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Padrões de Cultura - Ruth Benedict

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
Aluna: Lilian T.
Padrões de Cultura – Ruth Benedict 
Capítulo I - A ciência do costume
Ruth Benedict inicia o primeiro capítulo intitulado A ciência do costume, explicando o que é a antropologia, qual é o seu objeto de estudo e como os antropólogos devem analisá-lo, chama atenção também, para a forma como a antropologia atua no estudo de fenômenos culturais e sociais. Assim, para Benedict, a antropologia deve estudar os seres humanos como criaturas sociais e buscar relativizar a forma de enxergar outras culturas, evitando fazer considerações desnecessárias sobre o outro e sua vivência ou ainda favorecer um fato em detrimento de outro, já que no estudo científico sobre a cultura de diferentes sociedades o antropólogo deve se interessar em compreender o comportamento dos povos de forma objetiva, além de perceber se foram influenciados por tradições e costumes de outras civilizações que moldaram a cultura e o comportamento humano já existente. 
Logo, segundo Benedict, o costume não era estudado antes porque era visto pelos teóricos como algo banal, por ser a forma como todos os indivíduos se comportam e compreendem suas vivências. Porém, ao ter essa linha de pensamento, esses estudiosos ignoravam a importância do costume em determinar o que deve ou não ser feito e quais critérios e padrões devem ser transmitidos de geração em geração. Assim, de acordo com Benedict, o ser humano não consegue ser totalmente imparcial porque sua visão está integralmente influenciada pelas ideologias, costumes e instituições que regem a civilização a qual ele pertence. 
Dessa forma, Benedict destaca que a antropologia só conseguiu avançar quando os antropólogos deram menos importância as diferenças entre eles, homens brancos ocidentais, e os povos nativos de outras civilizações, e mais as características que os aproximavam em certa medida, como por exemplo a questão das crenças religiosas. Ao invés de continuarem tentando impor suas religiões como únicas dignas de serem consideradas verdadeiras, passaram a entender que tanto as crenças dos nativos quanto a religião que eles seguiam, não deviam ser vistas como opostas, mas sim como semelhantes e partes da mesma coisa. Como também, ao reconhecer que a civilização ocidental por questões imperialistas e históricas se alastrou e padronizou boa parte do mundo segundo a sua cultura, engolindo como nunca antes visto, tradições, costumes, crenças e demais particularidades culturais de inúmeras culturas nativas. 
Nesse sentido, por não procurar conhecer outras realidades e culturas, até mesmo quando viaja para outros países, o homem branco ainda acredita fortemente que os seus costumes e crenças são naturalmente os únicos certos, não percebendo que boa parte do mundo só segue tradições ocidentais porque foram imposições imperialistas. Benedict ainda explica que essa uniformização ocidental poupou as pessoas brancas de precisarem lidar com o diferente e respeitar a diversidade. 
Entretanto, por mais que tenhamos uma maior noção das diferenciações que nós ocidentais fazemos entre o que faz e o que não faz parte da nossa cultura, segundo Benedict, todas as civilizações primitivas fazem algum tipo de diferenciação entre “o próprio grupo” e o outro, o “de fora”. Tanto que o “outro” recebe o nome de forasteiro, ou seja, de acordo com Benedict, alguém que está fora das disposições do código moral aplicado dentro das dependências de cada tribo, além de ser alguém que não é considerado um ser humano. Isso porque, ainda que as tribos sejam rodeadas por outros povos e estabeleçam relações de troca entre si, o homem primitivo não se entende parte da humanidade grupal e sempre estabelece barreiras entre os dele e os outros. 
Outra questão é que para Ruth Benedict, o preconceito racial não se baseia na questão da distância genética, mas sim nessas antigas noções de “grupo local” e “forasteiros”, sendo a insistente busca por uma pureza racial o mal a ser superado na atualidade. Isso porque segundo inúmeros estudos, nenhum aspecto da organização social, da língua ou da religião são intrinsicamente biológicos, ou seja, a cultura não se transmite biologicamente. Logo, segundo Benedict, não faz o menor sentido, nem é interessante falar em “raça pura” e buscar uma hereditariedade racial quando se é uma grande civilização não-endogâmica. 
Portanto, segundo Ruth Benedict, o estudo das sociedades primitivas é essencial porque fornece materiais necessários para entender formas e processos culturais, além de demonstrar que os aspectos responsáveis por unir os seres humanos são as ideias, a cultura e as normas em comum, sendo muito mais interessante ressaltar e reconhecer os valores das diferentes culturas, do que frisar as diferenças e gerar comportamentos intolerantes ao buscar por um ideal de “raça pura” que simplesmente não pode ser encontrado.
Capítulo II – A diversidade de culturas
Neste capítulo Ruth Benedict chama atenção para a importância em estudar e explicar as culturas primitivas deixando claro os aspectos que as diferenciam uma das outras, isso porque essas características distintivas são elementos essenciais para delimitação de suas práticas culturais. Dessa forma ao buscar desenvolver essa questão, Benedict propõe analisar seis pontos onde a busca por diferenciação entre as sociedades primitivas se torna bastante evidente, como as relações entre adolescência e puberdade; feições culturas; costumes relacionados ao casamento; casamento e igreja; o fator da guerra; os espíritos guardiões e visões. Ao abordar cada um dos tópicos, Ruth destaca a necessidade de se levar em conta os processos tidos como essenciais no contexto de interação grupal. A guerra é entendida por Ruth como um fato social muito interessante, não pela situação de apreensão e violência entre as culturas, mas pela importância e significação que alguns povos dão a essa prática, já que não são todas as sociedades primitivas que guerreiam, Benedict demonstra que algumas nunca chegaram nem mesmo a ouvir falar sobre guerras.
Capítulo III – Integração de culturas 
Benedict busca analisar nesta parte do livro, os padrões produzidos e reproduzidos pelos indivíduos que são responsáveis por normatizar os comportamentos culturais destas sociedades. Ruth acredita que o estudo da diversidade de costumes não deve se limitar ao que já foi dito, mas sim buscar sempre questões e explicações atuais, de modo que a análise vise a finalidade de priorizar o entendimento cultural em sua totalidade e não apenas os aspectos que responsáveis por tornar a cultura de determinada sociedade única. Assim o antropólogo não deve mais procurar entender apenas fragmentos de uma sociedade, isso porque segundo Benedict, esse era um costume dos antropólogos de gabinete que não pode mais ser buscado, já que só se entende verdadeiramente uma sociedade ao analisar de forma articulada todas as partes da mesma. Por fim, Ruth relembra a importância em se estudar sociedades primitivas pela maior facilidade em analisar fatos culturais menos complexos e que estão distantes da realidade do pesquisador, o que favorece uma maior objetividade.
Capítulo IV – Os pueblos do Novo México
Segundo Ruth Benedict são os povos primitivos mais conhecidos da civilização ocidental, além de serem praticamente os únicos a manterem os mesmos costumes e tradições que seus ancestrais. Resistiram fortemente as influências norte-americanas procurando se adaptar, mas nunca permitir o extermínio de sua raiz cultural, tanto que conseguem mesmo em contato com outras civilizações manter sua sociedade uniforme. De acordo com Benedict, se distinguem dos outros índios norte-americanos justamente por procurarem mais do que tudo preservar suas tradições, sendo contrários a qualquer coisa que as ameace, também não gostam de atitudes impulsivas ou violentas e do que é inseguro ou incerto. Ruth também destaca que os pueblos são bastante moderados, de modo que qualquerproblema econômico, cerimonial ou doméstico é resolvido da maneira mais branda possível
Capítulo V – Dobu 
Ruth Benedict explica que ainda que as aldeias dobuanas não possuam muitos habitantes, os recursos são precários e a alimentação escassa por isso, muitos deles aceitam trabalhos desumanos oferecidos pelos homens brancos. Possuem fama de serem violentos e perigosos, inclusive antigamente, antes do contato com os homens brancos, eles eram povos canibais. Segundo Benedict, diferentemente da maior parte das sociedades conhecidas, os dobuanos não minimizam em nada formas extremas de malvadezas ou animosidades, sendo esse comportamento violento preferível e fortemente estimulado entre eles. Isso porque toda a existência de um dobuano está pautada na luta impiedosa pelas coisas boas da vida e na vivência dos mais terríveis pesadelos do homem, assim a maior virtude nessa tribo é descontar em uma vítima toda a maldade que ele conhece e foi exposto por causa da sociedade humana e das forças da natureza. 
Capítulo VI – A costa noroeste da américa do norte 
De acordo Benedict, esses povos possuíam valores e impulsos que não são comumente exaltados ou esperados, porém ao contrário dos dobuanos, eles tinham muitas possesque pareciam inesgotáveis e que eram obtidas sem a necessidade de muito esforço. Possuíam uma forte relação com o mar de forma que sem ele a vida desses povos não seria possível, eram bastante ousados e faziam longas e distantes expedições, a alimentação não era complementada pela agricultura, comiam apenas o que pescavam ou caçavam. Ruth também fala sobre a engenhosidade desse povo ao construir os dispositivos que necessitavam, a arte deles era exótica e totalmente competente. Entretanto, a cultura da costa noroeste chegou ao seu fim na última parte do século XIX, não possibilitando um conhecimento detalhado e atual, sendo necessário recorrer ao que havia sido descrito uma geração atrás. 
Capítulo VII – A natureza da sociedade
Para Ruth Benedict, as culturas tratadas nos capítulos anteriores, não diferem entre si apenas porque uma possui algo que as outras não possuem, mas sim porque são orientadas em diferentes direções, buscam diferentes finalidades que não podem ser comparados ou julgados fora de contexto. Elas também possuem baixa integração e Benedict aponta que essa situação possa ser causada por aspectos como o tempo necessário para que uma característica anteriormente desconhecida seja adaptada e adotada em uma nova cultura, ou questões históricas que separam e dificultam o relacionamento entre as tribos. Benedict chama atenção para o perigo das generalizações ao se fazer trabalho de campo, já que a pesquisa deve ser objetiva e não favorecer nenhum aspecto em detrimento de outro pra se chegar a alguma conclusão anteriormente esperada, não se pode fazer trabalho de campo quando já possuindo um resultado desejado, é importante que o pesquisador anote tudo exatamente como está acontecendo, sem permitir que sua subjetividade influenciei além do aceitável. 
Capítulo VIII – O indivíduo e o padrão de cultura 
Segundo Benedict, a cultura é a responsável por fornecer os meios com os quais o indivíduo constrói a própria vida, determinando se este será ou não bem-sucedido dentro da lógica da sociedade a qual pertence. Assim a sociedade é para Benedict, uma entidade inseparável do indivíduo, isso porque ninguém consegue realmente desenvolver as próprias capacidades e potencialidades sem a influência de uma cultura. Não sendo está uma inimiga ou algo a ser desconsiderado, ela também não condiciona o comportamento total do cidadão sem dar chance para sua individualidade, na verdade só as pessoas de mente mais maleáveis são constantemente regradas pela cultura. Nesse sentido, Benedict propõe que ao se entender a relatividade cultural, tenhamos um pensamento social mais realista de modo a tolerar a coexistência de diferentes e igualmente necessários padrões de vida desenvolvidos pela humanidade através dos meios dados pela existência.

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