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cabíveis e selecionar as ideais. Para que possam ser identificados os riscos, é importante contextualizar o ambiente em que a empresa atua e verificar quais são as ameaças e vulnerabilidades existentes, conferindo, assim, quais são as causas das ocorrências. As pessoas que atuam no ambiente industrial podem apresentar riscos à segurança do ambiente de automação, uma vez que os erros humanos podem interferir. As pessoas que interagem todos os dias com os sistemas que compõem o ambiente de automação industrial são as que possuem acesso a todas as informações, as que condicionam o processamento dessas informações e que também as geram, sendo elas, na maioria das vezes, a principal ameaça aos sistemas (SILVA; CARVALHO; TORRES, 2003). Estatísticas demonstram que tem surgido uma tendência continuada, ou até mesmo crescente, de ataques que acontecem por meio de insiders (componentes internos à organização). Podem ser por meio de ações deliberadas e planejadas antecipadamente, com o intuito de prejudicar a organização, ou simplesmente por um erro na execução de alguma tarefa (SILVA; CARVALHO; TORRES, 2003). U1 - Riscos em ambientes industriais52 Exemplificando De acordo com a Revista Exame.com, ocorreu um caso em abril de 2010, em que um casal tentou vender informações privilegiadas sobre resultados do segundo trimestre da Disney a gestores de “hedge funds” nos EUA e na Europa. O casal pedia dinheiro e participação nas operações em troca das informações “vendidas”. O primeiro caso de insider que foi ao judiciário no Brasil foi relacionado aos dois brasileiros, ex-executivos da Sadia, que lucraram no mercado norte-americano por conta de informações privilegiadas que detinham (OLIVON, 2017). É importante que a organização possua uma política de segurança e que ela seja amplamente divulgada entre todos os colaboradores. A ABNT NBR ISO/IEC 17799 (Tecnologia da informação – Técnicas de Segurança – Código de prática para a gestão de segurança da informação) apresenta requisitos de sistema de gestão da segurança da informação, gestão de riscos, métricas e medidas, e diretrizes para implementação. Os controles que são considerados essenciais para a organização incluem: a) proteção de dados e privacidade de informações pessoais (ver 15.1.4); b) proteção de registros organizacionais (ver 15.1.3); c) direitos de propriedade intelectual (ver 15.1.2). Os controles considerados práticas para a segurança da informação incluem: a) documento da política de segurança da informação (ver 5.1.1); b) atribuição de responsabilidades para a segurança da informação (ver 6.1.3); c) conscientização, educação e treinamento em segurança da informação (ver 8.2.2); d) processamento correto nas aplicações (ver 12.2); e) gestão de vulnerabilidades técnicas (ver 12.6); f) gestão da continuidade do negócio (ver seção 14); g) gestão de incidentes de segurança da informação e melhorias (ver 13.2). Esses controles se aplicam para a maioria das organizações e na maioria dos ambientes. (ABNT NBR ISO/IEC 17799, 2017) U1 - Riscos em ambientes industriais 53 Considera-se que, muitas vezes, os riscos ocupacionais estão ocultos perante os colaboradores por conta da falta de informação. Como quando algum colaborador, em uma reunião familiar, comenta com todos sobre aquisições que estão sendo feitas pela empresa na qual atua, ou quando comenta sobre transações confidenciais, e daquele ambiente a informação se espalha para diversos outros. Em muitos casos, isso ocorre por conta da alta administração não ter informado a eles a importância do sigilo nessas situações e da gravidade, caso sejam vazadas determinadas informações internas à empresa. Por outras vezes, as situações estão no estado latente, sendo acionadas quando ocorrem danos ao colaborador. Por exemplo, quando o colaborador tem o conhecimento acerca das vulnerabilidades e ameaças existentes no ambiente de trabalho, porém só se recorda das cautelas e dos cuidados a serem tomados na eminência do acidente. Em casos assim, deve- se sempre constatar se a alta administração fez o seu papel em informar previamente ao colaborador sobre os riscos existentes e exigir a utilização de equipamentos que o proteja. Se constatado, o colaborador pode ser penalizado pelo não cumprimento. Se não constatado, a responsabilidade é da empresa pela falta de informação, voltando, assim, ao ponto citado anteriormente sobre a ocultação de informações. E algumas vezes o colaborador tem o conhecimento de que está em situação de risco, mas, as condições de trabalho e necessidades o forçam a se sujeitar a esse risco. Podemos citar aqui um exemplo clássico em relação ao conhecimento da necessidade de equipamentos de proteção, porém os colaboradores não o fazem: os coletores de lixo ou garis. Esses profissionais, em muitos casos, não utilizam luvas, máscaras e demais equipamentos de proteção individual que lhes são de uso obrigatório. Muitos deles afirmam que a utilização desses equipamentos atrapalha a execução das suas atividades durante a coleta do lixo. Em situações como essas, cabe à alta administração procurar formas que solucionem as deficiências dos equipamentos para os colaboradores, como equipamentos que os auxiliem na execução e garantam a sua proteção durante a função a ser realizada no ambiente de trabalho (SILVA, 2015). U1 - Riscos em ambientes industriais54 Os ambientes de automação industrial podem ocasionar riscos físicos devido às condições que são geradas por maquinários e condições físicas do local. Pode ser consultada a Norma Regulamentadora 12 (NR 12), a qual traz os aparatos essenciais para a segurança física nos ambientes de automação industrial. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), os principais fatores de riscos físicos são ruídos, vibrações, temperaturas extremas, radiações ionizantes e não ionizantes e umidade. Os ruídos podem ocasionar cansaço, irritação, dores de cabeça, diminuição da audição etc. As vibrações podem ocasionar dores nos membros, na coluna, artrite, irritação, cansaço etc. O calor pode ocasionar taquicardia, aumento da pulsação, fadiga térmica etc. O frio excessivo pode provocar hipotermia, geladura e congelamento. As radiações ionizantes são entendidas como sendo os raios X, Beta, Gama, partículas Gama, prótons e nêutrons. Esse tipo de risco pode ocasionar alteração celular, câncer, fadiga e problemas visuais. As radiações não ionizantes são provenientes dos raios ultravioletas, infravermelhos, micro-ondas e laser. Podem ocasionar queimaduras, lesões na vista, na pele e nos demais órgãos. Em relação às condições de temperatura, recomenda-se uma temperatura efetiva entre 20 a 23 °C, uma velocidade do ar abaixo de 0,75 m/s e que a umidade relativa do ar não seja inferior a 40%. Um ambiente com umidade elevada pode ocasionar doenças no aparelho respiratório, circulatório, na pele e outros riscos. Pesquise mais A fim de obter maior compreensão sobre as radiações, sejam elas ionizantes ou não, acesse a cartilha técnica Norma NE-3.01: Diretrizes básicas de radioproteção da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN). Disponível em: <http://www.abfm.org.br/upload/normas/ norma12.pdf>. Acesso em: 2 maio 2017. U1 - Riscos em ambientes industriais 55 Os riscos pessoais e físicos podem trazer grandes preocupações à administração da organização. Devemos analisar também os riscos administrativos e/ou financeiros que possam vir a existir no ambiente de automação industrial. A fim de convencer a administração a investir em tecnologias que assegurem o ambiente de automação industrial, é importante que sejam apresentados dados convincentes, sendo que estes também apresentem as vantagens e desvantagens,