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1 UNIDADE 1 INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM PLANO DE ESTUDOS A partir desta unidade, você deverá ser capaz de: • conhecer a introdução dos conceitos de marketing; • analisar a evolução e revolução do marketing; • identificar e analisar a estratégia de marketing; • conhecer e identificar os mixes de mercado; • analisar o segmento e o posicionamento do mercado; • diagnosticar as variáveis do marketing; • planejar a gestão do produto. Esta unidade está dividida em quatro tópicos. Ao final de cada um deles, você encontrará atividades visando a compreensão dos conteúdos apresentados. TÓPICO 1 – OS CONCEITOS DO MARKETING TÓPICO 2 – ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO TÓPICO 3 – O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING TÓPICO 4 – A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E A PUBLICIDADE 2 3 TÓPICO 1 UNIDADE 1 OS CONCEITOS DO MARKETING 1 INTRODUÇÃO Neste tópico estudaremos os principais conceitos da introdução de marketing. A necessidade do marketing vai muito além da embalagem, no entanto, muitas organizações ainda possuem, em sua cultura, que o marketing tem como foco a embalagem e a propaganda, mas, além das duas situações, existem outros objetivos como: buscar informações no mercado que sejam de interesse da organização para alavancar o crescimento, bem como identificar o perfil do consumidor e as tendências do mercado, mas, para isso é importante que o gestor tenha conhecimento para alcançar um modelo moderno de gestão com a utilização da informação que tanto influência o marketing. Também identificar o perfil do consumidor e as tendências do mercado, mas para isso é importante que o gestor tenha conhecimento para alcançar um modelo moderno de gestão com a utilização do marketing. Além disso, é necessário também conhecer o passado, e como o marketing encontrou o seu lugar no mercado, pois a necessidade de evolução e inovação não é somente do produto ou serviço em si, mas em toda a cadeia e em todos os ambientes dos mercados que possam gerar novas estratégias para as organizações. 2 CONCEITOS FUNDAMENTAIS DE MARKETING O marketing pode ser usado em vários contextos, como o de relacionamento, o de pesquisa, o eleitoral e entre outros, no entanto, depende do ramo de negócio que a organização está inserida. A seguir são apresentados alguns conceitos do marketing: Para Kotler e Kurt (2011 p. 27), “marketing é um processo social e gerencial pelo qual indivíduos e grupos obtêm o que necessitam e desejam através da criação, oferta e troca de produtos de valor com outro”. Kotler e Kurt (2011), em sua definição de marketing, tem como base as necessidades dos consumidores, bem como os desejos e as demandas por produtos, bens e serviços, e também a busca pela satisfação, em que se agrega os valores, bem como o relacionamento e as transações efetuadas ao longo das empresas e consumidores. Observe na Figura 1 o conceito que Kotler e Kurt atribuem para o marketing. FIGURA 1 – CONCEITO DE MARKETING FONTE: Adaptado de Kotler e Kurt (2011) Necessidades, desejos e demandas. Produtos (Bens, serviços e ideias). Valor, custo e satisfação. Troca e transações. Relacionamento e redes. Mercados Empresas e consumidores potenciais. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 4 Podemos perceber na Figura 1 os conceitos centrais e que existem várias situações em que o marketing está presente, para tanto é necessário buscar a inovação e identificar o que o cliente ou consumidor está sentindo falta no mercado. Kotler e Kurt (2011 p. 28) apresenta os conceitos fundamentais do marketing que se pode verificar a seguir, vejamos: a) Necessidades, desejos e demandas: as pessoas em si possuem muitas necessidades, principalmente de alimentos, ar, água, abrigo para sobreviver, são as necessidades básicas. No entanto, também possuem necessidades de lazer, educação, entre outros serviços, e buscam, através de suas preferências, por versões e marcas específicas conforme seus desejos. Para isso temos que ter em mente e distinguir corretamente o que são necessidades, desejos e demandas. • Necessidades: São as coisas básicas para a sobrevivência humana, ou seja, alimentos, água, ar, moradia, vestimentas, segurança, autoestima e sentimento de posse, mas que se distinguem de uma pessoa para outra, pois muitas vezes o que é necessidade para uma pessoa é obrigação para outra, visto que estamos em um mundo onde as necessidades de alguns são diferentes das de outros, mesmo que sejam as mais básicas. • Desejos: é uma situação específica de carência por um determinado produto, ou seja, você tem a necessidade da compra de um tênis, mas tem o desejo de comprar uma marca específica, por exemplo, tem o desejo de comprar da marca Nike ao invés da Ortopé. Outro exemplo seria a necessidade de alimentar-se, no entanto, prefere comer um hambúrguer do McDonalds ao invés de ir a um Food truck. Esses desejos dependem muito da sociedade, ou do meio em que as pessoas convivem, pois, muitas vezes, nossos desejos vêm através da observação em querer estar no mesmo nível das outras pessoas. Por isso é bom lembrar que na maioria das vezes os desejos são oriundos da classe social das pessoas. • Demanda: são desejos em possuir algum produto ou serviço com uma especificidade diferente, em que é possível alcançar dependendo da classe social em que esteja e pela disposição em pagá-lo. Esses desejos se tornam demandas quando se possui poder de compra. Um exemplo bem simples, ou seja, tenho a necessidade de um automóvel, mas meu desejo é ter uma BMW, no entanto, apenas uma classe social poderá adquiri-lo. Percebe-se que a demanda surge através dos desejos das pessoas, mas desde que elas estejam dispostas a pagar pelo produto ou serviço oferecido (KOTLER; KURT, 2011 p. 28). NOTA O marketing influencia a demanda ao oferecer um produto ou serviço apropriado, atraente, adquirível e facilmente disponível aos consumidores-alvo. (KOTLER; KURT, 2011, p. 28) TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 5 b) Produtos (bens, serviços e ideias): é sabido que nossos desejos e necessidades nos satisfazem no momento da aquisição de um produto ou a solicitação de um serviço, ou seja, para um entendimento melhor, o produto é oferecido para a satisfação das necessidades ou desejos dos consumidores. Independentemente de serem bens físicos, serviços ou ideias, o desejo das pessoas é adquirir e consumir coisas, não importa a classe social, todos terão a oportunidade de buscar seus desejos e necessidades, levando em consideração o alcance em possuir condições para pagar pelo produto ou serviço. NOTA Segundo Kotler e Kurt (2011), os vendedores que focam ou têm uma grande concentração apenas no produto, ao invés dos desejos e necessidades das pessoas, sofrem de miopia de marketing, isso leva muitas vezes o cliente a desistir de realizar a compra naquela loja ou departamento. c) Valor, custo e satisfação: Sabemos que possuímos desejos e necessidades completamente diferentes, e isso é um grande problema para os marqueteiros, ou seja: como alcançar a satisfação dos consumidores? Ou ainda, uma certa necessidade? Vamos a um exemplo: suponhamos que uma pessoa de 30 anos, casada e com dois filhos, tem a necessidade de ir ao trabalho, que fica mais ou menos a dez quilômetros da sua casa, para isso ela tem a necessidade de um meio de transporte; pode ser por transporte público, táxi, Uber, veículo próprio, bicicleta ou outros meios que sejam sustentáveis,dessa forma ela tem um grande número de opções para satisfazer sua necessidade. Agora vamos supor que a pessoa gostaria de satisfazer outras necessidades, por exemplo, a segurança, a velocidade, o bem- estar, a economia e a sustentabilidade. Podemos perceber que existe um grande número de situações para satisfazê-la, no entanto, quem vai escolher é ela, levando em conta quais suas condições em adquirir um produto e o que mais a deixará satisfeita. • Valor: qual o pressuposto de cada produto ou serviço que poderá satisfazer um conjunto das nossas necessidades. O valor é o montante que o cliente dará para satisfazer as suas exigências e necessidades ao menor custo possível de aquisição, propriedade e de uso. • Custo: até qual custo poderá pagar para adquirir um bem e realizar sua satisfação. Este é o preço do produto ou serviço e é levado em consideração quando existe uma necessidade. Mas qual é o valor que dará para a sua satisfação, é necessário pagar um preço alto para satisfazer sua necessidade ou um desejo? A escolha faz com que a pessoa tenha a decisão final: ou vai pagar o preço para ter o que lhe interessa, ou dará mais valor à sua satisfação de algo sustentável. Isso é bem genérico e existem muitas situações em que o desejo é maior que a necessidade, e o cliente pagará por aquele produto mesmo que tenha de fazer outros cortes para conseguir pagar pela sua satisfação. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 6 d) Troca e transação: Esse modelo de necessidade já vem desde os primórdios do tempo e existem quatro formas de obter algum produto, sendo a primeira a autoprodução, como a caça, pesca ou coleta de frutas para minimizar a fome, nesse caso não existe mercado e, assim, sem a necessidade de marketing; a segunda forma é a coerção, em extrema necessidade as pessoas podem retirar à força de outras pessoas, imaginem o desencadeamento da fome, nesse caso não existe benefício, apenas a exceção de alguém sair ferido; a terceira é a mendicância: continuando com o exemplo da fome, as pessoas, por estarem famintas, podem implorar por comida; e, por fim, a quarta forma é a troca, pessoas com a necessidade de alimentação podem trocar algum produto, serviço e até mesmo com moedas, para a aquisição de alimentos. Para ficar claro, o marketing surge quando as pessoas propiciam a necessidade de satisfazer suas necessidades e desejos através da troca. Sendo assim, a troca é o ato de obter um produto desejado que pertence a alguém, lhe dando em permuta algo em contrapartida. A transação tem algumas variações e várias dimensões, sendo essas: a necessidade de estar protegida por um contrato e com ao menos dois objetos de valores; condições de acordo; tempo e local para a negociação, de outra forma, as pessoas veriam como desconfiança e ambas sairiam perdendo. Também pode ser levada em consideração uma transação de presentes por gratidão, recebemos um presente em troca de gratidão com a pessoa. Para ficar claro, transação pode ser considerada como uma negociação consensual entre duas ou mais partes, e uma dessas partes propõe uma compensação por um serviço prestado ou uma composição a um dano causado pela outra, e, ao mesmo tempo, esta outra parte aceita receber esta compensação. Observe na Figura 2 um modelo de troca entre duas empresas (KOTLER; KURT, 2011 p. 29). FIGURA 2 – MÉTODO DE TROCA Fornecedora Cliente Lista de desejos da Transportadora - Alta qualidade, como equipamentos duráveis. - Preço justo. - Pontualidade na entrega. - Condições financeiras favoráveis. - Peças e serviços bons. Lista de desejos da empresa prestadora de serviço: - Preço consideravelmente bom. - Pontualidade no pagamento. - Recomendação favorável. FONTE: Adaptado de Kotler e Kurt (2011) TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 7 NOTA Nesta situação, pode-se perceber que existe uma troca mútua, ou seja, uma empresa oferece o serviço ou produto com qualidade, e a outra empresa espera por qualidade e confiabilidade no produto ou serviço oferecido. e) Relacionamento e redes: Neste item, o marketing tem a necessidade de um relacionamento entre as pessoas, ou consumidores e empresas para a construção de um relacionamento duradouro. Esse relacionamento entre a empresa e o consumidor, é quase que uma troca, de um lado tem a necessidade ou desejo (cliente) e em contrapartida (empresa) a entrega de um produto ou serviço com qualidade, preço justo e pontualidade. A satisfação do consumidor será garantida com essas transações e consequentemente tornará uma parceria entre cliente e empresa por um longo período. O intuito do marketing de relacionamento é a construção de um relacionamento entre consumidores e fornecedores a longo prazo. f) Mercados: é um local onde se trocavam produtos, sejam eles através de moeda ou mesmo a “troca por troca” com outros produtos, sendo um negócio pequeno e local. Hoje, mercado é algo muito mais abrangente, levando em consideração até o que chamamos de mercado internacional, em que um grupo de consumidores potenciais que possuem desejos específicos ou uma necessidade compartilham entre eles recursos e trocas. No entanto, o tamanho desse mercado depende da quantidade de pessoas interessadas na troca desses produtos ou serviços em contrapartida através de outros recursos e necessidades. (Troca por outros produtos por pagamento em moedas, ou ainda a troca por serviços, na maioria das vezes esta é realizada através de pagamentos.) g) Empresas e consumidores potenciais: Aqui cabe identificar consumidores com potencial poder de compra, desejos ou necessidades, dispostos e engajados na transferência de valores. O marketing pode ser usado instantaneamente por ambas as partes, por exemplo: Vamos supor que um grupo de pessoas deseja comprar um apartamento na praia de frente para o mar que acabou de ser posto à venda. Nesse caso, como existe um número grande de pessoas, cada uma delas tentará fazer seu marketing para o comprador com vistas à aquisição do apartamento, isso é considerado marketing de reciprocidade, quando ambas as partes estão dispostas ativamente a fazer o negócio. Não podemos confundir a situação, pois, muitas vezes, quem possui mais vantagem econômica poderá comprar o apartamento sem a necessidade de concorrência e negociação (KOTLER; KURT, 2011 p. 30). Para Boone (2011 p. 8), “marketing é o processo de planejar, executar a concepção, a fixação de preço, a promoção e distribuição de ideias, produtos, serviços, organizações e eventos para criar e manter relacionamentos que satisfarão objetivos individuais e organizacionais”. Para que haja um entendimento mais aproximado do que é marketing, outro conceito, muito persistente de Las Casas (2009 p. 7) através da Associação Americana de Marketing, define o seguinte: UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 8 O marketing é uma função organizacional e um conjunto de processos que envolvem a criação, a comunicação e a entrega de valor para o cliente, bem como a administração do relacionamento com eles, de modo que beneficie a organização e seu público interessado. Como podemos perceber, o marketing possui conceitos muito amplos, pois incorpora um conjunto de ideias. Se você pedir para quatro ou cinco pessoas o conceito de marketing, cada uma delas irá responder de uma forma diferente, mas o intuito será o mesmo, ou seja, as ideias serão direcionadas na satisfação, valores, desejos, necessidades, entre outros, para o consumidor. (LAS CASAS, 2009) Observena Figura 3 um sistema simples de marketing e mercado, apresentado por Kotler e Kurt (2011). FIGURA 3 – CICLO DO MARKETING E MERCADO Mercados produtores Mercados de recursos Mercados consumidores Mercados intermediários • Recursos e dinheiro • Recursos e dinheiro • Dinheiro, bens e serviços • Dinheiro, bens e serviços FONTE: Adaptado de Kotler e Kurt (2011) O ciclo do marketing abrange todo o sistema de mercado e dos consumidores, no desenvolvimento de uma troca pelas suas necessidades e desejos, observando a classificação e o poder de compra dos consumidores para adquirir produtos e serviços. 2.1 O QUE É MARKETING? O marketing é uma ferramenta que busca apresentar informações referente às preferências dos consumidores em quatro tipos de utilidades, apresentadas, no Quadro 1, por Boone (2011). TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 9 QUADRO 1 – TIPOS DE UTILIDADE DO MARKETING Tipo Descrição Exemplos Forma Transformação de insumos para produtos acabados e/ou serviços. Realização rápida de um serviço, ou a necessidade de uma alimentação mais eficiente no momento de cozinhar (macarrão instantâneo, controle da conta corrente, serviços de terceiros). Tempo Disposição de produtos e serviços quando o consumidor desejar. Serviços imediatos e pronto atendimento (imagens digitalizadas, saque de dinheiro, garantia, seguro). Lugar Disposição de produtos e serviços em locais convenientes. Equipamentos de produtos como chocolates e refrigerantes no lado de fora de um posto de combustível, caixa eletrônico nos supermercados, escola e creche próximo a casa ou trabalho. Propriedade (posse) Capacidade de transferir título de produtos e serviços do profissional de marketing para o comprador. Vendas no varejo (é a troca do produto com o pagamento em moeda ou cartão). FONTE: Adaptado de Boone (2011) Segundo Las Casas (2009), o marketing em si é “ação no mercado”, na tradução do inglês. Na década de 60, quando foi traduzido, tinha outro significado, como “mercadológica”, no entanto ainda usada, mas de forma mais branda, mas que possui o mesmo entendimento, portanto, quando for utilizada essa nomenclatura, ambas estão corretas. NOTA Vale lembrar que marketing possui muitos conceitos, mas o foco está no consumidor, em seus desejos, necessidades e satisfação. O marketing pode ser usado para alavancar algum produto, serviço ou até mesmo o turismo de uma cidade, o exemplo de Boone (2011) apresenta muito bem esse modelo. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 10 Gestores de marketing da cidade de Las Vegas, nos Estados Unidos, tinham como ideia atrair mais turistas para a cidade, então inventaram um lema para tentar buscar focar a imagem de diversão que a cidade apresentava. “O que acontece aqui, fica aqui”. Apenas com esse slogan acreditaram que seriam capazes de melhorar o turismo. Dito e feito, um recorde de 35 milhões de turistas na cidade foi apresentado. Muitas vezes, um marketing de apresentação, como um slogan, uma frase, uma palavra, pode mudar por completo a movimentação de consumidores, tanto em cidades e até mesmo de um estabelecimento, como shopping, supermercado ou um parque de diversão. Para auxiliar no entendimento do que é marketing, ou seja, o que ele pode fazer pelas pessoas e para empresas, Boone (2011) apresenta algumas situações que têm o envolvimento do significado do marketing, vejamos: • buscar identificar o que os consumidores estão necessitando; • desenvolver produtos ou serviços que possam satisfazer as necessidades dos consumidores; • apresentar as informações necessárias sobre os produtos ou serviços para os consumidores em potencial; • disponibilizar os produtos e serviços nos lugares e tempos que vão ao encontro das necessidades dos consumidores; • fixar o preço dos produtos e serviços conforme a capacidade de compra do consumidor; • o fornecimento dos serviços e produtos com garantia para satisfazer o cliente pós-compra; Podemos observar que o marketing é muito abrangente e que considera muitas variáveis para a satisfação do consumidor, conforme a explicação de Boone (2011). No entanto, cabe ao gestor de marketing identificar e presumir quais as necessidades importantes para as pessoas, dependendo do local que estejam frequentando, ou seja, de nada adianta colocar uma livraria dentro de um parque de diversões, ou vender bicicletas em uma rua onde apenas existe a venda de veículos. NOTA O marketing é um modelo em que o gestor deverá buscar identificar a satisfação do cliente no local que ele esteja frequentando, portanto é importante estar bem informado das necessidades e desejos, através de pesquisas, que iremos aprender a realizar nas próximas unidades. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 11 2.2 ERAS DO MARKETING Como qualquer situação desde os primórdios da evolução humana, o marketing também teve sua alavancagem evolutiva, ou seja, desde que existe a troca por alguma coisa, seja ela por dinheiro na aquisição de um produto tangível, um serviço não tangível e até a doação de sangue, é uma combinação na busca para satisfazer uma necessidade em que duas ou mais pessoas dão algo de valor em troca de outro. (BONNE, 2011) Como o marketing está sempre fazendo parte de um negócio, sua importância tem variado muito durante os anos. Assim, desde a era da produção o marketing está dividido em quatro fases: 1º da produção; 2º das vendas; 3º do marketing e, por fim, o 4º do relacionamento. O Quadro 2 a seguir apresenta uma adaptação dos conceitos de Boone (2011) e Kotler e Kurt (2011). QUADRO 2 – ERAS DO MARKETING FASES Produção Antes de 1920 Vendas Antes de 1950 Marketing A partir de 1950 Relacionamento (mercado) A partir de 1990 Atitude dominante do período. Um bom produto se vende sozinho. Propaganda e vendas criativas ultrapassarão a resistência do consumidor e irão convencê- lo a comprar. O consumidor domina! Encontre uma necessidade e a satisfação. Relacionamento de longo prazo com consumidores e outros sócios leva ao sucesso. FONTE: Adaptado de Boone (2011) e Kotler e Kurt (2011) Como se pode perceber, o marketing passou por uma evolução que durou muitos anos, apesar de em alguns este tempo foi menor, mas esta ocorreu em virtude da necessidade das empresas se adaptarem aos seus clientes (BOONE 2011, KOTLER; KURT 2011). a) Era da produção: No início, a produção era quase que artesanal, e a partir da Revolução Industrial, nos países desenvolvidos o foco era produzir um produto com qualidade, que por si só iria vender sozinho, pela necessidade do consumidor em adquiri-lo. Um bom exemplo foi quando Henry Ford decidiu produzir um automóvel de fácil aquisição pelas pessoas, no entanto a escolha era única, um Ford T da cor preta. A produção em massa garantia um custo de produção baixo e vendas elevadas. Funcionou muito bem naquela ocasião, nesse período a produção tinha o foco principal do negócio muito aplicado na escola científica de Taylor. Eram poucas as escolhas que os clientes podiam fazer, no entanto, os consumidores não demonstravam necessidades específicas como nos dias atuais, antigamente seus interesses eram por produtos em massa UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 12 e não sentiam a necessidade de diferenciação como agora, em que os desejos e necessidades são levados muito em consideração pelas empresas. b) Era das vendas: nessa época, o marketing ainda estava engatinhando, muitas empresas ainda consideravam que vendas e marketing eram a mesma coisa. No entanto,são coisas totalmente diferentes, seria a mesma coisa que dizer: jogar xadrez é o mesmo que jogar damas, ou ainda dizer que biomedicina é igual a biologia, mas o marketing vai além do que vender. Nesse período, observou- se que a produção estava maior que a oferta, assim houve a necessidade de uma maior persistência nas vendas para convencer os clientes a comprarem o que não necessitavam. As abordagens eram tão grandes nos clientes, que eles simplesmente compravam produtos ou serviços sem a sua real necessidade de utilização, atitude hoje conhecida como “compras desnecessárias”. c) Era do marketing: Como é natural, as culturas das pessoas mudam e as empresas foram obrigadas a mudar. Com o pós-guerra, muitos produtos estavam em falta no mercado, ou descobriu-se a sazonalidade nas vendas, pois produtos que vendiam no verão não vendiam no inverno e vice-versa. Nesse período, então, foi que o marketing começou a surgir com maior ênfase, pois a necessidade era de manter o negócio a longo prazo, e buscar a necessidade, desejos e satisfação do cliente, mesmo estando ele sem dinheiro, desde que tivesse a convicção de comprar produtos e serviços. O cliente passou a ser considerado o “rei”. Estudo de caso da Coca-Cola: Quando a empresa resolveu fazer uma mudança do seu produto, em 1981, para um novo sabor com o objetivo de oferecer a coca dietética, os executivos da Coca-Cola insistiram em não atribuir a mudança do sabor mais doce à Pepsi, mas os resultados das pesquisas indicavam a preferência pelo novo sabor, de 55% contra 45%. Porém ocorreu algo diferente, os consumidores iniciaram um protesto depois da introdução do novo sabor. O protesto foi de proporção nacional, em que todos pediam a volta do sabor centenário. A empresa foi obrigada a recuar, pois as vendas caíram, verificando-se a necessidade de retornar o antigo sabor. Foi um problema clássico de marketing, mas no fim, após pesquisas, a marca Coca-Cola ainda era a mais lembrada. (KOTLER; KURT, 2011). d) Era do Relacionamento (mercado): Com esse novo paradigma e a mudança na cultura das pessoas a partir da era do marketing, o foco fica no relacionamento de valorização e de longo prazo, com os consumidores e fornecedores. Nessa era, é o cliente que está ditando o ritmo de consumo e de seus desejos e necessidades, respeitando-se os aspectos preferenciais dos consumidores. Nesse caso, o que prepondera é a satisfação, que envolve a qualidade, o atendimento e a responsabilidade social. Em relação ao pós-venda, não havia muita preocupação pelas organizações, mas com essa transformação cultural foi necessário realizar mudanças para garantir que o cliente voltasse a comprar os produtos de determinada empresa e não do seu concorrente. Portanto, marketing de relacionamento, no que diz respeito às empresas, é garantir a satisfação do cliente para que volte a utilizar e comprar seus produtos, surgindo daí uma relação de longo prazo. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 13 NOTA Podemos perceber que o marketing foi evoluindo durante as décadas e que até a Coca-Cola errou mudando a fórmula do seu refrigerante. Portanto, nos dias atuais é indispensável promover uma pós-venda adequada e que os produtos busquem a satisfação dos consumidores. 2.3 MARKETING 1.0, 2.0 E 3.0 Com uma denominação diferente do tópico anterior, mas que trata da mesma classificação da evolução do marketing, em relação à evolução, o marketing passou por três fases, que segundo Kotler (2012) são chamadas de Marketing 1.0, Marketing 2.0 e Marketing 3.0. Como aconteceu nas Eras do Marketing, as fases também foram sendo alteradas conforme os desejos, necessidades e satisfação dos consumidores. As empresas tinham a necessidade de promover mudanças para que seus produtos fossem bem vistos e consumidos pelos clientes. (KOTLER, 2012) Em relação ao passado, quando a principal tecnologia ainda era referente ao equipamento industrial, o papel do marketing era vender produtos para quem desejava comprá-los, mesmo produtos básicos eram disponibilizados em massa para servir ao mercado. Nesse caso, o maior objetivo da organização era produzir em um número de escala relativamente grande para redução de custos, diminuindo o preço final do produto para que um número maior de consumidores pudesse adquiri-lo. Esse exemplo de grande escala foi protagonizado por Henry Ford com seu famoso modelo T, ocasião em que o empresário afirmava: “O carro pode ser de qualquer cor, desde que seja preto”, portanto essa era a fase do Marketing 1.0, ou seja, o marketing centrado no produto. (KOTLER, 2012) Quando iniciou a era da informação, nasceu o Marketing 2.0. A partir dessa fase, passou-se a observar mais os consumidores, pois com a tecnologia e a informação, estes estavam muito mais decididos e informados dos seus desejos e, com isso, podendo facilmente comparar preços com produtos semelhantes. Foi nessa época que começou a mudança na percepção na compra dos clientes, ou seja, ninguém mais queria apenas a cor preta do modelo T de Henry Ford, e assim, outras empresas, já mais avançadas, passam a disponibilizar automóveis em outras cores. O valor do produto passou a ser definido pelo consumidor, e suas preferências são muitíssimo variadas. Assim, o Marketing 2.0 era orientado para o cliente, onde a regra era o “cliente é o rei”. E nos dias atuais o profissional de marketing tenta chegar ao coração e mente do consumidor, tratando-o com uma abordagem centrada implicitamente, ou seja, oculta, nas campanhas de marketing. Somos induzidos a comprar. (KOTLER, 2012) UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 14 Nos dias atuais, o surgimento do Marketing 3.0 se tornou necessário, pois está voltado para os valores. Os profissionais de marketing passam a olhar para os consumidores como seres humanos plenos: com mente, coração e espírito. Percebe-se que o consumidor está buscando seus anseios de transformação do mundo globalizado, tornando-o mais apresentável e melhor para se viver. Os consumidores pesquisam por empresas que abordam as necessidades de justiça social, econômica e ambiental em sua missão, visão e valores. Resumindo, o Marketing 1.0: o consumidor buscava o que o produto entregava; Marketing 2.0: o consumidor buscava o que o produto entregava, de uma marca que tivesse um bom relacionamento com ele; e o Marketing 3.0: o consumidor busca o que o produto entrega, de uma marca que tenha um bom relacionamento e que contribua de forma positiva para o planeta e as pessoas. NOTA Os consumidores buscam não apenas satisfação funcional e emocional, mas também satisfação espiritual, nos produtos e serviços que escolhem. (KOTLER, 2012, p. 16) Igualmente ao Marketing 2.0, orientado para o consumidor, o Marketing 3.0 tem sua preferência em satisfazer o consumidor, mas a percepção dos valores, missão e visões é muito mais aparente nessa fase, tendo como objetivo oferecer soluções para os problemas da sociedade. (KOTLER, 2012) Kotler (2012) afirma que em momentos de crises econômicas globais, o Marketing 3.0 agrega uma maior relevância na vida dos clientes, geralmente quando são afetadas diretamente as esferas sociais, econômicas e ambiental. As empresas que praticam o Marketing 3.0 normalmente possuem respostas rápidas para enfrentar esses problemas e, consequentemente, fazem com que os consumidores, com suas esperanças, tendem a se espelharem nos valores e missão dessas organizações. Esse modelo de marketing é um diferencial muito eficiente e eficaz nas épocas turbulentas. Para umentendimento melhor, a Tabela 1 apresenta uma comparação entre as fases do Marketing. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 15 TABELA 1 – COMPARAÇÃO ENTRE O MARKETING 1.0, 2.0 E 3.0 Marketing 1.0 centrado no produto Marketing 2.0 voltado ao consumidor Marketing 3.0 voltado aos valores Objetivo Vender produtos. Satisfazer e reter os consumidores. Fazer do mundo um lugar melhor. Forças propulsoras Revolução Industrial. Informação. Nova transformação da tecnologia e informação. Como as empresas veem o mercado Compradores em massa, com necessidades físicas. Consumidores inteligentes dotados de mente e coração. Ser humano pleno, com coração, mente e espírito. Conceito de marketing Desenvolvimento de produto. Diferenciação. Valores. Diretrizes de marketing da empresa Especificação do produto. Posicionamento do produto e da empresa. Missão, valores e visão da empresa. Posição de valor Funcional. Funcional e emocional. Funcional, emocional e espiritual. Interação com os consumidores Transação do tipo um-para-um. Relacionamento um- para-um. Colaboração, um- para-muitos. FONTE: Adaptado de Kotler (2012, p. 18) O marketing, ao passar por suas fases, teve que buscar mudanças para que as organizações pudessem continuar a sobreviver. Existem muitos exemplos de empresas que, com o passar dos anos, continuaram no marketing 1.0, consequentemente, hoje elas não existem mais. Já as empresas que entenderam a mudança do comportamento do consumidor estão cada vez mais prósperas e crescerem, promovendo uma importante mudança em seus valores, missão e visão, como exemplo: McDonalds, Coca-Cola, Nike, Samsung, entre outras empresas estrangeiras. Entre as empresas nacionais que fizeram uso do Marketing 3.0 estão a WEG e a Malwee, situadas na cidade de Jaraguá do Sul, em Santa Catarina. NOTA Não deixe de pesquisar as empresas de sua região que buscam valorizar o cliente através dos valores, missão e visão. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 16 3 O MARKETING E A GLOBALIZAÇÃO Por mais que seja necessário ter conhecimento do passado, é importante que as organizações detenham informações, visto que estas são importantes para analisar esse ciclo em virtude da ocorrência de altos e baixos, uma vez que são situações que podem acontecer em qualquer modelo de negócio. Portanto, é necessário que as empresas estejam preparadas para qualquer tipo de mudança no mercado, pois este é um fato comum no mundo globalizado. Para um entendimento melhor, no Quadro 3 é apresentado o conceito de globalização por alguns autores, vejamos: QUADRO 3 – CONCEITOS DE GLOBALIZAÇÃO Conceito de globalização Autor A globalização implica, em primeiro lugar e acima de tudo, uma prorrogação das diversas atividades nos meios social, político e principalmente econômico, através das fronteiras, de modo que os acontecimentos, decisões e atividades em uma determinada região do mundo podem ter significados distintos para indivíduos e atividades em regiões do globo. Também se pode dizer que é uma força central que conduz a uma velocidade as mudanças sociais, políticas e econômicas que remodelam as sociedades modernas e a ordem mundial. David Held (1999) A globalização é um processo que tem conduzido ao condicionamento crescente das políticas econômicas nacionais pela esfera econômica mundial, e ao mesmo tempo possui uma participação nas relações de interdependência, dominação e dependência entre os atores internacionais e nacionais, incluindo os próprios governos nacionais que procuram colocar em prática suas estratégias no mercado global. Mário Murteira (2003) É a integração entre os países e os povos que tem como resultado uma grande diferença na redução dos custos, principalmente os do transporte e da comunicação, e a exclusão das barreiras artificiais à circulação de produtos, matéria-prima, agronegócios, serviços, capitais, conhecimentos e pessoas. Joseph Stiglitz (2004) FONTE: O autor A partir do momento da globalização, o marketing foi obrigado a acompanhar as mudanças do mercado com esse novo modelo de comércio, sendo que cada país possui uma cultura, dessa forma, não era possível utilizar um modelo padronizado. Cada esfera, cada cultura, cada país possui suas diferenças, dessa forma será necessária uma abordagem diferente de marketing para cada região geográfica do planeta. É sabido que a globalização iniciou pela década de 90 com o surgimento da internet (veremos mais adiante), pois a rápida globalização dos negócios permitiu que o profissional de marketing se tornasse internacional. Para quem acredita que o profissional de marketing tem a vida fácil, está muito enganado, pois enquanto algumas empresas possuem um orçamento grande para o marketing, outras encontram grandes dificuldades para colocar em prática estratégias para alavancar os negócios (BOONE, 2011). TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 17 Os benefícios com a globalização são muito importantes para as empresas, pois ao invés de apenas fazer negócio no país nativo, a abertura do mercado expande para todos os outros continentes, trazendo uma receita adicional com suas operações. Com a abertura de novos escritórios em outros países, os profissionais de marketing encontram novos modelos de negócios, produtos, abordagens para distribuição, comunicação inteligente, podendo esse conhecimento ser aplicado com sucesso em seu mercado doméstico e até em outros mercados internacionais. É importante levar em consideração os mercados internacionais, a cultura de cada povo. Um exemplo apresentado por Boone (2011) aconteceu na China. A Toyota Motor Corp. teve que retirar um anúncio dos jornais, televisão e revistas de circulação durante uma campanha de marketing de um SUV (Sport Utility Vehicle ou “veículo utilitário esportivo) com o nome de Prado Land Cruiser, pois esse nome lembrava uma situação no tempo em que o Japão havia invadido a China em 1937. A palavra Prado, em sua tradução, significa “governar pela força” ou “excesso de força” em chinês. Como a Toyota é japonesa, isso passava uma péssima impressão. NOTA É importante que o profissional de marketing tenha conhecimento da cultura de cada país, região e até a religião de um determinado local em que pretende estabelecer negócios. É interessante lembrar que o profissional de marketing deve conhecer os costumes de cada país, e a utilização da etiqueta internacional se torna uma maneira de agradar o negociador, visto que as culturas são muito importantes para a realização do negócio. Um exemplo: no Japão não se deve cumprimentar com as mãos e nem a esposa do primeiro-ministro ou imperador, a não ser que ele tome a preferência. No passado houve um embaraço com o ex-presidente Barak Obama no Japão, pelo simples movimento de tirar seu casaco e emprestá-lo para a primeira dama. Podemos perceber que é muito complexa a cultura de alguns países. No Quadro 4 são apresentadas algumas etiquetas para um bom negócio global. QUADRO 4 – ETIQUETA PARA UM BOM NEGÓCIO China • Relógios, guardanapos e as cores branca, azul e preta são associadas a morte, em hipótese alguma devem ser dados como presentes. • Refeições à noite são as ocasiões mais populares para entretenimento de negócio. Aguarde um local para sentar e não espere discutir negócio durante a refeição. • Experimente tudo o que é servido (mesmo que não goste) como uma cortesia, mas coma pouco, pois pode haver vários pratos. • Seja pontual, é extremamente importante. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 18 No quadro anterior foram apresentadasapenas algumas considerações e cuidados com as maneiras como devem ser tratadas as pessoas em cada país, no entanto, o profissional de marketing precisa pesquisar sobre cada cultura onde for realizar o negócio, isso é imprescindível. 4 A ORGANIZAÇÃO E O MARKETING A empresa deve estar preparada para quando começa a crescer, por isso é importante a organização dentro de toda a estrutura, pois irá demandar novas contratações, criação de funções e, no caso da falta de organização, a tendência será um total descontrole de todos os processos, dificultando alcançar os objetivos do negócio (LAS CASAS, 2009). A estrutura da organização tem variações conforme o crescimento que está demandando. Pode-se dizer que nas empresas de pequeno porte, o próprio proprietário toma as decisões mais importantes, centralizando na sua pessoa as operações principais da empresa, voltadas para o setor de vendas, pois é importante a busca por receitas. No entanto, quando o negócio se inicia com um grande crescimento, as demandas são outras e o proprietário não terá mais condições de organizar sozinho, ele se distancia do setor de vendas e busca se preocupar com um planejamento e com as tomadas de decisão que poderão levar a empresa a alavancar seus negócios. Dessa forma, é norma a exigência de uma reestruturação na estrutura organizacional (LAS CASAS, 2009). Geralmente, em pequenas empresas não existe um setor específico de marketing, muitas vezes este é adicionado ao setor de vendas. É importante salientar que não existe um trabalho que busca o entrosamento do marketing com o mercado, muitas empresas pequenas apenas têm em mente um único pensamento: “Estou vendendo e dessa forma não preciso de um setor de marketing”. Muito pelo contrário, empresas que desejam crescer têm, sim, necessidade de criar no organograma da empresa um setor ou departamento chamado Marketing. É nesse lugar que serão tomadas decisões para o crescimento de uma empresa. Imaginem se a maior empresa de refrigerante, a Coca-Cola, não tivesse um setor de marketing nos dias atuais, com certeza seria atropelada pela Pepsi e, quem sabe, por outras marcas menos conhecidas ou conhecidas localmente e regionalmente. Na Figura 4, a seguir, Las Casas (2009) apresenta um organograma padrão de empresas que não possuem um departamento ou setor de marketing. África do Sul • Vista-se bem em público em nome de seu anfitrião. • Oferecer presentes de negócio não é a regra. • Aperto de mão varia conforme os grupos étnicos. • Esteja preparado para um churrasco na piscina, principalmente se for um jantar na casa de um sul-africano branco. FONTE: Adaptado de Boone (2011) TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 19 FIGURA 4 – ORGANOGRAMA PADRÃO FONTE: LAS CASAS (2009) Nos novos modelos de organograma, as organizações já em crescimento demandaram um setor ou departamento próprio para o marketing. Lógico que depende de cada empresa desenhar o seu organograma da melhor maneira. Na Figura 5, o modelo apresentado é uma hipótese do que as empresas podem usar em seu organograma, pois algumas delas levam em consideração o marketing como uma estratégia e não apenas como mais um setor administrativo. FIGURA 5 – NOVO MODELO DE ORGANOGRAMA Gerente de Produção Gerente de marketing Gerente Finaceiro Gerente Administrativo Gerente de Vendas Diretor FONTE: O AUTOR Com essa nova nomenclatura, foram necessárias algumas mudanças internas na organização, ou seja, antes eram de responsabilidade do setor de vendas a pesquisa e a propaganda, que passam a ser responsabilidade do setor de marketing, pois é nele que serão tomadas decisões conforme forem realizados estudos de mercado e demanda. Lógico que o setor de vendas tem muito a auxiliar, como demonstrar a sazonalidade e as tendências de mercado, ou seja, ambos os setores devem trabalhar de forma conjunta e contínua, mas cada um com suas responsabilidades estratégicas. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 20 NOTA O organograma da organização depende da(s) pessoa(s) que toma(m) a decisão final da empresa, os modelos apresentados são hipotéticos, mas podem ser levados em consideração na maioria das pequenas e médias empresas. 5 IDENTIFICANDO O COMPORTAMENTO DO CONSUMIDOR O comportamento do consumidor possui inúmeras situações que podem ser identificadas a partir das suas necessidades, no entanto, geralmente é através de alguma influência que ele passa a querer adquirir algum produto ou serviço. É importante ter a compreensão de que o consumidor possui atitudes diferentes, ou seja, quando compra um chocolate, a satisfação é bem diferente de quando irá adquirir um veículo, um eletrodoméstico ou um eletrônico. Na Figura 6 é possível perceber fatores que desencadeiam um processo de compra. FIGURA 6 – PROCESSO DE DECISÃO Necessidade Informações Avaliação Decisão Pós-compra FONTE: Adaptado de Las Casas (2009) Pode-se inferir que o consumidor irá adquirir um produto pela necessidade, a partir dessa situação. Por exemplo, uma oficina mecânica tem a necessidade de comprar um elevador de veículos para facilitar a manutenção da parte inferior, o passo seguinte será buscar informação do modelo do elevador (marca), custo, os benefícios que serão propostos com a aquisição desse novo equipamento. Em seguida, a avaliação, este caso não é propor uma nota, e sim avaliar um grande número de situações, como a oferta (preço e fornecedores), condições de pagamento, características e os benefícios adquiridos. Para finalizar, cabe a decisão de adquirir o melhor produto encontrado no mercado, no entanto, após a compra, o consumidor poderá sentir um complexo de culpa, sendo isto algo psicológico, lembrando que muitas pessoas têm arrependimento na compra efetuada. Para alguns é só a devolução, para outros é um processo de procurar No organograma ainda podemos organizar a hierarquia interna do setor de marketing, adicionando outros departamentos, como: departamento de pesquisa, de propaganda e publicidade, de produtos, entre outros. Cada empresa busca o melhor organograma possível para si, algumas alteram o seu organograma adicionando o setor de vendas logo abaixo do setor de marketing, sendo de sua responsabilidade, e não um setor em separado, como é apresentado na Figura 5. TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 21 elementos que buscam justificar a confirmação da escolha. Na pós-venda o consumidor espera um atendimento adequado quando necessitar tirar alguma dúvida ou solucionar algum problema que possa ocorrer (LAS CASAS, 2009). NOTA Os comportamentos das pessoas são diferentes, independentemente da situação. Tanto que o consumidor poderá arrepender-se da compra. Segundo Las Casas (2009), quando ocorre um desequilíbrio psicológico com o arrependimento da compra, o consumidor tenta diminuí-lo da seguinte forma: a) Busca informações que reforçam a decisão da compra. b) Percebe outras informações reforçando a sua decisão. c) Reforça os aspectos positivos e tenta minimizar os aspectos negativos. O processo de decisão do consumidor deverá ser encarado com extrema importância por parte dos profissionais de marketing, pelo motivo de que esse passa por várias etapas até chegar à decisão de adquirir ou não o produto ou serviço. Para que se compre o produto da empresa, o marketing reforça os procedimentos no consumo, benefícios, características que fortaleçam a escolha no processo de avaliação. É sabido que temos gostos diferentes, mas as empresas tentarão, de todas as formas, convencer o indivíduo a escolher o seu produto e não o do concorrente. 5.1 TIPOS DE TOMADA DE DECISÃO É interessante identificar os tipos de decisão paracada compra, ou seja, dependendo do produto, a situação de compra tem significativas alterações, sendo dividida em três modelos de decisão. Las Casas (2009) apresenta estes modelos no Quadro 5. QUADRO 5 – TIPOS DE DECISÃO Tipos de decisão Envolvimento do indivíduo com a compra Características do conjunto considerado Fontes de informações consultadas Tempo investido Rotineiras Baixo Poucas opções de marca, vendedores e características dos produtos avaliados. Ex.: extrato de tomate, leite, pão, gasolina etc. Internas, pois são ligadas a preço, conveniência e do gosto do consumidor, já sabe o que deseja. O mínimo possível, pois já tem em mente o que deseja adquirir UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 22 FONTE: Adaptado de Las Casas (2009) O processo de compra pode ser levado a duas considerações, ou seja, por dois tipos de influências: a interna e a externa. As influências internas geralmente são levadas por fatores psicológicos, como a percepção, a satisfação, motivação, atitudes e a personalidade do indivíduo. Já as influências externas são geralmente levadas por fatores como a classe social, família, grupos étnicos e a cultura em si. NOTA Quando induzido a uma compra e, já na sua residência, ocorre o fator psicológico de uma depressão pelo fato de o consumidor não estar satisfeito com a aquisição. No entanto, muitas pessoas não fazem a devolução por simples timidez e pela perda de tempo em retornar à loja. O comportamento dos consumidores também leva em consideração a classe social. Muitas vezes, uma pessoa que tem muito dinheiro prefere comprar coisas simples e, muitas vezes, pessoas de classe mais baixa preferem comprar produtos com uma marca mais conhecida e mais cara. Las Casas (2009) apresenta no Quadro 6 o perfil de famílias brasileiras em diferentes classes sociais. Limitadas Moderado Várias marcas, vendedores e características de produtos avaliados. Ex.: roupas, calçados, artigos esportivos. É importante o desenvolvimento da marca para a escolha do consumidor. Internas e algumas externas, através de comparação com outros produtos, sendo ofertas e marcas, mas em um esforço exagerado. Ex.: prefere o refrigerante da Pepsi ao invés da Coca-Cola. Pouco Extensivas Alto Muitas marcas, vendedores e características de produtos avaliados. Geralmente produtos caros, especiais e pouco conhecidos, mas de extrema relevância para o consumidor. Ex.: veículos, casas, notebook etc. Algumas internas e muitas externas (muitas vezes, depende da tática do vendedor para finalizar a compra) Muito (produtos que demandam muito tempo e às vezes anos para se efetuar a compra, como no caso de um imóvel). TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 23 QUADRO 6 – PERFIL DE COMPRA DO MERCADO BRASILEIRO Classe Participação total Característica Padrões de consumo A 30% Classe alta: Gerentes executivos, proprietários de empresas, profissionais liberais, grandes proprietários rurais. Grupo de consumo mais sofisticado: acesso aos bens importados, consumo tipo substituição de modelos, consumidores de juros pela aplicação na poupança. B1 20% Classe média urbana: Profissionais liberais, altos funcionários, empresários médios, proprietários rurais médios. Núcleo fundamental de expansão do setor moderno de mercado. Compra a curto e médio prazo. B2 22,5% Pequenos comerciantes. Base do mercado moderno, compras a médio e longo prazo. C 15% Classe assalariada. Principal suporte do mercado tradicional e dos bens de consumo não duráveis de baixo preço, poder de compra flutua com o salário mínimo real. D 12,5% Trabalhadores rurais, trabalhadores urbanos, marginalizados, marginais sociais em geral. Fora do mercado consumidor moderno e penetrando no tradicional. FONTE: Las Casas (2009, p. 166) No quadro apresentado por Las Casas (2009) pode-se perceber que existem várias classes sociais no Brasil, mas, a princípio, o consumo geralmente depende do poder de compra de cada classe. No entanto, não quer dizer que uma pessoa de outra classe não pode comprar um produto do seu gosto, mas terá que pagar o valor que está na “vitrine”. O profissional de marketing terá muitos desafios para identificar as classes sociais e apresentar um produto para aquele indivíduo sem passar por constrangimento, pois cada pessoa tem uma personalidade e poderá ficar decepcionada com a marca ou loja, por estar sendo comparada com classes sociais mais baixas do que aquela a que realmente pertence. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 24 NOTA O profissional de marketing deverá levar em consideração as atitudes, percepções e a satisfação dos consumidores e perceber o seu comportamento conforme a satisfação e aquisição de um produto, buscando o cuidado para não generalizar as classes sociais. LEITURA COMPLEMENTAR A limonada da crise é a mudança de comportamento do consumidor Estela Benetti O empreendedor Romero Rodrigues, fundador da Buscapé Company, empresa líder em digital commerce na América Latina, foi palestrante no primeiro Meetup Startup SC 2016, realizado quinta-feira à noite no Centro de Inovação Acate Primavera, em Florianópolis. O evento reuniu mais de 600 pessoas, foi uma iniciativa do Sebrae/SC e da incubadora Midi Tecnológico. Romero, que no final do ano passado assumiu a presidência do conselho da Buscapé e se tornou sócio do fundo de investimento em startups Redpoint eventures, conversou comigo sobre o futuro da busca de preços pela web, crise e o cenário do setor de TI de Florianópolis. Graduado em engenharia pela USP, Romero fundou a Buscapé em 1999 com os colegas de universidade Ronaldo Takahashi, Rodrigo Borges e Mário Letelier. Em 2009, eles venderam a companhia para a empresa Naspers, da África do Sul, por US$ 342 milhões. Como vocês fundaram a Buscapé e como foi a evolução dela? A Buscapé começou em 1998. Eu já vinha com amigos de faculdade de Engenharia fazendo exercícios para criar uma empresa. Depois de várias tentativas que deram errado, o Rodrigo (um dos fundadores) estava tentando comprar uma impressora e começou a procurar em sites de busca pela internet. Ele procurou em todos da época – Cadê, Zaz e Uol – e não encontrou nada sobre informação de compra daquele produto. Aí veio a ideia de criar um site em que só se encontrasse produto e preço. Este site nós lançamos em junho de 1999, com 35 lojas e 30 mil produtos, que era 100% da internet brasileira na época. O projeto era inovador, fomos o segundo site de busca de preços no mundo (existia o mySimon no exterior) e até então não tinha havido investimento em empresa de internet noticiado pela mídia, não havia venture capital no Brasil. A gente foi pego de surpresa pela onda que teve. Foi uma onda grande, boa, mas uma só, curta, de 1999 a 2000, de investimentos em internet. Primeiro a gente conseguiu TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 25 levantar recurso numa rodada Seed, bem pequena, depois conseguimos uma rodada maior com o Merrill Lynch e Unibanco, que foi de US$ 3 milhões. Esse dinheiro foi fundamental para a gente levar a empresa para a lucratividade, crescer e transformar a Buscapé no que acabou virando depois. Que conselhos você dá para quem quer empreender na área de tecnologia, abrir um startup? Primeiro eu brinco que empreendedorismo se quebra (divide) em três palavras: em resiliência, consistência eestar disposto a fracassar. Consistência porque você precisa realmente ter consistência no discurso e bater várias vezes até ser bem-sucedido. Há histórias maravilhosas, como a do Airbnb, que vale mais do que qualquer rede de hotel e não tem um prédio. Tiraram sarro quando eles apresentaram o projeto. Você não pode aceitar um não. Tomou um não, deve seguir para frente, continuar com a sua mensagem, criar uma cultura forte. E a resiliência de aguentar os tapas. Você vai tomar tapas e, mesmo assim, tem que seguir. E sobre o fracasso, uma vez ouvi uma analogia boa. O que um startup faz é que você tem hoje todas as grandes empresas. Imagina que elas são esferas. Então, tem gente que olha e fala que não tem espaço – há o Google encostado no Facebook. Mas há quem vê todo o volume que tem embaixo dessas esferas para poder crescer e empurrar para o lado as esferas grandes. Você tem que estar disposto a fazer testes e fracassar, tem que encontrar um ângulo, tem que ter essa teimosia de ficar testando até que o usuário goste do seu produto e passe a usá-lo. Você tem que estar disposto a fazer esses testes e arriscar fracassar. Qual é a tendência para o mercado de busca de preços pela internet? Eu acho que este é um momento muito especial, porque o smartphone está mudando tudo. Quando a gente criou o Buscapé, a ideia original era ter preço de produtos de lojas de rua. Para poder sair para fazer a compra sem perder tempo e gastar muita gasolina. Não era e-commerce. O smartphone muda tudo porque o consumidor tem no bolso, dentro da loja, todos os produtos e preços. Apesar de ser extremamente poderoso para o consumidor e fantástico para o Buscapé, tem outro problema, porque o modelo de negócio muda. O Buscapé, que está acostumado a cobrar para levar o consumidor até a loja on-line e cobrar dela, agora se depara com boa parte das pessoas usando o aplicativo, mas não necessariamente fechando a compra pelo celular na loja on-line ou comprando nessa loja. Ele pode comprar na loja do shopping. Então, apesar de a gente ter as lojas, os preços e o consumidor, o modelo de negócios para esse novo futuro precisa ser reinventado. O que mudou no uso do aplicativo? Temos dois grupos de usuários do aplicativo. Um é o dos que usam para decidir o que vão comprar. As pessoas decidem a compra pelo celular no Buscapé e quando vão comprar pelo computador, não digitam o endereço do portal, só o do Walmart. Muitas lojas acreditam que o tráfego orgânico está aumentando. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 26 Mas, na verdade, são pessoas que usam o Buscapé ou o Google para obter a informação e depois vão comprar direto no site. Eu estou gerando valor, mas não estou capturando valor. Tenho um problema de monetização. O segundo grupo é o mais difícil. É o cliente que está na Casas Bahia ou no Ponto Frio e diz ao lojista que no Walmart está mais barato. Aí o Ponto Frio diz que vai fazer o mesmo preço. Ele usou a ferramenta, mas a monetização, a nossa receita é zero. O celular é um desafio e uma oportunidade. Uma opção é recomendar lojas mais perto da residência de quem compra. Começamos os serviços em 1999 e começamos a cobrar pela primeira vez em 2002. O Buscapé só ficou grande porque estávamos três anos à frente. Se for a mesma coisa, três ou quatro anos é mais fácil porque a empresa é maior. A gente não fala mais de 10 mil usuários, são 20 milhões por mês. Toda vez que você gera valor grande para o usuário, você vai ter um modelo de negócios. O que preocupa é como eu respondo as perguntas dos consumidores. É como o filme do Facebook. Não tem como você ter 500 milhões de pessoas entrando todo dia e não tirar valor disso. Como a crise impacta o setor de tecnologia? O ambiente de crise é uma oportunidade para todo mundo que está aqui neste evento (mais de 600 pessoas), porque a limonada da crise é a mudança de comportamento do consumidor. A receita do Buscapé não está essas coisas porque todos os clientes são varejistas e essas empresas estão supermal. Imagina quem está vendendo geladeira, máquina de lavar, televisão num Brasil como está hoje. Em compensação, a audiência do Buscapé está crescendo 45%, o que não acontecia desde 2009. Isso porque aquele pai de família que ia ao shopping almoçar, comprava uma TV numa loja e voltava para casa assistir ao jogo do seu time não faz mais isso. Ele pesquisa muito mais. A crise fez o consumidor mudar de comportamento. Ele cancela a TV a cabo e contrata o Netflix, cancela o seguro da corretora e vai para o Minuto Seguro procurar um preço mais acessível, em vez de ir direto para o shopping, dá uma olhada no Buscapé antes. Em SP, ao invés de ir ao aeroporto de táxi, que custa R$ 150, ele vai de Uber, que custa R$ 60. Há algumas frases que eu adoro. Uma delas não tem dono: "Hábitos antigos nunca morrem". "Mas se eles morrem, é durante a crise", acrescento. E a segunda é do Winston Churchill, que eu adoro: "Nunca desperdice uma boa crise". O melhor momento para criar uma nova cultura é durante uma crise. Você ingressou no fundo Redpoint eventures que investe inclusive em empresa catarinense. Como vê o cenário de empresas de SC, oportunidades de investimentos? A gente tem a Resultados Digitais que está no nosso portfólio. Acho que há duas análises. Uma é a fotografia. Vejo um ecossistema de inovação pujante, como raríssimos lugares no Brasil. Há algo em São Paulo, em Recife e Joinville está se mexendo um pouco... Mas não vai muito além disso. Mas o mais interessante é o filme e não a foto. O engenheiro sabe usar bem a derivada. O físico adora, mas não TÓPICO 1 | OS CONCEITOS DO MARKETING 27 sabe usar. A gente vê a derivada muito positiva. Infelizmente, não venho tanto a Floripa como gostaria. Mas é uma derivada muito positiva. Olhando num espaço como este (A Acate Primavera), a qualidade das empresas, os empreendedores, os números e as métricas das empresas são muito fortes. O que o Redpoint está mirando mais? O Redpoint tem foco em investimentos série A e série B. Quando a gente pensa em setores, há alguns que a gente mantém um estudo ativo. O que a gente faz é investir em empreendedores incrivelmente bons que vão mudar o mundo. Eu, particularmente, tenho uma visão sempre contrária. Quando todo mundo está olhando para um lado, acho que há uma grande oportunidade atrás de todo mundo. Eu sempre gosto de ter um olhar contraditório. Fonte: Disponível em: <http://dc.clicrbs.com.br/sc/colunistas/estela-benetti/noticia/2016/02/a- limonada-da-crise-e-a-mudanca-de-comportamento-do-consumidor-4979288.html>. Acesso em: 07 abr. 2017. 28 Nesse tópico, você estudou que: • As Eras do Marketing, começando a partir da Revolução Industrial, que iniciou na Inglaterra, e nas demais décadas foi se transformando para buscar um consumidor mais fiel à marca e ao produto. • Foi necessário criar uma organização específica para o marketing dentro das empresas, com a implementação de um gestor de marketing para o gerenciamento de toda a estrutura a fim de apresentar solução como a propaganda, comunicação e fidelização para o consumidor. • Com a chegada da globalização, o “setor de marketing” criado dentro da organização teve a obrigação de promover mudanças nos produtos e serviços para melhorar a imagem perante os novos mercados e sempre conferindo a cultura de cada país, pois muitas vezes o que é feito em um país, em outro pode ser considerado ofensa ou algo inapropriado. • Por fim, foram incluídas no tópico as premissas do comportamento do consumidor, cada qual com sua classe social, e qual nível de poder de compra esses consumidores podem atingir conforme sua faixa salarial e social.RESUMO DO TÓPICO 1 29 1 Com a leitura efetuada do livro didático, é importante salientar a importância do marketing para as organizações, pois este é de fato a porta de entrada para a imagem e vendas dos produtos ou serviços que a empresa oferece. Diante dessa importância, com suas palavras apresente o conceito de Marketing. 2 O marketing não é algo recente, sua existência vem desde o tempo dos reis e rainhas, os faraós do antigo Egito. Os Romanos que influenciaram com sua religião aos demais povos quando esses lugares eram invadidos e adquiridos e muitas vezes pela força, ou mesmo o Famoso “Alexandre, o Grande”. Todos esses indivíduos usavam modelos de marketing, precário em comparação com os dias atuais, porém prevalecendo o poder e a geração de medo nas pessoas. Há mais ou menos 100 anos iniciou-se uma evolução do marketing, e a partir dessa nova filosofia ele foi se transformando durante as décadas. Apresente as quais foram as eras do marketing. 3 Relacione as colunas referentes à evolução do marketing: a) Produção ( ) Relacionamento de longo prazo. b) Vendas ( ) O consumidor domina! c) Marketing ( ) Um bom produto se vende sozinho. d) Relacionamento ( ) Propaganda e vendas criativas. 4 Nós, consumidores, possuíamos alguns desejos e necessidades, temos em mente a satisfação de nossas ansiedades sendo realizada, muitas vezes, por meio da compra, do consumo, por aquisição, lazer ou desfrutar de uma boa alimentação. É uma situação que acontece com todas as pessoas, ou seja, a decisão. E cada ato que fazemos temos a necessidade de decidir alguma coisa, por exemplo: comprar um carro popular ou de luxo, ter uma alimentação saudável ou não, adquirir um perfume importado ou não, e assim seguimos nossas decisões, sejam elas corretas ou não. Apresente qual é a sequência para uma decisão que desencadeia o processo de compra. AUTOATIVIDADE 30 31 TÓPICO 2 ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Para o profissional de marketing, uma situação muito importante que possa agregar os valores, missão e a visão de uma organização para o mercado é o processo de planejamento estratégico, pois é a partir de um planejamento ou plano de marketing (que veremos mais à frente) que ocorre o fortalecimento da imagem da empresa e, com isso, o aumento de suas vendas. No entanto, é importante que esse profissional de marketing tenha os conhecimentos teóricos para assim realizar estratégias a fim de alavancar as vendas através de inovações, tanto administrativas como tecnológicos, e alcançar os objetivos da organização. É lógico que para obter essa diferenciação perante os concorrentes, o desafio para o profissional de marketing é muito grande, pois existem acertos e erros. Cabe identificar o mais rápido possível um deslize acontecido, antes que a situação fique pior, portanto é importante a geração de conhecimento, troca de conhecimentos e experiências e, assim, colocá-los em prática, sempre visualizando as necessidades e desejos do consumidor. 2 O AMBIENTE DE MARKETING, MACROAMBIENTE, MICROAMBIENTE Antes de iniciar e avaliar um planejamento estratégico de marketing é importante identificar o que são os ambientes de marketing e, a partir dessa interpretação, traçar um caminho para o desenvolvimento do produto ou serviço que a organização pretende produzir ou oferecer. O ambiente nada mais é que o posicionamento em que a empresa está inserida no mercado, a partir disso são tomadas decisões para verificar a viabilidade econômica, traçar objetivos para ser competitiva em um mercado cada vez mais crítico pelo favorecimento da informação, também constituído pelas forças internas e externas de uma organização. Cabe ao profissional de marketing estar monitorando diretamente as mutações no ambiente e tomar decisão para adaptar-se conforme for observando as mudanças e a cultura das pessoas (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 32 O ambiente de marketing está relacionado a tudo o que está à sua volta, tanto internamente como externamente, ou seja, existem dois tipos de ambientes, o microambiente e o macroambiente. Sabendo disso, o profissional de marketing deve estar atento às mudanças que ocorrem a fim de criar estratégias e assegurar a vida da organização em mercados cada vez mais acirrados e concorridos. Kotler e Armstrong (2007, p. 56) apresentam os conceitos do ambiente de marketing. • Microambiente: é constituído pelos agentes próximos à empresa que afetam diretamente a sua capacidade de atender seus clientes (a empresa, fornecedores, intermediários de marketing, mercado de clientes, concorrentes e público). • Macroambiente: é constituído pelas forças societais mais amplas que afetam o microambiente (forças demográficas, econômicas, naturais, tecnológicas, políticas e culturais). FIGURA 7 – AMBIENTE INTERNO, MACROAMBIENTE E MICROAMBIENTE MACROAMBIENTE - Social Geográfica - Cultural - Econômico - Natural - Tecnológico - Políticas MICROAMBIENTE - Fornecedores - Intermediários - Concorrentes - Clientes - Públicos AMBIENTE INTERNO (Empresa) - Produção - Financeiro - Recursos Humanos - Comercial - MKT, 4 Ps. FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2007) Conforme se pode observar na Figura 7, o ambiente interno está ligado à estrutura interna da empresa, ou seja, são as variáveis que podem ser controladas, podem ser alteradas mais facilmente quando ocorrem mudanças no ambiente externo da organização. Já o microambiente e o macroambiente são variáveis em que não temos o controle, pois vão depender do comportamento dos TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 33 consumidores, sendo que quando ocorrem é necessário a empresa estar atenta a essa transformação (KOTLER; ARMSTRONG, 2007). O ambiente interno é considerado o ambiente incorporado, ou seja, o que está dentro da organização, e geralmente existem conflitos entre os setores/ departamentos na administração da organização, mas que são normalmente resolvidos com rapidez, pois estão sob o controle da empresa (TAVARES, 2010). • Produção: é o produto que a empresa possui como ramo de negócio para vender aos consumidores, por exemplo: fabricar eletrônicos, como celulares, televisão, aparelhos de som etc. • Financeiro: é a parte da organização que controla as finanças, ou seja, cuida do dinheiro, contas a pagar e receber. • Recursos Humanos: responsável pela contratação e desenvolvimento da mão de obra, tem como finalidade cuidar e observar os funcionários. • Comercial: conhecido como departamento ou setor de vendas, tem a responsabilidade de vender os produtos que a empresa produz. • Marketing: responsável por adquirir novos clientes e aumentar o alcance dos produtos da organização (muitas empresas ainda misturam comercial com marketing). O microambiente em uma organização está sob a responsabilidade da administração de marketing, que possui como objetivo buscar e atrair novos clientes, relacionando-se com eles e buscando manter os já existentes, garantindo a satisfação pelo serviço prestado. Para tanto é necessário o envolvimento de toda a organização e a dependência de outros atores do microambiente, como pode ser visualizado na Figura 7. O sucesso depende do conhecimento e da interpretação que poderá ocorrer, pois não temos controle dessas variáveis, sendo elas (KOTLER; ARMSTRONG, 2007): • Empresa: no momento em que iniciar um plano de marketing, a gerência de marketing deve levar em consideração outros setores/departamentos da empresa, tais como: a diretoria estratégica, finanças, pesquisae desenvolvimento, suprimentos (compras), produção e contabilidade, formando assim o ambiente interno que, por sua vez, traz impactos aos planos e às ações de marketing. (A empresa é uma variável controlável). • Os fornecedores: responsáveis pela matéria-prima para a organização ter condições de agregar valor em seus produtos, são uma conexão muito importante e podem afetar seriamente o marketing, ou seja, podendo atrasar a entrega da matéria-prima e, consequentemente, criar um efeito dominó, sendo a organização capaz de não entregar o produto no tempo programado. • Os intermediários: são considerados empresas que prestam serviços à organização, têm por finalidade auxiliar na promoção em vender e distribuir os produtos (bens) aos consumidores finais. • Clientes: são todos aqueles que podem adquirir os produtos da organização e a eles deve-se concentrar toda a atenção. Deve-se identificar quais são os possíveis clientes: o mercado consumidor, o mercado industrial, o mercado revendedor, o mercado governamental e o mercado internacional. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 34 • Concorrentes: é importante que os profissionais de marketing estejam atentos aos seus concorrentes, buscando vantagens competitivas e não apenas direcionar- se às necessidades e desejos dos consumidores-alvo. • Os públicos: é considerado qualquer grupo que tenha vantagem tangível ou potencialidade que cause impacto na capacidade da organização em alcançar seus objetivos. São considerados públicos: financeiro, mídia, governamental, defesa do consumidor, local e o geral. O macroambiente da empresa e todos os outros atores que operam fora da organização também são considerados variáveis, pois não se tem controle dessas forças, que possuem o objetivo de oferecer oportunidades e ameaças. Kotler e Armstrong (2007) apresentam as principais forças do macroambiente: • Ambiente social demográfico: pode ser considerado como estudo da população humana em divisão da extensão, localização, densidade, idade, sexo, raça, ocupação, entre outros vários dados estatísticos. De interesse dos profissionais de marketing pelo motivo do envolvimento de pessoas, pois são as pessoas (consumidores) que constituem os mercados. • Ambiente econômico: outra variável muito importante, pois os mercados são dependentes dos consumidores pelo poder de compra que possuem. Quando a economia não está bem, a tendência dos consumidores é diminuir o consumo, consequentemente apenas adquirem o que é necessário, seus desejos irão retornar apenas quando a economia estiver em crescimento. • Ambiente natural: a tendência em todo o mundo é de as pessoas pensarem no meio ambiente, isto é, nos recursos naturais e a importância que estes têm para elas. O profissional de marketing deve estar preparado para essa tendência do mercado, pois com o alto grau de poluição, se as empresas não tomarem conhecimento dessa mudança de cultura, terão grandes prejuízos, pois os consumidores não irão mais adquirir produtos poluentes e que não sejam sustentáveis. • Ambiente tecnológico: é o ambiente que mais traz mudanças, ou seja, está constantemente evoluindo, pois cada vez mais estamos dependentes da tecnologia. Hoje é considerada, talvez, a maior força significativa que molda nosso destino. A tecnologia pode ser tanto benéfica como maléfica, pois por um lado apresenta grandes perspectivas com a saúde, remédios, operações financeiras, de produção e consumo, mas também como perspectiva na combinação com armas letais, bombas etc. • Ambiente político/legal: outra variável que apresenta grandes problemas para a organização são as decisões no desenvolvimento do ambiente político. Temos alguns exemplos de políticas na América Latina que mostram a decadência de uma república quando existe o autoritarismo. Em um ambiente constituído de leis, agências governamentais e grupos de pressão, estes tendem a influenciar e restringir as empresas e consumidores na sociedade em que estejam inseridos. • Ambiente cultural: normalmente constituído por instituições não governamentais, são forças que tendem a afetar os valores básicos, as percepções, as preferências e os comportamentos da sociedade. Os valores culturais, dependendo da região em que a organização está inserida, são muito relevantes, por exemplo: religião, crenças, escola, ou seja, é aquilo em que as pessoas acreditam. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 35 Em um ambiente, seja ele macro ou micro, o profissional de marketing deve estar preparado para criar estratégias em que o foco seja levar em consideração as variáveis apresentadas, principalmente estimando os valores e as crenças dos consumidores. De nada adianta à organização vender roupa para o verão em países em que a temperatura máxima não passa de 15 graus Celsius, ou vender terrenos para agricultores no deserto do Saara. O profissional dessa área deve levar em conta todas as variáveis, pois apenas dessa forma poderá montar um plano de marketing eficiente, capaz de alavancar o produto ou serviço que deseja implantar em determinada região. NOTA O microambiente e o macroambiente jamais poderão deixar de ser percebidos e observados pelo profissional de marketing, pois só assim a chance de sucesso da organização poderá ser alcançada. 3 O PROCESSO DE PLANEJAMENTO DO MARKETING No planejamento de qualquer que seja o ramo de negócio da organização, independentemente do seu tamanho, deve-se desenvolver um modelo ou método para alcançar um objetivo. Antes de qualquer situação, deve-se identificar quais são os valores e a missão da empresa, ou seja, até onde ela quer chegar a partir de um ponto inicial para a sobrevivência do seu negócio em um ambiente com concorrentes. 3.1 PLANEJAMENTO DE MARKETING Em qualquer empresa, de qualquer ramo, é importante criar um planejamento dentro da estrutura para se chegar a um ponto determinado. O mesmo acontece com as pessoas, temos que planejar o quanto podemos gastar do nosso salário com lazer, aluguel, água, telefone, energia elétrica, escola dos filhos, entre outros, e muitas vezes sabemos que não é suficiente, somos obrigados a cortar “aqui e ali” para não ficar no negativo. Nas organizações, sejam elas grandes, médias ou pequenas, não é muito diferente, pois quando algo de errado acontece, esse planejamento deverá ser revisto e feitas alterações para acompanhar o que está acontecendo no momento no mercado. O planejamento estratégico é o processo administrativo de desenvolver e manter uma viabilidade entre os objetivos organizacionais e os recursos e as oportunidades de mercado em constante mutação. O alvo do planejamento estratégico é configurar e reconfigurar o negócio da empresa e seus produtos de forma que eles combinem produção de lucros e crescimento (KOTLER; KURT, 2011, p. 73). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 36 QUADRO 7 – TIPOS DE PLANEJAMENTO Nível administrativo Tipos de planejamento Exemplos Diretoria, presidentes (CEOs), diretores operacionais, vice-presidentes de divisão, gerentes intermediários. Estratégico Objetivos organizacionais, estratégias fundamentais, planos de longo prazo, orçamento total. Gerente geral de vendas, gerente de unidades de negócios, diretor de pesquisa de marketing. Tático Planos trimestrais, semestrais e anuais, procedimentos e política de divisão. Gerentes de venda local, supervisor de telemarketing Operacional Planos diários e semanais, orçamentos das unidades, procedimentos e regras dos departamentos. FONTE: Adaptado de Boone (2011, p. 45) Ao ser distribuído o tipode planejamento conforme o nível administrativo, é importante salientar que cada CEO, diretores, gerentes e supervisão estão claramente identificados com suas funções, assim, nenhum interfere no planejamento do outro, apenas é seguido o planejamento principal, no caso, o “estratégico”. Segundo Boone (2011), planejamento é seguir os objetivos da organização, sendo eles de curto prazo (seis meses) ou longo prazo (cinco anos), em constante movimentação conforme as mudanças econômicas e as tendências dos consumidores. Para seguir a sequência do planejamento estratégico voltado para o marketing, é importante a organização definir o negócio, sempre ligado aos seus objetivos, valores e missão, respeitando o grupo de consumidores a serem atendidos, as necessidades desses consumidores e a tecnologia necessária para satisfazer suas necessidades. (COBRA, 1992). No Quadro 8, a seguir, Cobra (1992) apresenta exemplos de empresas com definições em relação aos seus objetivos, tanto orientados para o produto como para o mercado. Os exemplos, apesar de antigos, com exceção da Xerox e Os Trapalhões, a ideia é mostrar que, se o planejamento não for eficiente e eficaz, o negócio poderá extinguir, como no caso dos comediantes. Infelizmente não vivemos para sempre, e no caso da empresa, uma má administração é fonte para o seu declínio no mercado. Boone (2011) vai além quando se trata de planejamento, em seus estudos o autor apresenta diferentes níveis administrativos para enfatizar os procedimentos através da missão, objetivos e valores que a organização defende para o seu crescimento. No Quadro 7 ele apresenta os três modelos de planejamento em diferentes níveis administrativos. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 37 QUADRO 8 – OBJETIVOS DAS EMPRESAS Organização Definição: Orientação para o produto Definição: Orientação para o mercado Petrobrás Nós produzimos derivados de petróleo. Nós buscamos soluções energéticas. Xerox Nós fazemos copiadoras. Nós ajudamos a desenvolver a produtividade nos escritórios. Os Trapalhões Nós fazemos cinema, televisão e shows. Nós proporcionamos entretenimento. Avon Nós fazemos cosméticos. Nós vendemos esperanças. Coca-Cola Nós fazemos refrigerantes para matar a sede. Nós fazemos comunicação. FONTE: Adaptado de Cobra (1992, p. 53) NOTA Nos dias atuais, para quem é da década de 90 ainda é comum usar em alguns lugares a marca Xerox para se referir a tirar cópia em uma máquina da HP, Epson e Samsung (etc.), esse tipo de marketing é o que todas as empresas desejam, ou seja, serem lembradas pelo que fazem. Podemos perceber que cada organização apresenta um modelo dos objetivos que deseja alcançar conforme o seu ramo de negócio, ou seja, até comédia, que é representada por pessoas, tem sua missão, os seus valores e os objetivos que deseja buscar e tornar excelência no que faz. Para alcançar seus objetivos, missão, valores e visão, é necessário que as empresas façam um planejamento estratégico adequado em que busquem equilíbrio, tanto pessoal, profissional e empresarial, todos deverão trabalhar de forma que garantam o sucesso da organização. É importante ter um diferencial dos seus concorrentes com metas gerais com relação à filosofia da organização, e assim satisfazer os desejos e as necessidades dos consumidores. Peter Drucker, o guru da administração, afirma que a missão deverá caber em uma camisa, sendo breve e de fácil lembrança para todas as pessoas que fazem parte da organização. Mesmo assim, algumas empresas ainda preferem usar modelos maiores, podemos verificar nos exemplos: • Empresa Pro Shops: “Ser o melhor comerciante de produtos recreativos para espaços ao ar livre, inspirar pessoas a amar, a aproveitar e a preservar o espaço externo” (BOONE, 2011). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 38 • Avon: “Ser a companhia que melhor entende e satisfaz as necessidades de produtos, serviços e autorrealização das mulheres no mundo todo” (AVON, 2011). • Natura: “Nossa razão de ser é criar e comercializar produtos e serviços que promovam o Bem-Estar/Estar Bem. Bem-Estar é a relação harmoniosa, agradável, do indivíduo consigo mesmo, com seu corpo. Estar bem é a relação empática, bem-sucedida, prazerosa, do indivíduo com o outro, com a natureza da qual faz parte e com o todo” (NATURA, 2011). • Coca-Cola: Refrescar o mundo – em corpo, mente e espírito. Inspirar momentos de otimismo – através de nossas marcas e ações. Criar valor e fazer a diferença – onde estivermos, em tudo o que fizermos. (COCA-COLA, 2015) • Nike: "Trazer inspiração e inovação para todos os atletas do mundo" (NIKE, 2017). • McDonald’s: Trabalhamos, diariamente, para sermos o restaurante favorito dos nossos consumidores. Para atingir esta missão, os nossos valores estão na base daquilo que somos, daquilo que fazemos e de como trabalhamos. (MCDONALD’S, 2017) Apesar da maioria das organizações ter preferência por frases longas, cabe ao profissional de marketing observar qual é o melhor slogan para a missão da empresa. Vale lembrar que não estamos discutindo se o modelo da missão está correto ou não, mas sim, fazer uma apresentação de modelos que as organizações utilizam. Como dificilmente as pessoas irão lembrar, o interessante é criar um slogan com uma frase menor para descrever a missão. Kotler (2011) apresenta um modelo para iniciar o processo de planejamento estratégico para uma organização, pois, como já se sabe, após a criação da missão vêm os objetivos e os valores da organização. O modelo apresentado é genérico, podendo ser usado em qualquer empresa. No entanto, dependendo do ramo do negócio, é importante fazer algumas modificações. Pode-se perceber na Figura 8 a sequência para iniciar um processo, ou seja, o planejamento, a implementação e o controle. FIGURA 8 – PLANEJAMENTO, IMPLEMENTAÇÃO E CONTROLE Planejamento Implementação Controle Planejamento corporativo. Planejamento divisional. Planejamento do negócio. Planejamento do produto. Organização. Implementação. Mensuração dos resultados. Diagnósticos dos resultados. Adoção de ações corretivas. FONTE: Adaptado de Kotler (2009) TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 39 O processo para um planejamento estratégico, conforme a Figura 8, obedece a uma sequência e, assim, muitas vezes há necessidade de modificá-la, conforme as alterações do mercado com os produtos que a organização esteja oferecendo. (KOTLER, 2009) • Planejamento Corporativo: é a visão total de toda a organização. • Planejamento Divisional: é a divisão das operações que serão realizadas, ou seja, a definição de quem vai realizar o que foi planejado. • Planejamento do Negócio: é até onde a empresa deseja chegar com o seu negócio, ampliar ou apenas a sequência de um tipo do ramo em que a empresa está inserida. • Planejamento do Produto: é a formação e o desenvolvimento de um ou mais produtos para serem inseridos em um mercado. • Implementação: é o momento em que o planejamento é colocado em prática. • Controle: é a verificação dos resultados com a necessidade, algumas vezes, de realizar a correção no planejamento. NOTA O desenvolvimento do planejamento está inserido nos valores, visão e objetivos da organização. Boone (2011) apresenta um modelo de planejamento com objetivos e metas para serem alcançados. O exemplo apresentado é apenas hipotético. • Gerar lucros de 10% nos próximos 12 meses. • Conseguir 20% de participação no mercado até 2010. • Introduzir 50 novas lojas no próximo ano. • Desenvolver 12 novos produtosem 24 meses. NOTA Caso desejar, pesquise o desenvolvimento estratégico das lojas Havan, o estudo de caso dessa empresa é muito promissor e apresenta o seu plano para o crescimento. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 40 4 A ESTRATÉGIA DE MARKETING Quando se fala em estratégia, muitas vezes é considerado como planejar algo para introduzir algum bem ou serviço no mercado, no entanto vai mais além do que apenas essa situação. A estratégia de marketing pode ser considerada como um programa geral que abrange toda a estrutura da organização, ou seja, desde o porteiro até o presidente da empresa, pois tem como objetivo a seleção de um mercado-alvo, específico para buscar satisfazer os consumidores, desde o produto, distribuição, comunicação e preço, e consequentemente agregar esse conjunto de situações em uma estratégia geral do marketing (BOONE, 2011). O intuito dessa estratégia é monitorar e elaborar mudanças assim que forem identificadas alterações no mercado, pois sabe-se que empresas que não têm informações estão propícias a perder mercado e até muitas vezes ocorre o seu fechamento, por isso é muito importante saber o que está acontecendo com os consumidores, identificando suas necessidades e desejos. Quando se tem a necessidade de criar estratégias, é preciso obter ferramentas para que se possa identificar as mudanças que giram em torno de um produto ou serviço, para tanto, é fundamental estar informado. Porter (1980) apresenta um modelo estratégico de força que é utilizado por muitas empresas dos mais diversos segmentos, mas é importante salientar que cada ramo de negócio deverá ser adaptado, lembrando que não existe uma receita pronta, cada empresa é única, e, portanto, é importante o profissional de marketing estar atento É sabido que de tempos em tempos é necessário rever o planejamento estratégico. Diante dos fatos, é importante a empresa realizar pesquisas periodicamente para identificar mudanças na estrutura da organização, bem como no mercado. Drucker (1998) apresenta algumas perguntas que os gestores devem realizar para uma autoanálise do que pode estar acontecendo no mercado. a) Qual é o nosso negócio hoje? b) Quem é o nosso cliente hoje? c) Qual é o valor do nosso negócio para os nossos clientes? d) Qual será o nosso cliente amanhã? e) Qual deveria ser nosso negócio hoje? f) Qual será nosso negócio amanhã? As perguntas acima é importante fazê-las de tempos em tempos, pois as mudanças nos dias atuais são consideravelmente muito mais rápidas que no passado, ou seja, hoje é o cliente quem manda. E temos que levar em consideração em qual país estamos inseridos, devido ao protecionismo, monopólio e barreiras comerciais, ou seja, não podemos generalizar, e nem todas as situações que o marketing realiza em um país desenvolvido poderão ser aplicadas em um país em desenvolvimento. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 41 com as mais diversas situações e mudanças que poderão ser enfrentadas nas mais diferentes áreas da indústria, comércio e serviços. Na Figura 9 pode-se verificar o modelo que devemos tomar como iniciativa para criar uma estratégia de mercado, ou seja, são situações para as quais se deve prestar atenção para tomar decisões no futuro, e esse futuro pode ser amanhã. FIGURA 9 – MODELO ESTRATÉGICO DE PORTER Novos concorrentes Poder de barganha dos compradores Poder de barganha dos fonecedores Rivalidade entre concorrentes Ameaça de produtos substitutivos A internet transfere maior poder para os consumidores finais. A internet tende a aumentar o poder de barganha dos fornecedores. A internet minimiza diferenças entre concorrentes A internet diminui barreiras de entrada. A internet cria novas ameaças substitutas. FONTE: Adaptado de Porter (1980) Nesse modelo apresentado por Porter na Figura 9 pode-se perceber que mesmo em 1980, quando a internet ainda era apenas usada para fins militares, já podia ser igualada ao sistema de internet para os dias atuais. Portanto, organizações de grande porte que não estão ligadas à internet tendem a ver suas vendas caírem, e caso não tomarem uma mudança estratégia radical segundo o modelo apresentado, terão sérios problemas e, consequentemente, poderão desaparecer do mercado. NOTA Fique atento aos consumidores, pois, ao perceberem que o seu concorrente possui um produto ou serviço melhor, é provável que irão trocar de fornecedores. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 42 Boone (2011), em suas análises, salienta que o consumidor tem todo o direito de trocar seu fornecedor, independentemente do que esteja buscando. Quando os profissionais de marketing percebem essa atitude, devem tomar providências para que esse consumidor não deixe de adquirir seus produtos ou serviços. Cabe ao profissional de marketing buscar novos mercados, alteração de preços, ou ainda, competir com outras formas e garantir sua sobrevivência ou vantagem competitiva. Por exemplo, assim que os clientes percebem que o açúcar está demasiadamente elevado para sua dieta e que pode ser prejudicial à saúde, as empresas de açúcar tiveram que tomar mudanças rápidas e eficazes, como a introdução de adoçantes. Nem sempre uma estratégia que deu certo para uma organização poderá dar certo para outra, pois, como já foi informado, cada organização tem sua personalidade, um produto ou serviço específico, e assim, cada qual deverá realizar alterações em suas receitas estratégicas. Boone (2011) apresenta uma estratégia em que ser o primeiro a entrar no mercado terá chances de garantir sua superioridade em relação às outras empresas. Existe, também, a estratégia do seguidor, mas qual é a melhor? Indiferentemente de qual a estratégia é seguida, é importante salientar que ambas têm seus prós e contras, vejamos nos exemplos: • Primeiro a entrar: a empresa Ebay foi a pioneira a criar leilões on-line e obteve um grande sucesso. A Amazon, que apenas vendia livros, passou a vender joias com preços de U$ 45,00 até U$ 93.000,00, outro sucesso de vendas. Por outro lado, a Apple, com seu palmtop Newton, não obteve o mesmo efeito, trazendo um grande prejuízo para a organização. • Seguidoras: por outro lado, as seguidoras têm como estratégia verificar o que seus concorrentes estão fazendo, analisando os sucessos e fracassos, sempre atentas à inovação para permanecer no mercado e ganhar vantagens com os erros das outras organizações. Um exemplo é a Microsoft, uma das maiores empresas de software do mundo. A partir das necessidades das organizações, muitas estão utilizando a análise SWOT (Strenghts – Pontos fortes, Weaknesses – Pontos fracos, Opportunities – Oportunidades, Threats – Ameaças), sendo esta uma ferramenta de extrema importância para que os gestores das mais diversas áreas da organização obtenham uma visão crítica dos ambientes tanto internos como externos, o que auxilia no cumprimento da missão da empresa (BOONE, 2011). Na Figura 10 pode-se visualizar um procedimento para análise SWOT, sendo que é importante interpretar as informações que estão sempre em constante mutação, e é imprescindível que a empresa realize as alterações o mais rápido possível, de forma eficiente e eficaz, para não perder mercado, quando já inserida nele, ou ainda na abertura de novos mercados. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 43 FIGURA 10 – ANÁLISE SWOT - Vantagens de custo. - Recursos financeiros. - Fidelidade dos clientes. - Patentes. - Instalações de produção modernas. PONTOS FORTES: - Linha deprodutos muito limitada. - Falta de gestão aprofundada. - Operação de alto custos pelo motivo dos custos elevados com a mão de obra e instalações obsoletas. - Capacidade financeira limitada. - Imagem fraca no mercado. PONTOS FRACOS: - Mudança do gosto dos clientes. - Políticas de governo adversas. - Provável entrada de novos competidores. AMEAÇAS: - Entrada em novos mercados. - Aquisição de firmas com tecnologias necessária. - Novidade em uma linha de produtos. OPORTUNIDADES: Restrições Vulnerabilidades Alavancagem Problemas FONTE: Adaptado de Boone (2011) O profissional de marketing deverá estar atento à questão da análise SWOT, pois é uma ferramenta de grande utilidade para a organização traçar uma estratégia identificando as oportunidades e ameaças, para assim garantir a sobrevivência da empresa, independentemente do ramo de negócio em que esteja inserida no mercado. A janela da estratégia acontece em períodos limitados, ou seja, é como um velho ditado: aquele que deixa para amanhã, aí poderá ser tarde demais. Dessa forma, é a escolha do melhor momento para inserir um novo produto no mercado, mas isso requer uma análise completa, como: a) Condições ambientais externas atuais e futuras. b) Capacidades interna atual e planejada da empresa. c) Como e quando a organização poderá conciliar as condições ambientais e suas capacidades com a implantação de uma ou mais estratégias de marketing (BOONE, 2011). UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 44 NOTA Percebe-se que a escolha de uma estratégia de marketing leva muito em consideração as variáveis, e, portanto, é necessário que se tenha informações e dados suficientes para uma tomada de decisão correta, para isso é importante a pesquisa, que veremos na segunda unidade do livro. 4.1 ESTRATÉGIAS DE CRESCIMENTO Assim como as pessoas pretendem crescer profissionalmente, as empresas também têm essa consciência de sobrevivência e crescimento no mercado, para tanto devem tomar decisões, muitas vezes, por meio de variáveis, no entanto pode-se ter ideias de promover estratégias que, talvez no meio do caminho, seja necessário alterá-las. NOTA Quando se faz um planejamento estratégico, muitas vezes pelo motivo de diversas variedades, a organização é obrigada a rever suas decisões. Cabe a ela estar sempre buscando informações através de pesquisas e monitorando o mercado. Para auxiliar o gestor de marketing, a BCG (Boston Consulting Group), empresa especializada em consultorias, desenvolveu um modelo matriz de crescimento e participação do mercado, conforme se pode observar na Figura 11. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 45 FIGURA 11 – MATRIZ DE CRESCIMENTO DA BCG Estrelas Oportunidade Vacas Leiteiras Abacaxi Alta - Participação relativa do mercado - Baixa B ai xa - C re sc im en to d e m er ca d o - A lt a • Geradores de recursos financeiros; • Sem exigênica de muitos recursos financeiros; • Recursos realocáveis. • Gera poucos recursos financeiros; • Não há crescimento no mercado; • Melhor mudar de negócio. • Inicialmente gera pouco recursos financeiros; • Perspectiva de Crescimento; • Decisão de Risco. • Altamente atrativo; • Gera muitos recursos; • Investimentos constantes e significativos. FONTE: Adaptado de Kotler (2011, pág. 79) Em relação ao BCG, existem muitas variáveis que devem ser levadas em consideração para o crescimento da organização, bem como ter um desempenho melhor que seus concorrentes. Para isso é necessário observar em qual estágio o produto ou serviço se encontra, ou seja, diagnosticar as vantagens e desvantagens que possam dar continuidade no processo em que a organização está inserida no mercado. Kotler (2011) apresenta as quatro fases da ferramenta Matriz da BCG que poderão auxiliar nas tomadas de decisão ao profissional de marketing. a) Oportunidade: Nesse caso, o produto ainda está com um mercado em baixa, mas com alta taxa de crescimento, portanto é necessário identificar quais produtos recém-lançados, mesmo que ainda estejam diversificados em poucos mercados, têm tendência de crescimento, no entanto é necessário ficar atento ao produto líder já existente no mercado. Deve-se lembrar que para iniciar uma nova oportunidade, a necessidade de investimento é muito alta, como de infraestrutura, pessoal e equipamentos para acompanhar o mercado caso o produto tenha uma alavancagem além do planejado. Outro detalhe das organizações, mas que não é uma regra, é tentar introduzir um produto ou um segmento no mercado que não esteja pulverizado; é interessante fazer um investimento em mercados pouco saturados pois, consequentemente, o crescimento se torna mais rápido com maiores lucros. b) Estrelas: Pode-se dizer que as estrelas são os produtos bem-sucedidos, ou seja, um líder com alto crescimento, no entanto, não significa que esse produto gere receitas positivas para a organização. Dessa forma, a empresa deve alocar recursos para manter a alta taxa de crescimento no mercado e tentar se defender de todas as formas dos concorrentes. Um exemplo que ocorreu por anos foi o VW Gol, ele era a estrela da Volkswagen, apesar de vender muito gerava pouca lucratividade. Após a empresa deixar em segundo plano e investir em outro produto, no caso o Up, percebeu que a estratégia não foi acertada, visto que UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 46 o consumidor resolveu mudar de hábitos e gostos e passou a buscar veículos como os SUVs. Toda empresa precisa ter uma estrela, ou seja, um produto que vende muito, mesmo que não tenha muita lucratividade. c) Geradora de caixa: Um produto que é o carro forte da empresa, ou seja, a vaca leiteira que gera muito lucro devido à grande quantidade em números de venda e pelo período que está no mercado, e que quando em determinado momento perde cerca de 10 % do mercado, ainda são consideradas geradoras de caixa, no entanto, mesmo que ocorra uma baixa maior no mercado, a organização tem sua receita focada na quantidade produzida, ou seja, está ganhando dinheiro pela escala de produção. Quando esse gerador de caixa iniciar um declínio, a organização deverá ficar preocupada, em virtude de não poder mais injetar recursos nesse produto, caso contrário, colocará em risco a saúde financeira do negócio e o produto poderá se tornar um abacaxi. d) Abacaxis: Aqui os abacaxis são identificados como produtos com baixa participação de mercado, baixo crescimento e geram pouco lucro, ou, às vezes, dão prejuízo, embora auxiliem com alguma receita financeira. Muitas vezes, quando uma organização está inserida no mercado, mas a demanda por um produto (abacaxi) seja de pouco procura, a empresa percebe que é necessário estar presente nesse mercado, continua com essa estratégia para manter um determinado cliente. Um exemplo que muito acontece são as montadoras de carros, um veículo pode ter um giro de vendas baixo, mas está em um segmento que, mesmo em baixa, tira consumidores das outras montadoras de veículos. Por exemplo, por mais que a Ford tem baixas vendas com o Focus Sedan, ela tira consumidores do Toyota Corolla. No entanto, quando o giro de vendas é muito baixo, o correto é se desfazer desse abacaxi, foi o que a Fiat fez com o Línea, descontinuando a produção. NOTA Ao perceber que um produto se torna abacaxi no mercado, as empresas têm duas opções: ou investem no produto para verificar se em algum momento ele gera crescimento novamente, ou apenas descontinuam o produto. Cabe aos gestoresestratégicos decidirem a sequência a ser dada para o futuro da organização. O modelo BCG também pode ser considerado como o ciclo de vida de um produto, muitos conhecem como: introdução, crescimento, maturidade e declínio. No entanto, iremos utilizar a nomenclatura a seguir: Oportunidade, Estrela, Vacas leiteiras e Abacaxi. No Quadro 9, a seguir, apresenta-se um modelo do ciclo de vida de um produto. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 47 QUADRO 9 – O CICLO DE VIDA DO PRODUTO Introdução – Oportunidade É quando o produto é inserido no mercado, tem baixo consumo e volume de produção. Crescimento – Estrelas Produto já caracterizado no mercado, alto consumo e vendas, aceitação dos consumidores. Percepção para possíveis concorrentes. Maturação – Vacas Leiteiras É quando o produto está iniciando sua saturação no mercado, as vendas e os lucros ficam estabilizados. Esse processo inicia quando a empresa tem a necessidade de investimento alto para manter o produto no mercado. Declínio – Abacaxi É quando o produto inicia o seu declínio, ou seja, começa a perder participação no mercado, geralmente pela queda das vendas e dos lucros. As situações são as mais variadas para isso acontecer, ou seja, o surgimento de produtos mais modernos, substituição de linha, falta de necessidade, entre outras. FONTE: Adaptado de Kotler (2011) 4.2 ESTRATÉGIA DA FORÇA DO NEGÓCIO Como foi possível observar anteriormente, um produto ou serviço de qualquer tipo de ramo de negócio possui um ciclo de vida, e o importante para a organização é identificar o momento em que está se vivendo para tomar novas decisões, mudar as estratégias e, consequentemente, alavancar com novos produtos, novas inserções no mercado, promoções e, muitas vezes, a necessidade de gerar uma nova estratégia para o crescimento e a sobrevivência da empresa. O consumidor, muitas vezes, tem por costume seguir novidades. Isso, é claro, depende de cultura para cultura, por exemplo: o brasileiro está cada vez comprando mais automóveis SUVs (Sport Utility Vehicle, que significa “veículo utilitário esportivo”), deixando de lado carros de porte médio. Com essa mudança de cultura foi necessário que as empresas investissem nesse segmento para não perder seus clientes, já que outras estavam incorporando esse modelo de veículo em seu portfólio e, consequentemente, mantendo a mesma quantidade de clientes. No entanto, outros modelos de automóveis cada vez mais estão perdendo mercado, pois o consumidor tem o desejo de obter um SUV, em virtude de ser um carro mais alto, mas não quer dizer que seja mais confortável e espaçoso. Para o profissional de marketing é importante identificar essa mudança de postura ou cultura dos consumidores, para assim tomar novas estratégias de crescimento. Kotler (2011, p. 81) apresenta no Quadro 10 estratégias para atratividade do mercado, no entanto é importante ter informações como a localidade, cultura, poder aquisitivo para identificar qual a melhor estratégia a ser implantada. Lógico que, muitas vezes, no meio do caminho é necessário mudá-las. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 48 QUADRO 10 – A FORÇA DO NEGÓCIO Força do Negócio Forte Média Fraca Alta Proteger a Posição: - Investir para crescer ao máximo. - Concentrar esforços para manter a força. Investir para crescer: - Desafiar pela liderança. - Crescer seletivamente nos pontos fortes. - Reforçar as áreas vulneráveis. Crescer seletivamente: - Reforçar as forças limitadas. - Procurar meios de superar as fraquezas. - Retirar-se se não houver indicadores de crescimento sustentável. Média Crescer seletivamente: - Investir fortemente nos segmentos mais atraentes. - Crescer em habilidade para deter os concorrentes. - Enfatizar a rentabilidade via aumento da produtividade. Seletividade/Administrar para o lucro: - Proteger os programas existentes. - Concentrar os investimentos em segmentos de boa rentabilidade e de riscos relativamente baixos. Expansão limitada ou desaceleração: - Procurar maneiras de expandir sem alto risco, caso contrário, minimizar os investimentos e racionalizar operações. Baixa Proteger: - Administrar os ganhos atuais; - Concentrar em segmentos atraentes; - Proteger forças. Administrar para o lucro: - Proteger a posição nos segmentos mais rentáveis; - Ampliar a linha de produtos; - Minimizar o investimento. Abandonar: - Vender no momento certo para maximizar o capital investido; - Cortar custos fixos e evitar investimentos. FONTE: Adaptado de Kotler (2011, p. 81) O Quadro 10 demonstra algumas estratégias que o gestor deverá realizar para que possa alavancar seu negócio, no entanto, não é regra, tudo depende do comportamento dos consumidores se irão ou não atender às expectativas da organização, portanto é crucial estar sempre pesquisando, buscando informações para saber qual caminho seguir. NOTA Lembre-se de que não existe uma receita pronta, tem-se a estrutura, os ingredientes, mas a quantidade deverá sempre estar em constante mudança, buscar o crescimento e alavancagem da organização. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 49 Cobra (1992) tem uma fórmula para criar uma estratégia de mercado. Apesar do contexto inserido na década de 90, ainda é utilizada nos dias atuais, portanto nem tudo que é antigo é obsoleto, muito pelo contrário, pode mostrar qual ou quais as mudanças realizadas anteriormente para inserir com alterações propostas para a força do crescimento do negócio, e observa-se a seguir no Quadro 11. QUADRO 11 – ESTRATÉGIAS DE MERCADO Produtos Mercados Produtos atuais Novos produtos Mercado atual Penetração de mercado: utiliza os produtos atuais para ampliar a participação nos mercados já existentes. Diferenciação do produto: tem por objetivo inserir novos produtos nos mercados atuais. Novos mercados Desenvolvimento do mercado: tem por finalidade inserir produtos atuais aos novos mercados. Diversificação: tem por finalidade inserir novos produtos em novos mercados. FONTE: Adaptado de Cobra (1992, p. 71) Esse modelo de estratégias apresentado por Cobra (1992) é muito comum as empresas realizarem, pois quando um mercado já está saturado, ou seja, chegou ao limite das vacas leiteiras, é necessário buscar novas oportunidades em outros mercados, a fim de que a empresa sobreviva e contenha o crescimento de seus concorrentes com seus produtos. Dessa forma, é importante a organização estar preparada para expandir, lembrando que existem as necessidades financeiras que devem ser levadas em consideração, ou seja, investimentos com novos portfólios, novos mercados, observando as necessidades e desejos dos consumidores. A organização sempre deverá estar preparada para quando surgirem novas oportunidades, pois é importante identificar as mutações que ocorrem no mercado. Para tanto, Kotler (2011) sugere algumas estratégias para ampliação das vendas e para a busca de novos mercados, novos segmentos com outros produtos, uma diferenciação perante seus concorrentes. O autor apresenta três estratégias para o crescimento da organização. • Estratégia de penetração de mercado: para a penetração do mercado, existem três abordagens: (1) Estimular seus consumidores atuais a comprar um maior número de produtos por períodos. (2) Atrair novos consumidores dos seus concorrentes. (3) Convencer os consumidores das concorrentes a adquirir seus produtos. • Estratégia de desenvolvimento de mercado: (1) Identificar grupos de usuários com potencialidade de interesse em seus produtos. (2) Buscar outroscanais de distribuição além dos seus mercados atuais. (3) Aumentar o mercado para outras regiões do país e/ou até mesmo utilizar a exportação. • Estratégia de desenvolvimento do produto: (1) Desenvolver novas características dos mesmos produtos (inovar). (2) Aumentar o nível de qualidade divergente para classes diferentes, com maior ou menor tecnologia embutida. (3) Criar novos portfólios, diversificando os produtos. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 50 NOTA Além da estratégia do produto, é importante salientar a criação de estratégias de preços, no entanto esse processo você irá aprender na disciplina Planejamento Estratégico. Considerando ainda estratégias de crescimento, pode-se levar em conta mais três modelos para aplicação no desenvolvimento dos mercados e produtos atuais ou, ainda, em novos mercados e produtos. Assim, Kotler (2011) e Lambin (2000) definem como: • Estratégia de crescimento intensivo: pode ser através da penetração de mercado, com possibilidades do desenvolvimento de produto e de mercado, procurando a inserção o mais rápido possível, antes que seus concorrentes antecipem a introdução de seus produtos. • Estratégia de crescimento integrada: esse modelo de estratégia pode ser recomendado para empresas que procuram melhorar sua rentabilidade. Assim, há três formas de integração: 1) “Para frente” - quando ocorrem operações localizadas na cadeia de suprimentos entre a organização e o cliente, tem por finalidade ser altamente rentável (atacadistas e varejistas), 2) “Para trás” - geralmente ocorre quando a organização compra operações da cadeia de valor que estão localizadas entre a empresa e a matéria-prima, ou seja, incorpora fornecedores, componentes, entre outros, para gerar mais lucros, 3) “Horizontal” - geralmente se dá no momento em que a organização resolve adquirir uma empresa concorrente. • Estratégia de diversificação: esse modelo geralmente se dá quando a organização insere em novas oportunidades, sem preocupação com relação às atividades habituais, tem como intuito a diversificação do seu portfólio de negócios. A necessidade é sempre aumentar a lucratividade, portanto é preciso buscar as oportunidades, mas lembrando das ameaças que podem ocorrer durante a trajetória na introdução de um produto, ou seja, muitas vezes, sem que percebamos, nossos concorrentes inserem um produto da mesma natureza muito além da nossa organização. Observe o exemplo de Kotler (2011) referente às oportunidades e ameaças: Oportunidades: a) A empresa desenvolve um sistema de iluminação muito poderosa. b) Produz um equipamento para controlar os gastos de energia a qualquer sistema de iluminação. c) Desenvolve um equipamento para medir o grau de luminosidade. d) Cria um programa de computador sobre iluminação para treinar o pessoal que trabalha em estúdios de televisão. TÓPICO 2 | ORIENTAÇÃO DO MARKETING PARA O MERCADO 51 Ameaças: a) O concorrente desenvolve um sistema de iluminação superior. b) Depressão econômica mais prolongada. c) Custos mais elevados. d) Legislação para reduzir o número de estúdios de TV. Pode-se observar no exemplo apresentado que temos inúmeras oportunidades e ameaças. As organizações devem prestar atenção quando estão se inserindo em novos mercados, portanto é importante que os gestores de marketing, juntamente com todos os demais gestores, estejam cientes de que qualquer atitude não controlada pode acarretar uma perda financeira substancial, podendo levar a organização a ter prejuízos. Cabe levar em consideração todas as ameaças que podem ocorrer em determinado tempo, e também as variáveis econômicas, políticas, clima, entre outras, para que a estratégia esteja no caminho certo, lembrando que qualquer mudança deve ser feita para toda a estratégia. A exemplo do que ocorre no nosso dia a dia, no caso de uma possível diminuição do salário, quando devemos mudar nossas necessidades e desejos e alterar nossas estratégias para garantir o mínimo necessário à sobrevivência, assim também ocorre com as organizações, por isto sempre se deve estar em constante modificação. NOTA Lembre-se de que para o sucesso da organização existem muitas variáveis que devem ser levadas em consideração no momento da realização de uma estratégia, de curto, médio ou longo prazo, ou seja, estar sempre preparado para fazer mudanças quando surgir alguma ameaça. 52 RESUMO DO TÓPICO 2 Neste tópico, você estudou que: • Toda organização sempre deve estar atenta ao mercado, buscando novas oportunidades, desenvolvimento de produtos e identificar as necessidades e desejos dos consumidores. Um planejamento estratégico é a base para transformar a empresa para produzir lucratividade, e a organização deve estar atenta, principalmente, nas oscilações que ocorrem no mercado, tanto politicamente e economicamente, pois é sabido que apenas podemos prever o futuro através de indicadores e informações e, assim, criar uma estratégia eficiente. • O tópico apresenta algumas situações e exemplos de procedimentos que devem ser levados em consideração em relação ao produto ou serviço, sempre visualizando o mercado. Para tanto, é importante estar bem informado do que ocorre com o consumo, isso se faz por meio de pesquisas. • O crescimento do negócio só acontece a partir da criação de estratégias eficientes na busca da eficácia para sobreviver em um mercado sempre em constante mutação. Apenas pode-se prever o futuro, não sabemos realmente o que irá acontecer. • Fica claro que o profissional em marketing tem muitas barreiras que devem ser vencidas por meio de estratégias, para assim desenvolver o crescimento da organização. Também é importante que todos os gestores que fazem parte da organização devem estar em constante troca de informação, para que em qualquer mudança, seja ela inesperada ou calculada, a empresa esteja pronta para efetuar as alterações necessárias no momento certo, para não perder o mercado para os concorrentes. 53 1 Para qualquer ramo de negócio é importante identificar as oportunidades que o mercado está apresentando, no entanto, sabe-se que não é nada fácil identificá-las, pois as mudanças podem ser radicais ou mais relevantes. Com suas palavras, descreva o que é estratégia em marketing. 2 Vamos utilizar uma empresa de sorvetes e criar as oportunidades e identificar as ameaças que podem ocorrer quando se resolve abrir um empreendimento. Descreva ao menos três oportunidades e três ameaças que possam ocorrer. 3 Para quase todo produto, com exceção da Coca-Cola, que é um exemplo de produto no mercado, existe um ciclo de vida. Vamos supor que um produto esteja em declínio, até se transformar em um abacaxi. Quando o produto chega a esse estágio, qual é a melhor estratégia a ser realizada? 4 Ligue as colunas conforme o que está sendo solicitado. a) Estrelas ( ) Produto está em seu melhor momento. b) Vaca Leiteira ( ) Produto está em crescimento. c) Abacaxi ( ) Produto novo no mercado. d) Oportunidade ( ) Produto chegou ao fim do seu ciclo. AUTOATIVIDADE 54 55 TÓPICO 3 O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Desde os primórdios da antiguidade, quando se deu início às atividades humanas e era necessário criar grupos de pessoas, hoje conhecidos como cidades, o comércio começou a se desenvolver. Naquela época, quando não havia dinheiro em espécie, a forma de adquirir outros produtos e serviços era na base da troca, ou seja, caso se desejava maçãs trocava por limões,caso desejava leite trocava por ovos, por exemplo, e assim sucessivamente. Neste tópico são apresentados os conceitos de produtos e serviços, bem como os 4 Ps (Produto, Preço, Praça e Promoção), os 4 Cs (Cliente, Comunicação, Custo e Conveniência) e os 4 As (Análise, Adaptação, Ativação e Avaliação), que fazem parte do composto do marketing (mix de mercado). O profissional de marketing deverá identificar e transformar um produto ou serviço em sucesso através de sistemas que apresentam um caminho, mas lembrando que devem ser consideradas todas as variáveis. A gestão de produtos e serviços é importante para que a empresa possa empregar seus investimentos de maneira que consiga garantir a alavancagem de vendas, porém deve-se tomar o cuidado de não introduzir um produto no mercado que possa trazer prejuízos ou que a operação de vendas não alcance o que foi planejado pela organização. Muitas vezes, é necessário descontinuar o produto ou fazer revoluções para aplicar um novo formato a esse produto ou serviço que é oferecido. Produtos descontinuados são mercadorias ou serviços que não agradaram aos consumidores ou que não alcançaram os objetivos da organização, para isso é necessário aprender a identificar o que o cliente realmente quer, para tanto é preciso ter um produto ou serviço que agrade a esse consumidor. NOTA Nos dias atuais o cliente não aceita mais o chamado TGA (Tudo goela abaixo). O cliente é quem decide o que quer. Apesar, ainda, de que alguns produtos os consumidores são obrigados a comprar por motivo de monopólio ou escassez de fornecedores. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 56 2 A GESTÃO DO PRODUTO E SERVIÇOS Para o profissional de marketing é imprescindível saber o que a empresa está oferecendo, para tanto é necessário conhecer os conceitos de produtos e serviços e, assim, criar um planejamento estratégico que possa alavancar as vendas de um determinado bem, ou, no caso, o fornecimento de um serviço que garanta a satisfação do consumidor. 2.1 O PRODUTO Para Boone (2011 p. 377), “produto é um conjunto de atributos simbólicos, físicos e serviços, desenhados para satisfazer a necessidade e os desejos de um consumidor”. Já para Kotler e Armstrong (2007 p. 200), “o produto é algo que pode ser oferecido a um mercado para apreciação, aquisição, uso ou consumo e que pode satisfazer um desejo ou necessidade”. E para finalizar os conceitos, Las Casas (2009 p. 196) define o produto como “objeto principal das relações de troca, que pode ser oferecido em um mercado para pessoas físicas ou jurídicas, visando proporcionar satisfação a quem o adquire ou consome”. Pode-se perceber que o que os conceitos têm em comum é gerar a satisfação das necessidades e desejos que o consumidor quer quando está adquirindo um produto para seu consumo. Não importa o que esteja sendo oferecido, as organizações desejam é satisfazer esse consumidor. Os produtos apenas serão vendáveis se possuírem algum diferencial para motivar o consumidor a querê-lo adquirir. Por exemplo, quando o cliente vai a um verdureiro, ele sempre irá pesquisar por frutas ou verduras que estejam com a aparência satisfatória, porque ninguém irá comprar aquela verdura ou fruta que contém uma batida. Isso também se aplica a eletrodomésticos, eletrônicos, entre outros produtos, buscando sempre o diferencial, ou seja, podendo ser o custo, a sua utilidade e benefícios, e a partir dessas situações é que o cliente irá escolher. Las Casas (2009) apresenta quatro modelos de produtos que dependem muito dos benefícios a oferecer ao consumidor, bem como das expectativas dos clientes e as ofertas dos concorrentes no mercado: • Produto básico: levando em consideração o conjunto de benefícios, pela sua utilidade é considerado o básico do que os clientes necessitam, ou seja, é o mínimo que se pode aguardar de uma oferta. Por exemplo, você vai ao teatro, mas apenas poderá comprar o ingresso para uma cadeira um pouco distante do palco, e mesmo assim irá satisfazer a sua necessidade. O produto básico é muito utilizado em veículos, pois existem inúmeras versões, proporcionando valores e ofertas diferentes. TÓPICO 3 | O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) 57 • Produto ampliado: considerado como benefício extra ao do produto básico. Por exemplo, na compra de um notebook básico é oferecido apenas o sistema operacional, e nesse caso o ampliado é a instalação de outros softwares, como o de edição de textos e gráficos, a garantia estendida. Portanto, é um esforço enorme do vendedor para propor ao cliente que observe a diferença entre um produto básico e um produto ampliado, pois o preço geralmente é maior. É o mesmo caso dos automóveis, que, pelas suas versões mais caras, trazem muitos outros benefícios para o conforto do consumidor. Vale lembrar do caso do teatro, na aquisição do ingresso: mesmo que o valor seja maior, pode-se escolher um local com melhor visualização do palco. Em certos casos deve-se tomar cuidado, pois o excesso de ofertas indevidas ou incompletas pode deixar o cliente insatisfeito, ou ainda, espera sempre ter benefícios na compra que está realizando. • Produto esperado: é uma situação em que os consumidores recebem algo a mais do que apenas os benefícios dos produtos básicos e ampliados, ou seja, o cliente não está acostumado a receber. Vamos lembrar do exemplo do teatro: o cliente está em um lugar muito interessante para assistir e o atendente vem lhe trazer água, ou seja, era algo que não estava esperando. No caso do veículo, o cliente não estava esperando a presença de um câmbio de marcha automático pelo mesmo preço do modelo intermediário que tem câmbio de marcha manual. • Produto diferenciado: as organizações têm a tendência de criar produtos únicos, ou seja, que tenham um diferencial aos demais concorrentes, incluindo benefícios relevantes para os clientes visados. Produtos diferenciados não são sinônimo de produtos com valores elevados, mas no caso de uma Ferrari, com certeza a diferenciação está no preço, pois poucos consumidores poderão adquirir, na verdade esse tipo de veículo é considerado um desejo e não uma necessidade. Produtos como o diferencial de um automóvel mais econômico fazem com que o cliente tenda a escolher, mas que deverá ter um motor mais forte que os 1.0. Na verdade, sabe-se que motores de baixa cilindrada, sem auxílio de turbo, não são considerados veículos econômicos, pois dependem muito da agressividade do motorista no acelerador. Outro exemplo vem da Danone: para diferenciar seu produto, propôs o lançamento do “Bom Dia”, oferecendo quatro tipos de café da manhã, observando o desjejum do consumidor. No entanto, na década de 80 a mesma empresa implantou o iogurte como substituto da sobremesa, mas foi logo retirado do mercado por não alcançar as expectativas da organização. O problema foi o posicionamento (veremos adiante) em duas ocasiões, tanto no café da manhã como sobremesa depois do almoço, com isso o consumidor ficou confuso em relação a qual momento deveria consumir o produto. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 58 NOTA O tipo de produto que a empresa irá oferecer no mercado irá depender também de qual o posicionamento em que será inserido, deve-se levar muito em consideração as alterações tanto do preço, a distribuição e os compostos mercadológicos, para assim definir em qual classe atender à demanda das necessidades e desejos dos consumidores. 2.2 O SERVIÇO O serviço, embora sendo não tangível, diferentemente do produto tangível, possui a mesma finalidade, sendo a satisfação do cliente pelo que é oferecido. Esse modelo de prestação deserviço não pode ser cheirados, não se pode ouvir, degustar ou armazenar. São produtos como: corte de cabelo, consertos de automóveis e equipamentos eletrônicos, e até a visita ao médico. (BOONE, 2011) Ao contrário da produção de um bem, os serviços são vistos pelo consumidor com maior ênfase, pois geralmente são serviços efetuados para si próprio. Muitas vezes, também o serviço é considerado uma sequência do produto que esteja sendo adquirido. Vamos ao exemplo do automóvel: ao efetuar a compra, é necessário fazer as revisões, nesse caso a concessionária oferece ao cliente os serviços mecânicos, como a troca de óleo, filtros, entre outros. Pode-se verificar o mesmo exemplo com a aquisição de um produto eletrônico, no caso do produto apresentar algum defeito é necessário consertar, para isso existem os serviços técnicos para efetuar o reparo. Por mais que os consumidores não toleram comprar um produto que em questão de dias ou semanas possa vir a estragar, e caso o serviço não for realizado efetivamente, a marca do produto corre sério risco de perder o cliente. NOTA Os setores de prestação de serviços devem realizar o conserto do produto o mais rápido possível para não desagradar o cliente, mesmo que esse já tenha ficado insatisfeito com a marca. Os serviços estão divididos em quatro características básicas que os diferenciam do produto. Cobra (1992) apresenta de forma simples essas características: 1. Intangibilidade: pelo motivo de o serviço não ser palpável, ele é considerado intangível. 2. Inseparabilidade: os produtos são feitos e consumidos no mesmo momento e geralmente não podem ser estocados, não é como guardar um pedaço de pizza TÓPICO 3 | O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) 59 na geladeira para ser consumido no dia seguinte, por exemplo, não tem como estocar o corte de cabelo. 3. Variabilidade: com alta taxa variável, os serviços dependem de quem irá realizá-los e onde são realizados. 4. Perecibilidade: serviços que não são estocados podem ser perecíveis, pois quando a demanda está em baixa torna-se um problema, como o exemplo do transporte público em massa: caso não tenham sido preenchidos todos os assentos, esse tipo de serviço tem hora marcada de saída e chegada, apresentando assim possibilidades de ociosidade, e mesmo com a parada no próximo ponto ela não poderá mais ser suprida. NOTA Lembre-se de que os serviços não podem ser estocados, ou seja, eles são realizados ao mesmo tempo. Os serviços são considerados o pós-venda de um produto adquirido por um consumidor, pois é quando ele receberá o retorno da sua satisfação pela sua necessidade ou desejo realizado. Sabe-se que muitas empresas pecam no atendimento pós-venda, gerando muita decepção ao consumidor, e este, por sua vez, irá trocar de fornecedor caso não for atendido. Um exemplo muito comum de prestação de serviço aos consumidores é a troca constante de operadoras de telefonia móvel. A empresa, no caso, não está atendendo adequadamente às necessidades e é provável que esse consumidor irá trocar de operadora. E muitas vezes, sejam elas boas ou ruins, não atendem 100% das necessidades. (BOONE, 2011) 2.3 CLASSIFICAÇÃO DO PRODUTO E SERVIÇO Produtos e serviços estão baseados no que o consumidor está necessitando naquele momento ou, ainda, o tipo de consumo que deseja efetuar. Kotler e Armstrong (2007) apresentam dois tipos de classificação, os produtos de consumo e os produtos organizacionais. • Os produtos de consumo são os adquiridos pelos consumidores para seu consumo próprio. • Os produtos organizacionais são adquiridos para processamento posterior ou para uso na gestão de negócios. A necessidade da diferenciação para o gestor de negócio é importante para direcionar o seu produto, ou seja, de nada adianta vender transformadores (utilizados em postes de energia elétrica) para o consumidor final, pois nesse caso os clientes são as empresas que distribuem energia elétrica. UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 60 Kotler e Armstrong (2007) apresentam no Quadro 12 os modelos de consumo especificados conforme o tipo de consumidor. QUADRO 12 – CLASSIFICAÇÃO DE PRODUTOS E SERVIÇOS Considerações de Marketing Tipos de produto de consumo Conveniência Compra comparada Especialidade Não procurada Comportamento de compra do cliente Compra frequente e de impulso, pouco planejamento, pouca comparação ou esforço na compra, baixo envolvimento do cliente. Compra menos frequente, muito planejada e esforço na compra, comparação de marcas quanto ao preço, qualidade e estilo, são homogêneos e heterogêneos. Forte preferência e fidelidade da marca, esforço especial na compra, pouca comparação de marcas, baixa sensibilidade ao preço. Pouca conscientização e conhecimento do produto (ou quando há conscientização, pouco interesse ou até interesse negativo). Preço Preço baixo. Preço mais alto. Preço alto. Variável. Distribuição Amplas localizações convenientes. Seletiva em menos pontos de vendas. Distribuição exclusiva em um único ou poucos pontos, pontos de pós- venda por área de mercado. Variável. Promoção Promoção em massa pelo fabricante. Propaganda e venda pessoal feitas tanto pelo fabricante quanto pelos revendedores. Promoção mais cuidadosamente dirigida feita tanto pelo fabricante quanto pelos revendedores. Propaganda agressiva e venda pessoal pelo fabricante e pelos revendedores. Exemplos Leite, bebidas, detergente, revistas, utensílios, abastecimento de combustível, reparos domésticos. Eletrônicos, eletrodomésticos, móveis, vestuários, voos aéreos, instrutor de pilates ou ioga. Bens de luxo, como relógios Rolex, cristais finos e veículos exclusivos de luxo. Seguro de vida, doações de sangue para a Cruz Vermelha, produtos inovadores que não poluem, planos funerários. FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2007) A organização deverá estar ciente da classificação dos produtos e serviços, pois é necessário criar um planejamento estratégico para cada nível de consumo, assim a vantagem competitiva com as outras empresas pode ser o diferencial em qualidade e atendimento, ou arcar com prejuízos em caso da não observação da classificação em que a empresa está inserida. TÓPICO 3 | O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) 61 3 Os 4 Ps, os 4 Cs e os 4 As A organização deve estar integrada com todo o seu ambiente, tanto interno como externo, e esse sistema é realizado através do composto de marketing. Essa interação é importante, pois envolve algumas ferramentas do marketing para execução dos objetivos da organização, que por sua vez deverá estar em concordância com a missão que ela busca para o seu negócio, esclarecem Cobra (1992) e Kotler (2012). O composto de marketing é necessário para satisfazer a busca pelas necessidades e desejos dos consumidores. É preciso que a empresa esteja orientada para que os produtos e serviços que são ofertados no mercado possuam qualidade, design e estilo, bem como um nome que chame a atenção, tanto nas embalagens como nos variados tamanhos, para que tragam o retorno financeiro desejado para a organização, afirmam Cobra (1992) e Kotler (2012). 3.1 OS 4 PS Para o entendimento do composto de marketing, Cobra (1992) e Kotler (2012) apresentam um modelo quando há necessidade de criar um papel fundamental no processo de ofertas aos consumidores. Trata-se do conceito dos4 Ps, que fornecem para o profissional de marketing condições de criar formas diferenciadas e com criatividade para o desenvolvimento do negócio, seja ele com a venda de produtos ou com prestação de serviços. Na Figura 12 pode-se visualizar o composto de marketing dos 4 Ps. FIGURA 12 – O COMPOSTO DE MARKETING: 4 PS Produto qualidade, características, opções, estilos, nome da marca, embalagem, tamanhos, serviços, garantias, retornos. propaganda, venda pessoal, promoção de vendas, relações públicas e merchandising. lista de preços, descontos, subsídios, período de pagamentos, termos de crédito. PreçoPromoção canais, cobertura, localização, inventário, transporte, distribuição Praça Composto de Marketing FONTE: Adaptado de Cobra (1992) e Kotler (2012) Produto UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 62 A composição de marketing deverá estar estruturada e desenvolver estratégias que possam oferecer o retorno financeiro desejado pela organização, mas precisam ser considerados os 4 Ps demonstrados na Figura 11. • Produto: tudo começa com um produto, ou seja, é o bem ou serviço que uma organização irá oferecer ao consumidor. O que o consumidor quer do produto? Quais as particularidades e características que o produto deverá ter? Qual sua real utilização? Que aparência precisará ter? Qual sua cor, tamanho? • Preço: é o que vai custar esse produto ou serviço, ou seja, é o valor a ser cobrado. Qual o preço a ser oferecido? Se possui um produto igual no mercado, qual o preço de referência? Seu produto será comparado apenas pelo preço? O consumidor é sensível ao preço? • Praça: em que lugar será oferecido esse produto ou serviço? Pode-se dizer que é onde a empresa irá oferecer e distribuir. Onde o consumidor busca e procura o seu produto? Onde os concorrentes estão? Qual a força de vendas do produto ou serviço? Em que lugar está situado no mercado seu produto ou serviço? • Promoção: como será vendido e anunciado? Quais os canais de anúncio do produto ou do serviço? Qual é o melhor momento para apresentar a promoção? Qual o nível de padronização em que o produto ou serviço está inserido no mercado? Para tanto, após décadas os 4 Ps estão ainda no mercado, pois são a base do composto de marketing, e assim é o pontapé inicial para que a organização crie estratégias para alavancar seus produtos ou serviços em um mercado muito pulverizado e de grande competitividade. Kotler (2012) apresenta um novo formato para os tradicionais 4 Ps, observe no Quadro 13 a seguir. QUADRO 13 – A MODERNIZAÇÃO DOS 4 PS Os 4 Ps do composto de marketing Os 4 Ps do composto de marketing moderno Descrição Produto Pessoas Compreender a vida e as atitudes tanto dos funcionários como dos consumidores e compreender que o consumidor não é somente alguém que compra seus produtos e/ou serviços. Praça Processo Utilizar inovações com criatividade integrada na administração do marketing, para o desenvolvimento de ideias e conceitos que possam alavancar a organização. Promoção Programas Atividades relacionadas à organização que buscam modelos e sistemas como ferramenta e melhorar o desempenho e a competitividade. TÓPICO 3 | O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) 63 FONTE: Adaptado de Kotler (2012) NOTA É importante compreender que os 4 Ps, apesar de antigos, devem desenvolver melhorias para conquistar os clientes, pois organizações que não buscarem a modernização têm uma grande perspectiva de perder mercado e, consequentemente, irem à falência. Preço Performance Através de indicadores, busca a performance, como a lucratividade e saúde financeira, agregando simultaneamente a ética, responsabilidade social e comunitária que a organização deverá adquirir e oferecer. 3.2 OS 4 CS A partir dos 4 Ps observados pelo lado das organizações, iniciou uma necessidade de visão para o mercado em virtude da constante mudança no perfil dos consumidores, assim tem-se a nomenclatura criada de 4 Cs (Clientes, Conveniência, Comunicação e Custo). Os 4 Cs estão direcionados para o cliente, ou seja, surgiu a necessidade de identificar o que ele realmente deseja. Kotler (2012) apresenta as seguintes teorias referentes aos 4 Cs: • Cliente: este é o consumidor na busca de produtos e serviços para suprir suas necessidades e/ou desejos, considerado relevante ao processo de vendas de uma organização, pois na ausência dos consumidores não existirá consumo. É muito importante o profissional de marketing conhecer seus clientes, sempre em consistente contato, pelos mais variados meios de comunicação. • Conveniência: o consumidor, de certa forma, irá buscar pontos de distribuição de determinado produto ou serviço que lhe convenha e geralmente que esteja próximo de sua residência, ou retorno ou caminho para o local de trabalho/escola dos filhos, e também, muitas vezes, pelo fácil acesso, especialmente aquele que demonstra o melhor atendimento. O profissional de marketing deve ter o cuidado de identificar o melhor local para distribuir seus produtos, ou efetuar seus serviços em caso de um modelo de negócio físico, em que o cliente vá até ele. • Comunicação: papel importante na apresentação dos seus produtos ou serviços, ou seja, de nada adianta realizar a produção e a distribuição sem comunicação. É fundamental o cliente saber da existência do produto de sua organização. Utilizar ferramentas de comunicação, como revista, jornal, internet, e-mail e até o telemarketing etc. 64 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 3.3 OS 4 AS É outro modelo utilizado pelas organizações como uma ferramenta de interação com os consumidores, mas com uma visão da organização voltada para o ambiente interno focado nos objetivos e na missão. Cobra (1992) tem as referências dos 4 As para que o profissional de marketing atente ao consumidor, mas não deixando de lado os objetivos da organização: • Análise: tem como objetivo analisar e identificar os efeitos que estão ocorrendo no mercado, como a política, a sociedade, concorrência, economia, legislação e tecnologia, que interagem com a organização. A ferramenta mais utilizada é a pesquisa (veremos na Unidade 2), observando: o que, como, onde, quando, por que e quem compra, para identificar demandas e potenciais consumos dos clientes. Essa análise é importante para identificar necessidades não satisfeitas pelo consumidor e, assim, procurar a produção de bens ou serviços que atendam a essas expectativas de mercado. • Adaptação: a partir das análises, a organização deverá desenvolver um processo de adequação das linhas dos produtos ou serviços que está oferecendo. Muitas vezes, há necessidade de mudar o design, características, qualidade, denominação da marca, embalagem, preço sugerido aos clientes e até mesmo a distribuição. É aqui que deverá ser observado o ciclo de vida de um produto ou serviço. • Ativação: conhecido como composto promocional, e juntamente com o composto de produtos, ambos se tornam o composto de marketing. Nessa fase são observados a distribuição, canais de escoamento e a venda dos produtos, que incluem todo o processo logístico (armazenamento e transporte). • Avaliação: é uma forma de a gestão de marketing buscar avaliar onde estão as principais forças e fraquezas no ambiente organizacional, ou seja, suas oportunidades e os possíveis problemas, pela análise dos resultados operacionais. Assim, tem a função de neutralizar possíveis impactos ao negócio da empresa, observando o poder de força dos concorrentes e o poder de forças macroambientais.• Custo: a organização deverá estar ciente de que o consumidor, em hipótese alguma, irá pagar um valor muito alto, visto que para a empresa é o preço, já para o cliente é o custo. O preço dos produtos ou serviços deve estar no mesmo patamar dos seus concorrentes, mas que, por algum diferencial, o cliente esteja disposto a pagar. Com o foco voltado para o consumidor, o modelo dos 4 Cs tornou- se mais moderno nos dias atuais, pois é muito mais eficaz na fidelização para com sua empresa. É importante identificar possíveis mudanças de hábitos dos consumidores, bem como novos produtos e/ou serviços no mercado, muito mais eficientes e com menor custo. TÓPICO 3 | O PLANEJAMENTO DOS COMPOSTOS DE MARKETING (MIX DE MERCADO) 65 No Quadro 14, Kotler (2012) apresenta um resumo dos 4 As, para o desenvolvimento do profissional na observação dos compostos de marketing a fim de introduzir um serviço ou produto no mercado, bem como desenvolver mudanças conforme as alterações no macroambiente: QUADRO 14 – OS COMPOSTOS DE MARKETING - 4 AS Análise Adaptação Ativação Avaliação - Forças vigentes no mercado. - Pesquisa de hábito de consumo. - Potencial de mercado. - Produtos e serviços. - Design. - Embalagem. - Marca. - Preço. - Serviço ao cliente. - Distribuição. - Propaganda. - Promoção de vendas - Merchandising. - Força de vendas. - Assessoria de imprensa. - Relações públicas. - Controle de vendas de propaganda. - Prioridade de vendas em relação ao potencial de mercado. - Relação de custo de venda e marketing. - Retorno de investimento publicitário. - Internet, retorno e meios remotos. FONTE: Adaptado de Kotler (2012) NOTA O assunto sobre 4 Ps, 4 Cs e 4 As tem como referência ao profissional de marketing observar as variáveis que podem ocorrer quanto à inserção de um produto e/ou serviço no mercado, bem como observar as necessidades e desejos dos consumidores não atendidos. Deve-se ficar atento através de informações para propor ao mercado o que ele realmente quer, e isto será visto na Unidade 2. 66 RESUMO DO TÓPICO 3 Neste tópico você estudou que: • Cabe ao profissional de marketing, através dos modelos apresentados, buscar o desenvolvimento da organização para apresentar ao cliente o serviço e/ou produto que está procurando. Nos dias atuais, empresas que não buscam identificar as necessidades do consumidor correm sérios riscos de ficar pelo caminho e assistir outras empresas adentrando no mercado. • Nesse tópico foi observado o que é um produto e um serviço, ambos são diferentes, mas em determinados estabelecimentos têm convivência, sempre na necessidade de agradar ao consumidor. • Os compostos de marketing conhecidos como 4 Ps, 4 Cs e 4 As têm a finalidade de desenvolver a criatividade do profissional de marketing para identificar as mudanças do macroambiente e consequentemente usá-las como uma oportunidade e não como um problema. • É sabido que as necessidades e desejos dos consumidores alteram conforme o tempo, bem como o ciclo de vida de um produto não é para sempre (há exceções). Dessa forma, o profissional de marketing deverá estar preparado para realizar transformações necessárias para manter a empresa no mercado tão competitivo, buscando variar o seu mix de mercado, para agradar ao consumidor. 67 1 Referente aos 4 As do composto de marketing, associe os itens conforme o código apresentado. 1 - Análise ( ) Propaganda 2 - Adaptação ( ) Potencial de mercado 3 - Ativação ( ) Retorno do investimento 4 - Avaliação ( ) Design 2 Os consumidores têm como característica a busca por suas necessidades e desejos para a sua satisfação, dessa forma é importante o profissional de marketing estar preparado para apresentar essa procura, mas é importante o conhecimento dos conceitos antes de aplicá-los. Sabendo disso, apresente a diferença entre produtos e serviços. 3 Observe as sequências a seguir e assinale V para a verdadeiras e F para as falsas: ( ) Uma compra comparada é uma compra frequente e por impulso. ( ) Produto básico é o mínimo necessário que uma pessoa necessita. ( ) O merchandising faz parte da ativação (4 As). ( ) Serviço é considerado tangível pelos profissionais de marketing. 4 Apresente com suas palavras o que é um produto ampliado. AUTOATIVIDADE 68 69 TÓPICO 4 A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE UNIDADE 1 1 INTRODUÇÃO Apesar do marketing ir além do que só a propaganda, publicidade e comunicação, é importante para o profissional de marketing obter o conhecimento com o auxílio dessas ferramentas, pois será possível apresentar de forma eficiente os produtos ou serviços que a empresa oferece. A necessidade de utilizar essas ferramentas que fazem parte do composto promocional é para demonstrar ao consumidor quais as vantagens, lembrá-lo e persuadir sobre o que o produto ou serviço possa oferecer para satisfação das suas necessidades ou desejos, bem como, de certa forma, trará benefícios a este consumidor e assim fazê-lo retornar a comprar na empresa. 2 A COMUNICAÇÃO Segundo Bordenave (1995), a comunicação entre as pessoas compreende a troca de informações, com a utilização de modelos simbólicos como ferramentas para esse propósito, o qual é uma via de mão dupla, ou seja, ela vai e vem. A linguagem utilizada depende muito da interação no meio social em que está centrada, ela é sistêmica, pois pode ser influenciada. A linguagem possui palavras e/ou expressões que podem significar as mais diferenciadas coisas, pois depende muito do ambiente em que se está inserido. A comunicação inicia-se quando duas ou mais pessoas conseguem conversar enviando, recebendo e principalmente entendendo a mensagem utilizando símbolos e códigos para interação. É preciso ter o cuidado principalmente quando for para comunicar ou apresentar um novo produto, com nomes que em um país pode ser algum termo inofensivo e em outro país pode gerar constrangimento por ser uma palavra ofensiva. Um exemplo muito simples foi a escolha da Ford por usar o nome do veículo popular sedan como Ka+ ao invés de Ka Sedan, a escolha foi pelo motivo de brincadeiras desagradáveis que poderiam ocorrer com o nome sedan seguido do nome Ka. O profissional de marketing deve estar preparado e conhecer a cultura do país onde pretende lançar a marca, pois, dependendo do nome, poderá gerar constrangimento para a organização. 70 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING A comunicação está sendo usada de uma forma que faça com que o consumidor busque através daquele meio escolhido adquirir o serviço ou produto. Algo muito comum ultimamente é você acessar a internet, navegando pelos sites, e aparecer um grande número de mensagens através de pop-ups piscando, chamando atenção. No passado esses pop-ups se tornaram tão inconvenientes que as pessoas começaram a ficar irritadas, e empresas como o Chrome, Firefox e Internet Explorer instalaram um dispositivo para bloqueá-los, pois se tornaram algo muito incômodo. Apesar de ser uma ferramenta barata de se utilizar, deve-se tomar cuidado, pois pode fazer com que o consumidor tenha uma péssima imagem da organização, levando-o muitas vezes a desistir de realizar a compra. O papel da comunicação deve levar em consideração a identificação do público-alvo para a elaboração de um programa promocional bem coordenado a fim de despertar nas pessoas uma reação além do esperado. Com o passar dos anos, os profissionais de marketing perceberam que a comunicação deve ser considerada como uma gestão de relacionamento a longo prazo e não mais apenas para conscientização ou lembrança do produtoque esteja sendo oferecido (BOONE, 2011). O processo de comunicação eficaz precisa respeitar uma sequência, para isso é necessário saber como ela funciona. Na Figura 13, Boone (2011) apresenta os elementos do processo de comunicação. FIGURA 13 – ELEMENTOS DO PROCESSO DE COMUNICAÇÃO Emissor Receptor RespostaFeedback Ruídos Codificação Decodificação Mensagem (mídia) FONTE: Adaptado de Boone (2011) • Emissor: é a parte que encaminha a mensagem a outra parte (receptor). • Codificação: o processo de transformação dos pensamentos em linguagem simbólica (palavras e/ou ilustrações em um anúncio para transmitir a mensagem pretendida). TÓPICO 4 | A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE 71 • Mensagem: conjunto de símbolos que o emissor transmite (ideias que o emissor pretende passar para o receptor). • Mídia: os canais de comunicação para o qual enviará a mensagem. • Decodificação: processo pelo qual o receptor atribui significado aos símbolos recebidos do emissor (entendimento da ideia passada pelo emissor). • Receptor: a parte que recebe a mensagem enviada pela outra parte (o emissor). • Resposta: são as reações do receptor ao receber a mensagem. • Feedback: a parte da resposta do receptor que é comunicada de volta ao emissor (retorno do que foi solicitado). • Ruídos: possíveis distorções não planejadas que ocorrem durante o processo de comunicação (podem não entender o que a organização está informando, ou ainda se distrair e não perceber o anúncio apresentado). O processo de comunicação deverá ter muita importância no momento em que a organização decide criar uma mensagem, mesmo independentemente do canal de comunicação utilizado para apresentar o conteúdo, a fim de não gerar transtornos com interpretações não coerentes do que a empresa pretende informar. 2.1 COMUNICAÇÃO INTEGRADA Quando é necessária a realização de uma promoção ou o marketing de uma organização, existem algumas ferramentas da comunicação que são necessárias para promover pessoas, produtos, serviços, empresas, entre outras situações. Ogden (2002) descreve a necessidade de um mix de comunicação para promover uma situação e, muitas vezes variáveis, que estão divididas da seguinte forma: 1) Relações públicas e publicidade, 2) Marketing direto, 3) Propaganda, 4) Venda pessoal, 5) Marketing na internet e 6) Promoção e vendas. 1. Relações públicas e publicidade: levando em consideração que são atividades diferentes, elas geralmente estão agrupadas por desenvolverem a mesma função, sendo executadas pelo mesmo indivíduo, grupos ou departamentos. Para ficar claro, a publicidade, da mesma maneira que a propaganda, utiliza a mídia de massa, no entanto o modo de pagamento é diferenciado. Enquanto que na propaganda tradicional o pagante tem o total controle do que está sendo direcionado ao anúncio, a publicidade é considerada gratuita ou utiliza espaços não pagos, mas a mensagem precisa ser direcionada. Mais adiante veremos os conceitos de propaganda e publicidade. As relações públicas têm a função de gerar nas pessoas um bom relacionamento dos produtos ou serviços das empresas, aqui concentram-se os relacionamentos criados entre uma organização e seus vários públicos. Assim, de modo geral, as relações públicas têm o objetivo de formar, manter ou resgatar a boa imagem de uma organização na sociedade, e não vender produtos ao seu público-alvo. 2. Marketing direto: essa ferramenta está sendo muito usada pelos profissionais de marketing em virtude de sua popularidade, pois estabelece um relacionamento direto com o consumidor, buscando respostas rápidas para o desenvolvimento de uma melhora, tanto no produto como no relacionamento entre ambas as 72 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING partes. Utilizado para a comunicação direta, o telemarketing é muito usado nesse modelo, mas deve-se levar em consideração que as pessoas não estão mais tolerando receber telefonemas a qualquer hora do dia. Muita coisa mudou, apesar de ser popular, existem tendências de haver uma mudança na abordagem direta com o cliente, devendo ser levadas em considerações outras ferramentas de comunicação. 3. Propaganda: esse modelo de comunicação tem muitas vantagens quando uma organização deseja expor seus produtos, mas para ser eficaz a empresa deverá seguir os objetivos, ou seja, precisa saber até onde deseja alcançar o público-alvo para demonstrar seus serviços ou produtos. A propaganda deverá ser flexível, dinâmica, criativa, persuasiva e informativa. Deve-se observar que a empresa, em uma propaganda, não pode aplicar promessas inconsistentes (não realizar o que está propondo para o consumidor). Mais adiante será apresentado um tópico apenas sobre propaganda. 4. Venda pessoal: independentemente do modelo como o consumidor será alcançado, seja pessoalmente ou por telefone, a organização utiliza essa ferramenta para persuadir o indivíduo a comprar os produtos ou serviços que são oferecidos. Por mais que esse modelo, na prática, deveria ser cara a cara, as organizações estão usando outros tipos de comunicação, como o telefone e o viva-voz com auxílio da internet. 5. Marketing na internet: conhecido também como marketing digital, essa ferramenta está cada vez mais sendo utilizada pelas empresas, sendo um dos motivos por ser barata. A tecnologia está cada vez mais auxiliando as empresas nesse sentido, pois com informações de onde o consumidor está navegando, acessando páginas, são realizados relatórios de acessos e assim se tem um histórico daquele usuário. Não entrando muito no mérito do assunto a seguir, esse modelo de busca de informações está apresentando alguns problemas, pois muitas pessoas não sabem que estão sendo monitoradas e, muitas vezes, elas acessam sites e desejam que ninguém saiba dos assuntos que estão pesquisando. A internet é uma ótima ferramenta para o profissional de marketing utilizar, desde que seja utilizada com ética e responsabilidade. Na Unidade 3 apresentaremos o assunto referente ao marketing digital. 6. Promoção e vendas: por fim, essa ferramenta é muito utilizada na comunicação integrada do marketing, além de ser bem vista pelo consumidor, pois apresenta um modelo de vendas com descontos e assim auxilia a alavancar as vendas de um determinado produto ou serviço que a empresa esteja oferecendo. Esse modelo de comunicação geralmente é usado em curto prazo para esvaziar um estoque, promover um produto ou serviço novo ou exclusivo da empresa, e se for bem planejado, auxilia nas vendas do produto para longo prazo, assim que o tempo da promoção finalizar. 3 PROPAGANDA Quando uma organização deseja divulgar um produto ou seus serviços, um dos meios mais utilizados é a propaganda, porém, muitas vezes, dependendo de como ela é apresentada, corre-se o risco de manchar a imagem da organização. TÓPICO 4 | A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE 73 Portanto, é imprescindível que o profissional de marketing tenha certeza de como irá realizar essa apresentação. Já ocorreu de empresas serem obrigadas a retirar a propaganda dos meios de comunicação por situações racistas e indesejáveis para uma minoria, por mais que o enfoque da propaganda não tenha essa relação de constrangimento ou de ofensa. Os conceitos de propaganda são os mais diversos, os autores apresentam suas teorias conforme a seguir: Para Kotler (2011, p. 554) e Las Casas (2009, p. 286), a propaganda “é qualquer forma paga de apresentação impessoal e de promoção de ideias, bens ou serviços por um patrocinador identificado”. Já para Cobra (1992, p. 595), propaganda “é uma comunicação impessoal em que a venda face a face é excluída. É uma comunicaçãopersuasiva, para levar as pessoas a comprarem um produto, um serviço, ou mesmo uma ideia”. E segundo Boone (2011, p. 562), propaganda “consiste na comunicação não pessoal paga em várias mídias com o propósito de informar e persuadir os membros de um público específico”. A propaganda é usada pelos profissionais de marketing para alcançar nichos de mercado com apresentação ou mensagens para atrair as pessoas e empresas a adquirirem seus produtos. Visando fazer com que seus produtos e/ou serviços sejam adquiridos pelos consumidores, o foco principal da propaganda, segundo os autores Kotler e Armstrong (2007) e Boone (2011), tem os seguintes objetivos: • Informativa: é apresentar ou informar preços, novos produtos, mudanças, serviços disponíveis, explicação de produtos, correção de falsas impressões e ampliar a imagem da organização. A informação é necessária principalmente quando se está oferecendo um produto no seu início do ciclo de vida. Um exemplo é a promoção do lançamento de um veículo novo de uma determinada montadora, ou a introdução de um novo modelo de smartphone. • Persuasiva: voltada para o estágio de crescimento do ciclo de vida e a parte inicial da maturidade de um produto ou serviço, ela é usada para persuadir, ou seja, estimular a compra, incentivar a troca por outra marca, mudar percepções e o convencimento dos clientes a falar sobre a marca aos outros. • Recordatórios: fazer o consumidor lembrar do produto ou serviço que a empresa esteja oferecendo. Geralmente esse objetivo é usado no final da maturidade ou início do declínio de um produto ou serviço. Também é levada em consideração para manter os relacionamentos com o cliente, manter a marca na mente das pessoas. 74 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING FIGURA 14 – OS 5 MS DA PROPAGANDA FONTE: Adaptado de Kotler e Armstrong (2007) e Boone (2011) Para que a propaganda alcance os objetivos para o produto ou serviço que esteja sendo oferecido, são necessárias tomadas de decisão. Kotler e Armstrong (2007) recomendam algumas questões necessárias para alcançar os objetivos para uma tomada de decisão estratégica. Vejamos: • Quais são os objetivos da propaganda? (Missão) • Quanto se pode investir? (Moeda) • Que mensagem deveria ser enviada? (Mensagem) • Que mídia deveria ser usada? (Mídia) • Qual deveria ser o resultado esperado? (Medição) Para a administração de uma propaganda, a organização deverá saber antes quais são seus objetivos na aplicação dessa ferramenta, pois sabe-se que o custo é elevado e nem sempre ela é eficiente para o retorno financeiro da empresa, e muitas vezes o produto pode ser identificado como um mico, muito comum no meio automotivo. Kotler e Armstrong (2007) e Boone (2011) apresentam os 5 Ms da propaganda, seguindo os objetivos traçados estrategicamente pela organização, vejamos na Figura 14. Mensagem: - Geração. - Avaliação e seleção. - Execução. - Revisão da responsabili- dade social. Missão: - Metas de Vendas. - Objetivos de propaganda. Moeda / Dinheiro: - Estágio no ciclo de vida do produto. - Participação de mercado e base de consumidores. - Concorrência e mensagens concorrentes. - Frequência da propaganda - Grau de substituição do produto. Mídia: - Geração. - Avaliação e seleção. - Execução. - Revisão da responsabili- dade social. Mensuração: - Impacto de comunicação. - Impacto de vendas. TÓPICO 4 | A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE 75 NOTA O objetivo da propaganda é persuadir, lembrar e informar um produto ou serviço de uma organização para o consumidor, seja ele pessoa física, uma indústria ou comércio. Há muitas ferramentas para promoção de uma propaganda, para tanto, existem vantagens e desvantagens. Mas deve-se ter o cuidado de saber, principalmente, qual é o OBJETIVO da organização, levando em consideração qual o posicionamento e segmentação do mercado em que ela esteja inserida. Vamos ao exemplo: o dono de uma loja de materiais de construção instalada em uma cidade de 50 mil habitantes resolve investir em uma propaganda para alavancar suas vendas realizando promoções semanais ou mensais para que o consumidor vá até sua loja comprar artigos para fazer alguma manutenção na casa, como pintura, melhorar o design, trocar os azulejos da calçada, cozinha ou banheiro. Assim, lembrando da quantidade de habitantes que a cidade possui, e que a loja é somente naquela cidade, resolve contratar por conta própria a realização de uma mídia por televisão. Nesse caso, estaria o dono do comércio utilizando a melhor propaganda para seu negócio? A resposta desse processo é que está sendo efetuado errado, pois como a loja está apenas instalada em um bairro da cidade, o custo para a realização de uma propaganda pela televisão, mesmo que seja local, é muito alto. Dessa forma, o dono da loja investiu em uma mídia caríssima e o retorno não compensa o investimento. Para esse exemplo o melhor investimento é em redes sociais da cidade (geralmente as cidades têm grupos nas redes sociais ou páginas de internet), rádio, jornais e outdoor. O exemplo apresentado pode ser simples, mas a má escolha de uma mídia para a promoção de uma propaganda pode trazer grandes prejuízos e, muitas vezes, nem alcançar os consumidores potenciais clientes da loja de materiais de construção. No Quadro 15, Las Casas (2009) e Kotler e Armstrong (2007) apresentam sugestões das principais mídias de propaganda e suas vantagens e desvantagens. Para melhor usar, caberá ao profissional de marketing desenvolver qual a estratégia mais adequada para promoção da loja e de seus produtos, seja ela local ou nacional. 76 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING QUADRO 15 – VANTAGENS E DESVANTAGENS DAS PRINCIPAIS MÍDIAS Vantagens Desvantagens Jornais • Flexível. • Cobertura intensa de mercados locais. • Boa credibilidade. • Razoavelmente barato. • Vida curta. • Qualidade de impressão geralmente inferior. • Leitura geralmente muito rápida. • Muitos anunciantes. Rádio • Mais fácil para produzir/custo menor. • Uso massificado (muitos aparelhos de rádio no mercado). • Possibilidade de selecionar audiência (regional). • Atinge melhor a população brasileira devido ao alto índice de analfabetismo. • Pode atingir ouvintes enquanto estão fazendo outras coisas. • Boa aceitação local. • Recebe menor atenção dos ouvintes. • Apresentação somente via áudio, sendo a única mídia não visual. • Vida curta. • Grande concorrência da TV. Outdoor • Flexível a seletividade de localização. • Relativamente barato. • Possibilidade de uso de cores chamativas. • Exige pouco em termos de esforço e tempo das audiências. • Baixa concorrência. • Pode distrair motoristas e causar acidentes. • Invade a natureza (outdoor em estradas). • Não tem possibilidade de selecionar audiência. • Limitação de criatividade. Televisão • Combinação de som, vídeo e movimentos. • Apela aos sentidos. • Cobertura em massa. • Pode causar maior impacto. • Audiência não seletiva (exceto TV paga). • Vida curta. • Mídia cara. • Rápida passagem no vídeo. • Alto custo. • Alto nível de saturação. Revistas • Grande seletividade demográfica e geográfica. • Possibilidade de usar boa qualidade de reprodução. • Audiência indireta. • Vida maior (revistas quinzenais ou mensais). • Fidelidade à revista facilita receptividade dos anúncios. • Período maior para veiculação do anúncio (preparo do layout, impressão da revista). • Comunicação com clientes somente eventualmente (revistas mensais e bimensais). • Alto custo. MalaDireta (carta) • Seletividade. • Flexibilidade. • É personalizada. • Custo elevado por unidade de circulação. • Sofre de baixo índice de interesse do leitor. Cinema • Custo menor. • Bom índice de atenção. • Possibilidade de causar bom impacto audiovisual. • Audiência limitada. • Audiência crítica (olham comerciais negativamente). • Maiores dificuldades em encontrar técnicos realmente habilitados para boas produções. Internet • Alta seletividade. • Baixo custo. • Instantaneidade. • Recursos interativos. • Público pequeno, com viés demográfico. • Impacto relativamente baixo. • Exposição controlada pelo público. FONTE: Adaptado de Las Casas (2009), Kotler e Armstrong (2007) TÓPICO 4 | A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE 77 Como se pôde perceber, as vantagens, desvantagens e limitações de uma mídia devem ser levadas em consideração quando for realizado um plano de marketing. No que se refere à internet, esta é cada vez mais utilizada pelas empresas, apesar de ser ainda limitada para a grande massa da população. O Google, por sua vez, possui ferramentas para identificar possíveis compradores através de fornecimento de informações em que o internauta esteja navegando (caso ele autorizou o monitoramento). Podemos perceber que, quando fazemos alguma pesquisa de um produto, rapidamente inicia uma configuração em que aparecem informações de outras empresas com o produto que foi pesquisado. Esse tipo de propaganda auxilia muito o navegador a buscar o melhor preço, qualidade, informações dos produtos, confiabilidade do fornecedor, porém muitas vezes se torna incômodo, pois as informações aparecem por diversos dias seguidos. NOTA Cabe ao profissional de marketing buscar na sua criatividade para implementar a melhor propaganda aos consumidores e na escolha da ferramenta de mídia que melhor alcançará o objetivo e missão da organização. De nada adianta investir em mídias que não atendem às necessidades da empresa, portanto é importante realizar estudos e pesquisas para identificar onde está esse cliente para utilizar a mídia. 3.1 MERCHANDISING Outra ferramenta usada para a promoção de uma propaganda é o merchandising, geralmente muito usada de uma forma simples, mas com um impacto muitas vezes melhor que o uso de uma propaganda direta. Segundo Cobra (1992) e Las Casas (2009), merchandising é considerado como uma operação tática em um ponto de vendas, para se colocar no mercado um produto ou serviço, na quantidade certa, no tempo certo, com o preço certo, com um impacto visual adequado e na exposição correta. Se no conceito de marketing é “ação no mercado”, no merchandising é “ação na mercadoria”. O merchandising faz parte do composto promocional, portanto cabe ao profissional de marketing identificar quando é o melhor momento para se aplicar esse modelo promocional. Vejamos alguns exemplos: 78 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 1. Um modelo de promoção de um produto muito utilizado pelas empresas é o merchandising, pois seu objetivo é a promoção para a venda de algum produto ou serviço, exibindo-o para os possíveis consumidores. A grande maioria de organizações oferece camisetas, canetas com o seu logotipo ou marca para sensibilizar o consumidor, ou seja, mexer com sua atenção criando um conceito mental positivo, efetuando uma possível compra do produto ou serviço. 2. Outro modelo muito usado em mídias como a televisão é algum autor, esportista, apresentador usando um produto de uma marca qualquer. O merchandising direto é aquele em que a marca do produto fica em um local sempre visível pelo cliente sem que seja aplicada uma propaganda informando o produto. O merchandising indireto é aquele que muitas vezes existe em uma entrevista e o entrevistado esteja usando uma camisa, boné, ou ao fundo uma marca de uma empresa, porém muitas vezes as mídias de televisão desfocam a imagem para não promover o merchandising sem pagamento desse tipo de propaganda. O entendimento de merchandising pode levar a uma certa confusão de conceitos, mas para alguns profissionais de propaganda, aplica-se somente na criação e produção de peças a algum tipo de material no ponto de venda das lojas e departamentos, ou seja, a inclusão de faixas, cartazes, bandeirolas, displays, móbiles, entre outros. Farracciù (2007) apresenta de uma forma simples outras definições de merchandising que vão muito além de apenas folhetos. • É um planejamento necessário para a colocação de um produto ou serviço, no tempo, lugar, quantidade e preço certos. • É uma prestação de serviço, seja ela planejada ou improvisada. • É uma técnica usada para adequar o produto para o mercado consumidor. • É uma estratégia de marketing. • É uma exploração no ponto de vendas de um determinado local, ou seja, loja ou departamento. O merchandising é a parte que executa o planejamento de uma propaganda, está mais ligado à promoção de vendas, geralmente indiretamente para o consumidor. Os exemplos citados acima apresentam bem o conceito. De certa forma, uma ferramenta muito usada para o merchandising sempre foi a televisão, quando aparecem por trás de esportistas várias marcas de empresas que estão patrocinando o evento, isso acontece em qualquer país quando uma marca deseja alcançar o público e fazer as pessoas lembrarem dela. NOTA Para quem desejar ir além dos conceitos, faça uma pesquisa no Youtube por modelos de merchandising, que o ajudará na criatividade ao profissional de marketing na execução de uma promoção de vendas. TÓPICO 4 | A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE 79 4 PUBLICIDADE A publicidade também é um modo de apresentar os produtos ou serviços de uma organização, mas ela é diferente da propaganda. A seguir, alguns autores apresentam a definição de publicidade: Para Cobra (1992 p. 75), publicidade são “estímulos não pessoais para criar a demanda de um produto ou unidade de negócio através de meios de comunicação como rádio, televisão e outros veículos, teoricamente com matérias não pagas pelo patrocinador”. Segundo Silva (2005), a publicidade tem como objetivo despertar nas pessoas o desejo pelo produto ou serviço anunciado, criando prestígio ao anunciante. Para melhor diferenciar propaganda de publicidade, seguem alguns exemplos apresentados por algumas empresas: • Um exemplo interessante de publicidade simples e eficaz é a rede canadense de táxis, Taxi Mike. Ao invés de publicar folhetos sobre a própria empresa, a Taxi Mike publica guias sobre cafés, bares e outros estabelecimentos da cidade. Ou seja, todos os lugares interessantes onde pode chegar o Taxi Mike. • A campanha de publicidade da HBO antes do lançamento da terceira temporada de Game of Thrones foi bem elaborada e elevada a grande escala. O tema principal foi uma sombra enorme de um dragão que frequentemente marcava presença na vida cotidiana dos personagens. No início, a publicavam em capas de revistas, depois em páginas de jornais, e inclusive chegaram a projetar a sombra em edifícios, criando uma sensação real. • A Redbul vende seu produto através de uma ideia, ou seja, “Beber Redbul te dá asas”. • A Disney segue o mesmo conceito, ao invés de vender o produto que são os parques, ela vende a felicidade, que é uma ideia focada no divertimento das pessoas. (INCRÍVEL, 2017, [s.p]). Parece um pouco confuso o que é uma propaganda e uma publicidade, mas existem diferenças, apesar de promoverem a mesma coisa. Kotler e Armstrong (2007) afirmam o seguinte: • Propaganda – Qualquer forma paga de apresentação e promoção não pessoal de ideias, bens ou serviços efetuados por um patrocinadoridentificado. • Publicidade – Atividade para promover uma empresa, ou seus produtos, pela inserção de notícias gratuitas na mídia. A escolha da promoção de vendas entre uma propaganda ou publicidade é observada pelos objetivos da organização, esse modelo depende muito da missão e valores que ela deseja agregar em seu produto, portanto é necessário ter em mente até onde a organização deseja alcançar a fidelidade dos consumidores. 80 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING LEITURA COMPLEMENTAR WALT DISNEY: “O exemplo mais bem-acabado de alguém que ousou sonhar” O que falar de uma empresa na qual 70% dos seus frequentadores retornam para apreciar novos momentos tendo a certeza de que encontrarão algo novo? Simplesmente um case de sucesso em retenção e fidelização de seu público. Conheci a história do Reino Encantado primeiramente pelos desenhos e, posteriormente, na leitura do livro “Nos bastidores da Disney”, de Tom Connellan. História formidável e única: conhecimento, técnica, meios, exemplos, estratégia, enfim, algo que me cativou e despertou o interesse em escrever algo sobre este mundo chamado Disneyworld. Começo destacando algumas lições de sucesso do Reino Encantado, conforme Tom Connellan em seu livro: • Como avaliar a satisfação dos clientes obtendo dados concretos com rapidez. • Como usar métodos poderosos com os cartões Guest Service Fanatic e Spirit of Disney Award para reconhecer, celebrar e recompensar o trabalho eficiente. • Como responder a perguntas do tipo: “A que horas começa o desfile das três da tarde?” • Como adequar o recrutamento e o treinamento de sua empresa baseando-se em programas bem-sucedidos. • Como produzir em seus vendedores externos a sensação de parceria, fazendo com que se tornem parte de sua equipe. Vamos pensar nesta abordagem de uma forma dinâmica e constante, para isso criei o seguinte fluxo: • Proporcionar satisfação constante aos clientes • Motivar e inspirar a eficiência • Ser acima de tudo, uma eterna criança • Buscar a melhoria contínua • Despertar a emoção em fazer parte do show Atenção Reconhecimento Humildade Treinamento Encantamento Notam-se características simples, nas quais a grande parcela das empresas já desenvolve em seus ambientes e políticas organizacionais. O que existe de diferente, então? TÓPICO 4 | A COMUNICAÇÃO, PROPAGANDA E PUBLICIDADE 81 É a eficácia aplicada em cada momento! É o que propicia uma característica pouco mencionada nas literaturas acadêmicas de aprendizagem organizacional, exatamente, o Encantamento. Encantar vai muito além de tornar algo único, é superar as expectativas e agradar seu público. A Apple é outro exemplo deste conceito, com seu slogan “Think Different” tornou-se referência a empresas já conceituadas no mercado que agora adotam modelos similares em suas estratégias. Basicamente, funciona como uma engrenagem, na qual três peças/ conceitos fundamentais fazem girar a máquina do encantamento, são elas: A Disney trabalha muito bem um termo criado por Jan Carlzon, a chamada “A hora da verdade”. Este termo refere-se diretamente ao momento de contato com seu cliente: a flexibilização, a dinâmica, a predisposição e preocupação em atendê-lo bem. Carlzon ainda comenta: “Toda pessoa precisa saber e sentir que é necessária.” “Todos gostam de ser tratados como indivíduos.” “Dar alguém a liberdade para assumir responsabilidades libera recursos que de outra maneira permaneceriam ocultos.” “Um indivíduo sem informações não pode assumir responsabilidades, um indivíduo que recebeu informações não pode deixar de assumir responsabilidades.” Segundo Connellan, vamos entender agora as 7 lições adotadas na Disney que a tornam simplesmente magnífica: 1. Concorrente é qualquer empresa com a qual o cliente o compara. 2. Fantástica atenção aos detalhes. 3. Todos mostram entusiasmo. Para esta lição destaco a seguinte frase: “Toda vez que um cliente entra em contato com sua empresa, você tem a oportunidade de criar valor”. 82 UNIDADE 1 | INTRODUÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO DE MARKETING 4. Tudo mostra entusiasmo. 5. Múltiplos postos de escuta. Saber escutar e agir de forma eficiente: “Se deixarmos de lado as informações coletadas pelos funcionários, estaremos menosprezando a fonte de informação mais valiosa de que dispomos”. 6. Recompensa, reconhecimento e comemoração. 7. Todas as pessoas são importantes. Essas lições deixam nítida uma estratégia orientada ao cliente, trabalhar o AGORA é o que caracteriza a prática em oferecer um serviço único. Outras empresas poderão ser assim? Claro, a partir do momento em que entenderem que seu maior capital é humano, tudo fica mais nítido. O custo de buscar um novo e bom cliente é mais do que o dobro em manter o já existente, isso vale também para os funcionários. Walter Elias Disney (Chicago, 5 de dezembro de 1901 – Los Angeles, 15 de dezembro de 1966), homem visionário, enxergou não uma empresa, mas um sonho! Educou, conscientizou, fidelizou gerações, simplesmente alcançou o sucesso ousando sonhar. Por fim, destaco uma frase dele que traduz a sua obra: “Todos nossos sonhos podem se realizar, se tivermos a coragem de persegui-los.” Você já perseguiu seu sonho? http://www.ideiademarketing.com.br/2012/04/26/walt-disney-o-exemplo-mais-bem-acabado- de-alguem-que-ousou-sonhar/ Acesso em 05/05/2017 83 RESUMO DO TÓPICO 4 Neste tópico você estudou que: • Quando uma empresa deseja informar seus produtos ou serviços, é necessário que o profissional de marketing saiba quais ferramentas utilizar para apresentação, porém, muitas vezes são utilizadas mídias que não trazem um retorno eficaz para a organização. • Quando se fala em propaganda, para alguns é apenas fazer com que o produto apareça em mídias como jornais, televisão, rádio, internet, porém caso seja escolhido o modelo errado, não trará nenhuma vantagem para a empresa. • Lembrando que propaganda é venda de produto e publicidade é a venda de uma ideia, mas ambas têm a mesma finalidade, apresentar ao público-alvo o que de melhor a empresa oferece, cabe a ela (empresa) escolher a melhor mídia para apresentar o seu produto. • As ferramentas usadas dependem do público-alvo, do tamanho e da segmentação em que a empresa estará inserida, de nada adianta apresentar uma padaria em um bairro em rede de televisão nacional. • Para finalizar, é necessário passar uma mensagem precisa para o receptor, e esta deve ser de forma simples e de fácil compreensão por parte do público, pois, dependendo da complexidade, o consumidor não fica interessado no que a empresa está oferecendo, portanto é indispensável um planejamento estratégico eficiente para alcançar os objetivos e a missão que a empresa pretende. 84 AUTOATIVIDADE 1 Uma loja de ferramentas agrícolas resolveu abrir suas portas para vendas de produtos em uma cidade de 25 mil habitantes. Sabendo que o giro financeiro da cidade é basicamente a agricultura e que existem apenas dois concorrentes na cidade, apresente uma estratégia de propaganda que seja viável para apresentar os seus produtos. 2 Analise as mídias a seguir e associe os itens conforme o código apresentado: I - Jornais ( ) Seletividade e baixo índice de interesse. II - Internet ( ) Não seletiva e vida curta. III - Televisão ( ) Público restrito e crítico. IV - Mala direta ( ) Razoavelmente barato. V - Cinema ( ) Alta seletividade e interativo. 3 Assinale a alternativa correta que representa a publicidade: ( ) A publicidade é apenas a venda de um produto. ( ) A publicidade é apenas a vendade uma ideia. ( ) A publicidade tem o mesmo significado que merchandising. ( ) A publicidade e propaganda são o mesmo tipo de vendas. 4 Quando uma empresa bem estruturada possui um canal de comunicação eficiente para que seus consumidores possam fazer contatos, sejam críticas positivas ou negativas, qual a importância do feedback?