: “Ativi- dade agrícola é o gerenciamento da transformação biológi- ca e da colheita de ativos biológicos para a venda ou para conversão em produtos agrícolas ou em ativos biológicos adi- cionais, pela entidade”. Estes ativos biológicos são ilustrados mais adiante. Busca-se na visão de Crepaldi (2011, p. 1) que aagricul- tura “representa toda a atividade de exploração da terra, seja Capítulo 1 Contabilidade Rural 5 ela o cultivo de lavouras e florestas ou a criação de animais, com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer às necessidades humanas”. Esse conceito remete a algumas reflexões que vão além do simples fato de exploração da terra, a citar, dois pontos relevantes: a) o Brasil se tornou um país com concentração urbana e com expansão industrial a partir de meados do século XX; b) a agricultura, por consequência do primeiro ponto, avançou da exploração manual para a mecanizada, isso em decorrência de novas tecnologias que foram introduzidas à atividade rural. Partindo desse fundamento, o quadro a seguir apresenta uma ilustração do CPC 29): Quadro 1 Exemplos de ativos biológicos, produtos agrícolas e produtos resultantes do processamento depois da colheita Ativos biológicos Produto agrícola Produto resultante do processamento pós-colheita Carneiros Lã Fio, tapete Árvores plantadas Madeira Madeira serrada, celulose Plantas Algodão, cana, café Fio de algodão, açúcar, álcool, café em grão, moído Gado de leite Leite Queijo Porcos Carcaça Salsicha, presunto Arbustos Folhas Chá, tabaco Videiras Uva Vinho Árvores frutíferas Fruta colhida Fruta processada FONTE: CPC 29 citado por Almeida (2014, p. 19) 6 Contabilidade de Áreas Específicas I Denota-se que os principais produtos produzidos, transfor- mados e consumidos advém da agricultura, a citar exemplos: o café, o açúcar, a soja, a carne, entre outros. Para isso, Cre- paldi (2011, p. 1) entende que a agricultura tem a finalidade de desempenhar papéis interessantes no processo de desen- volvimento: 1. produzir alimentos baratos e de boa qualidade; 2. produzir matéria-prima para a indústria; 3. pela exportação, trazer dinheiro para o país; 4. dar condições dignas de vida para o trabalhador ru- ral. Verificando esses papéis desenvolvidos pela agricultura, nota-se que atualmente ela passa a ter novos conceitos em que o agricultor, homem rural, tem orientações dirigidas para o mercado consumidor geral, e suas perspectivas passaram a ser o negócio agrícola, absorvendo na sua atividade o que a indústria de manufatura requer que ele produza em um primei- ro estágio. Há que se destacar que, a priori, parece que a agricultura está refém, vinculada e dependente do que ocorre na indús- tria. No entanto, Crepaldi (2011) orienta que os agricultores estão organizados e têm ao seu alcance o conhecimento e a informação dos negócios, mediante as Cooperativas, os Sindi- catos e escritórios de Extensão Rural. Citando, ainda, os negó- cios agrícolas, pode-se perceber significativo avanço no sur- gimento de agronegócios, que são relevantes no processo de geração de emprego e renda na agricultura, que impulsionam Capítulo 1 Contabilidade Rural 7 outros setores como: a indústria, o comércio e o turismo. Sob estes aspectos, destaca-se que há um conjunto de profissões e profissionais, de diversas áreas, que encontram espaço para colocar em prática seus conhecimentos teóricos em apoio à agricultura, a destacar a Contabilidade e o Contador, que po- dem contribuir na organização dos negócios, auxiliando com informações aos gestores para a tomada de decisões. Assim, os procedimentos contábeis para os ativos bioló- gicos e produtos agrícolas estão estabelecidos no CPC 29, o qual aborda os “critérios de mensuração desde o reconheci- mento inicial até a data em que os ativos são desreconhecidos do balanço patrimonial”. De acordo com Almeida (2014, p. 18), o critério na norma para “ativos biológicos é o valor justo menos as despesas com venda.” E, referindo-se aos “produtos agrícolas, a norma estabelece a mensuração pelo valor justo menos as despesas com vendas no momento da colheita, corte ou abate”. Lembra-se que os CPCs já foram regulamentados pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC (NBC TG 29 – Res. 1.186/09). Após esta abordagem, recomenda-se que o leitor, aluno, visualize novamente o quadro 1 apresentado no início deste tópico. 2 Atividade agrícola Neste tópico, verifica-se a existência das três atividades no segmento agrícola: a pecuária, com suas características e particularidades; no segmento agrícola, aborda-se o que são operações, os ciclos de cultura, bem como os tipos de culturas 8 Contabilidade de Áreas Específicas I segundo seu ciclo de cultivo; e evidencia-se, dessa forma, as espécies de atividade na agricultura em dois de seus segmen- tos, pecuário e agrícola, que podem ocorrer concomitante- mente. No entanto, informa-se ao leitor que esse tópico está concentrado apenas no segmento agrícola, os demais são abordados em tópicos mais adiante. O segmento agrícola, para Marion et al. (1996), apresen- ta-se a partir das suas operações que são fases necessárias para o processo produtivo, de acordo com o tipo de cultura. A identificação e a separação dessas fases trazem uma série de benefícios para quem gerencia os processos na agricultura, o que permite o estabelecimento de critérios de controle de desempenho e de gastos em cada operação. A seguir, tem-se a ilustração dessas fases: Quadro 2 Fases da operação dos processos agrícolas Fases Descrição das Operações Preparo de Solo / Calagem Entende-se por destoca, limpeza, roçada, correção do solo, gradeação, subsolagem, aração, conservação de solo, sistematização de solo e drenagem. Plantio/ adubação Entende-se por sulco, adubação básica, coveamento, alinhamento, marcação confecção de canteiro, distribuição de mudas, seleção, desinfecção de mudas, coleta de estacas, adubação básica, plantio, semeadura, replantio, transplante de mudas e sementes. Adubação Adubação de cova ou sulco, adubação de solo, adubo foliar e cobertura. Capítulo 1 Contabilidade Rural 9 Tratamento Fitossanitário Controle de formigas, tratamento do solo, de semente, fitossanitário de transporte de água. Irrigação Aguação, irrigação e transporte de água. Cultivo Manual Coroamento, recoroamento, capina, roçada e limpeza. Cultivo Mecânico Gradeação, roçada mecânica, aração e limpeza mecânica. Cultivo Químico Aplicação de herbicida. Raleação e Desbaste Raleação, desbrota e raleação de frutos. Poda Poda na formação, na frutificação e poda de limpeza. Colheita Distribuição de caixa, colheita, transporte até o ponto de carga, embalagem (saco / caixa / barbante), carregamento de caminhão e transporte da produção ate os silos ou até a fabrica para produtos perecíveis. Outras Coleta de borbulhes, enxertia, sobreenxertia, cobertura morta, aplicações de hormônio, despendoamento, erradicação, de plantas doentes (roguing), secagem e outras operações FONTE: adaptado de Marion et al. (1996, p. 43). Entenda-se, a priori, que o quadro apresenta um conjunto de fases, de ações que expressam cultura na atividade agrícola, que na visão de Marion et al. (1996) pode ser concebida como a ação do homem, sobre a terra, pelo processo produtivo à procura de satisfação de suas necessidades básicas. O proces- so produtivo, na atividade agrícola, é o sistema de preparar a terra para plantar, tratar e colher; conjunto de ações nas quais se desenvolvem as operações descritas anteriormente. 10 Contabilidade de Áreas Específicas I A combinação dessas operações em cada cultura depende das características genealógicas da planta, ou seja, o tempo de vida produtiva desta, a contar da data em que se coloca a semente ou a muda no solo até a data da última colheita em nível comercial. A este evento, dá-se o nome de ciclo da cul- tura, o qual define a fórmula de acumulação e apresentação dos custos e tratamento contábil adotado para estes, os quais serão abordados em tópicos mais adiante.3 Atividade agroindustrial Os itens apresentados na sequência diferenciam a atividade rural da atividade não rural: Primeiro: ATIVIDADES CONSIDERADAS RURAIS in- cluem os quesitos: a) agricultura; b) pecuária; c) extração e exploração vegetal e animal; d) exploração de atividade zootécnica (apicultura, avicul- tura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultu- ra, entre outras); e) cultivo de florestas que se destinem ao corte para co- mercialização, consumo e industrialização; f) venda de rebanho de renda, reprodutores ou matrizes; Capítulo 1 Contabilidade Rural 11 g) Transformação de produtos decorrentes da atividade rural, sem que seja alterada a composição e as carac- terísticas do produto in natura: 1. beneficiamento, descasque, debulha, conserva de frutas; 2. transformação de produtos agrícolas: moagem de trigo, de milho, de cana; 3. transformação de produtos zootécnicos: mel, queijo, man- teiga; 4. transformação de produtos florestais; carvão, lenha; 5. produção de embriões de rebanho em geral, alevinos, gi- rinos. Segundo: ATIVIDADES NÃO CONSIDERADAS RURAIS incluem os quesitos: a) industrialização de bebidas alcoólicas – vinho, cacha- ça; b) comercialização de produtos rurais de terceiros; c) industrialização de pescado in natura; d) receitas provenientes de alugueis ou arrendamentos; e) receitas provenientes de vendas de recursos minerais (aterro, pedras, arreia); f) receitas financeiras provenientes de aplicação de re- cursos; 12 Contabilidade de Áreas Específicas I g) valores dos prêmios ganhos a qualquer título pelos animais; h) prêmios recebidos de entidades promotoras de com- petições; i) receitas oriundas de exploração de turismo rural (hotel fazenda). Após essa diferenciação nas atividades rurais e o conheci- mento de alguns exemplos, conforme demonstrado nos dois itens anteriores, fica mais fácil a compreensão do ciclo agrí- cola. 4 Ano (ciclo) agrícola e exercício social Neste tópico, procura-se esclarecer uma primeira dúvida que os contadores em formação têm em relação ao término do exercício social. Ao contrário do que ocorre com a maioria das empresas ao fazerem o exercício social coincidir com o ano civil, essa prática não é adequada para as empresas rurais. Na visão de Marion (1996, p. 24), observa-se que: as empresas, de maneira geral, têm a receita e despesas constantes durante os meses do ano, não havendo difi- culdade quanto à fixação do mês de encerramento do exercício social para a apuração do resultado. Qualquer mês escolhido refletirá o resultado distribuído de maneira quase equitativa ao longo dos 12 últimos meses. Capítulo 1 Contabilidade Rural 13 Empresas comerciais, industriais ou de serviços, de ma- neira geral, têm sua receita e despesa constantes durante os meses do ano, não havendo dificuldade quanto à fixação do encerramento do exercício social para a apuração de resulta- do. No entanto, na atividade rural, a concentração da receita normalmente ocorre durante ou logo após a colheita. Devido a sua produção sazonal, concentrada em determinado perío- do, às vezes em alguns dias do ano, é razoável que, após seu término, proceder em seguida à apuração do resultado, tão importante para a tomada de decisão, sobretudo a respeito do que fazer no novo ano agrícola (ano agrícola é o período compreendido pela plantação, colheita e, normalmente, a co- mercialização da safra agrícola). Em relação à colheita e, quase sempre ao término dela, ocorre a comercialização que determina o encerramento do ano agrícola, conforme Marion (1996, p. 24) afirma: Ano agrícola é o período em que se planta, colhe e, nor- malmente, comercializa a safra agrícola. Algumas em- presas, em vez de comercializarem o produto, desde que possível, armazenam a safra para obter melhor preço. Nesse caso considera-se o ano agrícola o término da colheita. A citação remete o leitor a entender alguns pontos interes- santes da contabilidade em relação às atividades agrícola e pecuária: no primeiro termo, agrícola, há culturas de rápido ciclo produtivo, normalmente menor que um ano, por exem- plo: arroz, feijão, trigo, entre outros; e há culturas de ciclo produtivo que se estendem para além de um ano, por exem- 14 Contabilidade de Áreas Específicas I plo: cana-de-açúcar, mandioca, acácia negra, entre outros. No segundo termo, pecuária, pode também haver ciclos rá- pidos, por exemplo: aves de corte, suínos, entre outros; dos ciclos que se estendem para além de um ano, pode-se citar os rebanhos de bovino, bubalinos, ovelhas, entre outros. No aspecto da pecuária, citado no parágrafo anterior, Cre- paldi (2011) esclarece que normalmente se tem a associação única ao gado, mas não deve ser esse o sentido, pois todas as espécies de animais citados vivem em coletividade, logo, for- mam um rebanho, quer sejam, bois, vacas, búfalos, carneiros, ovelhas; as aves incluem frango, pato, marreco, faisão, peru, entre outros. Então, o exercício social e ciclo operacional são definidores para a contabilidade poder aplicar o conhecimento e elabo- rar as demonstrações financeiras que expressem a informação relevante aos que nela têm interesse. Nesse sentido, Crepaldi (2011, p. 226) cita: O exercício social é o período determinado pelo contrato social, normalmente de um ano, ao final do qual a Em- presa fará elaborar, com base na escrituração mercantil, as demonstrações financeiras que deverão exprimir com clareza a situação do patrimônio da companhia e as mu- tações ocorridas no exercício. Esta citação apresenta o entendimento geral aplicável às empresas, mas dá os indicativos necessários para a relevância do conhecimento da contabilidade. Crepaldi (2011, p. 226), mais especificamente em relação às empresas agropecuárias, cita: Capítulo 1 Contabilidade Rural 15 Na constituição da empresa agropecuária e nos casos de alteração estatutária, o exercício social poderá ter duração inferior ou superior a um ano; entretanto, a legislação determina a duração de um ano. A legisla- ção também estabelece que, na empresa em que o ciclo operacional for maior que o exercício social (um ano), a classificação no circulante ou realizável a longo prazo terá por base o prazo desse ciclo. Sendo assim, o curto prazo para agropecuária será igual a seu ciclo opera- cional. O ciclo operacional é o período compreendido desde a inseminação, ou nascimento, ou compra, até a comercialização. Diante disso, faz-se relevante a compreensão de alguns pontos: ciclo reprodutivo, produtivo, maturação, colheita e estocagem. Esses pontos são permanente recomendação no decorrer de toda a disciplina e requer que sejam realizadas lei- turas adjacentes, referentes às atividades agrícola e pecuária. Recapitulando Durante o estudo do primeiro capítulo, pode-se verificar que, ao profissional da contabilidade, é relevante o conhecimento da atividade rural, pois há especificidades que se fazem in- dispensáveis no sentido conceitual, porque isso contribui para que a organização documental que dá origem para as infor- mações que são geradas a partir da organização dos fatos que devem ser registrados na contabilidade. 16 Contabilidade de Áreas Específicas I Outro aspecto relevante é que o ciclo agrícola também deve ser considerado, porque há culturas agrícolas que podem e devem ser classificadas de acordo com o tempo que levam para o plantio até o armazenamento e até estarem prontas para a comercialização, e isso nem sempre coincide com o ano/período fiscal de um ano. Assim, há culturas rápidas que se enquadram no curso de um ano, mas pode e tem culturas que ultrapassam um ano e podem até levar vários anos. Por isso, frisa-se mais uma vez a relevância do conhecimento das atividades rurais na base, pois issoimpacta na segurança dos registros na contabilidade. Referências ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso de Contabilidade Inter- mediária em IFRS e CPC. São Paulo: Atlas, 2014. CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural – uma abor- dagem decisorial. São Paulo: Atlas, 2011. MARION, José Carlos et al. Contabilidade e Controladoriada em Agribusiness. São Paulo: Atlas, 1996. MARION, José Carlos; SEGATTI, Sonia. Contabilidade da pe- cuária. 10 ed. Atualizada pelas Leis n°. 11.638/2007 e n°. 11.941/2009. São Paulo: Atlas, 2012. SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR. Manual de orientação das Contribuições Previdenciárias na Capítulo 1 Contabilidade Rural 17 Área Rural e do SENAR. 7 ed. Brasília: Secretaria da Receita Federal, 2012. Atividades 1) Assinale a alternativa que melhor define ativo biológico: a) É o produto agrícola resultante do ativo biológico. b) É o produto resultante do processamento de produtos agrícolas. c) É o produto da exploração da terra, dos animais e das florestas. d) É o ativo natural possível de transformação pela explo- ração de atividade. e) É o ativo natural possível de exploração de atividade sem transformação. 2) Fundamenta-se a mensuração para ativos biológicos e produtos agrícolas em: a) Reconhecer seu valor inicial até a data do desreconhe- cimento patrimonial pelo valor justo. b) Reconhecer apenas o seu valor histórico como critério de mensuração e não o valor justo. c) Reconhecer o valor inicial como critério de desreco- nhecimento patrimonial, desprezando o valor justo. 18 Contabilidade de Áreas Específicas I d) Reconhecer que o valor justo não é critério utilizável para a mensuração de produtos agrícolas. e) Reconhecer que o valor justo desconsidera as despesas com vendas para mensuração dos ativos biológicos. 3) Assinale a alternativa que cita fases da operação em pro- cessos agrícolas: a) Aguação, irrigação e transporte de água. b) Coroamento, recoroamento, capina, roçada e limpe- za. c) Poda, raleação, desbaste, adubação e colheita. d) Coleta de borbulhes, enxertia, despendoamento e se- cagem. e) Embalagem, carregamento, transporte e silagem. 4) Assinale a alternativa que não pode ser considerada ativi- dade rural: a) Transformação de produtos agrícolas: moagem de tri- go, de milho, de cana. b) Transformação de produtos zootécnicos: mel, queijo, manteiga. c) Transformação de produtos florestais; carvão, lenha. d) Produção de embriões de rebanho em geral, alevinos, girinos. Capítulo 1 Contabilidade Rural 19 e) Industrialização de pescado in natura e bebidas alcoó- licas. 5) A alternativa que melhor identifica o ano (ciclo) agrícola, é: a) O exercício social igual para todas as empresas de qualquer segmento. b) O período fixado entre primeiro de janeiro e 31 de dezembro. c) O início da atividade e o fechamento da empresa. d) O período entre o início do ciclo e a comercialização do produto agrícola. e) O período não inferior a Um ano e não superior a Dois anos. Jucelaine Bitarello1 Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 1 Jucelaine Bitarello é Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC – Uni- versidade de Santa Cruz do Sul – RS, Especialista em Administração e Estratégia Empresarial pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS e Gradu- ada em Ciências Contábeis pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. Professora dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública da ULBRA, presencial e EaD. Tem experiência profissional em organizações privadas e públicas, autora de diversos artigos científicos, nacionais e internacionais, autora de livros e capítulos de livros. Consultora ad hoc do Ministério da Educação e Cultura – MEC/INEP. Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 21 Introdução Todo o trabalho desenvolvido pela Contabilidade requer que tenha uma organização a partir de um Plano de Contas, o qual é a estrutura básica para o ordenamento dos fatos e atos produzidos pelo negócio, seja da Pessoa Física ou Pessoa Jurídica, pois a geração das informações tem esse princípio ordenado como base. Avançando nessa ideia, os custos são relevantes porque eles expressam a mensuração da produção e esses, por sua vez integrados e coordenados pela contabi- lidade, são o húmus para a informação que os gestores dos negócios necessitam para tomada de decisões, especialmente na apuração e medição dos resultados. 1 Plano de contas O plano de contas é a representação lógica e ordenada dos títulos das contas que compõem a escrituração contábil. Na visão de Sá (1982, p.11), “o conceito de conta pode ser to- mado como: – expressão de fatos patrimoniais da mesma na- tureza acontecidos ou por acontecer em uma empresa ou em uma entidade”. Mas há outras formas de compreender esse conceitos, que são os atos que podem se transformar em fatos contábeis. Assim, os fatos patrimoniais são componentes do patrimô- nio, o qual, segundo Iudícibus (2008), é o objetivo principal da contabilidade. Este é formado pelos mais diversos compo- 22 Contabilidade de Áreas Específicas I nentes, quer seja um ativo, um passivo, uma receita, um custo ou uma despesa. Neste sentido, para Sá (1982), a mutação (o fato) de cada componente precisa ser registrada e a conta é o lugar onde se faz este registro, em valores monetários de uma mesma natu- reza e referentes apenas a um determinado item. Por meio da obra de Sá (1982, p.12), tem-se exemplo de fatos ou fenômenos patrimoniais da mesma natureza: 1- movimento de dinheiro dentro da azienda; 2- movimento de dinheiro em bancos; 3- venda de produtos ou de mercadorias; 4- compra de produtos ou de mercadorias; 5- despesas com administração da azienda; 6- despesas para promover as vendas; 7- despesas para cumprimento de exigências tributárias etc. De forma clara e sintética, esclarece Sá (1982) que o obje- to de uma conta, ou seja, a natureza dos fenômenos que ela reúne, tecnicamente denomina-se título. Sendo esta, portanto, a palavra ou designação que dá nome a uma conta, deven- do evidenciar em seu objeto a razão para qual foi aberta e a classe de valores que registra. É o objeto que determina a função característica da conta. As contas devem evidenciar as relações entre os fatos, tendo em vista que elas são examina- das em função de outros acontecimentos, principalmente no Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 23 método das partidas dobradas, em que a evidenciação dos fatos se baseia por meio de aumentos e diminuições dos com- ponentes patrimoniais. Nesse método das partidas dobradas, todas as contas, per- manentemente, mantêm perfeita relação entre si, além de pos- suírem uma função característica, de acordo com seu objeto. O sistema de relações que uma conta possui é denominado funcionamento da conta. Portanto, uma conta deve ter, para efeito, de um plano de contas, um título, uma função e um fun- cionamento. Estes são os elementos fundamentais, podendo haver elementos de caráter acessório, tais como: classificação, grupamentos e códigos. Passamos agora ao conceito de pla- no de contas segundo Crepaldi (2003, citado por SCHNORR, 2009, p.70): Plano de Contas é um conjunto de determinadas contas em função do ramo de atividade e porte de cada empre- sa. Nele são apresentadas as contas, títulos e descrição de cada uma, bem como os regulamentos e convenções que regem o uso do plano e de suas contas integrantes do sistema contábil da entidade, tendo como finalidade servir de guia para o registro e a demonstração dos fatos contábeis. Sobre a preparação do plano de contas, Iudícibus (2008, p. 19) destaca: Ao preparar um projeto para desenvolver um Plano de Contas, a empresa deve terem mente as várias possi- bilidades de relatórios gerenciais e para uso externo e, dessa maneira, prever as contas de acordo com os diver- 24 Contabilidade de Áreas Específicas I sos relatórios a serem produzidos. Se anteriormente isso era de grande importância, atualmente, com os recur- sos tecnológicos da informática, passou a ser essencial, pois tais relatórios propiciarão tomados de decisões mais ágeis e eficazes por parte dos usuários. Quanto à abrangência, o plano de contas deve ir do con- ceito à função, ao funcionamento e às relações das contas para que se tenha uma peça técnica que cumpra sua finalida- de, apresentando o título, a classificação, a função das con- tas, explicando o funcionamento destas, apontando a relação entre os grupos ou mesmo entre as contas. Para Sá (1982, p.16), o plano de contas é um roteiro completo para as tarefas da escrituração contábil e é composto pelas seguintes partes: a) Elenco das contas; b) Função das contas; c) Funciona- mento das contas [...]. Seguindo ainda a linha de raciocínio de Sá (1982), o elen- co de contas é a relação dos títulos das contas, podendo ser apresentado de duas formas principais: tipo simples, com apenas a descrição das contas; e tipo complexo, com o gru- pamento e codificação das contas. Para Sá (1982, p. 18), “O elenco é uma peça técnica que deve ser flexível, deixando sempre margens para que novas contas sejam inseridas, a fim de dar ao plano de contas a maleabilidade necessária, sendo fonte de permanente con- sulta”. Quanto à função e o funcionamento do plano de con- tas, este segue o mesmo conceito citado anteriormente para as contas. Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 25 É importante destacar o tema que versa sobre os graus das contas nos planos de contas. Os graus das contas são análises feitas acerca das contas, de modo que uma conta dá origem a outra subconta, sempre classificada a nível inferior em relação à conta principal, de origem. Entenda-se, dessa forma, que o grau de detalhamento que se quer ter de um fato contábil é o nível analítico da conta que deve ser apresentado no plano de contas. Dessa forma, o grau é medida de dependência na análise das contas. Usualmente, a adoção de mais de dois graus torna o execução da escrituração muito complicada. Seguindo esse raciocínio, Sá (1982, p. 22) afirma: Uma norma simples e prática de trabalhar é a de empre- gar apenas Dois Graus, ou seja: 1º GRAU – CONTA SINTÉTICA ou PRINCIPAL 2º GRAU – CONTA ANALÍTICA ou DERIVADA. Este conceito descrito por Sá (1982) não se encontra em acordo com a Lei 6404/76, que prevê maior número de graus na estrutura do plano de contas. As contas se dividem em dois grupos: contas patrimoniais representam o conjunto de bens, direitos e obrigações da organização (ativo/passivo/PL) e, nas contas de resultado, registram-se as receitas, despesas e os custos de uma organização. Observe o quadro a seguir e, na sequência, uma análise das duas formas: 26 Contabilidade de Áreas Específicas I Quadro 1 Estrutura Básica do Plano de Contas Simplificado DÉBITO CRÉDITO ATIVO CIRCULANTE Direitos Realizáveis no Curto Prazo ATIVO NÃO-CIRCULANTE Realizável a Longo Prazo Contas a receber Credito de pessoas ligadas Investimentos (-) Provisão para perdas prováveis de realização Imobilizado (-) Depreciação, amortização ou exaustão acumulada Intangível (-) Amortização Acumulada PASSIVO CIRCULANTE Obrigações Sociais e Fiscais Contas a Pagar Lucros a Distribuir Empréstimos Bancários Outras Contas a Pagar PASSIVO NÃO-CIRCULANTE Exigíveis a longo prazo PATRIMÔNIO LÍQUIDO Capital Social Reservas de capital Reservas de lucros (-) Ações em Tesouraria (-) Prejuízos Acumulados CUSTOS Insumos Mão de obra Direta Outros Custos Diretos Custos Indiretos de Produção PRODUÇÃO Industrial De Serviços DESPESAS Custo das Vendas Despesas com Pessoal Despesas Administrativas Despesas de Comercialização Despesas Tributárias Despesas Financeiras Depreciação e Amortiza RECEITAS Receita Bruta de Vendas (-) Deduções da Receita Bruta Receitas Financeiras Outras Receitas Operacionais RESULTADO Balanço de Abertura Balanço de Encerramento Resultado do Exercício Fonte: Adaptado de CRCSP/09 e Resolução CFC 1157/09. Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 27 Conforme o Quadro 1, tem-se a natureza dos saldos das contas segundo o grupo ao qual pertencem. Importante des- tacar que os grupos de contas que compõem o ativo, os cus- tos, as despesas possuem natureza devedora. Por sua vez, as contas que compõem o passivo e as receitas são de natureza credora. De forma geral e abrangente, as contas de natureza devedora, quando aumentadas, debitam; e, quando diminuí- das, creditam; as contas de natureza credora, quando sofrem um aumento, creditam; e diante, de uma diminuição, são de- bitadas. Quanto à elaboração do plano de contas, as organizações devem conciliar suas necessidades, seus interesses com a na- tureza de suas atividades, de acordo com a legislação societá- ria em vigor. A atual legislação é composta pela Lei 6,404/76, alterada recentemente pelas Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09. Ainda em relação ao plano de contas de uma orga- nização de natureza pecuária, este possui peculiaridades inerentes a sua atividade. Algumas contas sofrem registro de forma diferente das empresas industriais ou da contabilidade dita como geral. Nesse sentido, é preciso destacar a forma como fica registrada o plantel de animais no plano de con- tas. Este é registrado parte no ativo circulante, semelhante a uma conta de registro dos estoques, uma vez que é nela que fica registrada a movimentação do gado para abate (gado de corte), e a outra parte fica ativada no imobilizado em contas específicas para registros de rebanhos permanentes, ou seja, gado puro destinado à reprodução. 28 Contabilidade de Áreas Específicas I O registro do gado no ativo circulante se dá em contas que acompanham o desenvolvimento da vida do plantel, dos rebanhos em formação, do gado de engorda, além de touros e matrizes descartados. Marion (1996) propõe em seu plano de contas as seguintes denominações: – Rebanho de Bovinos em formação – Gado Puro (destina-se a registrar a existência de gado puro, chamado de gado de raça). Para efeito de contabilização, estas contas são: debitadas (aumentadas) pelo nascimento dos bezerros, pela reavaliação do plantel, por transferência de categorias (entrada) ou mesmo pelas compras de gado que se enquadre nestas categorias; e creditadas (diminuídas) pelas transferências de categorias (saídas) ou pela venda do gado. No que diz respeito às categorias, estas seguem a deno- minação descrita com subdivisões por idades. Esta subdivisão por idade varia de acordo com cada região do país, mas nor- malmente respeita um período de 12 meses, relativo ao exercí- cio social. Exemplificando, temos: Novilhos(as) 13/24 meses e Novilhos(as) 25/36 meses. Nesse sentido, Marion (1996), su- gere também a conta Rebanho Bovino em Formação – Gado Mestiço, que registra o plantel de gado mestiço em formação, tendo as mesmas características descritas da conta anterior, relativa ao gado puro. Na fase adulta, Marion (1996) sugere que os registros se- jam feitos na conta Gado de Engorda; como o próprio nome diz, essa conta registra a existência do plantel de engorda ou gado de abate. Sendo esse gado destinado para o abate, isso Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 29 motiva a sua colocação no ativo circulante. Marion (1996, p. 107) esclarece que: Os novilhos que completaram 36 meses e não foram vendidos serão classificados em gado de engorda. Se, diante das características da fazenda, houver possibilida- de de não vender o gado no 4º ano, abrem-se, no planode contas, duas contas para o gado de engorda, como segue: a) Gado de Engorda de 37 a 48 meses; b) Gado de Engorda acima de 49 meses. Ressalta ainda Marion (1996) que, com essa forma de sub- divisão, ficam mais claras as informações referentes à idade do rebanho e ao ciclo operacional da empresa. Recomenda- -se também que seja aberta uma nova conta no plano de con- tas para registrar o gado de engorda adquirido neste estágio, exclusivamente para a engorda. Tendo em vista que o gado adquirido e registrado em estoque será baixado como custo do produto vendido no momento da venda, o que não ocorre com o gado formado na própria fazenda. Os custos destes são apropriados diretamente como resultado para confronta- ção com as variações patrimoniais. Seguindo ainda a visão do autor, no que diz respeito à contabilização, debita-se (au- menta) esta conta pela compra ou pela transferência de outras categorias para este tipo de plantel e credita-se (diminui) pela venda, ou corte para consumo, ou ainda pela transferência para outras categorias. 30 Contabilidade de Áreas Específicas I No ativo circulante, estoques, ainda são registrados os tou- ros e matrizes descartados que antes eram registrados no ativo imobilizado e, agora, perderam sua capacidade de produzir valor para a empresa, ou seja, não servem mais para a repro- dução. Marion (1996, p. 114) cita, entre os principais motivos que proporcionam esta transferência, os seguintes aspectos: a) fim do período de fertilidade; b) acidentes no pasto ou no manejo; c) doenças comuns de gado (febre aftosa, brucelose, rai- va, carbúnculo sintomático etc.); d) intoxicação: este é mais comuns e constantes, em vir- tude de gado ingerir ervas tóxicas existentes no campo. Seguindo o que diz ainda Marion (1996), entre os motivos registrados anteriormente, apenas para o primeiro motivo é permitida a baixa do gado para venda diretamente à terceiros. Para os demais motivos antes da venda, é preciso que sejam tratados (no sentido de alimentados) antes da venda, perma- necendo no ativo circulante o tempo necessário para seu aca- bamento (engorda). No caso da transferência por perda de fertilidade, o animal normalmente é baixado do ativo imobili- zado para o ativo circulante totalmente depreciado, restando apenas o valor residual, equivalente ao preço de venda para o frigorífico. Recomenda-se atenção, pois o animal que permanece nes- sa condição de ativo circulante apenas o tempo necessário para se fechar negociação de venda pode apresentar distor- ções na contabilidade. Nesse sentido, há uma preocupação Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 31 do fisco em evitar a exclusão de itens do ativo imobilizado que, por serem corrigidos monetariamente, propiciam o lan- çamento de uma receita na apuração, resultado da correção monetária, aumentando o lucro e o imposto de renda a pagar. Na contabilização, esta conta é debitada (aumentada) pela transferência do gado do ativo imobilizado para o ativo circu- lante pelo valor líquido, e creditada (diminuída) pela baixa por venda para terceiros ou consumo da fazenda. O gado puro destinado para a reprodução é ativado no imobilizado em contas específicas para registros de rebanhos no ativo não circulante imobilizado que, conforme Marion (1996), tem duas contas, Reprodutores – Gado Puro, e Matri- zes – Gado Puro. Nestas contas, são registrados os valores dos gados, reprodutores e matrizes controlados genealogicamente pela fazenda. Importante destacar que este tipo de rebanho só deve ser ativado quando, após o processo de experimen- tação dos novilhos, estes sejam realmente selecionados com características que garantam um perfil adequado de gado re- produtor ou matriz de reprodução. Dessa maneira, evitam-se problemas com o fisco, baixando animais do imobilizado, in- devidamente registrados para tal, ou pagando tributos sobre a renda com base em animais que não possuem capacidade para reprodução. Quanto à contabilização segundo Marion (1996, p. 125), esta conta é: [...] debitada pela compra dos touros ou matrizes ou pela transferência de categorias após atingirem maturi- dade para reprodução, bem como pelo valor da corre- ção monetária do imobilizado. Creditada pelo descarte para venda direta a terceiros ou para consumo, ou pela 32 Contabilidade de Áreas Específicas I transferência para o ativo circulante (para engorda), ou ainda pela perda e morte dos animais. Em um conceito geral, que se aplica à contabilidade como um todo, porém para a atividade agrícola, passa-se neste mo- mento, aos conceitos aplicados às organizações pecuárias. Vê-se agora que no balanço patrimonial o gado, bovino, clas- sifica-se em estoques, quando destinado à venda e ou con- sumo, ou seja, bezerro, novilho magro ou novilho gordo. Já no ativo imobilizado, classifica-se o que não será vendido tão facilmente, com finalidade de procriação ou trabalho. Neste perfil, entram reprodutores (touros) ou matrizes (vacas), bem como animais de serviço. Para atender à legislação tributária no forma do parecer normativo Nº 57/76, citado por Marion (2005, p. 107), a classificação no ativo imobilizado acontece da seguinte forma: Ativo Imobilizado Imobilizado • Gado reprodutor: representado por touros puros de origem, touros puros de cruza, vacas puras de cruza, va- cas puras de origem e plantel destinado à inseminação artificial. • Gado de renda: representado por bovinos, suínos, ovi- nos e equinos que a empresa explora para a reprodução de bens que constituem objetos de suas atividades. Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 33 • Animais de trabalho: compreende os equinos, bovinos, muares, asininos destinados a trabalho agrícola, sela e transporte. Ativo Circulante: compreende aves, gado bovino, suíno, ovinos, caprinos, coelhos, peixes e pequenos animais destinados à revenda, ou a serem consumidos. Outro parecer normativo, o CST Nº 3/80, veda a reclas- sificação, transferência do ativo imobilizado para o ativo Cir- culante. Dessa forma, recomenda-se classificar todos os re- banhos nascidos na fazenda como Estoque (Ativo Circulante). “Somente quando houver certeza de que o animal tem ha- bilidade para a procriação ele será transferido para o Ativo não circulante – Imobilizado” (MARION, 2005, p.108). Assim, registra-se os principais aspectos sobre o balanço patrimonial e as particularidades pertinentes sobre estes quando aplicados à contabilidade agropecuária. Após essas abordagens do plano de contas da atividade pecuária, acredita-se que ficam algumas noções básicas ini- ciais sobre o registro fatos contábeis que ocorrem nessa ativi- dade, os quais serão permanentemente retomados no decorrer da disciplina. Assim, ficaram ainda descritos alguns conceitos relativos ao plano de contas e suas particularidades na ativi- dade pecuária. 34 Contabilidade de Áreas Específicas I 2 Apropriação contábil dos custos de produção integrado e coordenado com a contabilidade O ponto de partida para a formação do custo é a forma de mensuração dos estoques como sendo o preço de custo. Con- tudo, conforme Iudícibus (2008), pelos conceitos contábeis, a regra básica para avaliação dos estoques na data do balanço é o valor de custo ou do mercado; dos dois, o menor. Assim, o custo é a base elementar da avaliação dos estoques, mas diante da ocorrência de uma perda de utilidade ou re- dução no preço de venda (ou reposição) em um determinado item de forma que reduza seu valor recuperável (de mercado) a um patamar abaixo do custo, deve-se então assumir como base final de avaliação tal preço de mercado, inferior ao cus- to, por meio de uma provisão, mantendo-se o controle dos estoques no valor original de custo. A finalidade do emprego dessas metodologias busca eliminar dos estoquesa parcelas dos custos de improvável recuperação, já no exercício em que esta perda ocorre, evitando distorções futuras no momento da baixa destes itens do estoque. No Brasil, a contabilidade da pecuária pode ter avaliação do estoque vivo (plantel) de duas maneiras: valor de custo e valor de mercado. Na apuração do resultado anual ocasião do balanço patrimonial, conforme exigência do fisco, é neces- sária a contabilização do rebanho inventariado pelo preço real de custo, fazendo uso do método do custo – custeio por absor- ção, ou pelo método do custo a valor de mercado, baseado no custo corrente de mercado (CREPALDI, 1998). Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 35 Em relação ao método de avaliação pelo valor de cus- to, é necessário assimilar os conteúdos que tornam compre- ensível o assunto, tais como: como se dá a apuração dos cus- tos, as formas de controle sobre os estoques, entre outros que veremos no decorrer do livro texto. Segundo Iudícibus (2008), a apuração e determinação do custo dos estoques é um dos aspectos mais complexos da contabilidade no sentido de que a determinação deste valor reflete diretamente na apuração do resultado de exercício. Considera-se ainda o fato de que, normalmente, os estoques são compostos por grande quanti- dade de itens, com entradas e saídas constantes, dificultando a exatidão dos dados coletados para os cálculos necessários. Esses parágrafos abordaram o método de avaliação de es- toques pelo valor de custo, suas principais considerações na contabilidade como um todo e suas particularidades nos ra- mos de atividades específicos, nas áreas agrícolas e pecuárias. Já nos próximos parágrafos, aborda-se o método de avalia- ção pelo valor de mercado que sofreu modificações com as alterações realizadas na Lei societária brasileira. Estas altera- ções visão adequar às normas brasileiras as normas interna- cionais de contabilidade. Atualmente, chama-se de Valor Justo definido na Lei 6.404/76, atualizada pelas leis 11.638/07 e 11.941/09 como sendo: a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra no mercado; b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líqui- do de realização mediante venda no mercado, deduzidos 36 Contabilidade de Áreas Específicas I os impostos e demais despesas necessárias para a ven- da, e a margem de lucro. Quando se trata da aplicação do critério de custo ou mer- cado (valor realizável líquido), escolhe-se o menor dos dois. Destaca-se que aplicação destes deve ser feita para cada sub- conta do estoque. Quando uma matéria-prima ou outro ma- terial usado na produção apresentar valor de mercado abaixo do custo, como deve prevalecer o menor, constitui-se contabil- mente, segundo Iudícibus (2008), uma provisão para redução ao valor de mercado, e que deverá ser debitada no resultado. Essa previsão é demonstrada no balanço patrimonial como redução das contas de estoques. Conforme descrito anterior- mente, a mensuração de estoques segundo o pronunciamento 16 do CPC deve ser pelo valor de custo ou valor realizável líquido; dos dois, o menor, e que valor realizável líquido é o preço de venda estimado no curso normal dos negócios de- duzidos dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos estimados necessários para se concretizar a venda. Este con- ceito aplica-se perfeitamente no caso dos produtos acabados e mercadorias para revenda. Quando um produto apresentar valor realizável líquido inferior ao custo de fabricação ou com- pra, torna-se necessária a formação de uma previsão para ajuste ao valor de “mercado” deste. Visando, ainda, adequar as normas brasileiras de conta- bilidade às normas internacionais de contabilidade, o Comitê Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu um pronunciamento, CPC 29, especificamente para determinar como deve ser a avaliação dos estoques de ativos biológicos e dos produtos agrícolas. Por meio do CPC 29, fica estabelecido primeira- Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 37 mente quando deve ser realizado o reconhecimento do ativo biológico antes de se efetuar a mensuração. O reconhecimen- to do ativo biológico, segundo esse pronunciamento, dá-se somente quando a entidade controla o ativo como resultado de eventos passados; quando for provável que benefícios eco- nômicos futuros associados com o ativo fluirão para a enti- dade; e quando o valor justo ou o custo do ativo puder ser mensurado confiavelmente. De acordo com o CPC 29, no seu item 11 temos definições que esclarecem os conceitos introduzidos anteriormente: Em atividade agrícola, o controle pode ser evidenciado, por exemplo, pela propriedade legal do gado e a sua marcação no momento da aquisição, nascimento ou época de desmama. Os benefícios econômicos futuros são, normalmente, determinados pela mensuração dos atributos físicos significativos. Assim, animais e plantas vivas, ou o grupo destes, são de- nominados pelo CPC 29 como sendo ativos biológicos e estes devem ser mensurados ao valor justo menos a despesa de ven- da no momento do reconhecimento inicial e no final de cada período de competência, exceto para os casos em que o valor justo não pode ser mensurado de forma confiável. Diferente do ativo biológico, o produto agrícola colhido, seja por ex- tração do produto do ativo ou a cessação da vida desse ativo biológico, deve ser mensurado ao valor justo, menos a despe- sa de venda, apenas no momento da colheita. Após, aplica- -se o pronunciamento CPC 16 que, como visto anteriormente, trata de maneira mais abrangente o tema estoques, servindo o 38 Contabilidade de Áreas Específicas I valor atribuído a este produto agrícola no momento da colhei- ta como valor de custo para aplicação do CPC 16, portanto, o CPC 29 não trata dos produtos resultantes do processamento depois da colheita. Haja vista que esse é um tema que incor- pora a transformação dos produtos originários da agricultura, isso caracteriza manufatura. 3 Contabilização dos custos e apuração de resultados Para a contabilização dos CUSTOS NO SETOR DA PECUÁ- RIA, descrevem-se, nos próximos parágrafos, o setor de custos em organizações pecuárias. É nesse setor que o sistema de custos, enquanto método de acumulação de custos, acontece. Por definição, custo é “conjunto de procedimentos administra- tivos que registra, de forma sistemática e contínua, a efetiva remuneração dos fatores de produção empregados nos servi- ços” (SANTOS, 1996, p.33). Faz-se o lançamento no sistema de custos da organização mediante os dados recolhidos por meio dos documentos de campo anotados pelos responsáveis. Em nosso estudo, são capatazes e peões, que fazem esta fun- ção durante o desenvolvimento das suas atividades. Para apu- ração dos custos de aquisição e controle das despesas que demandam maior atenção no desenvolvimento bem sucedido da atividade da organização, é recomendado que o profissio- nal da contabilidade dê suporte a estes trabalhadores. Consideram-se Definições Básicas de Custo na Pecuária a descrição dos conceitos básicos necessários à compreensão Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 39 do assunto abordado, podendo-se entrar mais profundamente na conceituação de custos. Conforme afirma Ribeiro (1999, p.21), “o custo [...] compreende a soma dos gastos com bens e serviços aplicados ou consumidos na produção de outros bens”. A contabilidade de custos definida por Santos (1996, p. 41) esclarece que: De maneira geral, a Contabilidade de Custos, como a própria denominação induz, cuida dos custos da empre- sa, não tendo atenção voltada para as despesas. [...] por ocasião da venda, estes estoques são baixados do Ativo e lançados nos custos do produto Vendido, apurando- -se o Lucro Bruto. Assim, por extensão, a Contabilidadede Custos está preocupada com a apuração do resulta- do, ou seja, identificar o lucro de forma mais adequa- da. Mas a função da contabilidade de custos não para por aí. Preocupa-se também com o controle dos custos, fornecendo dados para estabelecimentos de padrões e orçamentos, comparando o quanto custou (real) com o quanto deveria custar (previsão ideal) analisando as va- riações, com o objetivo de reduzir os custos. Ainda citando Santos (1996, p. 43), diante da necessidade, de uma conceituação de custos mais direta, a área pecuária registra a reflexão a seguir: Um sistema de custos completo tem atualmente objetivos amplos e bem definidos, que refletem sua importância como ferramenta básica para a administração de qual- quer empreendimento especialmente na agropecuária onde os espaços de tempo entre produção e vendas, ou 40 Contabilidade de Áreas Específicas I seja, entre custos e receitas, fogem à simplicidade de ou- tros tipos de negócios, exigindo técnicas especiais para apresentação não dos custos, mas dos resultados econô- micos de empreendimento. Como em qualquer outra atividade produtiva, os custos das organizações pecuárias também sofrem classificação quanto a sua natureza, à relação direta ou indireta com o produto e à relação com o produto vendido. Todos esses conceitos reuni- dos ou combinados compõem diferentes sistemas de custos adotados pelas organizações. Os custos classificados quanto a sua natureza se relacionam com aquilo que foi consumido na produção, materiais, mão de obra direta e mão de obra indireta. Chama-se material, conforme Ribeiro (1999), as merca- dorias utilizadas na fabricação do produto, e elas podem ser divididas em três grupos distintos, os quais são: as matérias- -primas, ou seja, as mercadorias essenciais na composição do produto, sem as quais não é possível obtê-lo, gado, terra, água; os materiais secundários, também compõem o produto, mas podem ser substituídos por similares, como por exemplo: ração, forrageira, pastagem; e, por fim, os materiais de con- sumo que não compõem fisicamente o produto, sendo que estes o pecuarista é o consumidor final da mercadoria que se desgasta ao longo do processo produtivo cercas e galpões. A mão de obra direta é aquela que está ligada diretamente à produção, por exemplo: salários, encargos sociais e bene- fícios. Seguindo a visão de Martins (2001), a mão de obra indireta é idêntica à anterior, porém relaciona-se ao pessoal Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 41 empregado indiretamente na produção: engenheiros e técni- cos agrícolas. Quanto à identificação do material com o produto, relação direta e/ou indireta, existem custos que podem ser devidamente apontados, medidos e acompanhados. Essa facilidade permite que eles possam ser perfeitamente apropriados ao produto, via mão de obra direta ou ração. Mas também existem custos que, conforme Martins (2001), não oferecem uma condição de medida objetiva, impedindo a devida apropriação do custo ao produto, exigindo que esta deva ser feita de maneira esti- mada e, às vezes, arbitrária, como por exemplo: mão de obra indireta, higienização de galpões. Outra característica interessante dos custos é de que parte deles varia de acordo com o volume de produção (custo va- riável) e outra parte não, dentro de certos limites, tornando- -se custos fixos. Os custos fixos existem independentemente do exercício da atividade. Aborda-se um conceito de custos fixos preconizado por Martins (2001, p. 214) voltado para a indús- tria, que se aplica perfeitamente ao conceito de que “tendem os custos fixos a ser muito mais um encargo para que a em- presa possa ter condições de produção do que sacrifício para a fabricação especifica desta ou daquela unidade”. Nesse as- pecto, podem ser exemplos: os tributos sobre a propriedade, o seguro, a vigilância, a manutenção geral etc. Seguindo ainda a visão de Martins (2001), os custos que variam com o volume de produção são aqueles que estão liga- dos diretamente aos produtos, aos custos diretos, como mão de obra direta, por exemplo. Entende-se, então, que quanto 42 Contabilidade de Áreas Específicas I maior for a quantidade produzida, maior será o número de unidades para serem distribuídos os custos fixos. No entanto, quanto mais unidades forem produzidas, mais mão de obra será necessária empregar, aumentando o custo de produção (custo variável), entendido aqui como o aumento do plantel (rebanho).Uma vez classificados os custos, define-se o sistema de custeio que pode ser adotado pelas organizações pecuá- rias, a citar-se: Absorção, Variável ou Baseado em Atividade (ABC), sendo que esses métodos já são conhecidos pelos alu- nos em disciplinas anteriores ou complementares a esta. Recapitulando Este capítulo buscou dar dois momentos interessantes para o conhecimento científico da contabilidade em meio ao plano de contas aplicado na atividade rural: no primeiro, distinguir que há atividade de cultivo de culturas agrícolas e uma outra que trata da pecuária, porém as duas são atividade rural; no segundo, foi a compreensão de que o plano de contas deve ser adaptado em cada uma das atividade com o intuito de fornecer a melhor informação sobre os fatos contábeis que ocorrem em cada atividade. Dessa forma, observou-se também que o custo, especifi- camente na pecuária, deve lançar mão do método pelo valor de mercado, haja vista que animais se desenvolvem pela sua natureza e esse valor pode impactar no preço que o mercado está disposto a ofertar pelo ganho de peso do animal. As- sim sendo, o reconhecimento da variação pelo mercado pode Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 43 trazer informação relevante para a contabilidade do negócio rural. Em relação aos métodos de acumulação de custos conhe- cidos como absorção, variável ou por atividade, tanto na ati- vidade rural como em outro segmento, estes podem ser adap- tados e utilizados, dependendo da informação que se busca obter para tomar a decisão que melhor satisfaça ao negócio dessa atividade. Referências CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1998. IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernes- to Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por Ações: (aplicável às demais sociedades). 7. ed. São Paulo: Atlas, 2008. MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos: o uso da contabi- lidade de custos como instrumento de gerência e controle: sua utilização para fins fiscais: as diferenças entre os méto- dos de custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2001. RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 23.ed. rev. e atual. São Paulo: Saraiva, 1999. SÁ, A. Lopes de; SÁ, Ana M. Lopes de. Plano de contas. 7. ed. São Paulo, SP: 44 Contabilidade de Áreas Específicas I Atlas, 1982. 206 p. (Coleção professor A. Lopes de Sáv.7). SANTOS, Gilberto José dos, MARION, José Carlos. Adminis- tração de Custos na Agropecuária. 2.ed. São Paulo: Atlas, 1996. SCHNORR, Paulo Walter et al. Contabilidade para pequenas empresas. Disponível em: <http://www.crcsp.org.br/por- tal_novo/legislacao_contabil/escrituracao_contabil/index. htm>. Acessado em: 22 de abril de 2015. Atividades 1) “Expressão de fatos patrimoniais da mesma natureza acon- tecidos ou por acontecer em uma empresa ou em uma en- tidade”. Essa afirmativa refere-se a: a) Escrituração contábil b) Conta contábil c) Fenômenos patrimoniais d) Função e funcionalidade das contas e) Valores registrados em diversas contas 2) Assinale a justificativa que melhor se identifica com essa afirmativa: “O plano de contas de uma organização de natureza pecuária possui peculiaridades inerentes a sua atividade, pois,” Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 45 a) Parte dos equipamentos necessáriosnessa atividade são registrados em contas do Ativo Circulante e parte no Não Circulante. b) Parte dos bezerros recém-nascidos são registrados em contas do Ativo Circulante e parte no Não Circulante. c) Parte do plantel de animais é registrado em contas do Ativo Circulante e parte no Não Circulante. d) Parte do plantel de animais é registrado em contas do Ativo Circulante (reprodutores e matrizes) e parte no Não Circulante (bezerros e gado de engorda). e) Parte do plantel não considera a idade do animal e por isso é registrado no Ativo Não Circulante, espe- cificamente pelo nascimento do bezerro já definir sua função. 3) Considerando as contas do Ativo Circulante que são de- bitadas por efeito de aumentos e creditadas por efeito de diminuições, pode-se dizer na atividade pecuária que, res- pectivamente: a) O nascimentos de bezerros diminuiu e o gado de en- gordo aumentou. b) O gado de engorda diminuiu e os nascimentos de be- zerros aumentou. c) O plantel de reprodutores aumentou e o plantel de matrizes diminuiu. 46 Contabilidade de Áreas Específicas I d) O plantel de matrizes aumentou e o plantel de repro- dutores diminuiu. e) O rebanho em formação cresceu e o gado para abate diminuiu. 4) Considerando que a atividade pecuária tem suas peculia- ridades, é razoável que na contabilidade seja levado em conta, para fins de avaliação, do rebanho o: a) Método de avaliação pelo custo histórico. b) Método de avaliação pelo custo histórico corrigido por indexador oficial. c) Método de avaliação por laudo técnico de profissional da medicina veterinária. d) Método de avaliação pelo valor de mercado. e) Método de custo com apropriação permanente dos gastos acumulativos no decorrer da vida do animal. 5) Os custos pecuários podem ser compreendidos como em qualquer outro atividade industrial, comercial ou de servi- ços. Assinale a alternativa que diferencia esse entendimen- to: a) Quanto mais unidades forem produzidas, mais mão de obra será necessária, empregar aumentando o cus- to de produção (custo variável), efeito do aumento do plantel. b) Quanto mais unidades forem produzidas, menos mão de obra será necessária empregar, aumentando o cus- Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 47 to de produção (custo variável), efeito do aumento do plantel. c) Quanto mais espaçamento for dado na fertilidade das matrizes, mais aumenta o plantel, logo, mais custo de produção. d) Quanto mais fertilidade das matrizes, mais aumenta o plantel, logo, menos custo variável e mais custo fixo. e) Quanto mais matrizes fertilizadas, mais aumenta o plantel, logo, mais custo variável e menos nascimentos de bezerros. Jucelaine Bitarello1 Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 1 Jucelaine Bitarello é Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC – Uni- versidade de Santa Cruz do Sul – RS, Especialista em Administração e Estratégia Empresarial pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS e Gradu- ada em Ciências Contábeis pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. Professora dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública da ULBRA, presencial e EaD. Tem experiência profissional em organizações privadas e públicas, autora de diversos artigos científicos, nacionais e internacionais, autora de livros e capítulos de livros. Consultora ad hoc do Ministério da Educação e Cultura – MEC/INEP. Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 49 Introdução Além dos conceitos sobre culturas temporárias e permanentes, busca-se, nesse capítulo, apresentar as formas de identificação da cultura. Isso se dá a partir do conhecimento prático na ativi- dade agrícola em que algumas culturas requerem o replantio de curto prazo, o rebrote, e, outras, o replantio em longo pra- zo. Para tanto, é relevante que os conceitos iniciais apresentem a base para que, no último tópico, seja compreendida a perda e o desgaste que podem ocorrer na atividade rural. 1 Conceitos As culturas temporárias e permanentes são definidas a partir dos ciclos citados por Marion et al. (1996, p. 44): Culturas Temporárias: são cultivos cujo ciclo é no má- ximo 1 (um) ano e se caracteriza somente por uma co- lheita, por exemplo: soja, trigo, arroz, tomate, maracujá e outros. Culturas Semipermanentes: são cultivos cujo ciclo de produção é menor que 10 (dez) anos entre o plantio e a última colheita, por exemplo: abacaxi, cana-de-açúcar, momoeiro e outros. Culturas Permanentes: são cultivos cujo ciclo de pro- dução é de longo prazo, considerando o tempo neces- sário para a formação do viveiro, a formação e manu- 50 Contabilidade de Áreas Específicas I tenção da planta e colheita. Por exemplo: café, laranja, pêssego, uva e outros. Nota-se, a partir da citação, que a classificação das cul- turas leva em consideração o ciclo, o período compreendido entre o plantio e a colheita, sendo que cada uma delas possui peculiaridades específicas que devem ser levadas em conta in- clusive no processo de acompanhamento e registro da conta- bilidade, conhecimentos necessários para a avaliação do valor contábil. Partindo dessas ideias iniciais, as culturas temporárias são aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. São ar- rancadas do solo para que seja feito novo plantio, como é o caso do arroz, feijão, milho e outros cereais. Essas plantações são contabilizadas no Ativo Circulante, na conta “Cultura em Formação” e subconta com o nome específico da cultura. O conjunto dos custos com sementes, fertilizantes, mudas, inseti- cidas, depreciação de tratores, mão de obra, mudas, demar- cações, serviços profissionais e demais gastos com a cultura serão registrados nessa rubrica. Observar-se que se tratando de uma única cultura (o que é raro de ocorrer), todos os custos se tomam diretos à cultura, sendo apropriados diretamente. Todavia, existin- do várias culturas, fato que ocorre com maior frequência, há a necessidade do rateio dos custos indiretos, propor- cionais a cada cultura. (MARION, 1966, p.36) Outro conceito que é conveniente deixar claro nesta etapa é quanto à diferenciação entre custo e despesa na agricultura. Por custo na agricultura, devemos considerar todo gasto iden- Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 51 tificável direta ou indiretamente com a cultura como sementes, adubos, depreciação de máquinas e equipamentos utilizados na cultura, fertilizantes e outros. Aqueles gastos não identificáveis com a cultura, ou seja, que não contribuíram para a produção rural em si, e por isso não acumulado no estoque, deverão ser apropriados como despesa do período. São as despesas comerciais, administra- tivas e financeiras. Ressalta-se, porém, que ocorrendo quais- quer dessas despesas, como exemplo juros sobre empréstimo bancário para custeio exclusivo da plantação (por exemplo: cebola), esses encargos deverão ser contabilizados no Ativo Circulante, em “Cultura Temporária – Cebola”. Dessa forma, todos os custos com a cultura temporária, desde a preparação do solo para o plantio até a finalização da colheita, serão registrados no Ativo Circulante, subgrupos “Estoques”. Com a conclusão da colheita, o saldo da conta “Cultura Temporária” é transferido para uma nova conta do Ativo, do grupo Estoque, com o título de “Produtos Agrícolas” (milho, feijão, cebola). Por fim, os custos após a colheita para acabamento do produto, para deixá-lo em condições de ser comercializado e custos de manutenção de estocagem, serão somados à conta “Produtos Agrícolas”. Poderá ocorrer de os produtos agríco- las estarem prontos para a venda, totalmente acabados, e o produtor rural resolver armazená-los temporariamente visando alcançar uma melhora nos preços. Nessa hipótese, esses gas- tos devem ser considerados comodespesa operacional e não como custo do produto. 52 Contabilidade de Áreas Específicas I Por ocasião da venda, transfere-se proporcionalmente da conta “Produtos Agrícolas” para uma conta de resultados, “Custo do Produto Vendido” (maçã, feijão, cebola) e, a partir desse momento, é possível apurar, mediante o confronto das Receitas de Vendas e o Custo do Produto Vendido, o Lucro Bruto. Após esses parágrafos sobre as culturas temporárias, pas- sa-se agora paras as culturas permanentes ou perenes, que são aquelas que duram mais de um ano e proporcionam mais de uma colheita. É o caso da cana-de-açúcar, da citricul- tura, como a laranjeira, o limoeiro, a cafeicultura, e as frutas arbóreas como a maçãs, peras, uvas, goiabas e outros. Nesse tipo de plantação, os custos para a formação da cul- tura serão considerados Ativo Permanente – Imobilizado. To- dos os custos com adubação, formicidas, mão de obra, seguro da cultura, sementes, mudas, produtos químicos, depreciação de equipamentos utilizados na cultura etc., são acumulados na conta “Cultura Permanente em Formação” (maçã, uva, arau- cária, pinus etc.). Quando a cultura estiver formada, fato que pode levar até alguns anos, como é o caso de certas qualidades de macieiras, quatro anos para a primeira florada e produção, transfere-se o valor acumulado na conta “Cultura Permanente em Forma- ção” para a conta “Cultura Permanente Formada”, identifican- do-se com a subconta cultura específica. Assim, por fazer parte do imobilizado desde a formação, a cultura deverá ser corrigida monetariamente e, também a partir da primeira produção, deverá ser reconhecido o efeito Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 53 da depreciação da cultura. Quanto à colheita ou produção da cultura permanente, assemelha-se seu tratamento contábil a “Produtos em Processo”, como temos na indústria. Todos os gastos corridos na colheita serão registrados tipo Ativo Circu- lante, subitem “Estoques”, na rubrica “Colheita em Andamen- to”. Em relação aos gastos com a colheita, ele compreende que tudo o que for aplicado na cultura após a sua formação, visando a uma boa colheita. Assim, engloba-se nesse concei- to mão de obra de capina, aplicação de produtos químicos, formicidas, seguro de safra, depreciação da cultura formada e outros gastos necessários até a última etapa da colheita. Concluída a colheita, transfere-se o total acumulado em “Colheita em Andamento” para a conta “Produtos Agríco- las”. Se houver ainda mais algum custo como beneficiamento, acondicionamento ou outro processo do gênero aplicado aos produtos, também se insere nesta conta. Por ocasião das ven- das, será dada baixa em “Produtos Agrícolas”, transferindo-se proporcionalmente para “Custo de Produtos Vendidos” (Uva, maçã, laranja etc.). Há que se observar dois outros aspectos econômicos, e que devem ser reconhecidos na escrituração contábil da cul- tura permanente: o aumento da vida útil e as perdas extra- ordinárias. Assim, têm-se, de um lado, os gastos na cultura como reposição de árvores velhas ou doentes e outros tratos culturais que beneficiarão mais de uma colheita, devendo ser adicionados ao valor da cultura para serem depreciados até o término da sua vida útil. Por outro lado, também há perdas 54 Contabilidade de Áreas Específicas I e estragos decorrentes de eventos da natureza como grani- zo, geadas, secas e inundações e outras perdas involuntárias, que prejudicam a capacidade produtiva da cultura, parcial ou totalmente em casos extremos, e deverão ser reconhecidos, baixando-se no Ativo Permanente e classificando-se como des- pesa não operacional no Resultado do Exercício. 2 Formas de Identificação Outros elementos que podem contribuir para a identificação, o conhecimento e a diferenciação entre as culturas são defini- dos na seguinte ordem: O PRIMEIRO elemento define que a CULTURA TEMPO- RÁRIA está sujeita ao replantio após a colheita, tendo período de vida muito curto entre o plantio e a colheita. Retomemos alguns exemplos: feijão, legumes e verduras, trigo, milho, soja, cebola, alho, batata, girassol, canola, algodão, arroz, entre ouras. Um ponto interessante a ser observado é que, durante o ciclo produtivo, os custos pagos ou incorridos, nesta cultura, são acumulados em conta específica denominada de CULTU- RA TEMPORÁRIA EM FORMAÇÃO, dentro do Ativo Circulante, grupo ESTOQUE. Dessa forma, os componentes dos custos da cultura temporária, são: as sementes, os fertilizantes, o cal- cário, a ureia, as mudas, as demarcações, a mão de obra (direta e indireta), os encargos sociais trabalhistas, a energia elétrica, encargos tributários (Taxas e Imposto Territorial Ru- Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 55 ral – ITR), os combustíveis, o seguro, os serviços profissionais (agrônomo, técnico agrícola), os inseticidas, os herbicidas, as depreciações de tratores e outros equipamentos (implementos agrícolas) imobilizados usados e empregados na cultura em apreço. Podem ocorrer algumas despesas durante o processo das culturas temporárias. Assim, vejamos: Quadro 1 ilustração de custos e despesas nas culturas temporárias Custos ou Despesas Valor em Reais Adubos 6.000,00 Fertilizantes 4.000,00 Sementes para plantio 3.000,00 Despesas com pessoal direto 5.000,00 Despesas com pessoal indireto 2.000,00 Despesas administrativas 2.000,00 Despesas com armazenagem 1.000,00 Despesas bancárias 500,00 Despesas com assistência técnica 500,00 TOTAL 24.000,00 Fonte: do autor. Observando o Quadro 1, verifica-se que em cada classi- ficação de custos ou despesas podem haver diferentes tipos, marcas e outras especificações peculiares. Nesse sentido, re- comenda-se que a boa técnica contábil seja observada, isto é, para cada elemento de custo ou despesa, deve-se criar uma conta analítica no plano de contas. Essa recomendação per- mite que a contabilidade seja um instrumento de informação clara, precisa, fidedigna na realidade do negócio. 56 Contabilidade de Áreas Específicas I O componente Despesas, necessárias e por vezes indis- pensáveis para o processo, pode ser definido como todo o gasto, dispêndio, não identificáveis com a cultura, não sendo, portanto, acumulados no estoque (culturas temporárias), mas apropriadas como despesas do período. São exemplos: as despesas de vendas (propaganda, comissão de vendedores, logística, entre outras) e as despesas financeiras (juros, taxas bancárias, entre outras). Nos próximos parágrafos, comenta-se alguns entendimen- tos sobre as terminologias utilizadas ainda no Quadro 1. As- sim, o Custo de armazenamento ocorre quando o produto agrícola estiver pronto para a venda, totalmente acabado, não devendo sofrer mais nenhuma alteração. É comum, em alguns casos, armazená-lo no sentido de vendê-lo em momento opor- tuno, em que se espera o preço oscilar, em uma expectativa para cima. Esses gastos são tratados como “Despesas de Ven- das”, haja vista que os produtos estão prontos para a venda. Custo da COLHEITA é o dispêndio de recurso para a co- lheita, o qual é acumulado na conta “Cultura Temporária” e, após o término da colheita, essa conta será baixada pelo valor de custo e transferida para a nova conta, denominada “Produtos Agrícolas”, devendo ser especificado, como sub- conta, o tipo de produto (milho, feijão, arroz etc.), que integra o Ativo Circulante, como um estoque acabado. À medida que a produção for vendida, baixa-se, proporcionalmente, a conta “Produtos Agrícolas”, e transfere-se o valor do custo para a conta de “Custo dos Produtos Vendidos” (Conta de Resultado), especificando-se o tipo de produto agrícola vendido. Vejamos o registro de alguns fatos contábeis: Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 57 a) O fato primeiro é a cultura em formação,
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