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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA xx VARA CRIMINAL DA COMARCA DE XYZ – XX.
PROCESSO Nº 111111-11.1111.1.11.111
Fulano de tal, nacionalidade, estado civil, profissão, portador da cédula de identidade RG nº xxxxxxxx, inscrito no CPF sob nº xxxxxxxxx, residente e domiciliado na Rua (endereço completo), por seu advogado que abaixo subscrevem, na ação penal promovida pelo MINISTÉRIO PÚBLICO DO ESTADO DE xxxxxxx, que alega a suposta consumação de crime de RECEPTAÇÃO e CORRUPÇÃO DE MENORES, vêm respeitosamente à presença de Vossa Excelência, apresentar tempestivamente, com fulcro nos artigos 396 caput e 396-A do Código de Processo Penal, a presente
RESPOSTA À ACUSAÇÃO
nos termos que em linhas se aduzem;
1. DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA GRATUITA
Antes de adentrarmos o mérito da presente defesa, o cidadão acusado requer a concessão da justiça gratuita, por ser pessoa pobre no sentido jurídico do vocábulo, não possuir condições de demandar em juízo sem sacrifício do sustento próprio e de seus familiares, nos termos do artigo 5º, LXXIV da Constituição Federal de 1988, e artigo 99 do Código de Processo Civil de 2015, conforme declaração de hipossuficiência econômica anexa (doc. 1).
2. SÍNTESE DOS FATOS
O Ministério Público do Estado de xxxx ofereceu denúncia em face do cidadão acusado, imputando ao mesmo, os delitos descritos respectivamente, no artigo 180, caput, do Código Penal e artigo 224-B da Lei nº 8.069/90.
Segundo as alegações do i. parquet, o cidadão acusado, juntamente com dois adolescentes, Ciclano e Ticio, recebeu, em proveito comum, coisa que sabia ser produto de crime, bem como, corrompeu os menores de dezoito anos, praticando em conjunto, o delito de receptação.
Supostamente, o cidadão acusado teria recebido e conduzido, juntamente com os menores, o referido automóvel roubado, tendo plena ciência de sua origem.
Contudo, a verdade real dos fatos será demonstrada de forma inequívoca, uma vez que, na noite do dia xx/xx/xx, o cidadão acusado encontrava-se em sua residência, quando foi procurado por ciclano e ticio, ambos menores e também acusados nos autos do B. O nº yyyyy/xx, para dar uma volta de carro.
Em que pese o cidadão acusado estar dentro do veículo no momento da abordagem, na delegacia, ocorreu um fato de suma importância, demonstrando a fragilidade do acervo probatório da promotoria, qual seja, a VÍTIMA DO CRIME DE ROUBO NÃO O RECONHECEU COMO AUTOR DO DELITO, conforme auto de reconhecimento de pessoa parcialmente positivo acostado aos autos, fls. 0 e 0 e relatório final, fls. 00 e 00.
Ainda assim, o cidadão acusado restou detido em flagrante, pelo delito tipificado no art. 180 caput do Código Penal e art. 224-B da Lei nº 8.069 de 1.990.
Ato contínuo houve pedido de Liberdade Provisória, que restou indeferido pelo MM. Juíz do Plantão Judiciário desta Comarca, convertendo a prisão em flagrante em prisão preventiva, alegando em apartada síntese, que “...”
Todavia, conforme se verifica do termo de declaração do menor apreendido e reconhecido pela vítima, o mesmo reservou o direito de manter-se em silêncio conforme fls. 00, não havendo se falar em participação do cidadão acusado do roubo, vez que não há nos autos qualquer declaração que impute ao mesmo a participação no crime ora perpetrado.
Paralelamente, houve pedido de Revogação da Prisão Preventiva, que foi deferida por esse D. Juízo, por verificar a ausência de motivos para que a segregação subsistisse, aplicando, cumulativamente, medida cautelar diversa da prisão, nos termos dos artigos 319 e 321 do CPP.
Recebida a denúncia, o cidadão acusado foi intimado para, no prazo de 10 dias, apresentar sua Resposta à Acusação, o que vem fazer, tempestivamente, pelos motivos de fato e direito a seguir delineados.
3. DA CONDUTA DO CIDADÃO ACUSADO
Preliminarmente, cumpre ressaltar que, o cidadão acusado FULANO, é pessoa íntegra, de bons antecedentes, que jamais respondeu qualquer processo crime, conforme certidão de antecedentes anexa aos autos, fls. 00.
Indubitável que o cidadão acusado jamais teve participação em qualquer tipo de delito, visto que é primário, possui bons antecedentes, sempre foi pessoa honesta, trabalha como... E possui residência fixa, qual seja na Rua ENDEREÇO COMPLETO, onde reside com seus pais.
Cumpre ratificar que, dentre as elementares do delito não consta violência ou grave ameaça à pessoa. Ainda, o fato da vítima não ter reconhecido o acusado como autor do delito demonstra a insegurança sobre a prova da autoria, operando assim, o princípio do in dubio pro reo.
4. DA INÉPCIA DA DENÚNCIA
Tratando-se da apreciação de esqualidez da denúncia, dois são os parâmetros objetivos que devem orientar o exame da questão, quais sejam, o artigo 41, que detalha o fato criminoso com todas as suas circunstâncias, e o artigo 395, que avalia as condições da ação e os pressupostos processuais descritos, ambos do CPP.
Da simples leitura da denúncia oferecida, verifica-se que foi imputado ao cidadão acusado, os crimes acima mencionados, onde constata-se que o mesmo recebeu e conduziu o veículo roubado por um adolescente. Adolescente este que, frisa-se, foi convictamente reconhecido pela vítima como autor do delito, conforme termo de declaração acostada as fls. 00 e 00 dos autos.
Todavia, a denúncia ofertada, diverge em seu detalhamento, do termo de depoimento em auto de prisão em flagrante, as fls. 00, onde a autoridade policial relata que, no momento da abordagem, o veículo estava sendo conduzido pelo menor TICIO, bem como afirma que o acusado FULANO e o outro adolescente CICLANO, estavam como passageiros.
Pretende o i. Parquet consubstanciar a exordial acusatória, com uma tese que difere dos documentos acostados aos autos, eivada, portanto, de vícios que impedem a instauração da relação processual.
Neste sentido pronunciou-se o E. STJ, nos autos do HC 214.862/SC, 5º T, Rel. Min. Laurita Vaz, DJ-E 07/03/2012:
“A ausência absoluta de elementos individualizados que apontem a relação entre os fatos delituosos e a autoria ofende o princípio constitucional da ampla defesa, assim inepta a denúncia.”
E, quanto ao momento processual para se admitir a inépcia da Denúncia, transcrevemos o também posicionamento do E. STJ, no sentido de que é absolutamente cabível o presente momento processual para a rejeição da peça acusatória, conforme pronunciamento no Recurso Especial nº 1.318.180 STJ, 6º Turma, Rel. Min. Sebastião Reis Junior, julgado em 16/05/2013, publicado no DJ em 29/05/2013, discorre:
(...) O fato de a denúncia já ter sido recebida não impede o Juízo de primeiro grau de, logo após o oferecimento da resposta do acusado, prevista nos arts. 396 e 396-A do Código de Processo Penal, reconsiderar a anterior decisão e rejeitar a peça acusatória, ao constatar a presença de uma das hipóteses elencadas nos incisos do art. 395 do Código de Processo Penal suscitada pela defesa. (...)
Assim, requer-se a rejeição da exordial acusatória, vez que a mesma é inepta nos termos do art. 395, inciso I do CPP.
5. DO DIREITO
a) Da alegação de consumação do crime de receptação – art. 180, CP.
Está previsto no artigo 180 do Código Penal que, é receptador aquele que sabe que a coisa recebida é fruto de um crime ou quem, dadas as circunstâncias, deveria pelo menos suspeitar, in verbis:
Art. 180. Adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Em vista dos fatos aduzidos, nota-se que o cidadão acusado não adquiriu, recebeu, transportou, conduziu ou ocultou o produto do crime, fruto de ato ilícito, o que descaracteriza o dolo, requisito do crime em questão.
Nesse sentido, necessário se faz mencionar a decisão do MM. Juízo da 4º Vara Criminal de São José dos Campos, que preconiza litteris:
“Processo 0748175-58.2007.8.26.0577 (577.07.748175-9) - Ação Penal - Procedimento Ordinário - Receptação - justiça pública - Peterson Cavichi do Amaral:
Trata-se o delito de receptação, cujo tipo requerque a conduta do acusado seja a de adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de crime. Portanto, para que se faça possível a condenação, dois são os requisitos necessários, prova de autoria (prática de uma das condutas descritas no tipo penal) e materialidade (coisa produto de crime). Também necessária, a efetiva prova do elemento subjetivo dolo, consistente na vontade livre e consciente de praticar uma das condutas puníveis inseridas no tipo, sabendo ser o objeto produto de crime. [...] sendo certo que com relação ao dolo não existem provas bastantes à condenação. [...] Ou seja, nada há nos autos que demonstre tivesse o acusado realmente adquirido, recebido ou ocultado o veículo que sabia ser produto de crime. Está ausente a prova do dolo, o que conduz à absolvição.”
In casu, é certo que não existem provas com relação ao dolo, já que o acusado não tinha o pleno conhecimento de que o veículo era fruto de ato delituoso, praticado pelos adolescentes.
b) Da alegação do crime de corrupção de menor – art. 244-B Lei nº 8.069/90.
No que tange ao crime de corrupção de menores, nos termos do artigo 244-B da lei nº 8.069/90, conforme alega à acusação, tal imputação não merece prosperar, uma vez que, tendo em vista que o crime fora planejado e executado pelos adolescentes, resta impossível a participação do cidadão acusado que se encontrava em sua residência no momento do delito de roubo.
Ainda, não coadunamos com o entendimento esposado na Súmula 500 do STJ, entendendo que “A configuração do crime previsto no art. 244-B do Estatuto da Criança e Adolescente independe de prova da efetiva corrupção do menor, por se tratar de delito formal”.
A tese de que, corrupção de menores, é crime material, é reforçada na jurisprudência, vejamos:
RECURSO ESPECIAL. PENAL. CORRUPÇÃO DE MENORES. LEI N.º 2.252/54. CARACTERIZAÇÃO. INIMPUTÁVEL. SIMPLES PARTICIPAÇÃO EM DELITO NA COMPANHIA DE MAIOR. AUSÊNCIA DE PROVAS DA CORRUPÇÃO. DELITO NÃO CONFIGURADO. RECURSO IMPROVIDO.
O delito de corrupção de menores, previsto pela Lei n.º 2.252/54, art. 1º, pretende evitar a incursão ou permanência do menor em práticas delituosas.
Para a sua configuração, não se faz necessário que o agente apresente a vida criminosa ao adolescente, ou que, em decorrência disso, este passe a trilhar o caminho do crime - basta que o inimputável participe de prática criminosa uma única vez para que esteja caracterizada a corrupção de menores.
Todavia, é imperioso que a conduta do imputável tenha sido bastante a persuadir o menor ao cometimento do delito por meio de atração, estímulo ou fornecimento de meios eficazes para a prática do delito.
Inexistindo prova suficiente da existência da corrupção ou da sua facilitação, impõe-se a absolvição do recorrido. Recurso especial improvido. (STJ - REsp 818893 / SP RECURSO ESPECIAL 2006/0008790-8)
Como já mencionado, a absolvição se torna viável não apenas em negativa das condutas imputadas ao cidadão acusado, mas também pela inviabilidade de provas acerca de indícios de autoria, animus associativo e da corrupção de menor prevista no art. 244-B do ECA, qual seja, “Corromper ou facilitar a corrupção de menor de 18 (dezoito) anos, com ele praticando infração penal ou induzindo-o a praticá-la”, como pretende se mostrar.
Ainda, ao interpretar o crime de corrupção de menor, sujeito à incidência penal por ser crime de perigo abstrato, o julgador incorre contra os princípios penais dispostos na teoria do delito. Neste sentido, leciona Claux Roxin, no livro Introdução crítica ao direito penal brasileiro. 11 ed. Rio de Janeiro: Revan, 2007. P. 91:
“(...) só pode ser castigado aquele comportamento que lesione direitos de outras pessoas e que não é simplesmente um comportamento pecaminoso ou imoral (...)”.
Não foi possível mensurar pelas provas dos autos se o cidadão acusado corrompeu os menores, até porque, um deles já havia cometidos atos infracionais antes de conhecer o acusado.
Podemos confirmar tal tese, com a jurisprudência abaixo descrita:
Corrupção de menores - Descaracterização-Simples prática de infração penal com criança ou adolescente-Necessidade que se apure a inocência preexistente do menor e que a atuação do acusado tenha sido decisiva sobre ele-Interpretação do art. 1º da Lei 2.252/54 (RT 750/606-TJSP).
A luz das informações ventiladas, pugna-se pela absolvição do cidadão acusado, a respeito do artigo 386, V do Código de Processo Penal.
6. DA ATIPICIDADE DA CONDUTA DO CIDADÃO ACUSADO E CONSEQUENTE AUSÊNCIA DE JUSTA CAUSA.
Como mencionado alhures, não restou comprovado a veracidade dos argumentos elencados na exordial acusatória, uma vez que o cidadão acusado não agiu com a intenção de praticar o delito de receptação, tão pouco, aliciou os adolescentes à praticar tal fato. Ao contrário, o cidadão acusado agiu com imprudência ao entrar no veículo sem saber a procedência do mesmo, mas não concorreu para consumação do delito perpetrado.
Cumpre ressaltar que, segundo entendimento do SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL, (RT – 599/434; TJDF, Ap. 11.303, DJU 3.2.93, p. 2105, in RBCCr 2/241), para a configuração do crime de receptação, é imprescindível que o agente tenha certeza da origem criminosa da coisa, devendo a prova a respeito ser certa e irrefutável. É necessária a identificação do delito antecedente, definindo-se com clareza em que consistiria a origem ilícita da coisa.
Novamente, verifica-se um requisito imprescindível para a concretização da conduta tipificada imputada ao cidadão acusado, qual seja, o dolo.
Neste sentido, o ilustre doutrinador Fernando Capez, em sua obra Curso de Direito Penal – Parte Especial, descreve precisamente o elemento subjetivo necessário para a caracterização do crime:
É o dolo, consistente na vontade livre e consciente de adquirir, receber, transportar, conduzir ou ocultar a coisa, ou de influir para que terceiro de boa-fé a adquira, receba ou oculte. O TIPO PENAL EXIGE EXPRESSAMENTE O DOLO DIRETO. SÓ HAVERÁ O ENQUADRAMENTO NO CAPUT DO ARTIGO SE O AGENTE SOUBER, TIVER CERTEZA DE QUE A COISA PROVÉM DE PRÁTICA CRIMINOSA ANTERIOR. NÃO BASTA O DOLO EVENTUAL. Se assim agir, o fato será enquadrado na modalidade culposa do crime. Exige-se também um fim especial de agir, encontrado na expressão “em proveito próprio ou alheio”, ou seja, o intuito de obter vantagem para si ou para terceiro. Se o ocultamento da coisa for realizado com o fim de favorecer o autor do crime antecedente, haverá o crime de favorecimento real.
E SE O DOLO FOR POSTERIOR (DOLO “SUBSEQUENS”) AO RECEBIMENTO DO OBJETO? Na hipótese em que o agente recebe o objeto e depois toma conhecimento de que se trata de produto de crime, NÃO HÁ A CONFIGURAÇÃO DO DELITO EM ESTUDO. Segundo Noronha, a ciência de que se trata de produto de crime deve ser anterior ou, pelo menos, contemporânea à ação de adquirir, receber, ocultar. Poderá suceder que o agente, após receber o objeto e tomando conhecimento de sua origem ilícita, venha a oculta-lo ou a influir para que terceiro o adquira, receba ou oculte. Nesta hipótese, diante da prática de uma nova ação, haverá o crime em tela. ”
Fica evidenciado a não caracterização de conduta criminosa de receptação por parte do cidadão acusado, uma vez que, frisa-se repetidamente, desconhecia que o veículo era produto de ato ilícito.
Ainda, há total incongruência entre a exordial acusatória e a declaração da vítima, nos autos do inquérito policial, haja vista que, em momento algum houve reconhecimento do cidadão acusado como autor do delito, tampouco como partícipe do crime. Simplesmente não há provas!
Nesse sentido, sempre útil e oportuna, é a lição de Cícero no exórdio da defesa de Coeli, que assevera:
“uma coisa é maldizer, outra é acusar. A acusação investiga o crime, define os fatos, prova com argumentos, confirma com testemunhas; a maledicência não tem outro propósito senão a costumélia”.
Em caso análogo, aonde a anemia probatória conduziu à absolvição do acusado, decidiu o egrégio Tribunal de Justiça de Santa Catarina:APELAÇAO CRIMINAL. CRIME CONTRA O PATRIMÔNIO. ROUBO CIRCUNSTANCIADO PELO CONCURSO DE AGENTES (ART. 157, 2º, INC. II, O CÓDIGO PENAL). SENTENÇA ABSOLUTÓRIA. RECURSO MINISTERIAL ALMEJANDO A CONDENAÇAO. AUSÊNCIA DE APREENSAO DA RES FURTIVA E DE QUALQUER OBJETO QUE LIGASSE O RÉU AOS FATOS. INCOERÊNCIAS NOS RELATOS ACUSATÓRIOS E TAMBÉM NAQUELES DEFENSIVOS. CONJUNTO PROBATÓRIO DOS AUTOS QUE NAO AUTORIZA A CONCLUSAO SEGURA DE QUAL VERSAO É A VERDADEIRA. APLICAÇAO DO PRINCÍPIO IN DUBIO PRO REO. CONDENAÇAO IMPOSSÍVEL. CRIME CONTRA A INFÂNCIA E A JUVENTUDE. CORRUPÇAO DE MENORES (ART. 244-B DA LEI N. 8.069/90). AUSÊNCIA DE PROVAS QUANTO AO DELITO DE ROUBO QUE LEVA À CONCLUSAO LÓGICA DE QUE, OUTROSSIM, SÃO INSUFICIENTES OS ELEMENTOS DE CONVICÇAO TAMBÉM PARA DEMONSTRAR TER O ACUSADO ENVOLVIDO A ADOLESCENTE DESCRITA NA DENÚNCIA NA PRÁTICA ILÍCITA. ABSOLVIÇAO MANTIDA. RECURSO MINISTERIAL DESPROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n., de Chapecó, rel. Des. Alexandre d'Ivanenko, j. 07-05-2013). (Grifo Nosso).
Registre-se que, dentre vários princípios norteadores do nosso Direito Penal, o in dubio pro reo determina que, havendo dúvida à autoria do delito, deve-se absolver o réu, e para que haja condenação, é necessária a real comprovação da autoria e da materialidade do fato, caso contrário, o fato deve ser resolvido em favor do cidadão acusado.
Assim também é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul:
“EMBARGOS INFRINGENTES. FURTO DE UMA ÉGUA. ANIMAL ENCONTRADO NA PROPRIEDADE DO ACUSADO. PROVA ORAL CONSTITUÍDA APENAS DO DEPOIMENTO DA VÍTIMA. DÚVIDA SOBRE A AUTORIA. ABSOLVIÇÃO. A prova produzida não foi capaz de demonstrar ter sido o réu o autor do furto do animal encontrado em sua propriedade. O processo penal não autoriza conclusões condenatórias baseadas em suposições ou indícios pouco robustos. A prova deve estar clara, escorreita e sem ensejar qualquer dúvida para resultar condenação. Caso contrário, imperativa a absolvição. Prevalência do voto vencido. Embargos acolhidos. Por maioria."(Embargos Infringentes e de Nulidade Nº 70030654552, Terceiro Grupo de Câmaras Criminais, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Carlos Alberto Etcheverry, Julgado em 21/08/2009). (Grifo Nosso).
Não é despiciendo observar que, o ônus probandi, no tocante a imputação feita ao acusado, cabe a quem alega, eis que se trata de fato modificativo e extintivo do direito, o que jamais restará evidenciado nos autos.
Assim, para que a ação penal seja deflagrada, a acusação necessita apresentar provas capazes de apontar os indícios de autoria e materialidade, além da constatação da ocorrência de infração penal, não podendo uma denuncia ser baseada em provas tão inconsistentes e tese divergente dos fatos relatados, tanto pela autoridade policial, quanto pela vitima.
Destarte, vale ratificar que o Código Penal, em seu artigo 13, exige que haja a relação de causalidade para o resultado do crime:
Art. 13. O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe der causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.
Posto isto, conclui-se que em matéria de condenação criminal, não bastam meros indícios. A prova da autoria deve ser lógica e livre de dúvida, pois só a certeza autoriza a condenação no juízo criminal.
Quando a prova se mostrar inverossímil, prevalecerá o princípio do in dubio pro reo, patente in casu.
Desta feita, restando comprovada a fragilidade da acusação, face às provas de conduta atípica, bem como a falta de materialidade e autoria do delito, não há se falar em crime cometido pelo cidadão acusado.
7. DO PEDIDO
Diante do exposto requer se digne Vossa Excelência:
a) Seja rejeitada de plano a denúncia, com fulcro nos art. 395, e incisos, do CPP, eis que objetiva a denúncia imputar responsabilidade penal sob conduta atípica e/ou inexistentes as condições para o exercício da ação;
b) Caso Vossa Excelência não entenda pela rejeição da denúncia, e a absolvição do cidadão acusado, com fundamento no art. 386, V do Código de Processo Penal;
c) Subsidiariamente, seja o cidadão acusado absolvido sumariamente, em conformidade com o art. 397, III do Código de Processo Penal;
d) Caso superadas as preliminares, o que admitimos apenas por amor a argumentação – requer sejam intimados, na qualidade de informantes elencadas no rol abaixo.
e) No mérito, requer a presente seja a denúncia julgada totalmente IMPROCEDENTE.
Protesta provar o alegado por todos meios de provas, documental, testemunha e demais meios de prova em direito admitidos.
Termos em que,
pede deferimento.
Cidade, data, ano.
Advogado
OAB nº
ROL DE INFORMANTES:
· Sr. Xxxxx
RG: xxxxx
CPF: xxxxx
Rua (endereço completo)

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