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Contabilidade de Áreas Específicas

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Contabilidade de Áreas 
Específicas I
Contabilidade de Áreas 
Específicas I
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2016
Jucelaine Bitarello
Conselho Editorial EAD
Andréa de Azevedo Eick
Ângela da Rocha Rolla
Astomiro Romais
Claudiane Ramos Furtado
Dóris Gedrat
Honor de Almeida Neto
Maria Cleidia Klein Oliveira
Maria Lizete Schneider
Luiz Carlos Specht Filho
Vinicius Martins Flores
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
ISBN: 978-85-5639-170-4
Dados técnicos do livro
Diagramação: Marcelo Ferreira
Revisão: Paula Fernanda Malaszkiewicz
Apresentação
Para esta disciplina, Contabilidade de Áreas Específicas, do Curso de Ciências Contábeis, estão reservados três temáticas: a agricultura, a 
pecuária e a construção civil. Nesse sentido, o objeto de estudo é a com-
preensão e o conhecimento do tratamento contábil que deve ser dado às 
Pessoas Jurídica e/ou Física que exerçam atividades nas temáticas elen-
cadas. No desenvolvimento dos conteúdos desse livro, contou-se com a 
colaboração do Prof. Dr. Tarcísio Staudt, que possui conhecimento prático 
e teórico dos temas citados.
Como objetivo, é proposto: adquirir o conhecimento teórico a partir 
dos conceitos apresentados e que possam dar suporte para o desenvolvi-
mento de habilidades que lhes permitam familiarização com essas áreas. 
Estes são ramos da contabilidade que se apresentam como perspectivas de 
absorção de profissionais habilitados para auxiliarem os gestores dessas 
atividades.
Quanto à problematização buscada nessa disciplina, ela é a identifica-
ção da necessidade de organização dos atos e fatos contábeis que ocor-
rem nas áreas objeto de estudo, com o intuito de trazer à luz a informação 
relevante para o apoio à gestão de negócios ligados à agricultura, à pecu-
ária e à construção civil, haja vista que essas áreas, em âmbito brasileiro, 
tem sido de expressiva relevância para investimentos nas últimas décadas.
A estrutura deste livro está formatada em dez capítulos. Na primeira 
temática – Agricultura –, são quatro capítulos, que envolvem a contabilida-
de rural, o planejamento contábil, as culturas temporárias e permanentes 
e, ainda, as especificidades da atividade agrícola. Na segunda temática 
– Pecuária –, são trazidos os tipos de atividade pecuárias, os métodos de 
custos e a tributação específica. Na terceira temática – Construção Civil –, 
Apresentação v
estuda-se o planejamento da construção civil, a contabilização e apuração 
de resultados de incorporações de imóveis.
Recomenda-se, para fins de facilitar o entendimento dos conteúdos, 
que o(a) aluno(a) leia com atenção os conceitos que deram suporte teórico 
aos temas. Isso facilita, inclusive, a resolução dos exercícios propostos em 
cada capítulo. Outro aspecto é que não se limite a esse material didático, 
mas desperte-se à busca de leituras adjacentes que possam ampliar a ba-
gagem teórica que é relevante e necessária à prática da profissão da con-
tabilidade. Dessa forma, compreende-se que a teoria antecede a prática.
 Temática I – Agricultura.........................................................1
 1 Contabilidade Rural ..............................................................3
 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural ...........................20
 3 Culturas Temporárias e Permanentes ..................................48
 4 Atividade Agrícola .............................................................76
 Temática II – Pecuária .........................................................95
 5 Tipos de Atividade Pecuária ...............................................97
 6 Métodos de Custos Aplicados à Pecuária ...........................115
 7 Tributação da Atividade Agropecuária ...............................131
 Temática III – Construção Civil ..........................................149
 8 Planejamento Contábil na Construção Civil .......................151
 9 Contabilização e Apuração de Resultados .........................165
 10 Incorporação de Imóveis ...................................................178
Sumário
Temática I – Agricultura
2 Contabilidade de Áreas Específicas I
A temática AGRICULTURA é apresentada e estruturada em 
quatro capítulos da seguinte forma: no primeiro, traz-se a abor-
dagem da contabilidade rural, em que os conceitos são trazi-
dos para o conhecimento acadêmico e especificamente para 
a distinção entre a atividade agrícola e agroindustrial; aborda-
-se, também, o ciclo dessa atividade; no segundo, enfoca-se a 
contabilidade como ferramenta de informação e planejamento 
na atividade rural, principalmente pelo uso do plano de contas 
que objetiva a apropriação dos custos de produção na apu-
ração do resultado, haja vista que há especificidades a serem 
observadas nessa área, atividade rural; para o terceiro, foram 
reservados os conceitos das culturas temporárias e permanen-
tes, em que as formas de identificação e diferenciação são 
elementos indispensáveis para a classificação e aplicação da 
contabilidade; e, no quarto capítulo, aprofundam-se os con-
ceitos e a classificação dos gastos pré-operacionais para fins 
de registro dos fatos contábeis nos ativos Circulante e Não 
Circulante com o propósito de avaliação dos ativos, especifi-
camente os imobilizados; finalmente, trata-se da questão tribu-
tária na atividade agrícola.
Jucelaine Bitarello1
Capítulo 1
Contabilidade Rural1
1 Jucelaine Bitarello é Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC – Uni-
versidade de Santa Cruz do Sul – RS, Especialista em Administração e Estratégia 
Empresarial pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS e Gradu-
ada em Ciências Contábeis pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. 
Professora dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública da 
ULBRA, presencial e EaD. Tem experiência profissional em organizações privadas e 
públicas, autora de diversos artigos científicos, nacionais e internacionais, autora 
de livros e capítulos de livros. Consultora ad hoc do Ministério da Educação e 
Cultura – MEC/INEP.
4 Contabilidade de Áreas Específicas I
Introdução
Para o capítulo da Contabilidade Rural, foram trazidos os con-
ceitos teóricos que dão a base para a compreensão e diferen-
ciação das atividades que estão abordadas no livro. É relevante 
que se tenha clareza quanto aos conceitos, pois eles devem 
estar organizados no entendimento do acadêmico para que ele 
consiga visualizar a organização lógica das atividades que são 
desenvolvidas na agricultura. Atualmente, é bem comum as em-
presas terem parcela de seus recursos investidos ou aplicados 
em agronegócios. Para tanto, esse capítulo é dividido em quatro 
tópicos que estão organizados em sentido de que o estudante 
de Contabilidade possa compreender a base processual das 
atividades agrícolas e seu ciclo produtivo, e que a ciência da 
Contabilidade alcance aderência de aplicação profissional.
1 Conceituação
Neste tópico, abordam-se alguns conceitos referentes à agri-
cultura e à atividade agrícola, que tem seu centro na natureza 
da sua existência, em que Almeida (2014, p. 19) cita: “Ativi-
dade agrícola é o gerenciamento da transformação biológi-
ca e da colheita de ativos biológicos para a venda ou para 
conversão em produtos agrícolas ou em ativos biológicos adi-
cionais, pela entidade”. Estes ativos biológicos são ilustrados 
mais adiante.
Busca-se na visão de Crepaldi (2011, p. 1) que aagricul-
tura “representa toda a atividade de exploração da terra, seja 
Capítulo 1 Contabilidade Rural 5
ela o cultivo de lavouras e florestas ou a criação de animais, 
com vistas à obtenção de produtos que venham a satisfazer 
às necessidades humanas”. Esse conceito remete a algumas 
reflexões que vão além do simples fato de exploração da terra, 
a citar, dois pontos relevantes:
a) o Brasil se tornou um país com concentração urbana e 
com expansão industrial a partir de meados do século XX;
b) a agricultura, por consequência do primeiro ponto, 
avançou da exploração manual para a mecanizada, 
isso em decorrência de novas tecnologias que foram 
introduzidas à atividade rural.
Partindo desse fundamento, o quadro a seguir apresenta 
uma ilustração do CPC 29):
Quadro 1 Exemplos de ativos biológicos, produtos agrícolas e produtos 
resultantes do processamento depois da colheita
Ativos biológicos Produto agrícola Produto resultante do 
processamento pós-colheita
Carneiros Lã Fio, tapete
Árvores plantadas Madeira Madeira serrada, celulose
Plantas Algodão, cana, 
café
Fio de algodão, açúcar, 
álcool, café em grão, moído
Gado de leite Leite Queijo
Porcos Carcaça Salsicha, presunto
Arbustos Folhas Chá, tabaco
Videiras Uva Vinho
Árvores frutíferas Fruta colhida Fruta processada
FONTE: CPC 29 citado por Almeida (2014, p. 19)
6 Contabilidade de Áreas Específicas I
Denota-se que os principais produtos produzidos, transfor-
mados e consumidos advém da agricultura, a citar exemplos: 
o café, o açúcar, a soja, a carne, entre outros. Para isso, Cre-
paldi (2011, p. 1) entende que a agricultura tem a finalidade 
de desempenhar papéis interessantes no processo de desen-
volvimento:
1. produzir alimentos baratos e de boa qualidade;
2. produzir matéria-prima para a indústria;
3. pela exportação, trazer dinheiro para o país;
4. dar condições dignas de vida para o trabalhador ru-
ral.
Verificando esses papéis desenvolvidos pela agricultura, 
nota-se que atualmente ela passa a ter novos conceitos em 
que o agricultor, homem rural, tem orientações dirigidas para 
o mercado consumidor geral, e suas perspectivas passaram a 
ser o negócio agrícola, absorvendo na sua atividade o que a 
indústria de manufatura requer que ele produza em um primei-
ro estágio.
Há que se destacar que, a priori, parece que a agricultura 
está refém, vinculada e dependente do que ocorre na indús-
tria. No entanto, Crepaldi (2011) orienta que os agricultores 
estão organizados e têm ao seu alcance o conhecimento e a 
informação dos negócios, mediante as Cooperativas, os Sindi-
catos e escritórios de Extensão Rural. Citando, ainda, os negó-
cios agrícolas, pode-se perceber significativo avanço no sur-
gimento de agronegócios, que são relevantes no processo de 
geração de emprego e renda na agricultura, que impulsionam 
Capítulo 1 Contabilidade Rural 7
outros setores como: a indústria, o comércio e o turismo. Sob 
estes aspectos, destaca-se que há um conjunto de profissões 
e profissionais, de diversas áreas, que encontram espaço para 
colocar em prática seus conhecimentos teóricos em apoio à 
agricultura, a destacar a Contabilidade e o Contador, que po-
dem contribuir na organização dos negócios, auxiliando com 
informações aos gestores para a tomada de decisões.
Assim, os procedimentos contábeis para os ativos bioló-
gicos e produtos agrícolas estão estabelecidos no CPC 29, o 
qual aborda os “critérios de mensuração desde o reconheci-
mento inicial até a data em que os ativos são desreconhecidos 
do balanço patrimonial”. De acordo com Almeida (2014, p. 
18), o critério na norma para “ativos biológicos é o valor justo 
menos as despesas com venda.” E, referindo-se aos “produtos 
agrícolas, a norma estabelece a mensuração pelo valor justo 
menos as despesas com vendas no momento da colheita, corte 
ou abate”. Lembra-se que os CPCs já foram regulamentados 
pelo Conselho Federal de Contabilidade – CFC (NBC TG 29 
– Res. 1.186/09). Após esta abordagem, recomenda-se que o 
leitor, aluno, visualize novamente o quadro 1 apresentado no 
início deste tópico.
2 Atividade agrícola
Neste tópico, verifica-se a existência das três atividades no 
segmento agrícola: a pecuária, com suas características e 
particularidades; no segmento agrícola, aborda-se o que são 
operações, os ciclos de cultura, bem como os tipos de culturas 
8 Contabilidade de Áreas Específicas I
segundo seu ciclo de cultivo; e evidencia-se, dessa forma, as 
espécies de atividade na agricultura em dois de seus segmen-
tos, pecuário e agrícola, que podem ocorrer concomitante-
mente. No entanto, informa-se ao leitor que esse tópico está 
concentrado apenas no segmento agrícola, os demais são 
abordados em tópicos mais adiante.
O segmento agrícola, para Marion et al. (1996), apresen-
ta-se a partir das suas operações que são fases necessárias 
para o processo produtivo, de acordo com o tipo de cultura. 
A identificação e a separação dessas fases trazem uma série 
de benefícios para quem gerencia os processos na agricultura, 
o que permite o estabelecimento de critérios de controle de 
desempenho e de gastos em cada operação. A seguir, tem-se 
a ilustração dessas fases:
Quadro 2 Fases da operação dos processos agrícolas
Fases Descrição das Operações
Preparo de Solo / 
Calagem
Entende-se por destoca, limpeza, roçada, 
correção do solo, gradeação, subsolagem, 
aração, conservação de solo, sistematização 
de solo e drenagem.
Plantio/ adubação
Entende-se por sulco, adubação básica, 
coveamento, alinhamento, marcação 
confecção de canteiro, distribuição de mudas, 
seleção, desinfecção de mudas, coleta de 
estacas, adubação básica, plantio, semeadura, 
replantio, transplante de mudas e sementes.
Adubação
Adubação de cova ou sulco, adubação de 
solo, adubo foliar e cobertura.
Capítulo 1 Contabilidade Rural 9
Tratamento 
Fitossanitário
Controle de formigas, tratamento do solo, de 
semente, fitossanitário de transporte de água.
Irrigação Aguação, irrigação e transporte de água.
Cultivo Manual
Coroamento, recoroamento, capina, roçada e 
limpeza.
Cultivo Mecânico
Gradeação, roçada mecânica, aração e 
limpeza mecânica.
Cultivo Químico Aplicação de herbicida.
Raleação e Desbaste Raleação, desbrota e raleação de frutos.
Poda
Poda na formação, na frutificação e poda de 
limpeza.
Colheita
Distribuição de caixa, colheita, transporte até 
o ponto de carga, embalagem (saco / caixa 
/ barbante), carregamento de caminhão e 
transporte da produção ate os silos ou até a 
fabrica para produtos perecíveis.
Outras
Coleta de borbulhes, enxertia, sobreenxertia, 
cobertura morta, aplicações de hormônio, 
despendoamento, erradicação, de plantas 
doentes (roguing), secagem e outras operações
FONTE: adaptado de Marion et al. (1996, p. 43).
Entenda-se, a priori, que o quadro apresenta um conjunto 
de fases, de ações que expressam cultura na atividade agrícola, 
que na visão de Marion et al. (1996) pode ser concebida como 
a ação do homem, sobre a terra, pelo processo produtivo à 
procura de satisfação de suas necessidades básicas. O proces-
so produtivo, na atividade agrícola, é o sistema de preparar a 
terra para plantar, tratar e colher; conjunto de ações nas quais 
se desenvolvem as operações descritas anteriormente.
10 Contabilidade de Áreas Específicas I
A combinação dessas operações em cada cultura depende 
das características genealógicas da planta, ou seja, o tempo 
de vida produtiva desta, a contar da data em que se coloca a 
semente ou a muda no solo até a data da última colheita em 
nível comercial. A este evento, dá-se o nome de ciclo da cul-
tura, o qual define a fórmula de acumulação e apresentação 
dos custos e tratamento contábil adotado para estes, os quais 
serão abordados em tópicos mais adiante.3 Atividade agroindustrial
Os itens apresentados na sequência diferenciam a atividade 
rural da atividade não rural:
Primeiro: ATIVIDADES CONSIDERADAS RURAIS in-
cluem os quesitos:
a) agricultura;
b) pecuária;
c) extração e exploração vegetal e animal;
d) exploração de atividade zootécnica (apicultura, avicul-
tura, cunicultura, suinocultura, sericicultura, piscicultu-
ra, entre outras);
e) cultivo de florestas que se destinem ao corte para co-
mercialização, consumo e industrialização;
f) venda de rebanho de renda, reprodutores ou matrizes;
Capítulo 1 Contabilidade Rural 11
g) Transformação de produtos decorrentes da atividade 
rural, sem que seja alterada a composição e as carac-
terísticas do produto in natura:
 1. beneficiamento, descasque, debulha, conserva de frutas;
 2. transformação de produtos agrícolas: moagem de trigo, 
de milho, de cana;
 3. transformação de produtos zootécnicos: mel, queijo, man-
teiga;
 4. transformação de produtos florestais; carvão, lenha;
 5. produção de embriões de rebanho em geral, alevinos, gi-
rinos.
Segundo: ATIVIDADES NÃO CONSIDERADAS RURAIS 
incluem os quesitos:
a) industrialização de bebidas alcoólicas – vinho, cacha-
ça;
b) comercialização de produtos rurais de terceiros;
c) industrialização de pescado in natura;
d) receitas provenientes de alugueis ou arrendamentos;
e) receitas provenientes de vendas de recursos minerais 
(aterro, pedras, arreia);
f) receitas financeiras provenientes de aplicação de re-
cursos;
12 Contabilidade de Áreas Específicas I
g) valores dos prêmios ganhos a qualquer título pelos 
animais;
h) prêmios recebidos de entidades promotoras de com-
petições;
i) receitas oriundas de exploração de turismo rural (hotel 
fazenda).
Após essa diferenciação nas atividades rurais e o conheci-
mento de alguns exemplos, conforme demonstrado nos dois 
itens anteriores, fica mais fácil a compreensão do ciclo agrí-
cola.
4 Ano (ciclo) agrícola e exercício social
Neste tópico, procura-se esclarecer uma primeira dúvida que 
os contadores em formação têm em relação ao término do 
exercício social. Ao contrário do que ocorre com a maioria das 
empresas ao fazerem o exercício social coincidir com o ano 
civil, essa prática não é adequada para as empresas rurais. Na 
visão de Marion (1996, p. 24), observa-se que:
as empresas, de maneira geral, têm a receita e despesas 
constantes durante os meses do ano, não havendo difi-
culdade quanto à fixação do mês de encerramento do 
exercício social para a apuração do resultado. Qualquer 
mês escolhido refletirá o resultado distribuído de maneira 
quase equitativa ao longo dos 12 últimos meses.
Capítulo 1 Contabilidade Rural 13
Empresas comerciais, industriais ou de serviços, de ma-
neira geral, têm sua receita e despesa constantes durante os 
meses do ano, não havendo dificuldade quanto à fixação do 
encerramento do exercício social para a apuração de resulta-
do. No entanto, na atividade rural, a concentração da receita 
normalmente ocorre durante ou logo após a colheita. Devido 
a sua produção sazonal, concentrada em determinado perío-
do, às vezes em alguns dias do ano, é razoável que, após seu 
término, proceder em seguida à apuração do resultado, tão 
importante para a tomada de decisão, sobretudo a respeito 
do que fazer no novo ano agrícola (ano agrícola é o período 
compreendido pela plantação, colheita e, normalmente, a co-
mercialização da safra agrícola).
Em relação à colheita e, quase sempre ao término dela, 
ocorre a comercialização que determina o encerramento do 
ano agrícola, conforme Marion (1996, p. 24) afirma:
Ano agrícola é o período em que se planta, colhe e, nor-
malmente, comercializa a safra agrícola. Algumas em-
presas, em vez de comercializarem o produto, desde que 
possível, armazenam a safra para obter melhor preço. 
Nesse caso considera-se o ano agrícola o término da 
colheita.
A citação remete o leitor a entender alguns pontos interes-
santes da contabilidade em relação às atividades agrícola e 
pecuária: no primeiro termo, agrícola, há culturas de rápido 
ciclo produtivo, normalmente menor que um ano, por exem-
plo: arroz, feijão, trigo, entre outros; e há culturas de ciclo 
produtivo que se estendem para além de um ano, por exem-
14 Contabilidade de Áreas Específicas I
plo: cana-de-açúcar, mandioca, acácia negra, entre outros. 
No segundo termo, pecuária, pode também haver ciclos rá-
pidos, por exemplo: aves de corte, suínos, entre outros; dos 
ciclos que se estendem para além de um ano, pode-se citar os 
rebanhos de bovino, bubalinos, ovelhas, entre outros.
No aspecto da pecuária, citado no parágrafo anterior, Cre-
paldi (2011) esclarece que normalmente se tem a associação 
única ao gado, mas não deve ser esse o sentido, pois todas as 
espécies de animais citados vivem em coletividade, logo, for-
mam um rebanho, quer sejam, bois, vacas, búfalos, carneiros, 
ovelhas; as aves incluem frango, pato, marreco, faisão, peru, 
entre outros.
Então, o exercício social e ciclo operacional são definidores 
para a contabilidade poder aplicar o conhecimento e elabo-
rar as demonstrações financeiras que expressem a informação 
relevante aos que nela têm interesse. Nesse sentido, Crepaldi 
(2011, p. 226) cita:
O exercício social é o período determinado pelo contrato 
social, normalmente de um ano, ao final do qual a Em-
presa fará elaborar, com base na escrituração mercantil, 
as demonstrações financeiras que deverão exprimir com 
clareza a situação do patrimônio da companhia e as mu-
tações ocorridas no exercício.
Esta citação apresenta o entendimento geral aplicável às 
empresas, mas dá os indicativos necessários para a relevância 
do conhecimento da contabilidade. Crepaldi (2011, p. 226), 
mais especificamente em relação às empresas agropecuárias, 
cita:
Capítulo 1 Contabilidade Rural 15
Na constituição da empresa agropecuária e nos casos 
de alteração estatutária, o exercício social poderá ter 
duração inferior ou superior a um ano; entretanto, a 
legislação determina a duração de um ano. A legisla-
ção também estabelece que, na empresa em que o ciclo 
operacional for maior que o exercício social (um ano), 
a classificação no circulante ou realizável a longo prazo 
terá por base o prazo desse ciclo. Sendo assim, o curto 
prazo para agropecuária será igual a seu ciclo opera-
cional. O ciclo operacional é o período compreendido 
desde a inseminação, ou nascimento, ou compra, até a 
comercialização.
Diante disso, faz-se relevante a compreensão de alguns 
pontos: ciclo reprodutivo, produtivo, maturação, colheita e 
estocagem. Esses pontos são permanente recomendação no 
decorrer de toda a disciplina e requer que sejam realizadas lei-
turas adjacentes, referentes às atividades agrícola e pecuária.
Recapitulando
Durante o estudo do primeiro capítulo, pode-se verificar que, 
ao profissional da contabilidade, é relevante o conhecimento 
da atividade rural, pois há especificidades que se fazem in-
dispensáveis no sentido conceitual, porque isso contribui para 
que a organização documental que dá origem para as infor-
mações que são geradas a partir da organização dos fatos que 
devem ser registrados na contabilidade.
16 Contabilidade de Áreas Específicas I
Outro aspecto relevante é que o ciclo agrícola também 
deve ser considerado, porque há culturas agrícolas que podem 
e devem ser classificadas de acordo com o tempo que levam 
para o plantio até o armazenamento e até estarem prontas 
para a comercialização, e isso nem sempre coincide com o 
ano/período fiscal de um ano. Assim, há culturas rápidas que 
se enquadram no curso de um ano, mas pode e tem culturas 
que ultrapassam um ano e podem até levar vários anos. Por 
isso, frisa-se mais uma vez a relevância do conhecimento das 
atividades rurais na base, pois issoimpacta na segurança dos 
registros na contabilidade.
Referências
ALMEIDA, Marcelo Cavalcanti. Curso de Contabilidade Inter-
mediária em IFRS e CPC. São Paulo: Atlas, 2014.
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural – uma abor-
dagem decisorial. São Paulo: Atlas, 2011.
MARION, José Carlos et al. Contabilidade e Controladoriada 
em Agribusiness. São Paulo: Atlas, 1996.
MARION, José Carlos; SEGATTI, Sonia. Contabilidade da pe-
cuária. 10 ed. Atualizada pelas Leis n°. 11.638/2007 e n°. 
11.941/2009. São Paulo: Atlas, 2012.
SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM RURAL – SENAR. 
Manual de orientação das Contribuições Previdenciárias na 
Capítulo 1 Contabilidade Rural 17
Área Rural e do SENAR. 7 ed. Brasília: Secretaria da Receita 
Federal, 2012.
Atividades
 1) Assinale a alternativa que melhor define ativo biológico:
a) É o produto agrícola resultante do ativo biológico.
b) É o produto resultante do processamento de produtos 
agrícolas.
c) É o produto da exploração da terra, dos animais e das 
florestas.
d) É o ativo natural possível de transformação pela explo-
ração de atividade.
e) É o ativo natural possível de exploração de atividade 
sem transformação.
 2) Fundamenta-se a mensuração para ativos biológicos e 
produtos agrícolas em:
a) Reconhecer seu valor inicial até a data do desreconhe-
cimento patrimonial pelo valor justo.
b) Reconhecer apenas o seu valor histórico como critério 
de mensuração e não o valor justo.
c) Reconhecer o valor inicial como critério de desreco-
nhecimento patrimonial, desprezando o valor justo.
18 Contabilidade de Áreas Específicas I
d) Reconhecer que o valor justo não é critério utilizável 
para a mensuração de produtos agrícolas.
e) Reconhecer que o valor justo desconsidera as despesas 
com vendas para mensuração dos ativos biológicos.
 3) Assinale a alternativa que cita fases da operação em pro-
cessos agrícolas:
a) Aguação, irrigação e transporte de água.
b) Coroamento, recoroamento, capina, roçada e limpe-
za.
c) Poda, raleação, desbaste, adubação e colheita.
d) Coleta de borbulhes, enxertia, despendoamento e se-
cagem.
e) Embalagem, carregamento, transporte e silagem.
 4) Assinale a alternativa que não pode ser considerada ativi-
dade rural:
a) Transformação de produtos agrícolas: moagem de tri-
go, de milho, de cana.
b) Transformação de produtos zootécnicos: mel, queijo, 
manteiga.
c) Transformação de produtos florestais; carvão, lenha.
d) Produção de embriões de rebanho em geral, alevinos, 
girinos.
Capítulo 1 Contabilidade Rural 19
e) Industrialização de pescado in natura e bebidas alcoó-
licas.
 5) A alternativa que melhor identifica o ano (ciclo) agrícola, 
é:
a) O exercício social igual para todas as empresas de 
qualquer segmento.
b) O período fixado entre primeiro de janeiro e 31 de 
dezembro.
c) O início da atividade e o fechamento da empresa.
d) O período entre o início do ciclo e a comercialização 
do produto agrícola.
e) O período não inferior a Um ano e não superior a 
Dois anos.
Jucelaine Bitarello1
Capítulo 2
Planejamento Contábil 
na Atividade Rural
1 Jucelaine Bitarello é Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC – Uni-
versidade de Santa Cruz do Sul – RS, Especialista em Administração e Estratégia 
Empresarial pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS e Gradu-
ada em Ciências Contábeis pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. 
Professora dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública da 
ULBRA, presencial e EaD. Tem experiência profissional em organizações privadas e 
públicas, autora de diversos artigos científicos, nacionais e internacionais, autora 
de livros e capítulos de livros. Consultora ad hoc do Ministério da Educação e 
Cultura – MEC/INEP.
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 21
Introdução
Todo o trabalho desenvolvido pela Contabilidade requer que 
tenha uma organização a partir de um Plano de Contas, o 
qual é a estrutura básica para o ordenamento dos fatos e atos 
produzidos pelo negócio, seja da Pessoa Física ou Pessoa 
Jurídica, pois a geração das informações tem esse princípio 
ordenado como base. Avançando nessa ideia, os custos são 
relevantes porque eles expressam a mensuração da produção 
e esses, por sua vez integrados e coordenados pela contabi-
lidade, são o húmus para a informação que os gestores dos 
negócios necessitam para tomada de decisões, especialmente 
na apuração e medição dos resultados.
1 Plano de contas
O plano de contas é a representação lógica e ordenada dos 
títulos das contas que compõem a escrituração contábil. Na 
visão de Sá (1982, p.11), “o conceito de conta pode ser to-
mado como: – expressão de fatos patrimoniais da mesma na-
tureza acontecidos ou por acontecer em uma empresa ou em 
uma entidade”. Mas há outras formas de compreender esse 
conceitos, que são os atos que podem se transformar em fatos 
contábeis.
Assim, os fatos patrimoniais são componentes do patrimô-
nio, o qual, segundo Iudícibus (2008), é o objetivo principal 
da contabilidade. Este é formado pelos mais diversos compo-
22 Contabilidade de Áreas Específicas I
nentes, quer seja um ativo, um passivo, uma receita, um custo 
ou uma despesa.
Neste sentido, para Sá (1982), a mutação (o fato) de cada 
componente precisa ser registrada e a conta é o lugar onde se 
faz este registro, em valores monetários de uma mesma natu-
reza e referentes apenas a um determinado item.
Por meio da obra de Sá (1982, p.12), tem-se exemplo de 
fatos ou fenômenos patrimoniais da mesma natureza:
1- movimento de dinheiro dentro da azienda;
2- movimento de dinheiro em bancos;
3- venda de produtos ou de mercadorias;
4- compra de produtos ou de mercadorias;
5- despesas com administração da azienda;
6- despesas para promover as vendas;
7- despesas para cumprimento de exigências tributárias 
etc.
De forma clara e sintética, esclarece Sá (1982) que o obje-
to de uma conta, ou seja, a natureza dos fenômenos que ela 
reúne, tecnicamente denomina-se título. Sendo esta, portanto, 
a palavra ou designação que dá nome a uma conta, deven-
do evidenciar em seu objeto a razão para qual foi aberta e 
a classe de valores que registra. É o objeto que determina a 
função característica da conta. As contas devem evidenciar as 
relações entre os fatos, tendo em vista que elas são examina-
das em função de outros acontecimentos, principalmente no 
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 23
método das partidas dobradas, em que a evidenciação dos 
fatos se baseia por meio de aumentos e diminuições dos com-
ponentes patrimoniais.
Nesse método das partidas dobradas, todas as contas, per-
manentemente, mantêm perfeita relação entre si, além de pos-
suírem uma função característica, de acordo com seu objeto. 
O sistema de relações que uma conta possui é denominado 
funcionamento da conta. Portanto, uma conta deve ter, para 
efeito, de um plano de contas, um título, uma função e um fun-
cionamento. Estes são os elementos fundamentais, podendo 
haver elementos de caráter acessório, tais como: classificação, 
grupamentos e códigos. Passamos agora ao conceito de pla-
no de contas segundo Crepaldi (2003, citado por SCHNORR, 
2009, p.70):
Plano de Contas é um conjunto de determinadas contas 
em função do ramo de atividade e porte de cada empre-
sa. Nele são apresentadas as contas, títulos e descrição 
de cada uma, bem como os regulamentos e convenções 
que regem o uso do plano e de suas contas integrantes 
do sistema contábil da entidade, tendo como finalidade 
servir de guia para o registro e a demonstração dos fatos 
contábeis.
Sobre a preparação do plano de contas, Iudícibus (2008, 
p. 19) destaca:
Ao preparar um projeto para desenvolver um Plano de 
Contas, a empresa deve terem mente as várias possi-
bilidades de relatórios gerenciais e para uso externo e, 
dessa maneira, prever as contas de acordo com os diver-
24 Contabilidade de Áreas Específicas I
sos relatórios a serem produzidos. Se anteriormente isso 
era de grande importância, atualmente, com os recur-
sos tecnológicos da informática, passou a ser essencial, 
pois tais relatórios propiciarão tomados de decisões mais 
ágeis e eficazes por parte dos usuários.
Quanto à abrangência, o plano de contas deve ir do con-
ceito à função, ao funcionamento e às relações das contas 
para que se tenha uma peça técnica que cumpra sua finalida-
de, apresentando o título, a classificação, a função das con-
tas, explicando o funcionamento destas, apontando a relação 
entre os grupos ou mesmo entre as contas. Para Sá (1982, 
p.16), o plano de contas é um roteiro completo para as tarefas 
da escrituração contábil e é composto pelas seguintes partes: 
a) Elenco das contas; b) Função das contas; c) Funciona-
mento das contas [...].
Seguindo ainda a linha de raciocínio de Sá (1982), o elen-
co de contas é a relação dos títulos das contas, podendo ser 
apresentado de duas formas principais: tipo simples, com 
apenas a descrição das contas; e tipo complexo, com o gru-
pamento e codificação das contas.
Para Sá (1982, p. 18), “O elenco é uma peça técnica que 
deve ser flexível, deixando sempre margens para que novas 
contas sejam inseridas, a fim de dar ao plano de contas a 
maleabilidade necessária, sendo fonte de permanente con-
sulta”. Quanto à função e o funcionamento do plano de con-
tas, este segue o mesmo conceito citado anteriormente para 
as contas.
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 25
É importante destacar o tema que versa sobre os graus das 
contas nos planos de contas. Os graus das contas são análises 
feitas acerca das contas, de modo que uma conta dá origem a 
outra subconta, sempre classificada a nível inferior em relação 
à conta principal, de origem. Entenda-se, dessa forma, que o 
grau de detalhamento que se quer ter de um fato contábil é o 
nível analítico da conta que deve ser apresentado no plano de 
contas.
Dessa forma, o grau é medida de dependência na análise 
das contas. Usualmente, a adoção de mais de dois graus torna 
o execução da escrituração muito complicada. Seguindo esse 
raciocínio, Sá (1982, p. 22) afirma:
Uma norma simples e prática de trabalhar é a de empre-
gar apenas Dois Graus, ou seja:
1º GRAU – CONTA SINTÉTICA ou PRINCIPAL
2º GRAU – CONTA ANALÍTICA ou DERIVADA.
Este conceito descrito por Sá (1982) não se encontra em 
acordo com a Lei 6404/76, que prevê maior número de graus 
na estrutura do plano de contas. As contas se dividem em dois 
grupos: contas patrimoniais representam o conjunto de bens, 
direitos e obrigações da organização (ativo/passivo/PL) e, nas 
contas de resultado, registram-se as receitas, despesas e os 
custos de uma organização.
Observe o quadro a seguir e, na sequência, uma análise 
das duas formas:
26 Contabilidade de Áreas Específicas I
Quadro 1 Estrutura Básica do Plano de Contas Simplificado
DÉBITO CRÉDITO
ATIVO
CIRCULANTE
Direitos Realizáveis no Curto Prazo
ATIVO NÃO-CIRCULANTE
Realizável a Longo Prazo
Contas a receber
Credito de pessoas ligadas
Investimentos
(-) Provisão para perdas prováveis de 
realização
Imobilizado
(-) Depreciação, amortização ou exaustão 
acumulada
Intangível
(-) Amortização Acumulada
PASSIVO
CIRCULANTE
Obrigações Sociais e Fiscais
Contas a Pagar
Lucros a Distribuir
Empréstimos Bancários
Outras Contas a Pagar
PASSIVO NÃO-CIRCULANTE
Exigíveis a longo prazo
PATRIMÔNIO LÍQUIDO
Capital Social
Reservas de capital
Reservas de lucros
(-) Ações em Tesouraria
(-) Prejuízos Acumulados
CUSTOS
Insumos
Mão de obra Direta
Outros Custos Diretos
Custos Indiretos de Produção
PRODUÇÃO
Industrial
De Serviços
DESPESAS
Custo das Vendas
Despesas com Pessoal
Despesas Administrativas
Despesas de Comercialização
Despesas Tributárias
Despesas Financeiras
Depreciação e Amortiza
RECEITAS
Receita Bruta de Vendas
(-) Deduções da Receita Bruta
Receitas Financeiras
Outras Receitas Operacionais
RESULTADO
Balanço de Abertura
Balanço de Encerramento
Resultado do Exercício
Fonte: Adaptado de CRCSP/09 e Resolução CFC 1157/09.
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 27
Conforme o Quadro 1, tem-se a natureza dos saldos das 
contas segundo o grupo ao qual pertencem. Importante des-
tacar que os grupos de contas que compõem o ativo, os cus-
tos, as despesas possuem natureza devedora. Por sua vez, as 
contas que compõem o passivo e as receitas são de natureza 
credora. De forma geral e abrangente, as contas de natureza 
devedora, quando aumentadas, debitam; e, quando diminuí-
das, creditam; as contas de natureza credora, quando sofrem 
um aumento, creditam; e diante, de uma diminuição, são de-
bitadas.
Quanto à elaboração do plano de contas, as organizações 
devem conciliar suas necessidades, seus interesses com a na-
tureza de suas atividades, de acordo com a legislação societá-
ria em vigor. A atual legislação é composta pela Lei 6,404/76, 
alterada recentemente pelas Lei 11.638/07 e Lei 11.941/09.
Ainda em relação ao plano de contas de uma orga-
nização de natureza pecuária, este possui peculiaridades 
inerentes a sua atividade. Algumas contas sofrem registro de 
forma diferente das empresas industriais ou da contabilidade 
dita como geral. Nesse sentido, é preciso destacar a forma 
como fica registrada o plantel de animais no plano de con-
tas. Este é registrado parte no ativo circulante, semelhante a 
uma conta de registro dos estoques, uma vez que é nela que 
fica registrada a movimentação do gado para abate (gado de 
corte), e a outra parte fica ativada no imobilizado em contas 
específicas para registros de rebanhos permanentes, ou seja, 
gado puro destinado à reprodução.
28 Contabilidade de Áreas Específicas I
O registro do gado no ativo circulante se dá em contas 
que acompanham o desenvolvimento da vida do plantel, dos 
rebanhos em formação, do gado de engorda, além de touros 
e matrizes descartados. Marion (1996) propõe em seu plano 
de contas as seguintes denominações: – Rebanho de Bovinos 
em formação – Gado Puro (destina-se a registrar a existência 
de gado puro, chamado de gado de raça).
Para efeito de contabilização, estas contas são: debitadas 
(aumentadas) pelo nascimento dos bezerros, pela reavaliação 
do plantel, por transferência de categorias (entrada) ou mesmo 
pelas compras de gado que se enquadre nestas categorias; 
e creditadas (diminuídas) pelas transferências de categorias 
(saídas) ou pela venda do gado.
No que diz respeito às categorias, estas seguem a deno-
minação descrita com subdivisões por idades. Esta subdivisão 
por idade varia de acordo com cada região do país, mas nor-
malmente respeita um período de 12 meses, relativo ao exercí-
cio social. Exemplificando, temos: Novilhos(as) 13/24 meses e 
Novilhos(as) 25/36 meses. Nesse sentido, Marion (1996), su-
gere também a conta Rebanho Bovino em Formação – Gado 
Mestiço, que registra o plantel de gado mestiço em formação, 
tendo as mesmas características descritas da conta anterior, 
relativa ao gado puro.
Na fase adulta, Marion (1996) sugere que os registros se-
jam feitos na conta Gado de Engorda; como o próprio nome 
diz, essa conta registra a existência do plantel de engorda ou 
gado de abate. Sendo esse gado destinado para o abate, isso 
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 29
motiva a sua colocação no ativo circulante. Marion (1996, p. 
107) esclarece que:
Os novilhos que completaram 36 meses e não foram 
vendidos serão classificados em gado de engorda. Se, 
diante das características da fazenda, houver possibilida-
de de não vender o gado no 4º ano, abrem-se, no planode contas, duas contas para o gado de engorda, como 
segue:
a) Gado de Engorda de 37 a 48 meses;
b) Gado de Engorda acima de 49 meses.
Ressalta ainda Marion (1996) que, com essa forma de sub-
divisão, ficam mais claras as informações referentes à idade 
do rebanho e ao ciclo operacional da empresa. Recomenda-
-se também que seja aberta uma nova conta no plano de con-
tas para registrar o gado de engorda adquirido neste estágio, 
exclusivamente para a engorda. Tendo em vista que o gado 
adquirido e registrado em estoque será baixado como custo 
do produto vendido no momento da venda, o que não ocorre 
com o gado formado na própria fazenda. Os custos destes 
são apropriados diretamente como resultado para confronta-
ção com as variações patrimoniais. Seguindo ainda a visão 
do autor, no que diz respeito à contabilização, debita-se (au-
menta) esta conta pela compra ou pela transferência de outras 
categorias para este tipo de plantel e credita-se (diminui) pela 
venda, ou corte para consumo, ou ainda pela transferência 
para outras categorias.
30 Contabilidade de Áreas Específicas I
No ativo circulante, estoques, ainda são registrados os tou-
ros e matrizes descartados que antes eram registrados no ativo 
imobilizado e, agora, perderam sua capacidade de produzir 
valor para a empresa, ou seja, não servem mais para a repro-
dução. Marion (1996, p. 114) cita, entre os principais motivos 
que proporcionam esta transferência, os seguintes aspectos:
a) fim do período de fertilidade;
b) acidentes no pasto ou no manejo;
c) doenças comuns de gado (febre aftosa, brucelose, rai-
va, carbúnculo sintomático etc.);
d) intoxicação: este é mais comuns e constantes, em vir-
tude de gado ingerir ervas tóxicas existentes no campo.
Seguindo o que diz ainda Marion (1996), entre os motivos 
registrados anteriormente, apenas para o primeiro motivo é 
permitida a baixa do gado para venda diretamente à terceiros. 
Para os demais motivos antes da venda, é preciso que sejam 
tratados (no sentido de alimentados) antes da venda, perma-
necendo no ativo circulante o tempo necessário para seu aca-
bamento (engorda). No caso da transferência por perda de 
fertilidade, o animal normalmente é baixado do ativo imobili-
zado para o ativo circulante totalmente depreciado, restando 
apenas o valor residual, equivalente ao preço de venda para 
o frigorífico.
Recomenda-se atenção, pois o animal que permanece nes-
sa condição de ativo circulante apenas o tempo necessário 
para se fechar negociação de venda pode apresentar distor-
ções na contabilidade. Nesse sentido, há uma preocupação 
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 31
do fisco em evitar a exclusão de itens do ativo imobilizado 
que, por serem corrigidos monetariamente, propiciam o lan-
çamento de uma receita na apuração, resultado da correção 
monetária, aumentando o lucro e o imposto de renda a pagar. 
Na contabilização, esta conta é debitada (aumentada) pela 
transferência do gado do ativo imobilizado para o ativo circu-
lante pelo valor líquido, e creditada (diminuída) pela baixa por 
venda para terceiros ou consumo da fazenda.
O gado puro destinado para a reprodução é ativado no 
imobilizado em contas específicas para registros de rebanhos 
no ativo não circulante imobilizado que, conforme Marion 
(1996), tem duas contas, Reprodutores – Gado Puro, e Matri-
zes – Gado Puro. Nestas contas, são registrados os valores dos 
gados, reprodutores e matrizes controlados genealogicamente 
pela fazenda. Importante destacar que este tipo de rebanho 
só deve ser ativado quando, após o processo de experimen-
tação dos novilhos, estes sejam realmente selecionados com 
características que garantam um perfil adequado de gado re-
produtor ou matriz de reprodução. Dessa maneira, evitam-se 
problemas com o fisco, baixando animais do imobilizado, in-
devidamente registrados para tal, ou pagando tributos sobre 
a renda com base em animais que não possuem capacidade 
para reprodução. Quanto à contabilização segundo Marion 
(1996, p. 125), esta conta é:
[...] debitada pela compra dos touros ou matrizes ou 
pela transferência de categorias após atingirem maturi-
dade para reprodução, bem como pelo valor da corre-
ção monetária do imobilizado. Creditada pelo descarte 
para venda direta a terceiros ou para consumo, ou pela 
32 Contabilidade de Áreas Específicas I
transferência para o ativo circulante (para engorda), ou 
ainda pela perda e morte dos animais.
Em um conceito geral, que se aplica à contabilidade como 
um todo, porém para a atividade agrícola, passa-se neste mo-
mento, aos conceitos aplicados às organizações pecuárias. 
Vê-se agora que no balanço patrimonial o gado, bovino, clas-
sifica-se em estoques, quando destinado à venda e ou con-
sumo, ou seja, bezerro, novilho magro ou novilho gordo. Já 
no ativo imobilizado, classifica-se o que não será vendido tão 
facilmente, com finalidade de procriação ou trabalho. Neste 
perfil, entram reprodutores (touros) ou matrizes (vacas), bem 
como animais de serviço.
Para atender à legislação tributária no forma do parecer 
normativo Nº 57/76, citado por Marion (2005, p. 107), a 
classificação no ativo imobilizado acontece da seguinte forma:
Ativo Imobilizado
Imobilizado
• Gado reprodutor: representado por touros puros de 
origem, touros puros de cruza, vacas puras de cruza, va-
cas puras de origem e plantel destinado à inseminação 
artificial.
• Gado de renda: representado por bovinos, suínos, ovi-
nos e equinos que a empresa explora para a reprodução 
de bens que constituem objetos de suas atividades.
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 33
• Animais de trabalho: compreende os equinos, bovinos, 
muares, asininos destinados a trabalho agrícola, sela e 
transporte.
Ativo Circulante: compreende aves, gado bovino, suíno, 
ovinos, caprinos, coelhos, peixes e pequenos animais 
destinados à revenda, ou a serem consumidos.
Outro parecer normativo, o CST Nº 3/80, veda a reclas-
sificação, transferência do ativo imobilizado para o ativo Cir-
culante. Dessa forma, recomenda-se classificar todos os re-
banhos nascidos na fazenda como Estoque (Ativo Circulante). 
“Somente quando houver certeza de que o animal tem ha-
bilidade para a procriação ele será transferido para o Ativo 
não circulante – Imobilizado” (MARION, 2005, p.108). Assim, 
registra-se os principais aspectos sobre o balanço patrimonial 
e as particularidades pertinentes sobre estes quando aplicados 
à contabilidade agropecuária.
Após essas abordagens do plano de contas da atividade 
pecuária, acredita-se que ficam algumas noções básicas ini-
ciais sobre o registro fatos contábeis que ocorrem nessa ativi-
dade, os quais serão permanentemente retomados no decorrer 
da disciplina. Assim, ficaram ainda descritos alguns conceitos 
relativos ao plano de contas e suas particularidades na ativi-
dade pecuária.
34 Contabilidade de Áreas Específicas I
2 Apropriação contábil dos custos de 
produção integrado e coordenado com 
a contabilidade
O ponto de partida para a formação do custo é a forma de 
mensuração dos estoques como sendo o preço de custo. Con-
tudo, conforme Iudícibus (2008), pelos conceitos contábeis, a 
regra básica para avaliação dos estoques na data do balanço 
é o valor de custo ou do mercado; dos dois, o menor. 
Assim, o custo é a base elementar da avaliação dos estoques, 
mas diante da ocorrência de uma perda de utilidade ou re-
dução no preço de venda (ou reposição) em um determinado 
item de forma que reduza seu valor recuperável (de mercado) 
a um patamar abaixo do custo, deve-se então assumir como 
base final de avaliação tal preço de mercado, inferior ao cus-
to, por meio de uma provisão, mantendo-se o controle dos 
estoques no valor original de custo. A finalidade do emprego 
dessas metodologias busca eliminar dos estoquesa parcelas 
dos custos de improvável recuperação, já no exercício em que 
esta perda ocorre, evitando distorções futuras no momento da 
baixa destes itens do estoque.
No Brasil, a contabilidade da pecuária pode ter avaliação 
do estoque vivo (plantel) de duas maneiras: valor de custo e 
valor de mercado. Na apuração do resultado anual ocasião 
do balanço patrimonial, conforme exigência do fisco, é neces-
sária a contabilização do rebanho inventariado pelo preço real 
de custo, fazendo uso do método do custo – custeio por absor-
ção, ou pelo método do custo a valor de mercado, baseado 
no custo corrente de mercado (CREPALDI, 1998).
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 35
Em relação ao método de avaliação pelo valor de cus-
to, é necessário assimilar os conteúdos que tornam compre-
ensível o assunto, tais como: como se dá a apuração dos cus-
tos, as formas de controle sobre os estoques, entre outros que 
veremos no decorrer do livro texto. Segundo Iudícibus (2008), 
a apuração e determinação do custo dos estoques é um dos 
aspectos mais complexos da contabilidade no sentido de que 
a determinação deste valor reflete diretamente na apuração 
do resultado de exercício. Considera-se ainda o fato de que, 
normalmente, os estoques são compostos por grande quanti-
dade de itens, com entradas e saídas constantes, dificultando 
a exatidão dos dados coletados para os cálculos necessários.
Esses parágrafos abordaram o método de avaliação de es-
toques pelo valor de custo, suas principais considerações na 
contabilidade como um todo e suas particularidades nos ra-
mos de atividades específicos, nas áreas agrícolas e pecuárias. 
Já nos próximos parágrafos, aborda-se o método de avalia-
ção pelo valor de mercado que sofreu modificações com as 
alterações realizadas na Lei societária brasileira. Estas altera-
ções visão adequar às normas brasileiras as normas interna-
cionais de contabilidade. Atualmente, chama-se de Valor Justo 
definido na Lei 6.404/76, atualizada pelas leis 11.638/07 e 
11.941/09 como sendo:
a) das matérias-primas e dos bens em almoxarifado, o 
preço pelo qual possam ser repostos, mediante compra 
no mercado;
b) dos bens ou direitos destinados à venda, o preço líqui-
do de realização mediante venda no mercado, deduzidos 
36 Contabilidade de Áreas Específicas I
os impostos e demais despesas necessárias para a ven-
da, e a margem de lucro.
Quando se trata da aplicação do critério de custo ou mer-
cado (valor realizável líquido), escolhe-se o menor dos dois. 
Destaca-se que aplicação destes deve ser feita para cada sub-
conta do estoque. Quando uma matéria-prima ou outro ma-
terial usado na produção apresentar valor de mercado abaixo 
do custo, como deve prevalecer o menor, constitui-se contabil-
mente, segundo Iudícibus (2008), uma provisão para redução 
ao valor de mercado, e que deverá ser debitada no resultado.
Essa previsão é demonstrada no balanço patrimonial como 
redução das contas de estoques. Conforme descrito anterior-
mente, a mensuração de estoques segundo o pronunciamento 
16 do CPC deve ser pelo valor de custo ou valor realizável 
líquido; dos dois, o menor, e que valor realizável líquido é o 
preço de venda estimado no curso normal dos negócios de-
duzidos dos custos estimados para sua conclusão e dos gastos 
estimados necessários para se concretizar a venda. Este con-
ceito aplica-se perfeitamente no caso dos produtos acabados 
e mercadorias para revenda. Quando um produto apresentar 
valor realizável líquido inferior ao custo de fabricação ou com-
pra, torna-se necessária a formação de uma previsão para 
ajuste ao valor de “mercado” deste.
Visando, ainda, adequar as normas brasileiras de conta-
bilidade às normas internacionais de contabilidade, o Comitê 
Pronunciamentos Contábeis (CPC) emitiu um pronunciamento, 
CPC 29, especificamente para determinar como deve ser a 
avaliação dos estoques de ativos biológicos e dos produtos 
agrícolas. Por meio do CPC 29, fica estabelecido primeira-
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 37
mente quando deve ser realizado o reconhecimento do ativo 
biológico antes de se efetuar a mensuração. O reconhecimen-
to do ativo biológico, segundo esse pronunciamento, dá-se 
somente quando a entidade controla o ativo como resultado 
de eventos passados; quando for provável que benefícios eco-
nômicos futuros associados com o ativo fluirão para a enti-
dade; e quando o valor justo ou o custo do ativo puder ser 
mensurado confiavelmente.
De acordo com o CPC 29, no seu item 11 temos definições 
que esclarecem os conceitos introduzidos anteriormente:
Em atividade agrícola, o controle pode ser evidenciado, 
por exemplo, pela propriedade legal do gado e a sua 
marcação no momento da aquisição, nascimento ou 
época de desmama. Os benefícios econômicos futuros 
são, normalmente, determinados pela mensuração dos 
atributos físicos significativos.
Assim, animais e plantas vivas, ou o grupo destes, são de-
nominados pelo CPC 29 como sendo ativos biológicos e estes 
devem ser mensurados ao valor justo menos a despesa de ven-
da no momento do reconhecimento inicial e no final de cada 
período de competência, exceto para os casos em que o valor 
justo não pode ser mensurado de forma confiável. Diferente 
do ativo biológico, o produto agrícola colhido, seja por ex-
tração do produto do ativo ou a cessação da vida desse ativo 
biológico, deve ser mensurado ao valor justo, menos a despe-
sa de venda, apenas no momento da colheita. Após, aplica-
-se o pronunciamento CPC 16 que, como visto anteriormente, 
trata de maneira mais abrangente o tema estoques, servindo o 
38 Contabilidade de Áreas Específicas I
valor atribuído a este produto agrícola no momento da colhei-
ta como valor de custo para aplicação do CPC 16, portanto, o 
CPC 29 não trata dos produtos resultantes do processamento 
depois da colheita. Haja vista que esse é um tema que incor-
pora a transformação dos produtos originários da agricultura, 
isso caracteriza manufatura.
3 Contabilização dos custos e apuração 
de resultados
Para a contabilização dos CUSTOS NO SETOR DA PECUÁ-
RIA, descrevem-se, nos próximos parágrafos, o setor de custos 
em organizações pecuárias. É nesse setor que o sistema de 
custos, enquanto método de acumulação de custos, acontece. 
Por definição, custo é “conjunto de procedimentos administra-
tivos que registra, de forma sistemática e contínua, a efetiva 
remuneração dos fatores de produção empregados nos servi-
ços” (SANTOS, 1996, p.33). Faz-se o lançamento no sistema 
de custos da organização mediante os dados recolhidos por 
meio dos documentos de campo anotados pelos responsáveis. 
Em nosso estudo, são capatazes e peões, que fazem esta fun-
ção durante o desenvolvimento das suas atividades. Para apu-
ração dos custos de aquisição e controle das despesas que 
demandam maior atenção no desenvolvimento bem sucedido 
da atividade da organização, é recomendado que o profissio-
nal da contabilidade dê suporte a estes trabalhadores.
Consideram-se Definições Básicas de Custo na Pecuária 
a descrição dos conceitos básicos necessários à compreensão 
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 39
do assunto abordado, podendo-se entrar mais profundamente 
na conceituação de custos. Conforme afirma Ribeiro (1999, 
p.21), “o custo [...] compreende a soma dos gastos com bens 
e serviços aplicados ou consumidos na produção de outros 
bens”. A contabilidade de custos definida por Santos (1996, p. 
41) esclarece que:
De maneira geral, a Contabilidade de Custos, como a 
própria denominação induz, cuida dos custos da empre-
sa, não tendo atenção voltada para as despesas. [...] por 
ocasião da venda, estes estoques são baixados do Ativo 
e lançados nos custos do produto Vendido, apurando-
-se o Lucro Bruto. Assim, por extensão, a Contabilidadede Custos está preocupada com a apuração do resulta-
do, ou seja, identificar o lucro de forma mais adequa-
da. Mas a função da contabilidade de custos não para 
por aí. Preocupa-se também com o controle dos custos, 
fornecendo dados para estabelecimentos de padrões e 
orçamentos, comparando o quanto custou (real) com o 
quanto deveria custar (previsão ideal) analisando as va-
riações, com o objetivo de reduzir os custos.
Ainda citando Santos (1996, p. 43), diante da necessidade, 
de uma conceituação de custos mais direta, a área pecuária 
registra a reflexão a seguir:
Um sistema de custos completo tem atualmente objetivos 
amplos e bem definidos, que refletem sua importância 
como ferramenta básica para a administração de qual-
quer empreendimento especialmente na agropecuária 
onde os espaços de tempo entre produção e vendas, ou 
40 Contabilidade de Áreas Específicas I
seja, entre custos e receitas, fogem à simplicidade de ou-
tros tipos de negócios, exigindo técnicas especiais para 
apresentação não dos custos, mas dos resultados econô-
micos de empreendimento.
Como em qualquer outra atividade produtiva, os custos das 
organizações pecuárias também sofrem classificação quanto a 
sua natureza, à relação direta ou indireta com o produto e à 
relação com o produto vendido. Todos esses conceitos reuni-
dos ou combinados compõem diferentes sistemas de custos 
adotados pelas organizações. Os custos classificados quanto 
a sua natureza se relacionam com aquilo que foi consumido 
na produção, materiais, mão de obra direta e mão de obra 
indireta.
Chama-se material, conforme Ribeiro (1999), as merca-
dorias utilizadas na fabricação do produto, e elas podem ser 
divididas em três grupos distintos, os quais são: as matérias-
-primas, ou seja, as mercadorias essenciais na composição 
do produto, sem as quais não é possível obtê-lo, gado, terra, 
água; os materiais secundários, também compõem o produto, 
mas podem ser substituídos por similares, como por exemplo: 
ração, forrageira, pastagem; e, por fim, os materiais de con-
sumo que não compõem fisicamente o produto, sendo que 
estes o pecuarista é o consumidor final da mercadoria que se 
desgasta ao longo do processo produtivo cercas e galpões.
A mão de obra direta é aquela que está ligada diretamente 
à produção, por exemplo: salários, encargos sociais e bene-
fícios. Seguindo a visão de Martins (2001), a mão de obra 
indireta é idêntica à anterior, porém relaciona-se ao pessoal 
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 41
empregado indiretamente na produção: engenheiros e técni-
cos agrícolas.
Quanto à identificação do material com o produto, relação 
direta e/ou indireta, existem custos que podem ser devidamente 
apontados, medidos e acompanhados. Essa facilidade permite 
que eles possam ser perfeitamente apropriados ao produto, 
via mão de obra direta ou ração. Mas também existem custos 
que, conforme Martins (2001), não oferecem uma condição 
de medida objetiva, impedindo a devida apropriação do custo 
ao produto, exigindo que esta deva ser feita de maneira esti-
mada e, às vezes, arbitrária, como por exemplo: mão de obra 
indireta, higienização de galpões.
Outra característica interessante dos custos é de que parte 
deles varia de acordo com o volume de produção (custo va-
riável) e outra parte não, dentro de certos limites, tornando-
-se custos fixos. Os custos fixos existem independentemente do 
exercício da atividade. Aborda-se um conceito de custos fixos 
preconizado por Martins (2001, p. 214) voltado para a indús-
tria, que se aplica perfeitamente ao conceito de que “tendem 
os custos fixos a ser muito mais um encargo para que a em-
presa possa ter condições de produção do que sacrifício para 
a fabricação especifica desta ou daquela unidade”. Nesse as-
pecto, podem ser exemplos: os tributos sobre a propriedade, o 
seguro, a vigilância, a manutenção geral etc.
Seguindo ainda a visão de Martins (2001), os custos que 
variam com o volume de produção são aqueles que estão liga-
dos diretamente aos produtos, aos custos diretos, como mão 
de obra direta, por exemplo. Entende-se, então, que quanto 
42 Contabilidade de Áreas Específicas I
maior for a quantidade produzida, maior será o número de 
unidades para serem distribuídos os custos fixos. No entanto, 
quanto mais unidades forem produzidas, mais mão de obra 
será necessária empregar, aumentando o custo de produção 
(custo variável), entendido aqui como o aumento do plantel 
(rebanho).Uma vez classificados os custos, define-se o sistema 
de custeio que pode ser adotado pelas organizações pecuá-
rias, a citar-se: Absorção, Variável ou Baseado em Atividade 
(ABC), sendo que esses métodos já são conhecidos pelos alu-
nos em disciplinas anteriores ou complementares a esta.
Recapitulando
Este capítulo buscou dar dois momentos interessantes para o 
conhecimento científico da contabilidade em meio ao plano 
de contas aplicado na atividade rural: no primeiro, distinguir 
que há atividade de cultivo de culturas agrícolas e uma outra 
que trata da pecuária, porém as duas são atividade rural; no 
segundo, foi a compreensão de que o plano de contas deve 
ser adaptado em cada uma das atividade com o intuito de 
fornecer a melhor informação sobre os fatos contábeis que 
ocorrem em cada atividade.
Dessa forma, observou-se também que o custo, especifi-
camente na pecuária, deve lançar mão do método pelo valor 
de mercado, haja vista que animais se desenvolvem pela sua 
natureza e esse valor pode impactar no preço que o mercado 
está disposto a ofertar pelo ganho de peso do animal. As-
sim sendo, o reconhecimento da variação pelo mercado pode 
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 43
trazer informação relevante para a contabilidade do negócio 
rural.
Em relação aos métodos de acumulação de custos conhe-
cidos como absorção, variável ou por atividade, tanto na ati-
vidade rural como em outro segmento, estes podem ser adap-
tados e utilizados, dependendo da informação que se busca 
obter para tomar a decisão que melhor satisfaça ao negócio 
dessa atividade.
Referências
CREPALDI, Silvio Aparecido. Contabilidade Rural. 2.ed. São 
Paulo: Atlas, 1998.
IUDÍCIBUS, Sergio de; MARTINS, Eliseu; GELBCKE, Ernes-
to Rubens. Manual de Contabilidade das Sociedades por 
Ações: (aplicável às demais sociedades). 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2008.
MARTINS, Eliseu. Contabilidade de Custos: o uso da contabi-
lidade de custos como instrumento de gerência e controle: 
sua utilização para fins fiscais: as diferenças entre os méto-
dos de custos. 8. ed. São Paulo: Atlas, 2001.
RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 23.ed. rev. 
e atual. São Paulo: Saraiva, 1999.
SÁ, A. Lopes de; SÁ, Ana M. Lopes de. Plano de contas. 7. ed. 
São Paulo, SP:
44 Contabilidade de Áreas Específicas I
Atlas, 1982. 206 p. (Coleção professor A. Lopes de Sáv.7).
SANTOS, Gilberto José dos, MARION, José Carlos. Adminis-
tração de Custos na Agropecuária. 2.ed. São Paulo: Atlas, 
1996.
SCHNORR, Paulo Walter et al. Contabilidade para pequenas 
empresas. Disponível em: <http://www.crcsp.org.br/por-
tal_novo/legislacao_contabil/escrituracao_contabil/index.
htm>. Acessado em: 22 de abril de 2015.
Atividades
 1) “Expressão de fatos patrimoniais da mesma natureza acon-
tecidos ou por acontecer em uma empresa ou em uma en-
tidade”. Essa afirmativa refere-se a:
a) Escrituração contábil
b) Conta contábil
c) Fenômenos patrimoniais
d) Função e funcionalidade das contas
e) Valores registrados em diversas contas
 2) Assinale a justificativa que melhor se identifica com essa 
afirmativa: “O plano de contas de uma organização de 
natureza pecuária possui peculiaridades inerentes a sua 
atividade, pois,”
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 45
a) Parte dos equipamentos necessáriosnessa atividade 
são registrados em contas do Ativo Circulante e parte 
no Não Circulante.
b) Parte dos bezerros recém-nascidos são registrados em 
contas do Ativo Circulante e parte no Não Circulante.
c) Parte do plantel de animais é registrado em contas do 
Ativo Circulante e parte no Não Circulante.
d) Parte do plantel de animais é registrado em contas do 
Ativo Circulante (reprodutores e matrizes) e parte no 
Não Circulante (bezerros e gado de engorda).
e) Parte do plantel não considera a idade do animal e 
por isso é registrado no Ativo Não Circulante, espe-
cificamente pelo nascimento do bezerro já definir sua 
função.
 3) Considerando as contas do Ativo Circulante que são de-
bitadas por efeito de aumentos e creditadas por efeito de 
diminuições, pode-se dizer na atividade pecuária que, res-
pectivamente:
a) O nascimentos de bezerros diminuiu e o gado de en-
gordo aumentou.
b) O gado de engorda diminuiu e os nascimentos de be-
zerros aumentou.
c) O plantel de reprodutores aumentou e o plantel de 
matrizes diminuiu.
46 Contabilidade de Áreas Específicas I
d) O plantel de matrizes aumentou e o plantel de repro-
dutores diminuiu.
e) O rebanho em formação cresceu e o gado para abate 
diminuiu.
 4) Considerando que a atividade pecuária tem suas peculia-
ridades, é razoável que na contabilidade seja levado em 
conta, para fins de avaliação, do rebanho o:
a) Método de avaliação pelo custo histórico.
b) Método de avaliação pelo custo histórico corrigido por 
indexador oficial.
c) Método de avaliação por laudo técnico de profissional 
da medicina veterinária.
d) Método de avaliação pelo valor de mercado.
e) Método de custo com apropriação permanente dos 
gastos acumulativos no decorrer da vida do animal.
 5) Os custos pecuários podem ser compreendidos como em 
qualquer outro atividade industrial, comercial ou de servi-
ços. Assinale a alternativa que diferencia esse entendimen-
to:
a) Quanto mais unidades forem produzidas, mais mão 
de obra será necessária, empregar aumentando o cus-
to de produção (custo variável), efeito do aumento do 
plantel.
b) Quanto mais unidades forem produzidas, menos mão 
de obra será necessária empregar, aumentando o cus-
Capítulo 2 Planejamento Contábil na Atividade Rural 47
to de produção (custo variável), efeito do aumento do 
plantel.
c) Quanto mais espaçamento for dado na fertilidade das 
matrizes, mais aumenta o plantel, logo, mais custo de 
produção.
d) Quanto mais fertilidade das matrizes, mais aumenta o 
plantel, logo, menos custo variável e mais custo fixo.
e) Quanto mais matrizes fertilizadas, mais aumenta o 
plantel, logo, mais custo variável e menos nascimentos 
de bezerros.
Jucelaine Bitarello1
Capítulo 3
Culturas Temporárias e 
Permanentes
1 Jucelaine Bitarello é Mestre em Desenvolvimento Regional pela UNISC – Uni-
versidade de Santa Cruz do Sul – RS, Especialista em Administração e Estratégia 
Empresarial pela ULBRA – Universidade Luterana do Brasil, Canoas, RS e Gradu-
ada em Ciências Contábeis pela UNISC – Universidade de Santa Cruz do Sul, RS. 
Professora dos cursos de Ciências Contábeis, Administração e Gestão Pública da 
ULBRA, presencial e EaD. Tem experiência profissional em organizações privadas e 
públicas, autora de diversos artigos científicos, nacionais e internacionais, autora 
de livros e capítulos de livros. Consultora ad hoc do Ministério da Educação e 
Cultura – MEC/INEP.
Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 49
Introdução
Além dos conceitos sobre culturas temporárias e permanentes, 
busca-se, nesse capítulo, apresentar as formas de identificação 
da cultura. Isso se dá a partir do conhecimento prático na ativi-
dade agrícola em que algumas culturas requerem o replantio 
de curto prazo, o rebrote, e, outras, o replantio em longo pra-
zo. Para tanto, é relevante que os conceitos iniciais apresentem 
a base para que, no último tópico, seja compreendida a perda 
e o desgaste que podem ocorrer na atividade rural.
1 Conceitos
As culturas temporárias e permanentes são definidas a partir 
dos ciclos citados por Marion et al. (1996, p. 44):
Culturas Temporárias: são cultivos cujo ciclo é no má-
ximo 1 (um) ano e se caracteriza somente por uma co-
lheita, por exemplo: soja, trigo, arroz, tomate, maracujá 
e outros.
Culturas Semipermanentes: são cultivos cujo ciclo de 
produção é menor que 10 (dez) anos entre o plantio e a 
última colheita, por exemplo: abacaxi, cana-de-açúcar, 
momoeiro e outros.
Culturas Permanentes: são cultivos cujo ciclo de pro-
dução é de longo prazo, considerando o tempo neces-
sário para a formação do viveiro, a formação e manu-
50 Contabilidade de Áreas Específicas I
tenção da planta e colheita. Por exemplo: café, laranja, 
pêssego, uva e outros.
Nota-se, a partir da citação, que a classificação das cul-
turas leva em consideração o ciclo, o período compreendido 
entre o plantio e a colheita, sendo que cada uma delas possui 
peculiaridades específicas que devem ser levadas em conta in-
clusive no processo de acompanhamento e registro da conta-
bilidade, conhecimentos necessários para a avaliação do valor 
contábil.
Partindo dessas ideias iniciais, as culturas temporárias 
são aquelas sujeitas ao replantio após a colheita. São ar-
rancadas do solo para que seja feito novo plantio, como é o 
caso do arroz, feijão, milho e outros cereais. Essas plantações 
são contabilizadas no Ativo Circulante, na conta “Cultura em 
Formação” e subconta com o nome específico da cultura. O 
conjunto dos custos com sementes, fertilizantes, mudas, inseti-
cidas, depreciação de tratores, mão de obra, mudas, demar-
cações, serviços profissionais e demais gastos com a cultura 
serão registrados nessa rubrica.
Observar-se que se tratando de uma única cultura (o que 
é raro de ocorrer), todos os custos se tomam diretos à 
cultura, sendo apropriados diretamente. Todavia, existin-
do várias culturas, fato que ocorre com maior frequência, 
há a necessidade do rateio dos custos indiretos, propor-
cionais a cada cultura. (MARION, 1966, p.36)
Outro conceito que é conveniente deixar claro nesta etapa 
é quanto à diferenciação entre custo e despesa na agricultura. 
Por custo na agricultura, devemos considerar todo gasto iden-
Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 51
tificável direta ou indiretamente com a cultura como sementes, 
adubos, depreciação de máquinas e equipamentos utilizados 
na cultura, fertilizantes e outros.
Aqueles gastos não identificáveis com a cultura, ou seja, 
que não contribuíram para a produção rural em si, e por isso 
não acumulado no estoque, deverão ser apropriados como 
despesa do período. São as despesas comerciais, administra-
tivas e financeiras. Ressalta-se, porém, que ocorrendo quais-
quer dessas despesas, como exemplo juros sobre empréstimo 
bancário para custeio exclusivo da plantação (por exemplo: 
cebola), esses encargos deverão ser contabilizados no Ativo 
Circulante, em “Cultura Temporária – Cebola”.
Dessa forma, todos os custos com a cultura temporária, 
desde a preparação do solo para o plantio até a finalização 
da colheita, serão registrados no Ativo Circulante, subgrupos 
“Estoques”. Com a conclusão da colheita, o saldo da conta 
“Cultura Temporária” é transferido para uma nova conta do 
Ativo, do grupo Estoque, com o título de “Produtos Agrícolas” 
(milho, feijão, cebola).
Por fim, os custos após a colheita para acabamento do 
produto, para deixá-lo em condições de ser comercializado e 
custos de manutenção de estocagem, serão somados à conta 
“Produtos Agrícolas”. Poderá ocorrer de os produtos agríco-
las estarem prontos para a venda, totalmente acabados, e o 
produtor rural resolver armazená-los temporariamente visando 
alcançar uma melhora nos preços. Nessa hipótese, esses gas-
tos devem ser considerados comodespesa operacional e não 
como custo do produto.
52 Contabilidade de Áreas Específicas I
Por ocasião da venda, transfere-se proporcionalmente da 
conta “Produtos Agrícolas” para uma conta de resultados, 
“Custo do Produto Vendido” (maçã, feijão, cebola) e, a partir 
desse momento, é possível apurar, mediante o confronto das 
Receitas de Vendas e o Custo do Produto Vendido, o Lucro 
Bruto.
Após esses parágrafos sobre as culturas temporárias, pas-
sa-se agora paras as culturas permanentes ou perenes, 
que são aquelas que duram mais de um ano e proporcionam 
mais de uma colheita. É o caso da cana-de-açúcar, da citricul-
tura, como a laranjeira, o limoeiro, a cafeicultura, e as frutas 
arbóreas como a maçãs, peras, uvas, goiabas e outros.
Nesse tipo de plantação, os custos para a formação da cul-
tura serão considerados Ativo Permanente – Imobilizado. To-
dos os custos com adubação, formicidas, mão de obra, seguro 
da cultura, sementes, mudas, produtos químicos, depreciação 
de equipamentos utilizados na cultura etc., são acumulados na 
conta “Cultura Permanente em Formação” (maçã, uva, arau-
cária, pinus etc.).
Quando a cultura estiver formada, fato que pode levar até 
alguns anos, como é o caso de certas qualidades de macieiras, 
quatro anos para a primeira florada e produção, transfere-se 
o valor acumulado na conta “Cultura Permanente em Forma-
ção” para a conta “Cultura Permanente Formada”, identifican-
do-se com a subconta cultura específica.
Assim, por fazer parte do imobilizado desde a formação, 
a cultura deverá ser corrigida monetariamente e, também a 
partir da primeira produção, deverá ser reconhecido o efeito 
Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 53
da depreciação da cultura. Quanto à colheita ou produção 
da cultura permanente, assemelha-se seu tratamento contábil 
a “Produtos em Processo”, como temos na indústria. Todos os 
gastos corridos na colheita serão registrados tipo Ativo Circu-
lante, subitem “Estoques”, na rubrica “Colheita em Andamen-
to”.
Em relação aos gastos com a colheita, ele compreende 
que tudo o que for aplicado na cultura após a sua formação, 
visando a uma boa colheita. Assim, engloba-se nesse concei-
to mão de obra de capina, aplicação de produtos químicos, 
formicidas, seguro de safra, depreciação da cultura formada e 
outros gastos necessários até a última etapa da colheita.
Concluída a colheita, transfere-se o total acumulado em 
“Colheita em Andamento” para a conta “Produtos Agríco-
las”. Se houver ainda mais algum custo como beneficiamento, 
acondicionamento ou outro processo do gênero aplicado aos 
produtos, também se insere nesta conta. Por ocasião das ven-
das, será dada baixa em “Produtos Agrícolas”, transferindo-se 
proporcionalmente para “Custo de Produtos Vendidos” (Uva, 
maçã, laranja etc.).
Há que se observar dois outros aspectos econômicos, e 
que devem ser reconhecidos na escrituração contábil da cul-
tura permanente: o aumento da vida útil e as perdas extra-
ordinárias. Assim, têm-se, de um lado, os gastos na cultura 
como reposição de árvores velhas ou doentes e outros tratos 
culturais que beneficiarão mais de uma colheita, devendo ser 
adicionados ao valor da cultura para serem depreciados até 
o término da sua vida útil. Por outro lado, também há perdas 
54 Contabilidade de Áreas Específicas I
e estragos decorrentes de eventos da natureza como grani-
zo, geadas, secas e inundações e outras perdas involuntárias, 
que prejudicam a capacidade produtiva da cultura, parcial ou 
totalmente em casos extremos, e deverão ser reconhecidos, 
baixando-se no Ativo Permanente e classificando-se como des-
pesa não operacional no Resultado do Exercício.
2 Formas de Identificação
Outros elementos que podem contribuir para a identificação, 
o conhecimento e a diferenciação entre as culturas são defini-
dos na seguinte ordem:
O PRIMEIRO elemento define que a CULTURA TEMPO-
RÁRIA está sujeita ao replantio após a colheita, tendo período 
de vida muito curto entre o plantio e a colheita. Retomemos 
alguns exemplos: feijão, legumes e verduras, trigo, milho, soja, 
cebola, alho, batata, girassol, canola, algodão, arroz, entre 
ouras.
Um ponto interessante a ser observado é que, durante o 
ciclo produtivo, os custos pagos ou incorridos, nesta cultura, 
são acumulados em conta específica denominada de CULTU-
RA TEMPORÁRIA EM FORMAÇÃO, dentro do Ativo Circulante, 
grupo ESTOQUE. Dessa forma, os componentes dos custos 
da cultura temporária, são: as sementes, os fertilizantes, o cal-
cário, a ureia, as mudas, as demarcações, a mão de obra 
(direta e indireta), os encargos sociais trabalhistas, a energia 
elétrica, encargos tributários (Taxas e Imposto Territorial Ru-
Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 55
ral – ITR), os combustíveis, o seguro, os serviços profissionais 
(agrônomo, técnico agrícola), os inseticidas, os herbicidas, as 
depreciações de tratores e outros equipamentos (implementos 
agrícolas) imobilizados usados e empregados na cultura em 
apreço. Podem ocorrer algumas despesas durante o processo 
das culturas temporárias. Assim, vejamos:
Quadro 1 ilustração de custos e despesas nas culturas temporárias
Custos ou Despesas Valor em Reais
Adubos 6.000,00
Fertilizantes 4.000,00
Sementes para plantio 3.000,00
Despesas com pessoal direto 5.000,00
Despesas com pessoal indireto 2.000,00
Despesas administrativas 2.000,00
Despesas com armazenagem 1.000,00
Despesas bancárias 500,00
Despesas com assistência técnica 500,00
TOTAL 24.000,00
Fonte: do autor.
Observando o Quadro 1, verifica-se que em cada classi-
ficação de custos ou despesas podem haver diferentes tipos, 
marcas e outras especificações peculiares. Nesse sentido, re-
comenda-se que a boa técnica contábil seja observada, isto é, 
para cada elemento de custo ou despesa, deve-se criar uma 
conta analítica no plano de contas. Essa recomendação per-
mite que a contabilidade seja um instrumento de informação 
clara, precisa, fidedigna na realidade do negócio.
56 Contabilidade de Áreas Específicas I
O componente Despesas, necessárias e por vezes indis-
pensáveis para o processo, pode ser definido como todo o 
gasto, dispêndio, não identificáveis com a cultura, não sendo, 
portanto, acumulados no estoque (culturas temporárias), mas 
apropriadas como despesas do período. São exemplos: as 
despesas de vendas (propaganda, comissão de vendedores, 
logística, entre outras) e as despesas financeiras (juros, taxas 
bancárias, entre outras).
Nos próximos parágrafos, comenta-se alguns entendimen-
tos sobre as terminologias utilizadas ainda no Quadro 1. As-
sim, o Custo de armazenamento ocorre quando o produto 
agrícola estiver pronto para a venda, totalmente acabado, não 
devendo sofrer mais nenhuma alteração. É comum, em alguns 
casos, armazená-lo no sentido de vendê-lo em momento opor-
tuno, em que se espera o preço oscilar, em uma expectativa 
para cima. Esses gastos são tratados como “Despesas de Ven-
das”, haja vista que os produtos estão prontos para a venda.
Custo da COLHEITA é o dispêndio de recurso para a co-
lheita, o qual é acumulado na conta “Cultura Temporária” 
e, após o término da colheita, essa conta será baixada pelo 
valor de custo e transferida para a nova conta, denominada 
“Produtos Agrícolas”, devendo ser especificado, como sub-
conta, o tipo de produto (milho, feijão, arroz etc.), que integra 
o Ativo Circulante, como um estoque acabado. À medida que 
a produção for vendida, baixa-se, proporcionalmente, a conta 
“Produtos Agrícolas”, e transfere-se o valor do custo para a 
conta de “Custo dos Produtos Vendidos” (Conta de Resultado), 
especificando-se o tipo de produto agrícola vendido. Vejamos 
o registro de alguns fatos contábeis:
Capítulo 3 Culturas Temporárias e Permanentes 57
a) O fato primeiro é a cultura em formação,

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