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que foi realizada uma investigação superficial acerca do acidente ocorrido, não sendo possível a identificação dos fatores subjacentes e latentes nessa situação. Para que a investigação ocorra da melhor forma possível, você deverá auxiliar o diretor da empresa na realização de quatro passos: - Coleta de dados. - Análise das informações. - Identificação de medidas de controle. - Plano de ação. Esses passos são essenciais para que possa ser identificado se a real causa foi o erro do operador, ou se havia algum outro fator influenciando para que o acidente ocorresse. Para o primeiro passo, você pode recomendar que sejam coletados alguns dados, como opiniões, observações, medições, permissões de trabalho, fotos, checklists etc, os quais podem ser coletados por meio de entrevistas com a vítima, se houver essa possiblidade, com colegas de trabalho, com os supervisores, com membros da CIPA etc. Como relatado na situação-problema, alguns colaboradores falaram sobre a procedência da máquina na qual o acidente ocorrera. Isso deve ser levado em consideração na análise dos dados coletados. U3 - Sinalização e medidas de proteção172 Após coletados os dados, eles deverão ser analisados. Não existe uma ferramenta específica para a análise das informações coletadas, porém elas devem ser: - objetivas; - imparciais; - capazes de identificar quais são os fatores imediatos; - capazes de identificar quais são os fatores subjacentes; - capaz de identificar quais são os fatores latentes; - capaz de identificar a rede de fatores que interagem com o evento analisado. Como ferramenta de análise, você pode sugerir ao diretor a utilização de uma árvore de causas construída diante do seguinte questionamento: “O que aconteceu e por qual razão?”. E, dessa forma, poderão ser identificados os fatores latentes e, assim, a Totivits Ltda. obterá elementos que a auxiliem a iniciar um processo de aprendizado sobre as falhas ocorridas, evitando que se repitam. É importante que os colaboradores confiem nas pessoas que os entrevistarem, para que não haja tendências em suas respostas. É preciso convidá-los para explicar por qual motivo o incidente aconteceu, o qual, consequentemente, provocou um evento adverso. Sendo assim, ao questionar o que aconteceu e por qual razão, pode-se chegar aos seguintes fatores: - O que aconteceu e por qual razão? Ocorreu o esmagamento de um dos membros do operador por não cumprir o procedimento de forma adequada (fator imediato). - O que aconteceu e por qual razão? O procedimento não foi cumprido de forma adequado, pois não estavam claros e bem definidos ao operador (fator subjacente). U3 - Sinalização e medidas de proteção 173 - O que aconteceu e por qual razão? Os procedimentos de operação não estavam claros e bem definidos ao operador, pois a direção nunca forneceu aos colaboradores um treinamento adequado para a operação correta das máquinas (fator latente). Por meio da análise dos dados será possível identificar medidas de melhoria a serem implementadas a fim de garantir que o erro não ocorra novamente e os acidentes sejam prevenidos. Na sequência, recomenda-se a listagem de todas as medidas alternativas que possam ser implementadas para prevenir que eventos adversos similares aconteçam. Dessa forma, recomenda-se que sejam oferecidos treinamentos a todos os colaboradores da Totivits Ltda. que operam máquinas e equipamentos que apresentam riscos elevados; e, por último, deverá ser elaborado um plano de ação. A base dessa etapa são as questões de segurança evidenciadas na análise realizada. Trata-se da elaboração de um plano de ação para a melhoria contínua das condições de trabalho, garantindo que eventos adversos não voltem a ocorrer e sejam prevenidos. Os objetivos do plano de ação devem ser duradouros, específicos, mensuráveis, realistas e acordados. O plano de ação deve abranger fatores imediatos, subjacentes e latentes. Sendo assim, o plano de ação deverá garantir que os colaboradores cumpram os procedimentos de forma correta, que os procedimentos de operação de máquinas e equipamentos fiquem claros e bem definidos e que a direção forneça regularmente capacitação e treinamento. U3 - Sinalização e medidas de proteção174 Avançando na prática O caso da FGR Descrição da situação-problema Na empresa FGR foi registrado na, última semana, um grave acidente de trabalho. Um funcionário que operava uma empilhadeira, função exercida por muitos anos, atropelou um colega que passava por perto. A CAT foi realizada e as fichas da vítima e do operador de empilhadeira foram analisados. Na ficha da vítima, havia a anotação de envolvimento em outro acidente dois meses antes, no qual ele passou por uma área proibida e se acidentou. Nessa área havia sinalizações e placas indicando o perigo ali existente e que estava proibido o acesso, assim como na área do acidente mencionado nesta questão. Na ficha do operador de empilhadeira, havia a anotação de envolvimento em um acidente na mesma época do ano anterior. A vítima ficou hospitalizada e não pôde ser entrevistada para a coleta de maiores informações, porém, o operador de empilhadeira colaborou com a investigação do acidente. Notou-se que nessa época do ano problemas familiares afetam o operador, deixando-o desatento em relação às suas funções exercidas na empresa. Como ação a ser tomada para prevenir que acidentes ocorram, a empresa decidiu transferir o operador para uma atividade que apresente um grau de periculosidade menor. De acordo com os aprendizados desta seção, o que você aconselharia ser feito? Bom trabalho! Resolução da situação-problema Percebeu-se, na situação-problema apresentada, que o acidente ocorrido foi causado por dois elementos: a vítima e o operador. A decisão da empresa em penalizar apenas o operador não se trata de uma ação justa, uma vez que a vítima também teve sua parte de culpa para que o acidente ocorresse. U3 - Sinalização e medidas de proteção 175 A primeira observação a ser feita é identificar se na área em que o acidente ocorreu existem sinalizações, como faixas no chão limitando por onde as pessoas devem transitar. Foi constatado que elas existem. Por meio dessa observação já é possível analisar que o responsável pelo acidente não foi apenas o operador. Vamos à arvore de causas para tentar identificar os fatores subjacentes e latentes desse acidente: - O que aconteceu e por qual razão? Atropelamento de um funcionário por uma empilhadeira, porque o operador e o funcionário que transitavam estavam desatentos (fator imediato). - O que aconteceu e por qual razão? O operador e o funcionário (vítima) estavam desatentos. Porque o operador tem alguns problemas pessoais durante essa época do ano e atua nessa mesma atividade por muitos anos (confiança excessiva) e a vítima é considerada por seus colegas como sendo uma pessoa muito desatenta às sinalizações que estão expostas na empresa (fator subjacente). - O que aconteceu e por qual razão? O operador tem problemas pessoais e confiança excessiva por atuar na mesma atividade por anos e a vítima é desatenta. Em relação ao operador, isso ocorre por não ter condições de realizar cursos para se capacitar em outras funções. Em relação à vítima, isso ocorre porque as sinalizações que estão expostas pelas instalações da empresa precisam ser refeitas e melhoradas, pois estão desgastadas (fator latente). Por meio dessa árvore de causas podemos identificar que atuar apenas remanejando o operador de função não evitará que esse tipo de acidente ocorra novamente. Pois ao tomar essa ação como medida de melhoria, estará agindo apenas no fator imediato do acidente. É necessário que sejam atingidos os fatores