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[Resumo] Histologia - Boca e glândulas + Fígado, pâncreas e vesícula biliar

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1 Raul Bicalho – MedUfes 103 
 
 
PARTE 1 – Boca e glândulas salivares (Junqueira) 
 
Estrutura geral do trato digestório: 
 
 
 
 De dentro para fora, isto é, da luz para a superfície “externa”, observam-se mucosa, submucosa, camada 
muscular e adventícia/serosa/mesentérica. 
Na mucosa observaremos muita variação de acordo com os segmentos do trato estudados. Essa camada é 
formada por epitélio, membrana basal e tecido conjuntivo subjacente (lâmina própria). O epitélio vai variar, pode ser 
simples, estratificado, queratinizado ou não. A lâmina própria pode ser tecido conjuntivo denso ou frouxo. Existe, 
ainda, uma muscular da mucosa, formada por músculo liso, podendo ter uma camada longitudinal externa e uma 
circular interna. O fim da muscular da mucosa delimita o fim da mucosa, a partir daí é submucosa. 
OBS.: Na mucosa, muitas vezes, a camada muscular da mucosa é utilizada como fator prognóstico de lesões 
no epitélio. Então, por exemplo, numa neoplasia de origem epitelial que já invadiu o tecido conjuntivo, mas a muscular 
da mucosa está preservada, caracteriza-se um bom prognóstico. Se ela estiver comprometida, seria um prognóstico 
pior. Isso porque quando ela está preservada, observa-se que há uma retenção local da neoplasia. 
OBS. 2: Os tipos de glândulas vão variar ao longo do trato digestivo. Em sua maioria, são glândulas mucosas, 
por isso há secreção de muito muco na luz do trato. 
A submucosa também é um tecido conjuntivo, que pode ser frouxo, mas pode possuir um pouco mais de 
fibras, criando variações. Além dos muitos vasos sanguíneos e linfáticos, encontram-se, também, componentes 
glandulares (apenas em esôfago e duodeno). Nessa região, há a presença do plexo submucoso (de Meissner), que 
mesmo presente na camada submucosa, ele regula a contração da muscular da mucosa. 
HISTOLOGIA B – AULA 10 – Boca e glândulas + Fígado, pâncreas e vesícula / Profa. Letícia 
 
 
2 Raul Bicalho – MedUfes 103 
Já o plexo mioentérico (de 
Auerbach) fica na camada 
muscular e regula a atividade dela 
(camada muscular própria). Nessa 
camada, há uma variação do 
tecido dependendo da porção 
estudada, podendo ocorrer 
músculo estriado esquelético e/ou 
músculo liso. Normalmente, é 
formada por musculatura lisa 
numa subcamada circular interna 
e em outra subcamada 
longitudinal externa. É importante 
que o plexo mioentérico fica entre 
as camadas longitudinal e circular. 
A última camada é uma 
adventícia ou uma serosa ou uma 
mesentérica. Caso seja adventícia, 
é formada por tecido conjuntivo 
(frouxo majoritariamente), muitas vezes associado a tecido adiposo. Serosa seria epitélio simples pavimentoso 
(mesotélio), no caso o folheto visceral do peritônio. Já o mesentério seria o encontro dos folhetos visceral e parietal 
do peritônio. 
 
Boca: 
Lábios: 
 Porta de entrada da cavidade, portanto possui uma junção mucocutânea (pele + mucosa). A parte vermelha 
da boca não é considerada nem pele nem mucosa, é chamada de borda vermelha (de transição). Só é considerada 
pele a parte em volta da borda vermelha (contorno do lábio). No corte em formato de cunha pegando as 3 superfícies 
(externa de pele, transição e interna mucosa), no eixo vimos a camada muscular (m. orbicular da boca). A estratimeria 
(que um piercing atravessaria, por exemplo) seria: Epiderme, derme, camada muscular, submucosa, mucosa. Existem 
glândulas labiais na submucosa. 
 
 
3 Raul Bicalho – MedUfes 103 
 
 
 Na face externa (pele) existem as mesmas estruturas normais de pele (na bordinha). Sendo assim, epiderme 
com camada córnea, presença de folículos pilosos, derme etc. Uma característica específica é a questão de o lábio 
inferior ser bem inervado (área de grande sensibilidade). 
Na borda vermelha (transição) continua um epitélio pavimentoso estratificado, mas a camada córnea não está 
mais contínua, ela está menos desenvolvida e descontínua (não é considerado epitélio queratinizado, portanto não é 
epiderme). O tecido conjuntivo dessa transição é muito vascularizado, as papilas conjuntivas são bem pronunciadas 
(“pontudas”), então o número de estratos do epitélio diminui, ficando mais fininho e, portanto, translúcido. Essas 
características (translúcido + muitos vasos) deixa a borda com aspecto de vermelho. Essa região não possui anexos 
(nem glândula, nem folículo etc.), ficando bastante seca (nenhuma secreção é lançada aqui), por isso é normal passar 
a língua nessa superfície para lubrificá-la. Por isso, também, essa região acaba sendo mais frágil e suscetível a ações 
ambientais (por exemplo no frio). 
 Na face interna existem 3 tipos de mucosa (de revestimento, mastigatória e especializada). A maioria é mucosa 
oral de revestimento, que é o epitélio estratificado pavimentoso (mesmo epitélio da borda) + tecido conjuntivo 
subjacente (na maioria das vezes frouxo e muito vascularizado). A mastigatória é quando o epitélio é queratinizado. A 
especializada é quando tem a presença dos botões gustatórios. Profundamente à mucosa, observa-se a submucosa, 
onde existem as glândulas labiais. Mais profundamente ainda se encontra um tecido conjuntivo frouxo que se coloca 
entre as glândulas e o músculo. 
A mucosa oral de revestimento é observada na superfície interna do lábio, palato mole, bochecha, assoalho, 
lembrar que é um epitélio não queratinizado sem botões gustatórios. A mucosa oral mastigatória é encontrada em 
gengiva, palato duro e estrutura dorsal da língua (papila filiforme), lembrar que ocorre em área de mastigação, de 
atrito com o alimento, de fala e continua sendo epitélio estratificado pavimentoso, mas agora queratinizado (com 
camada córnea), o tecido conjuntivo fica mais denso (mais fibras colágenas, mais marcados) e muito vascularizado 
também. 
OBS.: Na região de palato, a mucosa “não se mexe”. É o que caracterizamos como mucosa inelástica, visto que 
não permite distensão nela por conta que a próxima camada já é osso, por isso chamamos de mucoperiósteo (epitélio 
grudado no conjuntivo, conjuntivo grudado no periósteo o periósteo grudado no osso). 
 
4 Raul Bicalho – MedUfes 103 
Língua: 
Na superfície dorsal da língua, observam-se várias projeções 
da mucosa (projeta o epitélio e o conjuntivo vai junto). Sendo assim, 
essa superfície não é lisa e sim toda irregular. 
 Epitélio irregular pela presença das papilas linguais 
(projeções de mucosa). Nem todas papilas linguais são gustatórias 
porque para ser tem que possuir os botões gustatórios. A espécie 
humana tem 4 tipos de papilas, filiforme (pontuda, aspecto cônico), 
fungiforme (tem botão gustatório, base estreita e superfície redonda 
lembrando um cogumelo), circunvaladas (as mais desenvolvidas nos 
humanos, vistas facilmente na macroscopia) e foliadas (na região da 
borda lateral da língua, são as pregas ricas em botões mas pouco 
desenvolvidas na espécie humana). 
 A filiforme não tem botões, é feita de mucosa oral 
mastigatória, ou seja, sua superfície é queratinizada (camada 
córnea). Sendo assim, a filiforme não participa do processo de 
gustação, ela está muito relacionada com o atrito, sendo importante 
na percepção das texturas do alimento, aspecto importante para ser 
agradável ou não o alimento para cada pessoa. 
A fungiforme não forma uma camada córnea completa (não 
é mucosa oral mastigatória) e tem a presença dos botões, mas é mais 
difícil visualizá-los nessa papila (é mais fácil na circunvalada). 
As circunvaladas são as mais desenvolvidas no ser humano, localizada na região do V lingual, recebeu esse 
nome pois sua projeção é circunscrita por uma vala. Essa papila possui importante relação com uma glândula serosa 
(de von Ebner) e possui muitos botões. Essa glândula de Von Ebner produzuma enzima, a lipase lingual, que é jogada 
na vala das papilas, importante para ajudar na limpeza da vala, porque pode ocorrer acúmulo de alimentos nesses 
espaços, o que dificulta o contato dos botões da lateral da papila com o alimento. Sendo assim, a glândula libera 
conteúdo rico em água e enzima que degrada componentes hidrofóbicos. 
 
 Os botões gustatórios têm um aspecto de botão de rosa fechado. É um órgão intra epitelial (presente no meio 
das células do epitélio). Ele se comunica com a cavidade da boca através de um poro bem pequeno (não é visto na 
microscopia de luz no HE). É por esse poro que entram os gustantes (componentes presentes nos alimentos capazes 
de estimular os botões). São formadas por uma estrutura geral, mas possuem diferenças dependendo do sabor de 
referência, isto é, para cada sabor existe um conjunto de receptores que vão disparar um determinado tipo de 
informação, por isso conseguimos distinguir os sabores. Em termos gerais, os botões têm as células gustativas, que 
apresentam na sua membrana receptores para os gustantes, quando ocorre a interação ativa-se uma cascata 
molecular que leva à despolarização das células e, na base do botão, observam-se terminações nervosas, então 
neurotransmissores liberados fazem o estímulo, por meio de sinapse, levar a informação para o SNC. Resumindo, os 
 
5 Raul Bicalho – MedUfes 103 
gustantes entram pelos poros, daí fazem uma interação com receptores, que inicia uma cascata que gera uma 
despolarização (canais iônicos) e neurotransmissores estimulam as fibras nervosas aferentes. 
 
OBS.: É importante ressaltar que não existe mapeamento de local específico da língua relacionado com sabor 
específico percebido. 
Dentes e estruturas associadas: 
O ser humano possui duas dentições, 
porque como dente não cresce, necessita-se da 
troca para ficar mais compatível com o tamanho 
da pessoa. A primeira dentição se inicia por volta 
dos 6 meses de vida e a troca (início da segunda 
dentição) ocorre por volta dos 6/7 anos de vida. 
O dente não cresce porque o esmalte, seu 
principal componente, não possui célula depois 
que é formado, é um tecido acelular, por isso 
quando há uma fratura o dente não regenera. A 
dentição decídua começa o desenvolvimento 
embriológico por volta da 6ª semana intrauterina 
e possui 20 dentes. A dentição permanente 
começa o desenvolvimento embriológico por 
volta do 5º mês intrauterino e possui 32 dentes, 
com a diferença na quantidade de molares e pré-
molares (2 molares e 0 pré-molares na decídua / 
3 molares e 2 pré-molares na permanente – 
considerando cada hemiarcada). Em certo 
momento, a raiz do dente decíduo é reabsorvida 
e o dente fica mole até cair. 
 
6 Raul Bicalho – MedUfes 103 
A estrutura da coroa do dente é 
formada por esmalte (externa) e dentina 
(interna). A dentina possui célula (produzida 
durante toda a vida) e o esmalte não (96% cristal 
de hidroxiapatita, tecido mais mineralizado no 
corpo humano). A dentina é muito parecida com 
osso (absorve pancada e protege o esmalte que 
é bem frágil), por isso, a pontinha do dente é o 
local mais propenso a quebrar, visto que, 
normalmente, não possui dentina embaixo do 
esmalte para proteger. A dentina está presente 
tanto na coroa, quanto na raiz (preenche toda a 
extensão do dente), já o esmalte ocorre apenas 
na coroa. Na raiz, revestindo a dentina, existe 
uma outra estrutura parecida com osso, o 
cemento. No centro da dentina existe uma 
cavidade de tecido conjuntivo frouxo muito rico 
em células tronco, a polpa (muito vascularizado, 
inervado e rico em células-tronco). 
O esmalte possui células enquanto está sendo produzido, os ameloblastos, que vão produzindo essa camada 
e, quando acabam de depositar todo o esmalte, diminuem seu tamanho formando uma capa que protege o esmalte 
e, na hora que o dente nasce, essa célula desaparece e o esmalte aparece na boca, a partir daí não tem como mais 
produzir esmalte. É importante ressaltar que o esmalte não possui colágeno e sim hidroxiapatita, sua matéria orgânica 
é composta de proteínas específicas do esmalte. 
A dentina é formada de 70% de 
hidroxiapatita, mas possui fibras colágeno I e 
odontoblastos (células que a produzem). Sendo 
assim, são bem parecidas com osso, parte 
mineral (matriz) no meio e as células que 
produziram na periferia da polpa. Porém, não 
há retenção de célula para formar outra, como 
o osteócito no osso por exemplo. As células 
(odontoblastos) ficam na transição entre 
dentina e polpa e seus prolongamentos vão 
pelos canalículos da dentina. Isso é interessante 
pois se ocorrer uma invasão que destruiu o 
esmalte e está se aprofundando, esse 
prolongamento consegue perceber e tentar defender para não chegar na polpa dentária. 
A polpa dentária é a “parte viva” do dente, formada de tecido conjuntivo frouxo, é uma cavidade riquíssima 
em células mesenquimais e em vasos. A única modalidade sensorial dessa região é a de dor. 
O osso alveolar surge com desenvolvimento e erupção dos dentes. Existem ligamentos (periodontais) de 
tecido conjuntivo denso para fixação da raiz, ricos em colágeno tipo I. 
OBS.: O escorbuto causa desorganização desses ligamentos pela falta de Vitamina C, que é um cofator da 
síntese de colágeno I. Sendo assim, essa doença causa uma deficiência nessa síntese, podendo levar à desorganização 
desses ligamentos periodontais e estruturas vasculares. Sendo assim, podem aparecer as petéquias (manchas de 
hemorragias) e, também, pode ocorrer a queda do dente (mesmo íntegro). 
Glândulas salivares: 
 A saliva tem uma série de funções, a exemplo do apoio na prevenção de lesões na mucosa. É importante 
ressaltar que a velocidade de renovação/regeneração do epitélio oral é muito rápido (7-14 dias) e, normalmente, não 
 
7 Raul Bicalho – MedUfes 103 
deixa cicatriz. Outras funções: umidificar e lubrificar mucosa oral e o alimento, 
iniciar a digestão de carboidratos e lipídios, secretar substâncias protetoras 
(enzimas e anticorpos, principalmente IgA), manutenção do pH (fundamental para 
preservar o elemento dentário, evitando desmineralização por acidez causada 
principalmente por alimentos com muito açúcar), formação de película sobre os 
dentes (saliva tem componentes que se ligam à superfície do esmalte) e regulação 
da temperatura corporal (não na espécie humana). 
 Existem as glândulas salivares maiores em pares (produzem 90% da saliva): 
submandibulares, sublinguais e parótidas. Também existem as salivares menores 
(no palato, língua, lábio, bochecha etc.), que produzem 70% do muco, portanto 
também são importantes. 
 As glândulas são formadas por uma 
parte secretora e uma parte excretora. A 
excretora são os ductos, já a secretora é a 
parte que produz a secreção inicial. As 
glândulas salivares podem ter (na parte 
secretora) células serosas, células mucosas 
ou a combinação das duas. Depois que a 
parte secretora libera o conteúdo, ele vai 
seguir um sistema de ductos (parte 
excretora) até chegar na cavidade. As 
glândulas podem ser compostas, possuindo 
vários ductos (intercalares, estriados, 
Interlobulares etc.). O ducto intercalar é 
formado de epitélio simples cúbico, já o 
estriado é de epitélio colunar, é chamado de 
estriado pelas invaginações de membrana 
que são acompanhadas de mitocôndrias 
bem alongadas, ou seja, tem transporte 
ativo de íons (torna a saliva hipotônica). 
 Das glândulas salivares maiores, a maior é a parótida, porém contribui com 30% 
(calculado em cima dos 90% já mencionados e não do total de saliva), sendo importante por 
produzir maior parte da amilase. É uma glândula exócrina composta puramente serosa, ou 
seja, toda partesecretora dela é formada por célula serosa, que vai produzir amilase, no 
citoplasma da célula são presentes vários grânulos com a amilase. Seu tecido conjuntivo tem 
células que vão produzir componentes de defesa (plasmócitos, linfócitos e, principalmente, 
IgA). 
 
 
8 Raul Bicalho – MedUfes 103 
A glândula submandibular contribui com o maior volume de saliva (produz 60% da 
saliva produzida pelas maiores), mas tem uma quantidade menor de amilase. Também é 
uma glândula exócrina e composta, porém é seromucosa (células mucosas e serosas), 
sendo que possui mais células serosas (produtoras de enzimas) do que mucosa, ou seja, 
tem produção enzimática importante. Existe um achado histológico chamado de meia lua 
serosa. Uma característica marcante nas submandibulares é a presença de ductos estriados 
muito ramificados, visto que produz o maior volume de saliva, que é modificada por esses 
ductos estriados. 
 
 
 
 OBS.: Semilua serosa = Achado histológico/microscópico na relação entre células 
serosa e célula mucosa, que forma um aspecto de semilua na microscopia. 
Já a glândula sublingual também possui as semiluas, visto que é seromucosa, mas 
possui mais mucosas (mais transparentes) do que serosas (bem coradas) e não produz 
amilase e sim lisozima. 
 
 
 
OBS.: Resumindo, todas as glândulas salivares maiores são exócrinas (levam secreção para a boca), são 
compostas (vários ductos intercalares, estriados etc.). A parótida só é serosa (só produz enzima) e as outras duas são 
seromucosas. Na submandibular observamos mais células serosas e na sublingual mais mucosas. 
 As glândulas salivares menores são, na sua maioria, glândulas mucosas. Não são encapsuladas. Existem, 
também, menores serosas, que são aquelas glândulas de Von Ebner (relacionadas com as papilas circunvaladas). 
 
9 Raul Bicalho – MedUfes 103 
 
PARTE 2 – Fígado, pâncreas e vesícula biliar (Kierszenbaum) 
 
Pâncreas (Parte exócrina): 
 A parte exócrina do pâncreas tem uma 
organização muito parecida com a da glândula parótida, 
visto que a parte secretora (que produz enzimas) é 
formada de células serosas que formam ácinos. 
A parte macroscópica do pâncreas possui corpo, 
colo, cabeça, cauda e um sistema de ductos. A maior 
parte de seu parênquima é a exócrina (menor parte 
endócrina). No esquema de microscopia do pâncreas, 
observam-se as ilhotas (parte endócrina) e o resto é a 
parte exócrina, totalmente representada por células 
serosas (aspecto de pizza, cada fatia é uma célula). As 
células serosas têm esse aspecto triangular/piramidal, com núcleo bem esférico, base com muito retículo e o ápice 
com muito grânulos para armazenar as enzimas da digestão. O lúmen do ácino é contínuo com o lúmen do sistema de 
ductos do pâncreas, visto que as enzimas não vão para circulação e sim para a região de intestino por meio do sistema 
de ductos. 
 OBS.: Apesar da separação didática das 
partes endócrina e exócrina, existe uma relação 
entre os hormônios produzidos nas ilhotas 
(endócrino) e a ação dos ácinos (exócrino) 
através do sistema porta insuloacinar. 
Basicamente, a insulina produzida pela ilhota 
apresenta receptores nas células serosas e 
quando ocorre a ligação da insulina com esses 
receptores, ela pode mandar uma mensagem 
para o núcleo dessas células para modificar o 
conteúdo dos grânulos de zimogênio (grânulos 
das enzimas de digestão). Essa 
relação/conversa entre as partes depende do 
perfil alimentar da pessoa, uma dieta muito rica 
em açúcares, por exemplo, pode levar à alteração da produção dos hormônios nas ilhotas e essa alteração causar 
efeito na parte exócrina mudando o perfil dos grânulos de zimogênio, aumentando, por exemplo, a quantidade de 
amilase. 
O tecido conjuntivo aqui na maioria das vezes é um 
tecido conjuntivo frouxo, pode se apresentar mais denso ao 
redor dos ductos. Na microscopia, a ilhota fica mais pálida e as 
células da parte exócrina mais coradas, porque são ricas em 
grânulos contendo as enzimas. A parte exócrina tem o aspecto 
microscópico bem semelhante ao da parótida, visto que tem a 
presença de ductos e a parte secretora é feita apenas de células 
serosas (não tem células mucosas). O que ajuda a diferenciar é 
que no pâncreas não existe ducto estriado, apenas intercalar. 
Além disso, em volta dos ductos terá uma característica de tecido 
conjuntivo denso, mas adentrando o parênquima pancreático 
observa-se um tecido conjuntivo frouxo. 
 
10 Raul Bicalho – MedUfes 103 
OBS.: Em casos de pancreatite, com a desorganização do parênquima, o tecido conjuntivo denso deixa de ser 
exclusivo nessas áreas de ducto e começa a adentrar o parênquima do pâncreas, ou seja, aumenta a área de TC denso, 
o que é ruim e caracteriza fibrose. 
 Observando o aspecto ultraestrutural de uma célula serosa, observa-se o núcleo bem redondinho, a parte da 
base muito rica em retículos endoplasmáticos rugosos e o ápice rico em grânulos contendo as enzimas. A maioria 
dessas enzimas, principalmente as proteases, são secretadas na forma inativa (pré-enzimas) para proteger o pâncreas 
da ação delas, mas existem algumas enzimas que podem ser secretadas já na forma ativa que não vão causar uma 
“autodigestão” do órgão (lipase, amilase etc.). As proteases são inativadas com sítio bloqueado, que é liberado quando 
chega no intestino para fazer digestão de proteínas. 
 O pâncreas possui uma célula específica na sua região excretora, a célula centroacinosa/centroacinar. Essa 
célula é o início do ducto intercalar, mas elas se colocam para dentro da luz do ácino (voltadas para a luz do conjunto 
de células serosas). Depois disso, o aspecto do ducto intercalar é igual ao visto nas glândulas salivares (epitélio simples 
cúbico). 
 
 OBS.: Na microscopia, é difícil de encontrar essa célula centroacinosa, porque, às vezes, ela fica embolada no 
meio das células serosas. 
 
 Regulação da secreção do pâncreas exócrino (fisiologia): 
Voltada para a luz do intestino, observa-se uma série de células chamadas de enteroendócrinas. Quando o 
alimento sai do estômago e chega no intestino, ele já está parcialmente processado (observam-se já alguns peptídeos 
originados da quebra de proteínas no estômago, além de alguns componentes de ácido graxo etc.). A acidez vinda do 
estômago e a presença desse alimento (e de partículas específicas nele) são percebidos por essas células 
enteroendócrinas no intestino, e quando ocorre essa interação, essas células liberam hormônios (colecistoquinina e 
secretina) que mandam informações (sinalizam) pro pâncreas exócrino liberar o suco pancreático (a colecistoquinina 
vai até às células serosas e induzem sua exocitose , já a célula que produz a secretina, quando percebe o pH ácido, 
induz o ducto intercalar do pâncreas a produzir um conteúdo rico em água e íons bicarbonato). Logo, o suco 
pancreático não é um produto apenas de células serosas, os ductos também participam dessa produção (as células 
serosas liberam as enzimas e os ductos liberam água, bicarbonato etc.). Obviamente, há um componente do Nervo 
Vago (NC X) participando desse processo, logo temos uma ação hormonal associada ao sistema nervoso na regulação 
da secreção do suco pancreático. 
 
11 Raul Bicalho – MedUfes 103 
 
 
Fígado: 
 O fígado é a maior glândula do corpo humano. É considerado a interface entre intestino e todo o outro 
organismo (por conta da presença da veia porta). Há a chegada de 2 vasos no fígado, a artéria hepática e veia porta. 
A artéria com menor volume sanguíneo, mas rico em oxigênio. Já a veia com maior volume, pobre em oxigênio, mesmo 
assim rico em nutrientes, visto que traz o sangue da região de intestino. O fígado interage com esses nutrientesque 
chegam pela veia porta (captação, armazenamento, metabolização, distribuição, transformação etc.). O Sistema 
digestório leva nutrientes ao fígado, este distribui para o resto do organismo pelo sangue. O fígado também produz 
proteína, a exemplo da albumina, proteínas da cascata da coagulação. Além disso, esse órgão faz hemocaterese 
(processamento das hemácias envelhecidas) e detoxificação. 
É importante ressaltar que o hepatócito tem alta capacidade de recuperação, mas não em questões crônicas 
de danos ao fígado por, por exemplo, consumo excessivo de álcool e medicamentos por um longo período. Resumindo, 
as funções do fígado são: captar, transportar e acumular metabólitos; neutralização; distribuição dos nutrientes; 
produção de proteínas; e produção da bile (função exócrina). 
 Na microscopia, observa-se que o fígado possui uma capsula fininha (Cápsula de Glisson) que tende a ficar 
mais espessa à medida que envelhecemos. Ao sair da cápsula e mergulhar no parênquima hepático não se vê lobulação 
(não se observam os septos/trabéculas de tecido conjuntivo separando os “lóbulos” na espécie humana). Os espaços 
entre cordões de hepatócitos são preenchidos com vasos, no caso capilares sinusoides, logo é um órgão muito 
vascularizado. Observa-se que o fígado é muito pobre em estroma, ou seja, ele não é rico em colágeno tipo I em toda 
sua estrutura (mais na cápsula de TC denso e nos espaços porta). 
 O sangue (que chega pela V. Porta e pela A. Hepática) vai da periferia para o centro (o que interfere no 
comportamento do hepatócito) e a bile do centro para a periferia (é produzida pelos hepatócitos e vai para o ducto 
biliar). Essa questão direcional só é verdadeira quando se considera o lóbulo hepático clássico. 
 
12 Raul Bicalho – MedUfes 103 
A organização do fígado é feita por tríades, a maior é a portal (Veia Porta + Artéria Hepática + Ducto Hepático). 
Porém, existem também as tríades menores/microscópicas (Ramo da Artéria Hepática que é uma arteríola + Ramo da 
Veia Porta que é uma vênula + Ducto Biliar). Existem várias dessas tríades na estrutura do fígado e elas se organizam 
de forma que, se conectadas, formam hexágonos (ou pentágonos), que no centro possuem as veias 
centrais/centrolobulares (início de drenagem do órgão). Essa drenagem ocorre de forma que, em algum momento, o 
sangue que chegou pela V. Porta e o sangue que chegou pela A. Hepática vão se encontrar e se misturar, isso ocorre 
nos capilares sinusoides, que recebem sangue dos ramos tanto da veia quanto da artéria. Esse sangue vai caminhar 
entre os cordões de hepatócitos e vai chegar até a Veia Central para ser drenado, até sair pela Veia Hepática. 
 A união das 3 estruturas (Ramo da V. Porta, Ramo da A. Hepática e Ducto Biliar) é chamada de tríade portal. 
Na região da tríade, observa-se tecido conjuntivo denso (Col. Tipo I) sustentando-a. A tríade e o seu tecido conjuntivo 
sustentando são chamados juntos de espaço porta. 
 Na microscopia, a Veia Central é bem fácil de identificar e, apesar do nome, aparece com aspecto de vênula, 
ou seja, observa-se a célula endotelial e nada mais. Os núcleos redondinhos geralmente apontam para os hepatócitos. 
Saindo do centro e indo para a periferia, encontra-se o espaço porta com sua arteríola (endotélio + músculo) que é 
ramo da A. Hepática, sua vênula que é ramo da V. Porta, com seu Ducto Biliar (epitélio simples, podendo ser cúbico 
ou colunar) e com seu tecido conjuntivo sustentando (às vezes tenta até invadir o parênquima hepático). 
 OBS.: Para identificar na lâmina = Como o ducto biliar tem um epitélio mais alto (cúbico ou até colunar), ele 
fica mais escuro (aspecto mais roxo) na lâmina. A vênula da tríade (Ramo da V. Porta) tem a luz mais ampla e irregular. 
A arteríola (Ramo da A. Hepática) que é a estrutura mais difícil de identificar. É importante ressaltar que nem sempre 
no mesmo plano/corte será possível ver as três estruturas juntas. 
 
 
 
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 Lobulação hepática: 
Para entender a lobulação hepática, é necessário conseguir identificar a tríade portal e a veia central. 
O estudo da lobulação hepática normalmente começa pelo lóbulo que é estrutural, com a veia central no 
centro e as tríades portais (espaços porta) na periferia, formando o hexágono. Sendo assim, a base do lóbulo hepático 
clássico é estrutural. 
 
 
OBS.: No fígado de porco (lâmina vista na aula prática), essa lobulação clássica é feita por colágeno separando 
os hepatócitos e formando realmente os lóbulos. Na espécie humana não é visível essa lobulação, ela é feita de forma 
imaginária traçando linhas conectando as tríades portais na periferia de um hexágono. 
O lóbulo portal e o ácino hepático são lobulações que têm base de fisiologia e patologia, mesmo dependendo 
da identificação das estruturas. 
No lóbulo portal o foco é a drenagem da bile (feita pelo ducto biliar), formando um triângulo onde os vértices 
são as veias centrais e a tríade fica quase no meio do triângulo, isso porque um ducto biliar numa tríade pode receber 
bile de qualquer região das 3 veias centrais que ficam nos 3 hexágonos adjacentes a ele. 
 
 
 
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 Já a lobulação por ácino hepático faz menção, 
principalmente, à tensão de oxigênio. O ácino hepático é uma 
estrutura grosseiramente circunferencial formada por 2 veias 
centrais e 2 espaços porta unidos por linhas imaginárias. À 
medida que o sangue circula nos sinusoides e se mistura, o 
hepatócito começa a consumir seu oxigênio e nutrientes. 
Portanto, quando se olha o eixo que une as duas tríades, mais 
especificamente o caminho desse eixo até a veia central, a 
tensão de oxigênio diminui, ou seja, quando chega na V. Central, 
observa-se um sangue pobre em oxigênio e rico em CO2, visto 
que os hepatócitos que estão próximos ao eixo arterial (que 
conecta as tríades) são privilegiados em consumir o sangue que 
chega rico em O2 e jogar outros componentes nesse sangue. À 
medida que se caminha, então, no eixo que une as veias centrais 
(eixo perpendicular ao eixo arterial) podemos criar 3 zonas, a 
zona 1 mais rica em oxigênio (perto da chegada do sangue), a 
zona 2 sendo uma zona intermediária com um pouco menos de O2 e a zona 3 que tem menos oxigênio ainda. 
 OBS.: A lobulação por ácino é bem observada na patologia, visto que se ocorre uma condição de redução dos 
níveis de oxigênio, essas células (de zonas diferentes) vão se comportar de maneira diferente, mesmo que elas façam 
parte do mesmo cordão e lóbulo hepático clássico. Por exemplo, células da zona 3 que já recebem menos O2, caso 
venha a chegar menos ainda O2, talvez nem cheguem a receber nada, portanto normalmente são as primeiras a 
apresentar características microscópicas de sofrimento relacionado à hipóxia, até necrose, situação que demora mais 
para ser observada nas zonas 2 e 1. A explicação é baseada na mistura do sangue e na circulação do sangue dentro 
dos lóbulos hepáticos nos capilares sinusoides (direção do fluxo arterial). 
 
 
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 Hepatócito: 
É a célula considerada mais versátil 
do organismo, por isso seu citoplasma é 
riquíssimo em organelas de vários tipos, 
suas membranas todas cheias de 
projeções. As superfícies voltadas para os 
sinusoides são chamadas de absortivas 
(cheias de microvilosidades) onde haverá 
as trocas pelo sangue. Oposta a elas, há 
projeções em um espaço limitado por 
membranas de hepatócitos vizinhos, isto é, 
superfície canalicular, relacionada à 
drenagem de bile. Podem ocorrer 
hepatócitos até com 2 núcleos, aspecto 
considerado normal. 
A função de detoxificação 
(neutralizar/eliminar componentes 
tóxicos) do hepatócito é muito importante. 
Ela é feitapelo retículo endoplasmático liso 
(REL), podendo ter ajuda das mitocôndrias. 
Um exemplo marcante é o processo de 
hemocaterese, que é intrínseco ao ser 
humano. O mecanismo de detoxificação da 
bilirrubina é por conjugação. Outros 
mecanismos que o REL usa para detoxificar 
é a oxidação e metilação. 
OBS.: Hemocaterese feita pelos 
macrófagos no baço (por exemplo), 
liberando bilirrubina (tóxica e hidrofóbica) 
no sangue, que vai para o fígado pela V. 
Porta, sendo carregada pela albumina (não 
dá para ir sozinha porque é tóxica e 
hidrofóbica). Ao chegar no fígado, a 
albumina libera a bilirrubina próxima ao 
hepatócito, e ela vai para a região chamada 
de espaço de Disse / espaço subendotelial 
(entre a parede do capilar sinusoide e a 
superfície absortiva do hepatócito), que é 
um espaço de intensa troca entre o vaso e 
o hepatócito. No hepatócito existem 
receptores que captam a bilirrubina para que ela entre na célula, como o citoplasma é cheio de água, existe uma 
proteína aqui com a mesma função carregadora da albumina, a ligandina, que leva a bilirrubina até o REL, onde existem 
várias enzimas (principalmente glicuronil-transferase) que fazem o processamento dessa molécula, para que ela seja 
transformada em um sal, que é componente hidrofílico e não-tóxico que vai entrar na formação da bile e sua maior 
parte será excretado nas fezes. O defeito dessa enzima gera a incapacidade dessa conversão, sendo uma doença grave 
de acúmulo da bilirrubina (quadro da icterícia). 
OBS. 2: A preocupação de pediatras com recém-nascidos em relação à icterícia, principalmente em se tratando 
de bebês prematuros, deve-se ao fato de que o REL do hepatócito pode não estar maduro ainda mesmo após o 
nascimento. Sendo assim, o acúmulo de bilirrubina pode gerar a destruição de estruturas do sistema nervoso, levando 
 
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a problemas cognitivos. Descobriu-se, porém, que mediante exposição de luz (raio UV), a bilirrubina presenta na 
circulação é convertida em um fotoisômero que se torna não-tóxico. 
 
 
 
Outras funções do hepatócito são: acúmulo de glicogênio (tanto síntese quanto degradação, também REL), 
síntese proteica (RER) e produção da bile (REL). A bile serve para a emulsificação de gorduras (detergente) e é uma via 
de excreção de componentes tóxicos. A maior parte dos ácidos biliares é reabsorvida. 
Células de Kupffer: 
São macrófagos, células de defesa. Diferente de macrófagos comuns, ele não está presente no tecido 
conjuntivo. No fígado, o macrófago é luminal (junto da parede do capilar sinusoide). Essa localização é vantajosa 
porque várias substâncias chegam no fígado, principalmente pela veia porta, e irão acessar os sinusoides, inclusive 
toxinas, bactérias etc. É importante ressaltar que os macrófagos se concentram perto dos espaços porta, portanto a 
 
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medida que se caminha para a veia central menos dessas células são presentes (lâminas com impregnação de nanquim 
mostram os vários pontinhos pretos que representam as células de Kupffer, sendo mais presentes perto do eixo 
arterial do ácino hepático). 
A célula de Kupffer tem, além da defesa, a função de hemocaterese. É importante ressaltar que hepatócito 
não faz hemocaterese, ele só processa os produtos da hemocaterese. 
OBS.: Cirrose = Fibrose hepática (cicatrização não funcional, isto é, cicatriza o tecido, mas não repara a função). 
Nesses casos, observa-se mais estroma que o normal nas lâminas de fígado. 
 
 
 
Células de Ito (estrelada): 
É chamada assim por causa das suas projeções que a deixam em um formato parecido com uma estrela. É uma 
célula que fica no espaço de Disse. É numericamente menor que as outras células. Por estar no espaço de troca, acaba 
dificultando essa troca. Não é uma célula mitoticamente ativa normalmente, portanto sua população é constante. É 
ela que produz a matriz/estroma hepático, tendo um papel chave na cirrose hepática. Além disso, acumula vitamina 
A e lipídios. Possui propriedades contráteis e fibrogênica. 
 
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OBS.: No processo de fibrose, essas células quiescentes se ativam e assumem um aspecto de miofibroblasto, 
produzindo colágeno tipo I, o que começa a fibrosar os espaços, aumentando a pressão nessa região e no lúmen do 
vaso, dificultando as trocas. 
 
Quando se tem uma agressão ao fígado, as células vão responder, dependendo da agressão há uma 
combinação de respostas entre Kupffer e hepatócitos. O TGF é uma família enorme de proteínas, que tem um papel 
chave em vários processos, inclusive no de cirrose, visto que passa a ser produzido pelas células de Kupffer e pelo 
hepatócito, mudando o comportamento da célula de Ito (faz com que ela comece a dividir e fique com aspecto de 
miofibroblasto para que produza colágeno tipo I). 
É importante observar que essas células conversam e para isso liberam citocinas, isto é, um mensageiro 
químico, sendo o TGF o principal nesse processo. 
 Vesícula Biliar: 
 A vesícula biliar é o órgão que armazena a bile e tem também a capacidade de concentrar a bile. É 
importante lembrar que a bile é uma secreção constitutiva (produção contínua). Como existe uma diferença 
entre a capacidade de armazenar e o volume de bile que pode chegar em um determinado momento, a 
mucosa da vesícula tem a capacidade de fazer transporte ativo de água e, portanto, tira um pouco de água 
da bile, concentrando-a. 
 O aspecto da microscopia da vesícula apresenta uma mucosa com várias projeções/pregas em 
direção à luz (epitélio + conjuntivo). O epitélio da mucosa é colunar, tem a presença de células caliciformes 
e em algumas regiões de tecido conjuntivo da mucosa (lâmina própria) existem glândulas mucosas (secreção 
de muco para composição da bile). O conjuntivo é bem vascularizado, possui transporte ativo de água e íons 
(vai para o sangue). Não possui uma submucosa, então depois da mucosa já é camada muscular de tecido 
muscular liso e depois disso uma adventícia ou serosa (dependendo da superfície da vesícula avaliada). 
 
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 A colecistoquinina do pâncreas estimula a contração da musculatura da vesícula para ajudar na 
condução da bile até o intestino, além de ajudar no relaxamento do esfíncter para liberar a entrada. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Créditos de imagens de atlas: Ester Hubner e Luiza Lorenzoni (Turma 102)

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