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SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA NO TRABALHO

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Prévia do material em texto

SAÚDE 
OCUPACIONAL E 
SEGURANÇA NO 
TRABALHO
Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
GRADUAÇÃO
Unicesumar
C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a 
Distância; COSTA, Tiago Ribeiro da
 Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho. Tiago Ribeiro 
da Costa. 
 (Reimpressão)
 Maringá-Pr.: UniCesumar, 2018. 
 139 p.
“Graduação - EaD”.
 
 1. Saúde. 2. Saúde ocupacional . 3. Política de saúde 4. EaD. I. 
Título.
ISBN 978-85-8084-455-9
CDD - 22 ed. 613.07
CIP - NBR 12899 - AACR/2
Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário 
João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828
Impresso por:
Reitor
Wilson de Matos Silva
Vice-Reitor
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de Administração
Wilson de Matos Silva Filho
Pró-Reitor de EAD
Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Presidente da Mantenedora
Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Direção Operacional de Ensino
Kátia Coelho
Direção de Planejamento de Ensino
Fabrício Lazilha
Direção de Operações
Chrystiano Mincoff
Direção de Mercado
Hilton Pereira
Direção de Polos Próprios
James Prestes
Direção de Desenvolvimento
Dayane Almeida 
Direção de Relacionamento
Alessandra Baron
Head de Produção de Conteúdos
Rodolfo Encinas de Encarnação Pinelli
Gerência de Produção de Conteúdos
Gabriel Araújo
Supervisão do Núcleo de Produção de 
Materiais
Nádila de Almeida Toledo
Coordenador de Conteúdo
Silvio Silvestre
Iconografia
Amanda Peçanha dos Santos
Ana Carolina Martins Prado
Projeto Gráfico
Jaime de Marchi Junior
José Jhonny Coelho
Arte Capa
Arthur Cantareli Silva
Editoração
Melina Belusse Ramos
Revisão Textual
Jaquelina Kutsunugi
Maria Fernanda Canova Vasconcelos
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um 
grande desafio para todos os cidadãos. A busca 
por tecnologia, informação, conhecimento de 
qualidade, novas habilidades para liderança e so-
lução de problemas com eficiência tornou-se uma 
questão de sobrevivência no mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilida-
de: as escolhas que fizermos por nós e pelos nos-
sos farão grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Centro Universitário Cesumar 
assume o compromisso de democratizar o conhe-
cimento por meio de alta tecnologia e contribuir 
para o futuro dos brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a 
educação de qualidade nas diferentes áreas do 
conhecimento, formando profissionais cidadãos 
que contribuam para o desenvolvimento de uma 
sociedade justa e solidária” –, o Centro Universi-
tário Cesumar busca a integração do ensino-pes-
quisa-extensão com as demandas institucionais 
e sociais; a realização de uma prática acadêmica 
que contribua para o desenvolvimento da consci-
ência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e 
a integração com a sociedade.
Diante disso, o Centro Universitário Cesumar al-
meja ser reconhecido como uma instituição uni-
versitária de referência regional e nacional pela 
qualidade e compromisso do corpo docente; 
aquisição de competências institucionais para 
o desenvolvimento de linhas de pesquisa; con-
solidação da extensão universitária; qualidade 
da oferta dos ensinos presencial e a distância; 
bem-estar e satisfação da comunidade interna; 
qualidade da gestão acadêmica e administrati-
va; compromisso social de inclusão; processos de 
cooperação e parceria com o mundo do trabalho, 
como também pelo compromisso e relaciona-
mento permanente com os egressos, incentivan-
do a educação continuada.
Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está 
iniciando um processo de transformação, pois quan-
do investimos em nossa formação, seja ela pessoal 
ou profissional, nos transformamos e, consequente-
mente, transformamos também a sociedade na qual 
estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando 
oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capa-
zes de alcançar um nível de desenvolvimento compa-
tível com os desafios que surgem no mundo contem-
porâneo. 
O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de 
Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo 
este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens 
se educam juntos, na transformação do mundo”.
Os materiais produzidos oferecem linguagem dialó-
gica e encontram-se integrados à proposta pedagó-
gica, contribuindo no processo educacional, comple-
mentando sua formação profissional, desenvolvendo 
competências e habilidades, e aplicando conceitos 
teóricos em situação de realidade, de maneira a inse-
ri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais 
têm como principal objetivo “provocar uma aproxi-
mação entre você e o conteúdo”, desta forma possi-
bilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos 
conhecimentos necessários para a sua formação pes-
soal e profissional.
Portanto, nossa distância nesse processo de cres-
cimento e construção do conhecimento deve ser 
apenas geográfica. Utilize os diversos recursos peda-
gógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possi-
bilita. Ou seja, acesse regularmente o AVA – Ambiente 
Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e en-
quetes, assista às aulas ao vivo e participe das discus-
sões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de 
professores e tutores que se encontra disponível para 
sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de 
aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui-
lidade e segurança sua trajetória acadêmica.
Pró-Reitor de 
Ensino de EAD
Diretoria de Graduação 
e Pós-graduação
SEJA BEM-VINDO(A)!
Prezado(a) acadêmico(a),
Seguras saudações! Seja bem-vindo(a) ao mundo da Segurança no Trabalho e da Saúde 
Ocupacional no contexto da Gestão Ambiental.
Antes de darmos início á discussão deste tema, tenho uma importante tarefa a cumprir 
e gostaria de convidá-lo(a) a participar desta tarefa. Trata-se de uma tarefa aparente-
mente fácil, mas que pode definir se você irá ou não continuar a ler este material: quero 
incentivá-lo(a) e convencê-lo(a) sobre a importância do estudo acerca da Segurança no 
Trabalho no contexto da Gestão Ambiental.
Para tal, convido-o(a) a acompanhar nossa primeira unidade. Na Unidade I problemati-
zaremos primeiramente sobre o trabalho de acordo com duas questões norteadoras: O 
que é o trabalho? e, Quais os contextos do trabalho ligados ao ser humano?
Verificaremos que o trabalho se configura a partir do atendimento das necessidades e 
anseios do ser humano em transformar seu meio concreto e até mesmo suas aspirações 
abstratas (pensamentos, ideias, crenças). Diante deste fato, apresentaremos a Teoria das 
Necessidades de Maslow, a qual, em parte, explica a “mola propulsora” que move o ser 
humano em busca desta transformação chamada trabalho.
Ainda neste certame, o trabalho apresenta-se em seus diversos contextos (filosófico, 
religioso, econômico, científico e outros que serão explicitados em momento oportu-
no). Tais contextos apresentam as classes de motivos pelos quais o trabalho pode ser 
executado, com sua relativa importância. Você verá que, em muitos casos, existe uma 
relação íntima entre estes contextos e a execução das diferentes atividades humanas 
nos dias atuais. Se você ganha um salário pela execução de um trabalho ou mesmo já 
ouviu falar que o trabalho é uma “punição” certamente já está ambientado, mesmo que 
não perceba, aos diferentes contextos relacionados ao trabalho.
Logicamente que os subsídios da Unidade I não são suficientes para convencê-lo sobre 
a importância do tema de estudo, afinal, ainda não mencionamos nada a respeito da 
Segurança do Trabalho em si e, muito menos, de sua ligação com a Gestão Ambiental. 
Desta forma, a Unidade II apresentará a introdução ao tema “Segurança do Trabalho”.
Os princípios de Segurança do Trabalho foram desenvolvidos a partir da famigerada 
dualidadeplenitude-crise (COSTA, 2012) do modelo capitalista de trabalho apregoado 
na época da Revolução Industrial. O simples aumento de produtividade, dado pela sis-
tematização dos processos produtivos e pela exploração exacerbada de uma força de 
trabalho por vezes inadequada aos processos altamente exigentes em força e repeti-
tividade (uso de mulheres, idosos e crianças em jornadas que ultrapassavam 16 horas 
diárias), provocou uma situação de crise insustentável.
Você verá que, de acordo com Albert Einstein, “a crise é a maior bênção para pessoas 
e para países”. Neste sentido, a saída para tais crises ligadas às condições desumanas 
de trabalho foi o desenvolvimento de novas propostas, tidas como paradigmas sociais, 
APRESENTAÇÃO
SAÚDE OCUPACIONAL E SEGURANÇA NO 
TRABALHO
tais como o fortalecimento de organizações associativas (Sindicatos, Associações 
e Cooperativas), ideários socioeconômicos (Comunismo como modelo alternativo 
ao Capitalismo) e o desenvolvimento de normas e ações voltadas à proteção do 
trabalhador, a qual teve seu maior expoente representado pela promulgação das 
diversas convenções sobre o trabalho editadas pela Organização Internacional do 
Trabalho – OIT, a partir de 1921. Discutiremos sobre estas convenções e seus desdo-
bramentos históricos, inclusive no Brasil.
Notou que a dois parágrafos atrás apresentei uma palavra em sublinhado? Utilizei 
a palavra “uso” desta forma não por acaso. O uso ao qual me refiro apresenta-se 
em seu sentido mais visceral, em que estes seres humanos, tão importantes ao de-
senvolvimento do trabalho, são encarados como meras peças descartáveis de um 
processo produtivo, tendo “tempo de vida útil”. Ainda bem que hoje não é assim, 
correto? Bem, independente de sua opinião sobre o comentário anterior, veremos 
se isso é verdade na Unidade II.
A partir da Unidade III iniciaremos um processo de delimitação da discussão, focan-
do mais sobre a questão da Segurança do Trabalho em si. Apresentaremos todos 
os subsídios necessários para que você, prezado(a) aluno(a), possa conhecer seus 
princípios, aplicações, legislações e normas pertinentes, atores e atualidades acer-
ca do assunto. Neste momento é que passaremos a definir qual o papel do Gestor 
Ambiental no contexto da Segurança do Trabalho a partir deste questionamento: 
“Quem é o Gestor Ambiental frente à Segurança do Trabalho?”.
Aliás, faça este exercício a partir deste momento. Inicie a se perguntar qual o seu 
papel, enquanto futuro Gestor Ambiental, na questão da Segurança do Trabalho. 
Junte as suas impressões e percepções acerca deste assunto com aquelas que dis-
cutiremos ao longo do livro, especialmente na Unidade III. Espero que, com isso, 
você possa enriquecer suas ideias acerca desta atuação e possa estabelecer seus 
próprios caminhos, de maneira empreendedora e inovadora em mais este campo 
de atuação.
Provavelmente, a Unidade III lhe apresentará bons argumentos nesta minha tentati-
va de convencê-lo ao estudo da Segurança do Trabalho no contexto da Gestão Am-
biental. Entretanto, ainda é necessário estabelecer ações e ferramentas de atuação 
do Gestor Ambiental enquanto membro participante do que podemos chamar de 
“bureau” empresarial de Segurança do Trabalho. 
Assim, por meio da Unidade IV, discutiremos sobre os principais riscos associados 
aos diferentes ambientes de trabalho e suas diferentes formas de detecção. Além 
disso, também trabalharemos com a questão do papel do Gestor Ambiental nas 
estratégias de capacitação dos atores envolvidos com a prática laboral, afinal, antes 
das práticas laborais serem definidas por meio de máquinas, equipamentos, imple-
mentos e ferramentas, elas são, acima de tudo, definidas pela inserção do ser huma-
no ciente de seu papel como agente ativo dos processos. 
APRESENTAÇÃO
APRESENTAÇÃO
Finalmente, na Unidade V, estabeleceremos uma última discussão sobre as perspec-
tivas da Segurança do Trabalho frente à Gestão Ambiental. As discussões sobre o 
meio ambiente nos dias atuais têm cada vez mais tomado ares de protagonismo, 
dada sua quase “exigibilidade” no que tange ao desenvolvimento dos seres huma-
nos nas próximas décadas.
Não obstante, os diferentes fatores ligados ao desenvolvimento sustentável, dentre 
eles a questão do desenvolvimento das práticas laborais de maneira segura e saudá-
vel, estão na pauta dos diversos fóruns setoriais, especialmente da Conferência das 
Nações Unidas para o Desenvolvimento Sustentável – RIO +20, realizada no ano de 
2012 na cidade Rio de Janeiro, Brasil.
O “pano de fundo” das discussões considerando a relação Segurança do Trabalho – 
Meio Ambiente centra-se no fato de que as implicações da adoção de princípios de 
Segurança do Trabalho estendem-se de maneira a garantir a preservação e a utiliza-
ção racional dos recursos disponíveis, atrelado à ampliação da eficiência econômica 
do negócio, reduzindo os impactos potenciais da atividade humana e, por consequ-
ência, sua pressão sobre os recursos ainda restantes.
Além desta problematização, também abordaremos a relação entre Segurança do 
Trabalho – Meio Ambiente do ponto de vista das certificações e encerraremos nossa 
discussão reapresentando e repaginando o papel do Gestor Ambiental sob o ponto 
de vista das características pessoais e profissionais desejadas pelo mercado.
Para lhe auxiliar em seus estudos, fiz questão de anexar leituras e atividades com-
plementares que irão lhe ajudar no processo de construção de seu conhecimento.
Vamos então iniciar nossos estudos sobre a Segurança do Trabalho no contexto da 
Gestão Ambiental? Sinta-se à vontade para estudar os conteúdos deste material, 
mas, acima de tudo, assuma uma postura crítica e disciplinada em seus estudos: 
estabeleça horários e metas e sempre se questione, de uma maneira crítica, sobre 
estes conteúdos. Afinal, também não quero estabelecer a minha visão do assunto 
como única e dependo de suas visões e percepções em uma proposta dialógica para 
que possamos estabelecer, de fato, a construção do conhecimento.
Bons estudos!
SUMÁRIO
UNIDADE I
TRABALHO, NECESSIDADES E CONTEXTOS
15 Introdução
16 O Trabalho e seus Contextos 
44 Considerações Finais 
UNIDADE II
GÊNESE DA SEGURANÇA DO TRABALHO
49 Introdução
50 Revolução Industrial: A Crise que Gestou a Segurança do Trabalho 
57 O Estado de Crise da Revolução Industrial e O Desenvolvimento dos 
Primeiros Princípios Sobre Segurança do Trabalho
61 Aplicação de Princípios e Diretrizes de Segurança e Saúde no Trabalho no 
Brasil
64 Considerações Finais 
SUMÁRIO
11
UNIDADE III
SEGURANÇA DO TRABALHO E SAÚDE OCUPACIONAL
69 Introdução
69 Segurança Do Trabalho: Definição 
75 Atores Envolvidos no Sistema de Segurança do Trabalho e Saúde 
Ocupacional
77 Mecanismos que Regem as Ações de Segurança do Trabalho e Saúde 
Ocupacional
83 Considerações Finais
UNIDADE IV
SEGURANÇA DO TRABALHO E SUAS FERRAMENTAS
89 Introdução
90 Revisitando o Conceito de Riscos Associados à Prática Laboral 
94 Principais Ferramentas da Segurança do Trabalho 
108 O Papel do Gestor Ambiental nas Estratégias de Conscientização e de 
Capacitação dos Atores Envolvidos
111 Considerações Finais 
SUMÁRIO
UNIDADE V
SEGURANÇA DO TRABALHO, SUSTENTABILIDADE E PERSPECTIVAS NO 
CONTEXTO DA GESTÃO AMBIENTAL
117 Introdução
118 Perspectivas do Tema “Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional” no 
Contexto da Gestão Ambiental
119 Segurança do Trabalho, Gestão Ambiental e Sustentabilidade 
126 Segurança do Trabalho, Gestão Ambiental e Certificações 
128 A Importância da Segurança do Trabalho ao Gestor Ambiental como 
Elemento de Competitividade no Mercado de Trabalho
131 Considerações Finais 
135 Conclusão
137 Referências
U
N
ID
A
D
E I
Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa
TRABALHO, NECESSIDADES 
ECONTEXTOS
Objetivos de Aprendizagem
 ■ Proporcionar o conhecimento, por parte dos acadêmicos, acerca da 
contextualização do Trabalho, objeto de estudo da Segurança do 
Trabalho, no plano das necessidades humanas e de seus diferentes 
contextos (histórico, filosófico, econômico, religioso, científico e 
cultural-educativo).
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
 ■ Conceituação sobre Trabalho
 ■ Os diferentes contextos da prática laboral
 ■ Dualidade Plenitude-Crise como base teórica da evolução das 
atividades humanas
 ■ Evolução histórica do Trabalho
INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), seja bem-vindo(a)! Estamos iniciando nosso estudo sobre a 
Segurança no Trabalho e Saúde Ocupacional no contexto da Gestão Ambiental. 
Entretanto, como mencionado na apresentação desta obra, antes de falarmos sobre 
a Segurança do Trabalho em si, precisamos nos convencer sobre a importância 
de seu estudo e de suas aplicações no campo da Gestão Ambiental.
Para tal, coloco-lhe a seguinte questão para sua reflexão:
Afinal, você sabe o que é “trabalho”?
Em um primeiro momento, sem o conhecimento teórico necessário, parece 
difícil definir com precisão o que seja trabalho. Provavelmente você, se não con-
seguiu estabelecer um conceito acerca do assunto, certamente associou a palavra 
a alguma atividade desenvolvida pelo ser humano.
Contudo, esta associação entre o termo “trabalho” e o desenvolvimento de 
alguma atividade deve ser feita de maneira cautelosa e nós vamos entender o 
motivo disto por meio da análise dos diversos contextos relacionados ao trabalho.
Não pude evitar pensar que você deve ter se perguntado: “Mas professor, 
nem conceituamos ainda o que é o trabalho e já estamos partindo para seus 
contextos?”. Em minha visão, penso que visualizando alguns contextos prin-
cipais, podemos conceituar com maior propriedade o que é o trabalho. Desta 
forma, vamos compreender os diferentes contextos do trabalho.
Introdução
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TRABALHO, NECESSIDADES E CONTEXTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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O TRABALHO E SEUS CONTEXTOS
Como atividade inicial, peço para que você se concentre nas palavras deste perí-
odo do livro e siga rigorosamente as reflexões aqui colocadas. Vamos lá?
Em algum momento de sua vida você já se deparou com uma espécie de 
vazio provocado por questões não respondidas? Trata-se de questões que bei-
ram o campo da filosofia e do papel exercido pelo ser humano no universo como, 
por exemplo:
 ■ “- Quem sou eu?”.
 ■ “- Por que estou aqui?”.
 ■ “- Qual o objetivo de viver?”.
 ■ “- O ser humano está sozinho no universo?”.
 ■ “- Existe algo que rege a nossa vida?”.
É difícil encontrar alguém que nunca tenha se deparado com estas questões. Saiba 
que tais questionamentos são naturais e pertinentes a qualquer ser humano, desde 
épocas remotas. Todavia, assim como você, eu nunca obtive respostas satisfató-
rias para estas questões, mesmo considerando que estamos em uma época onde 
o desenvolvimento científico e tecnológico nos confere subsídios importantes à 
resolução destes questionamentos.
Reflita agora sobre esta mesma análise, mas transporte-a para tempos mais 
remotos, quando os subsídios que poderiam nos auxiliar na resolução destas 
questões eram mais raros. De alguma maneira, o ser humano, com sua grande 
capacidade de adaptação ao ambiente, não somente física e biológica, mas tam-
bém cognitiva, criou alternativas ao entendimento das referidas questões. Desta 
forma, surgiram as primeiras teorias filosóficas que buscavam dar suporte a estes 
questionamentos.
São duas as principais teorias filosóficas que foram criadas diante deste con-
texto, em ordem: a) o Teocentrismo; e, b) Antropocentrismo.
Segundo Souza (2009) o Teocentrismo surgira em uma época de densa supre-
macia da Igreja Católica, especialmente sob o ponto de vista ideológico. Na Idade 
O Trabalho e seus Contextos
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Média, período do auge do Teocentrismo, o ideário básico suscitava a relação 
entre Deus e as coisas sem explicação lógica, ou seja, todas as respostas àquelas 
perguntas encontravam-se direcionadas à justificativa divina.
A própria definição de Teocentrismo ilustra esta supremacia divina:
O teocentrismo, do grego theos (“Deus”) e kentron (“centro”), é a con-
cepção segundo a qual Deus é o centro do universo, tudo foi criado por 
ele, por ele é dirigido e não há outra razão além do desejo divino sobre 
a vontade humana (TEOCENTRISMO.COM, 2012).
Para se ter uma ideia sobre o ideário vigente neste período, Tomás de Aquino, 
citado por Souza (2009), representou o Teocentrismo por meio de suas cinco pro-
vas da existência de Deus, as quais, em resumo, seguem as respectivas ideias: 1) 
Deus, primeiro motor imóvel do universo em movimento e causa eficiente desse 
universo; 2) Ser absoluto em relação às coisas que apresentam apenas graus de 
perfeição; e, 3) Ordenador e fim supremo do Universo, dando, dessa maneira, 
sentido e finalidade ao universo.
Não é nosso objetivo nos aprofundar em uma discussão do campo filosófico 
quanto ao Teocentrismo, contudo, você já deve ter percebido que tal ideologia, 
por sua característica principal, subjuga o poder transformador do ser humano, 
ávido por modificar seu meio em prol de suas necessidades.
Neste sentido, o Antropocentrismo, teoria a qual apregoa uma “troca” 
quanto ao elemento principal do universo (de Deus para ser humano), entrou 
em cena, em meados do século XIV, com o Renascimento. Não obstante, o nome 
“Renascimento” sugere o ressurgir do homem e de sua capacidade de modificar 
o meio a partir de um cenário de “trevas” advindo da Idade Média.
Neste momento o desenvolvimento da razão e das ciências permitiu ao ser 
humano a compreensão de muitos fenômenos naturais e humanos, até então cre-
ditados às entidades divinas. Não se tratava do primeiro momento histórico no 
qual o ser humano era protagonista no desenvolvimento de suas atividades, mas 
certamente foi o mais auspicioso nesta questão, afinal, graças ao poder inventivo 
do ser humano, traduzido por sua capacidade de modificar o meio (portanto, tra-
balho), grandes feitos na história da humanidade foram executados, tais como as 
grandes navegações, o desenvolvimento das leis universais da Física e das demais 
ciências (Sociologia, Matemática, Anatomia dentre outras) e a própria Revolução 
TRABALHO, NECESSIDADES E CONTEXTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Industrial, um marco histórico no campo do trabalho que modificou drastica-
mente as bases sociais, econômicas, ambientais e políticas da sociedade Europeia, 
nos séculos XVIII e XIX e da sociedade mundial no século XX.
Neste momento você deve ter percebido que o antropocentrismo tem uma 
ligação bastante importante com o trabalho em si, devido a sua característica de 
libertação da capacidade transformadora e inovadora do ser humano. Todavia, 
ainda não é capaz de solucionar todas as questões filosóficas estabelecidas na 
ânsia do entendimento do papel deste ser humano no universo.
O Teocentrismo, em menor grau e, principalmente, o Antropocentrismo, 
ilustram esta relação do ser humano com o universo, um ser ativo, atuante e que 
busca constantemente a transformação de seu meio para seu próprio benefício. 
A esta capacidade de modificação do meio é que damoso nome de “trabalho”.
É importante salientar que esta “modificação do meio” supracitada pode 
ter efeitos tanto em elementos concretos como também em elementos abstra-
tos: a própria teoria filosófica do Teocentrismo foi criada pelo ser humano, o 
qual estabeleceu uma relação causal entre um elemento abstrato (Deus) e as 
consequências terrenas (concretas). Por isso que também é válido afirmar que 
o Teocentrismo possui sua parcela de contribuição em nossa tentativa de con-
ceituar o termo “Trabalho”.
Mediante o exposto, portanto, depreende-se que:
Entretanto, a conceituação sobre o Trabalho torna-se incompleta do ponto de 
vista processual. Fazendo uma alusão com a boa e velha gramática, é como se 
estivéssemos vendo claramente o que é a ação (o verbo do predicado) e quem 
executa esta ação (ou seja, o sujeito). Entretanto, esta ação não se configura 
O termo “trabalho” faz alusão à capacidade humana de transformar o meio 
(considerando elementos abstratos e concretos) para o pleno atendimento 
de suas necessidades.
O Trabalho e seus Contextos
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como “verbo intransitivo”, necessitando, portanto, de um complemento, de um 
“objeto”, de um “para quem a ação é voltada”. Desta forma, caro(a) aluno(a), de 
uma maneira mais direta, eu lhe pergunto: “Para quem o trabalho é voltado?”.
Analise as seguintes citações:
[...] As profissões da área das engenharias são caracterizadas pelas rea-
lizações de interesse social e humano [...].
O homem filosofa para entender o mundo e seu papel dentro dele. Fi-
losofa para entender a si mesmo.
[...] O homem faz ciência para estabelecer o conhecimento metodoló-
gico das relações do mundo material, visando apropriar-se deste co-
nhecimento para seu próprio desenvolvimento intelectual.
[...] O homem desenvolve tecnologia para aplicar na sua própria prática 
de vida os conhecimentos científicos adquiridos, visando seu desenvol-
vimento, sua abundância econômica, seu conforto e sua qualidade de 
vida.
[...] O homem faz religião para buscar sua bem-aventurança espiritual, 
aproximando-se de suas divindades.
[...] O homem faz arte para o deleite de seu próprio espírito.
[...] O homem trabalha para realizar no ambiente seus próprios inte-
resses, promovendo sua transformação.1
A partir desta leitura, pode-se depreender que em todos os casos, os resultados 
da ação chamada trabalho são voltados ao próprio ser humano, ou seja, este é 
promotor de uma ação modificadora do meio que tem por objetivo o seu pró-
prio benefício, corroborando com a observação anterior de que o trabalho é 
voltado ao atendimento das necessidades deste ser humano. 
Para auxiliar em seu entendimento sobre o que é trabalho, apresento-lhe a 
seguinte leitura complementar:
1 A primeira frase deste conjunto de citações foi adaptada de BRASIL, Lei n. 5.194 de 24 de dezembro de 
1966. Dispõe sobre o exercício das profissões de Engenheiros, Arquitetos e Engenheiros Agrônomos. 
Brasília, 1966. Disponível em: <www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L5194.htm>. Acesso em: 11 maio 2012. 
As frases restantes foram retiradas de: COSTA, T. R. Segurança do Trabalho – Aula 01/03 – Pós-graduação 
MBA em Gestão com Pessoas (Centro Universitário de Maringá – CESUMAR). Maringá: CESUMAR, 
2011. 95 slides: color.
Resumo
Trabalho, mais do que sobrevivência, é uma das mais expressivas manifestações do ser 
humano. É algo semelhante à arte, onde o homem transforma e é transformado. Desde 
os primeiros anos de vida, aprende que fazer algo com um objetivo definido conquista 
espaço, respeito, consideração e autoestima. Descobre a satisfação de desenvolver uma 
habilidade e externá-la num produto ao qual se percebe conectado. O trabalho, diferen-
te da simples atividade, deve preencher um porquê, uma finalidade e um valor. A razão 
pela qual executamos algo está vinculada a quem somos e como estamos no mundo. 
Reflete nossa autoimagem, e nos agrega ou retira a possibilidade de realização pessoal, 
de acordo com a utilização das potencialidades e competências individuais. Hoje, mais 
do que em épocas anteriores, o ser humano se vê diante do conflito entre submissão às 
regras do novo mercado de trabalho e suas próprias necessidades. Será possível ainda 
a aliança consigo mesmo e o produto, ou a cisão é inevitável? Qual o reflexo para as 
organizações atuais da presença ou ausência de significado do trabalho para seus inte-
grantes?
O significado do trabalho 
As atuais mudanças desencadeadas pela globalização são de tal forma revolucionárias 
que ultrapassam o boom tecnológico. O ser humano está sendo forçado a dar um salto 
evolucionário para o qual não teve tempo de se preparar. A História nos mostra períodos 
de inovações que exigiram adaptações quanto a conhecimentos, atitudes e habilidades, 
mais ou menos intensas, todas sem precedentes. A Revolução Industrial é um exemplo 
clássico. Entretanto, a presente metamorfose nos impõe exigências de tal forma urgen-
tes e volumosas que o impacto psicológico e social não pode ser ainda completamente 
avaliado ou previsto, pois estamos em meio ao processo. Pode-se apenas senti-lo e ob-
servá-lo à flor da pele das pessoas e das instituições sociais na forma de insegurança, 
opressão, e remotas esperanças de um futuro melhor.
A busca desta adaptação tem sido colocada como prioritária pelo homem moderno, 
como condição de sobrevivência. Parecem não haver alternativas em curto prazo, a não 
ser a de interagir com o movimento. Empresas e empregados respondem procurando se 
antecipar às necessidades, antevendo novas regras de mercado, propondo outras reali-
dades, concretas e virtuais. É preciso desenvolver novos valores, tecnologias e produtos, 
a fim de alcançar parâmetros mínimos de competitividade e subsistência. 
Uma palavra constantemente pronunciada, e que se tornou lei, é velocidade. Não basta 
saber, é preciso saber antes. Não basta fazer, é preciso fazer antes. Até mesmo o voca-
bulário de alguém que se pretende atualizado é foco de atenção cuidadosa, visto que 
num período curtíssimo de tempo se torna obsoleto, diferenciando informados e desin-
formados. 
É neste meio ambiente que surge a questão da relação do homem com o seu produto. 
Afirma Codo (1995, p. 141) que trabalho é o ato de depositar significado humano à na-
tureza. Complementa a afirmação ao apontar que, numa sociedade baseada na coope-
21 
ração e na troca, trabalho é o ato de depositar significado social à natureza. Ao produzir, 
o homem transforma a natureza e é por ela transformado. Seu produto o representa e 
o reapresenta. A própria sociedade é criada e tem seus valores modelados pelas formas 
de produção.
Como forma de expressão do homem, o trabalho pode ser comparado à arte. É a ma-
nifestação de algo interno que se apresenta na concretização do esforço despendido, 
expondo crenças, atitudes e valores. Este princípio é válido tanto para aquele satisfeito 
com seu trabalho quanto para o insatisfeito. No primeiro caso, o sujeito alienado de 
si mesmo exterioriza seus preceitos de submissão ou acomodação ao sistema. No se-
gundo, atualiza seu potencial, no dizer de Rogers (1961) o que o coloca no caminho da 
individuação, e, portanto da realização pessoal.
O trabalho como autoexpressão – origens
A noção de que o trabalho é uma das formas mais profundas de expressão humana em 
contrapartida a de que seria apenas um ato de sobrevivência, não é nova, e está profun-
damente arraigada em hipóteses criadas, testadas e sedimentadas pelo indivíduo no 
decorrer de sua história. A teoria do desenvolvimento de Erickson (1976, p.227) mostra 
que em sucessivas etapas da elaboração da identidade surge o aspecto da produção in-
dividual. À medidaque o ser humano se desenvolve e entra em contato com a realidade 
dos papéis sociais, percebe que sua inserção na sociedade pressupõe desempenhos. Ser 
alguém está intimamente associado a fazer algo. 
A necessidade de reconhecimento ou confirmação surge muito cedo. Os movimentos 
inicialmente desordenados do recém-nascido, respondendo basicamente a estímulos 
biológicos, vão aos poucos sendo substituídos por ações intencionais em tentativas de 
comunicação organizada, isto é, com o objetivo de traduzir conteúdos internos – sensa-
ções, desejos, necessidades. Os feedbacks fornecem referências que auxiliam a criança a 
se situar no mundo. É através desta interação que se passa de um estado de indiferença 
com o meio para o de diferenciação, dando lugar ao reconhecimento do ser individual, 
separado do todo. O processo é longo, está fundamentado no agir e na percepção parti-
cular da ação, e culmina com a construção da base da identidade individual. 
Nestes primeiros anos, o agir se dá em função do prazer da exploração e do movimen-
to, as descobertas são surpresas e a intencionalidade decorre de uma exuberante ima-
ginação. A meta é conhecer o ambiente, seu conteúdo e funcionamento, sendo estas 
experiências as que dão origem aos traços primários da autoimagem. Segundo a teoria, 
o sucesso ou fracasso nestas empreitadas trarão consigo os sentimentos de confiança 
ou desconfiança básicas, autonomia ou vergonha e dúvida, e iniciativa ou culpa. São o 
alicerce da identidade, protótipos de futuras elaborações. As próximas etapas estão já, 
portanto, influenciadas por este substrato. 
Uma vez que a exploração do meio permita certo nível de domínio, a criança entra numa 
nova fase. Descobre que ao desenvolver “habilidades e tarefas que excedem em muito 
os limites da mera expressão prazerosa de seus modos orgânicos ou o prazer que lhe 
causa o funcionamento de seus membros” (ERICKSON, 1976, p.238) encontra aceitação 
e aprovação. No período que corresponde ao que Freud identificou como latência, inicia 
a busca da industriosidade. Substitui o brincar desordenado por atividades mais pla-
nejadas, e aprende que fazer coisas conquista consideração. Coincide com a época em 
que começa a receber instrução escolar mais sistematizada, e percebe que os limites de 
seu ego incluem suas ferramentas e habilidades (ERICKSON, 1976). Produzir passa a ser 
ao mesmo tempo um prazer e um meio. O agir intencionalmente para atingir um obje-
tivo é em si agradável, ao mesmo tempo em que proporciona a abertura para situações 
também gratificantes - o intercâmbio com o grupo, a concretização de um ideal através 
do produto elaborado, e a aprovação individual e social. É o primeiro contato objetivo 
com o mundo do trabalho. A criança estará exposta a oportunidades que tanto poderão 
comprovar suas possibilidades de industriosidade quanto de conduzi-la a sentimentos 
de inadequação e inferioridade. A comprovação de que é capaz de produzir facilita a 
inserção e locomoção no grupo social, e o fracasso nas habilidades de produção desen-
coraja a participação no grupo e no mundo das ferramentas. O insucesso traz à tona 
raivas submersas decorrentes da frustração dos impulsos. Ao completar esta etapa, o 
indivíduo terá acrescentado à sua identidade ou a condição de capacidade de produção 
ou a de sentimento de mediocridade e inadequação, já agregados de frustração e raiva. 
Na adolescência, a soma de mudanças biopsicossociais levam a um verdadeiro tumulto. 
Novas maneiras de ver, sentir e pensar o mundo pressionam no sentido de uma defini-
ção, e o sujeito se cobra e é cobrado quanto a posicionamentos. É preciso agora saber 
quem ele é realmente, o quê quer e para quê quer. Uma gama de papéis deve se tornar 
nítida para o indivíduo e para a sociedade. É indiscutível a importância da sexualidade 
nesta fase, cuja atividade ocorre no sentido de delinear parâmetros de comportamento 
que virão a interferir inclusive no campo profissional. A outra questão que surge como 
fundamental é “o quê ele vai ser” – profissionalmente. A escolha do futuro campo de 
trabalho pretende conciliar fatores tão diferentes quanto habilidades, tendências, ne-
cessidades, preferências e busca de status social. A força da expectativa dos ideais edifi-
cados nesta fase será forte impulso durante toda a vida produtiva. Como na infância se 
desenvolveram protótipos de alguns sentimentos ligados à identidade, também aqui 
são elaborados os ideais em estado puro. A perda do contato com estes sonhos, o fra-
casso, distanciamento ou a impossibilidade de levá-los adiante é o que no futuro gerará 
frustração e mediocridade profissionais. É o ideal construído nesta fase que permeará o 
trabalho vocacionado, mesmo que este venha a sofrer redirecionamentos no decorrer 
da vida laboral, porque fornece o sentido e a razão de uma busca. É a crença que oferece 
significado aos futuros empreendimentos.
A partir da entrada efetiva no mundo do trabalho, o adulto começa a testar e validar as 
expectativas criadas. Os ideais traçados nas fases anteriores, ainda em estado bruto, pas-
sam por uma verificação, podendo sofrer adaptações de acordo com as circunstâncias. 
Permanecendo a essência intacta, isto é, podendo o sujeito utilizar seu potencial, so-
mado à automotivação, o fazer profissional poderá se encaminhar para uma resolução 
satisfatória. Isto só se realiza se, no dizer de Kierkgaard (in ROGERS, 1961), pode-se “ser 
23 
o que realmente se é”, e quando nos referimos a trabalho, isto significa atuar de forma a 
explorar e desenvolver as próprias capacidades e interesses inerentes.
O trabalho hoje
Os avanços tecnológicos, em princípio com objetivos de “humanizar” a vida, têm coloca-
do o homem numa situação paradoxal. Se, por um lado, é verdade que hoje é possível 
trabalhar em condições mais amenas fisicamente, e até mesmo por vezes bastante agra-
dáveis, também é verdade que “a ciência manipulada das relações humanas, que tenta 
precisamente dar uma imagem agradável ao labor, pretende afastar somente o sentido 
de alienação e não a própria alienação” (HELLER, 1997, p.170). 
Dentro do contexto atual, onde a ameaça à territorialidade profissional está presente, 
a competência é infinita e constantemente testada e os mais fortes impulsos compe-
titivos são estimulados, como é possível esperar que se mantenha o contato consigo 
mesmo, como fazia o artesão da Idade Média ou o agricultor, através da sintonia com 
produto? Será que o homem ainda espera encontrar sentido naquilo que faz ou está 
definitivamente cindido? 
Há sintomas evidentes de que a ação mecânica sem significação tem sido tolerada so-
mente dentro do ambiente de trabalho, provavelmente pelo que Maslow apontaria 
como ligado à satisfação da necessidade de sobrevivência. Fora deste ambiente, entre-
tanto, é que a grande massa de trabalhadores dá o melhor de si, executando atividades 
automotivadas que realmente preenchem e conduzem à satisfação interna.
“Trabalho é mais do que emprego, é o ato de atribuir significado ao meio, portanto a si mes-
mo e ao outro” (CODO in DAVEL, 1995, p.165).
Segundo Codo (in DAVEL, 1995, p.142) para que o indivíduo se reconheça e ao outro, é 
preciso que esteja conectado a seu produto e, dessa forma, a si mesmo. Já na infância 
aprendeu a valorizar o que faz para interagir, e ao mesmo tempo conquistar espaço e 
afirmação. Ao desconectar-se, a individualidade se dilui, perante o outro e perante o 
mundo. Sem estes contatos é difícil sentir a si próprio. A crise contemporânea, verda-
deira epidemia, revela um momento histórico ultrapassado, cujas premissas básicas que 
fundamentaram a produção em massa característica de nosso século caem por terra. 
Outro século começa a despontar, trazendo consigo muito mais buscas do que respos-
tas, já que a alienação permanece subjacente. 
Conclusão
O que fornece significado ao trabalho é o propósito pelo qualele é executado. É indi-
vidual e intransferível, sendo, portanto, claramente específico para cada ser humano. O 
que diferencia uma simples atividade do trabalho em si é a razão de sua realização. O 
trabalho deve preencher um porquê, uma finalidade e um valor (ANGERS, 1998, on-line). 
A razão pela qual executamos algo está vinculada a quem somos e como estamos no 
mundo: como nos sentimos a respeito de nós mesmos, e de que forma aquilo que faze-
mos impacta no mundo. O trabalho tem em si um valor intrínseco. Não é necessário que 
o produto seja “útil” ou “prático”. A arte é também trabalho porque expressa seu criador, 
interfere no ambiente e é automotivada. O que o sujeito faz expressa o que ele é no 
mundo, definindo-o parcialmente - levando em conta que a realização não se determina 
somente a partir do trabalho. A ação com significado possibilita o respeito para consigo 
mesmo e para com o outro, e sentimentos como esperança, dignidade, mutualidade e 
oportunidade de acesso a outras áreas.
Em 1990, o American Psychologist publicou que o The National Institute for Ocupational 
Safety and Health (NIOSH), nos EUA, reconhece as desordens psicológicas ocupacionais 
como um problema prioritário. Dentre os fatores determinantes desta situação está sem 
dúvida a questão do significado, pois é ele quem diferencia o trabalho compulsório da-
quele natural e agradável. Esta parece ser uma ideia atemporal, que independe de cul-
tura, nível social ou local. 
De acordo com Bonsucesso (1997, p.16), ao atribuir valor a seu fazer profissional, o indi-
víduo leva em conta:
• opção pessoal - a escolha da profissão (por vezes compulsória);
• montante de esforço físico e intelectual;
• monotonia ou variação;
• relação entre o que faz e o todo;
• possibilidade de criação e autorrealização;
• status na organização e na sociedade;
• nível de remuneração.
O vínculo se dá a partir do momento em que o trabalho mostra relação com as expec-
tativas, interesses pessoais, e perspectivas de crescimento pessoal e profissional. O nível 
de comprometimento, e porquanto da qualidade do produto, estão diretamente afeta-
dos pelo sentido que faz na vida do sujeito o objeto de seu trabalho. 
O fato de que a maioria dos trabalhadores hoje não consegue visualizar sentido em seu 
trabalho, não significa que a simples sobrevivência basta. O indivíduo deixa para “viver 
a vida” fora do contexto ocupacional, indicando que o vazio precisa ser preenchido de 
alguma forma. Defronta-se com conflitos como: não dever esperar do trabalho mais do 
25 
que ele lhe pode oferecer, pois é apenas uma parte da vida, ao mesmo tempo em que 
se obriga a ter que se dedicar cada vez mais a ele, em tempo e energia. O desequilíbrio 
ocasionado pelo peso maior colocado neste papel traz consequências pessoais e sociais, 
atingindo diretamente a qualidade de vida pessoal, familiar e comunitária. Em última 
instância, o próprio trabalho tende a ser prejudicado porque é mantido a partir de um 
superfuncionamento, em detrimento do subfuncionamento dos aspectos pessoais do 
indivíduo. A repercussão, seja em nível técnico, seja em nível interpessoal, é inevitável. 
A crise atual de valores, as buscas de respostas mágicas, a corrida ao misticismo, a pro-
cura do significado da vida, por vezes de formas tão tortuosas, demonstram claramente 
que anseios profundos do ser humano têm sido amplamente desconsiderados pela so-
ciedade atual. Longe de reduzir a problemática humana às questões do trabalho, não 
se pode, entretanto, negar que é basicamente a partir dele que o homem se expressa e 
sobrevive. O espaço que o trabalho ocupa na vida de qualquer ser humano produtivo é 
imensamente maior do que o de subsistência pura e simples. Quer a ele seja agregado 
prazer ou desprazer, jamais passa despercebido. Ou é uma carga a ser angustiadamente 
carregada, ou um meio de se atingir uma meta maior, parte de um objetivo de vida.
Referências bibliográficas 
ANGERS, M. Work and meaning. ICCD Webmasters Team, 1998.
BOM SUCESSO, E. P. Trabalho e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Qualitymark / Dunya, 
1997.
CAPRA, F. A teia da vida: uma nova compreensão científica dos sistemas vivos. São Pau-
lo: Cultrix, 1996.
DAVEL, E. Recursos humanos e subjetividade. Rio de Janeiro: Vozes, 1997.
ERICKSON, E. H. Infância e sociedade. Rio de Janeiro: Zahar 1976.
FROMM, E. Ser ou ter? 4. ed. Rio de Janeiro: Guanabara, 1987.
INGENIEROS, J. O homem medíocre. Curitiba: Chain, 1998.
MOSCOVICI, F. Desenvolvimento interpessoal: Treinamento em grupo. Rio de Janeiro: 
José Olympio, 1997.
ROGERS, C. R. Tornar-se pessoa. Lisboa: Moraes, 1961.
SENGE, P. A Quinta disciplina: caderno de campo. Rio de Janeiro: Qualitymark, 1997.
Fonte: CAVALLET (1999). 
TRABALHO, NECESSIDADES E CONTEXTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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Perceba que a presente leitura complementar, além de reforçar o conceito de 
trabalho como uma via para o atendimento das necessidades humanas, tam-
bém apresenta outros elementos subjetivos: o trabalho como forma humana 
de expressão e como elemento de realização pessoal.
Neste primeiro caso, a necessidade humana, individual e intransferível, impõe 
um planejamento e a execução de ações de forma única a cada ser humano. Desta 
forma, trabalhos “semelhantes” podem produzir distintos resultados, uns mais 
eficientes que os outros. Veja o seguinte exemplo:
Estudante de 17 anos cria algoritmo de busca mais preciso que o Google
Jovem afirmou que vai continuar trabalhando no projeto para torná-lo mais 
rápido e prático
Nicholas Schiefer, um estudante de 17 anos, foi o vencedor da feira de ciên-
cias Intel Foundation Young Scientist, para jovens cientistas. O adolescente 
ganhou na categoria de ciências da computação após criar um algoritmo de 
buscas que, no futuro, pode ser mais preciso que o Google ou agregar ao 
buscador um sistema de pesquisas mais aprimorado.
Em entrevista para o Wall Street Journal, Nicholas explica que os mecanis-
mos atuais de sites e páginas da internet, como o do Facebook ou Twitter, 
por exemplo, exibem resultados limitados e palavras-chaves que, muitas ve-
zes, não estão associadas ao que os usuários realmente desejam encontrar.
O jovem, que sempre foi interessado por computadores, explica que seu tra-
balho foi encontrar estatísticas relacionadas entre os termos pesquisados 
para então gerar um resultado mais completo, além de seu método simplifi-
car a vida do internauta na hora de buscar por alguma coisa.
Nicholas ainda disse que seu próximo passo é continuar trabalhando no 
projeto para torná-lo mais rápido e prático.
Fonte: OLHARDIGITAL.COM.BR (2012).
Diferentes formas de expressão humana por meio do trabalho podem explicar, 
em parte, o próprio contexto histórico do trabalho e as inovações que foram atre-
ladas ao desenvolvimento desta prática ao longo dos séculos. 
A própria substituição da força humana pela tração animal e, posterior-
mente, por matrizes energéticas diversas (carvão, gás natural, vapor de água, 
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energia elétrica etc.) são exemplos da aplicação de metodologias derivadas de 
expressões distintas de seres humanos em busca do atendimento de suas neces-
sidades, de maneira mais eficiente.
Entretanto, ainda não é o momento certo para problematizarmos o contexto 
histórico do trabalho. Deixemos esta discussão adiante, nesta mesma unidade, a 
qual discutirá a chamada dualidade plenitude-crise, que impeliu o desenvolvi-
mento não somente das práticas laborais, mas também o desenvolvimento dos 
princípios das atuais práticas basilaresde Segurança do Trabalho e de Saúde 
Ocupacional.
Da mesma forma, não poderemos discutir outros assuntos sem terminar 
de discutir quais os demais contextos relevantes ligados ao trabalho. Além dos 
já apresentados, destacamos: a) Contexto Econômico; b) Contexto Jurídico; c) 
Contexto Bíblico; d) Contexto Cultural-Educativo; e) Contexto Técnico-Científico; 
e, f) Contexto Humano.
Para explicar a contextualização econômica do trabalho, vamos nos ater ao 
exemplo do personagem Robinson Crusoé2. Em síntese, o referido personagem 
pode ser descrito como um autodidata, o qual desenvolveu suas visões e refle-
xões sobre sua realidade ao longo de 28 anos de isolamento, pós-naufrágio, em 
uma ilha tropical.
Fonte: <www.klickeducacao.com.br>
2 O personagem em questão faz parte da obra Aventuras de Robinson Crusoé (tradução em Português, 
publicada em Lisboa, Portugal, em 1719), de autoria de Daniel Defoe. Fonte: WIKIPEDIA.ORG. 
Robinson Crusoé. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Robinson_Crusoe.htm>. Acesso em: 22 
maio 2012.
TRABALHO, NECESSIDADES E CONTEXTOS
Reprodução proibida. A
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Em princípio, estando frente a uma situação desfavorável, afinal tratara-se de 
uma ilha isolada e aparentemente deserta, o personagem, movido pela necessi-
dade basilar de sobrevivência, abrigo e vestimentas, desenvolveu uma visão sui 
generis que lhe permitiu o desenvolvimento de práticas laborais às quais, volta-
das a si, atenderam tais necessidades.
Entretanto, além das necessidades basilares, havia outras tantas, as quais colo-
caram o personagem em uma situação na qual ele se vira obrigado a dominar 
trabalhos de diferentes naturezas e este ciclo se repetiria indefinidamente até seu 
resgate, 28 anos após o naufrágio que o lançou naquela situação de isolamento. 
Teoricamente, para um ser humano, o desenvolvimento do trabalho encon-
tra-se atrelado ao atendimento de suas necessidades, como vimos. Neste sentido, 
a existência de um Robinson Crusoé é plenamente aceitável, todavia, pouco visí-
vel nos dias atuais.
Reflita consigo, especialmente você que já exerce uma profissão: você não 
tem um cargo e uma função? Este cargo e função lhe permite executar tarefas 
tão diversas como Robinson Crusoé?
Pense um pouco mais: você está se formando para ser um futuro Gestor 
Ambiental. Você poderá exercer alguma atividade, como Gestor Ambiental, que 
esteja fora de suas atribuições?
Provavelmente, a resposta que você gerou para os dois questionamentos 
acima foi igual a minha: Não.
O que quero colocar com esta discussão é que atualmente os trabalhos encon-
tram-se segmentados por profissões. Estas profissões podem ser interpretadas 
como uma derivação da atual organização social a qual serializa a economia em 
segmentos, os quais devem possuir elementos humanos (trabalhadores) espe-
cializados em uma única função ou conjunto de funções, fazendo com que os 
resultados do trabalho (especialmente o lucro) sejam obtidos com maior eficiência.
Neste modelo, cada trabalhador possui sua capacidade de realização dos tra-
balhos próprios (atendimento de suas próprias necessidades). Após o atendimento 
destas, a competência desenvolvida para determinado trabalho não é sobrepu-
jada pelo desenvolvimento de novas competências. Ao contrário, elas se somam. 
Esta “capacidade latente” em cada indivíduo para produzir trabalho além 
de suas necessidades é capaz de gerar excedentes, em qualidade e quantidade 
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de trabalho, os quais podem ser comercializados, ou seja, existe uma atribuição 
de valor ao trabalho excedente desenvolvido, que pode ser traduzido como um 
salário ou mesmo pagamento avulso pela prestação de serviços. Este, portanto, 
é o contexto econômico do trabalho, o qual, em nossa sociedade moderna, 
todos estamos envolvidos.
Considerando esta segmentação econômica e a consequente fragmenta-
ção das atividades, além do próprio contexto econômico do trabalho, é válido 
supor que exista um conjunto de regras que regem o trabalho e suas relações. A 
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT (BRASIL, 1943) e, aproximando ao 
nosso discurso, as Normas Regulamentadoras sobre Segurança e Medicina do 
Trabalho – NRs (ABNT apud ATLAS, 2012) são exemplos destas regras, fazendo 
parte ainda do chamado contexto jurídico do trabalho.
Por sua vez, o contexto bíblico do trabalho versa sobre a ligação entre este e 
a questão da punição humana. Esta ligação se encontra tão imbricada no âmago 
social que, por vezes, você já deve ter ouvido alguém falar a expressão: “[...] Eu 
atirei pedra na cruz pra ter um trabalho desses [...]” ou ainda “[...] Meu traba-
lho não é prazeroso, aliás, aquilo é um sofrimento. Parece que Deus está de mal 
comigo! [...]”.
Logicamente que tais colocações são originadas de outros fatores além da 
questão bíblica, mas não há como negar a forte influência deste livro nesta con-
cepção, o que chega até a distorcer a conceituação de trabalho que construímos 
há alguns momentos.
Para lhe ilustrar o que estamos discutindo, analisemos os trechos retirados 
do Livro de Gênesis, da Bíblia Sagrada, os quais versam a respeito do primeiro 
pecado cometido pelo ser humano e suas respectivas punições:
TRABALHO, NECESSIDADES E CONTEXTOS
Reprodução proibida. A
rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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[...] E chamou o Senhor Deus a Adão, e disse-lhe: 
Onde estás? (Gênesis 3:9). 
E ele disse: Ouvi a Tua voz soar no jardim, e temi, 
porque estava nu e escondi-me (Gênesis 3:10).
E Deus disse: Quem te mostrou que estavas nu? 
Comeste tu da árvore de que te ordenei que não 
comesses? (Gênesis 3:11). 
Então disse Adão: A mulher que me deste por 
companheira, ela me deu da árvore, e comi (Gê-
nesis 3:12).
E disse o Senhor Deus à mulher: Por que fizeste 
isto? E disse a mulher: A serpente me enganou, e 
eu comi (Gênesis 3:13).
[...] 
E [Deus] à mulher disse: Multiplicarei grande-
mente a tua dor, e a tua conceição; com dor darás 
à luz filhos [...] (Gênesis 3:16).
E à Adão disse [...] No suor do teu rosto comerás 
o teu pão, até que te tornes à terra; [...] (Gênesis 
3:17-19). 
Principalmente a análise do versículo 19, capítulo 3 do Livro de Gênesis nos 
ilustra esta relação entre trabalho e punição, ou seja, o trabalho, nesta visão, é 
desconstruído enquanto atributo humano de modificações do meio para o aten-
dimento das necessidades individuais e coletivas. Neste sentido, reflita:
Em sua opinião, no que tange ao desenvolvimento dos trabalhos no cam-
po da Gestão Ambiental e considerando todos os atores envolvidos (seres 
humanos, primordialmente), quais seriam as dificuldades impostas ao seu 
futuro trabalho, levando em conta esta contextualização bíblica do traba-
lho? Além disso, o que você faria para sanar tais dificuldades impostas por 
este cenário?
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Levando em conta a questão que lhe coloquei como reflexão, parece que a con-
textualização bíblica do trabalho não é a mais adequada do ponto de vista da 
execução de trabalhos e nem da promoção dos princípios de segurança do tra-
balho. De certa forma, é exatamente esta a impressão que quero lhe passar, não 
pelo fato desta ligação entre religião e trabalho em si, mas pela forma como ela 
é interpretada.
Ao passo em que não fazemos absolutamente nada contra esta interpretação 
deturpadado trabalho enquanto punição, estamos simplesmente promovendo-a. 
Veremos nas Unidades III e IV que uma das funções primordiais dos profissio-
nais ligados à promoção da Saúde e Segurança do Trabalho é a de comunicador 
e de animador dos processos. 
Estes profissionais (dentre eles, o Gestor Ambiental) deverão convencer os 
trabalhadores, por meio de processos participativos, a construir no dia a dia um 
ambiente seguro e saudável ao desenvolvimento das práticas laborais. De que 
forma faremos isso se mantivermos esta visão sobre o trabalho? Conseguiremos 
animar e nos comunicar com pessoas que estão com seus “filtros” fechados por 
elas acreditarem que o trabalho é uma punição?
Faço estas provocações a você, caro(a) aluno(a), e recupero o questiona-
mento feito no momento de reflexão anterior: o que você faria para sanar as 
dificuldades impostas por um cenário onde esta interpretação do trabalho como 
punição está em voga?
“Se eu serei um animador, um comunicador na promoção da Saúde e da 
Segurança do Trabalho, talvez cursos de capacitação, diálogos com os trabalha-
dores ou mesmo palestras seriam bons instrumentos 
para lidar com esta problemática...”. 
Provavelmente, você deve ter 
pensado em algo parecido com 
isso. Se não pensou, não há 
problema, mas considere esta 
estratégia como válida. Desta 
forma, estamos adentrando ao 
contexto cultural-educativo 
ligado ao trabalho.
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Considerando as estratégias lúdico-pedagógicas, a formação do conceito sobre 
o trabalho tem sido realizada de diferentes maneiras, principalmente durante a 
formação psicológica e social do indivíduo. Você se lembra de, quando criança, 
já ter cultivado uma semente de feijão em um algodão umedecido, tendo como 
vaso um pote de iogurte? Ademais, você já ouviu falar sobre o conto “A formiga 
e a cigarra”3? 
Certamente muitas pessoas já passaram por estas experiências, onde o valor 
do esforço e a qualidade da estratégia de trabalho nos são ensinados com ares de 
moral de histórias. De fato, quando se fala no contexto cultural-educativo do tra-
balho, se fala também no papel dos valores e princípios desta atividade humana 
e de seus efeitos para o desenvolvimento cognitivo, físico, econômico e social 
dos “seres trabalhadores”. 
No que tange à Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, somam-se aos 
valores e princípios supracitados os valores afetivos e familiares, e ainda, quando 
se estabelece a ligação entre estes temas e a Gestão Ambiental, os valores de sus-
tentabilidade são trazidos à tona.
O que se quer mostrar é que o próprio trabalho apresenta-se como ferramenta 
na problematização dos conhecimentos e na tomada de decisões eficazes e sus-
tentáveis. Os processos educacionais podem se utilizar das diferentes maneiras 
de execução de um trabalho, servindo, por exemplo, para dotar trabalhadores de 
competências e habilidades de segurança do trabalho na lida com maquinários 
ligados à silvicultura ou ainda, para conhecerem as diferentes formas de inter-
-relacionamento humano nas corporações.
Assim, exemplos de sucesso, bem como exemplos de fracasso de práticas 
laborais, seja no campo administrativo, executivo, de planejamento, ou quais-
quer outras ligadas à vida corporativa, podem ser utilizados nas estratégias de 
capacitação e conscientização, compondo, portanto, o contexto cultural-educa-
tivo do trabalho.
Entretanto, no que tange à educação e geração de conhecimento, além de 
ferramenta para observação, a prática laboral encontra-se sujeita a uma planifi-
cação, diante da tríade Levantamento-Diagnóstico-Planejamento. 
3 “A formiga e a cigarra” é uma fábula de autoria atribuída à Esopo (escritor da Grécia Antiga), a qual também 
foi recontada pelo escritor francês Jean de La Fontaine (WIKIPEDIA, 2012b - WIKIPEDIA. A cigarra e a 
formiga. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/A_Cigarra_e_a_Formiga>. Acesso em: 17 maio 2012).
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As diversas observações empíricas das práticas laborais foram elevadas ao 
status de ciência, o que permitiu a previsão dos diversos componentes ligados 
ao trabalho como, por exemplo, formas de operação de máquinas, forças envol-
vidas no movimento de cargas, medidas antropométricas e ergonômicas para o 
design de ferramentas e equipamentos de proteção individual – EPIs etc.
Atualmente, várias áreas técnicas e científicas convergem no sentido de gerar 
um melhor entendimento sobre o trabalho e seus fatores correlacionados. Física, 
Matemática, Administração, Psicologia, Química, Biologia e outras tantas áreas 
do conhecimento, quando aplicadas ao entendimento e previsibilidade do tra-
balho, fazem parte do contexto técnico-científico do mesmo.
Até este momento estamos analisando os diferentes contextos ligados à prá-
tica laboral. Entretanto, para finalizar esta discussão sobre a contextualização do 
trabalho, é necessário abordar sobre a evolução histórica do trabalho, estando 
esta na próxima seção desta unidade. Vamos continuar?
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO TRABALHO
Prezado(a) acadêmico(a): até este momento, além de conceituar o termo “traba-
lho”, desenvolvemos o conhecimento acerca dos diversos contextos ligados a este 
termo. A partir deste ponto, faremos uma reflexão sobre o desenvolvimento do 
trabalho ao longo da história da humanidade. Não se preocupe, pois não fare-
mos uma abordagem detalhada sobre esta evolução, mas destacaremos alguns 
pontos-chave que podem ser 
considerados como marcos 
evolutivos do trabalho.
Em um primeiro ins-
tante, o ser humano nômade 
e altamente dependente dos 
processos extrativistas, de 
caça e de pesca, desenvol-
via o trabalho, ou seja, sua 
capacidade de alteração do 
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ambiente natural em seu próprio benefício de maneira bastante pontual e limi-
tada, afinal, estes processos de sobrevivência causam pouca influência no meio 
natural.
Entretanto, com o passar dos séculos e com a ampliação da percepção cog-
nitiva do ser humano, o desenvolvimento das atividades extrativistas e de caça 
e pesca foram diminuindo. Tratou-se de um momento evolutivo de transição 
de um ser humano nômade para um ser humano sedentário, fixado e cada vez 
mais dependente de seu grupo.
Esta transição fora desencadeada por um dos primeiros marcos relativos ao 
trabalho na humanidade: a “descoberta” da Agricultura. Com sua capacidade 
ampliada de percepção, este “novo” ser humano passou a observar mais aten-
tamente os diversos fenômenos da natureza, os quais ficaram mais previsíveis 
pela associação de sinais naturais e suas consequências. Atualmente, encontra-
mos esta associação latente quando falamos dos chamados Povos e Comunidades 
Tradicionais – PCTs, um dos públicos de trabalho do Gestor Ambiental.
Assim, por observação quanto ao modo de reprodução vegetal, especial-
mente das plantas de reprodução assexuada (reprodução vegetativa, a exemplo 
da mandioca, batata, banana e cana-de-açúcar), o ser humano passou a cultivá-
-las nas proximidades de seus aglomerados populacionais.
Este foi um fator de modificação não somente dos padrões sociais, mas 
também da própria organização do trabalho, em termos de atividades e ferramen-
tas. Cabe salientar que este 
advento da Agricultura pos-
sibilitou o desenvolvimento 
de ferramentas tidas como 
especializadas para a época, 
como ferramentas de corte 
e de cultivo em terra (não se 
fala ainda em aragem da terra, 
poiso arado, enquanto ins-
trumento de cultivo, somente 
fora concebido séculos depois 
pelos egípcios).
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O desenvolvimento da prática laboral, durante séculos, teve papel importan-
tíssimo na definição dos padrões sociais, econômicos e políticos das diferentes 
sociedades clássicas. Ao mesmo tempo, pode-se dizer que o trabalho também 
tem grande influência no que tange a gestão dos recursos naturais. 
Na Grécia Antiga, no Império Romano e mesmo no Império Egípcio, o tra-
balho, além de definir o posicionamento social (neste caso, a prática laboral 
estando ligada às classes inferiores, as quais exerciam estas atividades em prol 
de uma representação de autoridade, sendo o estado democrático na Grécia e o 
Imperialismo nos outros exemplos), também definia o modo de utilização dos 
recursos disponíveis (basicamente água, solos agricultáveis, fauna e flora) e o 
modo de descarte dos resíduos da atividade humana.
Para se ter uma ideia, segundo Carvalho (2000), a Grécia antiga foi uma das 
primeiras civilizações a exercer um planejamento quanto ao saneamento básico, 
pelo menos em seu centro de poder. Canais conduziam a água até equipamen-
tos públicos e residências localizadas nos centros de poder, e os resíduos eram 
recolhidos e destinados em locais específicos, fora destas localidades.
Obviamente que para padrões atuais, esta prática encontra-se em desuso, 
dados os grandes impactos que esta é capaz de gerar nos diferentes ecossiste-
mas, mas, considerando os padrões da época, pode-se dizer que esta sociedade 
apresentava-se como empreendedora e pioneira na relação Trabalho – Gestão 
Ambiental.
Também é de se destacar que o desenvolvimento do trabalho ao longo da 
Idade Antiga contribuiu para o desenvolvimento das artes, da cultura e das ino-
vações produtivas e econômicas. No primeiro caso, às ferramentas de trabalho 
foram somados os primeiros equipamentos rudimentares (o caso do tear) e os 
implementos de tração animal, bastante úteis na lida com a terra e na constru-
ção da infraestrutura urbana. Por sua vez, o segundo caso pode ser ilustrado pela 
criação do dinheiro e pela monetarização dos produtos, que é a atribuição de 
valor equivalente a um lastro que representasse o dinheiro como, por exemplo, 
cobre, prata, ouro e até mesmo sementes de cacau, no antigo Império Asteca.
Contudo, não somente os avanços no campo do trabalho, mas, de maneira uni-
versal, todos os segmentos de reflexão-ação sob influência humana foram paralisados 
na Idade Média, período que se estendeu dos séculos V ao XV depois de Cristo.
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A ampla influência religiosa impôs um modelo de engessamento social, filo-
sófico, cultural e econômico. O dinheiro e as inovações já não eram mais a fonte 
do poder e sim o acúmulo de terras. O trabalho havia se reduzido ao cultivo de 
alimentos para a manutenção de uma sociedade crescente e decadente. Todas 
as inovações, em quaisquer campos do conhecimento eram consideradas como 
heresia e seus protagonistas eram duramente punidos.
Para se ter um panorama daquilo que acontecia à época da Idade Média, o 
trabalho era direcionado à produção de alimentos e à ampliação de poder do 
mesmo modo que os processos educacionais encontravam-se sob a tutela da Igreja 
Católica, estando estes voltados à propagação dos princípios Teocentristas e, de 
maneira paradoxal, ao entendimento do espólio filosófico da Grécia Antiga, uma 
vez que Aristóteles e Platão eram temas recorrentes aos acadêmicos europeus.
Diante deste cenário, torna-se válido supor que o desenvolvimento do tra-
balho, considerando seu conceito, encontrou grandes barreiras. Logicamente 
que este engessamento promovido na Idade Média não pode ser encarado como 
absoluto, assim como a própria Idade Média, a qual teve seu momento áureo por 
volta dos séculos VII e IX, se torna decadente até sua derrocada, no século XV.
Havia o desenvolvimento da ciência e inovação, entretanto, em momentos 
pontuais e sem maiores influências no cenário da época. Contudo, com o enfra-
quecimento deste modelo medieval e com a instauração gradual do Renascimento 
(Idade Moderna), o trabalho ganhou novas matizes, ultrapassando o modelo 
artesanal e se aproximando de um novo modelo de produção, mais racional e 
eficiente à época: a Manufatura.
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Esta, por sua vez, prezava a utilização de equipamentos e, em certo grau, 
da setorização produtiva, o que ampliou consideravelmente a variedade de pro-
dutos ofertados a uma sociedade, já não mais europeia, mas ocidental, em um 
momento de franca expansão do capitalismo, representado, em princípio pelo 
mercantilismo e pela ampliação de poder econômico e social de uma nova classe: 
a Burguesia.
Fazendo uma reflexão sobre este momento histórico e sobre a monetarização 
(criação do dinheiro), ocorrida na Idade Antiga, chegamos a um ponto crucial 
na evolução histórica do trabalho: a própria capacidade excedente de trabalho, 
traduzida em força e/ou intelecto, passou pelo processo de atribuição de valo-
res (monetarização). Lembra-se do contexto econômico do trabalho? Não se 
pode afirmar claramente quando foi a primeira vez na história da humanidade 
que alguém foi pago pela execução de um serviço, mas este conceito na Idade 
Moderna certamente foi consolidado.
Até aqui estamos dando alguns passos importantes no entendimento da evo-
lução histórica do trabalho, mas julgo apropriado que você, caro(a) aluno(a), 
possa entender o pano de fundo não somente desta evolução, mas de toda e qual-
quer evolução na humanidade: a dualidade plenitude-crise.
Já lhe adianto que os momentos de crise na história da humanidade pro-
porcionaram a efervescência social, econômica e, em nível individual, cognitiva, 
necessária à implantação de novos paradigmas, inclusive na evolução do traba-
lho ao longo dos séculos.
Assim, peço para que você acompanhe atentamente esta leitura comple-
mentar a qual apresenta uma curta discussão sobre a dualidade plenitude-crise.
Dinâmica evolutiva da humanidade embasada na dualidade plenitude-crise
[...]
Esta história da humanidade, tão reportada por diversos autores, é composta por mo-
mentos de plenitude e de crise. Plenitude e crise de conhecimentos, tecnologias, mode-
los, filosofias e práticas, de modo que a humanidade jamais atingiu e jamais atingirá um 
platô de estabilidade.
Isto é explicado, em suma, pela própria natureza humana, para o bem ou para o mal. 
No campo psicológico, a Teoria das Necessidades de Maslow coloca em um plano car-
tesiano e definido as motivações que impelem o processo de mudanças para os seres 
humanos. 
Em um modelo piramidal, em que as necessidades basilares encontram-se na base (fi-
siológicas e orgânicas) e as necessidades secundárias encontram-se mais ao topo desta 
pirâmide (de segurança, afetivas, materiais etc.), o ser humano sente-se instigado à bus-
ca do atingimento das necessidades superiores assim que as mais básicas são conside-
radas satisfeitas. A Figura 8 demonstra a pirâmide referente à Teoria das Necessidades 
de Maslow.
Desa�os mais complexos,
trabalho criativo, autonomia,
participação nas decisões.
Ser gostado, reconhecimento, promoções,
responsabilidade por resultados.
Bom clima, respeito, aceitação, 
interação com colegas,
superiores, clientes etc.
Amparoleal, orientação precisa,
segurança no trabalho,
estabilidade, remuneração.
Alimentação, moradia,
conforto físico, 
descanso, lazer etc.
Autor-
realização
Autoestima
Afetivo - Social
Segurança
Fisiológicas
Figura 8 – Pirâmide das necessidades – Teoria das Necessidades de Maslow
Fonte: adaptado de <http://www.brandme.com.br/storage/Piramide%20Maslow.png>
Logicamente, uma discussão mais aprofundada sobre esta teoria nos faria perceber que 
a expressão cartesiana do modelo não é definitiva, no sentido de que as necessidades 
humanas são infinitas e variáveis de acordo com a percepção de cada indivíduo.
A Teoria das Necessidades de Maslow se liga perfeitamente à discussão sobre plenitu-
39 
de-crise. Fazendo um paralelo entre os dois assuntos, pode-se inferir que a plenitude 
estende-se do início da realização de uma necessidade comum ao início da percepção 
de que o atingimento desta necessidade já não é suficiente para se resolver uma nova 
problemática que surge. A partir deste ponto tem-se o momento de crise.
Não entenda “crise” como algo ruim ou pejorativo. Afinal, um dos gênios científicos da 
humanidade, Albert Einstein, colocara:
“Não pretendamos que as coisas mudem, se sempre fazemos o mesmo. 
A crise é a melhor bênção que pode ocorrer com as pessoas e países, 
porque a crise traz progressos. A criatividade nasce da angústia, como 
o dia nasce da noite escura. É na crise que nascem as invenções, os 
descobrimentos e as grandes estratégias. Quem supera a crise, supera 
a si mesmo sem ficar ‘superado’. Quem atribui à crise seus fracassos e 
penúrias, violenta seu próprio talento e respeita mais aos problemas 
do que as soluções. A verdadeira crise, é a crise da incompetência. O 
inconveniente das pessoas e dos países é a esperança de encontrar 
as saídas e soluções fáceis. Sem crise não há desafios, sem desafios, 
a vida é uma rotina, uma lenta agonia. Sem crise não há mérito. É na 
crise que se aflora o melhor de cada um. Falar de crise é promovê-la, e 
calar-se sobre ela é exaltar o conformismo. Em vez disso, trabalhemos 
duro. Acabemos de uma vez com a única crise ameaçadora, que é a 
tragédia de não querer lutar para 
superá-la”.
Esta colocação de Einstein é verdadeira, para o 
bem e para o mal. Esta é a segunda vez neste tex-
to que a frase “para o bem e para o mal” aparece. 
Isto não é uma coincidência. Afinal, problemati-
ze: em momentos de crise, várias soluções foram 
adotadas e de fato resolveram a problemática 
(“para o bem”). Entretanto, criaram uma proble-
mática bem maior (“para o mal”).
“Professor, não entendi... em qual situação uma 
solução foi adotada e eficaz mas criou um pro-
blema maior?”
Não pude evitar pensar que esta pergunta esteja 
permeando seus pensamentos. E vou respondê-
-la com o cerne de nossa discussão: o capitalis-
mo.
Na visão clássica, embora as trocas comerciais, a 
monetarização e o acúmulo de reservas (caracte-
rísticas pertinentes ao capitalismo) tenham sido 
Fonte: <http://indulgy.com>
concebidos antes do século XV, o capitalismo, enquanto modelo socioeconômico, nas-
ceu naquele século. O modelo feudal, que perdurou por toda a Idade Média, já não res-
pondia a todas as necessidades de uma população em pleno crescimento. Afinal, aquele 
modelo em que a posse de terras denotava o poderio econômico dos indivíduos gerou 
conflitos, pois nem todos detinham acesso às terras e, por consequência, aos meios de 
produção.
Fome, doenças, exclusão e conflitos sociais foram os sintomas de que a plenitude da 
Idade Média estava com seus dias contados. Desta forma, uma nova crise fora instaurada 
e algumas soluções foram traçadas. Uma delas, as Cruzadas, que perduraram do século 
X ao século XIII (Figura 9). Com o fictício objetivo da evangelização de povos pagãos, 
grande parte dos excedentes populacionais europeus foi direcionada a uma jornada 
fracassada, sem volta para muitos. É bem verdade que novas terras foram conquistadas, 
mas ao custo de muitas vidas.
Figura 9 – Cruzadas na Alta Idade Média envolvendo os “excedentes” populacionais
Fonte: <http://www.historiadomundo.com.br/idade-media/a-cruzada-das-criancas-.htm>
O exemplo citado demonstra claramente o exemplo de uma solução eficaz (mobilização 
e ocupação dos excedentes populacionais) que criou um problema maior (genocídio). 
Mas ainda não é o cerne da nossa discussão deste momento. Lembra-se de que as Cru-
zadas se compuseram como “uma das soluções”?
A solução que pôs fim ao Feudalismo foi outra, e bastante conhecida pela nossa discus-
são da unidade anterior. O século XIV apresentou diversos elementos que colocaram 
em xeque o modelo feudal, sendo um deles a formação de rotas comerciais. Essas rotas 
41 
cortavam o continente em várias direções e serviram de canais de abastecimento para 
as localidades estratégicas daquele continente. Pessoas com visão e atitude empreen-
dedora iniciaram-se no mercado prestando serviços aos viajantes nessas rotas, princi-
palmente em seus entroncamentos (formação dos burgos – Figura 10).
Tratavam-se de serviços de estalagem dos animais, alimentação e hospedagem dos 
viajantes e de reabastecimento de mantimentos para a viajem. Desta forma, como o 
serviço era fundamental e eram diversos viajantes e rotas, estabelecia-se um mercado 
vantajoso e, pela primeira vez, lucrativo. Era o início da formação do conceito de lucro 
tal como conhecemos hoje. 
Figura 10 – Burgos na Baixa Idade Média
Fonte: <http://www.not1.xpg.com.br/wp-content/uploads/2011/05/idade-media-
resnascimento.jpg>
A presença deste elemento característico (lucro) foi importante para esta mudança de 
paradigma em que o acúmulo de capital tornara-se mais importante na definição do 
poderio econômico individual do que o acúmulo de terras. Isto corrobora com a visão de 
historiadores e mesmo de teólogos na situação histórica do surgimento do capitalismo. 
Este reconhecimento também se faz por parte de Teólogos devido à instauração das 
Reformas Protestantes, as quais ocorreram pouco depois, nos séculos XV e XVI. Por sua 
vez, estas reformas, carreadas por João Calvino (Figura 11) e Martim Lutero (Figura 12): 
Calvinismo no Reino Unido e Luteranismo na Alemanha, respectivamente, instituíram 
um modelo de Cristianismo religioso alternativo que pregava que a prosperidade (entre 
outras palavras, obtenção de lucro) era sinal de reconhecimento e predestinação para 
salvação.
Figura 11 – Martim Lutero
Fonte: wikipedia
Figura 12 – João Calvino
Fonte: www.historialivre.com
Retornando o foco de nossa discussão para os benefícios e malefícios das soluções efi-
cazes, de fato, a criação do capitalismo possibilitou o crescimento e a prosperidade de 
muitas famílias, dando-lhes ocupação e a possibilidade de, por meio de seu trabalho, con-
quistar a soberania social. Isto considerando a fase de transição feudalismo-capitalismo 
(séculos XIV ao XVII) e a história europeia, uma vez que o Oriente Distante (China e Japão) 
encontrava-se sob influência do modelo feudal até o século XIX.
Porém, como nenhuma solução é definitiva, o capitalismo perdeu sua plenitude precoce-
mente, pois já no século XVI, com a instauração do Mercantilismo no Reino Unido, houve 
a concentração de capital nas mãos de poucos e, pouco depois, no século XVII, com a 
consolidação da Revolução Inglesa e da burguesia no poder, houve a segmentação social 
entre aqueles que detinham os meios de produção (burgueses) e aqueles que prestavam 
serviços naqueles meios de produção (trabalhadores).
Ao final do século XVIII, já no início da Revolução Industrial, já se encontrava fortemente 
instaurado um estado de crise provocada pela adoção do modelo capitalista. O intenso 
acúmulo de capital derivado do início da produção em série, da exploração do proletaria-
do e da própria capitalização social em termos de força de trabalho e massa consumidora 
gerou

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